Juvenis – Lição 9- O Apocalipse e a volta triunfal do Rei dos Reis
INTRODUÇÃO
– A Grande Tribulação, o pior período da história da humanidade, terminará com a volta de Cristo a esta Terra, quando colocará Seus pés no monte das Oliveiras, o mesmo lugar de onde ascendeu aos céus (At.1:9-12), vencendo o Anticristo e todos os seus exércitos, sendo, então, reconhecido pelo remanescente de Israel como o Messias.
– Esta volta de Cristo, conhecida como “parousia”, “revelação de Cristo em glória”, “volta triunfal de Cristo”, “vinda de Jesus em glória”, será plenamente visível a todos os povos e nações e estava predita desde o início dos tempos, pois Enoque, o sétimo depois de Adão, já se referia a este episódio (Jd.14,15). É o fato que marca o início da vitória do bem sobre o mal.
I – O SIGNIFICADO DAS EXPRESSÕES “VOLTA DE CRISTO” E “SEGUNDA VINDA DE JESUS”
– Muita confusão se cria no estudo da doutrina das últimas coisas quando se indaga sobre a “volta de Cristo” ou a “segunda vinda de Jesus”, isto porque esta expressão não é tomada no mesmo significado por todos os estudiosos da Bíblia, até porque, como já vimos durante este trimestre, são várias as linhas de pensamento seguidas pelos intérpretes das Escrituras quanto aos eventos escatológicos.
Assim, antes de mais nada, é importante que fixemos qual o significado da expressão “volta de Cristo” e “segunda vinda de Jesus”.
– Quando falamos em “volta de Cristo”, devemos bem distinguir dois episódios diferentes e distintos que são tratados nas Escrituras, a saber:
- o arrebatamento da Igreja e o
- retorno de Cristo à Terra.
OBS: “…Que significa a expressão ‘segunda vinda de Jesus’? Tentaremos uma definição: a segunda vinda significa que o mesmo Jesus, Aquele que se manifestou primeiro em cumprimento às profecias, e que nasceu da virgem, viveu em perfeição, morreu pelos pecados do mundo, ressuscitou e ascendeu ao Céu, há de voltar segunda vez, também em cumprimento às profecias, para ressuscitar e levar todos quantos morreram salvos, bem como aqueles que, ainda vivos, estiverem preparados, como ensina a Palavra de Deus.…”(BÉRGSTEN, Eurico. A doutrina das últimas coisas, p.46).
– Costumamos dizer que “Jesus vai voltar”, que “Jesus breve vem”, quando nos referimos ao arrebatamento da Igreja. Como já estudamos neste trimestre, a atual dispensação, a dispensação da graça, irá se encerrar quando a Igreja for arrebatada, ou seja, quando nós nos encontrarmos com Jesus nos ares (I Ts.4:17).
A doutrina tradicional tem considerado que este episódio, ou seja, o arrebatamento da Igreja, é a “primeira fase da segunda vinda de Jesus”, ou seja, Jesus vem, em primeiro lugar, para buscar a Sua Igreja.
Isto se dará, segundo os pré-tribulacionistas, antes do início da última semana de Daniel, antes da manifestação do Anticristo; segundo os mídi-tribulacionistas, no meio da última semana de Daniel, antes do início das pragas mencionadas na Bíblia Sagrada (em especial no livro do Apocalipse).
– O arrebatamento da Igreja é um fato repentino, sem data conhecida, que passará despercebido dos povos. Nesta oportunidade, como afirmam as Escrituras, o Senhor virá como um ladrão (Mt.24:43,44; I Ts.5:2), de inopino, num abrir e fechar de olhos (I Co.15:52), como um relâmpago (Mt.24:27).
Nesta oportunidade, Jesus não pisará os Seus pés sobre a Terra, mas a Igreja o encontrará nos ares (I Ts.4:17) e terá início a convivência entre Jesus e a Igreja.
– Apesar de, tradicionalmente, o arrebatamento da Igreja ter sido chamado de “primeira fase da vinda de Jesus”, existem alguns estudiosos da Bíblia que não entendem ser correto o uso da expressão “volta de Cristo” para este evento.
Afirmam (e entendemos que com razão) que alguém só volta quando faz todo o caminho contrário da ida, ou seja, uma pessoa só pode dizer que voltou quando vai até o ponto inicial da sua partida, da sua saída.
Assim, uma pessoa que saiu de São Paulo para o Rio de Janeiro só voltará quando, ao sair do Rio de Janeiro, chegar novamente a São Paulo. Se parar pelo meio do caminho, não terá ainda voltado.
Por causa disto, estes estudiosos das Escrituras afirmam que a expressão “volta de Cristo” só pode ser aplicada para o evento em que Jesus voltará para o monte das Oliveiras, que foi o lugar de onde partiu para os céus (At.1:9-12), como, aliás, foi anunciado pelos anjos que se apresentaram aos discípulos após a ocultação do Mestre pelas nuvens.
Somente nesta ocasião é que Jesus voltará para a Terra, pois a Bíblia é clara ao dizer que Jesus aparecerá segunda vez (Hb.9:28).
OBS: O item 11 do Cremos das Assembleias de Deus utiliza-se da expressão “fases” para estes dois eventos, “in verbis”: “11) Na Segunda Vinda premilenial de Cristo, em duas fases distintas.
Primeira — invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação;
segunda — visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16, 17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5 e Jd 14).
– Segundo esta concepção, não se teria, pois, propriamente uma “volta” quando do arrebatamento da Igreja, mas tão somente um rapto do corpo de Cristo, uma retirada dos santos da Terra.
Jesus não propriamente volta, mas Se encontra com a Igreja nos ares, nas regiões celestiais (I Ts.4:17). Jesus vem ao encontro da Igreja, mas não volta para a Terra. A Sua vinda seria, segundo este pensamento, tão somente a chamada “segunda fase”, ou seja, a Sua volta triunfal.
