JUVENIS – LIÇÃO Nº 11 – DIGA “NÃO!”
A carta de 2 João tinha, como temática principal, o combate aos falsos mestres e o seu propósito era alertar os irmãos da igreja acerca do perigo que eles traziam.
Sendo assim, não era viável hospedá-los em suas casas, pois traziam males por onde passavam. Além disso, quem os apoiasse, abrigando-os, também estaria contribuindo, indiretamente, com as más obras.
Estes fatos já ocorridos são alertas para nós. É necessário que tomemos alguns cuidados em nossos relacionamentos, na eleição das pessoas que nos farão companhia, haja vista que a influência de nossos amigos em nosso comportamento pode causar impactos em nossa postura diante de nossa família, escola, igreja etc.
A vontade do Senhor é boa, perfeita e agradável. Por isto, o Espírito Santo se entristece quando estamos em más companhias, em más conversações.
Nosso Deus prefere que nos distanciemos daqueles que promovem falsos ensinos e procuram desviar os salvos dos caminhos da vida:
“Não se deixem enganar: “As más companhias corrompem os bons costumes. Como justos, recuperem o bom senso e parem de pecar; pois alguns há que não têm conhecimento de Deus; digo isso para vergonha de vocês.” (I Co 15.33,34).
Como diz o apóstolo, é preciso usar o bom senso, abandonar o pecado e buscar o conhecimento do Senhor, ao invés de ficar dando ouvidos a espíritos enganadores. Daí a importância da Escola Dominical, como agência do ensino da Palavra de Deus.
Ler e meditar na carta de II João é essencial para se desenvolver e determinar uma fé saudável, bem como relacionamentos que se constituam e construam o bem.
De que forma se buscará este bem? No cuidado e na vigilância para não se relacionar com os falsos mestres, dando ouvidos às falsas doutrinas; na busca pela verdade, na prática do amor, no desprezo à falsidade dos líderes.
Dennis Allan (1995) afirma que “é uma carta pequena que frisa o contraste entre o amor verdadeiro e as doutrinas distorcidas espalhadas por alguns que procuravam enganar os servos do Senhor.”
João se identifica como presbítero, um daqueles que estavam com a responsabilidade de pastorear a igreja de Cristo:
“Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os designou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue.” (At 20.28).
Este alerta do apóstolo Paulo também é o alerta joanino com o objetivo de frisar a responsabilidade da liderança, de enfatizar a necessidade do cuidado com o rebanho, de relembrar como este grupo foi conquistado para Cristo: a preço de sangue.
Portanto, este rebanho é extremamente precioso para o Senhor. Aquele que recebeu a incumbência dele cuidar é um privilegiado e alvo da confiança de Deus nele. Trata-se de uma séria incumbência!!!
Trecho da Segunda Epístola de João no Uncial 0232.
Quando o texto refere-se “ao presbítero, à senhora eleita e aos seus filhos, a quem amo na verdade […] todos os que conhecem a verdade” (2 Jo 1.1) está, segundo Russel Norman Champlim (2002, p.305), dizendo respeito a O ancião, pois, apresentou duas distinções:
1. Era homem que exercia o poder de um “bispo” ou “supervisor”, pois sua autoridade nã se limitava a uma única única congregação .
2. Ele é um representante especial da tradição apostólica, talvez por ter sido um discípulo direto do próprio apóstolo João, se não for uma referência ao próprio João.
Naturalmente, por si mesmo, esse vocábulo normalmente se refere a um homem “idoso”; mas nas páginas do NT, ordinariamente inclui a ideia de maturidade na fé, de modo a receber a autoridade de um ofício espiritual.
O trecho de I Tm 5.1 pode ser apenas uma alusão aos homens mais idosos da comunidade cristã, sem qualquer indicação de ofício religioso.
Porém, o décimo sétimo versículo daquele mesmo capítulo volta a falar dos anciãos que eram oficiais da igreja. […] “à senhora eleita”
…É possível tomar uma ou outra dessas palavras, ou mesmo ambas, como se fossem um nome próprio, ou seja, à eleita Kiria”.
Alguma dama bem conhecida por sua piedade, em cuja casa a igreja se reunia, ou que exercia grande influência em certas congregações locais da Ásia Menor, talvez como “diaconisa”, pode ser apontada aqui; e é assim que alguns intérpretes encaram a questão.
A maioria dos estudiosos, entretanto, acreditam que o uso dessas palavras é metafórico, e que a própria igreja local é a “senhora eleita”. (Champlim, 2002, p.305)
Sugeriu-se que a Senhora Eleita não é outra senão Maria, a mãe de nosso Senhor. Maria foi como uma mãe para João, e João como um filho para ela (João 19:26-27), e uma carta pessoal de João bem poderia ser para ela.
(b) Kyrios significa Senhor; e Kyria é um nome próprio que significaria Senhora. Em latim, é o mesmo nome, é Domina; e em aramaico, Marta; ambas as palavras também significariam Senhora ou Dama; daí que se tenha sugerido que foi escrita a Maria de Betânia. (Barclay, 2023).
Provavelmente esta carta tenha sido escrita em Éfeso, na província da Ásia. A igreja na Ásia, bem como as igrejas daquele período se reuniam nas casas dos irmãos.
As vivências em comunidade eram prioridade, pois naquele período se enfatizava a prática do amor, a ênfase ao que é verdadeiro e a obediência, bem como o conhecimento da doutrina de Cristo.
É por isto que nos versículos 7 a 11, João alerta os crentes para tomarem cuidado com os falsos ensinos que começaram a surgir na igreja, com o fim de questionar a deidade de Cristo, a kenosis (auto- esvaziamento) de nosso Salvador quando abdicou de seus atributos de Deus para vir à Terra como homem e sofrer, em seu corpo, todas as dores e pesares que a criatura sofre nesta dimensão humana:
De fato, muitos enganadores têm saído pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em corpo. Tal é o enganador e o anticristo. T
enham cuidado, para que vocês não destruam o fruto do nosso trabalho, antes sejam recompensados plenamente.
Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus; quem permanece no ensino tem o Pai e também o Filho. Se alguém chegar a vocês e não trouxer esse ensino, não o recebam em casa nem o saúdem. Pois quem o saúda torna-se participante das suas obras malignas. (2 Jo 7-11)
Quem está firmado na verdade rejeita os falsos ensinos e não se permite manipular. Tudo isto se concretiza em perseguições contra a igreja, de caráter ideológico, doutrinário, o que se constitui em algo muito mais sério e complexo, porque procura atingir as raízes, perturbar as estruturas da igreja e impedir que muitos se sustentem.
Uma igreja bem estruturada procura demonstrar, em seus atos, que o amor de Deus foi derramado em seu coração: “Um novo mandamento dou a vocês: Amem-se uns aos outros.
Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (Jo 13.34,35).
Numa igreja aonde o amor prevalece, as relações pessoais não estão quebradas, nem interrompidas. Não há lugar para ressentimentos, hostilidades e críticas. Os crentes valorizam-se, respeitam uns aos outros, reconhecem o valor e o trabalho do próximo.
Quem guarda os mandamentos, ama a Deus e ao próximo: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos.” (Jo 14.15)
Este homem que ama a Deus e a Sua Palavra, ama ao próximo. Este amor ao próximo se concretiza no cuidado com o rebanho do Senhor.
Cuidado este que se revela na prevenção contra os falsos ensinos. Naquele período surgiram as afirmações gnósticas de que Jesus não veio em carne, ou seja, ao negar a realidade da encarnação, dizem que é impossível que Deus se relacione com o homem. Pois era necessário que Cristo se fizesse homem para comungar conosco, para comunicar-se conosco.
É extremamente significativo notar como os grandes pensadores se aferraram com ambas as mãos à realidade da encarnação.
No século II, várias vezes Inácio insiste em que Jesus nasceu verdadeiramente, que verdadeiramente fez-se homem, que sofreu verdadeiramente, que morreu verdadeiramente, como se em todo momento a palavra verdadeiramente estivesse escrita em negrito e em vermelho e sublinhada.
O doutor Vincent Taylor, em seu livro The Person of Christ, lembra-nos as duas grandes realidades da encarnação.
