Juvenis – Lição 12 – A Vida após o cativeiro
INTRODUÇÃO
A Bíblia diz que: “Deus é o Deus dos deuses e Senhor dos senhores, Deus grande, poderoso e terrível…” (Dt. 10:17), ou seja, tudo está sobre o seu controle. O Seu reino foi estabelecido nos céus e Ele domina sobretudo (Sl. 103:19).
Devido ao pecado, Israel foi arrancado de sua terra, passou um período de 70 anos no cativeiro babilônico, impedido de oferecer cultos ao seu Deus; passou também por momentos de tristezas, tribulações e angústias. Mas Deus, cumprindo a sua Palavra providencia meios para que voltem a Jerusalém e pudessem adorá-Lo em sua pátria novamente.
1 – O PERÍODO PÓS-EXÍLIO
1.1 O CONTEXTO SAMARITANO
Na destruição do Reino do Norte, Deus Se utilizou de um povo cuja política de conquistas era precisamente a de desalojar os povos conquistados de suas terras.
– Segundo os assírios, uma vez conquistado um povo, este deveria ser retirado da terra onde habitava e mandado para outro lugar. Promovendo esta movimentação étnica nos territórios dominados, os assírios entendiam que enfraqueciam os vencidos e impossibilitava que eles se rebelassem.
– Assim, procuravam os assírios, assim que conquistavam um povo, desocupar a terra conquistada de seus primitivos habitantes e repovoar a região com outros povos, misturando-os, de modo que não se desfizesse qualquer sentimento nacionalista que buscasse se opor ao domínio conquistado pelas armas.
– Com Israel, não foi diferente. Os israelitas foram desalojados de sua Terra e mandados para várias regiões da Assíria, enquanto a região anteriormente habitada pelas dez tribos foi ocupada por outros povos. Assim gente de Babel, Cuta, Ava, Hamate, Sefarvaim vieram morar em lugar dos filhos de Israel (II Rs.17:24).
– Estes povos, evidentemente, não serviam a Deus, tinham seus próprios deuses e continuaram a cultuá-los, até porque era este um resquício de suas culturas, de seus hábitos, quase que uma resistência à política de destruição de suas identidades que era realizada pelo dominador assírio.
– Entretanto, o Senhor mandou leões entre eles e houve a matança de alguns deles (II Rs.17:25).
Este episódio mostra como Deus é soberano e como nada pode impedir a Sua ação. Deus mostra aqui pleno controle sobre a natureza.
– Deus, ao assim agir, sabia que aqueles povos, dentro de suas crendices, logo identificariam que isto era obra do “Deus da terra”. O Senhor havia punido o Seu povo, mas não permitiu que o Seu nome fosse igualmente apagado como o fora o do reino do norte.
– Aqueles povos, então, pediram ao rei da Assíria que lhes mandasse alguém que lhes ensinassem “o costume do Deus da terra”, para que eles pudessem cultuá-l’O e, deste modo, não sofressem com os leões que os estavam matando (II Rs.17:26).
– O rei da Assíria acatou a sugestão e mandou um sacerdote para que “ensinasse o costume do Deus da terra”.
Assim, um sacerdote foi mandado para lá e aqueles povos aprenderam a cultuar a Deus, mas não deixaram de servir aos seus deuses, tendo, portanto, também passado a cultuar ao Senhor.
– Alguém pode dizer: como Deus permitiu isso? Teria Deus concordado com isso, já que não mais houve matança de leões entre eles?
– Por primeiro, entendamos que o Senhor não queria a conversão daqueles povos, mas tão somente que Seu nome não fosse apagado como tinha sido o reino de Israel, numa clara demonstração de que “toda a terra é do Senhor” (Ex.19:5; Sl.24:1).
– Por segundo, lembremos que este sacerdote que foi ensiná-los era um sacerdote do culto dos bezerros de ouro, não um levita ou sacerdote da linhagem de Arão, pois os sacerdotes do reino do norte eram todos ligados aos “pecados de Jeroboão”.
– Assim, o que ele ensinou foi, precisamente, o culto a Deus ao lado de outras divindades, porque era isso que os israelitas estavam a fazer, tanto que foram levados cativos. Ninguém pode ensinar senão aquilo que aprendeu.
– Tanto é assim que, copiando exatamente o que se fazia desde Jeroboão (I Rs.12:31), é dito que foram feitos sacerdotes dos mais humildes daqueles povos para cultuar a Deus (II Rs.17:32).
– É interessante, aliás, observar que o culto a Deus foi estabelecido, mas SEM os bezerros de ouro, que são completamente ignorados, a mostrar, portanto, como a ação divina era a de fazer perpetuar a memória do Seu nome.
– Destarte, esses povos se mantiveram idólatras, politeístas, servindo aos seus primitivos deuses e acrescentando o culto a Deus, mantendo, assim, a sua condição de gentios.
– Ao longo do tempo, esses povos acabaram se misturando, dando origem a uma nova nação, que Flávio Josefo chama de “chuteenses”, mas que foram chamados posteriormente de “samaritanos”, porque foram ocupar a região que era do reino cuja capital tinha sido Samaria.
OBS: “…Salmaneser, rei da Assíria (…) mandou a Samaria e a todos os outros lugares do reino de Israel, colônias de chuteenses, que são povos de uma província da Pérsia, que têm esse nome por causa do rio Chute, ao longo do qual habitam.…” (Antiguidades Judaicas IX, 14, 409. In: JOSEFO, Flávio. História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.1, p.215).
– Os samaritanos, portanto, eram estrangeiros que haviam vindo ocupar a terra do reino do norte após a ida ao cativeiro dos israelitas, estrangeiros que, embora tivessem passado a cultuar ao “Deus da terra”, não deixaram de servir aos seus deuses primitivos.
– Por causa disso, os samaritanos nunca foram aceitos pelos judeus como um “povo irmão”, mesmo que, ao longo dos anos, o culto ao “Deus da terra” tenha crescido em importância e, talvez mesmo, chegado a prevalecer de tal maneira que os samaritanos chegaram a construir um templo ao Senhor no monte Gerizim,
templo este que foi destruído pelos judeus em 128 a.C., havendo discussão se este templo foi construído pouco antes da vinda de Neemias a Jerusalém, como defendem alguns arqueólogos que fizeram escavações no local, ou nos dias de Alexandre, o Grande, como relata Flávio Josefo.
– Os samaritanos, desde o retorno dos judeus do cativeiro da Babilônia, nunca foram aceitos como “irmãos” ou “companheiros”, já que, como vimos, eram idólatras e não haviam adotado o culto a Deus.
Até mesmo os textos que adotaram da lei de Moisés eram diferentes dos escritos judaicos. Diante desta rejeição, tornaram-se inimigos dos judeus, sempre se alinhando aos inimigos de Israel.
– Criou-se, assim, uma grande inimizade entre estes povos, tanto que, nos dias de Jesus, é dito que nem sequer se comunicavam (Jo.4:9).
– No entanto, o Senhor Jesus sempre demonstrou simpatia para com eles, pregando-lhes o Evangelho (Jo.4:39-42), não endossando o ódio que os judeus tinham para com eles (Lc.9:54-56) e chegando mesmo a tomar um samaritano como exemplo de próximo (Lc.9:25-37), sem deixar de mostrar que suas crenças eram equivocadas (Jo.4:22). Foi também explícito ao dizer que Samaria também deveria ser evangelizada (At.1:8).
– Jesus mostra, assim, que havia vindo para reconciliar toda a humanidade, inclusive aqueles que queriam servir ao Senhor do seu modo, em desconformidade com as Escrituras, desde que cressem n’Ele.
1.2 CUMPRE-SE AS PROFECIAS
As três grandes potências mundiais que influíram na história do povo de Deus antes, durante e depois do cativeiro, foram: Assíria, Babilônia e Medo-Persa.
A Assíria foi a potência desumana e cruel que levou o Reino do Norte (Israel) para o cativeiro em 722 a.C. O poder assírio foi declinando aos poucos até a batalha decisiva de Carquemis no ano 606 a.C., quando a Babilônia consolidou a sua posição como a mais poderosa nação do mundo daquela época.
Foi naquele mesmo ano que Babilônia conquistou Judá, levando prisioneira a elite da nação numa tentativa de evitar mais uma rebelião. Efetivamente Judá se rebelou duas vezes, e, como consequência, a cidade de Jerusalém e seu templo foram destruídos.
Os grandes monarcas daquela época iriam aprender em primeira mão que Jeová, Deus dos judeus, é o único e verdadeiro Deus, que não pode ser ignorado impunemente.
Nabucodonosor proclamou-se divino, e foi castigado por Deus.
Belsazar ousou apoderar-se de vasilhas e utensílios do templo para uma grande festa de orgia, e recebeu de Deus uma mensagem de castigo, escrita na parede do palácio real.
Naquela mesma noite a capital do seu reino foi conquistada pelo monarca medo, Dario.
O rei Dario compartilhava seu poder com outro rei ainda mais poderoso, de nome Ciro.
Juntos, estes dois governavam o Império Medo-Persa, o qual foi descrito simbolicamente por Daniel como um urso com um lado (Média) mais baixo que o outro mais alto (Pérsia). (Veja Daniel 7)
Foi Ciro que decretou que os judeus que estivessem dispostos, poderiam retornar a Judá, o decreto de Ciro assinalou o fim do cativeiro dos judeus, mas os reis medo-persas mantiveram seu controle sobre Judá por mais de 200 anos.
Conforme o plano de Deus, Cristo devia nascer em Belém da Judéia e não na Babilônia. Para realizar este plano, Deus operou no coração de um rei pagão, Ciro, no sentido de autorizar Sasharar (Zorobabel), um dos principais de Judá, a conduzir um grupo remanescente de judeus exilados, de volta à Palestina.
Este grupo remanescente foi, no entanto, o núcleo do qual iria renascer a vibrante nação de Israel. O que é mais importante, este pequeno grupo conduzia em si a linhagem de Jesus Cristo, o Messias.
O Decreto de Ciro
A história secular dos judeus afirma que, ao ler as profecias de Isaias (Is. 41:1-4; 44:26-28; 45:1-6), escritas 150 anos antes do seu reinado, Ciro ficou tão pasmado no ver seu próprio nome ali escrito, que quis cumprir aquela profecia, mandando de volta à Palestina um grupo remanescente de exilados. (ANTIGÜIDADES DOS JUDEUS, tomo II, cap. 2.)
Não sabemos com certeza se Ciro leu ou não tal profecia; sabemos muito bem. que a sua ação foi divinamente inspirada, pois a Bíblia declara que Deus despertou o espírito do rei (Esdras 1.1).
Ciro ficara muito impressionado com o Deus dos judeus. Embora ele não fizesse parte do povo da promessa, respeitava muito a Jeová, dizendo ser Ele o Deus dos céus que lhe dera tanto poder na terra para que o templo fosse reconstruído (Esdras 1.2-3).
2 – O RETORNO PARA JERUSALÉM
2.1 UM SONHO REALIZADO
A volta dos judeus para Jerusalém e a construção do novo templo foram sonhos realizados depois de décadas de afastamento desse lugar santo.
A alegria do povo não foi por suas próprias obras, porque ainda viviam com vergonha dos pecados que levaram ao castigo divino, a destruição do templo e o exílio do povo. O júbilo foi em comemoração dos grandes feitos de Deus.
Estar de volta a terra que eles tanto amavam, Jerusalém, parecia até um sonho (tipo me belisca para ver se eu não estou dormindo e sonhando).
Alguns comentaristas bíblicos atribuem o Salmos 126 com o retorno do povo de Israel do cativeiro babilônico.
O Senhor é Deus de coisas grandes. Ele é especialista em surpreender. Israel passou por um período de exílio. Foi arrancado de sua terra, privado de oferecer cultos ao seu Deus. Viveu um longo período de angústias, tristezas e desolações.
Deus se lembra de Israel e providencia meios para que voltem a Jerusalém. No regresso para casa, Israel “estava como os que sonham” sem acreditar no que estava acontecendo. Achava impossível seu retorno.
Como diz no Salmos 126:1 “Quando o SENHOR trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, estávamos como os que sonham.” Mesmo estando eles em terras estranhas, o Senhor estava com seus olhos postos sobre aquele povo e os livrou de tamanha servidão realizando um grande feito.
O povo estava agradecido a Deus por ter lhes concedido o privilégio de voltarem a sua terra. Rendiam graças e louvores a Deus pois estavam alegres. “Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cânticos.” (126:2 parte A)
Os feitos do Senhor foram tão grandes que povos circunvizinhos reconheceram que o Senhor havia trabalhado em favor de Israel de uma maneira grandiosa. Os mesmos olhos que viram aos israelitas sendo levados para outras terras viram o Senhor trazendo seu povo de volta.
A própria nação reconhece que o Senhor verdadeiramente era com eles. O Deus de seus pais havia feito tudo aquilo.
As promessas feitas a Abraão ainda estavam de pé. “Então se dizia entre as nações: Grandes coisas fez o Senhor por eles. Sim, grandes coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres. “126: 2 parte B;126:3)
Diante das grandezas que Deus havia realizado, uma certeza brotava do coração daquele povo. O mesmo Deus que permitiu serem arrancados de suas terras, passarem por tantas provações e tantas lutas era o mesmo que colocava um ponto final naquele sofrimento e de uma maneira tremenda usa homens para libertar o seu povo. “Faze regressar os nossos cativos, Senhor, como as correntes no sul. “(Salmos 126:4).
Vemos nessa passagem que o salmista ilustra o momento que Israel vive com os rios perenes do deserto que com o sol escaldante deixam de existir e repentinamente brotam em meio ao deserto.
Israel sofreu, derramou muitas lágrimas em terras estranhas, mas foram lágrimas derramadas na presença de Deus que permitiu que brotassem dessas lágrimas, alegria, regozijo, liberdade em meio a tanta opressão. As lágrimas se transformaram em respostas às petições daquele povo.
As lutas batem a nossa porta. As provações parecem que irão nos consumir. Mas, o mesmo Deus que permiti nossa estadia no deserto e o mesmo Deus que nos tira de lá, nos assenta em lugares de honra e devolve a alegria aos nossos corações.
O desejo de continuar na caminhada cumprindo o ide de Cristo ressurgi em nossos corações e até aqueles que apontaram, criticaram, terão que reconhecer que “grandes coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres. “ 126:3
2.2 AS EXPEDIÇÕES DO RETORNO
É importante notar que, mesmo depois de completados todos os anos do cativeiro, dos decretos que libertaram os judeus e da restauração de seu templo e seu culto, nem todos eles voltaram para Jerusalém e para as terras de Israel.
Os primeiros judeus retornaram do exílio para Israel em 538 a. C. (Esdras caps. 1 – 6), pouco tempo depois de Ciro ter dado o decreto permitindo-os.
Seus líderes eram Zorobabel e Jesua. Ciro Também permitiu que o templo de Jerusalém fosse reconstruído e ainda proveu tesouros para ajudar nessa tarefa, o que de fato começou a ser feito, como lemos em Esdras 5:13-16.
Foram devolvidos ainda os objetos de ouro e de prata utilizados no culto, que anteriormente foram retirados do templo por Nabucodonosor.
Em 458 a. C. o rei persa Artaxerxes I permitiu a qualquer judeu que quisesse retornar para sua pátria (Esdras caps. 7 – 10).
Nesta fase foram permitidos estabelecer magistrados civis e juízes judeus, além disso vários homens de Israel haviam se casado com mulheres estrangeiras.
Em 444 a. C. Neemias lidera a última caravana que retorna para Jerusalém sob Artaxerxes I também.
3 – A RECONSTRUÇÃO
3.1 FOCO E ORAÇÃO X OPOSIÇÃO
Nos dias de Artaxerses I – que era filho do rei Assuero – o Senhor agiu em favor de conceder que os muros de Jerusalém fossem reconstruídos.
Para tanto, ele usou Neemias, o copeiro de Artaxerxes I. A Bíblia diz que Neemias recebeu notícias sobre a situação de abandono que Jerusalém enfrentava. Os muros da cidade estavam destruídos, e seus portões estavam queimados.
Então Neemias ficou profundamente triste e orou e jejuou ao Senhor a esse respeito. Isso aconteceu no final de 446 a.C. Cerca de quatro meses depois, já em 445 a.C., o rei persa notou a tristeza de Neemias.
Depois de explicar a Artaxerxes I que o motivo de sua tristeza era pelo fato de Jerusalém estar assolada, o imperador perguntou a Neemias qual era o seu pedido.
O texto bíblico diz que Neemias orou ao Senhor e em seguida solicitou permissão a Artaxerxes I para retornar a Judá e reconstruir os muros de Jerusalém.
O pedido de Neemias para reconstruir os muros de Jerusalém era complicado de muitas formas.
Em primeiro lugar, naquela época os muros e os portões eram símbolos da força e da estabilidade de uma cidade.
Então não raramente, quando uma cidade era conquistada tão logo seus portões eram retirados, e seus muros, derrubados. Isso significa que a reconstrução dos muros de Jerusalém podia ser interpretada como uma ameaça ao domínio central da Pérsia.
Em segundo lugar, parece que aborrecer um imperador persa era uma séria ameaça à vida. Isso explica o temor de Neemias quando Artaxerxes I lhe questionou sobre o seu semblante triste (Neemias 2:2).
Então pedir que o imperador persa permitisse a reconstrução dos muros de uma cidade conquistada, e ainda financiasse a reconstrução, certamente era algo muito perigoso (Neemias 2:8).
Em terceiro lugar, Neemias ocupava uma posição importante na corte persa. Ele era responsável por servir o vinho do rei.
Essa era uma grande responsabilidade, porque numa época em que havia muitas conspirações nas cortes, o copeiro era alguém que podia evitar que o rei fosse envenenado.
O problema é que o pedido de Neemias implicava em sua ausência na corte de Artaxerxes I, algo que, de certa forma, parece ter preocupado o rei (Neemias 2:6).
Mesmo com todas as impossibilidades, a reconstrução dos muros de Jerusalém foi autorizada. Isso não se deu por causa do carisma ou da importância de Neemias, mas porque a “boa mão de Deus” era com ele (Neemias 2:8).
Além disso, quando Neemias reconstruiu os muros de Jerusalém ele também precisou enfrentar muita oposição. Mesmo com a autorização do rei persa, Sambalate e Tobias, governadores d’além do Eufrates, não ficaram satisfeitos com o fato de Jerusalém ser reconstruída.
Mas toda oposição à reconstrução dos muros de Jerusalém fracassou. Os opositores foram derrotados não pelos méritos estratégicos de Neemias, mas porque Deus frustrou os desígnios deles (Neemias 4:15).
Por fim, em apenas 52 dias os muros de Jerusalém foram reconstruídos. Tudo isso aconteceu por causa da soberana mão do Senhor.
Neemias foi um instrumento usado pelo Senhor, mas em última análise, foi Deus quem realizou tudo. O próprio Neemias reconhecia claramente essa verdade, e jamais quis a glória para si por ter liderado aquele empreendimento.
Ele mantinha seus olhos o tempo todo na providência do Senhor no governo de todas as coisas e na execução do seu propósito através do esforço humano (Neemias 1:10; 2:8,18 7:5).
Com relação a construção do segundo templo logo quando a construção do templo de Zorobabel começou passou a enfrentar problemas.
Quando a fundação foi lançada, alguns anciãos perceberam que o segundo templo seria estruturalmente inferior ao primeiro templo (Esdras 3:12). Isso acabou gerando grande desânimo no povo.
Nesse tempo também começaram as investidas de povos vizinhos para obstruir as obras e frustrar a construção do templo de Zorobabel. Os samaritanos foram os maiores opositores nesse sentido. Primeiro eles tentaram oferecer sua ajuda para a construção do segundo templo.
Mas quando os judeus, sob a liderança de Zorobabel e Josué, recusaram sua ajuda, os samaritanos revelaram seu verdadeiro propósito que era o de bloquear completamente a reconstrução do templo e, consequentemente, impedir a revitalização da cidade de Jerusalém.
A oposição externa somada ao desânimo interno fez com que a obra de construção do segundo templo fosse completamente parada.
Na verdade, houve até força armada para garantir que as obras não continuassem (Esdras 4:23). A obra de construção do templo de Zorobabel ficou paralisada até o segundo ano do reinado de Dario, o Grande (Esdras 4:24), cerca de 15 anos.
3.2 OS PROFETAS DA RECONSTRUÇÃO
Foi então no segundo ano de Dario que o Senhor levantou Ageu e Zacarias para profetizar em Jerusalém e incitar Zorobabel a recomeçar a construção do segundo templo (Esdras 5:1).
Os profetas eram os porta-vozes de Deus ao povo. Através deles o Senhor repreendia, exortava, encorajava e confortava o Seu povo escolhido.
Após ouvir a vontade do Senhor por meio dos profetas, Zorobabel e o sumo sacerdote Josué recomeçaram a construção do segundo templo. Então rapidamente mais uma vez os povos vizinhos se levantaram contra a construção.
Eles procuraram investigar com que autorização os judeus estavam construindo o segundo templo, e chegaram a enviar uma carta ao rei Dario cobrando um parecer sobre essa questão. Isso porque os judeus alegavam contar com a autorização que Ciro havia dado.
Dario, ao saber dessas coisas, ordenou que os documentos reais fossem consultados com a finalidade de descobrir se o decreto de Ciro que autorizava a construção do segundo tempo era mesmo verdadeiro.
Ao descobrir que tudo estava correto, Dario permitiu aquela obra, garantiu os recursos para sua execução, e ainda ordenou que os adversários dos judeus não interrompessem de forma alguma a construção do segundo templo (Esdras 6:1-12).
Então o segundo templo foi terminado no sexto ano de Dario, isto é, em aproximadamente 516 a.C. (Esdras 6:15).
O templo de Zorobabel durou por quase 500 anos – mais tempo que o templo de Salomão. Durante esse tempo o templo de Zorobabel resistiu a muitos conflitos e atos perversos e profanos de governantes estrangeiros, e chegou até a ser transformado num tipo de fortaleza.
Mais tarde, em aproximadamente 20 a.C., o rei Herodes começou uma obra reconstrução do templo de Zorobabel com o discurso de que aquele templo não estava à altura da sua antiga glória.
Mas a grande importância do templo de Zorobabel foi o seu significado cristológico. Diferentemente do templo de Salomão, o templo de Zorobabel não abrigou a Arca da Aliança – que acabou sumindo durante o tempo do exílio.
Quando o segundo templo foi terminado, embora tenha sido feita uma grande dedicação, não é dito que a glória de Deus encheu o templo como havia ocorrido na dedicação do primeiro templo (Esdras 6:16-18).
Contudo, ainda assim Deus havia prometido que a glória da segunda casa seria maior que a da primeira (Ageu 2:9).
Sem dúvida essa foi uma promessa messiânica que encontrou seu cumprimento pleno e final na pessoa de Cristo.
O Deus encarnado entrou pelas portas daquele templo reformado sob Herodes; e na ocasião de sua morte no Calvário, foi o véu daquele templo que se rasgou de alto a baixo indicando que agora, pelos méritos de Cristo, os redimidos têm acesso ao Santuário celestial.
CONCLUSÃO
Diante do pecado, Deus sempre agirá com justiça (Sl. 9:8), como foi o caso de Israel ter sido levado cativo pela Assíria e Judá cativa para a Babilônia. Mas Bíblia também diz que Deus é misericordioso e sempre pronto para nos perdoar, por isso, quando repreende, não nos repreende perpetuamente e nem conserva para sempre a sua ira (Sl. 103:9).
De volta a Jerusalém após setenta anos, a nação de Judá teve que enfrentar muitos problemas, oposições e lutas para a reconstrução dos muros, bem como também da construção de um segundo templo, mas as mãos do Senhor sempre estiveram estendidas para eles.
Nesta vida mesmo que enfrentamos lutas, dificuldades e tribulações não podemos ficarmos desanimados, mas perseverar, sendo firmes e constantes, sempre abundante na obra de Deus, sabendo que o nosso trabalho não é vão no Senhor (1Co. 15:58).
De seu conservo,
Adauto Matos
CITAÇÕES E REFERÊNCIAS
1 – Lição 10 – O Cativeiro de Israel: Reino do Norte – https://adautomatos.com.br/home/?p=16904
2 – EETAD – História de Israel – O Cativeiro Babilônico – PÁG. 162,163
3 – Salmo 126: Grandes Coisas o SENHOR Tem Feito – https://estudosdabiblia.net/jbd727.htm
4 – Grandes coisas fez o Senhor por nós por isso estamos alegres ( Salmos 126:3) – https://semeandonoreinodedeus.wordpress.com/2017/11/09/grandes-coisas-fez-o-senhor-por-nos-por-isso-estamos-alegres-salmos-1263/
5- O cativeiro na Babilônia: ordem cronológica da queda de Judá – https://bibliaseensina.com.br/cativeiro-na-babilonia-ordem-cronologica-queda-de-juda/
6 – Neemias Reconstrói os Muros de Jerusalém – https://estiloadoracao.com/neemias-reconstruiu-os-muros-de-jerusalem/
7 – Vídeo: https://youtu.be/lXc-mSR1ryI