JUVENIS – LIÇÃO 05 – LIÇÃO Nº 5 – OS MÁRTIRES
O martírio está relacionado a atitudes de bravura e heroísmo, aos atos de devoção e sacrifício extremo quando a pessoa se dispõe a dar a própria vida por uma causa ou crença.
Por isto é necessário demonstrar por meio de uma fé inabalável, revelando em sua prática cotidiana que está comprometido com está fé que professa, haja vista que a fé se manifesta em obras. Aqueles que fazem parte de um segmento religioso e, passam pelo martírio, tornam-se paradigma de coragem e fidelidade.
São apontados como santos e heróis, tendo em vista que são capazes de enfrentar a morte. Durante todo o Seu ministério, nosso Senhor Jesus foi perseguido, injustamente caluniado e, por fim, crucificado. Porém, foi muito antes, no início da história do povo judeu que a tirania ao povo do Senhor começou.
Quando o povo israelita se multiplicou e tornou-se poderoso, o Faraó intensificou a perseguição de tal modo que ordenou às parteiras Sifrá (“esplêndida”) e Puá (“bela”) que desafiaram secretamente o Faraó. Porém, elas impediram o genocídio dos meninos de Moisés.
Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel.
E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; Assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os obrigavam com dureza.
E o rei do Egito falou às parteiras das hebreias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o da outra Puá), E disse:
Quando ajudardes a dar à luz às hebreias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva. As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida. (Gn 1. 17-22)
Quem não se lembra do primeiro protótipo de Hitler, o agagita Hamã, que intentou destruir a nação judaica? E o que dizer das constantes guerras cujo finalidade foi destruir a nação israelita?! As cidades do sul estão fechadas, e ninguém há que as abra; todo o Judá foi levado cativo, sim, inteiramente cativo. (Jr 13.19)”
Herodes, assim como o Faraó, dá início a mais um infanticídio, tirando a vida de todos os meninos com menos de dois anos. Fato que profetizado: “Assim diz o Senhor: Uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo; Raquel chora seus filhos; não quer ser consolada quanto a seus filhos, porque já não existem. (Jr 31.15)”
Formação de grupos que arquitetavam a morte de Cristo: “E dali a dois dias era a páscoa, e a festa dos pães ázimos; e os principais dos sacerdotes e os escribas buscavam como o prenderiam com dolo, e o matariam” (Mc 14.1)
Cristo foi perseguido desde seus primeiros meses de vida e, assim como Ele foi perseguido, que a Igreja o foi, os crentes também serão. Por amor ao Evangelho, por apreço à sua fé.
Vejamos, de modo resumido, como os apóstolos foram martirizados por causa da sua fé:
Nome do
Discípulo |
Causa da Morte | O que realmente aconteceu e como foi |
Pedro | Crucificado de
cabeça para baixo |
Pedro foi martirizado em Roma durante o reinado
do imperador Nero, por volta do ano 67 d.C. Escolheu essa forma de martírio como um ato de humildade e submissão a Deus. |
Tiago, filho de
Zebedeu |
Executado por
Herodes Agripa |
Primeiro dos apóstolos a ser martirizado, a execução
foi realizada por espada (At 12.2) em 44 d.C. |
João | Morreu de causas
naturais |
Após seu exílio em Patmos, João retornou a Éfeso,
onde passou o resto de sua vida |
André | Crucificado | Foi numa cruz em forma de X, na qual o corpo do
crucificado é amarrado com cordas ou correntes. A posição do corpo na cruz forma um ângulo de 45 graus, o que causa grande dor e sofrimento ao crucificado. |
Felipe | Crucificado | Pregado em uma cruz, mas não se sabe se foi
crucificado de cabeça para baixo |
Bartolomeu | Esfolado vivo | Na tradição armênia, Bartolomeu foi esfolado vivo.
