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Juvenis – Lição 2- A visão do Cristo vitorioso

No Apocalipse, Jesus Se mostra à Igreja como Ele é após a vitória sobre o pecado e a morte.

INTRODUÇÃO

– Ao revelar as coisas que brevemente hão de acontecer, o Senhor Jesus Se apresenta à Sua Igreja como Ele é, o vencedor da morte e do pecado.

– Apresentando-Se como o Senhor Glorificado, Jesus nos mostra que devemos tê-l’O como “a esperança da glória” (Rm.5:2; Cl.1:27).

I – A INTRODUÇÃO DO LIVRO DO APOCALIPSE

– Na continuidade e conclusão do primeiro bloco de nosso trimestre, após termos tido conhecimento, em linhas gerais, do livro do Apocalipse, hojeestudaremos o capítulo 1 deste livro, que, além da introdução ao livro, traze-nos a visão que João teve de Jesus Glorificado, uma verdadeira apresentação de Cristo à Igreja antes que fossem enviadas as sete cartas às igrejas da Ásia Menor, que representam a “totalidade da Igreja”.

– O livro do Apocalipse inicia-se com a própria identificação do livro: “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos Seus servos as coisas que brevemente devem acontecer, e pelo Seu anjo as enviou, e as notificou a João, Seu servo” (Ap.1:1).

Logo no limiar da revelação, esclarece-se que o livro é uma “revelação de Jesus Cristo”, ou seja, estamos diante do que restava revelar da parte de Deus ao homem por intermédio de Cristo Jesus, por Quem Deus fala nos últimos dias (Hb.1:1).

– Notamos, portanto, que o livro de Apocalipse, embora seja um livro profético, não é um acréscimo à revelação de Deus na pessoa de Jesus Cristo.

É o próprio Senhor Jesus quem revela, da parte de Deus, “as coisas que brevemente devem acontecer”, encerrando, assim, a Bíblia Sagrada. Por isso, após a Bíblia, não se pode aceitar qualquer “revelação” ou “visão” da parte de Deus, visto que são as Escrituras que testificam de Cristo (Jo.5:39).

– O livro do Apocalipse insere-se dentro daquelas coisas que o Senhor Jesus disse aos Seus discípulos, nas últimas instruções, que ainda deveriam ser-lhe reveladas (Jo.16:12) e que se referem ao que foi revelado aos apóstolos e discípulos após a ascensão do Senhor e que são os escritos do Novo Testamento.

Por isso, não se pode, de forma alguma, adicionar ou acrescentar algo à Bíblia Sagrada com valor doutrinário ou autoritário, como, lamentavelmente, fazem alguns segmentos cristãos, que erigem a Tradição com igual ou maior valor que as Escrituras.

– A revelação foi feita por Cristo Jesus, da parte de Deus, como, aliás, ocorreu durante todo o ministério terreno do Senhor (Jo.15:15), tendo tudo sido notificado ao apóstolo João, que é chamado de “servo”, havendo instantes em que a mensagem não foi transmitida diretamente por Cristo, mas por um anjo.

– Notamos, por primeiro, que João é chamado de “servo”, apesar de ser, à época, a maior autoridade da Igreja, uma vez que era o único apóstolo que ainda estava vivo. Isto nos mostra, com absoluta clareza, que o maior título que alguém pode obter sobre a face da Terra é o de “servo de Deus”.

É um privilégio sermos servos, ou seja, termos a Cristo como Nosso Senhor e Salvador. Que bom seria que isto fosse reconhecido pelos que se dizem ser ministros de Cristo na atualidade, que insistem em ser “apóstolos”, “bispos” etc. etc. etc.…

– O texto também nos mostra que a revelação é de Jesus Cristo, vindo da parte de Deus, e que o anjo mencionado serve tão somente como um mensageiro, como um mensageiro, sem qualquer poder ou interferência na entrega da mensagem, precisamente, aliás, como ocorreu na entrega da lei a Moisés (At.7:53).

Seu papel foi apenas o de “enviar” a mensagem, nada mais. Não se pode, pois, admitir, em hipótese alguma, que haja “revelações” ou “visões” onde os anjos têm um papel ativo, proeminente. Quando isto ocorre, temos um eloquente sinal de que não se trata de algo proveniente da parte de Deus.

– Mesmo assim, notemos, ainda, que, no que toca aos três primeiros capítulos do livro, não há qualquer anjo levando a mensagem de Cristo até João.

Na parte do Apocalipse relacionada com a Igreja, temos a intervenção direta de Jesus que, pessoalmente, dita a João as cartas às igrejas da Ásia Menor. Ao assim fazer, o Senhor Jesus mostra a Sua íntima ligação com a Sua Igreja, o Seu cuidado extremo para com o Seu povo, que é Seu corpo (I Co.12:27).

Por isso, em relação à Igreja, ainda mais, não se pode admitir qualquer tentativa de “mediação” entre Cristo e Seus servos, seja através de “anjos”, seja através de Maria, seja através de “santos ou beatos”.

A união existente entre o corpo e a sua cabeça, que é o próprio Cristo (Ef.1:22; 5:23) é tão íntima que não há qualquer espaço para outro ser intermediar tal relacionamento.

– O fato de João ter sido o destinatário desta revelação também nos ensina muito. Por primeiro, mostra-nos, claramente, que o Senhor Jesus está no pleno controle de todas as coisas, é uma comprovação de que Lhe foi dado todo o poder no céu e na terra (Mt.28:18), porquanto nos dá conta de que ninguém pôde lançar mão da vida do velho apóstolo enquanto não se deu tal revelação.

– Por segundo, mostra-nos que Jesus é fiel e cumpridor da Sua Palavra, vez que, ainda antes de ascender aos céus, havia dito que o apóstolo João não morreria sem que, antes, o Senhor Jesus viesse (Jo.21:22,23), vinda esta que é, precisamente, a revelação que consiste no livro do Apocalipse.

– Por terceiro, é uma demonstração do que está a aguardar todos quantos se mantêm fiéis ao Senhor Jesus e nunca O abandonam.

João foi o único discípulo que não abandonou o Senhor no momento de Sua paixão e morte, é o único que foi visto ao pé da cruz no Calvário (Jo.19:25,26).

