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Jovens – Lição 8 – A Obra Salvífica Do Senhor Jesus Cristo

INTRODUÇÃO

O estudo sobre a salvação é um dos mais emblemáticos tratados na Bíblia.

A doutrina da salvação pode ser compreendida com base em pelo menos três aspectos específicos que representam os atos generosos de Deus em nosso favor:

o sacrifício, a

reconciliação e a

redenção.

A experiência da salvação é viva e dinâmica e, por isso, passível de profundas reflexões que são imprescindíveis para a edificação espiritual da igreja.

O sacrifício é a expressão material de significado espiritual no Antigo Testamento que visava à ratificação da comunhão com Deus.

Em o Novo Testamento, esta prática deixa de ser um protocolo ritualístico para assumir um formato de prática espiritual que observa as intenções do coração do ofertante.

Vale destacar que o maior sacrifício descrito na Bíblia é o sacrifício substitutivo de Jesus sobre a cruz do Calvário.

Ali, Deus, por sua graça salvadora, ofereceu o seu melhor a fim de resgatar o ser humano que se encontrava afastado e condenado em pecados.

A partir do ato sacrificial do Salvador, o ser humano tem, finalmente, a condição de alcançar a reconciliação com o seu Criador.

Teologicamente falando, pode-se dizer que a reconciliação é uma das consequências centrais do sacrifício de Jesus no Calvário.

Esta não é uma iniciativa do homem, mas um ato que é fruto do amor e da misericórdia de Deus. Foi por intermédio da cruz de Cristo que se abriu o caminho para a reconciliação.

Após o conhecimento da graça de Deus é possível ao ser humano experimentar da redenção. Deus, através de seu ato redentor, concede a todos a oportunidade de alcançarem a salvação, antes impedida por conta da deplorável condição de pecados em que a humanidade se encontrava.

A Palavra de Deus tem a explicação correta a respeito da redenção disponível a todo aquele que crer e acerca da esperança futura dos santos. 

I. O SACRIFÍCIO

A entrega do sacrifício na perspectiva do Antigo Testamento tem a pretensão de significar o culto a Deus nos tempos antigos.

Ao oferecerem as primícias do campo, ou seus animais a Deus, os filhos de Israel expressavam o pedido de perdão, a gratidão e a adoração a Deus.

A prática do sacrifício era regulada por princípios que expressavam o caráter justo do eterno Deus e a normatização com relação àquilo que deveria ser sacrificado, a quantidade e as ocasiões apropriadas.

Em contrapartida, o Novo Testamento apresenta uma nova compreensão do sacrifício, tendo em vista que a revelação de Deus manifestou-se de modo completo e plenamente inteligível a partir de Jesus Cristo (cf. Ef 3.19).

Desde então, o sacrifício passou a ser compreendido como uma prática espiritual que revela as intenções do coração do ofertante em detrimento aos protocolos ritualísticos que apontam apenas para o cumprimento de formalidades.

Neste contexto, vale ressaltar que o propósito divino é conceder aos seus servos a oportunidade de oferecerem a Deus, não aquilo que é sem valor ou a sobra do que se tem em abundância mas, a sincera expressão devocional que Lhe agrada.

Seguindo o princípio que Ele mesmo estabeleceu, o Criador decidiu oferecer um sacrifício substitutivo em favor de nossas vidas. Ele nos deu o melhor: o Seu Filho Unigênito. A salvação é o maior milagre de Deus em prol do seu povo. 

O que é um sacrifício no Antigo Testamento?

O sacrifício fazia parte do cerimonial ritualístico do Antigo Testamento, uma expressão material do desejo do homem de se aproximar de Deus e agradá-Lo.

A palavra “sacrifício”, do latim sacrificium, significa oferenda de animais, frutos e produtos da terra, visando a propiciação de pecados, o reconhecimento da soberania divina e o enaltecimento do Criador.

No Antigo Testamento, o sistema sacrificial acha-se regulamentado nos livros do Êxodo e do Levítico (ANDRADE, 2004).