Outra tradição afirma que Bartolomeu foi decapitado em Derbend, atualmente no Daguestão, na Rússia. |
Tomé | Empalado | Foi martirizado na Índia, morto por uma lança
lançada por pagãos que se opuseram à sua pregação |
Tiago, filho de
Alfeu |
Apedrejado | Ele foi espancado até a morte com barras de ferro. |
Simão, o Zelote | Crucificado | Foi crucificado na Pérsia, durante sua pregação e
conversão de fiéis ao cristianismo. |
Judas Tadeu | Morto a machadadas | Espancado e morto com uma maça por causa de
sua pregação. |
Judas Iscariotes | Suicídio por
enforcamento |
Se enforcou depois de se arrepender de sua traição |
Baseado em :https://falandodabiblia.com.br/como-morreram-os-discipulos-de- jesus/. e https://bibliadabiblia.com.br/como-morreram-os-discipulos-de-jesus/. Acesso em 29jul2024.
Os cristãos sofreram inúmeras perseguições do Império Romano que são relatadas na obra de Reilly, “Os mártires do Coliseu”, na qual se fala sobre os primeiros mártires do Coliseu:
As ruínas da cidade incendiada ainda fumegavam nos montes Palatino e Esquilino, quando Nero concebeu a ideia de satisfazer a raiva do povo com o sangue dos cristãos.
Esse monstro, cujo nome é associado a tudo o que é cruel e impiedoso, foi o primeiro imperador romano a decretar a perseguição aos inofensivos servos de Deus […] mal fora promulgado o terrível decreto, e as pessoas, como que possuídas por demônios, lançaram- se em fúria desumana contra os inocentes e indefesos seguidores do Crucificado.
A frenética resolução de desarraigar o Cristianismo começou em Roma e difundiu-se em cada província e cidade do Império […]
Esses horrores não cessaram com os tiranos que lhes deram início. Por trezentos anos, os poderes do inferno continuaram a sua guerra contra a Igreja, com maior ou menor fúria, levantando e caindo, como as ondas do oceano num momento, desabando com o estrondo e a espuma dos vagalhões na tempestade […]
As casas dos cristãos eram deixadas em ruínas, seus bens, pilhados. Seus corpos caíam nas mãos dos famosos lictores, que os dilaceravam como bestas selvagens, e arrasavam as matronas pelos cabelos através das ruas, insensíveis às súplicas por clemência, viessem elas dos idosos ou daqueles em tenra idade.
Os inocentes eram submetidos a tormentos reservados apenas aos mais vis criminosos, os calabouços eram lotados com os habitantes dos lares cristãos, que agora jaziam desolados, os desertos sem caminhos e as cavernas das florestas enchiam-se de fugitivos cujo único crime fora a adoração a Jesus Cristo.
Nesses dias trevosos, filhos traíam os pais e pais acusavam a própria prole; os servos obtinham a propriedade de seus senhores por denunciá-los, e um irmão buscava o sangue do outro. […] os demônios celebravam suas orgias e poluíam tudo com a fumaça e o sague de suas vítimas.
As catacumbas são o último memorial dessa época terrível; aquelas cavernas lúgubres e as escuras passagens nas entranhas da terra são o mais precioso registro da Igreja […] O Coliseu é outro testemunho dos triunfos do passado.
Ele surgiu em meio aos horrores da perseguição e tornou-se o campo de batalha onde a inocência e a fragilidade lutavam com a tirania e a criminalidade. O sangue, o milagre e as vitórias da Igreja Primitiva lançaram uma reminiscência sagrada à volta dessas miseráveis ruínas, que nos faz aproximar com uma espécie de temor religioso. Milhares de mártires verteram seu sangue em suas arenas. (Reilly, 2021, p.37-38)
A perseguição prossegue com o passar dos anos: o holocausto do povo judeu na Segunda Guerra Mundial, a perseguição aos cristãos nos países comunistas e muçulmanos que vem se intensificando, o espírito do Anticristo presente neste mundo, manifestando-se por meio de ideologias contrárias à fé cristã.
No texto estudado, observamos os mártires da Grande Tribulação. São os que pertencem àquele grupo de santos entregues totalmente ao Senhor, pois descobriu que a causa do Evangelho é tão verdadeira que mais vale morrer por esta verdade que negá-la.
Foi assim com os primeiros cristãos e está sendo com a Igreja Perseguida na atualidade. E, mesmo que persigam a Igreja do Senhor, martirizando os seus membros, é imprescindível que nos lembremos do que disse o Senhor Jesus a respeito: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” (Mt 10.28) Após a abertura do quinto selo, João vê “as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram.” (Ap 6.9 b).
