Sem categoria

Jovens – Lição 6- O anseio da alma por Deus

INTRODUÇÃO

Na lição de número 6, nossa reflexão é a respeito do Salmo 42. Como já vimos, o livro de Salmos é dividido, na maioria das traduções, em cinco livros, sendo uma representação do Pentateuco, escrito por Moisés. O Salmo 42 faz parte da abertura do Livro II: Salmos 42.1–72.20.

Esses salmos estão num grupo que trata da fragilidade humana e expõe os recônditos da alma humana. São poesias que abordam a adoração, a confissão de pecados, o encorajamento e o consolo.

É importante ressaltar que, nos manuscritos hebraicos, os Salmos 42 e 43 constam como um único salmo e, segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, eles são de autoria dos filhos de Corá, levitas que serviam no Templo.

No estudo do Salmo 42, queremos abordar as seguintes questões:

1) o anelo do salmista pela presença de Deus (vv. 1,2);

2) o lamento da alma, a natureza dos seus anseios (vv. 1-5);

3) a natureza da sua dor e desespero (vv. 6-11) e

4) o caminho da restauração (43.1-5).

Assim, veremos que este salmo revela a grandeza de Deus, o seu amor e cuidado para conosco e as fragilidades de nosso ser como indivíduos.

O salmista leva-nos a desejar um relacionamento maior com nosso Deus, contribuindo para que venhamos desenvolver uma fé no Senhor que nos mantenha fortes, mesmo enfrentando tempos de calamidades e solidão, quando nossa alma é solapada pela falta de esperança.

Que você estude o Salmo 42 aplicando à sua vida, tendo a certe­za de que temos um Deus que jamais nos abandona e que cuida de nosso corpo, alma e espírito.

I. A ALMA QUE SUSPIRA POR DEUS (vv. 1-5)

1. Autoria do Salmo

Encontramos no título do Salmo 42 a seguinte frase:

“Ao regente do coro, um Salmo dos filhos de Corá.” Quem são os filhos de Corá? Os filhos de Corá, ou coraítas, eram os porteiros do Tabernáculo e, tempos depois, do Templo (1 Cr 9.17; 26.1), que era um lugar separado e destinado à adoração ao Senhor. Temos um Deus que tem prazer em estar perto do seu povo.

O Pai queria estar cada vez mais próximo dos israelitas; por isso, Ele ordena a Moisés que construa um santuário móvel (Êx 24.12–31.18).

Ali se encontraria o Senhor com o seu povo mediante o louvor, a adoração e os sacrifícios (Êx 27.21). Era preciso que os sacerdotes, os levitas e todo o povo viessem a aprender o caminho da adoração e do louvor.

Deus é nosso Criador, por isso conhece nossas necessidades e anseios mais íntimos, e um deles é nossa necessidade de manter­mos um relacionamento mais íntimo e profundo com Ele. Todos os nossos relacionamentos dependerão de como nos relacionamos com o Todo-Poderoso.

2. A Organização na Adoração Congregacional

De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, os filhos de Corá “fa­ziam parte de uma elaborada organização para os serviços musicais do Templo, que teve início com Davi” (1 Cr 6.31; 15.17), um poeta, músico e um adorador. Os filhos de Corá têm os seus nomes no título de cerca de onze Salmos (42, 44-49, 84, 85, 87 e 88).

Como já sabemos, Davi não foi o único autor do livro de Salmos, embora ele tenha escrito uma grande parte deles.

Não podemos negar que o “homem segundo o coração de Deus” tinha muitas qualidades e habilidades, e duas delas foram a música e a poesia.

É importante obser­var também que os autores dos salmos pertenceram a épocas distintas, mas todos relatam a adoração divina e a fragilidade da alma humana.

O livro dos Cânticos é Deus usando homens para narrar as suas poesias a respeito da vida, das suas dores e de seus lamentos, como o Salmo 42, que é objeto de estudo deste capítulo.

Já falamos no primeiro capítulo que existem várias formas literárias dentro do livro de Salmos, como, por exemplo, poesias, antíteses e comparações.

3. Como o Cervo

No Salmo 42, o salmista inicia a sua composição declarando o anelo da sua alma pelo Senhor: “Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha lama por ti, ó Deus!” (v. 1).

Deus criou o homem para adorá-lo e ter comunhão com Ele, só que a Queda afastou a humanidade de Deus.

Dentro do ser humano, porém, há um vazio que só poderá ser preenchido pelo Senhor. Os filhos de Corá tinham consciência das suas limitações e anelavam por estar com Deus, aquEle que os completaria.