– A “segunda fase da vinda de Jesus”, também conhecida, como vimos supra, como “vinda de Jesus em glória”, “volta triunfal de Cristo”, “parousia” ou “revelação de Cristo em glória” é o evento que ocorrerá sete anos depois do arrebatamento da Igreja (para os pré-tribulacionistas, pois, para os mídi-tribulacionistas, o episódio ocorrerá três anos e meio depois do arrebatamento), ou seja, ao contrário do arrebatamento, é um evento com tempo marcado e determinado na Bíblia Sagrada.
Será um instante em que Jesus será visto por todos os povos e nações, em especial pelos israelitas (Zc.12:10; Ap.1:7), porá os Seus pés sobre esta Terra (Zc.14:4; At.1:11) e se fará acompanhado da Igreja triunfante (Jd.14).
– Bem se vê, pelas referências bíblicas, que estamos diante de dois eventos distintos, não havendo como confundi-los. É o que fazem os pós-tribulacionistas, que confundem o arrebatamento da Igreja e a vinda de Jesus em glória em um só evento, que chamamos de volta de Cristo.
Para estes (em especial, o movimento adventista), Jesus virá ao término da Grande Tribulação, arrebatará os escolhidos dos quatro cantos da terra e, depois, em seguida, vencerá o Anticristo.
Esta linha de pensamento, entretanto, não pode ser aceita, pois, como vimos, as Escrituras mostram que o arrebatamento da Igreja e a vinda de Jesus em glória têm características totalmente diferentes e, se se tratasse do mesmo evento, teríamos uma contradição insuperável na Bíblia, o que, evidentemente, não é possível.
Como conciliar que a Bíblia diz que Jesus vem como um ladrão em I Ts.5:2, que ninguém O perceberá em Mt.24:43,44 e, em Ap.1:7, ser dito que todo o olho O verá? Poderia acontecer coisas tão opostas em um mesmo e único episódio?
Vemos, portanto, que não é possível que se confundam estes dois acontecimentos escatológicos, acontecimentos, porém, que são conhecidos, ambos, como “volta de Cristo”. Tomemos, pois, cuidado para não nos confundirmos.
II – A SITUAÇÃO MUNDIAL NO MOMENTO DA VOLTA TRIUNFAL DE CRISTO
– Esclarecido o que devemos entender pela expressão “volta de Cristo”, estudemos a chamada “volta triunfal de Cristo”, ou seja, este acontecimento que terá lugar sete anos depois do arrebatamento da Igreja e que porá fim à Grande Tribulação e ao reinado do Anticristo.
– Como vimos na lição anterior, a situação do mundo na iminência do retorno triunfal de Cristo será a pior de todos os tempos (Dn.12:1).
O Anticristo já estará governando por sete anos e a ira de Deus estará sendo derramada sobre a face da Terra, com os juízos das sete taças, que são a consumação do juízo divino sobre os rebeldes (Ap.15:1).
A sexta taça secou as águas do rio Eufrates (Ap.16:12), o que trará enormes transtornos para os habitantes daquela região, onde, provavelmente, estará sediada a capital comercial do Anticristo, a Babilônia mencionada em Ap.18.
– Numa situação assaz adversa, o Anticristo, como todo ditador ao longo da história da humanidade, terá de encontrar um “bode expiatório”, ou seja, um inimigo que seja responsabilizado por todas as mazelas que estará enfrentando.
Este inimigo outro não será senão o povo de Israel, contra quem o Anticristo já estará lutando desde a quebra do pacto que permitia aos israelenses sacrificar no templo reconstruído de Jerusalém.
Nesta altura da história, os judeus serão os grandes inimigos do Anticristo, pois serão o único povo que terá ostensiva e publicamente recusado adorar o Anticristo e adotar a religião liderada pelo Falso Profeta.
Os pregadores do evangelho de Jesus Cristo, a esta altura, dizem-nos as Escrituras, já terão sido aparentemente vencidos pelo Anticristo, senão vejamos:
a) as duas testemunhas estarão mortas desde o início da segunda metade da última semana de Daniel e terão seus corpos expostos em Jerusalém como verdadeiros troféus pelo Anticristo desde então (Ap.11:7-10).
b) os 144.000 pregadores anônimos também terão sido martirizados, pois, em Ap.14:1-5, são vistos cantando um cântico diante do trono do Senhor, ou seja, encontram-se no mesmo lugar em que estão os que morreram na Grande Tribulação por causa da fé em Cristo Jesus (Ap.7:14), numa demonstração de que também foram mortos.
– Com os “cristãos” fora do cenário, não restará ao Anticristo outro inimigo senão Israel. O “antissemitismo”, que é a doutrina que fomenta o ódio contra os judeus, tem sido uma constante no sistema mundial gentílico, pois nada mais é que a repercussão do ódio nutrido pelo adversário de nossas almas contra o povo de Israel.
O diabo odeia Israel assim como odeia a Igreja, porque ambos são o povo escolhido de Deus e tudo o que é amado por Deus, é aborrecido pelo inimigo.
– O antissemitismo é notado em todos os impérios mundiais mostrados ao rei Nabucodonosor em seu sonho. Senão vejamos:
a) Império Babilônico – desde o início do cativeiro dos judeus em Babilônia, notamos, na narrativa bíblica, como sempre o sistema mundial gentílico lutou para que Israel fosse destruído como nação.
O episódio da estátua que Nabucodonosor mandou fosse adorada mostra bem como havia já um clima contrário aos judeus na corte babilônica.
Quando lemos Dn.3:12, bem sentimos o preconceito racial contra os israelitas, na expressão dos assessores de Nabucodonosor, que fizeram questão de primeiro declinar a nacionalidade dos amigos de Daniel, antes de contar ao rei o próprio crime que eles teriam cometido.
b) Império Medo-Persa – neste império, Israel sofreu uma grande ameaça de destruição total, talvez a maior ameaça que tinham tido até então, durante o reinado de Assuero, quando Hamã, certamente usado pelo adversário, não só resolveu matar Mardoqueu, mas todo o seu povo (Et.3:6).
Deus, através da rainha Ester, inverteu a situação e o que seria a destruição do povo se transformou na destruição dos inimigos de Israel, episódio que é celebrado, até os dias de hoje, pelas festas de Purim. Aliás, este episódio é um verdadeiro tipo, uma verdadeira figura da vitória final de Israel sobre os seus inimigos.
c) Império Grego – neste império, houve duas ocasiões em que Israel quase foi destruído, a saber:
c1) a primeira, pelo próprio Alexandre, o Grande. Os judeus, na guerra dos gregos contra os persas, mantiveram-se fiéis aos persas, recusando-se terminantemente a apoiar os gregos. Vencidos os persas, Alexandre marchou com o seu exército para Jerusalém, com o nítido propósito de destruí-la.
Quando Alexandre se aproximava, o sumo sacerdote Jado pôs o povo para orar e buscar ao Senhor e, vestido com as vestes sacerdotais, foi ao encontro do rei da Grécia, a fim de pedir clemência.
Alexandre, porém, ao ver o sumo sacerdote, prostrou-se perante ele, pois teria tido um sonho ainda antes de iniciar a conquista do mundo em que teria visto a cena do sumo sacerdote com os demais sacerdotes que o acompanhavam, reconhecendo, assim, que o Deus de Israel era o Deus verdadeiro, circunstância que ficou ainda mais patente quando os judeus mostram ao rei grego que o profeta Daniel já havia profetizado a respeito de suas conquistas (cfr. Dn.8:21;11:3).
Este episódio está relatado no livro Antiguidades Judaicas do historiador judeu Flávio Josefo( livro XI, capítulo 8) e alguns entendem que pode ter sido profetizado em Zc.9:13-17.
c2) a segunda, no reinado de Antíoco Epifânio, rei da Síria, da dinastia selêucida, que foi uma das dinastias surgidas da divisão do império de Alexandre (cfr. Dn.8:22) e cujo governo foi, também, profetizado por Daniel (Dn.11:21-45).
Este rei tentou, de todas as formas, destruir o Israel fiel, tendo profanado o templo de Jerusalém e levado muitos à apostasia, mas, sob o comando inicial de Judas Macabeu, os judeus acabaram sendo vitoriosos e, inclusive, conquistaram a independência da Judéia, que ficou como nação livre durante pouco mais de 100 anos, até serem dominados pelos romanos.
O templo foi restaurado e instituída uma outra festividade para celebrar este evento, a festa de Chanucá ou da dedicação (cfr. Jo.10:22).
d) Império Romano – entre os romanos, o ódio aos judeus não foi menor. Já no reinado de Cláudio, os judeus foram expulsos de Roma (At.18:2), tendo em vista a sua recusa em cultuar o imperador e, dali para a frente, a resistência e o preconceito só aumentaram.
O próprio Flávio Josefo, o grande historiador judeu que passou para o lado dos romanos na guerra que levou à destruição de Jerusalém e do templo e que se tornou protegido dos imperadores Vespasiano e Tito, é testemunha deste sentimento contrário aos judeus, tanto que teve de fazer escritos defendendo o povo judeu e a sua história.
Este mesmo sentimento não melhorou com a ascensão do Cristianismo, pois logo os judeus passaram a ser considerados os “assassinos de Cristo” e, por causa disso, sempre sofreram as mais cruéis perseguições ao longo da Idade Média e da Idade Moderna em toda a Europa e Ásia, tanto entre os cristãos ocidentais quanto os orientais, que o digam a Inquisição e os chamados “pogroms” (ataques violentos a pessoas, com a destruição de seu ambiente) ocorridos na Europa Oriental.
Com o surgimento do Islamismo, melhor sorte não tiveram os judeus. Maomé, após um discurso inicial favorável aos judeus, com eles endureceu e o Corão (livro sagrado dos muçulmanos) é implacável para com os judeus, o que gera um sentimento antissemita entre os muçulmanos, que só aumentou depois do movimento sionista que levou ao ressurgimento de Israel na Palestina.
Este sentimento antissemita milenar dos europeus e dos árabes é o sentimento que deu origem ao holocausto dos judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial e ao sentimento antissemita que hoje está crescendo assustadoramente em todo o mundo e que já é nítida preparação do “espírito do Anticristo”, pois é o sentimento que levará todas as nações ao vale do Megido no término da Grande Tribulação.
– A propósito, todo este “antissemitismo” estava já predito na revelação das setenta semanas, quando é dito que, no intervalo entre as 69 semanas e a última semana de Daniel, haveria “assolações” (Dn.9:26).
A palavra hebraica utilizada é “shamem” (שמם ), que a Bíblia de Estudo Palavra-Chave diz significar “atordoar, ficar entorpecido, devastar, entorpecer, fazer ficar pasmado, espantar, , sofrer perturbação, ser despojado, ser destituído”.
Tais episódios que têm acompanhado o povo judeu ao longo da dispensação da graça são fatos que, realmente, deixam todos atordoados, sem ação, como também são indisfarçáveis tentativas de destruição do poder judeu. Em Dn.9:27, o Anticristo é denominado de “assolador”, a indicar, portanto, que será o maior perseguidor dos judeus em toda a história da humanidade.
– Neste instante, com os judeus como seus únicos adversários, o Anticristo conseguirá convencer as nações a uma investida final contra Israel, com o propósito de destruir totalmente os judeus, “lançar Israel ao mar”, como dizem os atuais adversários dos judeus.
Este convencimento, explica-nos a Bíblia, não será fruto apenas da eloquência do Anticristo (que será enorme, como já vimos em lições anteriores), nem tampouco resultado apenas da sua força e poderio, mas, sim, ação direta de espíritos demoníacos que provirão tanto do Anticristo, quanto do Falso Profeta e do próprio Satanás (Ap.16:13,14).
O engano provocado pelos demônios irá convencer os homens de que os judeus são os responsáveis pelas dificuldades então existentes e, em virtude disto, devem ser destruídos. Será tudo providência de Deus para o julgamento de todos aqueles que se aliaram ao Anticristo e recusaram servir ao Senhor.
– As nações reunir-se-ão, então, sob o comando do Anticristo e do Falso Profeta, para a total destruição de Israel, no Armagedom (Ap.16:16), local que é identificado como sendo Megido, região que foi palco de várias batalhas registradas na história, tanto na história dos gentios, quanto da história de Israel (Jz.5:19; II Rs.9:27; 23:29,30; II Cr.35:22-24).
Megido sempre foi um local de fortificação e palco de batalhas na Palestina, estando localizado na planície de Esdrelom, na parte norte da Palestina, a cerca de 24 km a sudoeste do monte Carmelo.
– A reunião das nações nesta região já tinha sido profetizada no Antigo Testamento. No livro de Joel, considerado como o mais antigo profeta literário de Israel, já encontramos a descrição deste evento, que representará a redenção final de Israel.
Em Jl.3:11-21, o profeta descreve a ação divina no vale de Jeosafá (que outro não é senão o próprio vale do Megido) quando as nações inimigas de Israel serão derrotadas pela intervenção direta do Senhor.
– O mundo estará, portanto, congregado no vale do Megido para destruir Israel, riscá-lo do mapa, fazer o “grande acerto de contas” com o povo escolhido de Deus, mal sabendo que será exatamente neste instante que o Senhor Jesus surgirá como o grande libertador de Israel e instaurará, sim, uma era de justiça e de paz sobre a face da Terra, mas não do jeito e da forma pretendida e veiculada pelo Anticristo na reunião dos povos.
– Há alguns anos atrás, alguém poderia duvidar que seria possível uma reunião de nações contra um determinado país, mas, depois da Guerra Fria, tivemos uma demonstração de como isto é possível na Guerra do Golfo Pérsico, em 1992, quando praticamente todas as nações do mundo foram congregadas pelos Estados Unidos da América contra o Iraque, que havia invadido o Kuwait.
Vemos, portanto, que já há condições de possibilidade desta circunstância, num ambiente político ainda aberto como o atual, que dirá quando o mundo todo estará sob o domínio implacável do Anticristo.
– Israel não terá saída. A destruição será iminente. O Anticristo virá com um grande exército, formado por soldados de várias nações, com o fim de destruir Israel, que será considerado o grande responsável pelas mazelas do mundo, o “bode expiatório” de todas as frustrações da humanidade, a causa de todos os males.
Não haverá como os israelenses escapar e parecerá que, enfim, os inimigos do povo de Deus, da Sua propriedade peculiar (Ex.19:5,6). Entretanto, não devemos julgar segundo a aparência e, diante de circunstâncias tão adversas, Deus mostrará que sempre teve o absoluto e exclusivo controle da história.
– Premido pelas circunstâncias, Israel clamará ao Senhor, como se vê no livro do profeta Joel, nos seus capítulos 1 e 2, que é visto por alguns estudiosos como a descrição da aflitiva situação que viverão os judeus neste tempo, após terem fugido para o deserto da Judeia (Cfr. Zc.14:1,2,5).
III – QUANDO SE DARÁ A VINDA DE JESUS EM GLÓRIA
– Estando todas as nações preparadas para a “solução final” na sua mais nova (e última) versão (“solução final” foi o nome dado por Adolf Hitler para o extermínio dos judeus na Segunda Guerra Mundial), quando parecer que Israel não tem mais nenhuma saída, nenhuma possibilidade de escapar à total destruição (e, humanamente falando, não haverá mesmo como se impedir a vitória do Anticristo), Deus começará a agir, invertendo as coisas e fazendo com que, mais uma vez, Israel seja salvo e poupado da destruição, aliás, salvo em todos os sentidos, pois, além da salvação da destruição física, Israel alcançará, nesta oportunidade, a sua salvação espiritual.
– Em primeiro lugar, haverá um sinal maravilhoso em Jerusalém. As duas testemunhas, que, durante três anos e meio, tiveram seus corpos expostos como troféus pelo Anticristo, ressuscitarão aos olhos de todos os homens e subirão aos céus (Ap.11:11,12).
Será um sinal que, certamente, amedrontará a todos os habitantes da Terra, que o testemunharão (certamente, todas as atenções do mundo estarão voltadas para a Palestina neste dia, porque estará tudo preparado para a destruição dos últimos judeus e os meios de comunicação não iriam perder esta oportunidade de exaltar e glorificar o seu dominador, ou seja, a besta.
Não nos esqueçamos de que, desde a quebra do pacto, Jerusalém estará sob o domínio do Anticristo, talvez como uma cidade internacional de adoração, como centro do culto à besta.).
A ressurreição das duas testemunhas é um sinal que mostrará de forma patente e indiscutível que o poder do Anticristo e do Falso Profeta é inferior ao poder de Deus.
O Anticristo, que terá enganado o povo com relação a sua suposta ressurreição e o Falso Profeta, que terá mostrado a superioridade de seu poder ante as duas testemunhas, terão a sua credibilidade fortemente abalada ante os seus adoradores.
– Em segundo lugar, logo em seguida a assunção das duas testemunhas aos céus, haverá um grande terremoto, que destruirá a décima parte de Jerusalém e que causará a morte de sete mil homens (Ap.11:13).
Os demais, atemorizados, darão glória a Deus, ou seja, serão os primeiros a reconhecer o senhorio de Deus sobre todas as coisas, rejeitando, assim, ao Anticristo e ao Falso Profeta.
Neste terremoto, entendemos que o terceiro templo, transformado em centro de adoração ao Anticristo, deverá ser destruído, assim como a imagem da besta que ali havia sido colocada para adoração.
– Em terceiro lugar, será derramada a sétima taça da ira de Deus, com um grande terremoto, o maior terremoto que já houve sobre a face da Terra (Ap.16:18), um terremoto que atingirá diversas partes do planeta, mas que atingirá em cheio Babilônia, a capital comercial do Anticristo, fendendo-a em três partes, além de outras cidades importantes, sendo que, simultaneamente a este terremoto, cairá do céu uma saraiva (isto é, uma chuva de pedras de granizo), com pedras de até 35 kg cada.
Será uma praga extremamente dura, pois a Bíblia diz que Deus terá dado o cálice do vinho da indignação da Sua ira e informa que a praga será muito grande (Ap.16:19).
– Em quarto lugar, o próprio Senhor Jesus, em pessoa, acompanhado de anjos e da Igreja que havia sido arrebatada sete anos antes, aparecerá em toda a Sua glória perante todos os homens, em Jerusalém, ocasião em que pisará novamente no monte das Oliveiras (Zc.14:4), no mesmo local em que Seus pés deixaram o chão por ocasião da Sua ascensão (At.1:9-11).
Ao pisar no monte das Oliveiras, diz-nos a Bíblia, o monte das Oliveiras se fenderá ao meio, formando um vale muito grande, mudanças geográficas concomitantes aos eventos naturais que estarão transformando bruscamente o relevo da Terra em virtude do grande terremoto.
– Neste momento, em que o Senhor Jesus aparecer em glória, os judeus reconhecerão a Jesus como sendo o Messias, convertendo-se ao Senhor, conversão que se dará pela fé, pois o Senhor Jesus nada terá feito em prol de Israel até então.
Como resultado desta conversão, será derramado o Espírito Santo sobre o remanescente de Israel, que, então, será salvo ( Is.59:20,21; Jl.2:28; Rm.11:26,27).
– Em consequência do grande terremoto e do fender do monte das Oliveiras, haverá a formação de um novo curso nas águas em Jerusalém, de tal modo que se criará o rio que é descrito em Ez.47:1 e o regime hidrográfico mencionado em Jl.3:18.
A Palestina deixará de ser um local de escassez de águas, ao contrário do Egito e de Edom, que se tornarão lugares secos (Jl.3:19).
As águas que surgirem neste momento são chamadas de “águas vivas”, porque terão o condão de trazer a vida abundante para um terreno desértico e que, inclusive, sarará as águas do Mar Morto, fazendo com que áreas desérticas como é En-Gedi passem a ser lugares de pescadores (Ez.47:8-10).
– Em quinto lugar, Jesus virá em toda a Sua glória, como um guerreiro, em toda a Sua majestade, tanto que João O viu num cavalo branco, como o Fiel e o Verdadeiro, tendo nas Suas coxas o Seu título: Rei dos reis e Senhor dos Senhores (Ap.19:11,16).
Por isso os estudiosos da Bíblia denominam esta passagem de “parousia” (ou seja, aparição, em grego) ou “vinda de Jesus em glória”, pois o Senhor voltará à Terra, mas, ao contrário da primeira vinda, quando veio como uma humilde criança nascida numa estrebaria em Belém, virá com todo o Seu esplendor, com toda a Sua glória.
– É importante verificarmos a descrição que João faz da aparição do Senhor, para desta descrição extrairmos preciosas lições a respeito do evento e da própria natureza do Cristo e da Sua Igreja.
– É importante observar que Jesus é apresentado como um cavaleiro que está montando um cavalo branco. Como já vimos, em Apocalipse 6, também apareceu um cavaleiro que montava o cavalo branco, mas aquele cavaleiro, como sabemos, não era o Cristo, mas, sim, a sua maior falsificação, ou seja, o Anticristo, a besta.
Assim como Jesus, nesta oportunidade, naquela ocasião, também foi visto um cavaleiro montando um cavalo branco, o que nos traz a lição de que o adversário sempre procura imitar as coisas de Deus e o faz de uma forma extremamente astuta e enganadora.
Notemos que o diabo copiou toda a aparência exterior da vinda de Jesus em glória: arrumou um cavaleiro e um cavalo branco. Assim faz sempre Satanás: mostra-nos algo que, na aparência, é idêntico ao que é providenciado e feito por Deus.
Mas cessa na aparência exterior a suposta “igualdade” entre uma e outra operação e não é por outro motivo que Jesus nos recomenda que jamais julguemos segundo a aparência exterior (Jo.7:24).
– Se verificarmos as duas visões de João, se ambos os cavaleiros montavam cavalos brancos, o fato é que este cavaleiro de Ap.19 é chamado de Fiel e Verdadeiro, ao passo que o cavaleiro de Ap.6 tinha em sua mão um arco, ou seja, embora a cor branca do cavalo simbolizasse e aparentasse a paz, o cavaleiro de Ap.6 tem, em suas mãos, um arco e não declara o seu nome.
Já o cavaleiro de Ap.19 é chamado de Fiel e Verdadeiro e nada tinha em Suas mãos. Isto nos mostra claramente que as coisas de Deus têm compromisso com a verdade e com a fidelidade, não necessitam de que alguém lhes faça propaganda, bem como bastam por si próprias, sem ajuda de quem quer que seja.
O cavaleiro tinha obras, não propaganda; tinha verdade, não engano; tinha fidelidade, não astúcia. Será que temos, como servos de Deus, nos apresentado perante os outros como pessoas fiéis, verdadeiras e cujas obras demonstram que julgamos e pelejamos com justiça ? Ou será que temos preferido ter aparência, engano, astúcia?
– O cavaleiro de Ap.19 tinha olhos como chama de fogo e sobre a Sua cabeça havia muitos diademas. Seu título demonstra que é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. O cavaleiro de Ap.19 é alguém que já reina, que controla todas as coisas.
O cavaleiro de Ap.6, ao revés, era alguém que vinha para vencer, alguém que queria conquistar algo, alguém que tencionava se fazer grande e que havia recebido uma coroa. Isto nos mostra que Jesus já reina, que tudo o que acontece está sob o total e pleno controle do Senhor e, por isso, não temos porque nos desesperar.
Mesmo quando as coisas parecerem impossíveis, quando o triunfo do mal parece inevitável, como ocorrerá neste instante da história de Israel, Jesus jamais terá perdido o controle da situação, jamais terá Se esquecido de Suas promessas.
Quando olhamos para esta descrição da vinda gloriosa de Jesus, temos de glorificar a Deus e lembrar que nenhuma situação de nossas vidas será mais aflitiva do que esta que será vivida pelo povo de Israel ao término da Grande Tribulação e que o nosso Jesus é o mesmo que virá socorrer Israel (Hb.13:8), de modo que, no momento certo, de forma sobrenatural, se preciso for, este Jesus virá para nos socorrer em nossas dificuldades.
– O cavaleiro de Ap.6 recebeu a coroa, ou seja, devia o seu poder a alguém. Ora, sabemos que o Anticristo operará segundo a eficácia de Satanás e a ele deverá o seu poder, daí porque, juntamente com o Falso Profeta, serão os inauguradores do lago de fogo e de enxofre.
O cavaleiro de Ap.19, porém, é o próprio Deus, pois é chamado de a Palavra de Deus e isto nos mostra que nada há mais poderoso e firme na face da Terra do que a Palavra do Senhor.
Passarão os céus e a terra, mas não passará a Palavra de Deus. Vale a pena servirmos a Deus e obedecermos à Sua Palavra, pois nela encontramos o verdadeiro poder, a verdadeira firmeza para a nossa existência.
Nem mesmo toda a eficácia e poderio do diabo podem resistir à Palavra de Deus e esta lição espiritual nos é trazida desta visão de João. Não temamos toda a força do inimigo, pois a Palavra de Deus é maior!
– O cavaleiro de Ap.6 trazia um arco, uma arma que é curvada, que é torta, enquanto que da boca do cavaleiro de Ap.19 saía uma aguda espada, uma arma reta.
Isto nos mostra que as coisas de Deus sempre buscam a retidão, sempre nos trazem o que é direito e que isto é que deve ser buscado pelo servo do Senhor (nossa oração tem de ser como a de Esdras, que pedia a Deus um caminho direito, Ed.8:21).
O Senhor é reto (Sl.25:8) e, se com Ele aprendemos, também o seremos. Discerniremos sempre se algo provém, ou não, de Deus se observamos se há, ou não, retidão naquilo que estamos analisando.
– Em sexto lugar, assim que pisar o monte das Oliveiras, Jesus iniciará a peleja, a batalha em defesa de Israel (aliás, vemos aqui, uma vez mais, uma guerra em que Israel sairá vitorioso porque agiu em defesa, porque foi agredido e não porque agrediu).
Jesus vem para vingar o povo de Deus, para fazer justiça, para destruir os inimigos de Israel, que, inclusive, em meio à praga da grande saraiva, terão, pela vez derradeira, blasfemado contra Deus, como, aliás, fizeram no decorrer das sete últimas pragas (Ap.16:21).
– Após a conversão de Israel, então o Senhor Jesus se dirigirá até Bozra, na região de Edom, ou Temã, a fim de efetuar o juízo contra os exércitos do Anticristo (Is.34:6; 63:1; Jr.49:13,22; Am1:12; Hc.3:3).
– A Bíblia descreve a ação de Jesus na batalha do Armagedom como sendo uma “pisadura do lagar”. O lagar era um local destinado à produção do vinho. As uvas colhidas eram levadas até este local, um espaço situado um pouco acima do solo, onde as pessoas passavam a pisar as uvas.
Pisadas, as uvas soltavam o seu suco, que era encaminhado, através de um sistema de condução, a um outro compartimento, onde o suco era recolhido (normalmente em tonéis), a fim de que pudesse ser transformado em vinho.
Na batalha do Armagedom, Jesus estará como que pisando o lagar, ou seja, espremendo os inimigos de Israel, destruindo-os e fazendo correr não suco de uva, mas o próprio sangue deles. É por isso que Jesus é visto por João com Suas vestes salpicadas de sangue (Ap.19:13), visão esta que é integralmente concorde com a que teve o profeta Isaías (Is.63:1-3).
– A Bíblia também chama a ação de Jesus na batalha do Armagedom de “colheita”. Em mais de uma passagem bíblica, é dito que a ação da justiça divina sobre os rebeldes será uma colheita, ou seja, a justa retribuição por tudo aquilo que os homens fizeram em sua insensibilidade e rebelião espirituais (Gl.6:7).
O juízo de Deus sobre os povos rebeldes é chamado de colheita em Ap.14:14-20, num contraste com a bênção e a comunhão que desfrutarão aqueles que preferirem morrer por Cristo no período da Grande Tribulação.
Os adoradores da besta são comparados a uvas maduras que são recolhidas e reunidas para serem pisadas pelo Senhor.
A mesma imagem da colheita já havia sido utilizada pelo próprio profeta preparador do caminho do Senhor, João Batista, que, na sua pregação, já havia alertado a respeito. Jesus viria com a graça, mas, depois, viria com a pá, limparia a Sua eira e recolheria o Seu trigo no celeiro e queimaria a palha com fogo que nunca haveria de se apagar (Mt.3:12).
Não nos iludamos, amados irmãos, sejamos fiéis ao Senhor, pois horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo!
– Mas as Escrituras ainda chamam a ação de Jesus na batalha do Armagedom como sendo a “ceia do grande Deus” (Ap.19:17).
Será uma grande carnificina, pois a própria Palavra nos afirma que todos os soldados envolvidos serão mortos, não haverá nenhum sobrevivente, com exceção do Anticristo e do Falso Profeta, numa matança sem precedentes na história da humanidade (Ap.19:21).
Por isso, as Escrituras afirmam que o Senhor mandará todas as aves de rapina existentes para aquele local, a fim de que possam elas cumprir o seu papel ecológico de partícipes na “reciclagem” daquela matéria.
OBS: “…Esta passagem em foco é a consolidação do que foi predito por Jesus nas passagens de Mateus 24.28 e Lucas 17.37 respectivamente. Nestas duas passagens lemos o que segue: ‘ pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias’(…).
Em realidade, nesse caso, as ‘águias’ são abutres, que os antigos aceitavam como uma raça de águia especial (Jô 39.30, Os.8.1). Plínio enfatiza isto em sua História Natural.(…). Aristóteles observa em seus escritos que este pássaro tem a capacidade de farejar a sua vítima a grande distância e que, com freqüência, acompanhavam os exércitos.
Lemos também que, durante a guerra russa, grande número dessas aves se ajuntou na península da Criméia, e ali estacionou até o fim da campanha, nas cercanias do campo, embora, antes, dificilmente fossem vistas naquela parte do país.
Também lemos que esses pássaros seguidores dos exércitos mortais, seguiram a Napoleão Bonaparte, nos campos gelados da Rússia.…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 2.ed., p.251).
– É interessante observar que muitos chegaram a objetar esta passagem bíblica, mostrando que, com o aumento da tecnologia, as guerras seriam cada vez menos sangrentas e que poupariam cada vez mais vidas. Entretanto, não é o que se tem mostrado ao longo dos últimos anos. A utilização de “drones” não tem diminuído o caráter sangrento das guerras.
– Em sétimo lugar, o Anticristo e o Falso Profeta serão lançados vivos no lago de fogo e de enxofre. Eles serão os únicos sobreviventes da batalha do lado inimigo do povo de Deus, mas serão poupados apenas para servirem de supremo exemplo para os rebeldes e desobedientes à Palavra de Deus.
A Bíblia diz que eles serão lançados vivos no lago de fogo e enxofre, que será, então, inaugurado (Ap.19:20). Se chamamos de “inferno” ao ardente lago de fogo e enxofre, temos de admitir que o “inferno” encontra-se vazio na atualidade, sem qualquer ser.
Ele somente será inaugurado nesta ocasião, porquanto para que ele seja inaugurado, é mister que Deus execute a Sua justiça e, até o momento, Ele não o fez, nem mesmo em relação aos anjos caídos, que dirá em relação aos homens.
Na Sua grande longanimidade, misericórdia e amor, Deus tem deixado para executar o juízo no final da história e o primeiro instante em que isto ocorrerá será, precisamente, quando da vinda de Jesus em glória.
O Anticristo e o Falso Profeta, que se entregaram de corpo, alma e espírito a Satanás, que se deixaram, como nenhum outro ser humano em toda a história, se envolver e serem instrumentos do adversário, receberão a sua justa retribuição por este ato de insolência e serão lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre.
– A Bíblia não afirma explicitamente quem o fará, mas cremos que será o próprio Jesus, em pessoa, que tomará esta providência. Dizemos isto baseados na narrativa bíblica a respeito de Josué, que, como sabemos, é um dos tipos de Cristo.
Josué, o conquistador da Terra Prometida para Israel, representa Jesus precisamente neste aspecto militar, neste aspecto de conquistador e de vencedor sobre um inimigo que havia chegado à medida da injustiça (Gn.15:16).
Ora, é dito que os reis dos povos derrotados por Israel sempre tinham suas vidas poupadas e eram trazidos pessoalmente à presença de Josué, que os justiçava, determinando a sua morte (Js.10:16-19,22-27).
Assim, entendemos que o próprio Rei dos reis e Senhor dos senhores, que tem em Suas mãos as chaves da morte e do inferno (Ap.1:18 “in fine”), inaugurará o lago de fogo e de enxofre, ali lançando o Anticristo e o Falso Profeta.
– Além do mais, em II Ts.2:8, é dito que o Senhor desfará o iníquo pelo assopro da Sua boca, a mostrar que será uma tarefa pessoal de Cristo o lançamento da besta no lago de fogo e de enxofre.
– Temos aqui uma outra lição espiritual importantíssima para as nossas vidas: o destino da rebelião e do pecado não é outro senão a perdição eterna.
De nada adianta o poder humano ou o poder advindo do diabo e de seus anjos, nada impedirá o senhorio de Cristo e a sentença de perdição que por Ele será proferida no dia do julgamento.
IV – OBJETIVOS DA VINDA DE JESUS EM GLÓRIA
– Por que Jesus voltará à Terra? Talvez alguns de nós já tenha feito esta pergunta. Tendo sido desprezado, rejeitado e humilhado, mas vencido a morte e ressuscitado, seria normal que Jesus não tivesse que retornar a este mundo.
Seria normal que o Senhor apenas determinasse a punição dos rebeldes e estabelecesse, com os Seus servos, numa nova terra e céus, o Estado eterno, sem ter que revigorar este mundo sofrido e manchado pelo pecado e que, afinal de contas, cederá seu lugar a um céu e terra onde habite a justiça.
– No entanto, Jesus tem de cumprir a Sua obra redentora e a redenção envolve a restauração de todas as coisas que foram danificadas e prejudicadas pelo pecado.
O pecado trouxe separação entre Deus e o homem e isto Jesus já resolveu ao morrer por nós no Calvário, mas há ainda outros compromissos assumidos pelo Senhor ao longo da história da humanidade, que precisam ser cumpridos e, como nos mostra a visão de João a respeito da volta triunfal de Cristo, Jesus vem como o Fiel e Verdadeiro, ou seja, como Alguém que cumpre tudo aquilo que prometeu, como Alguém que é fiel.
– Assim, é imperioso que Jesus volte à Terra a fim de promover a restauração de Israel. Israel foi escolhida por Deus para ser a Sua propriedade peculiar dentre os povos, para ser o modelo de santidade na Terra, para ser o instrumento da revelação de Deus a todas as nações.
As nações não podem, portanto, desaparecer antes que Israel cumpra este papel que lhe foi prometido pelo próprio Deus. Ao selar o pacto com Israel, Deus disse aos israelitas que eles seriam “um reino sacerdotal e um povo santo” (Ex.19:6).
Ora, isto ainda não ocorreu em toda a história de Israel desde este pacto até os dias de hoje. O objetivo de Deus é fazer com que Israel chegue a este patamar, o que somente será possível se for extinta a transgressão, se dê fim aos pecados e se expie a iniqüidade, sendo trazida a justiça eterna e selada a visão e a profecia (Dn.9:24).
– Torna-se, portanto, necessário o cumprimento de toda a profecia que se encontra nas Escrituras a respeito de Israel, bem como que o pecado seja retirado do meio da nação judia.
Para tanto, será preciso que Jesus volte à Terra, seja reconhecido como Messias por Israel, pois somente quando cremos em Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador, alcançamos a salvação, pois “…em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (At.4:12).
A volta triunfal de Cristo é uma necessidade para que Israel reconheça Jesus como o Messias e, desta forma, alcance a salvação, cumprindo-se, então, as profecias que dizem que o remanescente de Israel será salvo e sendo, de uma vez por todas, extirpado o pecado da nação de Israel (Is. 10:22; Sf.3:13; Rm.9:27).
– Mas Jesus também precisa voltar à Terra para que o sistema mundial gentílico seja destruído. Conforme foi profetizado nas Sagradas Escrituras, o sistema mundial gentílico será destruído pelo próprio Deus, através de Sua pedra (Dn.2:34,44), ou seja, Cristo Jesus, “…a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.” (At.4:11).
O sistema mundial gentílico que fomenta a rebelião, o pecado e é um poderoso instrumento do adversário na tarefa de seduzir os homens ao mal tem de ser banido e destruído para sempre e isto somente se fará se o próprio Deus, na pessoa do Filho, retornar à Terra, fazendo o devido acerto de contas, requerido pela justiça divina.
– Jesus precisa retornar à Terra para, após a restauração espiritual de Israel e da destruição do sistema mundial gentílico, estabelecer o Reino de Deus sobre a face da Terra, como está profetizado (Dn.2:44).
O Reino de Deus precisa ser instaurado na face da Terra, para todas as nações, pois foi anunciado por Jesus (Lc.16:16) e esperado pelos Seus servos (Mc.15:43; At.28:31;Gl.5:21). Este reino é necessário para que haja o cumprimento de todas as profecias a Seu respeito, pois podem passar os céus e a terra, mas a Palavra de Deus não pode passar.
Por isso, João anunciou que Jesus regerá com vara de ferro as nações (Ap.19:15), pois tem de estabelecer o reino de Deus sobre a Terra, a fim de que a justiça e a paz possam ser uma realidade e não um sonho inalcançável, como é hoje em dia (Sl.85:10).
– Jesus precisa retornar à Terra para a redenção da natureza, que geme desde que o homem pecou (Rm.8:20-22).
Sendo o mordomo da criação de Deus na terra(Gn.1:26), ao pecar o homem trouxe consequências nefastas para esta mesma criação, que foi amaldiçoada como efeito da desobediência humana (Gn.3:17,18), o que, aliás, mostra como fazemos aqueles que estão sob nossa responsabilidade sofrer pelos erros que cometemos.
Esta natureza precisa ser restaurada, mesmo que vá ser substituída logo depois, porquanto Deus precisa demonstrar que tem poder para repor a natureza no seu estado anterior ao pecado do homem.
Isto só será possível a partir do instante em que o pecado for extirpado e que o sedutor dos homens for aprisionado, criando-se, então, as mesmas condições que existiam no Éden antes da queda do homem.
– Jesus precisa, ainda, voltar à Terra, porque disse que a Sua Igreja, que Ele comprou com o Seu sangue, é formada de reis e sacerdotes (Ap.5:10), vez que a chamou de “sacerdócio real” (I Pe.2:9), tendo, inclusive, dito aos Seus apóstolos que eles julgariam as doze tribos de Israel (Mt.19:28).
Ora, isto só será possível se for estabelecido um reino de Cristo sobre a face da Terra, pois, no céu, não há como haver governo por parte dos integrantes da Igreja, pois ali reina soberano o Senhor, muito menos de os salvos serem utilizados como oficiais de um governo sobre as nações, pois as nações somente existem aqui na Terra.
Diante disto, para que tudo a respeito dos salvos seja cumprido, é mister que eles retornem a esta Terra, mas, como foi prometido por Deus, após o arrebatamento, estará a Igreja para sempre com o Senhor (I Ts.4:17), o que implica em afirmar que, como a Igreja tem de voltar à Terra, ela o fará porque Jesus também o fará.
– Por fim, Jesus voltará à Terra, porque não haveria como outra pessoa em todo o Universo concluir o “dia da vingança do nosso Deus”.
A punição dos ímpios na Grande Tribulação tem de ser concluída por Aquele que tem todo o poder nos céus e na terra e este é um só: Jesus (Mt.28:18). Só Ele pode pisar o lagar da ira divina (Is.63:3 “in initio”), pois só Ele é digno para tanto (Ap.5).
Somente um retorno pessoal de Cristo poderá pôr fim aos juízos divinos sobre os ímpios. Ninguém poderia fazê-lo e, por isso, é imperativo, necessário, indispensável que o próprio Jesus retorne a este mundo para concluir este juízo, que, não é por outra razão, que é, por vezes, chamado nas Escrituras de “dia de Cristo” e de “dia de Jesus” (II Ts.2:2; Fp.1:6).
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco