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Jovens – Lição 7 – A Conversão de Saulo 

Introdução

I- Um encontro inesperado no caminho;

II-A visita de Ananias;

III-Um novo tempo de Deus para Saulo.

Conclusão

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Explicar como se deu o encontro inesperado de Saulo com Jesus;

Analisar a importância de Ananias no episódio da conversão de Saulo;

Conscientizar de que é Deus quem muda nossos planos e que devemos buscar a sua vontade.

Palavras-chave: Poder, cura e salvação.

Quando pensamos em Paulo, logo nos vem à mente o grande apóstolo dos gentios, escritor de praticamente metade do Novo Testamento com 13 epístolas, o grande decodificador do cristianismo, o maior teólogo que já existiu, etc.

 

Sua vida e escritos deixaram-nos um legado de valor inestimável, pois o Cânon sagrado foi reconhecidamente oficializado como Palavra Inspirada de Deus. John Oswald Sanders (1902–1992) descreve-o assim: 

Ele tem sido nomeado como o cristão mais bem-sucedido do mundo, e sua carreira tem sido considerada a mais surpreendente na história mundial.

Talvez nenhum outro tenha alcançado as mesmas alturas em tantas habilidades. Sua versatilidade era tanta em retrospecto que parece que ele possuía quase todos os dons.

Mas, apesar do maravilhoso histórico de Paulo, em seus escritos ele consegue estabelecer conexão com o crente mais humilde como com o filósofo erudito.

Um paralelo dos dias atuais com o apóstolo, tem sido sugerido, seria um homem que pudesse falar chinês citando Confúcio, que pudesse escrever boa teologia em inglês e expô-la em Oxford e que pudesse defender sua causa em russo perante a Academia de Ciências Soviéticas.1 

Com tantas qualidades, é difícil imaginar como um homem que foi usado de maneira ímpar nas mãos do Senhor tenha sido um feroz perseguidor da Igreja. No capítulo anterior, foi discorrido sobre o martírio de Estêvão.

O primeiro versículo do capítulo 8 de Atos diz que Saulo consentia na morte do diácono. Alguns até alegam que Saulo era aquele que ficava bradando os pecados de Estêvão pelo caminho enquanto este era apedrejado. 

O capítulo 9 inicia dizendo que Saulo respirava “ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor”. Uma pessoa que respira ameaças e mortes é alguém que está obcecado em perseguição e violência. Paulo possuía um ódio aterrorizante contra a “seita” nova que surgira.

Como judeu zeloso, porém ignorante sobre as coisas de Deus, ele achava que estava fazendo a coisa certa em estrangular aquele movimento de cristãos, usando de todas as formas possíveis. 

Ele pediu cartas ao sumo sacerdote (Caifás) para ir às sinagogas de Damasco para que, caso achasse cristãos por lá, prendesse-os e levasse-os a Jerusalém. Essas “cartas de autorização do Sinédrio eram válidas entre os judeus por toda a extensão do império romano”.2 

Um Judeu Zeloso

Saulo estava empenhado em perseguir os cristãos e, mesmo depois de tornar-se um, lembrou-se de seus dias como perseguidor. Em Filipenses 3, ele faz menção a essa formação sua, dizendo: 

Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu, segundo o zelo, perseguidor da igreja; segundo a justiça que há na lei, irrepreensível (Fl 3.5,6). 

Em Gálatas 1.13, Paulo acrescenta mais sobre seu histórico:

Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava. E, na minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais (Gl 1.13,14). 

Como era Saulo? Um livro apócrifo muito antigo, datado do final do primeiro século, descreve Paulo assim:

“Um homem de estatura moderada, cabelos crespos, pernas tortas, olhos azuis, grandes sobrancelhas e nariz comprido, às vezes parecendo um homem, às vezes como um anjo” (Citado por Gaebelein)3

Sobre seu nascimento e família, Buckland comenta:

O nascimento e família do futuro apóstolo habilitaram-no a chamar-se a si próprio “hebreu de hebreus”. Era de puro sangue judaico, da tribo de Benjamim (Rm 11.1; Fp 3.5);

e nasceu em Tarso, na Cilícia (At 9.11; 21.39; 22.3), pelo ano 2 antes de Cristo, quando estava no seu auge o poder do imperador romano César Augusto.

A sua educação foi caracteristicamente judaica. Quando rapaz, foi mandado para Jerusalém a fim de ser instruído por Gamaliel “segundo a exatidão da lei de nossos antepassados”, dizia ele (At 22.3). Tanto Gamaliel como a própria família de Paulo pertenciam à seita dos fariseus.

Do seu mestre, pois, era natural que Paulo obtivesse um firme conhecimento da doutrina da ressurreição (At 23.6; 26.5; Fp 3.5).

Com Gamaliel aprendeu ele, também, aquelas estreitas doutrinas do farisaísmo, “sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais (Gl 1.14). Além disso, sabia Paulo a arte de fazer tendas (At 20.34; 1 Ts 2.9).4  

Paulo era, de fato, muito zeloso com a sua religião — um traço que também seria muito importante quando se convertesse ao cristianismo.

Ele, contudo, não tinha ideia de que Deus já tinha um plano completamente diferente para a sua vida. Luiz Vaz de Camões (1524–1580), o grande poeta português, expressou: “Ocultos os juízos de Deus são”.

Realmente, o Senhor tem seus caminhos e Ele faz com que sejam revelados mostrando sua soberania e amor para conosco. 

Um Encontro Inesperado

Quando, na época, Saulo estava próximo de Damasco, capital da Síria, uma luz do céu brilhou em seu redor subitamente.

Essa luz fez com que ele caísse por terra. Aí, ele ouviu uma voz que dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”.

Imagine você o susto que Saulo levou. Foi uma luz e uma voz que o atingiram. Se Saulo, porventura, perdesse sua audição, não se esqueceria da luz; se perdesse sua visão, não se esqueceria da voz!

E isso aconteceu de fato, pois nos diz o relato bíblico que ele ficou três dias sem ver, porém certamente se lembrava da voz. 

Nunca Saulo podia imaginar que ele teria esse tipo de encontro naquele caminho. Ele, no entanto, era vaso escolhido de Deus para levar o nome de Cristo “diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel” (At 9.15).

Ele teve um encontro com o Senhor e ouviu a sua voz. Essa grande visão tornou-se o grande ponto de virada de sua vida. Ele recebeu perfeito conhecimento e certeza de que o rejeitado Jesus de Nazaré é o Filho de Deus.

O grande evento foi profético. Será repetido em uma escala maior quando o Senhor Jesus vier novamente e o remanescente de Israel vê-lo nas nuvens do Céu. Arno C. Gaebelin (1861–1945) comenta sobre a conversão de Paulo:

O nono capítulo não contém o registro completo do que aconteceu no caminho para Damasco. O próprio apóstolo Paulo relata duas vezes sua própria experiência no capítulo 22.5-16 e no capítulo 26.12-18.

Ele também menciona sua conversão brevemente em 1 Coríntios 15.8; Gálatas 1.15-16 e 1 Timóteo 1.12-13.

Os três relatos da conversão de Saulo não são sem significado. Aquele que está diante de nós no nono capítulo é o mais breve, e é simplesmente o relato histórico do evento, como deveria ser incorporado no Livro de Atos, como história.

O relato no vigésimo segundo capítulo foi dado por Paulo na língua hebraica; é a declaração mais longa e foi dirigida aos judeus.

O relato no vigésimo sexto capítulo foi dado na presença do governador romano Festo e do rei judeu Agripa, portanto endereçado a judeus e gentios. Mas não há discrepâncias e discordâncias nesses três relatos? Tal tem sido a reivindicação do lado dos homens que rejeitam a inspiração da Bíblia.

Existem diferenças, mas não há desentendimentos. Essas diferenças em si são as evidências da inspiração. As diferenças, no entanto, são simplesmente da maneira como os fatos do evento são apresentados.5 

A questão é que aquele encontro derrubou Saulo em todos os sentidos: física, emocional e espiritualmente.

Foi uma reviravolta e tanto na vida daquele homem. Nem todos têm um encontro assim com Cristo, mas Ele age da forma que quer, e ninguém pode impedi-lo (Is 43.13). 

Perseguindo quem?

As primeiras palavras de Jesus para Saulo foram em forma de pergunta: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”.

É interessante observar que, nessa pergunta, Jesus não questiona o fato de Saulo estar perseguindo os cristãos — o que realmente estava acontecendo.

Saulo era um feroz perseguidor da Igreja. Jesus, porém, coloca-se no lugar dela. Ele estava dizendo: “Quando você persegue a Igreja, você está perseguindo a mim, Saulo”.

Isso é algo simplesmente maravilhoso: saber que todas as vezes que um cristão é perseguido, é o próprio Jesus que assume ser perseguido.

Podemos encontrar consolo nesse questionamento do Senhor a Saulo quando somos, de alguma forma, perseguidos, injustiçados, zombados — não estão fazendo simplesmente para nós, mas nosso Jesus toma essas dores para si. O profeta Isaías já havia prenunciado este sofrimento que o Mestre iria trazer sobre Ele quando diz: 

Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.

Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados (Is 53.4,5).

Jesus tem uma união sobrenatural com a Igreja. Paulo, mais tarde, considera essa união como um mistério, pois o amor de Cristo para com esse povo foi tão intenso que Ele deu a sua própria vida por ela (Ef 5.25). Isso também nos traz uma grande lição de como devemos considerar e tratar a noiva de Cristo.

Há alguns pregadores que, quando assumem o púlpito, começam a simplesmente “bater” na igreja como se ela fosse um público qualquer, que pode ser confrontada de qualquer maneira.

Obviamente que a advertência e o confronto são, sim, parte da Palavra de Deus para conosco. Deus corrige a quem Ele ama (Hb 12.6).

Todavia, precisamos ter muito temor com o povo escolhido de Deus, que foi lavado pelo sangue de Jesus e comprado por alto preço.

Deveríamos sempre ter zelo, amor e responsabilidade quando realizarmos qualquer atividade dentro da igreja.

Não devemos ficar preocupados quando as perseguições vierem ou, então, se estamos precisando desesperadamente de auxílio humano ou de políticos em nossa defesa, porque a Igreja tem um grande advogado — seu nome é Jesus, o dono dela por excelência.

De “Mandão para Mandado”

Saulo era aquele que ditava as ordens e fazia o que queria. Ele perseguia os cristãos e violentava-os, além de ser orgulhoso, cheio de si e achar que nada poderia impedir os seus propósitos.

No entanto, mal sabia ele que tudo iria mudar naquele caminho. A partir daquele encontro miraculoso com Cristo, quem recebia as ordens, agora, era ele.

O Senhor Jesus, então, ordena Saulo levantar-se e ir a Damasco, pois lá ele iria saber o que deveria ser feito. E não há muita explicação sobre o assunto: ele apenas deveria ir a Damasco. 

Logo que se levanta, Saulo precisou ser guiado pela mão até o lugar designado, pois não podia ver. Em Damasco, diz o relato bíblico, ele ficou orando (v. 11).

Que mudança tremenda aconteceu neste homem. De rude, cruel, arrogante, a uma pessoa dependente, ouvinte e que buscava a presença de Deus.

Só mesmo um encontro verdadeiro com Cristo pode transformar o mais vil pecador em um vaso de honra que glorifica o nome do Senhor. Mais para o final de seu ministério, Paulo relata essa experiência, bem como seu significado ao jovem obreiro Timóteo:

E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus, Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério, a mim, que, dantes, fui blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade.

E a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo. Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.

Mas, por isso, alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.

Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém!6 

E o Senhor continua transformando pessoas ao redor do mundo através do evangelho, que é “o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). 

Um Discípulo Chamado Ananias

três pessoas em Atos dos Apóstolos chamadas Ananias:

(1) O marido de Safira (At 5.1);

(2) Um discípulo de Jesus Cristo (9.10); e

(3) Um sumo sacerdote (23.2).

O nome significa “Jeová é gracioso”. Jesus permitira que seu discípulo vivesse a verdade do seu nome e demonstrasse graça surpreendente a Saulo.

Uma vez que o Ananias em análise é um discípulo, significa que ele é um “aprendiz” e, neste contexto, é um seguidor de Jesus, um crente, um cristão. Adam Clarke (1760–1832) comenta:

Uma opinião geral prevaleceu na Igreja Grega de que este Ananias era um dos setenta e dois discípulos e que ele foi martirizado; e eles celebram seu martírio no dia primeiro de outubro.

Afirmou-se ainda que sua casa foi transformada em uma igreja, que permanece até os dias atuais, embora agora ocupada como uma mesquita turca; mas até mesmo os maometanos têm a tradição e tratam sua memória com grande respeito.

Seja como for, de acordo com Atos 22.12, aprendemos, o que é mais importante, que ele era um homem devoto de acordo com a lei, tendo um bom relatório de todos os judeus que moravam lá.7 

Mas por que Ananias? Ele era um cristão proeminente? Não temos razão para acreditar. Deus precisou usar um agente humano nesse trabalho?

Na verdade, não. Deus usou Ananias porque Ele gosta de usar pessoas, e Ananias era um servo voluntário.

Ananias era um homem comum — não um apóstolo, um profeta, um pastor, um evangelista, um ancião ou um diácono. Deus, no entanto, usou-o especialmente por ele ser um homem comum.

Se um apóstolo ou uma pessoa proeminente tivesse ministrado a Paulo, as pessoas poderiam dizer que

Paulo recebeu seu evangelho de um homem em vez de Jesus. Da mesma forma, Deus precisa usar o homem comum — há um trabalho especial a fazer para aqueles que se acham comuns.

Se você, jovem, acha que é alguém comum, então pode ter certeza de que Deus quer usar sua vida para grandes propósitos! 

A Desconfiança

Mesmo recebendo uma ordem do próprio Deus para ir até onde Saulo estava, Ananias ficou desconfiado e receoso.

Era para ele ir à rua chamada Direita e, na casa de Judas, procurar por Saulo e impor-lhe as mãos para que este recuperasse a vista.

Ananias, entretanto, logo questiona ao Senhor acerca dessa responsabilidade colocada sobre seus ombros, argumentando que já ouvira falar da fama de Saulo e de todos os males que ele fazia. 

Não é razoável apenas julgarmos o questionamento de Ananias, pois, provavelmente, qualquer um de nós faria o mesmo.

Ele ainda não estava a par de todo o plano que Deus tinha com Saulo. Perceba: Ananias não estava fugindo da missão que fora dada a ele, mas apenas sendo cauteloso sobre como seria esse encontro. 

Semelhantemente à atitude de Ananias, muitos agem com desconfiança em relação a pessoas com quem Deus está trabalhando.

Embora isso seja natural de alguma forma, assim como foi com Ananias, não podemos deixar de cuidar de alguém que Deus colocou em nossa vida apenas pelo fato de ela ainda não estar pronta. Se estivesse, não teríamos a necessidade de cuidarmos dela.

E o Senhor quer usar cada um de nós como canal para restabelecer pessoas que a sociedade — e até muitos dentro da igreja — não consideram e não acreditam, mas que Deus pode levantá-las com poder e autoridade. Isso se torna não apenas uma responsabilidade, como também um privilégio. 

Nova Vida

O plano de Saulo era ir até Damasco e prender crentes. O plano de Deus era “transformar” Saulo em Paulo e fazê-lo um pastor de crentes. Saulo queria violentar os crentes, mas Deus fez dele um sofredor pelos crentes.

Saulo queria massacrar o novo movimento, mas Deus transformou-o no maior defensor do movimento.

É simplesmente impressionante o que o Senhor Jesus pode fazer na vida de uma pessoa mediante um encontro real com Ele.

O chamado que o Senhor tinha para com Saulo foi tremendo. John Oswald Sanders comenta:

Na estrada de Damasco, o Senhor apresentou duas coisas únicas a Paulo concernentes ao seu serviço missionário:

1) que seu ministério seria a terras distantes;

2) seria principalmente para os gentios (At 22.21).

Desde que Jesus foi enviado em primeiro lugar para as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mateus 10.6), ele teve que deixar a evangelização dos gentios para seus seguidores, cuja liderança estava com Paulo.

O caráter universal do evangelho foi apreendido pelos apóstolos apenas lentamente.

Um passo significativo nessa direção foi dado quando Pedro venceu sua estreita intolerância, indo à casa de Cornélio, um centurião romano (Atos 10.9-48).

Mas os eventos subsequentes na Galácia provaram que o preconceito não foi totalmente dissipado. A conversão dos gentios em escala mundial exigiu alguém com uma mente mais ampla e um coração maior do que o de Pedro.

Em Paulo, o Espírito Santo encontrou um instrumento de grande coração e preparo único. Mas foi somente através de um processo gradual que Paulo entendeu todas as implicações de seu chamado (Atos 13.46; 18.6; 22.19-21).8 

E é graças a essa nova vida de Paulo que podemos experimentar e sermos transformados pelos escritos do apóstolo dos gentios, além de podermos também fazer grande diferença nas pessoas através da nova vida que temos em Cristo.

Quando o Espírito Santo toma conta de nosso ser, guiando nossa mente e ações, muitas coisas são realizadas para o Reino de Deus. Isso exige a apreensão do que está escrito em Hebreus: 

Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé […] (Hb 12.1,2). 

E os Olhos São Abertos

O texto bíblico diz que, assim que Ananias entra na casa onde Saulo estava e impõe as mãos sobre ele, explicando-lhe a razão de estar ali, imediatamente caíram dos olhos de Paulo como se fossem umas escamas, e ele voltou a ver.

Em seguida, ele levantou-se e foi batizado. Somente através da ação do Espírito Santo é que as pessoas podem enxergar o mundo espiritual, pois as coisas espirituais “se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14).

O próprio Paulo vai dizer aos coríntios que o “deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Co 4.4), e ele era um deles.

No entanto, quando temos um encontro real com Cristo, não andamos mais em trevas, pois agora entramos no Reino da sua luz (Cl 1.12,13). 

Curando Saulo de sua cegueira o Senhor lhe dá um sinal poderoso de que o chama, e pelo batismo com o Espírito, o capacita a proclamar o Evangelho a todo mundo (v. 15).

Esta experiência demonstra que Deus dá a plenitude do Espírito àqueles que obedecem e aos que fervorosamente o buscam.

Note como depois do encontro com o Senhor na estrada, Saulo obedeceu à voz divina entrando em Damasco onde passou três dias em intensa oração e jejum.9 

Creio que Deus deseja não somente nos dar visão no momento em que o encontramos, como também continuar limpando nossa vista com colírio do Céu para que vejamos nosso real estado, assim como a Igreja de Laodiceia foi advertida (Ap 3.18).

Mediante uma contínua purificação e transformação de nossa mente, podemos experimentar “qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). 

Cidade do Jasmim

O capítulo 9 de Atos começa dizendo que Saulo ia para Damasco, que, em árabe, quer dizer “cidade do jasmim”.

Lá ele ia prender e levar cristãos para Jerusalém. Contudo, após sua conversão no versículo 19, a Palavra de Deus diz que, depois de comer, ele sentiu-se fortalecido e ficou em Damasco alguns dias com os discípulos.

O “contra” os discípulos mudou para “com” os discípulos. Logo adiante, ele já está pregando Cristo nessa cidade. 

Nesse local, onde havia muitas flores de jasmim — como ainda tem hoje —, Saulo começa exalar o “bom cheiro de Cristo (2 Co 2.15).

E, dessa forma, continua não só nessa localidade, como também por muitos lugares por onde passou. Nada mais importava para ele, como enfatizou aos coríntios: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co 2.2). 

A Bíblia diz que somos como um jardim fechado (Ct 4.12). Deus começou a história da humanidade em um jardim (Gn 2.15), redimiu-a em um jardim (Mt 26) e agora nos diz que há também algo muito parecido com um jardim na cidade celestial (Ap 22.1,2).

Precisamos cuidar de nós mesmos como um jardim, propriedade exclusiva de Deus, onde Jesus é o único que pode cultivá-lo. Como diz Shedd:

“A exclusividade do amor da noiva lembra como a verdadeira Igreja deve ter o coração fechado contra tudo que porventura possa afastá-la do amor por Cristo e do amor para com aqueles que nele creem”.10

 Nessa cidade do jasmim, Paulo inicia seu ministério afirmando que Jesus é o Filho de Deus. Que milagre tremendo foi a conversão de Saulo, assim como o foi na vida de todos aqueles que também tiveram um encontro real com Cristo! 

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens


 1 SANDERS, J. Oswald. Dynamic Spiritual Leadership, 1999, pp. 14, 15.
 2 SHEDD, 1997, 1542. 
3 GAEBELIN, ARNO C. CHRIST AND GLORY: ADDRESSES DELIVERED AT THE NEW YORK PROPHETIC CONFERENCE, CARNEGIE HALL, NOVEMBER 25-28, 1918. 
4 BUCKLAND, Dicionário Bíblico Universal, 1981, p.329.
5 GAEBELIN, Arno C. Annotated Bible, 1913.
6 1 Tm 1.12-17.
7 CLARKE, Adam. The Adam Clarke Commentary, 1832. 
8 SANDERS, 1999, pp. 122,123.
9 ARRINGTON, 2003, p. 675. 
10 SHEDD, 1997, p. 975.

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/1785-li%C3%A7%C3%A3o-7-a-convers%C3%A3o-de-saulo.html

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