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Jovens – O Encontro com Deus

Introdução

Deus, ao longo das escrituras, em eventos pontuais, encontrou-se pessoalmente com vários de seus filhos, em revelações definidas como teofanias ou cristofanias.

Esses encontros aproximaram o Infinito do finito, a Perfeição da vulnerabilidade, o Céu da Terra, desmistificando a ideia de que se alguém tivesse um encontro com Deus morreria (Jz 13.22,23).

As profecias, visões, sonhos, são revelações importantíssimas, porém os encontros com Deus têm impacto ímpar na vida dos adoradores.

As ocorrências são abundantes: Abraão, Jacó, Josué, os pais de Sansão, dentre outros. Diante desse desejo divino, o Altíssimo, na plenitude dos tempos, tomou a forma de servo, e, fazendo-se semelhante aos homens, teve encontros com inúmeras pessoas.

No evangelho de João, por exemplo, quase todos os episódios narrados caracterizaram-se fortemente por encontros entre Jesus e inúmeros personagens, conforme se vê nos respectivos capítulos:

1 – João Batista, André, Pedro, Filipe e Natanael;

2 – Maria e seus discípulos em um casamento;

3 – Nicodemos;

4 – Mulher samaritana;

5 – Aleijado no tanque Betesda;

6 – Grande multidão, no deserto, que foi alimentada;

7 – Judeus, durante a Festa dos Tabernáculos;

8 – Mulher adúltera;

9- Cego de nascença;

10 – Judeus, na Festa da Dedicação;

11 – Lázaro;

12 – Maria, irmã de Lázaro;

13-17 – Os discípulos, na noite em que foi traído;

18 – Judas, Anás, Caifás;

19 – Pilatos, Maria (sua mãe), João; 20 – Maria Madalena;

21 – Pedro.

Jesus poderia ter “terceirizado” vários desses encontros, enviando seus discípulos, ou mesmo um anjo, para representá-Lo, mas preferiu enfrentar perigos, fazer longas caminhadas, sair da zona de conforto, para chegar perto, olhar, tocar as pessoas pelas quais haveria de entregar Sua vida em sacrifício.

O evangelista João, por conta disso, afirmou: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). 

Os indivíduos que estiveram com Jesus, e aceitaram Seu chamado, nunca mais foram os mesmos. Seu olhar (Lc 22.61,62), Sua voz (Jo 7.45-47), Seu comportamento (Mc 10.16), transformaram essas pessoas, as quais passaram a imitá-lo, seguindo o modelo que estabelecera, a tal ponto de isso ser reconhecido, inclusive, pelos que não acreditavam nEle (Mc 14.66-70; At 4.13).

Em face de tal circunstância, a partir de Antioquia, os Seus seguidores, por fim, foram chamados de cristãos, haja vista reproduzirem genuinamente, em suas vidas, aquilo que aprenderam com o Mestre dos mestres. 

Jesus, igualmente, teve, no fim da Idade do Bronze (mais ou menos 1.400 a.C.) um encontro com um “soldado raso” efraimita, que tinha sido servidor de Moisés (Js 5.13-15),

e que assumira recentemente a liderança de Israel, o qual precisava urgentemente conhecer Quem realmente estava no comando, para fortalecer sua fé e manter a visão da conquista na mente…

“Este não era outro senão o Filho de Deus, o Verbo eterno, que aparecia naquela forma, e mais tarde assumiria o corpo para a redenção dos homens”1.

Assim, o Senhor apareceu em forma humana, com uma espada desembainhada na mão, apresentando o símbolo da missão que Ele entregara a Josué (bem diferente do símbolo do ministério de Moisés, que era uma vara).

Doravante, Josué precisaria derramar muito sangue, e Deus chancelava as guerras que estavam por vir, mas não sem motivo! Era o juízo do Senhor sobre as nações pagãs.

I- A antessala da Batalha

A guerra de aproximava e, por isso, Josué se retirou à noite, sozinho, provavelmente para meditar e orar, quando teve um encontro com Deus, pois, conforme Matthew Henry, aqueles que estão envolvidos dessa forma com a obra do Senhor, frequentemente presenciam manifestações gloriosas do Eterno.

Assim, naquele ambiente solitário, Josué recebeu a visita do Comandante do Exército do Senhor, que portava uma espada na mão – símbolo da nova etapa do ministério de Josué – para lhe dar as instruções em relação ao cerco à Cidade de Jericó e à posse da terra2. O tempo do juízo sobre os canaanitas havia chegado.

