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JUVENIS – LIÇÃO Nº 10 – NAUM E HABACUQUE

Naum (Nahúm), cujo nome quer dizer “consolação”, foi o único profeta a não emitir juízos de repreensão, de previsão do julgamento divino a Israel pelos seus pecados.

Sua função foi trazer consolo, pronunciando o juízo divino contra o inimigo de Israel, o julgamento divino contra o opressor, o povo que levou os israelitas cativos.

Naum é o patrono da cidade de Cafarnaum (Kfar Nahum, ou seja, Vilarejo de Naum), na região norte da Galileia, nas proximidades do mar, a cidade onde Jesus exerceu boa parte do seu ministério, muitos milagres ocorreram e o grande consolo, de fato, veio para todo aquele povo.

O profeta Naum, por sua vez, vinha da cidade de Elcosi, que pode ter sido o seu berço.

Elissen (1993, p. 315 ) aponta: “ A melhor conjetura é que ele nasceu perto de Cafarnaum, na parte norte da Galileia, fugiu ou emigrou para Elcos, na parte sul de Judá, depois da queda do norte, e profetizou para Judá numa época de muita necessidade de consolação com referência aos inimigos assírios,”

A profecia de Naum vai ao encontro de um povo que antes havia sido poupado por Deus, devido ao seu arrependimento.

O tema deste livro é a santidade divina. O Deus Santo exorta os homens a abandonarem a vida pecaminosa e a buscarem a santificação, a compaixão, a fidelidade e sinceridade. O Senhor se compadeceu de seu povo e destruiu todo o poderio da Assíria que zombou do Pai Celestial, desconhecendo a Sua Majestade.

É por meio do contexto que se obtém a base para se datar, aproximadamente, obra, no ano 710 a.C. no ano do reinado de Ezequias, ou 650 a.C., época do reinado de Manassés.
Para se determinar a data em que o Livro de Naum foi escrito, quatro fatos devem ser considerados:

a. Nínive foi destruída em 612, e este acontecimento foi profetizado por Naum.

b. A vinda de um “conselheiro vil” de Nínive para Jerusalém foi predita em 1:11, e Rabsaqué em 701 a.C. (2 Reis 18:19- 35) parece enquadrar-se nessa profecia.

c. A referência à invasão sofrida por Nô-Amom (Tebas), a grande capital do sul do Egito. Devemos atentar para o fato de que essa cidade foi conquistada diversas vezes. (Elissen, 1993, p.314). De ti saiu um que maquinou o mal contra o Senhor, um conselheiro vil. (Na 1.11)

A Assíria foi tema da pregação de dois profetas menores: Jonas e Naum. A pregação de Jonas foi no período de 760 a.C., enfatizava a destruição de Nínive, mas vinha seguida da misericórdia se eles se arrependessem.

Naum, por sua vez, no período de 630 a.C., predisse a punição divina, porque as gerações posteriores passaram a praticar diversos tipos de pecados que afrontavam a santidade divina, o que deixou o Senhor extremamente irado e prontamente disposto a exterminar aquela nação.

Em 746 a.C., Tiglate-Pileser lll tornou-se rei da Assíria e deu início a campanhas militares que, no espaço de vinte e cinco anos, puseram fim a Israel, no reino do norte. Essas aventuras militares embora não tivessem significado à destruição de Judá, chegaram a por em sério perigo a sua independência. Oseias, o último monarca no reino do norte, meie-se a pagar tributo aos assírios.

Acabou aprisionado. Samaria, sua capital, foi invadida e arrasada até as rés do chão. Os registros assírios documentam que nada menos de 27.290 habitantes da cidade de Samaria foram deportados e que, estrangeiros foram enviados para habitar no lugar deles.

Senaqueribe invadiu Judá em 701 a.C. Ezequias resistiu aos assírios e, somente, devido à divina intervenção (Is 37.36), Jerusalém foi salva da conquista e do saque.

Apesar disso, quarenta e seis cidades foram capturadas. Judá, nos dias do rei Manassés, tornou-se um reino vassalo da Assíria. Porém, foi a partir daí que o poder assírio começou a declinar .[…] os babilônios gradualmente obtiveram o predomínio. (Champlim, 2001, p.3.593)

Após a morte de Assurbanipal, no período de 626 a.C., os assírios perceberam que o domínio sobre os territórios estava ficando ameaçado. Nínive estava cercada pelos medos e o seu poderio militar agora já não passava de uma ilusão.