Estes servos do Senhor são os mártires da Grande Tribulação, os pregadores do Evangelho do Reino que deram o seu testemunho num período que só se propagava o Mal no seio da humanidade. Cristo já alertava os seus discípulos acerca do início da perseguição que começou assim que a Igreja inaugurou suas atividades:
“Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.” (Mt 24.9)
Quando avaliamos cuidadosamente o texto bíblico de Ap 6.9, no qual João contempla os mártires, historicamente seria possível que os mártires da visão sejam, de acordo com Silva ( 2005, p.82), os martirizados por Domiciano.
Da mesma forma que o Império Romano já desencadeava uma violenta perseguição aos crentes naquela época, o Anticristo também buscará para acossar com violência os servos do Senhor. As almas que João viu debaixo do altar são originadas desta perseguição.
Mas fizeram algumas indagações sobre a duração da opressão e martírio: “E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.10)
É curiosa a postura destes santos, porque Estêvão, quando estava sendo apedrejado, colocou-se de joelhos e “clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado.
E, tendo dito isto, adormeceu.” (At 7.60). Ele imitou a Jesus que, durante a crucificação e os maus-tratos sofridos, exclamou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34).
Está claro que todos aqueles que participaram do apedrejamento de Estêvão foram perdoados, inclusive Saulo de Tarso que se tornou o Grande Missionário que todos conhecemos. Os soldados e o povo que zombou de Cristo, participando de Sua crucificação também apreciaram Sua misericórdia. Sendo assim, a oração de Cristo e de Estêvão foram atendidas.
A sorte deles, a situação destes santos somente seria resolvida quando os outros irmãos fossem mortos e suas almas tivessem o destino merecido: os céus. No entanto, as suas mortes que foram por uma causa nobre se processaram de modo doloroso: o degolamento.
Tinham que esperar quarenta e dois meses, ou seja, três anos e meio. Eles precisavam ter paciência porque muitos ainda haveriam de morrer por causa de sua fé em Cristo. A Grande Tribulação será este período complicado para quem confessar a sua fé em Cristo.
- Debaixodo altar. Alguns estudiosos supõem que assim como o sangue escorria para a valeta que havia ao pé do altar, e assim como “a vida está no sangue”, assim também, aqueles mártires cujo sangue for derramado, tomarão a posição correspondente ao sangue dos sacrifícios. Os trechos de Fl 2.17 e 2Tm 4.6 veem os mártires como sacrifícios oferecidos a Deus. Portanto, o martírio à face da terra, como se a vida fosse oferecida a Deus em sacrifício celestial, tem esse significado. Há em o Novo Testamento três expressões aplicadas ao “lugar” que o cristão ao deixar esta vida entra na eternidade: (a) “O Paraíso”. Lc 23.43; (b) “O Seio de Abraão”. Lc 16.22;
(c) “Debaixo do Altar”. Dois pontos importantes devem ser anotados aqui: (aa) Os mártires de durante o tempo da “Dispensação da Graça”, serão coroados. Cf. 2Tm 4.8; Ap 2.10; (bb) Os mártires da Grande Tribulação receberão palmas em suas mãos (Ap 7.9). (Silva, 2005,,p.83)
As almas dos mártires da Grande Tribulação estão debaixo do altar, no terceiro céu, no período da septuagésima semana profética de Daniel. Eles estavam bem guardados na presença de Cristo. Policarpo, discípulo de João, por exemplo afirmou aos seus algozes que “existe um fogo que espera os ímpios no julgamento vindouro, com punição eterna”.
Alguns grupos religiosos alegam que os mortos entram em estado de total inconsciência ou em profundo sono. No entanto, este texto que revela os mortos por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho, nos revela que estas pessoas estavam e estão plenamente conscientes, porque se lembram dos fatos e até fazem orações.