A cultura canaanita, engendrada no inferno, ao longo dos séculos, protagonizou muitas abominações contra a santidade de Deus.

Ocorre que, naquele tempo a medida da injustiça dos amorreus tinha se completado (Gn 15.16) e, por isso, o Senhor faria algo a respeito!

Apresenta-se possível que alguém discorde de como se deu a conquista de Canaã pelo exército hebreu, alegando que houve excesso de violência, por Josué não ser poupado absolutamente ninguém dos povos subjugados.

Em que pese essa ponderação humanista, que ressoa a partir de proposições intelectuais cobertas pelo manto do “politicamente correto”, é certo que Israel jamais teria conseguido se estabelecer como povo e manter a identidade nacional se as sete nações pagãs,

distribuídas em 31 reinos, continuassem sacrificando crianças, adorando astros celestes e animais, praticando feitiçarias, bem como praticando toda sorte de impiedade e, ademais, buscando a destruição dos hebreus.

A contaminação cultural e o sincretismo religioso (com a extinção do culto monoteísta) seriam consequências inexoráveis.

A determinação do extermínio daqueles povos era uma sentença de Deus, sendo mister lembrar que as decisões do Altíssimo sempre são arrimadas nos mais precisos e perfeitos postulados da Justiça. Está escrito: “Seria porventura o homem mais justo do que Deus?

Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador?” (Jó 4.17). Ele é o Sumo Bem e a Perfeita Justiça e, portanto, nunca erra em seus atos sancionatórios.

Conhecer o campo de guerra apresenta-se como necessidade indispensável de um comandante. Dois espias já tinham sido enviados, entretanto, agora, foi o próprio Josué quem saiu do arraial em Gilgal e deslocou-se até “ao pé de Jericó” (Js 5.13), por causa do seu senso de responsabilidade, e por sua devoção.

Existem certas condutas que o líder pode e deve delegar aos seus subordinados, entretanto outras – as decisivas – são personalíssimas, ou seja, somente aquele a quem Deus entregou o cajado, ou a espada, ou os dois, possui competência para realizar. 

Numa guerra, como aquela em que Israel se embrenharia, há muita emoção envolvida, mas só isso não traz a vitória.

Faz-se necessário que a experiência de vida do líder, sua intimidade com Deus, sua altruística consciência do bem coletivo (características de um líder genuíno), estejam à disposição efetivado povo. Foram, sem dúvida, alguns desses fatores (além do desejo de meditar e orar) que estimularam Josué a caminhar até o local da batalha e ali teve um encontro com o Senhor.

Com as impressões colhidas pessoalmente, ele forneceria orientação àqueles que integravam a cadeia de comando, a fim de que o exército agisse com ações coordenadas, racionalizadas, medidas e sopesadas com outras circunstâncias.

Deus, em sua sabedoria, estabeleceu hierarquia na sociedade, na igreja, nos lares, dando aos líderes a prerrogativa de tomarem as decisões mais importantes, para que tudo aconteça prosperamente, com ordem e decência.

A vista dos olhos leva os indivíduos a reagirem aos estímulos visuais que são apresentados. A visão estratégica, porém, enxergar muito mais além do que aquilo que está diante dos olhos, conferindo a possibilidade de “ver” além das circunstâncias do presente.

A distinção entre vista e visão, portanto, pode ser comparada à forma como uma criança e um ancião, respectivamente, compreendem a realidade do mundo.

Assim, Josué buscava entender como agir naquela situação insólita, por isso anelava uma visão estratégica.

A passagem pelo Jordão, que lhe trouxera “grande aflição”, conforme aduz Josefo3, já estava resolvida, contudo, nesse instante ele precisava de novas orientações de como enfrentar uma cidade teoricamente invencível.

Destarte, Josué, cheio de fé (Hb 11.30) no afã de colher informações para a batalha, “levantou os seus olhos, e olhou” (Js 5.13), dando a ideia que buscou enxergar o todo, não apenas a particularidade, visualizando as dificuldades, mas igualmente as conquistas que estavam por vir.

E, após, diz que ele “olhou” (hb. “ra’ah” – considerar, examinar, inspecionar, perceber). Josué, enquanto olhava, considerava as hipóteses, examinava os caminhos, inspecionava as probabilidades, percebia os percalços… Em nossas lutas, sejam elas grandes ou pequenas, similarmente, sempre devemos buscar a visão estratégica, atentando claramente para tudo e esperar a resposta de Deus!

II – Deus aparece a Josué

Ao se encontrar com Moisés (Ex 3), o Altíssimo se apresentou como “Eu Sou o que Sou”. Agora, no encontro com Josué, ao ser perguntado se era amigo ou inimigo de Israel, Deus se anunciou como o Príncipe do Exército do Senhor.

Por que o Eterno não respondeu “Eu sou o que Sou”? É que a resposta dada a Moisés indicava que o nosso Deus “seria” o que fosse necessário que Ele fosse, para agir em prol do seu povo, inclusive o Príncipe do Exército do Senhor, ou o Senhor Poderoso na guerra (Sl 24.8), Maravilhoso Conselheiro, Príncipe da Paz etc.

Então, aqui, o Todo-Poderoso colocava-se como o General da campanha bélica que se avizinhava. Que grande consolo! Josué ouviu a melhor e mais tranquilizante resposta.

Aos seus ouvidos soou mais ou menos assim: — Eu estou no comando da situação. Sou Eu quem vou resolver por você! A promessa de Deus “como fui com Moisés, assim serei contigo” cumpriu-se literalmente nesse encontro. 

O verdadeiro adorador, vivendo em obediência, não tem medo de se aproximar de Senhor, ainda que Ele tenha uma espada na mão.

Davi, um homem segundo o coração de Deus, temeu quando viu o Anjo com uma espada na mão (1Cr 21.16,30) porque estava sendo castigado por causa do pecado, mas em situações normais ele anelava sempre estar perto do Senhor (Sl 22.11; 34.18; 63.8 etc.).

Josué, por esta em comunhão com o Eterno, ao ver o Homem com a espada na mão, da mesma forma como Moisés agiu quando viu a sarça ardendo (Ex 3.3,4), aproximou-se dEle, mesmo sem saber quem Ele era.

Josué tinha o desejo de ter experiências com o Senhor (Ex 33.11), porém não sabia que seria naquele momento.

Salomão escreveu que há tempo de guerra e tempo de paz (Ec 3.8), ou seja, ainda que seja um mesmo povo, vivendo em determinada região, sob idêntico ambiente sociopolítico interno, com regular padrão cultural, dependendo das condições de “temperatura e pressão”, certamente enfrentará circunstâncias de morte iminente ou de vida abundante.

Era o caso de Israel, que passou 40 anos praticamente sem guerras com os vizinhos, mas após a travessia do Jordão transformou-se em um povo conquistador. Com isso os símbolos (e Deus sempre trabalha com eles) seriam alterados. 

No tempo de Moisés, a guerra era a exceção, tanto é assim que não houve conflito armado, insurreição, no Egito. Eles saíram em paz.

Por tal circunstância, no evento da sarça ardente, Deus ao chamar Moisés para libertar da escravidão egípcia, a vara de Moisés foi colocada como o centro daquela manifestação divina.

Note-se, também, que em quase todos os milagres, sinais e prodígios ocorridos na terra do Egito e no deserto, a vara de Moisés, e também a de Arão, em certas ocasiões, foram instrumentalizados para a glória divina.

Depois de atravessarem o Mar Vermelho, houve um ataque dos amalequitas, no deserto, e para que os israelitas lograssem vitória, Moisés ficou com as mãos levantadas segurando a vara e, para tanto, precisou da ajuda de Arão e Hur.

Era um gesto simbólico, que denotava total pacificidade dos hebreus, os quais foram atacados covardemente. Israel compreendeu o tempo de peregrinação que viviam.

Sob a égide governamental de Josué, todavia, um novo tempo se iniciava. O foco desse período seria a conquista pela espada, conduzida pelo Príncipe do exército do Senhor, (e também pela lança de Josué – Js 8.18). Nada viria de graça, de “mão beijada”. Eles deveriam ir à luta, pela fé (Hb 11.30,33,34).

Alguém poderia questionar: por qual razão o Senhor exigiu que Israel guerreasse contra as nações de Canaã?

Por que Ele não deixou aquela terra intocável, aguardando a chegada dos hebreus?  Por qual razão Ele permitiu a morte de milhares de pessoas, algumas das quais criancinhas, cujos pais eram devassos?

Esse é um dos maiores dilemas sobre o qual a filosofia tem se debruçado por milênios, mas ainda não encontrou, racionalmente, uma resposta satisfatória. C.S. Lewis, um dos maiores apologistas do Século XX, enfrentou com profundidade o tema, sobre o qual afirmou:

Se Deus pensa que o estado de guerra no universo é um preço justo a pagar pelo livre-arbítrio– ou seja, pela criação de um mundo vivaz no qual as criaturas podem fazer tanto um grande bem quanto um grande mal, no qual acontecem coisas realmente importantes, em vez de um mundo de marionetes que só se movem quando ele puxa as cordinhas – , devemos igualmente consentir que o preço é justo”.4  

Lewis, com sua perspicácia habitual, compreendia que o “estado de guerra” era uma circunstância derivada do livre arbítrio dos seres humanos.

Os descendentes de Cão decidiram criar uma cultura diametralmente oposta à vontade de Deus, ao passo que os descendentes de Sem, pela linhagem abraâmica, escolheram servir ao Senhor.

Ambos os povos fizeram suas escolhas, e toda escolha é como uma semente: tem potencial para produzir frutos (consequências).

Aos seus caminhos se cruzarem, então, no fim da Idade do Bronze, e por existirem interesses antagônicos, eclodiu a guerra entre eles, como disse Lewis, consequência do livre arbítrio concedido. 

O novo tempo marcado pela espada, e pela lança, não mais pela vara, era uma contingência da vida que todos deveriam aceitar – há tempo de guerra e tempo de paz.

Se Deus, entretanto, não permitisse conflitos entre os humanos, o mundo seria melhor? A resposta é: não!

A possibilidade de o homem ser livre para escolher seu próprio caminho é o que propicia a existência do amor, da fidelidade, da alegria, da comunhão, pois se a humanidade fosse programada para reproduzir somente coisas boas, nunca haveria uma família sobre a terra, mas os ajuntamentos humanos seriam como lojas de máquinas de informática – um show room de computadores limitados a rodar apenas um software.

Nada mais; e isso seria muito pouco para um Deus tão grande, amoroso e sábio! Josué precisava, como todos os cristãos, ir à guerra, com “unhas e dentes”, em nome do Senhor.

III – Deus fala a Josué

Deus se fez, em Cristo, um de nós. Ele, ao se submeter à encarnação, não apenas ficou parecido conosco, mas tornou-se efetivamente um ser humano com paixões e fraquezas, como o profeta Elias, como um de nós (Tg 5.17), o qual em tudo foi tentado (Hb 4.15).

Ele era 100% homem, e tão semelhante fisicamente aos seus conterrâneos que, para ser identificado na noite da traição, Judas precisou beijá-lo (na mão, forma como os discípulos tratavam seus mestres e nunca com um beijo no rosto, que era a saudação exclusiva entre os mestres). 

O único momento físico, possivelmente, em que Jesus se mostrou 100% Deus foi na transfiguração, nos demais Ele sempre viveu genuinamente como humano, cumprindo toda a justiça de Deus e provando, diante do Céu e de todos os Inimigos espirituais, nas regiões celestiais,

que um homem pode amar a Deus acima de todas as coisas – de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento, sendo, por isso, posto como exemplo para os fiéis (Jo 13.15; 1Pe 2.21).

Assim, no desiderato profético de ser como um de nós, e trazendo naquela figura o sentido da visita celestial, Jesus se apresentou à Josué como um guerreiro, usando trajes típicos e com uma espada na mão, o que fez Josué se confundir e perguntar, de maneira pouco cerimoniosa, e até com certa ousadia:

— “És tu dos nossos ou dos nossos inimigos?” Interessante que Josué visitava frequentemente a tenda da congregação com Moisés, atravessou o Mar Vermelho e o Rio Jordão, presenciou as pragas do Egito e os milagres no deserto, viu o Monte Sinai fumegar pela presença divina, mas, ainda assim, não discerniu corretamente, pois seu olhar voltava-se para a dimensão humana (aliás, aquela não era a primeira vez que Josué não compreendia perfeitamente algo – Ex 32.17). Como isso é comum entre os homens de Deus!

O Senhor “Eu Sou o que Sou” disse, então, a Josué: “Não, mas venho agora como príncipe do exército do Senhor”.

Que surpresa, Deus estava ali e Josué não sabia. O Altíssimo, em sua misericórdia, conhecendo o anelo de Josué estar perto dEle (Ex 33.11) perdoou-lhe a carnalidade e conduziu-lhe para junto a Si, como geralmente acontece conosco.

O Ser celestial revelou sua identidade e Josué, pelo Espírito, entendendo que era enviado pelo seu Senhor, prostrou-se (hb. naphal– cair, ser lançado no chão), num gesto de total submissão! Que cena expressiva!

O comandante do exército de Israel estava se rendendo ao Príncipe do exército do Senhor; mas não só isso, o próprio Josué escreveu, no seu livro, que, ato contínuo, ele O adorou (hb. shachah– a mesma palavra utilizada noutros momentos de adoração ao Altíssimo, conforme Gn 24.26; Ex 12.27; Ex 34.8; Jz 7.15; 1Sm 15.31; 2Sm 12.20).

Depois de um certo tempo (não se sabe quanto), e ainda prostrado, Josué, com reverência e temor, perguntou “Que diz, meu Senhor, ao seu servo?”, demonstrando o alto grau de seu quebrantamento (um dos significados figurados de shachah).

Ele não se considerava o comandante das forças de Israel, era somente um servo, pronto a obedecer ao verdadeiro Comandante, como habitualmente acontece com o verdadeiro adorador (At 9.5,6).

Logo após esse momento inicial de Graça (do Senhor) e devoção (de Josué), Deus fez a mesma advertência dita a Moisés, no encontro diante da sarça:

tira as sandálias dos teus pés. Josué obedeceu prontamente, porque ele sabia que o culto ao Senhor deveria ser completo:

reconhecimento da presença divina, humildade, adoração, oração, palavra de Deus e total reverência (recomendada pelo Altíssimo nessa última frase).

Infelizmente, porém, nos dias atuais, vive-se um período de crise de reverência e solenidade nas igrejas, onde alguns têm dificuldade em “tirar as sandálias de seus pés”,

pela desconsideração dos elementos litúrgicos históricos, tornando-se nobre o que é informal (por óbvio, a formalidade ou a informalidade são valores neutros, porém, nesse caso, a informalidade ganha valor subjetivo, porquanto significa quebra de regras).

Na verdade, existe hodiernamente quase uma ditadura da informalidade, do despojamento, porquanto não se respeita mais, em muitos lugares, o ambiente da presença de Eterno, diferentemente do que acontecia na Bíblia, quando Deus exigia dos homens extrema reverência e solenidade nos cultos, sob pena de serem imediatamente fulminados, como aconteceu com Nadabe, Abiú, Uzá, Uzias, Ananias e Safira.

Embora Deus não habite em templos feitos por mãos humanas, nem no Monte Sinai, ou em Canaã, Sua presença sacraliza o ambiente de culto, e, por isso, imprescindível que os cristãos celebrem ao Senhor com total reverência e solenidade, em consonância com a Sua palavra, para que Ele encontre em nós verdadeiros adoradores (Jo 4.23,24).

Josué, como dito, mesmo sendo o maioral em Israel, não teve qualquer resistência à ordem recebida de ficar descalço, entretanto, alegremente se submeteu a Ele, reconhecendo, como diz Matthew Henry, que a presença divina “enquanto continuava lá, de certa maneira santificava e dignificava o lugar”5.

Conclusão

Josué não poderia entrar na guerra contra Jericó sem antes ter um encontro com Deus, como deve acontecer com os cristãos antes de qualquer empreendimento de fé, pois são nesses momentos que a mente fica sensibilizada para as realidades divinas e quando as estratégias de Deus se descortinam limpidamente.

Josué logrou êxito em toda a sua trajetória vida, porque soube reconhecer que “o cavalo se prepara para a batalha, mas a vitória vem do Senhor” (Pv 21.3).

Sem dúvida, “um homem torna-se grande quando se torna humilde e respeitoso na sua atitude para com Deus”.6


1 LIVINGSTON, George Herbert; COX, Leo G.; KINLAW, Dennis F.; BOIS, Lauriston J. Du; FORD, Jack; DEASLEY, A.R.G.. Comentário Bíblico Beacon. 1ª ed., vol. 2, Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 39. 
2 HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Josué a Ester. vol. 2, Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp. 22,23.
3 JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 238.
4  LEWIS, C. S.. Cristianismo Puro e Simples. 1ª ed., São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 64.
5  HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Josué a Ester. vol. 2, Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 23. 
6 HENRY, Matthew. Comentário Bíblico –Antigo Testamento – Josué a Ester. vol. 2, Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 23.

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/2038-li%C3%A7%C3%A3o-6-o-encontro-com-deus.html

Video 02: https://youtu.be/08wy_EirRcg

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