Naum atuou como um excelente historiador, prevendo fatos que ficaram marcados na história dos grandes reinos da humanidade.

É decretado: ela será levada cativa, conduzida para cima; e as suas servas a acompanharão, gemendo como pombas, batendo em seus peitos.

Nínive desde que existiu tem sido como um tanque de águas, porém elas agora vazam. Parai, parai, clamar-se-á; mas ninguém olhará para trás.

Saqueai a prata, saqueai o ouro, porque não têm fim as provisões, riquezas há de todo o gênero de bens desejáveis. Vazia, esgotada e devastada está; derrete-se o coração, e tremem os joelhos, e em todos os lombos há dor, e os rostos de todos eles se enegrecem.

Onde está agora o covil dos leões, e as pastagens dos leõezinhos, onde passeava o leão velho, e o filhote do leão, sem haver ninguém que os espantasse?

O leão arrebatava o que bastava para os seus filhotes, e estrangulava a presa para as suas leoas, e enchia de presas as suas cavernas, e os seus covis de rapina.

Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos Exércitos, e queimarei na fumaça os teus carros, e a espada devorará os teus leõezinhos, e arrancarei da terra a tua presa, e não se ouvirá mais a voz dos teus mensageiros. (Naum 2. 7-13).

Sobre Nínive, precisamos recordar que se trata de uma das cidades mais antigas do mundo. Ela foi fundada por Ninrode: “Desta mesma terra saiu à Assíria e edificou a Nínive, Reobote-Ir, Calá.” (Gn 10.11)

A primeira capital da Assíria foi Asur, depois foi mudada para Nínive. O Império da Assíria recebeu este nome em homenagem a Asur, a principal divindade, o deus da guerra… Praticamente nada sobre a soberba cidade e do seu poderio. Apenas sentiam-se inferiores diante da

Babilônia, de quem copiavam a arte, cultura e ciência. Também tinham uma biblioteca de 20.000 volumes em Nínive, organizada pelo Rei Assurbanipal Preferiam atividades como caça e privilegiavam a guerra..

A destruição de Nínive ocorreu em 612 a.C. e foi tão devastadora que se tornou uma lenda. Durante séculos, foi acobertada com a poeira do deserto. Somente foi encontrada em 1842 por Layard e Botta.

Em contrapartida, vemos, neste livro, traços do caráter do Poderoso Deus que revela Sua Santidade o que o diferencia, tornando-O superior a todos os outros deuses:

PACIÊNCIA – O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente; (Na 1.3)

JUSTIÇA – O Senhor é Deus zeloso e vingador; o Senhor é vingador e cheio de furor; o Senhor toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos. (Na 1.2)

PODER – E com uma inundação trasbordante acabará de uma vez com o seu lugar; e as trevas perseguirão os seus inimigos. (Na 1.8)

Nosso Deus tem propósitos em tudo o que realiza, sua finalidade é ensinar lições aos seus filhos e aos povos rebeldes que desconhecem a sua majestade, sua soberania sobre tudo e todos:

Por causa da multidão dos pecados da meretriz mui graciosa, da mestra das feitiçarias, que vendeu as nações com as suas fornicações, e as famílias pelas suas feitiçarias.

Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos Exércitos; e levantarei a tua saia sobre a tua face, e às nações mostrarei a tua nudez, e aos reinos a tua vergonha. E lançarei sobre ti coisas abomináveis, e envergonhar-te-ei, e pôr-te-ei como espetáculo.

E há de ser que, todos os que te virem, fugirão de ti, e dirão: Nínive está destruída, quem terá compaixão dela? Donde te buscarei consoladores? (Na 3. 4-7)

Autor de um breve livro, dotado de suavidade, Naum expressa clareza e vigor nas suas falas, na interação que elas provocam, no entusiasmo, alternância do ritmo, poeticidade, conteúdo espiritual etc. Champlim (op, cit,) afirma que seu hebraico é puro, clássico, característico da época do rei Ezequias.
O livro de Naum, que tem três capítulos, pode ser dividido em três partes:

a)1ª parte – introdução, onde se fala da majestade divina – Na.1

b)2ª parte – o cerco e a tomada de Nínive – Na.2

c)3ª parte – os pecados e a ruína de Nínive – Na.3

CARACTERÍSTICAS TEOLÓGICAS E MORAIS DO LIVRO:

1.Deus é santo e, por isto, requer dos homens uma conduta justa;

2.Deus está presente no mundo, no controle de todas as coisas, julgando e recompensando os fiéis.

3.É necessário ter o amor de Deus no coração para conceder o devido amor ao próximo, sem exageros, de formaregrada, o amor necessário.

4.Uma nação próspera que se distancia do Senhor, andando segundo os seus caminhos, pode tornar-se inimiga de Deus.

5.Naum aponta os motivos do julgamento de Nínive no cap. 3. Os julgamentos do Senhor têm razões, não são aplicados aleatoriamente.

6.Nínive deixou um exemplo para todas as nações. Um exemplo negativo. E foi assim que este império nunca mais se levantou.

Champlim (2001, p.3.603) enumera

DOZE PROFECIAS CUMPRIDAS HISTORICAMENTE

 

REFERÊNCIAS

ESSÊNCIAS DAS PROFECIAS REALIZAÇÕES HISTÓRICAS
Todas as tuas fortalezas serão como figueiras com figos temporãos; se os sacodem, caem na boca do que os há de comer. (Na 3.12)  

 

As fortificações assírias cairiam facilmente.

 

A crônica babilônica fala de quão fácil foi a sua queda. Essa iniciou-se em 614 a.C.

Tira águas para o cerco, reforça as tuas fortalezas; entra no lodo, e pisa o barro, pega a forma para os tijolos. (Na 3.14)  

Tijolos e argamassa deveriam ser preparados para defesa de emergência.

A arqueologia descobriu tentativas de fortificar os muros com tijolo e argamassa.
Eis que o teu povo no meio de ti é como mulheres; as portas da tua terra estarão de todo abertas aos teus inimigos; o fogo consumirá os teus ferrolhos. (Na 3.13)  

Os portões serão obliterados.

A arqueologia demonstrou o quão devastador foram os ataques contra os portões. Muros de sustentação foram nivelados.
De ti saiu um que maquinou o mal contra o Senhor, um conselheiro vil. (Na 1,11)

Tu também serás embriagada, e te esconderás; também buscarás força por causa do inimigo. (Na 3.11)

 

Os ninivitas estariam bêbados no momento do ataque final.

Diodorus Sirculus (c.20 a.C.) testemunhou este fato. Todo o exército assírio estava embriagado quando o ataque inesperado foi lançado.
E com uma inundação trasbordante acabará de uma vez com o seu lugar; e as trevas perseguirão os seus inimigos. (Na 1.8)

As portas dos rios se abrirão, e o palácio será dissolvido. […]Nínive desde que existiu tem sido como um tanque de águas, porém elas agora vazam. Parai, parai, clamar-se-á; mas

ninguém olhará para trás. (Na 2.6,8)

 

 

Uma inundação destruiria Nínive.

 

Diodorus e Xenofontes relataram inundações na cidade que acabaram por rivelá-la. Fortes chuvas e inundações resultantes quebraram parte das ruas e facilitaram a ação da invasão do inimigo.

Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos Exércitos, e queimarei na fumaça os teus carros, e a espada devorará os teus leõezinhos, e arrancarei da terra a tua presa, e não se ouvirá mais a voz dos teus mensageiros. (Na 2.13)

O fogo ali te consumirá, a espada te exterminará; consumir-te-á, como a locusta. Multiplica-te como a locusta, multiplica-te como os gafanhotos. (Na

3.15)

 

 

 

 

Os inimigos da Assíria ateariam fogo na cidade.

 

 

 

 

 

 

A arqueologia demonstrou que Nínive foi queimada.

O cavaleiro levanta a espada flamejante, como a lança relampejante, e ali haverá uma multidão de mortos, e abundância de cadáveres, e não terão fim os defuntos;

tropeçarão nos seus corpos; (Na 3.3)

 

Um grande massacre seria realizado contra o povo derrotado.

 

Diodorus afirmou este fato graficamente. Um grande fluxo de sangue misturou na água.

Saqueai a prata, saqueai o ouro, porque não têm fim as provisões, riquezas há de todo o gênero de bens desejáveis. Vazia, esgotada e devastada está; derrete-se o coração, e tremem os joelhos, e em todos os lombos há dor, e os rostos de todos eles se enegrecem. (Na 2.9,10)  

 

Nínive sofreria um pesado saque.

 

 

A crônica babilônica fala de tudo como foi levado embora.

Nínive desde que existiu tem sido como um tanque de águas, porém elas agora vazam. Parai, parai, clamar-se- á; mas ninguém olhará para trás. (Na 2.8)  

Alguns ninivitas tentariam escapar, alguns com sucesso.

O rei Sinrsharrishkun mandou embora seus filhos e filhas e um pouco de tesouro […] Muitos súditos reais foram também.
Os teus príncipes são como os gafanhotos, e os teus capitães como os gafanhotos grandes, que se acampam nas sebes nos dias de frio; em subindo o sol voam, de sorte que não se sabe mais o lugar onde estão. (Na 3,17)  

 

Ocorreria deserção por parte dos oficiais do exército de Nínive.

 

A Crônica Babilônica dá evidências disso, mas faz a afirmação de maneira genérica “o exército da Assíria.”

Contra ti, porém, o Senhor deu ordem que não haja mais linhagem do teu nome; da casa dos teus deuses exterminarei as imagens de escultura e de fundição; ali farei o teu sepulcro,

porque és vil. (Na 1.14)

 

– Destruição dos ídolos de Nínive.

 

A arqueologia confirmou este aspecto da devastação da cidade.

Que pensais vós contra o Senhor? Ele mesmo vos consumirá de todo; não se levantará por duas vezes a angústia (Na 1.9) Contra ti, porém, o Senhor deu ordem que não haja mais linhagem do teu nome; da casa dos teus deuses exterminarei as imagens de escultura e de fundição; ali farei o teu sepulcro, porque és vil. (Na 1.14)  

 

A destruição de Nínive seria final; a cidade nunca seria reconstruída.

 

Embora muitas cidades nesta área geral fossem reconstruídas, Nínive nunca o foi.

HABACUQUE:

Habaqquq é um nome raro nas Escrituras, o significado também é indefinido.
É possível que seja “abraço ardente”, de habaq, “abraçar”.

A profecia de Habacuque fala dos problemas da fé diante das dificuldades, fé que se traduz em fidelidade, em perseverança diante dos empecilhos, firmeza nas promessas divinas.

Por meio da revelação divina, as dificuldades enfrentadas são solucionadas e, por isto, o profeta encerra o livro com um salmo expressando esta confiança em Deus. O profeta ora a Deus pela sua nação e, também, O louva, engrandecendo-O pela Sua Santidade.

O nome do profeta é mencionado duas vezes no livro: “O peso que viu o profeta Habacuque” (Hb 1.1) “Oração do profeta Habacuque sobre Sigionote” (Hb 3.1). O homem que vê o peso sobre Israel, a necessidade de avivamento e restauração da nação, é o homem que dispõe a orar. Nestas ocasiões turbulentas, é necessário que haja homens dispostos a se prostrar na presença do Senhor para buscar o refrigério e a renovação espiritual do seu povo.

Sobre Habacuque, há algumas informações tradicionais que afirmam que ele era o filho da Sunamita mencionado em II Rs 4.16 a: “E ele disse: A este tempo determinado, segundo o tempo da vida, abraçarás um filho.” O menino que foi agraciado com o milagre da ressurreição:

Depois desceu, e andou naquela casa de uma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre ele, então o menino espirrou sete vezes, e abriu

os olhos. Então chamou a Geazi, e disse: Chama esta sunamita. E chamou- a, e veio a ele. E disse ele: Toma o teu filho. (II Rs 4.35,36)

Mas o próprio texto de Habacuque não nos traz tais informações, nem apresenta-nos qual era o seu ofício. Desconfia-se que era um levita, porque estava oficialmente qualificado para participar do canto litúrgico do templo em Jerusalém, indicando que era um dos encarregados da música sacra:

“ O Senhor Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas. (Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de corda).” (negrito meu) (Hb 3.19)

Habacuque viveu em tempos difíceis da história de Israel. No seu livro há referências à ferocidade dos caldeus: “Porque eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas.” (Hb 1.6), o que aponta uma data anterior a 605, quando o povo babilônio estava em amplo desenvolvimento de suas conquistas e Judá estava sob ameaça. Havia intensa violência e pecaminosidade em Judá, o que sugere período posterior à morte do Rei Josias (609 a.C.) e início do reinado de Jeoaquim, o filho de Josias, um rei iníquo.

Esta foi a época anterior ao cativeiro da Babilônia, no reinado de Jeoaquim em Judá, ano de 607 a,C. Este é o período precedente ao
jugo de Nabucodonosor em 606 a.C.

O livro de Habacuque, na verdade, é um poema em duas partes, que alude à queda final da Babilônia, com pequenas interpolações nos capítulos primeiro e segundo. O terceiro capítulo parece ser um salmo acrescentado.

Alguns eruditos pensam, para esse livro, em uma data entre 612 e 586 a.C.; mas, se Habacuque se encontrava no exílio, então seu poema, mais provavelmente, foi escrito entre 455 e 445 a.C., quando a Pérsia começou a mostrar que era suficiente forte para derrotar a Babilônia e assim impor a justiça divina sobre aquele império. Habacuque ansiava por ver isso suceder, a fim de que fosse feita justiça contra um brutal opressor de Israel, sem importar os meios usados para tanto.

O poema termina com o pronunciamento de uma lamentação sobre a Babilônia. Características distintivas de outros escritos proféticos, como uma ética específica, assuntos religiosos e um esboço da reforma do povo de Deus, não fazem parte do livro, que parece muito mais uma explosão de indignação contra a Babilônia, que levara a nação de Judá para o cativeiro, espalhando miséria e matanças generalizadas entre os judeus. (Champlim, 2001, p.3.611)

O livro de Habacuque, que tem 3 capítulos, pode ser dividido em três partes:

a) 1ª parte – diálogo entre Deus e o profeta – Hc.1:1-2:5

b) 2ª parte – os “cinco ais” sobre Babilônia – Hc.2:5-20

c) 3ª parte – a oração (ou o salmo) de Habacuque – Hc.3

CENÁRIO HISTÓRICO e POLÍTICO:

Habacuque tomara conhecimento de que a nação israelita tinha sido levada cativa pela Assíria. Mas o poderoso Deus já havia julgado aquela ímpia nação e aquele povo foi esmagado.

Os egípcios foram derrotados pelos caldeus e, agora, uma nova potência mundial estava surgindo. Com a expansão do poder de Nabucodonosor, havia uma certeza de que Judá estava entre as prováveis vítimas desta potência mundial. O profeta Isaías já havia advertido o Rei Ezequias de que os tesouros do templo seriam levados para a Babilônia:

Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, e o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o SENHOR. E até de teus filhos, que procederem de ti, e tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei de Babilônia. (Is 39.6,7)

Com o enfraquecimento da Assíria, Judá passava pelo reavivamento característico do reinado de Josias. Mas este rei que tanto contribuiu para a vida espiritual da nação foi morto em campo de batalha. Os egípcios uniram-se a outros aliados contra Nínive e Josias, que era vassalo de Nínive, envolveu-se numa batalha que não era sua e foi morto gratuitamente:

Ora, o mais dos atos de Josias e tudo quanto fez, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?
Nos seus dias subiu Faraó Neco, rei do Egito, contra o rei da Assíria, ao rio Eufrates; e o rei Josias lhe foi ao encontro; e, vendo-o ele, o matou em Megido.

E seus servos, num carro, o levaram morto, de Megido, e o trouxeram a Jerusalém, e o sepultaram na sua sepultura; e o povo da terra tomou a Jeoacaz, filho de Josias, e ungiram-no, e fizeram-no rei em lugar de seu pai. (II Rs 23.28-30)

Jeoacaz, o filho de Josias, foi levado cativo após três meses no poder e, logo após, colocou o outro filho de Josias, Eliaquim, mudando o seu nome para Jeoiaquim. Pode ser que Habacuque tenha escrito seu livro neste período. Em II Rs 24, os babilônios começam a perturbar Judá, o que vai ocasionar os setenta anos de cativeiro da Babilônia.

Nos seus dias subiu Nabucodonosor, rei de babilônia, e Jeoiaquim ficou três anos seu servo; depois se virou, e se rebelou contra ele.

E o Senhor enviou contra ele as tropas dos caldeus, as tropas dos sírios, as tropas dos moabitas e as tropas dos filhos de Amom; e as enviou contra Judá, para o destruir, conforme a palavra do Senhor, que falara pelo ministério de seus servos, os profetas.

E, na verdade, conforme o mandado do Senhor, assim sucedeu a Judá, para o afastar da sua presença por causa dos pecados de Manassés, conforme tudo quanto fizera. Como também por causa do sangue inocente que derramou; pois encheu a Jerusalém de sangue inocente; e por isso o Senhor não quis perdoar. (II Rs 24.1-4)

Apesar da reforma religiosa de Josias, a intensa corrupção espiritual de Judá não impediu o julgamento divino. O povo de Deus não atentou para o julgamento de Israel, de Nínive, de Nô Amon. Infelizmente, chegara a vez de Jerusalém sofrer este terrível destino. Elissen destaca o duplo propósito do livro escrito em algum local do Reino de Judá:

O objetivo do livro era enfatizar a santidade divina ao julgar o violento reino de Judá pelos seus pecados, muito embora Deus tivesse usado uma nação ainda mais iníqua para executar tal julgamento, nação que ele mais tarde destruiria por sua idolatria e perversidade ainda maior. (Elissen, 1993, p.320)

Por meio de Habacuque aprendemos a esperar pelo Senhor, a confiar na sua justiça. O profeta esclareceu, em seu livro, que Deus é santo e misericordioso.

No entanto, o pecado de Judá foi além do suportável, atentou contra a santidade e justiça divinas. Nosso Deus é justo e exerce a correção para que os homens reconheçam que Ele é soberano. Os caldeus se constituíam num povo sanguinário, sem compaixão e sem nenhuma reverência pela Lei Moral. Sendo assim, o profeta implora a Deus: “na tua ira lembra-te da misericórdia.” (Hb 3.2 c)

Em suma, o livro de Habacuque nos ensina:

1.O julgamento divino de Judá veio por meio da Babilônia: “E agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de babilônia, meu servo; e ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam.! (Jr 27.6)

2.Ênfase à santidade divina: ““Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal” (1:13). “Mas o Senhor está no seu santo templo: cale-se diante dele toda a terra” (2:20).

3.O justo viverá pela fé. A fé que se traduz em fidelidade: “Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” (Hb 2.4) “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas

o justo viverá pela fé.” (Rm 1.17) “E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.”

FRASES CITADAS COM FREQUÊNCIA.

O pequeno livro de Habacuque é notável pelos seus muitos textos citados:

a.“Vós não crereis, quando vos for contada” (1:5).

b.“Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal” (1:13).

c.“Mas o justo viverá pela sua fé” (2:4).

d.“Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, omo as águas cobrem o mar” (2:14).

e.“Ai daquele que dá de beber ao seu companheiro” (2:15).

f.“Mas o Senhor está no seu santo templo: cale-se diante dele toda a terra” (2:20).
g.“Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos” (3:2).

h.“Exultarei no Deus da minha salvação” (3:18). (Elissen, 1993, p.322)

REFERÊNCIAS:

ARCHER JR., Gleason L. Panorama do Antigo Testamento. ed. rev. e ampl. 4.ed. São Paulo: Vida Nova, 2012.
BENTHO, Esdras Costa & PLÁCIDO, Reginaldo Leandro. Introdução ao Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
CHAMPLIM, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. 2.ed. São Paulo: Hagnos, 2001, v.5.
ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Vida, 1993.
Colaboração para o Portal Escola Dominical Profª. Amélia Lemos Oliveira

Fonte: https://portalebd.org.br/classes/juvenis/10570-licao-10-naum-e-habacuque-i

Vídeo: https://youtu.be/V8I4Fp-qkKU

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