JOVENS – LIÇÃO N° 11 – PROTEÇÃO CONTRA A INVEJA
INTRODUÇÃO
Uma das coisas mais belas na Bíblia é que, além de ser um livro divino, é um livro em que as experiências humanas atemporais estão registradas.
Quando lemos, por exemplo, o livro de Salmos, percebemos todas as nuances da experiência humana diante do divino.
Trata-se da alma que deseja aproximar-se de Deus, alcançar o perdão do Criador e desenvolver uma vida de santidade.
Em outras partes da Bíblia, entretanto, também contemplamos a alma que se vicia na degradação, que não tem pudor em aprofundar-se nos vícios das obras da carne e que mergulha no que há de pior na natureza humana. Neste capítulo, abordaremos o assunto da inveja.
Teremos como base Provérbios 23 e 24, em que respectivamente, somos aconselhados a não desenvolver o vício da inveja por aqueles que vivem uma vida dissoluta e nem pelos que andam por caminhos de violência.
Aqui, o hedonismo e a violência mostram-se como duas combinações absolutamente prejudiciais para a vida do cristão. Mostraremos também que a inveja pode causar diversos males tanto do ponto de vista individual quanto do coletivo.
Veremos que esse vício, assim como toda obra da carne, tem como causa o Pecado Original. Em seguida, veremos os males da inveja como consequência concreta de nossa condição caída. Trabalharemos, todavia, a perspectiva positiva de superar a inveja à luz do texto bíblico de Provérbios sob uma observação e direção do Espírito Santo presente na perspectiva de ensino do apóstolo Paulo nas suas epístolas.
Assim, perceberemos que a inveja, como um vício da alma, pode ser vencida a partir do desenvolvimento do fruto do Espírito, ou seja, do contraponto certeiro contra a obra da carne por meio do fruto do amor.
O livro de Provérbios aconselha o cristão a evitar a inveja e a não desejar o mesmo estilo de vida de quem vive de maneira contrária às virtudes do Reino de Deus. Com uma vida centrada no Espírito, podemos, portanto, vencer a inveja e, ao mesmo tempo, proteger-nos dos seus perigos e tentáculos.
I-UM CONSELHO CONTRA A INVEJA. 1- A INVEJA ADOECE O CORPO.
Provérbios 14 apresenta textos paralelos que fazem o contraste entre a sabedoria e a tolice (vv. 1-19) e o rico e o pobre (vv. 20-35).
Mais especificamente, o versículo 30 mostra um contraste entre o coração sábio e um coração invejoso (v. 30). O coração sábio tem a capacidade de sair de si mesmo para relacionar-se com o outro sem qualquer tipo de interesse, mas apenas pelo fato de ter uma oportunidade de estabelecer um relacionamento verdadeiro em que o amor seja o vínculo perfeito. Por isso, o coração sábio é saudável.
O coração invejoso, porém, não consegue relacionar-se com o próximo de maneira desinteressada pelo simples fato de não ter o prazer em estar com o próximo. O coração invejoso distorce as coisas, faz questão de estimular o mal-entendido, alegra-se com a queda e com o mal do outro. Por isso, o coração do invejoso é adoecido.
O livro de Provérbios mostra-nos que um coração sábio traz vida e saúde ao corpo, mas um coração cheio de inveja adoece-o, prejudicando-o significativamente.
O coração sábio cultiva a paz, o amor e a parceria e, por isso, traz saúde ao corpo, permitindo que a vida seja encarada mais sabiamente, com mais leveza e tranquilidade; já um coração contaminado pela inveja adoece a alma de tal forma que, na tentativa de desconstruir a outra pessoa para atingir um objetivo, as atitudes malignas acabam dominando o centro da vida, corroendo tudo o que há de bom em alguém; logo, a inveja adoece o corpo e, consequentemente, a vida.
2-NÃO TENHA INVEJA DO PECADOR!
O capítulo 23 está inserido numa coleção de textos que versam sobre a sabedoria moral e espiritual (22.22– 24.22). Dentro desse contexto, o versículo 17 apresenta o conselho do sábio ao jovem a não ter inveja da vida de pecadores; pelo contrário, o sábio estimula o jovem a, no lugar de ter inveja dos pecadores, mergulhar no “temor do Senhor” de maneira permanente, pois há um caminho seguro para o futuro em que a esperança não será frustrada (v. 18).
Consequentemente, os versículos 19 a 21 exortam o jovem a ter sabedoria, a perseverar no caminho certo e, por isso, a ficar longe de quem tem um estilo de vida exagerado em bebida e comida (v. 20), isto é, de quem pensa que a vida é resumida nos prazeres e nos deleites.
O estilo de vida sem moderação é um caminho intenso para a miséria, e o sábio está ensinando que o jovem não precisa ter inveja de um estilo de vida como esse. Provérbios 23 é um alerta para não cultivarmos no coração o desejo de fazermos as mesmas coisas que o ser humano sem o Senhor faz. Trata-se de tomarmos a consciência de que a vida verdadeira em Deus é melhor do que a vida vazia voltada apenas para preenchimento dos desejos da carne.
Dessa forma, o sábio lembra-nos de que não há nada no mundo que pode ser comparado com uma vida de sabedoria e com o prazer que nos é proporcionado por ela. Por isso, o sábio aconselha-nos de maneira imperativa: “Não tenha o teu coração inveja dos pecadores; antes, sê no temor do Senhor todo o dia” (Pv 23.17).
3-NÃO TENHA INVEJA DA PESSOA VIOLENTA.
O capítulo 24, que se encontra no mesmo contexto do capítulo 23, é uma exortação a não termos inveja de pessoas perversas (vv. 1,2). A palavra “rapina”, que aparece no versículo 2, carrega consigo o significado de roubo ou extorsões seguidos de violência. Aqui está uma condenação bem clara em relação à prática da violência.
O perfil violento do ser humano deve passar longe da uma pessoa que porta um coração sábio. Sabedoria com violência não tem concordância e muito menos harmonia.
A violência é simplesmente incompatível com a sabedoria. Isso faz muito sentido para o assunto da inveja, pois esse vício da alma carrega consigo um apelo à violência. É da inveja que nascem muitos outros males que estudaremos mais adiante.
Por isso, é nosso dever, como pessoas que buscam a sabedoria bíblica, evitar o caminho de pessoas que possuem um estilo de vida violento, que só sabem causar confusão, contendas e disputas. A violência encontra-se nas suas conversas, e a perversidade é gerada no coração.
Quem anda no caminho de pessoas assim será fatalmente tragado pelas suas práticas perversas. A advertência do sábio aqui é para evitarmos as más companhias de pessoas que não têm nada de brandura, moderação e sensatez para acrescentar, a não ser as práticas baseadas na maldade e na perversidade.
II-O QUE É O VÍCIO DA INVEJA. 1- CONCEITUALIZAÇÃO.
A etimologia de uma palavra ensina-nos muito a respeito do seu significado. A palavra “inveja” deriva da palavra latina invidere (in: dentro de; videre: olhar). A carga semântica da palavra latina tem a ver com o olhar que adentra o outro ser humano.
A versão mais popular dessa carga semântica pode ser conhecida a partir das seguintes expressões: “mau olhado”, “olho grande” etc. É a ideia de recusar a ver no outro a qualidade que não se tem. A Bíblia traz muitos exemplos de inveja.
Por exemplo, as histórias de Caim e Abel, Esaú e Jacó e do irmão do filho pródigo são descrições vívidas do estabelecimento da inveja no coração humano. Essas histórias são consideradas pelos profissionais terapeutas no estudo acadêmico da inveja (CAMARGO, 2023, pp. 37,38).
Há, por exemplo, uma ficção clássica do autor espanhol Miguel de Unamuno (1864–1936), Abel Sánchez: Uma história de Paixão, uma versão moderna da história bíblica de Caim e Abel, tendo a inveja como o fundamento dessa descrição ficcional. Nos textos de Provérbios em estudo, o sábio estimula-nos a não termos inveja de quem pratica o mal. E em relação de quem pratica o bem, podemos ter inveja?
A inveja geralmente desperta a ambição a respeito das qualidades ou das conquistas dos outros. Isso é considerado uma obra da carne, um vício da alma. Basicamente, o invejoso não foca no bem que o outro faz, mas, sim, no reconhecimento e na honra que recebe por fazer. Nesse momento, o invejoso passa a cultivar em si mesmo o ressentimento, o descontentamento e o desejo de possuir o que é do outro.
A invejaé um vício de natureza interior e, por isso, de fácil dissimulação e fingimentos. As consequências geralmente já foram devastadoras quando alguém se descobre vítima delas. Por exemplo, perseguições gratuitas com acusações ilógicas têm nesse vício as suas origens.
Insatisfação permanente, onde a pessoa não se satisfaz com nada, também é um exemplo. O pedantismo nas atitudes é um exemplo comum da inveja. Outro bom exemplo são os elogios exagerados que revelam segundas intenções por trás de uma máscara. Há, enfim, muitos outros exemplos de inveja em que se pode dissimular e manipular.
Outrossim, a Teologia classifica a inveja como um vício da alma. Uma vez não tratado, pode produzir consequências nefastas tanto na esfera individual quanto na coletiva. A inveja é, portanto, uma obra do pior instinto humano, pois faz com que a pessoa se compare sempre com o outro, focando sempre as suas fragilidades. A Bíblia, dessa forma, apresenta a história do primeiro homicídio no mundo: Caim e Abel. Tudo começou por causa da inveja.
2-A INVEJA GERA O ÓDIO.
Gênesis 3.8-14 relata o episódio em que, por inveja do seu irmão Abel, que teve a sua oferta recebida pelo Senhor, Caim levantou-se contra o seu irmão e matou-o. Ao longo do seu relacionamento com Abel, Caim intensificou o seu ressentimento, que foi derivado da inveja que ele sentia contra o irmão.
Esse episódio revela-nos o lado obscuro e destrutivo do vício da inveja, que gera o ódio e a prática do mal. Por causa da inveja, o invejoso começa a odiar o outro, podendo chegar ao ponto de, segundo as suas possibilidades, planejar uma série de sabotagem contra a outra pessoa.
Foi esse o processo de Caim que originou o homicídio do seu irmão Abel. É por causa disso que devemos guardar nosso coração, “porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23), isto é, do coração procede a prática do bem ou do mal.
Não podemos perder de vista que a inveja nasce do coração, sendo, portanto, um impulso pecaminoso da alma, e foi do lugar mais profundo do coração de Caim que se originou o ódio pelo seu irmão, bem como o planejamento da sua execução. O teólogo pentecostal Myer Pearlman traz uma reflexão bem assertiva a respeito disso quando explica o termo “carne” nas Escrituras: “A ‘carne’ pode ser definida como a soma total dos instintos do homem, não como vieram das mãos do Criador, e sim como são na realidade, pervertidos e feitos anormais pelo pecado” (PEARLMAN, 2009, p. 116).
O que Pearlman afirma é que o termo “carne” aparece muitas vezes na Bíblia com o propósito de ressaltar o processo de perversão que a alma do ser humano sofreu com o advento do pecado.
O teólogo continua a respeito da palavra “carne”: “Ela representa a natureza humana não regenerada cujas fraquezas com frequência são desculpadas com as palavras: ‘Afinal de contas, a natureza humana é assim mesmo’”. [Ibidem.] É perfeita essa analogia, pois o pecado é uma realidade bíblica tão grave que geralmente reputamos como natural uma distorção de certos instintos e faculdades que nos foram proporcionadas por Deus. A respeito disso, veja como Pearlman aprofunda o assunto:
É a deturpação desses instintos e faculdades dados por Deus que forma a base do pecado. Por exemplo, o egoísmo, a irritabilidade, a inveja e a ira são deturpações do instinto de autopreservação. O roubo e a cobiça são perversões do instinto de aquisição. […]
A glutonaria é a perversão do instinto da alimentação. A impureza é a perversão do instinto de reprodução. A tirania, a arrogância, a injustiça e a implicância representam abusos do instinto de domínio. Assim, vemos que o pecado, fundamentalmente, é o abuso ou a deturpação das forças com que Deus nos dotou.
Dessa maneira, podemos dizer que a inveja é uma deturpação da autopreservação, bem como o desvirtuamento da forma de amar o próximo. De fato, é uma deturpação e até mesmo a violação da prática do amor. Ora, e o que é contrário ao amor? O ódio.
Basta observar: o amor constrói, enquanto o ódio destrói; o amor apazigua, enquanto o ódio convulsiona; o amor serena os ânimos, enquanto o ódio exaspera. Não há dúvida de que um dos principais males que a inveja pode trazer ao coração humano é o cultivo do ódio. Inveja e ódio são uma mistura explosiva.
3-O AUTOEXAME CONTRA A INVEJA.
Há vários textos no Novo Testamento que abordam a respeito da inveja e mostram-na como uma obra da carne (Gl 5.19-21; Rm 13.13,14; 1 Pe 2.1). A carta de Tiago, por exemplo, traz um alerta muito claro a respeito dessa obra da carne, convidando-nos a fazer um exame de consciência: “[…] se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração” (Tg 3.14). O escritor sagrado deixa claro que esse vício tem como
responsável o Diabo (Tg 3.15), pois onde há “a inveja” e “o espírito faccioso”, há a paternidade do Diabo (Tg 3.15,16). Não por acaso, trata-se de um imperativo bíblico a disposição para examinarmos nosso coração diante de Deus e à luz da sua Palavra.
Essa prática espiritual, quando fazemos as perguntas certas na privacidade com o Senhor, pode revelar os pecados que nos rodeiam, os pensamentos malignos que nos cercam e os sentimentos perversos que estão sendo cultivados e alimentando nossa vontade.
Façamos, portanto, a mesma oração do salmista: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23,24).
III-PROTEGENDO-SE CONTRA A INVEJA.
Um dos principais propósitos da sabedoria de Provérbios é fazer com que o jovem tenha prazer em buscar o bem, a justiça e a piedade na vida e, ao mesmo tempo, desprezar o estilo da maldade, da injustiça e da impiedade, como estudamos ao longo deste capítulo (Pv 23.17- 21; 24.1,2).
Por isso, uma das melhores formas de protegermo-nos contra o vício da inveja é conhecermos a potencialidade do mal que esse vício pode causar, além de algumas atitudes que podemos tomar em Deus, sob o domínio do Espírito Santo, com o objetivo de superá-lo.
Em primeiro lugar, a inveja causa males àquele que a cultiva. Ela é capaz de criar fantasias na mente, debilitar a vontade de não agir precipitadamente e, assim, deformar o caráter de alguém. Esse processo pode desencadear diversos problemas de ordem espiritual e emocional. A pessoa pode mostrar-se odiosa, maledicente, caluniadora, alegre por contemplar a queda de um “suposto concorrente” e desgostosa da vida pelo sucesso do outro. A inveja corrói nossa vida interior.
Em segundo lugar, tudo o que está desmoronando dentro acaba explodindo para fora. Nesse caso, a inveja faz com que a relação com o outro se torne impossível.
A agressividade nas palavras aumenta, e as pessoas passam a não se entender. Na esfera eclesiástica, a inveja pode gerar uma série de queimas de reputação, articulações para impedir o outro de exercer a vocação divina, rebelião para afastar uma determinada liderança, dentre muitas outras formas de perversidade.
O resultado disso pode ser: famílias dilaceradas, indivíduos doentes e ministérios alquebrados. Todavia, é possível vencer a inveja.
Quando dizemos que podemos superar a inveja, não estamos dizendo que há um segredo mágico” em que você deve fazer um passo a passo para que isso aconteça. Nada disso. Com questões de impulsos da carne devemos usar as armas espirituais que nos são apresentadas pela Bíblia, a Palavra de Deus. O primeiro passo é reconhecermos o problema e chamá-lo pelo nome.
Não podemos fingir que o problema não existe. É preciso um trabalho de conscientização para cada ato da inveja em que se percebe que afeta a vida das pessoas com quem nos relacionamos.
Os momentos de oração são muito bons para isso. Quando oramos, temos mais condição de fazer um autoexame sincero, orando como o salmista orou: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos.
E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23,24). Não basta apenas nos conscientizarmos a respeito do problema. Dissemos anteriormente que teríamos de levar em conta que a inveja é um impulso pecaminoso da alma. Da mesma forma, também devemos levar em conta que o amor é uma virtude do Espírito que se contrapõe diretamente à inveja, como lemos em 1 Coríntios:
O amor é paciente e bondoso. O amor não arde em ciúmes, não se envaidece, não é orgulhoso, não se conduz de forma inconveniente, não busca os seus interesses, não se irrita, não se ressente do mal. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (1 Co 13.4-7, NAA)
Há uma determinada cultura que tende a ter como natural determinados comportamentos com base na naturalidade deles. O senso comum diz que todo mundo tem inveja. Isso geralmente se justifica dizendo que todos temos que ter ambição. A relação entre ambição e inveja é, contudo, bem tênue. Não é assim que a Bíblia ensina.
Concordo plenamente com o teólogo pentecostal Gordon Fee quando ele faz uma exposição da teologia do apóstolo Paulo sobre o Espírito Santo. Observe que o amor está na categoria do fruto do Espírito Santo e, portanto, é um assunto da Pneumatologia. Conhecer o que o apóstolo Paulo originalmente
ensinou acerca do fruto faz muito sentido para o tratamento adequado do vício da inveja. Por exemplo, Gordon Fee afirma o seguinte:
Em todas as passagens em que Paulo coloca o Espírito Santo contra a carne, ele insiste que, por meio da morte de Cristo e do dom do Espírito, a carne foi ferida de morte — em suas palavras, ela foi morta. Portanto, da perspectiva de Paulo, não é possível que uma pessoa do Espírito esteja vivendo de tal modo que seja vendida como escrava ao pecado, tornando-se incapaz de fazer o bem que deseja por ser prisioneira da lei do pecado. (FEE, 2015, p. 172)
Não vivemos mais aprisionados pelo pecado, embora reconheçamos que podemos ser surpreendidos por alguma falta, de modo que o apóstolo Paulo trata exatamente disso:
Irmãos, se alguém for surpreendido em alguma falta, vocês, que são espirituais, restaurem essa pessoa com espírito de brandura. E que cada um tenha cuidado para que não seja também tentado. (Gl 6.1, NAA)
A concretude das palavras paulinas é impressionante. Nos versículos posteriores, o apóstolo deixa muito claro quais as consequências de semear na carne e de semear no Espírito: na carne colherá corrupção; no Espírito colherá vida eterna (Gl 6.8). Por isso, retomo aqui ao tema do amor. Quem ama semeia no Espírito.
Quem ama está recolhendo da Bíblia um sentimento virtuoso que contradita frontalmente a inveja. Então, conscientizando-se do problema do pecado, podemos lançar mão desse fruto do Espírito que é oposto à inveja. É assim que uma transformação do Espírito começa a operar em nossa mente. Por isso, é preciso ocuparmos a mente com a virtude teologal do amor (Fp 4.8).
Como o amor é uma virtude do Espírito, não depende somente de nós para desenvolvê-lo. Ora, o Espírito trata e aquieta nossos instintos. Estas palavras de Gordon Fee são consoladoras:
Mas, pela direção do Espírito, você também não age conforme sua vontade — destruir uma pessoa por causa do que ela lhe fez — como você costumava fazer sem pensar. O Espírito, a presença do próprio Deus — sua presença capacitadora — está dentro de você e o guiará para que você reaja de modo adequado. (Ibidem, p. 173-74)
Conscientes do problema do pecado e cultivando grande admiração pelo fruto do Espírito que se chama amor, podemos agir de maneira diferente, segundo a direção do Espírito Santo. É o amor que nos faz pensar e fazer o bem ao outro como uma ordenança divina (Tg 4.17).
CONCLUSÃO:
A inveja não pode ser vista como algo que deve ser naturalmente tolerado. É preciso que vigiemos com esse vício, pois ele tem um potencial para fazer explodir uma série de conflitos que podem resultar em sofrimentos. Nesse sentido, os conselhos de Provérbios mostram-nos que devemos evitar as comparações de nossa vida com a dos outros, muito menos desejar imitar os seus caminhos perversos.
A história de Caim e Abel também nos lembra de que a inveja pode gerar ódio, trazendo, assim, consequências avassaladoras.
Também vimos que essa questão não se trata apenas no campo do relacionamento humano, mas no do Espírito Santo também.
Ora, a inveja é uma obra da carne; logo, deve ser contraditada com o fruto do Espírito. Nesse caso, é preciso cultivar na vida o fruto do Espírito de Deus, que está dentro de nós e atua para que a vontade da carne não se sobreponha à do Senhor.
E, naturalmente, não devemos ignorar algumas informações de bons aconselhamentos que nos trazem importantes recomendações em nossa maneira de agir, como bem nos ensina o livro de Provérbios. Nosso Deus é o maior interessado para que nossa alma não seja devorada pela inveja.
É tempo de refletirmos na Palavra de Deus e calibrarmos melhor nossos relacionamentos com o próximo. A vontade de Deus é que, no lugar da guerra e dos conflitos, todas as esferas de nosso relacionamento transbordem a paz e a harmonia do Espírito Santo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Oliveira, Marcelo – ALCANCE UM FUTURO FELIZ E SEGURO – Conselhos de Salomão no Livro de Provérbios: Um convite à Sabedoria e às Promessas de Proteção. 1° edição: Editora CPAD,2024.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. 3.ed. São Paulo: editora Vida, 2009. FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2015.
Bíblia Sagrada, ARC, CPAD- 2019.
Pr. Erivandro Galdino
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/jovens/11078-licao-11-protecao-contra-a-inveja-ii
Vídeo: https://youtu.be/pipKZ92gx5w