Estes servos do Senhor dEle receberam um presente especial: “E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram” (Ap 6.11)
As vestes brancas são o sinal de que eles tiveram seus pecados perdoados, que foram lavados no sangue do Cordeiro que purifica de todo pecado (I Jo 1.7). Sim, o branco indica a purificação. A Bíblia nos orienta a manter nossos vestidos alvos em todo o tempo (Ec 9.8) As vestes brancas serão para os vencedores.
Eles são dignos desta honraria porque mantiveram-se puros: “Mas também tens em Sardes algumas poucas pessoas que não contaminaram suas vestes, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso.” (Ap 3.4)
O céu está preparado para os limpos de coração: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5.8)
“Quem poderá dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?” (Pv 20.9) As Escrituras respondem: “Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente.” (Sl 24.4) e o escritor aos Hebreus nos convida: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa” (Hb 10.22). Sendo assim, concluímos que é imprescindível manter a devida distância do pecado para adentrar as mansões celestiais.
Outro fator que caracteriza o Céu é a sua luz. Trata-se da “cidade (que) não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâmpada.” (Ap 21.23) Nela só entram aqueles que andam na luz: “Mas se andarmos na luz, como Ele na luz está…” (I Jo 1.7 a)
Os habitantes dos céus são iluminados: . Deus “habita na luz inacessível” (1Tm 6.16), e seus filhos devem ser seus “imitadores” andando na luz (1Co 11.1). Quando Cristo se transfigurou, suas vestes ficaram resplandecentes, brancas e iluminadas, como sinal de sua intensa comunhão com o Pai e manifestação de sua deidade: “E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa ficou branca e mui resplandecente.” (Lc 9.29)
Os vinte e quatro anciãos que habitam nas regiões celestiais também usam vestes brancas. E “Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Mt 13.43)
Quem são os vinte e quatro anciãos? Antônio Gilberto (2010, p.91) responde:
Não são anjos, pois cantavam o cântico da redenção, como participantes dela (5.8-10). Eram santos já coroados, “em cujas cabeças estão coroas de ouro”. Coroa e trono são prometidos aos salvos; nunca a anjos. (Mateus 19.28; 1 Pedro 5.4; Apocalipse 3.21.) Certamente são representantes dos santos do Antigo e Novo Testamento. Israel teve 12 tribos, e o Cordeiro teve 12 apóstolos. Na Jerusalém celeste estarão os nomes das 12 tribos e dos 12 apóstolos do Cordeiro (21.12-14) (Gilberto, 2010,p.91)
Quem não se lembra de um texto áureo das Escrituras?
“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” (II Tm 3.12)
Não apenas os patriarcas, bem como os discípulos, tiveram momentos dificílimos, mas os servos do Senhor foram galardoados, porque o nosso Deus está atento à diligência e sacrifício que cada um dos seus filhos empregam na causa do Evangelho.
REFERÊNCIAS:
EXPLICANDO a Bíblia. O que é martírio? Disponível em: https://explicandoabiblia.com.br/glossario/o-que-e-martirio/. Acesso em 26jul2024.
GILBERTO, Antônio. Daniel e Apocalipse. 14.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
OLIVEIRA, José Serafim. A revelação do Apocalipse. 5.ed. São Paulo: Sete Editora, 2016, Série Bíblica.
O’REILLY, A. J. Os mártires do Coliseu. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.
SILVA, Severino Pedro. Apocalipse: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. E-book. Disponível em: https://silo.tips/download/severino-pedro- da-silva. Acesso em 13 jul 2024.
SUGESTÃO DE ATIVIDADES:
- Conservecom seus alunos sobre as formas recentes de perseguição ao Cristianismo. Pode mencionar a “Abertura das Olimpíadas” como exemplo. O vídeo do Pr. Ciro Zibordi nos esclarece algumas questões. https://www.youtube.com/watch?v=MyNIUpI315o. Acesso em 29jul2024.
Mantendo o diálogo em curso, solicite aos alunos para que falem sobre as situações nas quais sentem-se perseguidos por serem cristãos. Aproveite o momento para orientá-los sobre as devidas formas de comportamentos que precisamos ter em cada situação específica. Também é importante incentivá-los a dar sugestões.
Profª. Amélia Lemos Oliveira
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/juvenis/10732-licao-5-os-martires-i
Vídeo: https://youtu.be/p9vMbNETQcI