Juvenis – Lição 5- Amor ao próximo
INTRODUÇÃO
No Antigo Testamento Deus deu dez mandamentos ao povo de Israel (Êx. 20:1-17). Já no tempo de Jesus ele resumiu a dois mandamentos: “…Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento…” “…Amarás o teu próximo como a ti mesmo”(Mt. 22:37).
Já o apóstolo Paulo disse: “Ame o teu próximo e terá cumprido toda a lei” (Gl. 5:14).
1 – O SEGUNDO MAIOR MANDAMENTO
1.1 – AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO
Amar o próximo como a ti mesmo significa reconhecer em outros a mesma dignidade que há em sua própria vida; significa oferecer ao outro o mesmo cuidado e consideração que você dedica a si mesmo.
Em seu ministério terreno, o Senhor Jesus deu grande importância à questão do amor ao próximo. Certa vez um fariseu lhe perguntou sobre qual seria o grande mandamento da lei. Em outras palavras, ele queria saber qual dos 613 mandamentos identificados na religião judaica, era o mais importante.
Jesus respondeu à pergunta do fariseu com um mandamento duplo: o primeiro e maior de todos os mandamentos é aquele que ensina que devemos amar a Deus sobre todas as coisas (Mateus 22:37,38; cf. Deuteronômio 6:5). Já o segundo mandamento é aquele que diz: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39; cf. Levítico 19:18).
É evidente que o verdadeiro amor ao próximo é um amor sacrifical e abnegado; pois envolve buscar o bem-estar do próximo sem qualquer interesse próprio. Jesus não apenas ensinou sobre a necessidade de o homem amar o próximo como si mesmo, mas também demonstrou na prática esse compromisso. Assim, sua conduta serve de exemplo a todos os cristãos (1 João 3:16).
1.2 – QUEM É O NOSSO PRÓXIMO?
O significado da Parábola do Bom Samaritano fica claro diante da pergunta que precede a narrativa de Jesus: “Quem é o meu próximo?” (Lucas 10:29). Na Parábola do Bom Samaritano Jesus responde que o próximo é todo aquele que necessita de amparo, independentemente de quem seja.
Esse próximo, na maioria das vezes, não faz parte do nosso círculo familiar ou do nosso grupo de amigos. Frequentemente o próximo é um estranho, alguém que não é atraente aos nossos interesses. Talvez, pode ser até que esse próximo seja um inimigo, como no caso do samaritano e o judeu.
Mas também é fácil perceber que na parábola Jesus posiciona essa pergunta em sua forma correta. O ponto principal não é se perguntar “Quem é o meu próximo?”. A pergunta correta deve ser: “Eu estou sendo um bom próximo para os necessitados ao meu redor?”.
Jesus termina a Parábola do Bom Samaritano perguntando ao doutor da Lei quem provou ser o próximo do homem ferido. O estudioso teve de dizer que foi o homem que teve piedade dele, isto é, o bom samaritano. Então Jesus concluiu: “Vá e continue fazendo o mesmo” (Lucas 10:37).
2 – A IMPORTÂNCIA DE AMAR AO PRÓXIMO
2.1 – QUEM NÃO AMA NÃO É DE DEUS
O amor a Deus é pressuposto para que se tenha amor ao próximo. Não é possível amar o próximo sem que antes se ame a Deus.
Daí porque não podermos confundir o amor ao próximo com o mero exercício de filantropia, com dó ou qualquer outro sentimento que tenha em vista a ajuda circunstancial a outrem, como, aliás, defendem aqueles que acham que as boas obras de alguém ocasionam a este alguém algum progresso espiritual.
– Quem ama a Deus, ama o próximo, mas quem não ama a Deus, não ama o próximo. É mentira a afirmação de alguém que diz que está evoluindo espiritualmente pelo simples fato de ajudar os necessitados com esmolas ou com trabalho voluntário.
Estas atitudes de benemerência não significam amor ao próximo, pois o verdadeiro amor ao próximo é decorrência do amor a Deus e, portanto, é resultado da obediência à Palavra de Deus.
– Mas, do mesmo modo que estão errados aqueles que acham que as boas obras são suficientes para salvação, também estão enganados aqueles que veem numa vida religiosa devocional a salvação.
A Bíblia é claríssima: quem ama a Deus, ame a seu irmão e que quem aborrece a seu irmão e diz que ama a Deus é mentiroso e, portanto, alguém que não é filho de Deus, tanto que não morará eternamente com o Senhor na cidade santa, mas ficará do lado de fora pela sua mentira (Ap.21:8; 22:5).
2.2 – ELE NOS AMOU, MESMO SENDO INIMIGOS
– Deus fez o homem um ser social, por isso não é bom que esteja só (Gn.1:18).
Em sendo assim, o amor divino que se encontra no salvo não se limita apenas ao relacionamento entre Deus e o homem, mas também se manifesta em direção às demais pessoas que estão à volta do salvo, que, como vimos, não está só.
– Por isso, Jesus, ao responder à indagação daquele doutor da lei, fez a devida complementação, para mostrar que um bom relacionamento entre Deus e o salvo redunda num bom relacionamento entre o salvo e os demais seres humanos. Quem ama a Deus, ama o próximo (I Jo.4:21).
Acepção de pessoas é o tratamento desigual e tendencioso de pessoas. Isso quer dizer que fazer acepção de pessoas significa agir com parcialidade e favoritismo para com alguns, e com injustiça para com outros.
A Bíblia condena de forma clara a acepção de pessoas. Ainda no Pentateuco, ao falar sobre os deveres dos juízes em Israel, o texto bíblico registra: “Não torcerás a justiça, não farás acepção de pessoas, nem tomará suborno; porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e subverte a causa dos justos” (Deuteronômio 16:19).
É fácil perceber que no texto bíblico fazer acepção de pessoas implica em torcer a justiça. Além disso, fazer acepção de pessoas ainda equivale a adotar comportamentos corruptos, como a prática de aceitar subornos.
Definitivamente é impossível amar o próximo como si mesmo e fazer acepção de pessoas. Essas duas coisas são absolutamente contrárias uma a outra. Depois, por fim, Tiago exorta acerca do perigo de tratar as pessoas com parcialidade. Para Tiago, fazer acepção de pessoas é cometer pecado e se colocar sob a condenação da Lei (Tiago 2:9).
O amor é o verdadeiro teste do caráter de um homem. Uma das—principais lições—que devemos aprender, na jornada desta vida, é como amar aos outros.
Pode-se ver o que significa o amor, se considerarmos a atitude que cada qual tem para consigo mesmo. Quase todos fazem tudo quanto está ao seu alcance, procurando seu próprio benefício.
Temos o cuidado de prover todas as nossas necessidades físicas, nossa educação e os cuidados médicos quando adoecemos, etc.
Amar a um amigo ou a um inimigo, por conseguinte, equivale a transferir para eles o cuidado que cada qual tem por si mesmo.
Amar a nossos semelhantes como amamos a nós mesmos seria a perfeita transferência desses cuidados que exercemos por nós. É muito raro que alguém faça assim, mesmo de vez em quando, mas essa é a grande lição que nos compete aprender, aquela que é exigida pela ética cristã.
Quando, finalmente, estivermos transformados segundo a imagem de Cristo, então amaremos desse modo, porque foi assim que ele nos amou.
3 – AMAR É SER EMPÁTICO E ALTRUÍSTA
3.1 – EMPATIA
Do grego empatheia, “paixão”, a empatia pressupõe uma comunicação afetiva com outra pessoa e é um dos fundamentos da identificação e da compreensão psicológica de outros indivíduos.
Em outras palavras, seria o exercício de buscar interagir percebendo a situação vivida por outra pessoa, a capacidade de se colocar no lugar do próximo de forma objetiva e racional.
A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo – amor e interesse pelo próximo – e à capacidade de ajudar.
Isso parece familiar, não? Quando um indivíduo consegue sentir a dor ou o sofrimento do outro ao se colocar no seu lugar, ele logo muda seu comportamento diante daquela pessoa/situação.
Quando lemos a famosa passagem da bíblia onde Jesus nos diz “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros (Jo 13,34)”, estamos falando de empatia.
3.2 – ALTRUÍSMO
A palavra altruísmo deriva de altruisme, em francês. Ela foi criada pelo filósofo francês Auguste Comte para descrever a propensão humana em ajudar o próximo em suas necessidades, mesmo que este lhe cause importunos. Ela é oposta ao egoísmo e sinônima de filantropia.
O amor ao próximo leva-nos a deixar nossos próprios interesses para se dedicar aos outros (1Co.10:24).
3.3 – JOSÉ E JONAS
Temos um exemplo na bíblia sagrada de 2 pessoas que tiveram posições opostas.
José deu o exemplo de alguém que se coloca no lugar do outro. Ele, mesmo enfrentando dificuldades, soube ajudar o próximo. Não se importou com a sua posição de prisioneiro e ajudou duas pessoas que ele não precisava ajudar.
Se colocar no lugar do outro nos faz entender que, como nós, o outro é alguém que precisa ser respeitado e ajudado. Como nós, o outro possui suas perspectivas e através da empatia começamos a agir pensando no coração do próximo.
O outro não é um meio para algo mais um fim em si mesmo que precisa ser tratado e admirado como um ser humano.
Jonas era um profeta e como um profeta, que entrega mensagens da parte de Deus, sempre teve que lidar com o outro. Se formos analisar, a posição do profeta era inerentemente comunicativa, ou seja, que sempre tem que lidar com o próximo. Jonas precisava de empatia.
É claro que ele não poderia ocultar as mensagens de Deus por causa próximo, mas ele sempre teria que lidar com o fato de que a função do profeta é ser um porta-voz de Deus para as pessoas. Jonas não pensou nos ninivitas.
Não entendeu que Deus estende a sua misericórdia até mesmo para o pior povo da face da Terra. Como profeta, era a sua função proclamar arrependimento para os ninivitas, como Deus havia ordenado. Apesar disso ele se entristece até mesmo com o arrependimento dos ninivitas.
4 – EXERCENDO O HÁBITO DE AMAR
4.1 – AMAR COM PALAVRAS
O amor, por ser algo prático e demonstrável por meio de atos os mais comuns, não pode ser confinado ao mero idioma, a discursos, poemas e estudos escritos (1Jo 3:18).
Uma palavra dita não pode mitigar a fome; uma frase bonita não pode dessedentar; um belo poema não pode aquecer um corpo que sofre frio. Naturalmente, as palavras são instrumentos poderosos, mas somente quando postas em ação.
A fala pode ser uma força potente para o bem ou para o mal. “Falar é fácil”.
“Palavras, palavras, nada senão palavras”. “Ele é apenas um palrador”’. Essas declarações ilustram uma comum depreciação da importância da fala.
Mas, haverá no mundo algo mais potente para o bem ou para o mal do que as palavras? A fala é a faculdade que diferencia o homem dos animais.
É o sinal de personalidade. A autoconsciência se manifesta somente por meio da fala. O pensamento é impossível sem palavras, que correspondem a ideias.
As ações são precedidas pelo pensamento, conforme dizia Heine: Ό pensamento antecede às ações, como o relâmpago antecede ao trovão’.
No entanto, o pensamento é impulsionado pelas sugestões verbais. Toda a cooperação entre os seres humanos, quanto a seu sucesso, depende da comunicação verbal… a solidariedade cultural de um grupo se baseia em um idioma comum.
O caráter também se revela pela fala do indivíduo, ‘…porque a boca fala do que está cheio o coração’ (Luc. 6:45).
Portanto, Tiago (no terceiro capítulo) não está de forma alguma equivocado, ao dar tão grande ênfase à língua. (B.S. Easton, comentando sobre Tia. 3:2).
A língua é um pequeno membro: mas que poder tem ela. Pode inflamar uma turba a fazer atos impensados, ou pode inspirar uma nação a ações heróicas.
Palavras descontroladas e iradas podem destroçar lares, destruir amizades e levar nações à guerra.
Uma palavra ousada e corajosa pode inspirar a ações nobres e até sobre-humanas. Uma palavra proferida em um momento solene pode ser uma força mais poderosa em favor do bem ou do mal do que qualquer ação ousada, dizia Píndaro.
Pensemos no tempo da Segunda Guerra Mundial, na Inglaterra, quando Churchill falou em sangue, suor e lágrimas para o povo inglês e o capacitou a resistir aos bombardeios alemães.
Pensemos no efeito das nobres palavras de Deus. O mundo jamais conseguirá esquecê-las. Pensemos nas tiradas de Hitler.
Tanto a glória como a desgraça vêm do falar. (Ben Siraque, Eclesiástico 5:13).
Por isso é que Jesus declarou: “…porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado” (Mat. 12:37).
“Muitos têm caído pelo fio da espadá, mas não tantos quantos têm caído pela língua” (Ben Siraque, Eclesiástico 28:18).
Podemos apreciar e reconhecer tudo isso; mas uma espécie de uso da língua existe, que não passa de desculpa em lugar da ação, uma mera pretensão, que evita hipocritamente prestar ajuda a outros.
É contra essa forma de fala inútil e enganadora que o autor sagrado nos adverte. Por isso é que Tiago advertiu contra o uso de meras palavras, pias e hipócritas, em lugar das obras que acompanham a fé (ver o segundo capítulo da epístola de Tiago).
“…não amemos de palavra…” Não digamos apenas; “Amo ao próximo”, relegando tudo à teologia abstrata.
Digamos: “Amo ao próximo”, e em seguida verifiquemos sua necessidade, a fim de ajudá-lo. “Não amam aqueles que não demonstram o seu amor”. (Shakespeare, 7W0 Gentlemen of Verona, ato I, cena 2).
“…de fato e de verdade…” Devemos amar de “fato” porque o amor se concretiza na forma de “ação”.
E devemos amar de verdade porque a ação deve corresponder ao amor genuíno que deve haver na alma.
4.2 – AMAR COM CONDUTAS
O amor se expressa pela ajuda sincera aos necessitados, compartilhando com eles nossos bens terrestres (cf. Tg 2.14-17).
Recusar a doar parte do nosso alimento, das nossas roupas, ou do nosso dinheiro para ajudar os necessitados, é fechar-lhes o nosso coração (cf. Dt 15.7-11).
Por amor devemos também contribuir com o nosso dinheiro para ajudar a propagar o evangelho aos que ainda não o ouviram (4.9,10).
4.3 – AMAR COM SENTIMENTOS
O nosso amor será verdadeiro se o nosso comportamento for demonstrado dentro da obediência aos padrões bíblicos do amor ágape. Manter um comportamento amoroso vai acabar gerando bons e autênticos sentimentos. Jesus nos amou primeiro.
Ele teve um comportamento ágape para com a raça humana, independente do desprezo que os homens lhe deram.
Ele decidiu nos amar e se comportou como tal, colocando-se no nosso lugar, compreendendo a nossa natureza e seus fardos e nos ajudando a entrar no reino de Deus.
O apóstolo Paulo, seguindo a Jesus, também demonstrou esse sentimento pelos outros “Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (2 Co. 12:15).
CONCLUSÃO
Amar significa colocar-se no lugar do outro, compreender o seu fardo e ajudar a carregá-lo. Jesus nos amou ao se entregar na cruz, tomando o nosso lugar. Muitas vezes estamos fracos e precisamos de um Deus forte como auxílio.
O nosso inimigo é muito mais forte do que nós e nos persegue de dia e de noite, incansavelmente. Além de fraco, o homem cansa e se fadiga.
A prova de que uma pessoa é liberta do inferno e recebeu a vida eterna no céu é o amor demonstrado a outros cristãos. Amar é se colocar no lugar do outro. É compreender a fraqueza do outro, que o motivou a agir deste modo diante de uma situação.
Cada um de nós tem fardos para carregar e amar significa carregar o fardo do irmão. Foi isto que Jesus fez por toda a raça humana. Carregou na cruz nosso fardo, doença, miséria e morte.
De seu conservo, Adauto Matos
– https://estiloadoracao.com/amar-o-proximo-como-ti-mesmo/
– https://estiloadoracao.com/parabola-do-bom-samaritano/
– https://adautomatos.com.br/home/?p=7413
– https://estiloadoracao.com/o-que-e-acepcao-de-pessoas-na-biblia/
– Champlin AT NT
– https://tudolivrosblog.wordpress.com/2017/01/17/o-que-a-empatia-tem-a-ver-com-ser-cristao/
– Champlin AT NT
– Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP
– https://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/amar-e-um-comportamento-antes-de-ser-um-sentimento
Vídeo: https://youtu.be/NFqzq2NqyN8