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Juvenis – Lição 3- As sete estrelas e os sete castiçais

INTRODUÇÃO 

– Iniciamos o estudo das sete cartas que o Senhor Jesus mandou escrever às igrejas na Ásia Menor. 

– A primeira igreja, a igreja de Éfeso, a maior das cidades da região, é um sinal eloquente de que o amor é a principal característica que deve existir entre os salvos por Cristo Jesus.

I – A ESTRUTURA DAS CARTAS ÀS IGREJAS NA ÁSIA

– Estamos a dar início ao segundo bloco de nosso trimestre letivo, em que estudaremos os capítulos 2 e 3 do livro de Apocalipse, que tratam das sete cartas que o Senhor Jesus mandou João escrever às sete igrejas da Ásia, região que já vimos tratar-se da província romana da Ásia, a chamada “Ásia Menor”, que ocupa a parte ocidental da atual Turquia.

– As “sete igrejas” representam, como já se viu também, a “totalidade” da Igreja, ou seja, temos, nas sete igrejas retratadas nestas cartas, um quadro completo dos tipos de igrejas locais que existem, da multiformidade existente no meio do povo de Deus nesta dispensação da graça.

– Cada igreja representa um tipo não só de igreja local, mas um tipo de crente em Cristo Jesus, uma vez que a igreja somos nós, visto sermos todos, e cada um, templos do Espírito Santo (I Co.6:19).

– Por isso, ao analisarmos as cartas que o Senhor Jesus mandou às igrejas da Ásia, devemos observar que cada carta representa um tipo de crente e seria muito importante que nos examinássemos a nós mesmos ao estudarmos cada uma das cartas para verificar em que tipo nos enquadramos, a fim de que venhamos a perseverar na fé para que façamos parte da Igreja que se reunirá, em sua totalidade, pela vez primeira, quando do arrebatamento da Igreja.

– Há, porém, também, uma interessante interpretação que busca enxergar em cada igreja da Ásia um período da história da Igreja.

Como o Apocalipse deve ser visto sob uma perspectiva futurista, vez que o Senhor Jesus está a falar das “coisas que brevemente devem acontecer” (Ap.1:1), entendem alguns estudiosos das Escrituras que as cartas mostram os seis períodos da história da Igreja, o desenrolar da dispensação da graça, desde o fim dos tempos apostólicos, que se encerravam com João, até o arrebatamento da Igreja, o que explicaria, inclusive, o “sumiço” da Igreja a partir do capítulo 4 do livro do Apocalipse.

– Segundo esta visão, pois, cada igreja da Ásia, com suas características, são tipos, figuras de cada um dos períodos da história da Igreja, observando-se que, sendo sete as cartas, o último período é caracterizado pela presença de duas igrejas simultâneas (Filadélfia e Laodiceia).

– Esta segunda linha de interpretação não exclui a primeira, uma vez que, em cada período, haveria a predominância, no meio do povo de Deus, das características descritas na carta correspondente, sem que isto signifique que os demais tipos não se apresentassem, ainda que de modo minoritário. Eis porque, na sequência deste estudo, valer-nos-emos de ambas as linhas hermenêuticas.

– Numa demonstração de que o Senhor é imparcial e justo, como, aliás, já verificado no estudo da visão do Cristo Glorificado, todas as cartas apresentam a mesma estrutura, a saber:

a) todas as cartas são endereçadas ao “anjo da igreja”, ou seja, ao pastor, àquele que presidia sobre o rebanho do Senhor naquele local. – o endereçamento ao pastor, apesar de a carta ser dirigida à igreja, mostra-nos que há uma hierarquia na Igreja e que é Cristo quem dá pastores às igrejas.

b) todas as cartas são endereçadas a um determinado local– Jesus não erra endereço, cada carta tinha um destino, um “cenário”, como dizem os teólogos. Por isso, é importante sabermos as informações de cada local onde se encontrava a igreja destinatária.

c) todas as cartas têm uma descrição específica do remetente– Jesus apresenta-Se a cada carta com uma das características com que Se apresentou ao João na ilha de Patmos, a indicar sob que aspecto estava Se manifestando àquela igreja, aspecto este que indicava a necessidade peculiar de cada igreja. Isto nos ensina que Jesus não trata com “massas”, mas com cada crente em sua individualidade.

d) todas as cartas contêm um exame imparcial do Senhor Jesus, onde são apresentados os pontos bons e os pontos ruins de cada igreja, exame que se inicia com a expressão “Eu sei as tuas obras” (para a igreja de Tiatira é “eu conheço as tuas obras”) – Jesus é o justo juiz, Ele não aponta apenas defeitos, nem tampouco só relata as qualidades. Verdade é que, em duas igrejas, não se aponta qualquer defeito (Esmirna e Filadélfia) e, em outra, não se aponta qualquer qualidade (Laodiceia), os dois extremos que existem na vida humana. Jesus conhece todas as coisas e não podemos fugir de Seu juízo.

e) todas as cartas apresentam uma mensagem do Senhor Jesus com vistas à salvação da igreja– o intuito do Senhor Jesus é nos salvar, é nos levar para o céu, de modo que, em toda carta, o Senhor Jesus ministra o remédio que permitirá a superação das dificuldades e a vitória dos crentes.

f) todas as cartas contêm a advertência para que as igrejas ouçam o que o Espírito Santo diz às igrejas– Esta solene declaração do Senhor Jesus em todas as cartas mostra-nos, com absoluta clareza, que não há como chegarmos ao final de nossa jornada terrena sem ouvir o Espírito Santo, o autêntico porta-voz dos ensinos de Jesus para a Igreja enquanto ela estiver sobre a face da Terra (Jo.14:16,26).

g) todas as cartas terminam com uma promessa do Senhor Jesus aos vencedores– em toda carta, o Senhor Jesus dá uma promessa aos que vencerem, aos que perseverarem até o fim. Não só o Senhor Se apresenta glorificado, como confirma a glorificação dos Seus servos, apresentando-lhes características deste estágio final de sua salvação.

II – O CENÁRIO DA CARTA À IGREJA DE ÉFESO

– Vista, em linhas gerais, a estrutura de cada uma das cartas do Senhor Jesus às igrejas da Ásia Menor, passemos, então, a analisar a primeira delas, a carta que o Senhor mandou ao anjo da igreja que estava em Éfeso.

– Éfeso, cujo nome significa “desejado”, era a mais importante cidade da Ásia Menor. Era, na verdade, a capital da província romana da Ásia, umas das três maiores cidades do litoral oriental do Mar Mediterrâneo, a cidade mais próxima da ilha de Patmos.

Em termos religiosos, era uma cidade importante, pois nela se encontrava o templo da deusa Diana, o que a tornava um dos principais centros de adoração religiosa do Império Romano, um local onde predominava o ocultismo e a feitiçaria (At.19:19), inclusive entre os judeus (At.19:13).

– A obra do Senhor iniciou-se em Éfeso pela pregação do apóstolo Paulo, que ali esteve, pela vez primeira, no término da sua segunda viagem missionária (At.18:19-21), tendo, posteriormente, já na sua terceira viagem missionária, retornado para lá, tendo ali ficado por um período de três anos, a sua mais longa permanência em seu ministério (At.19:1; 20:31).

– Este período em que Paulo esteve em Éfeso, temos o ápice de seu ministério, pois, para enfrentar este verdadeiro “reino tenebroso” que havia naquela cidade, o Senhor fez com que Paulo fizesse maravilhas extraordinárias (At.19:11).

Foi, também, em Éfeso que temos a primeira notícia de que um trabalho se desenvolveu independentemente da sinagoga, visto que, por causa das dissensões com os judeus, teve Paulo, pela vez primeira, um local gentílico para instalar a congregação, a escola de Tirano (At.19:9).

– O carinho que o apóstolo Paulo nutria por essa igreja fica patente em três circunstâncias:

a primeira, a de, antes de partir para Jerusalém, fez questão de marcar um encontro de despedida com os anciãos de Éfeso, realizado em Mileto (At.20:17-38);

a segunda, o fato de ter escrito uma carta àquela igreja, quando estava encarcerado, onde traz o seu mais minucioso estudo a respeito da natureza da Igreja, a carta aos efésios;

terceiro, pelo fato de ter posto sobre aquela igreja o seu filho na fé Timóteo (I Tm.1:3), circunstância que demonstra o zelo que o apóstolo tinha com aquela igreja e que também demonstra que, ainda que de forma indireta, também se preocupou com os efésios nas suas últimas cartas, endereçadas precisamente a Timóteo, se bem que, a esta altura, possa ser que Timóteo já tenha sido substituído por Tíquico na direção daquela igreja (II Tm.4:12; Ef.6:2).

– Entendem os estudiosos das Escrituras que o apóstolo João, após a destruição de Jerusalém em 70, tenha se estabelecido em Éfeso, que seria a igreja mencionada em suas cartas (II e III João), o que, inclusive, explicaria sua prisão em Patmos, o presídio de segurança máxima mais próximo de Éfeso.

Eusébio de Cesareia (265-339), o grande historiador da igreja primitiva, afirma, em seu livro História Eclesiástica, que João, de Éfeso, governou as igrejas da Ásia até os dias de Trajano, imperador romano que reinou de 98 a 117.

– Não se tem a identidade do “anjo da igreja” a quem se dirigiu esta carta do Senhor Jesus, não se sabendo se, ainda àquela época, Tíquico ainda estava na liderança daquela igreja.

– Para a igreja de Éfeso, o Senhor Jesus Se identifica como sendo “Aquele que tem na Sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro” (Ap.2:1).

Para os efésios, o Senhor Se mostrou como Aquele que está no controle de todas as coisas, como Aquele que escolhe os ministros a servir na Sua Igreja, como Aquele que está no meio do Seu povo, a quem nunca abandona.

“…Para a igreja fiel e esforçada de Éfeso, Cristo é Aquele que tem as igrejas na Sua destra, isto é, que lhe sustenta a obra…” (OLIVEIRA, José Serafim de.Desvendando o Apocalipse, p.13).

– Esta identificação do Senhor Jesus mostra claramente que a igreja de Éfeso, a começar de seu pastor, não poderia se esquecer de que tudo é sustentado e mantido pelo Senhor Jesus na vida eclesiástica.

Há um grave perigo para todo crente quando se esquece de que a obra é de Deus e que, sem o Senhor Jesus, nada podemos fazer (Jo.15:5 “in fine”). Quando passamos a realizar a obra do Senhor esquecendo-se do Senhor, corremos o risco de fazer obras humanas, meramente religiosas, que não gerarão, em absoluto, a salvação e transformação de vidas.

– As estrelas, que representavam os “anjos da igreja”, destinatários das cartas (Ap.1:20), eram mantidas na “destra”, i.e., na “mão direita” do Senhor.

A “mão direita” representa o poder, a indicar que os ministros dependem inteiramente do Senhor Jesus para poderem exercer o seu ministério. De nada adianta um trabalho dedicado e assíduo se isto não se fizer na absoluta dependência do poder de Deus, da destra do Senhor. Lembremos isto em nosso labor diário na obra de Deus, amados irmãos!

– Mas o Senhor Jesus também Se apresenta como sendo “Aquele que anda no meio dos sete castiçais de ouro” (Ap.2:1).

Além de precisarmos do Senhor para exercer nosso ministério, temos necessidade, também, de Sua companhia, de Sua presença. Devemos ter o mesmo espírito dos discípulos de Emaús: pedir que o Senhor fique conosco, não nos deixe sós na caminhada. Para tanto, devemos invocá-l’O, buscá-l’O, e de todo o coração (Jr.29:13).

– Infelizmente, já não são poucos os que, em nossos dias, estão a fazer a obra de Deus de forma totalmente independente do Senhor Jesus.

Esquecem-se de que dependem d’Ele e, ao realizarem as tarefas supostamente relacionadas à obra do Senhor, também não procuram a presença de Cristo.

O resultado é que temos, hoje em dia, muitos projetos e estratégias puramente humanos, que não podem, em absoluto, levar à salvação dos incrédulos nem tampouco à edificação dos crentes.

Vive-se, hoje, em muitos lugares, uma reedição do “espírito de Babel”, onde a humanidade quis construir para si uma torre para consolidar a sua independência de Deus (Gn.11:1-6). Fujamos disto, amados irmãos!

– Esta descrição, ademais, relembra-nos claramente as palavras do apóstolo Paulo aos anciãos de Éfeso quando de sua despedida, quando os advertiu que, no meio deles, surgiriam “lobos cruéis, que não perdoariam o rebanho” e “homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (At.20:29,30).

Tais pessoas são, precisamente, as que não se encontram nas mãos do Senhor nem querem a Sua companhia, mas que se introduzem encobertamente no meio do povo de Deus. Para evitar sermos enganados por essa gente, resta-nos tão somente vigiar.

Fonte: https://adautomatos.com.br/licao-3-efeso-a-igreja-do-amor-esquecido/

Vídeo: https://youtu.be/8v5yrOT89lg

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