Ao ser o destinatário da revelação das “coisas que brevemente hão de acontecer”, João nos mostra que todos quantos não abandonarem o Senhor Jesus, que tomarem a sua cruz, certamente também terão a visão da glória de Deus.

Como disse o apóstolo Paulo: “…se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados.” (Rm.8:17b).

– Esta revelação, por fim, não ficou guardada no coração e mente do apóstolo. Pelo contrário, o texto nos diz que, tendo-a recebido, o apóstolo testificou da “Palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo e de tudo que tem visto” (Ap.1:2).

Apesar dos anos e da situação aflitiva em que se encontrava, o apóstolo João manteve-se fiel à ordem de Jesus para anunciar a Sua Palavra e, por isso, não só escreveu mas também falou a respeito daquilo que lhe foi revelado, pouco se importando se a mensagem teria, da parte de muitos cristãos, alguma resistência, como nos mostra a história da Igreja.

– A fidelidade de João, uma vez mais, é provada. Além de ter estado com o Senhor junto à cruz e de ter, ao longo de seu ministério, cumprido o “ide” do Senhor, evangelizando o mundo de então, também, nos derradeiros dias de sua vida sobre a face da Terra, mesmo sob os olhares incrédulos de alguns, não deixou de divulgar a mensagem e revelação que recebeu de seu Senhor, da parte de Deus, a respeito das coisas que “brevemente hão de acontecer”.

Temos tido também esta mesma fidelidade à ordem de Cristo para evangelizarmos o mundo e divulgarmos a Palavra do Senhor?

– Neste introito, também, fica patente, como já vimos na lição anterior, que o livro do Apocalipse fala das “coisas que brevemente hão de acontecer”, ou seja, tem de ser entendido numa perspectiva futurista, entendido o futuro a partir do momento em que foi escrito, ou seja, o da segunda grande perseguição do Império Romano contra a Igreja (a chamada “perseguição de Domiciano”). Não há como, pois, deixarmos de interpretar o Apocalipse senão dentro de uma linha futurista.

– Em Ap.1:3, temos, então, a primeira das sete bem-aventuranças do livro do Apocalipse, a saber: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”.

– Vemos, aqui, uma razão a mais para que João divulgasse a revelação que havia recebido. Ela seria fonte de “bem-aventurança”, de “mais que felicidade” a todos os que a ouvissem e guardassem as coisas que nela estão escritas.

O livro do Apocalipse é uma profecia que deve ser atentamente observada pelos seus leitores e ouvintes, porque o tempo está próximo, não são muitos os dias da Igreja sobre a face da Terra.

Se o tempo já era próximo por volta do ano 96, que podemos dizer quando nos encontramos em pleno século XXI? Fica evidente, ademais, como todo este receio e desprezo ao livro do Apocalipse não passa de uma artimanha maligna para privar o povo de Deus desta bem-aventurança.

– Após este introito, o apóstolo João inicia a redação da revelação que teve da parte do Senhor Jesus, dirigindo-se às sete igrejas que estavam na Ásia.

Quando falamos aqui em Ásia, não podemos nos confundir com o continente asiático, o maior de todos os continentes.

Naquele tempo, a palavra Ásia referia-se a uma região bem menor, a “província romana da Ásia”, que se localizava na área ocidental da Turquia, também chamada de “Ásia Menor”. Esta região parece ter sido a área a que se dedicou o apóstolo João na fase derradeira de seu ministério.

– Vemos, pois, que os três primeiros capítulos de Apocalipse são dedicados a estas “sete igrejas”. Mais do que um número, o fato de serem “sete” as igrejas nos fala algo mais profundo, visto que, no mesmo versículo (Ap.1:4), também são mencionados os “sete espíritos que estão diante do Seu trono”.

Como bem explica o pastor José Serafim de Oliveira:

“…nem sempre o número sete na Bíblia significa seis mais um. Sempre que este número aparece, convém analisá-lo à luz do contexto, porque tanto pode significar sete mesmo, isto é, seis mais um, como dar ideia de (e que aqui vai algo muito importante) Plenitude, de Perfeição! (Desvendando o Apocalipse: o livro da Revelação, p.11).

– João começa, então, a introduzir as cartas destinadas a estas sete igrejas, a mensagem de Cristo a elas, apontando, já na sua saudação, a “graça e paz d’Aquele que é, e que era, e que há de vir”. Jesus é apresentado, portanto, como o Verbo Eterno, Aquele que é Deus, que sempre existiu e que virá para buscar a Sua Igreja. 

Não basta, pois, reconhecermos Jesus como o Deus que Se fez homem, mas precisamos, também, jamais nos esquecer que Ele virá e que devemos estar preparados para este momento, que, como disse o apóstolo, ocorrerá em tempo próximo.

– É assaz preocupante vermos, em nossos dias, como a mensagem da volta de Jesus está ausente de nossos púlpitos.

A apostasia que grassa no meio da Igreja, inclusive para cumprimento da Palavra de Deus, tem feito desaparecer esta mensagem que é fundamental para o cristão: Jesus há de vir. Que bom será que voltarmos aos primórdios do movimento pentecostal e não cessarmos de proclamar que Jesus em breve virá!

– Além da graça e paz de Jesus, identificado como Aquele que é, e que era e que há de vir, também se fala dos “sete espíritos que estão diante do Seu trono”. Quem são estes “sete espíritos”? Como já vimos, o número sete aqui não indica uma quantidade numérica, mas, sim, uma “totalidade”, uma “plenitude”. Está-se a falar, aqui, do Espírito Santo, o Consolador que o Senhor Jesus nos mandou para que ficasse conosco e não nos deixasse órfãos até a Sua vinda (Jo.14:16-18).

– Temos aqui mais um indicador de que os três primeiros capítulos do livro do Apocalipse encerram um período diferente do do restante do livro, visto que aqui está presente, em Sua plenitude, o Espírito de Deus. Aqui, temos, ao lado do Senhor Jesus, o Espírito Santo, em toda a Sua plenitude. “Os sete espíritos que estão diante do trono de Jesus” é o Espírito Santo derramado, que atua em toda a Sua intensidade sobre a Igreja, assim como atuou no ministério terreno de Jesus.