As ofertas e sacrifícios instituídos na lei eram a forma como o adorador chegava-se diante de Deus. Nestas ocasiões o adorador não podia se apresentar diante de Deus de mãos vazias.

Note que as ofertas e sacrifícios tinham a função específica de expressar o pedido de perdão, a gratidão a Deus pela produtividade de suas terras ou outro aspecto da vida; ou mesmo o reconhecimento da soberania divina, um ato de adoração.

Conforme está registrado no Pentateuco, há diversas formas de ofertas e sacrifícios, cada qual, com a sua finalidade e ocasião.

Mas nada se compara ou mais se aproxima do evento redentor de Cristo, do que o sacrifício do cordeiro pascal.

Ao observarmos a prática instituída por Moisés na noite em que o SENHOR passou sobre o Egito, trazendo morte a todos os primogênitos, é possível perceber que a marca do sangue do cordeiro sobre os umbrais das portas dos hebreus era o sinal do livramento (cf. Êx 12.22,23).

Ninguém que leia as Escrituras de modo perceptivo pode fugir à realidade de que o sacrifício está no âmago da redenção, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento.

A figura de um cordeiro ou cabrito sacrificado como parte do drama da salvação e da redenção remonta à Páscoa (Êx 12.1-3).

Deus veria o sangue aspergido e “passaria por cima” daqueles que eram protegidos por sua marca.

Quando o crente do Antigo Testamento colocava as mãos no sacrifício, o significado era muito mais que identificação (isto é: “Meu sacrifício”); era um substitutivo sacrificial (“Sacrifíco isto em meu lugar”) (HORTON, 1996).

Todo sacrifício precisa ter significado, razão de ser, para quem realizava o ato sagrado (Lv 7.30; 22.29), embora a finalidade última fosse sempre a glória de Deus.

O que é um sacrifício em o Novo Testamento?

O Novo Testamento traz informações bem significativas no que diz respeito ao sacrifício. Haja vista que a revelação divina manifestou-se de modo completo e plenamente compreensível a partir de Jesus Cristo.

Embora não se deva forçar demais as comparações, a figura é claramente transferida a Cristo no Novo Testamento. João Batista apresentou-o, anunciando: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

[…] Paulo se refere a Cristo como “nossa páscoa” (1 Co 5.7). Pedro afirma que fomos redimidos “com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1 Pe 1.19) (HORTON, 1996). Assim, o sacrifício de Jesus é o maior modelo de expressão sincera do que é “sacrificar”.

Semelhantemente, o Senhor espera encontrar em seus servos a oferta de sacrifício verdadeira através de uma vida santa que tem o prazer de apresentar espírito, alma e corpo para a glória de Deus (cf. 1 Ts 5.23).

Logicamente, uma vida santa não diz respeito ao cumprimento integral de cerimoniais e dogmas denominacionais, embora estes sejam relevantes.

Mas, acima de qualquer coisa, uma vida santa requer uma existência devotada de serviço e amor ao próximo (Jo 13.13,14).

Assim como no Antigo Testamento, o sacrifício era apresentado de diversas formas, em quantidades e ocasiões diferentes, em o Novo Testamento é possível perceber que há também propósitos específicos na forma como apresentamos o nosso sacrifico a Deus.

Dentre as formas de sacrifício descritas na Bíblia que expressam uma devoção a Deus, está o sacrifício de louvor. Deus espera receber o fruto dos lábios que exaltam o seu nome (cf. Hb 13.15,16).

Nesta mesma passagem, o autor de Hebreus destaca também a importância da comunicação como um sacrifício que agrada a Deus.

A palavra “comunicação” (koinonias) aqui é um substantivo e geralmente significaria: “Não se esqueçam de ter comunhão”.

Isto é compatível com o conselho geral do autor em outra parte da epístola (Hb 10.25); mas nesse contexto, como em 2 Coríntios 9.13, a ideia pretendida é uma preocupação amorosa pelos companheiros crentes que resulta em ajuda prática e monetária (Tg 2.15,16; 1 Jo 3.17). Isto também faz parte da nossa lealdade absoluta a Jesus.

No entanto, quando o autor conclui com a cláusula: porque, com tais sacrifícios, Deus se agrada, a palavra “tais” provavelmente inclui o sacrifício de louvor bem como o sacrifício de ações benevolentes.

Deus estava completamente enfadado com os sacrifícios de animais, mas Ele nunca se cansará das expressões cristãs de gratidão e amor (GREATHOUSE; METZ; CARVER, 2006).

E, por fim, percebe-se que a preocupação do Espírito, ao sondar os nossos corações, procura encontrar um coração quebrantado e contrito, disposto a obedecer a Deus através de uma vida que se preocupe com o bem-estar do próximo, porquanto, são desses sacrifícios que Deus se agrada.

O mero cumprimento de formalidades, sem haver um sincero propósito de serviço e gratidão a Deus, não tem valor algum.

O sacrifício verdadeiro

O terceiro aspecto que deve ser considerado a respeito do sacrifico, e talvez seja o mais importante, diz respeito à consistência do sacrifício ofertado a Deus.

O rei Davi nos deu o exemplo do que consiste o sacrifício verdadeiro que deve ser apresentado a Deus: aquele que tenha algum valor.

Oferecer do que se esbanja ou daquilo que não serve mais, não somente é inútil, enquanto ato devocional, como também se torna um verdadeiro insulto ao nosso Criador (Mq 6.6-8). Isto significa que o sacrifício apresentado a Deus deve ter algum custo para o ofertante.

Ao analisarmos a natureza do sacrifício do Criador por nós, é possível perceber o quanto Lhe custou a vida do seu próprio Filho.

Deus ofereceu o seu melhor em favor da humanidade, um sacrifício substitutivo de valor inestimável.

Éramos nós que merecíamos morrer em nossos pecados e permanecermos destituídos da glória de Deus por toda eternidade (cf. Rm 3.23). No entanto, o Criador decidiu pagar o preço do resgate a fim de que tivéssemos uma nova oportunidade.

Tecnicamente, a palavra “expiar” hb. kapar — significa

encobrir”,

“cobrir”,

“ocultar”,

“tirar da vista”.

[…] Biblicamente, expiar é pagar, quitar, tirar os pecados de alguém, perdoar, mediante um sacrifício reparador exigido, mas também propiciador.

Expiar, pois, é tirar o pecado mediante a morte de alguém como substituto do culpado e condenado. No nosso caso, foi Jesus quem morreu por nós, pecadores perdidos (Is 53.10; Jo 1.29; Ap 13.8; 2 Co 5.21). Sem expiação pelo sangue não há perdão do pecado (Lv 4.35) (GILBERTO, 2009).

Em resposta ao chamado para o arrependimento, o pecador não pode apresentar-se diante de Deus de mãos vazias.

É preciso o sacrifico para alcançar o perdão dos pecados. Jesus Cristo é o sacrifício perfeito que Deus espera receber do pecador. Sendo assim, a mais sincera resposta que o pecador pode apresentar a Deus é a fé no seu Filho Unigênito (cf. Hb 10.19-23). 

II. A RECONCILIAÇÃO

Definitivamente, o pecado separou a humanidade de Deus. A trajetória humana seguiu por um caminho distante do que o propósito divino tinha para a sua Criação.

Por conta disso, tornou-se necessário um meio pelo qual a humanidade pudesse alcançar a reconciliação com o seu Criador. Nesta relação, Deus assume o protagonismo e toma a iniciativa em prover a reconciliação por meio da cruz.

A necessidade de reconciliação é resultado da situação de conflito da humanidade pecadora com o seu Criador.

A separação da comunhão com Deus é decorrência do pecado e da decisão do homem em viver separado de Deus (cf. Rm 3.23; 5.1).

Em contrapartida, a reconciliação é uma das consequências centrais do sacrifício de Jesus no Calvário. Deus, por sua graça e misericórdia, interveio para que a humanidade tivesse condições de tornar à comunhão com Ele.

Vale destacar que no processo de salvação, o mérito da reconciliação é exclusivo de Deus. O ser humano estava enfermo em sua triste condição de pecado, mas Deus, pelo seu infinito amor e graça, resolveu resgatar o homem e torná-lo à comunhão (cf. Rm 8.1-4).

Assim sendo, não há nada que o ser humano possa fazer para justificar-se diante de Deus, pois a reconciliação é uma ação exclusiva da graça de Deus.

O eterno cuidado de Deus se manifestou através da cruz. Em um único ato, Jesus Cristo cumpriu todas as exigências da lei e revelou todo o poder da graça.

Somente o Senhor, entregando a própria vida, pode satisfazer a justiça divina (Rm 8.3,4). Por esse motivo, a restauração espiritual promovida pelo Pai implica uma mudança significativa de vida.

O que é reconciliação?

A palavra reconciliação vem do latim reconciliatio, que significa reatamento de relações entre partes litigantes.

O Senhor Jesus, com sua morte vicária, reconciliou-nos com Deus de maneira definitiva, clara e eficiente (Ef 2.16; Cl 1.20) (ANDRADE, 2004).

A reconciliação não era apenas uma escolha, mas também uma necessidade da humanidade pecadora cuja separação da comunhão com Deus trouxe graves consequências para a história humana.

Com a entrada do pecado no mundo, através de Adão e Eva, a humanidade passou ao estado de rebelião com Deus, estando assim em conflito com o seu Criador.

Por esse motivo é tão difícil para o ser humano abandonar as obras das trevas e voltar-se para Deus, pois a sua natureza decaída, tendenciosa ao pecado, impede que o homem esteja em santidade e obediência.

Há somente uma saída e o Senhor Jesus deixou esse ensinamento claro a Nicodemos, nos dias em que esteve aqui na terra:

“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3).

O ser humano que deseja reconciliar-se com o seu Criador precisa “nascer de novo”, isto é, experimentar da regeneração espiritual. 

Regeneração é o ato interior da conversão, efetuada na alma pelo Espírito Santo. Conversão é mais o lado exterior e visível da regeneração.

Uma pessoa verdadeiramente regenerada pelo Espírito Santo é também convertida (cf. Lc 22.32). Sendo regenerado pelo Espírito Santo, o crente é declarado filho de Deus (1 Jo 1.12,13).

O que ocasiona a regeneração espiritual não é primeiramente a justificação pela fé, mas a comunicação da vida de Cristo — da vida eterna ao pecador arrependido.

Justificação tem a ver com o pecado do pecador; regeneração tem a ver com a natureza do pecador. Justificação é imputada por Deus; regeneração é comunicada por Deus (GILBERTO, 2009).

Assim sendo, a reconciliação é resultado da graça e misericórdia de Deus, manifestada em Jesus Cristo, por intermédio da sua morte sobre a cruz do Calvário.

Uma morte substitutiva que nos possibilitou a oportunidade de alcançar a regeneração espiritual e o perdão divino. Devemos ser gratos a Deus por seu grandioso amor.    

O protagonismo de Deus no ato da reconciliação e o nosso papel

No processo de reconciliação o mérito é exclusivo de Deus, pois o ser humano, enfermo em sua triste condição de pecado, jamais alcançaria a condição de aproximar-se novamente do seu Criador. A reconciliação é o resultado do infinito amor de Deus manifestado em Jesus Cristo (1 Pe 2.10).

Note que a salvação é um ato exclusivo da graça de Deus em favor do pecador. O que é graça? Graça, no sentido comum, diz respeito ao favor de Deus dispensado bondosamente aos seres humanos, no sentido de prover os meios de subsistência a todos, sem distinção (Sl 104.27-30).

No sentido de graça relacionada à salvação, é a provisão graciosa do Senhor para com o indigno transgressor da sua lei (cf. Rm 3.9-26).

Ela resulta da parte de Deus para com o pecador. […] De acordo com Efésios 2.5,6, o pecador está morto, e nessa condição não pode ajudar em nada.

Como efetuaria ele a sua própria ressurreição? Assim como não pudemos ajudar em nada quando do nosso primeiro nascimento, muito menos em nosso segundo nascimento.

Tudo é pela graça, para que o homem não tenha de que se gloriar (GILBERTO, 2009). Assim sendo, não há nada que o ser humano possa fazer para restabelecer a comunhão com o seu Criador.

A reconciliação é um ato da bondade de Deus. Infelizmente o ser humano tenta, por meios próprios, aproximar-se de Deus e se frustra, pois o único caminho para o homem salvar-se é declarar que crê no sacrifício vicário de Jesus Cristo sobre a cruz.

O papel do pecador na reconciliação é corresponder ao chamado divino que diz respeito a obedecer aos preceitos da Palavra de Deus, viver de forma santa e dedicar-se ao serviço da evangelização. 

A reconciliação por meio da cruz

A reconciliação é fruto do cuidado de Deus que Ele manifestou através da morte de Jesus Cristo sobre a cruz.

Este ato tão bárbaro, a princípio, não pareceu atender à justiça humana no que diz respeito à aplicação da pena sobre o malfeitor, visto que nEle não havia culpa alguma que o tornasse digno de morte.

Entretanto, a morte de Jesus sobre a cruz atendeu aos requisitos da justiça divina. Era necessário que Ele, como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, fosse entregue para ser crucificado (Jo 1.29; 12.27).

A situação da humanidade era bem complicada, haja vista que a condenação era certa por causa do pecado.

Mas Deus, pelo seu amor e graça, proveu a justificação mediante a fé. O termo justificação refere-se ao ato mediante o qual, com base na obra infinitamente justa e satisfatória de Cristo na cruz, Deus declara os pecadores condenados livres de toda a culpa do pecado e de suas consequências eternas, declarando-os plenamente justos aos seus olhos.

O Deus que detesta “o que justifica o ímpio” (Pv 17.15) mantém sua própria justiça ao justificá-lo, porque Cristo já pagou a penalidade integral do pecado (Rm 3.21-26) (HORTON, 1996). Desta forma, a morte de Jesus satisfez as exigências da justiça divina.

Além de cumprir a justiça divina a cruz foi o meio pelo qual Deus reconciliou com Ele mesmo tanto os judeus quanto os gentios, o povo da promessa e os filhos da adoção, a fim de formar um único povo.

O que Cristo fez foi desfazer (katargo, “anular”, “deixar sem efeito”, “tornar irrelevante”) a Lei que aos olhos dos judeus os separava de todos os outros homens.

O que Paulo quer dizer é que uma vez que o judeu crente não mais se relaciona com Deus por meio da Lei Mosaica, não há motivo para o antigo antagonismo de qualquer grupo.

Agora, o crente de origem gentílica participa de todas aquelas bênçãos que, anteriormente, só estavam disponíveis ao judeu fiel; e, juntos, nós somos concidadãos do povo de Deus, e membros da Casa de Deus (RICHARDS, 2007).

Assim sendo, a Igreja de Cristo recebeu a incumbência de transmitir a mensagem da reconciliação a todas as pessoas.

O nosso dever, como arautos do Rei, é proclamar as ricas misericórdias do Altíssimo para que o maior número de pessoas alcance a reconciliação com o Criador e, assim, experimentem de uma mudança significativa de vida (cf. Mt 28.19,20). 

III. A REDENÇÃO

A redenção é mais um dos resultados da obra salvífica de Jesus Cristo sobre a cruz do Calvário. Assim como a reconciliação é fruto de uma ação direta do Criador em relação às suas criaturas, a redenção trata-se de uma atitude que somente Deus pode realizar em favor da humanidade.

O Novo Testamento trata de narrar a nossa completa dependência do Senhor em relação à redenção e a nossa condição final como salvos em Cristo.

Refletir sobre a redenção nos faz pensar nos aspectos da condição do pecador em relação ao pecado.

Assim como um escravo que vive sob o jugo de seu senhor e não tem autonomia alguma sobre as próprias decisões, o pecador também depende da graça de Deus para que seja liberto e possa viver uma vida de paz, liberdade e comunhão com o seu Criador (Rm 6.16-23).

Em o Novo Testamento é possível encontrar uma explicação mais clara nas palavras de Paulo no tocante a redenção.

Conforme Ef 1.7, redenção é: “[…] a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”. Somos completamente dependentes da graça e da misericórdia de Deus para que alcancemos a libertação dos pecados e a restauração da comunhão com Deus.

E, no tocante à expectativa da redenção futura, a obra redentora de Jesus Cristo aponta para o nosso estado eterno, nossa condição final em que seremos salvos e completamente livres de qualquer sofrimento desta vida para vivermos eternamente com o nosso Salvador no céu (Lc 21.28; Ef 4.30).

Que não falte a fé para que estejamos prontos no aguardo da grande chamada para encontrar com o Senhor nos ares.

Uma possível definição

Redenção é uma expressão que vem do latim redemptio, que significa resgate, libertação. No contexto bíblico, significa livramento proporcionado por Cristo ao oferecer-se para morrer em nosso lugar (Rm 3.24; Ef 1.7).

Com a sua morte vicária, livrou-nos das consequências eternas do pecado original (ANDRADE, 2004). De forma geral é importante destacar que a redenção é uma atitude que somente Deus pode realizar em favor da humanidade.

Para uma compreensão mais clara sobre o aspecto da redenção é importante voltar-se para a metáfora da libertação de um escravo mediante um resgate — gr. lytron —, além de retirar esse escravo do mercado de escravos, para não mais ficar exposto à venda.

Redenção sempre requer o preço a ser pago para garantir a liberdade do escravo (GILBERTO, 2009). Desta forma, o redentor como figura social era aquele responsável por patrocinar a mudança de status de quem era escravizado.

Semelhantemente, Deus surge no cenário da história para resgatar o homem da sua triste condição de pecado.

Ele entregou o seu Filho Unigênito como preço para pagar o resgate dos pecadores. E não podemos nos esquecer da história dos hebreus no Egito, como Deus libertou o seu povo da escravidão para inseri-lo em uma terra que emana leite e mel.

Assim o Senhor também pagou o preço pelo resgate do pecador e o leva para uma vida eterna nos céus.

Uma compreensão do conceito de redenção no Novo Testamento

O conceito de redenção é explicado de forma lúcida tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento.

Os Evangelhos e as Cartas Paulinas destacam a redenção como resultado da morte de Jesus Cristo sobre a cruz. Paulo é mais específico quando afirma em Efésios 1.7 que em Jesus, temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça.

Em o Novo Testamento, Jesus é tanto o “Resgatador” quanto o “resgate”; os pecadores perdidos são os “resgatados”.

Ele declara que veio “para dar a sua vida em resgate (gr. lutron) de muitos” (Mt 20.28; Mc 10.45). Era um “livramento (gr. apolutrõsis) efetivado mediante a morte de Cristo, que libertou da ira retributiva de Deus e da penalidade merecida do pecado”.

Paulo liga nossa justificação e o perdão dos pecados à redenção que há em Cristo (Rm 3.24; Cl 1.14, apolutrõsis neste dois textos).

Diz que Cristo “para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30).

Diz, também que Cristo “se deu a si mesmo em preço de redenção (gr. antilutron) por todos” (1 Tm 2.6). O Novo Testamento demonstra claramente que Ele proporcionou a redenção mediante o seu sangue (Ef 1.7; Hb 9.12; 1 Pe 1.18,19; Ap 5.9), pois era impossível que o sangue dos touros e bodes tirasse os pecados (Hb 10.4). Cristo nos comprou (1 Co 6.20; 7.23, gr. agorazõ) de volta para Deus, e o preço foi o seu sangue (Ap 5.9) (HORTON, 1996).