Então, para expressar o anelo pela presença do Eterno, o salmista utiliza-se da sede e do esforço que um animal, o cervo fazia para encontrar água numa re­gião onde as chuvas são escassas e a água é um bem muito precioso.

Pela graça de Deus, vivemos num país rico em recursos hídricos. Talvez seja por isso que não damos a devida importância a esse re­curso natural.

A água é um elemento indispensável à vida humana, sendo o principal componente de nossas células. O ser humano pode ficar semanas sem alimentar-se, mas sem água ou líquidos ele não sobrevive mais de cinco dias.

A água é essencial para a saúde de nosso corpo, pois o corpo humano tem mecanismos para estocar gordura, energia, mas não para estocar água. Precisamos ficar abas­tecidos dela por várias vezes no dia.

Aqueles que não bebem água regularmente são fortes candidatos a terem problemas com a saúde física, principalmente com os rins.

O salmista retrata o anelo da sua alma por Deus com a sede de um cervo, e essa metáfora mostra-nos o quanto precisamos da presença do Senhor em nossas vidas.

Fica, então, a pergunta: “Como anda sua sede pela presença de Deus?” Você, assim como o salmista, tem buscado o Senhor com intensidade?

Infelizmente, na atualidade, muitos estão focando somente nas mãos de Deus; querem presentes, favores e privilégios, tornando-se verdadeiros “pedintes” nos seus momentos devocionais. Queremos melhores salários, carros, fama, bolsas de grifes, ternos de marcas famosas, etc.

Agora imagine se seu filho chegasse até você e, conversando, ele somente pedisse algo. Como você se sentiria?

Certa vez, minha sobrinha me disse: “Tia, eu quero falar com a senhora!”. Aí fui logo dizendo: “O que você está querendo?”.

Para minha vergonha, ela disse: “Não quero nada, só quero ficar pertinho de você”. Não deveria ser assim com nosso Pai Celeste?

Não deveríamos anelar somente a sua presença?

Mas, infelizmente, às vezes, esquecemos de olhar para a face do Senhor e adorá-lo e estar na sua presença pelo que Ele é.

Nosso anelo e anseio devem estar na presença do Pai, na sua face. O salmista faz com que percebamos na introdução do Salmo 42 que, assim como a corça não pode viver sem água, assim também não podemos viver de forma plena estando distantes de Deus, o Senhor.

4. Escassez de Água

O povo de Israel viveu por quarenta anos no deserto, um lugar onde a água é escassa e muito preciosa.

Falar a respeito da sede era algo que todo judeu compreendia com facilidade — talvez seja por isso que o salmista tenha iniciado falando a respeito da sede do cervo e a sua busca pelas correntes de água (v. 1).

No livro de Êxodo, vemos que, depois de atravessarem o mar Vermelho, os hebreus seguiram na direção do deserto de Sur e, durante três dias, não encontraram água (Êx 15.22).

Dá até para imaginar a aflição, principalmente dos pais que tinham filhos pequenos, de não terem água para beber e dar às suas crianças.

Quando os hebreus encontram água numa locali­dade chamada Mara, percebem que as águas de lá eram amargas e impróprias para consumo (Êx 15.23).

Água até havia, só que o povo não poderia saciar a sede. Infelizmente, muitos estão tentando saciar a sede da sua alma, da presença de Deus, buscando fontes impróprias como a que os hebreus encontraram em Mara.

A mulher samaritana, que teve cinco maridos, procurou saciar a sede da sua alma nos seus relacionamentos amorosos (Jo 4.18). O Mestre, porém, revelou e expôs a sede da sua alma dando-lhe a água da vida: Jesus Cristo.

Somente o Eterno, mediante o Espírito Santo e a sua Palavra, é capaz de saciar a sede de nossa alma.

Muitos vão à Casa do Senhor e frequentam os cultos regularmente, mas ainda não tiveram um en­contro pessoal com o Pai e o Filho, assim como a mulher samaritana teve no poço de Jacó.

A presença do Pai só poderá ser encontrada mediante o Filho. Uma religiosidade não sadia, sem o Cristo crucifi­cado, tem levado as pessoas à sequidão. Somente Jesus pode dar-nos de beber da água da vida:

“Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá dede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).

Só há espiritu­alidade saudável mediante o relacionamento íntimo e pessoal com Jesus Cristo. Como sabemos se permanecemos no amor de Cristo? “Se guardamos os seus mandamentos”, a sua Palavra (Jo 14.10).

Quem tem Jesus tem sede de Deus e tem a Bíblia como uma fonte perene de vida. A água, além de saciar nossa sede, também serve para limpar e purificar o mais profundo de nosso ser (Hb 4.12).

Ela vai aonde nenhum psicólogo ou terapeuta pode ir e alcança nossa alma e nosso espírito, limpando as arestas, transformando, curando as distorções e feridas.

Por isso, voltemos à Palavra de Deus, procurando conhe­cê-la melhor a cada dia, lendo-a sem os “óculos da religiosidade”, do legalismo, mas, sim, com a pureza de uma criança que ama estar na presença do Pai e que deseja ouvir a sua voz.

Se desejamos a vida abundante que Jesus tem para nós (Jo 10.10), mesmo vivendo neste mundo que é como um deserto, precisamos anelar e desenvolver um relacionamento mais profundo com o Senhor como almejou o salmista no Salmo 42.1.

5. Um Relacionamento com Deus

Temos um Deus amoroso que, segundo as Escrituras, se revelou e deu-se a conhecer a humanidade mediante o seu Filho Unigênito (Jo 1.1).

Cristo fez-se carne e habitou entre nós a fim de que a huma­nidade caída pudesse ter um relacionamento pessoal com o Pai.

Só existe relacionamento com Deus mediante o Filho. No livro de Salmos encontramos vários salmistas que, inspirados pelo Espírito Santo, profetizaram a vinda do Messias.

Temos que estar conscientes de que se relacionar conosco foi uma iniciativa do próprio Senhor, só que a resposta a esse apelo é nossa.

Matthew Henry afirma no seu Comentário Bíblico a respeito de al­mejar a presença de Deus: “Comparecer diante de Deus é, ao mesmo tempo, o desejo dos justos e o terror dos hipócritas”. As intenções do coração são expostas diante do Todo-Poderoso.

II. A ALMA QUE SE ENCONTRA ABATIDA (Sl 42.6-11)

O salmista, que inicia falando da sua sede por Deus e o anelo pela sua presença, agora mostra outra face, mas humana do seu ser.

Podemos ver que a alma do salmista está ferida, assim como a de tantas pessoas piedosas que frequentam a igreja e que até são professores da Escola Dominical.

No entanto, tratar a respeito de feridas tanto do corpo quanto da alma é sempre difícil, melindroso e requer sabedoria, pois quem está com a alma enferma não quer expor tal condição.

O salmista, todavia, dá-nos um bom exemplo de que não precisamos ter medo ou vergonha de expor nossas fragilidades diante de Deus.

A dor do salmista ficou registrada na sua poesia e é lembrada por várias gerações. Por que tratar desse tema? Porque as Escrituras Sagradas, especialmente o livro de Salmos, não esconde as dores e feridas da alma.

Davi, aquele que escreveu grande parte dos salmos, não teve vergonha alguma em revelar as suas fragilidades e dores.

No Salmo 41.4, ele diz: “Senhor, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti.”

No Salmo 142.7, ele também afirma: “Tira a minha alma da prisão”.

É necessário tocar nesse assunto melindroso se quisermos ter saúde física, mental e espiritual. Muitos crentes, embora fiéis a Deus, não estão desfrutando de uma vida abundante em Jesus Cristo, e isso se deve ao fato de carregarem algumas feridas ou arranhões na alma.

Elas não os impedirão de entrar no Céu e de herdar a salva­ção em Cristo, mas podem privá-los de algumas bênçãos que Jesus conquistou mediante a sua morte na cruz, como, por exemplo, ter relacionamentos saudáveis com Deus e com o próximo e ter uma vida plena, feliz e abundante.

Afinal, Cristo morreu e ressuscitou para isso. As feridas da alma e a dor latejante que causam impedem-nos de utilizar nossos dons e talentos de forma efetiva e para a glória do Pai.

Embora não possamos ver, as feridas da alma são reais, e todos já sofremos ou vamos sofrer algum tipo de dor interior.

Algumas não são profundas, na verdade, são apenas um arranhão ou uma “perebinha” como costumo chamar.

Há, contudo, pessoas na igreja que têm feridas profundas, extensas e que sangram constantemente. Essas feridas exigem cuidados urgentes pelos profissionais de saúde mental, pois também afetam nosso bem-estar físico.

Deus estava atento à dor do salmista, pois Ele conhece-nos e sabe o que inquieta nossa alma. Por que o Senhor permitiu que um cântico de adoração tratasse a respeito de algo que tanto nos incomoda e que nos esforçamos tanto para esconder?

Porque Israel, o povo escolhido do Senhor, era uma grande comunidade e porque esse cântico também tinha uma função terapêutica. O princípio era um cuidar do outro, o que é revelado no Novo Testamento na igreja.

A igreja também deve ser vista como uma comunidade terapêutica, capaz de tratar as pessoas que têm sede de Deus, pois, afinal, temos um Criador que se apresenta no Antigo e no Novo Testamento como um Pai que cura (Êx 15.26; Is 53; Mt 11.28; Lc 7.21; Jo 10.10).

A dor que o salmista estava experimentado na alma, descrita no Salmo 42, não era algo exclusivo dos que trabalhavam no Taberná­culo ou no Templo.

Todos na vida ou já viveram ou experimentarão uma situação difícil e traumática capaz de abater a alma. Viver é estar sujeito aos traumas, às dores e às aflições.

Podemos dizer que o primeiro trauma que enfrentamos é ter que deixar o útero materno, que é um lugar de proteção e aconchego.

Depois de deixarmos o útero de nossa mãe, geralmente somos estimulados a chorar, e tubos são introduzidos em nossas narinas para sugar as secreções, sem contar as muitas luzes da sala de parto.

Além de todas essas condições, ainda temos que enfrentar um mundo totalmente desconhecido. Viver é difícil, seja você um cantor, um músico, um pastor, um profeta ou exerça qualquer função na Casa de Deus.

Foi o próprio Jesus que nos ensinou que teríamos aflições no mundo. Portanto, precisamos aprender a guardar nossa alma. “Um abismo chama outro abismo […]” (v. 7).

Segundo o Comen­tário Bíblico Moody, “novamente o salmista fica deprimido e expressa desespero, que é mais plangente do que antes.”4

A depressão precisa de tratamento imediato a fim de que não aconteça uma piora. O salmista era alguém, como você e eu, que conhecia a Deus e tinha o desejo de um relacionamento ainda mais profundo; isso, todavia, não o impediu de passar pela dor e pelo sofrimento.

Embora conhecesse a Deus naquele momento, ele se sente solitário. É dessa forma que nos sentimos em meio às tempestades: solitários.

Deus está perto, mas não conseguimos deslumbrá-lo como o profeta Elias, que disse: “eu fiquei só” (1 Rs 19.10). O Senhor, entretanto, revela que havia sete mil homens fiéis em Israel que estavam enfrentando a mesma dor e perseguição (1 Rs 19.18).

Somos únicos em nosso temperamento e personalidade e lidamos com os problemas cotidianos de forma diferente. Algumas pessoas são mais susceptíveis à depressão.

São vários exemplos bíblicos que sofreram os efeitos da depressão. No versículo 3, ele diz que as suas lágrimas eram o seu mantimento. I

sso revela que não se tratava de uma simples tristeza, mas de depressão, uma doença da alma. Em vez de comer, ele chorava.

Em geral, os sintomas da depressão são: falta de apetite ou desejo exagerado de comer, apatia, desânimo, sentimento de solidão. Depressão não é falta de fé ou carnalidade, mas trata-se de uma doença.

Geralmente, existem “gatilhos”, situ­ações que desencadeiam em nós o sentimento de tristeza, solidão e desamparo, ou melhor, que nos levam à depressão.

No caso do Salmo 42, o que provocou o abatimento na alma do salmista? É importante reconhecer esses “gatilhos” para que venhamos buscar a cura e a res­tauração.

Percebemos que o salmista está consciente dessa verdade, pois ele olha para o seu interior e por duas vezes (vv. 5, 11) faz uma autoindagação:

“Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas?”. Ele sabia que essa é uma “chave” poderosa para a busca da cura e da restauração.

Quando sua alma estiver abatida, siga o exemplo do salmista. Não tente culpar os outros pela sua dor, muito menos tente culpar ao Senhor. Examine a si mesmo. Faça todos os questionamentos que achar necessário.

CONCLUSÃO

O amor a Deus leva-nos a anelar pela sua presença. Não há vida longe do Criador, e nossa alma é dependente dEle. Nada nem ninguém pode completar e preencher o lugar do Senhor em nós.

Não estamos isentos das tribulações e angústias, mas podemos ter a certeza de que Deus estará sempre perto.

Desejo que seu anelo pela presença do Pai seja constante e inces­sante, independentemente das dores e dos inimigos que você esteja enfrentando.

Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2023/05/05/licao-6-o-anseio-da-alma-por-deus/

Vídeo: https://youtu.be/LDBX1lsuWfI

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Iesus Kyrios

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading