Juvenis – Lição 6- O amor não arde em ciúmes
Introdução
O ciúmes é uma obra da carne (Gálatas 5.20). Quem tem ciúmes de algo ou alguém está tratando como se fosse proprietário, o que é algo carnal, pois sabemos que não temos nada nesta vida, nem temos direito de tratar o outro como posse.
A palavra para ciúmes em grego é a expressão dzeloo [ζήλῳ], de onde vem o termo zelo ou cuidado 3. Então podemos entender que o ciúmes como cuidado equilibrado pode ser aceitável, mas devemos tomar cuidado por causa dos excessos.
Ciúme é um sentimento que pode se apresentar tanto de forma positiva quanto negativa. Por isso o significado de ciúmes na Bíblia deve ser considerado sempre à luz de seu contexto. Isso quer dizer que na Bíblia o ciúme pode ser um sentimento pecaminoso ou pode ser um sentimento legítimo e recomendado.
Você é uma pessoa ciumenta?
Vamos refletir o que a Palavra de Deus fala sobre os ciúmes:
1- O verdadeiro amor não arde em ciúmes
I Coríntios 13.4 “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece”.
A questão problemática quanto ao ciúmes está no ‘arder’, que é um sintoma carnal. O verdadeiro amor não tem medo de perder (I João 4.18).
Mas a paixão carnal trata o outro como posse e não sabe esperar, por isso uma das características de uma pessoa apaixonada é o ciúmes doentio. Já o amor é diferente, começa às vezes pequeno como uma semente e vai crescendo a cada dia. Leia também o estudo: DIFERENÇA ENTRE PAIXÃO E AMOR.
Quando na bíblia fala que Deus sente ciúmes de nós (Tiago 4.5), não este ciúmes, que é uma obra carnal, mas o zelo que Deus tem por nós. Deus não aceita nos perder para o mundo e deseja que sejamos exclusivamente seus (I Pedro 2.9). Para tirar dúvidas sobre isso, leia também o estudo: CIÚMES DO ESPÍRITO.
O amor não arde em ciúmes!
2- Alguns tipos de ciúmes
Os ciúmes, como obra da carne, sempre esteve presente na vida da humanidade.
Alguns exemplos bíblicos de ciúmes são:
a) Ciúmes entre irmãos: Caim e Abel (Gênesis 4.7). Raquel tinha ciúmes de sua irmã Lia com Jacó (Gênesis 30.1). Esaú e Jacó (Gênesis 25.28). Os irmãos de José tinham ciúmes de seu pai (Gênesis 37.11). O Irmão mais velho do filho pródigo (Lucas 15.25-30).
b) Ciúmes entre marido e esposa:
Quando o homem tinham ciúmes da mulher, comumente a abandonava, mas quando a lei de Deus foi estabelecida, o Senhor ordenou que fosse feito um sacrifício pela mulher, que beberia de uma água purificadora e se caso não sentisse nenhum mal seria absolvida (Números 5.12-30). A lição que podemos tirar neste texto é que estas questões devem ser entregues a Deus e tratadas na presença do Senhor.
c) Ciúmes de uma liderança: Quando o Espírito de Deus se moveu sobre os setenta anciãos e depois Eldade e Medade continuaram profetizando no arraial, falaram para Moisés, então Josué sugeriu que mandassem parar, mas Moisés disse: “Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito!”(Números 11.29).
d) Ciúmes Cultural: o povo judeu se achava uma cultura superior às outras e mais santos que os outros povos (Romanos 10.19), o que gerou neles um ciúmes de outras culturas que foram alcançadas por Cristo (Romanos 11.11).
Estes tipos de ciúmes mostram como esta obra da carne começa muitas vezes desde o berço. O ciúmes é um comportamento ensinado e as crianças percebem e aprendem.
Depois isso é levado para o casamento tornando-se às vezes doentio. Então o ciúmes chega aos grupos sociais em que a pessoa vive com ciúmes de uma liderança e até o ciúmes cultural.
Perceba os tipos de ciúmes!
3- Consequências do ciúmes
O pecado traz suas consequências às vezes inevitáveis. Somente quando a pessoa se arrepende e busca a Deus é que pode ser abençoada e viver de uma forma diferente.
Duas consequências do ciúmes são:
a) Furor: Provérbios 6.34“Porque o ciúme excita o furor do marido; e não terá compaixão no dia da vingança”. Quando a pessoa sente ciúmes sente uma raiva descontrolada. Um exemplo é a ira de Deus contra a idolatria do povo (Ezequiel 16.38 e 42).
b) Morte: Cantares 8.6“Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas”. Tanto pode acontecer a ‘morte do amor’, ou seja, a pessoa deixa de amar a outra por causa dos ciúmes, como também a morte do relacionamento, que não suporta os ciúmes, além de haver casos extremos de ciúmes que resultam literalmente em morte.
Precisamos pedir a Deus misericórdia, que nos livre de sua ira por causa do pecado (Colossenses 3.6) e também da morte, que é pior consequência do pecado (Romanos 6.23).
O significado de ciúmes no Antigo Testamento
No Antigo Testamento a palavra que pode ser traduzida como “ciúme” é o termo hebraico qin’a. Esse termo transmite basicamente a ideia de um ardor emocional forte, profundo e até complexo.
Isso explica porque essa única palavra pode ser usada para indicar:
- O ciúme entre marido e mulher (Números 25:11; Cantares 8:6). Inclusive, havia até uma lei para os casos de ciúmes entre os israelitas (Números 5:11-31).
- Um sentimento ruim mais relacionado à ira e à inveja (Ezequiel 35:11).
- O zelo pelas coisas do Senhor (Números 25:11).
- O próprio zelo do Senhor pela santidade de Seu nome que também se estende ao Seu povo (Isaías 42:13). Muitas vezes o ciúme de Deus, no que diz respeito ao Seu zelo, aparece nos textos bíblicos conectado à Sua santa ira (Ezequiel 36:6).
O significado de ciúmes no Novo Testamento
Já no Novo Testamento, a palavra básica para se referir ao ciúme é o termo grego zelos. Assim como no Antigo Testamento, essa palavra grega pode ser usada tanto de forma positiva quanto negativa.
No sentido positivo, a palavra “ciúmes” diz respeito ao zelo (2 Coríntios 7:11; 9:2; 11:2). Já no sentido negativo, ela transmite um significado que se aproxima da ideia de inveja. É assim que o apóstolo Paulo utiliza essa palavra quando exorta os crentes a andar dignamente e se afastar do estilo de vida pecaminoso.
Aos cristãos de Roma ele escreve: “Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidades e dissoluções, não em contendas e ciúmes” (Romanos 13:13). O ciúme também era um dos sentimentos que causavam problemas e ameaçavam a unidade na igreja em Corinto. Por isso o mesmo apóstolo questiona: “Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?” (1 Coríntios 3:3).
No Novo Testamento há ainda o uso do termo grego phthonos que também pode ser traduzido como “ciúme”. Mas em todas as vezes que essa palavra é usada, seja em sua forma verbal, seja como um substantivo, ela sempre aparece naquele sentido negativo que expressa a ideia de inveja.
Assim, em algumas traduções da Bíblia esse termo é traduzido como “ciúme” e em outras como “inveja” (cf. Romanos 1:29; 1 Timóteo 6:4; Tito 3:3; 1 Pedro 2:1). É traduzindo esse termo que o ciúme aparece na lista das obras da carne (Gálatas 5:21).
Em Tiago 4:5 o uso desse termo grego tem desafiado os tradutores bíblicos. Eles discutem se o a palavra deve ser traduzida como “ciúmes” no sentido do zelo do Espírito de Deus; ou se deve ser traduzida como “inveja” em referência ao comportamento pecaminoso do espírito humano.
Quando os cristãos devem ter ciúmes?
Como vimos, o ciúme pode significar um sentimento ruim e pecaminoso ou um sentimento bom de zelo e preservação. Entre um casal que verdadeiramente se ama, por exemplo, é normal que haja o ciúme no sentido de zelo e cuidado que se preocupa com a preservação da aliança do matrimônio.
Mas esse tipo de ciúme jamais deve se transformar em algo ruim, cruel, perverso e doentio. Aqui devemos no lembrar que “o amor é paciente, é e benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13:4-7).
Como fica claro, no sentido negativo o ciúme é identificado como sendo uma das concupiscências da carne. O remédio contra esse tipo de ciúme é revestir-se do Senhor Jesus Cristo (Romano 13:14). Quando andamos no Espírito, nossa vida não é pautada pelas obras da carne, dentre as quais está o ciúme doentio e pecaminoso; mas reflete as virtudes do fruto do Espírito Santo.
O crente também deve ter genuíno ciúme pelas coisas de Deus. Como ministro do Evangelho, o apóstolo Paulo tinha zelo pela pureza da Igreja. Assim ele escreve aos cristãos coríntios: “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo” (2 Coríntios 11:2).
Em tempos em que o verdadeiro Evangelho tem sido adulterado com o propósito de corromper a Igreja de Cristo, se faz necessário que cristãos genuínos se levantem com ciúme piedoso pela obra de Deus.
Cuidado com as consequências do ciúme!
Você pode vencer o ciúme!
CONCLUSÃO
Romanos 13.13 “Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes”.
A obra da carne ciúmes, é um desvio de comportamento tão normal no meio da sociedade, que as pessoas acostumam e pensam que não podem mudar.
Mas se a pessoa buscar a Deus, refletir sobre sua vida e através da Palavra de Deus renovar a sua mente (Romanos 12.1,2), não somente este problema, mas como todo o restante do caráter, personalidade e temperamento da pessoa pode ser transformado numa “nova criatura” (II Coríntios 5.17).
O melhor de todos os remédios para vencer o ciúmes é conhecer o “caminho sobremodo excelente” (I Coríntios 12.31), que é o amor verdadeiro e puro que vem de Deus, que é o verdadeiro amor em pessoa (I João 4.8).
Vença o ciúmes com o amor!
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.https://estiloadoracao.com/significado-de-ciumes-na-biblia/
https://www.esbocosermao.com/2017/04/obras-da-carne-ciumes.html
Citações Bíblicas: Bíblia Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil.
3 STRONG, James. Dicionário Grego do Novo Testamento. Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico. Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011. Página 2224, verbetes 2205 e 2206.
Vídeo: https://youtu.be/o0dUc-hpLbY