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Jovens – Lição 6 – Olhando para a direção errada

Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Alexandre Coelho, comentarista do trimestre.

INTRODUÇÃO

A forma como olhamos as coisas que nos cercam, como também a ocasião em que estamos, pode ser um meio pelo qual seremos tentados. Entretanto, poder ser é diferente de ser. Ocasião e lugar não podem se tornar um elemento que facilite a ação de Satanás Mesmo sendo pessoas a quem o Eterno salvou, não estamos isentos de ocupar nossa mente com aquilo que agrada a Deus.

Davi é um exemplo intrigante de como uma pessoa que ama a Deus pode se deixar levar pelo esquecimento de suas obrigações e pecar contra o Eterno. Um momento de descuido, somado a pequenos hábitos, podem nos conduzir a caminhos sem volta.

I–NO TEMPO DA GUERRA OCIOSO

O Homem segundo o Coração de Deus
Para tratar de Davi como um homem que foi tentado, é preciso dizer que, na época de sua tentação, ele não era um jovem com pouca experiência de vida, e sim um rei coroado e experiente em batalhas. Ao longo de sua vida, Davi foi, entre outras coisas, um homem dedicado ao combate, pois Israel estava cercada de inimigos, e Davi daria continuidade às conquistas que não foram terminadas.

A Palavra de Deus se refere a ele como “um homem segundo o meu coração” (At 13.22, NVI). Em seu histórico, ele tinha diversas vitórias contra seus inimigos, vários livramentos da parte de Deus, o hábito de consultar a Deus para tomar certas ações e o fato de congregar sob sua liderança homens desajustados, transformando-os em homens valorosos.

Davi era um homem que se dedicou a Deus de uma forma especial. Para ele, o lugar de Deus não era somente em sua vida pessoal, mas deveria ser também na vida da nação.

Ele trouxe de volta a Arca de Deus em uma imensa procissão que reuniu os hebreus, além de buscar fazer com que o povo adorasse ao Senhor, e foi chamado de profeta.

Esse é, sem dúvida, um currículo diferenciado para um rei daqueles dias. Se compararmos Davi ao seu antecessor, Saul, veremos uma grande diferença no que se trata da relação com Deus. Davi se importava com Deus. Saul fazia pouco caso da sua vida espiritual.

Um Homem de Ação

A Palavra de Deus nos mostra que a tentação de Davi aconteceu em um momento de guerra. Naás, rei dos amonitas, faleceu, e seu filho, Hanum, reinou em seu lugar. Davi se lembra de que Naás o havia tratado com bondade (2 Sm 10.2), e decide enviar mensageiros para consolar o novo rei. Hanum, inexperiente, ouve seus conselheiros, que acusam os mensageiros de Davi de serem espiões.

O rei rapa metade da barba dos homens enviados por Davi, além de cortar-lhes as roupas de maneira que ficaram muito envergonhados. Como esses homens retornariam a Israel naquele estado? Davi, sabendo do ocorrido, pede que os homens fiquem em Jericó, até que suas barbas cresçam. Esse foi um ato de grande humilhação para com os mensageiros enviados por Israel.

O novo rei dos amonitas certamente não aprendeu acerca do respeito a enviados estrangeiros, e isso lhe custou uma guerra desnecessária.

Pelo que nos parece, Davi não tinha os amonitas como inimigos, mas a partir do momento em que desonraram os embaixadores enviados por ele, o cenário de uma nova guerra estava formado.
Não nos é dito sobre o efetivo de homens do exército dos filhos de Amom, mas nos parece que não era tão grande, pois eles contrataram mercenários siros para atacar Israel, num total de 33.000 homens.

A guerra estava a caminho. E Davi precisava se preparar para esse momento. Ele era um homem de guerras, e se a sua nação estivesse sendo ameaçada, ele responderia de tal forma que os seus inimigos não teriam chance de se erguer novamente.

No Tempo em que os Reis Saem para as Guerras

É notório que o rei Davi tinha sido generoso para com a memória do rei Naás, mas como sua ação foi interpretada de forma errada pelos amo­nitas, isso lhes custaria caro.

Davi vencera muitos inimigos na sua jornada. Deus o havia preservado de ser morto por Golias e Saul. Ele derrotou os filisteus, moabitas e também os arameus.

Suas vitórias lhe deram prestígio como rei e paz para a nação. Mas logo todas essas benesses podem ter deixado o rei em uma situação de despreparo para o que haveria a seguir. O tempo da guerra não era um momento de descanso, mas de alerta, pois vidas estariam em jogo, e o nome do Senhor, numa guerra, seria glorificado ou blasfemado.

II – OLHANDO NA DIREÇÃO ERRADA

Passeando pelo Terraço

A Palavra de Deus nos diz que Davi estava passeando pelo terraço do seu palácio e, naquele lugar, se viu observando uma mulher tomando banho. Geralmente, as pessoas com juízo se limpam em lugares privados, onde es­tarão livres de olhares indesejados.

É possível que a residência de Urias fosse murada, mas que um espaço da casa, desprovido de um telhado, fosse usado para que seus residentes se banhassem. Isso certamente deixaria exposta às visões de prédios mais altos qualquer pessoa que estivesse tomando banho na parte de baixo.

Conjecturas à parte, a descrição apresentada não insere Bate-Seba como a pessoa que estava com intenções de ser alvo do olhar do rei.

Por sua vez, Davi estava em um lugar alto, e quem está em um andar mais alto em um prédio consegue ver quem está nas partes mais próximas do nível do chão. Aquela visibilidade chamou a atenção de Davi, e foi o começo de sua queda. Bate-Seba é descrita como uma “mulher mui formosa à vista” (2 Sm 11.2).

Davi já tinha diversas esposas quando chegou a Jerusalém, mas se deixou levar pelo desejo pela esposa de um de seus combatentes.

Para os homens, o olhar pode ser uma enorme fonte de tentação. Jesus mesmo disse que se o teu olho te escandalizar que seja retirado (Mt 18.9). Sabemos da importância dos nossos olhos e do quanto uma pessoa sem visão tem uma existência mais limitada.

Ainda que o Senhor Jesus tenha usado uma linguagem metafórica para explicar a importância de manter o olhar puro, livre de desejos pecaminosos, a imagem de uma pessoa se mutilando para poder entrar no Reino dos céus é realmente forte.

O texto nos dá a ideia de que a contemplação de Davi não foi por um momento rápido, acidental, mas uma ação que encheu o seu coração, que durou tempo suficiente para que ele desejasse a mulher de outro homem. A Bíblia não diz quanto tempo Davi ficou observando Bate-Seba, mas, independentemente dessa informação, foi tempo suficiente para que ele fosse enlaçado por Satanás e consumasse um adultério.

O Adultério Consumado

Antes de dar prosseguimento ao seu plano, Davi pergunta a algumas pessoas do palácio quem era aquela mulher, e lhe disseram que era “Bate­-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu” (2 Sm 11.3). Ele soube que ela tinha uma família, e um marido. Mesmo assim, essas informações não frearam o ímpeto do rei.

Ele envia mensageiros para falarem com a mulher. Mas a fala não era para que ela fosse se banhar no interior de sua casa, com privacidade e recato, ou que se desse ao respeito, pois sua exposição poderia ser muito ruim para a fama de sua família.

A fala dos mensageiros foi para que ela se dirigisse ao palácio, onde o rei a esperava. Ali, Davi consumou um dos seus pecados. Davi teve a oportunidade de se desviar de seus ímpetos quando tornou público para os seus servos a ordem de chamar Bate-Seba ao palá­cio. Mas tal informação não era importante para Davi naquele momento.

Havia duas guerras sendo travadas nessa história: uma, o campo de batalha, onde os hebreus e Urias estavam lutando por Israel. A outra guerra estava sendo travada no palácio, onde Davi estava envergonhando o nome do Senhor.

Matando um Marido e Soldado Honrado

Não bastou que Davi houvesse ficado com a mulher de outro homem. Aquela relação sexual ilícita gerou uma vida, e Bate-Seba vai falar com Davi que estava grávida. O período fértil de Bate-Seba é relatado: “e já ela se tinha purificado de sua imundícia” (2 Sm 11.4). Sabendo que o esposo dela estava na guerra, Davi tentou ocultar seu pecado trazendo o homem de volta para casa.

A estratégia de Davi, de reconduzir Urias para os braços de sua espo­sa, não deu certo. Urias era um homem focado em sua tarefa de defender Israel. Ele não se deitou com sua esposa grávida de Davi.

Para deixar clara a sua índole, Urias chega a mencionar a Arca de Deus, que estava em uma tenda, e não vai para sua casa. A mesma Arca de Deus, que Davi trouxe em uma procissão diante do Senhor, estava sendo usada por Urias como uma referência de como uma luta deveria ser travada pelo exército do Deus Santo.

Davi intencionou que seu filho ilegítimo fosse considerado filho de Urias, mas, para sua surpresa, mesmo tendo o rei embebedado Urias, o soldado se manteve em seu propósito. A integridade de Urias incomodou Davi, e ele decidiu tornar Bate-Seba viúva.

Urias logo seria morto em combate, lutando em prol do reino de Israel e da Arca de Deus, e Davi poderia ganhar mais uma esposa, dessa vez, já grávida. Esse foi o segundo pecado do rei.

Deus não ficou calado com o pecado de Davi. Ele envia Natã, um profeta, para dizer o que o rei não gostaria de ouvir.

III – CONSEQUÊNCIAS DA AÇÃO DE DAVI

O que Davi Fez Pareceu Mau

A narrativa de 2 Samuel parece ser focada totalmente no ato de Davi, sem que houvesse qualquer intervenção divina. Para um leitor desavisado, Deus aparenta não estar atento aos atos de Davi. Todavia, o Eterno não es­tava ausente da narrativa, e, mesmo amando Davi, julgou-o por três motivos:

(a) Deus ungiu Davi, e deu a ele posses, bens e o reino de Israel. O Eterno fez o nome de Davi se destacar já na época de Saul. Davi foi ungido e Deus se encarregou de fazer cumprir tudo o que havia dito ao filho mais novo de Jessé, por intermédio do profeta Samuel. Mesmo assim, por causa de seu instinto sexual, Davi desprezou “a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos” (2 Sm 12.9).

(b) Davi havia matado Urias e tomado a viúva. Essa parecia ser uma prática dos tempos antigos, em que homens que tinham poder, para não incorrerem em adultério, matavam ou mandavam matar o esposo da mulher casada para depois ficarem com ela. Esse foi o temor de Abraão para com Sara quando chegaram a Gerar (Gn 20.1,11).

Quando Davi percebeu o seu erro, não buscou a ajuda de Deus. Ele “recorreu ao seu poder, à sua prerrogativa de ordenar os fatos e realidade. E fazendo isso, afundou ainda mais no problema” (PHILLIPS, 2002, p. 195). Vale lembrar que Urias foi o próprio mensageiro da sua sentença de morte, levando a carta do rei a Joabe.

(c) Davi tinha matado um de seus melhores e mais íntegros soldados, e fez isso a traição, ordenando que Urias fosse colocado na frente da batalha e deixado para trás, sem possibilidade de resgate. Para quem já foi militar, sabe que a unidade entre a tropa é de fundamental importância, e que deixar um amigo para trás no combate, para ser morto, é uma crueldade indescritível.

A falta de controle sobre seus instintos fez de Davi um homem digno de uma séria punição. A gravidade do ato de Davi se conclui desta forma: “porquanto com este feito deste lugar sobremaneira a que os inimigos do Senhor blasfemem” (2 Sm 12.14). Quando um servo de Deus peca, o nome do Senhor é blasfemado, e se ele está na liderança, a repercussão é ainda maior.

A Espada nunca mais se Separará da tua Casa

As duas consequências do pecado de Davi, equiparáveis aos dois pecados cometidos por ele, foram a perda da criança que iria nascer, e a contínua guerra que haveria em sua família.

O bebê de Bate-Seba faleceu após sete dias de nascido, ainda que Davi tenha buscado ao Senhor pela vida da criança. Deus tem seus mistérios, e, em sua soberania, não deixou que aquela criança vivesse. Ainda que a dor de Davi fosse grande pela perda do filho, outras dores se sucederiam ao homem segundo o coração de Deus.

A seguir, a Bíblia nos mostra que houve no lar do rei um incesto, um irmão matando outro irmão e Absalão, um dos filhos de Davi, deu um gol­pe de Estado e por pouco o rei não perde a vida. Nem sempre grandes reis têm sucessores à altura, e Davi, tendo um lar com várias esposas e muitos filhos, não teve o tempo necessário para fazer um sucessor sem que houvesse disputas dentro de sua casa.

Amnom violentou sua meia-irmã, Tamar, e por Davi não ter feito nada para disciplinar seu filho, Absalão, outro filho de Davi, justiçou a honra de sua irmã matando Amnom dois anos depois. A seguir, após enfrentar um exílio, Absalão retorna para tomar de Davi o reino.

Como vemos, custou caro para o rei ceder à tentação sexual. Enten­demos que Davi não planejou cair em tentação, nem pensou em matar alguém no dia em que cometeu o adultério.

Entretanto, um pecado tende a atrair outro, numa contínua sucessão de erros. Ele não pôde evitar os acontecimentos que se sucederam. Para aqueles que creem em Deus, é preciso escolher viver de glória em glória ou de abismo em abismo.

O Contínuo Cuidado que Precisamos Ter

Davi era um homem segundo o coração de Deus. Isso significa duas coisas: a primeira, que ele era uma pessoa que fazia o possível para agra­dar a Deus, que amava a Deus e que havia sido escolhido por Deus para uma grande obra. Davi representa claramente a bondade de Deus em nos convocar para uma tarefa no seu Reino, e providencia para que sejamos munidos de todos os meios para concluir a nossa vocação.

A segunda coisa é que, mesmo sendo segundo o coração de Deus, ele era um homem. Isso significa que estava sujeito a situações que poderiam deixá-lo vulnerável, e foi justamente isso que o fez cair. Ser um homem ou uma mulher de Deus não tira de nós a nossa humanidade e a tendência a fraquejar.

Por isso, precisamos vigiar sempre. Eliseu também era “um santo homem de Deus”, mas quando a Sunamita construiu um cômodo para que ele passasse a noite, ela não o fez dentro de sua própria casa, e sim junto ao muro (2 Rs 4.9,10). Ser um homem ou uma mulher de Deus não nos isenta de falhar, e deve nos fazer andar cada vez mais vigilantes para não desonrar o nome do Senhor.

CONCLUSÃO

A tentação de Davi e a sua queda nos mostram que ninguém está imune aos desejos do coração, e que um momento de falta de vigilância é suficiente para manchar toda uma história de vida.

Estar ociosos, quando deveríamos estar ocupados dando continuidade ao que Deus nos ordenou a fazer, pode nos aproximar de problemas e de pecados, e por isso não podemos baixar a guarda em nossa vida espiritual.

Também aprendemos que certos pecados têm consequências duradouras e mortais, e que podem ser evitadas se tais pecados não forem cometidos.

Em vez de estar ociosos, se estivermos fazendo o que fomos chamados para realizar, com certeza, fixaremos nosso olhar naquilo que Deus espera que façamos. Que aprendamos a olhar na direção certa, e purificar nossos olhos e ouvidos daquilo que nos conduz ao pecado.

Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: COELHO, Alexandre. O Perigo das Tentações: As Orientações da Palavra de Deus de Como Resistir e Ter uma Vida Vitoriosa. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.

Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2022/05/06/licao-6-olhando-para-a-direcao-errada/

Vídeo: 

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