– O profeta Isaías, o chamado “profeta messiânico”, já havia profetizado que o Messias, em Seu ministério, atuaria com a plenitude do Espírito, com os “sete espíritos”, a saber: “o espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de inteligência, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor” (Is.11:2). Nesta oportunidade, aliás, foi quando o profeta viu a glória do Senhor (Jo.12:41), o mesmo que se deu com o apóstolo João no Apocalipse.

OBS: No rito católico romano da confirmação, quando se pede a unção do Espírito Santo sobre os confirmandos, é pedido, precisamente, que o Senhor conceda àqueles fiéis “…o espírito de sabedoria e inteligência, o espírito de conselho e fortaleza, o espírito da ciência e piedade – e enchei-os do espírito de vosso temor”, conforme se vê no § 1299 do Catecismo da Igreja Romana.

– Como afirma o pastor Severino Pedro da Silva: “…Esta expressão [os sete espíritos, observação nossa] é repetida nos capítulos 3:1 e 4:5.

Ela está associada aos ‘sete olhos do Senhor, que discorrem por toda a terra’ (Zc.4:10). Significa: ‘…da parte do Espírito Santo em Sua plenitude septiforme’ (cf. 3:1; 4:5 e 5:6).(…). Podemos observar, no presente texto, a multiforme operação do Espírito Santo, pois os ‘sete espíritos de Deus’ são: ‘as diferentes operações do Espírito Santo nessa perfeição, que, necessariamente, lhes pertence’ [Scroggie, Dr. Graham. Not. Diar. Sec. 18]…” (Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.16).

– Em seguida, o apóstolo identifica o autor da mensagem, ou seja, o Senhor Jesus, que é apresentado como “a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da Terra”. 

Jesus pode mandar esta mensagem às igrejas situadas na Ásia, tem autoridade para isto porque, em primeiro lugar, é a “fiel testemunha”, ou seja, a única pessoa na face da Terra que pôde viver sem pecar, em tudo se dando por testemunha do amor do Pai aos homens.

Por ter sido fiel, tinha condições de revelar o que faltava da parte do Pai à humanidade. Por isso, qualquer “acréscimo” que se queira dar às Escrituras é, antes de tudo, fazer de Deus mentiroso, pois não crê no testemunho que Deus de Seu Filho deu (I Jo.5:10).

– A segunda credencial apresentada pelo Senhor Jesus que Lhe dá autoridade para fazer esta revelação é o fato de ser Ele “o primogênito dos mortos”, ou seja, de ser o primeiro a vencer a morte e o pecado, a ressuscitar num corpo glorificado.

A Sua ressurreição é a prova de Sua vitória e a esperança da vitória de tantos quantos n’Ele creem. Não há, pois, como se crer em qualquer “visão” ou “revelação” que negue a ressurreição do Senhor, como ocorre, por exemplo, com o Alcorão.

OBS: O Alcorão nega que Jesus tenha sido crucificado e, consequentemente, nega que tenha ressurgido três dias depois da crucifixão. Eis o texto: “ E por seu dito: ‘Por certo, matamos o Messias, Jesus, Filho de Maria, Mensageiro de Allah’. Ora, eles não o mataram nem o crucificaram, mas isso lhes foi simulado.…”(4:157).

– A terceira credencial apresentada pelo Senhor Jesus que lhe dá autoridade para fazer esta revelação é o fato de ser Ele “o príncipe dos reis da terra”.

Por ter vencido o pecado e a morte, foi-lhe dado “todo o poder no céu e na terra”. Embora ainda não seja visível este domínio sobre toda a Terra, tal domínio se tornará visível brevemente, como mostrará o próprio livro do Apocalipse. Assim, para a Igreja, o Senhor já está a reinar, reino este que se estenderá para este mundo. A própria revelação é a prova de que o Senhor está no absoluto controle de todas as coisas.

– Com estas credenciais, porém, o Senhor Jesus não Se distancia de Sua Igreja. João nos mostra que, apesar de estar exaltado acima de todo o nome (Fp.2:9), Ele nos ama, em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados e nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai (Ap.1:5,6). Este Cristo glorioso e rei é, também, Aquele que morreu por nós e quer que estejamos para sempre com Ele. Aleluia!

– Seu senhorio tornar-se-á visível quando vier com as nuvens e todo o olho o vir, inclusive os judeus, que foram os que O traspassaram, ocasião em que todas as tribos da Terra, isto é, os gentios, se lamentarão sobre Ele, visto que virá para mostrar que é o “príncipe dos reis da Terra”, apesar de ter sido por eles rejeitado (Sl.2:1-3).

– Muitos aqui discutem o texto do Apocalipse, querendo ver, nesta passagem, a negação do arrebatamento da Igreja, uma vez que se fala numa vinda gloriosa do Senhor visível a todos, o que não ocorrerá no arrebatamento. Entretanto, sem razão quem assim pensa. Senão vejamos.

– João está a falar da identidade d’Aquele que lhe deu a revelação, como uma introdução às cartas destinadas às igrejas da Ásia. Jesus Se identifica como “a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da Terra”.

Ora, a Igreja, a quem João se dirige, sabe que Jesus é “a fiel testemunha” e “o primogênito dos mortos”, pois experimenta já o Seu amor e o perdão dos pecados no Seu sangue.

Entretanto, ainda não experimentou este reino visível do Senhor, o que se dará, precisamente, quando, juntamente com o Senhor, na qualidade de reis e sacerdotes, vier, de forma gloriosa, para verificar a conversão de Israel e o lamento dos gentios impenitentes.

– A alusão aqui à chamada “Parousia”, ou seja, “a vinda de Jesus em glória”, é mais do que pertinente, pois é a única vinda em que Jesus virá acompanhado da Sua Igreja, em que a glória, que a Igreja já desfrutará desde o arrebatamento, se tornará visível a todas as nações da Terra. A “esperança da glória” não abrange apenas o arrebatamento, mas a vinda triunfante de Cristo para estabelecer o seu reinado sobre a face da Terra.

– Por isso mesmo, o próprio Senhor Jesus Se identifica para a Igreja como sendo “o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap.1:8). A revelação dada a João tem esta finalidade, este objetivo: o de mostrar que em Cristo se cumprem todas as coisas, o de mostrar que Jesus tem todo o poder, que podemos esperar n’Ele a glória. Aleluia!

II – A VISÃO DO CRISTO GLORIFICADO

– Após esta saudação, o apóstolo João, dando conta da historicidade e realidade da revelação que recebera, diz em que circunstâncias ela se deu. Identificando-se como “vosso irmão e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo”, afirmou que estava na ilha chamada Patmos, por causa da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo (Ap.1:9).

– Conforme já dissemos, este é o motivo pelo qual foi João o destinatário da revelação: ele sempre fora companheiro na aflição de Cristo e, portanto, agora, também seria companheiro no Seu reino, na Sua glória. E, assim como João, todos quantos padecerem pelo nome do Senhor, que não negarem o Seu nome, também participarão da Sua glória. Somos dos tais?

– Ao dizer que teve esta revelação enquanto estava preso na ilha de Patmos, uma ilha situada a 55 km da costa sudoeste da Turquia, no mar Egeu (que divide a Grécia da Turquia), utilizada como lugar de banimento nos tempos do Império Romano, João nos dá a data aproximada do livro do Apocalipse, visto que tal exílio se deu durante a perseguição aos cristãos determinada pelo imperador Domiciano, entre 95 ou 96.

Tratava-se de uma “ilha-presídio”, onde eram mandados presos considerados perigosos, notadamente os “presos políticos”. João, por ser o único apóstolo vivo de Jesus, naquela época, assim foi considerado diante de um quadro de perseguição da Igreja.

– Neste instante de solidão, de angústia, de grande aflição é que o apóstolo João vai ver cumprida a promessa de Jesus de que não morreria antes que o Senhor viesse ao Seu encontro.

Isto nos dá também uma importante lição: de que, nos momentos de aflição e dificuldade que viermos a passar em nossa peregrinação terrena, jamais nos esqueçamos de que Jesus Se faz presente, não nos abandona, por piores que sejam as condições em que nos encontremos.

Amados irmãos, se permanecermos fiéis ao Senhor, mesmo nas agruras, mesmo na solidão de Patmos, Jesus estará conosco e manifestará a Sua glória. Aleluia!

– No dia do Senhor, quando João, quem sabe, estava a lamentar a impossibilidade de cultuar a Deus com os demais irmãos, de pregar o Evangelho, de cumprir o seu ministério apostólico, foi ele arrebatado em espírito e ouviu detrás dele uma grande voz, como de trombeta (Ap.1:10). Este “dia do Senhor” outro não é senão o domingo, o primeiro dia da semana, o dia da ressurreição de Jesus, o dia em que Jesus Se apresentou como “o primogênito dos mortos” (Mc.16:9).

– Esta voz determinou a João que escrevesse num livro o que visse e o enviasse às sete igrejas da Ásia, a saber: Éfeso, Smirna, Pérgamo, Tiatira, Sardo, Filadélfia e Laodiceia. Embora não pudesse pregar a estas igrejas, o apóstolo poderia escrever e mandar cartas a estas igrejas.

O interesse do Senhor Jesus era o de mandar mensagens à Sua Igreja, a fim de prepará-la para as “coisas que brevemente iriam acontecer”.  Em meio a este período de intensa tribulação, o Senhor não quis que a Igreja desanimasse e para que tivesse bom ânimo em meio às aflições deste mundo (Jo.16:33), determinou que se escrevessem as cartas.

– Nos momentos de aflição do tempo presente, para não desanimarmos e perseverarmos em meio às tribulações pelas quais importa que passemos para entrarmos no reino de Deus (At.14:22), é imprescindível que venhamos a ter contato com as Escrituras Sagradas, que tenhamos conhecimento das profecias e detectemos o seu estrito cumprimento neste mundo em que vivemos.

O papel da Bíblia Sagrada, a maior de todas as profecias, é nos consolar, dar paciência e impedir a nossa corrupção espiritual (Pv.29:18; Rm.15:4). Por isso, tem o inimigo de nossas almas lutado tenazmente para tirar as Bíblias das mãos, olhos e ouvidos dos que cristãos se dizem ser. Tomemos cuidado, amados irmãos!

– Esta ordem levou João a procurar saber quem estava a falar com ele. João mostra aqui ser um exemplar servo do Senhor.

Ao ouvir a voz, como de trombeta, e a ordem para que escrevesse as cartas, imediatamente quis saber quem falava com ele. O servo de Deus é justo e, por isso, ao contrário dos ímpios, investiga tudo quanto lhe vem à mente e ao conhecimento (Sl.10:4). É humilde e, portanto, busca nas Escrituras a base para toda e qualquer “visão”, “revelação” ou “descoberta”.

– João quis saber quem falava com ele, antes de iniciar a sua escrita, porque tinha discernimento espiritual e não era pessoa de “engolir qualquer coisa”, como, lamentavelmente, são muitos dos que cristãos se dizem ser nos dias atuais.

Precisamos, amados irmãos, ter discernimento espiritual, ter íntima comunhão com o Senhor Jesus para que não sejamos enganados nestes dias tão difíceis em que estamos a viver em que, se possível fora, seriam enganados até os escolhidos (Mt.24:24). Tomemos cuidado, amados irmãos!

– Ao se virar para saber quem estava a falar com ele, o apóstolo João viu sete castiçais de ouro e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do homem (Ap.1:12,13). Os sete castiçais de ouro, como revelaria o próprio Senhor Jesus, representavam as sete igrejas da Ásia (Ap.1:20).

– Como o número sete significa aqui a “totalidade”, a “plenitude”, temos que a visão se refere à Igreja como um todo.

A Igreja é “de ouro”, ou seja, tem origem divina, pois o ouro, nas Escrituras, indica a divindade. Não é uma criação humana, mas um projeto de Deus que existia ainda antes da fundação do mundo (Ef.3:1-10). Por isso, ninguém, nem mesmo as portas do inferno, podem prevalecer contra a Igreja, pois ela é edificada pelo Senhor Jesus (Mt.16:18).

– Além de ser “de ouro”, a Igreja é identificada como “castiçal”. Ora, sabemos que o “castiçal” nada mais que é um “candelabro”, um “velador”, ou seja, “utensílio de materiais diversos (metal, madeira, porcelana etc.), com base de apoio, e em cuja parte superior há um bocal onde se coloca uma vela para iluminar” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). No texto grego original, a palavra utilizada é “luxnía” (λυχνία), que é traduzida por “candeia” em Mt.5:15.

– Ao simbolizar a Igreja como “castiçal”, o Senhor Jesus nos lembra o dever da Igreja que é a de ser “luz do mundo”, ou seja, de viver de tal maneira que suas boas obras façam os homens glorificar ao nosso Pai que está nos céus (Mt.5:15-16).

Portanto, não pertence à Igreja todo aquele que tem uma vida igual a do mundo, todo aquele que ainda está em trevas e não vem para a luz por causa de suas más obras (Jo.3:19-21). Temos sido luz?

– Mas, além de identificar a Igreja como “castiçal de ouro”, João diz que, no meio dos castiçais, estava um semelhante ao Filho do homem. A Igreja caracteriza-se pela presença de Jesus em seu meio! “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt.18:20).

– Logo ao contemplar a visão, o apóstolo João tem a clareza de que Jesus está no meio da Sua Igreja. Apesar de toda aquela perseguição que os cristãos estavam a sofrer, Jesus não os havia deixado, estava no meio deles!

Que segurança, que paz invadem nossas almas quando temos a certeza de que Jesus está conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt.28:20b). O Todo-Poderoso também é Aquele que está no meio de nós. Aleluia!

– Jesus apresenta-Se a João como “um semelhante ao Filho do homem”. Jesus já não era igual ao homem que havia vivido trinta e três anos sobre a face da Terra. Agora, era “semelhante”, porque estava glorificado, não mais era aquele homem de carne e sangue que havia vivido entre os homens.

De igual maneira, nós, quando formos glorificados, não seremos iguais ao que agora somos, mas seremos semelhantes a Ele (I Jo.3:2). João agora contemplava o Senhor Jesus, cumprindo-se, para ele, a esperança que já tinha de que veria a Jesus como Ele é. E nós, se formos fiéis ao Senhor até o fim, também teremos cumprida esta esperança.

– Jesus Se apresentou a João, primeiramente, vestido até os pés de um vestido comprido.

“…A veste comprida de Cristo era uma vestimenta talar, usada exclusivamente pelos sacerdotes e juízes no desempenho de suas funções. É isso realmente a dupla função do Filho de Deus atualmente (II Tm.2:8 e Hb.3:1)…(SILVA, Severino Pedro da. op.cit.,  p.23). “…O apóstolo São João viu o Senhor Jesus glorificado como está no céu, vestido como sacerdote, com vestes semelhantes aos sacerdotes judeus.…” (OLIVEIRA, José Serafim de. op.cit., p.14).

– Jesus, ao ser glorificado, subiu aos céus (At.1:9; 3:21) e lá está à direita do Pai, intercedendo por nós, como o sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (At.7:55,56; Is.53:12; Hb.7:21; 8:1,2). Jesus é o sumo sacerdote da Igreja, Aquele que não só ofereceu um sacrifício único e perfeito, que tirou os pecados do mundo (Jo.1:29; Hb.9:26) e que virá outra vez para aqueles que O esperam para salvação (Hb.9:28).

– Nesta visão, João teve a convicção de que, em todas as aflições e tribulações por que passamos neste mundo, podemos recorrer a Cristo, em oração, pois Ele é o nosso sumo sacerdote, Aquele que é o único mediador entre Deus e os homens (I Tm.2:5). Por isso, podemos, com ousadia, entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne (Hb.10:19,20).

– Não há razão alguma, pois, para que, em momentos de dificuldade e de aflição, recorramos a outros mediadores, sejam eles “apóstolos”, “santos”, “beatos” e muito menos “anjos”. Temos acesso direto ao Senhor Jesus, até porque Ele apenas é o sumo sacerdote, e, como sabemos, na lei ninguém podia entrar no Santo dos Santos a não ser o sumo sacerdote (Lv.16), prova de que não há quem possa interceder por nós no céu a não ser o Senhor Jesus. Por isso até a revelação é do próprio Jesus, da parte de Deus (Ap.1:1).

– Mas as vestes compridas também revelam que Jesus é o Juiz que há de julgar os vivos e os mortos na Sua vinda e no Seu reino (II Tm.4:1; I Pe.4:5). O Apocalipse é o livro do juízo de Deus, julgamento este, inclusive, que começa pela casa do Senhor, que começa pela Igreja (I Pe.4:17).

Por isso, o livro do Apocalipse começa com as cartas à Igreja, onde há um julgamento das obras dos crentes, para, depois, manifestar a ira do Cordeiro sobre judeus e gentios. Estamos preparados para este juízo?

Não nos esqueçamos que todos haveremos de comparecer perante o Tribunal de Cristo (Rm.14:10; II Co.5:10). A esperança da glória implica, também, na esperança do juízo, da prestação de contas perante Aquele que tudo vê e tudo conhece (Hb.4:13).

– Mas, além das vestes talares, o Senhor Jesus também foi visto por João “cingido pelos peitos com um cinto de ouro” (Ap.1:13 “in fine”).

“…O cinto de ouro cingido à altura do peito era também usado pelo sacerdote quando este ministrava no santuário, estava à altura do peito, e não dos rins, para ajustar as vestes de modo a facilitar os movimentos; assim, quando o cinto está em volta de seus lombos, o serviço é proeminente (Cf. Jó 38:3; Jo.13:4,5), mas quando o cinto está em volta do peito implica juízo sacerdotal dignificado, coisas que são inerentes ao Filho de Deus tanto no passado como no presente. Na simbologia profética das Escrituras Sagradas aponta também a pureza, a inocência de Cristo (Sl.132:9).…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.23).

– O cinto de ouro mostra que Jesus é Deus, pois, como já dissemos, o ouro nos fala da divindade. Como afirmou o pastor Severino Pedro, o fato de estar à altura do peito, mostra que Jesus, mesmo glorificado, continua Seu serviço, veio para servir e não para ser servido (Mt.20:28; Mc.10:45).

– Este ponto traz-nos uma importante e fundamental lição. Mesmo glorificado, o Senhor Jesus continua a servir à Igreja. Sendo a cabeça da Igreja, Ele é o primeiro a servir, pois, na Igreja, o maior deve servir o menor (Mt.20:26).

Por que, então, muitos que cristãos se dizem ser, só porque têm algum cargo nas igrejas locais, não mais querem servir e sim, ser servidos? Que, ao lerem a respeito da visão do Cristo Glorificado, mudem seu comportamento, pois se o Cristo Glorificado está pronto a servir, como poderemos achar que pertenceremos à Sua Igreja com outra mentalidade que não a do serviço?

– Estando a servir, o Senhor Jesus, mesmo glorificado, ensina-nos que o que nos espera no céu é um sublime serviço a Deus.

Por isso, Jesus Cristo disse que seremos como os anjos (Mt.22:30; Mc.12:25), referência que não diz respeito apenas à assexualidade na eternidade, mas, também, à condição de servidores perfeitos que os anjos hoje ostentam (Sl.103:21; Hb.1:14).

Por isso, não podemos admitir pensamentos como os de que, na eternidade, estaremos em um sublime ócio, com “sombra e água fresca”. Os céus são um lugar para servidores, não para ociosos. Nosso céu não é o paraíso dos muçulmanos!

OBS: Dentre outras referências, escolhemos esta do Alcorão para mostrar que os que se dizem cristãos e esperam “sombra e água fresca” nos céus são, na verdade, pessoas impregnadas de islamismo. Eis o texto:

“Exceto os servos prediletos de Allah. Esses terão determinado sustento: frutas. E serão honrados, nos jardins da Delícia, estarão em leitos, frente a frente; far-se-á circular, entre eles, taças de vinho de fonte fluida, branco, deleitoso para quem o bebe, nele não haverá mal súbito; e, com ele, não se embriagarão.

E, juntos deles, estarão aquelas de belos grandes olhos, de olhares restritos a seus amados, assemelham-se a ovos resguardados e uns aos outros dirigir-se-ão, interrogando-se. Um deles dirá; ‘Por certo, eu tinha um acompanhante.” (3:40-51).

– Por ser um servidor exemplar, o Senhor Jesus poderá julgar as obras de todos os homens, inclusive os membros do Corpo de Cristo.

Apresentando-se como um servidor, o Senhor Jesus tem autoridade moral para dizer a cada uma das igrejas a quem Se dirigirá: “Eu seis as tuas obras”. Lembremo-nos disto, amados irmãos, quando estivermos a fazer a obra do Senhor.

– João prossegue a descrição do Cristo Glorificado, dizendo que Ele tinha a cabeça e os cabelos brancos, como a lã branca, como a neve (Ap.1:14). Esta descrição remete-nos ao livro de Daniel, onde o profeta teve uma visão de um “ancião de dias”, cujo cabelo da sua cabeça era como a limpa lã (Dn.7:9) e a quem se dirigiu um Filho do homem a quem foi dado todo o domínio, honra e reino (Dn.7:14).

Assim, num primeiro momento, o fato de a cabeça e o cabelo serem brancos, como a lã branca e como a neve indica-nos a divindade de Cristo, que é a expressa imagem do Pai (Hb.1:3), um ser em que habita a plenitude da divindade (Cl.1:19). Jesus Glorificado não deixou de ser homem, mas é e sempre será Deus. Aleluia!

– “…Entre o povo de Deus, a ‘coroa de honra são as cãs…’ (Pv.16:31-a). Certamente, a alvura da cabeça e cabelos de Cristo provém, em parte, da intensidade da glória celestial e em parte da sabedoria e idoneidade moral.

Assim, a brancura de Seus cabelos aqui não significa velhice, antes, sugere a eternidade, indicando também pureza e divindade.…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.24).

– O Senhor Jesus apresenta-Se a João como Aquele que, além de ser Deus e ter todo o poder, tem idoneidade moral. As cãs indicam a Sua honra, a Sua condição de alguém que nunca pecou e que, por isso, pode nos salvar.

Não temos o que temer, amados irmãos, porque Jesus tem idoneidade moral para nos orientar e nos dirigir. Estejamos, pois, atentos ao que nos diz o Espírito Santo, que é quem nos guia e nos faz lembrar o que Jesus nos tem ensinado (Jo.14:26; 16:13).

– O Senhor Jesus, também, é  a sabedoria de Deus (I Co.1:24,30), na qual aprenderemos o que é reto e onde acharemos o verdadeiro conhecimento (Pv.8:6-9).

Por ser o Cristo Glorificado a sabedoria, os salvos puderam saber as “coisas que brevemente hão de acontecer”, para que não sejam enganados e alcancem as necessárias prudência e ciência dos conselhos (Pv.8:12) que lhes permitirão chegar até o fim vitoriosos sobre o pecado e o mal. Por ser o Senhor Jesus a sabedoria, podemos andar pelo caminho da justiça, no meio das veredas do juízo e herdar bens permanentes (Pv.8:20,21). Temos desfrutado desta sabedoria?

– Mas, além dos cabelos e cabeça brancos, João viu que o Senhor também tinha “olhos como chama de fogo” (Ap.1:14).

Esta visão nos remete a uma outra passagem do livro de Daniel, onde, também, um ser celestial apareceu ao profeta tendo “olhos como tocha de fogo”. No entanto, em Daniel, aquele ser não era o Senhor Jesus e, sim, um anjo que lhe veio explicar a visão que tivera. Aqui, estamos diante d’Aquele diante de quem “…não há criatura alguma encoberta, antes todas as coisas são nuas e patentes aos olhos d’Aquele com quem temos de tratar” (Hb.4:13).

– Os olhos como “chamas de fogo” são a demonstração de que o Senhor Jesus é onisciente, sabe todas as coisas, vê todas as coisas. Não há como fugirmos d’Ele, não há como escondermos algo d’Ele.

Nas cartas às igrejas, o Senhor Jesus mostrará toda a Sua onisciência, bem distinguindo aqueles que O servem de verdade e os que fingem ser Seus servos. Os olhos como “chama de fogo” veem não só o próprio corpo, i.e., a Igreja, como também tudo o que está para ocorrer e todas as artimanhas malignas, como se demonstrará no decorrer da revelação. Temos consciência de que o Senhor sempre está nos vendo?

– Os olhos como “chama de fogo” também nos mostram que o Senhor Jesus trabalha com o “fogo”, fogo que, a um só tempo, purifica como destrói. Para os que n’Ele crerem, o fogo virá para nos purificar, nos aperfeiçoar, a fim de que possamos viver para sempre com o Senhor (I Pe.1:6,7).

Para os que O rejeitarem, porém, será o fogo do juízo, a justa retribuição pela rebelião ao Senhor dos senhores (Mt.3:12; 13:30,40). Em que fogo seremos queimados?

– Prosseguindo em sua descrição da visão do Cristo Glorificado, João afirmou que os pés de Cristo eram “semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha” (Ap.1:15).

“…No campo espiritual, realmente isto aconteceu com o Filho do homem durante a Sua vida terrena. Ele passou pela fornalha do sofrimento, e foi provado no fogo do juízo de Deus (Cf. Lc.22:44; Hb.5:7). Além de outros sacrifícios apresentados na antiga aliança que tipificavam a Cristo sofrendo até a morte, em lugar do pecador.…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.24).

– A visão dos pés de Cristo mostra-nos, com clareza, que os passos de Cristo sobre a face da Terra foram confirmados pelo Senhor(Sl.37:23), ou seja, de que o Senhor Jesus, em Sua peregrinação terrena, foi fiel, nunca pecou embora em tudo tenha sido tentado (Hb.4:15) e, por isso, Seu trabalho agradou ao Pai (Is.53:11).

– Nesta visão, o Senhor Jesus ensina à Sua Igreja de que vale a pena seguir as Suas pisadas (I Pe.2:21), porquanto são pisadas que nos conduzem à vitória. Apesar de ter sido extremamente provado, o Senhor foi aprovado por Deus (At.2:22) e nós, a exemplo de Apeles, podemos ser, também aprovados em Cristo (Rm.16:10). Aleluia!

– Aliás, mais do que um privilégio, é mister que sejamos aprovados pelo Senhor. Para que isto aconteça, devemos, em primeiro lugar, não louvar a nós mesmos, mas esperar sermos louvados pelo Senhor (II Co.10:18), por intermédio de uma vida consagrada, que nos permita, inclusive, ser instrumentos da demonstração do poder de Deus (At.2:22).

Outra forma de obtermos a aprovação do Senhor, em especial os obreiros, é manejar bem a Palavra de Deus (II Tm.2:15). Quantos obreiros, ultimamente, até por serem “fabricados” e não vocacionados, estão carecendo da aprovação divina…

– João, então, diz que esta personagem que lhe apareceu tinha uma voz como “a voz de muitas águas” (Ap.1:15).

Esta descrição remete-nos a uma visão do profeta Ezequiel. Em Ez. 43:2, o profeta diz que ouviu a voz de Deus como “a voz de muitas águas”. Temos mais uma demonstração da divindade de Cristo Jesus. O Senhor Glorificado deixa transparecer a Sua divindade em todo o seu esplendor nesta visão, fazendo João, certamente, rememorar a experiência que tivera no monte da Transfiguração.

– Na sequência da descrição de sua visão, o apóstolo João diz que o Senhor tinha na Sua destra sete estrelas (Ap.1:16), estrelas que o próprio Cristo dirá que representam os “anjos das sete igrejas” (Ap.1:20), ou seja, os pastores que haviam sido constituídos para liderá-las, pastores que são “anjos”, ou seja, mensageiros do Senhor.

– Esta visão mostra-nos que os ministros na igreja do Senhor são, a um só tempo, pessoas escolhidas por Cristo — que é quem dá à Igreja, como dons, os ministros e seus respectivos ministérios (Ef.4:11) —, como também são pessoas que devem sempre estar “nas mãos do Senhor”, ou seja, pessoas submissas inteiramente à vontade do Senhor Jesus.

– Todos os crentes devem estar conscientes de que os ministros são dádivas, dons de Cristo à Igreja, mas os ministros também devem estar conscientes de que estão “nas mãos do Senhor” e que estão sendo observados em sua fidelidade pelo dono da obra.

As cartas mostraram claramente que o Senhor observa a todo ministro. Que bom será de se todos os ministros tiverem a exata compreensão do que significa estar nas mãos do Senhor, pois “horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb.10:31).

– Da boca do Senhor, diz João, saía uma aguda espada de dois fios (Ap.1:16). A espada de dois fios, sabemos todos, é a Palavra de Deus, como nos ensina o escritor aos hebreus (Hb.4:12). A boca remete ao falar e o falar de Cristo outro não é senão a Bíblia Sagrada, as Escrituras que são a única testemunha do Senhor Jesus (Jo.5:39).

 Jesus nada fala além das Escrituras e temos aqui um norte seguro para julgar profecias, visões e revelações que chegam ao nosso conhecimento. Somente o conhecimento das Escrituras, que são a verdade (Jo.17:17), poderá nos libertar do pecado e do mundo (Jo.8:32).

Quantos, porém, em vez de frequentar as Escolas Bíblicas Dominicais e os cultos de doutrina estão a perder seu tempo com “lorotas” de “revelações” e outras invencionices tão comuns em nossos dias…

– O rosto do Senhor Jesus Glorificado visto por João era como o sol, quando a sua força resplandece (Ap.1:16).

“…As igrejas são castiçais; seus ministros são estrelas, mas Cristo é o sol (Ml.4:2).

Ele é para o mundo moral o que o sol é para o mundo físico. A luz do rosto de Jesus Cristo é tal que na nova Jerusalém ‘não é necessitarão de lâmpada nem de luz do sol…’ porque ‘…o Cordeiro é a sua lâmpada’ (Ap.21:23; 22:5).

Num contexto geral do significado do pensamento, o rosto dos justos resplandece como o sol (Mt.13:43), o que também sucede no caso dos anjos (Ap.10:1).…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.25).

– Esta passagem permite-nos ver a biblicidade de conhecido hino sacro intitulado “o rosto de Cristo”. Não podemos, pois, aceitar a adoração ou veneração de imagens e ícones que apresentam o Cristo triste, cabisbaixo, vencido, mas temos de entender que, para a Sua Igreja, lá na ilha de Patmos, o Senhor Se apresentou com um rosto brilhante, fulgurante, triunfante, a fim de nos lembrar que Ele é a luz do mundo (Jo.8:12; 9:5), o Sol da justiça (Ml.4:2)!

– Este sol brilhava intensamente como se estivéssemos ao meio-dia, ou seja, uma luz que a tudo alumia, nada deixa em trevas.

Mais uma vez, isto nos reporta à divindade de Cristo, pois, como disse o próprio apóstolo João, “Deus é luz e não há n’Ele trevas algumas” (I Jo.1:5). Jesus atingiu a plenitude, nada há que possa impedi-l’O de reinar.

– Tanta glória não poderia causar em João, como em qualquer ser humano, outra reação senão a queda aos pés do Senhor, como se fosse um morto (Ap.1:17). João estava diante da manifestação da glória de Deus em toda a sua intensidade, o Senhor Se apresentava a Ele como era, em toda a Sua glória, algo que é irresistível a qualquer mortal. Nós somente teremos esta experiência após a nossa glorificação, razão pela qual a suportaremos.

– Esta experiência de João nada tem que ver com a chamada “fanerose”, também conhecida como “cair no Espírito” ou “cai-cai”, uma invenção que, lamentavelmente, tem contaminado muitas igrejas locais.

A experiência de João deu-se por causa de uma singular manifestação de Cristo Jesus glorificado, algo que o Senhor tinha dito que ocorreria, e só com João. Assim, não é algo que vá se repetir na história da Igreja.

Além disso, João, embora tenha caído como morto, não perdeu a consciência, tanto que sentiu que o Senhor pôs sobre ele a Sua mão direita, algo bem diferente do que ocorre no “cai- cai”, onde as pessoas perdem a consciência e, não raras vezes, quando “voltam”, ficam um bom tempo “abobadas”. Fujamos disto, amados irmãos!

– Quando João caiu aos pés do Senhor diante do impacto daquela manifestação gloriosa, o Senhor dele Se aproximou, pôs Sua mão direita sobre o apóstolo e lhe disse:

“Não temas; Eu sou o primeiro e o último; e o que vivo e fui morto, mais eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap.1:17b,18).

– A primeira palavra do Senhor Jesus a João foi que não temesse, não tivesse medo diante de tudo o que estava a ver. Isto nos traz uma importante lição: não devemos ter medo das coisas celestiais, não devemos ter medo da manifestação da glória de Deus.

A ausência de medo somente virá se realmente amarmos ao Senhor, pois é o amor que lança fora o medo (I Jo.4:18). Não ter medo do sobrenatural, no entanto, não significa aceitar tudo quanto se apresentar a nós, pois não podemos nos esquecer que, mais do que nunca, nos dias em que vivemos há a atuação de muitos espíritos enganadores (I Tm.4:1).

– Jesus reitera que tem o controle sobre todas as coisas, que é Deus, e, por isso, “é o primeiro e o último”, a mesma identificação com que Se identificou na abertura do livro, só que fazendo alusão à primeira e última letra do alfabeto grego (Ap.1:8). Em Jesus, podemos ter segurança e tranquilidade, pois Ele é o Todo-Poderoso.

– Diante de tanta manifestação da Sua divindade, o Senhor Jesus também quis deixar claro que não deixou de ser homem.

Fez questão de dizer a João que vivia, embora já tivesse morrido. Ora, esta afirmação só faz sentido quando lembramos da humanidade de Jesus, pois foi Jesus homem quem morreu e, depois, foi ressuscitado dentre os mortos.

– Esta afirmação de Jesus tem um propósito claro: lembrar à Sua Igreja que, apesar de toda a Sua glória presente, Ele não deixa de Se compadecer de nós, pois permanece sendo homem e, como tal, sabe muito bem o que é viver sobre a face da Terra, ser tentado e lutar para se manter em santidade.

Ele é nosso irmão e, por ter sofrido tudo quanto sofremos, compreende-nos e pode nos ajudar em nossas fraquezas (Hb.2:9-18; 4:15,16). Confiemos em Jesus e levemos a Ele todas as nossas dificuldades, Ele está pronto a ter misericórdia de nós!

– O Senhor Jesus também informou a João que Sua vitória é cabal. Ele morreu, mas agora está vivo e vivo para sempre. Seu sacerdócio não tem fim, assim como o Seu reino. Estamos diante de um sacerdócio perfeito e que pode nos purificar de todo o pecado bem como nos trazer a vida eterna. Ele vive para sempre.

Aleluia! Ele tem as chaves da morte e do inferno, ninguém poderá lançar qualquer acusação contra os Seus filhos (Rm.8:33-39), ninguém poderá arrebatar os Seus servos da Sua mão (Jo.10:28).

– O Senhor Jesus, então, dá a João a ordem para que escrevesse as coisas que havia visto, ou seja, a visão d’Ele glorificado, bem como as coisas que são, referindo-se às cartas que ditaria para as igrejas na Ásia, representando a “totalidade da Igreja”, bem como as coisas que ainda aconteceriam, que são as referentes ao novo arrebatamento que o apóstolo teria, descrito a partir do capítulo 4, referindo-se às coisas que ocorreriam depois do tempo da Igreja sobre a face da Terra.

– Antes de falar sobre o tempo da Igreja sobre a face da Terra e sobre as coisas que ocorreriam depois da saída da Igreja desta Terra, o Senhor quis deixar claro a Quem nós servimos:

a um Senhor glorioso, Rei, Sacerdote e Juiz, que está no controle de todas as coisas e que também é Profeta, tanto que revela o que ainda está por ocorrer para a humanidade. Um Senhor vitorioso e que, no céu, sem esquecer de nós, prossegue exercendo os ofícios ministeriais que reúne, e Ele só, na Sua Divina Pessoa.

– É a este Jesus que servimos, amados irmãos, e, por isso, devemos sempre, sem pestanejar ou titubear, prosseguir firmes a nossa jornada até encontrarmos com este Senhor glorificado, igualmente glorificados, naquele dia. Amém!

Fonte: https://adautomatos.com.br/licao-2-a-visao-do-cristo-glorificado-i/

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