A entrega de Cristo foi suficiente para pagar o preço do resgate. Desta forma, sua morte fez com que os pecados dos que creem fossem perdoados.

E não apenas isso, mas também proporcionou o livramento da condenação eterna. Somos completamente dependentes da graça divina para que alcancemos uma restauração plena da comunhão com Deus.

A expectativa da redenção futura

E, por fim, vale destacar que a obra redentora de Jesus Cristo aponta para o nosso estado eterno, para nossa condição final após a morte.

O resgate já foi pago e chegará um dia em que seremos completamente livres de qualquer sofrimento desta vida para vivermos eternamente ao lado do nosso Salvador (Lc 21.28; Ef 4.30).

A redenção cuida de proporcionar ao crente a esperança da vida futura, visto que não há nada que possa nos separar do amor de Deus (cf. Rm 8.35-39).

A Bíblia afirma que em esperança somos salvos (Rm 8.23), isto é, a partir do momento em que declaramos crer no sacrifico de Jesus Cristo na cruz do Calvário, recebemos a esperança da nossa ressurreição.

“Somos salvos” (esothemen) é melhor traduzido como “fomos salvos”. Quando nós fomos salvos, Paulo está dizendo, foi pela esperança da nossa redenção final (GREATHOUSE; METZ; CARVER, 2006).

A esperança da redenção final é alimentada pela fé, pela qual, temos acesso à graça de Deus (cf. Rm 5.2). Esta fé é paciente e não consiste na realização de obras para se alcançar a salvação, visto que a salvação não vem das obras (cf. Ef 2.8,9).

Mas consiste na realização de obras como resultado dessa fé (cf. Ef 2.10). A justiça de Deus se descobre por intermédio do evangelho de fé em fé, pois o justo viverá da fé (cf. Rm 1.16,17). Esta é a fé que conduz o crente à consumação da redenção eterna. 

CONCLUSÃO
Com base nas reflexões deste capítulo é possível compreender a importância da doutrina da salvação para a igreja.

A salvação é uma experiência viva e dinâmica, realizada por Deus com a intenção de prover à humanidade uma saída para a iminente condenação eterna.

O sacrifício de Jesus Cristo na cruz foi o meio instituído por Deus para reconciliar a humanidade com Ele mesmo e levá-la à redenção eterna.

O sacrifício de Jesus Cristo na cruz foi também a maior manifestação de amor da parte de Deus em nosso favor.

Ele deu o seu melhor a fim de resgatar o ser humano que se encontrava afastado e condenado em pecados.

Da mesma maneira, devemos corresponder a este amor e entregarmos as nossas vidas como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (cf. Rm 12.1,2).

A vontade de Deus sempre foi a comunhão com a sua criação. Infelizmente, o homem, por causa do pecado, afastou-se de Deus.

Mas o Criador tomou a iniciativa e veio ao encontro da humanidade pecadora a fim de reconciliá-la com Ele mesmo. Esta glória pertence ao Senhor que decidiu manifestar a sua graça e misericórdia.

Assim sendo, Deus promove, ao que crer, a redenção de uma vida de escravidão, por conta do pecado, para uma vida santa e justa em sua presença.

A redenção na vida do crente não tem efeito apenas neste tempo presente, mas abre o caminho para uma esperança eterna ao lado do Salvador. Que esta fé nunca falte no coração dos salvos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Claudionor C. Dicionário Teológico. 13ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

GILBERTO, Antônio, et alTeologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

GREATHOUSE, Wilian M.; METZ, Donald; CARVER, Frank. Comentário Bíblico Beacon. v. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

RICHARDS, Lawrence O. Comentário-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.                                                                      

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens 

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/1931-li%C3%A7%C3%A3o-8-a-obra-salv%C3%ADfica-do-senhor-jesus-cristo.html

Video 01: https://youtu.be/frOx482u-IA

Video 02: https://youtu.be/vPD-92bc51E

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