Martinho Lutero disse de Jesus: “Comeu, bebeu, dormiu, despertou; esteve cansado, triste, contente; chorou e riu; teve fome, sede e frio; conversou, trabalhou e orou… de maneira que não houve nenhuma diferença com outros homens, exceto uma só, que era Deus, e não tinha pecado Emil Brunner cita esta passagem e acrescenta:
“O Filho de Deus em quem nós podemos crer, deve ser tal que seja possível confundi-lo com um homem comum.
Se Deus só pudesse entrar na vida como um fantasma imaterial, o corpo estaria desprezado para sempre; não poderia existir nunca comunhão verdadeira entre o divino e o humano; não poderia haver salvação, pois Ele teve que fazer-se o que nós somos para nos fazer o que Ele é. “. (Barclay, 2023)
Desfazer-se da pessoa e do ministério de Cristo é procurar destruir as bases do Cristianismo, minar tudo aquilo que nos sustenta enquanto doutrina que edificou a Igreja: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar- se um santuário santo no Senhor.
Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito.” (Ef 2.20-22)
O Cristianismo está baseado, ancorado numa figura histórica, verdadeira, cujo testemunho é fiel e todos os dados correspondentes à sua passagem pela Terra correspondem, de tal forma que houve mudanças no calendário, na história da humanidade.
A presença de Cristo entre nós foi um marco que ficou para sempre. Não há como negar que Ele veio em carne, que Ele morreu e ressuscitou. São fatos incontestáveis! Eis o que o Mestre disse a Tomé quando viu as marcas:
Os outros discípulos lhe disseram: “Vimos o Senhor!” Mas ele lhes disse: “Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei”.
Uma semana mais tarde, os seus discípulos estavam outra vez ali, e Tomé com eles. Apesar de estarem trancadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “Paz seja com vocês!”
E Jesus disse a Tomé: “Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque- a no meu lado.
Pare de duvidar e creia”. Disse-lhe Tomé: “Senhor meu e Deus meu!” Então Jesus lhe disse: “Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram”.(Jo 20.25-29)
João recomenda aos crentes para negarem a hospitalidade a todos aqueles que negam o ministério de nosso Senhor e trazem tais falsos ensinos entre o povo de Deus.
Ele é radical: “Se alguém chegar a vocês e não trouxer esse ensino, não o recebam em casa nem o saúdem.
Pois quem o saúda torna-se participante das suas obras malignas.” (2 Jo 10,11) Ou seja, não abram a porta, não os cumprimentem, não percam vosso tempo com tais pessoas.
O ensino já fora ministrado, o alicerce já fora posto, era melhor permanecerem naquilo que tinham aprendido: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2Tm 3:14-17 ARA)
Aqueles crentes, de posse das Escrituras, tinham condições de combater os falsos ensinos, mas não podiam com eles se associar. Eles tinham a Palavra do Senhor para combater o inimigo.
Mas C. H. Dodd diz algumas coisas muito oportunas sobre isto. Não é algo que não tenha paralelos.
Quando São Policarpo se encontrou com o herege Marcion, este lhe disse: “Reconhece-me?” “Reconheço ao primogênito de Satanás”, respondeu-lhe Policarpo.
O próprio João abandonou os banheiros públicos quando entrou o herege Cerinto. “Vamos embora daqui o quanto antes possível, antes que o edifício desabe sobre nós”, disse, “porque Cerinto, o inimigo da fé, está dentro.” Temos que lembrar a situação.
Houve uma época em que a fé dos cristãos poderia ter sido afogada e destruída pelas especulações dos hereges com sua pseudofilosofia.
A própria existência da fé estava em perigo. Foi uma situação de perigo que não tem paralelos na civilização ocidental. A Igreja não ousava nem sequer parecer que contemporizava com essa destruidora corrosão da fé. (Barclay, 2023)
Nosso dever, como cristãos, a propósito, é conduzir os falsos mestres ao caminho verdadeiro. A prática do amor faz o mestre cristão a conduzir o falso ensinador ao conhecimento da verdade, pois o ensino metódico exercido pacientemente, esclarece as pessoas a respeito dos enganos contidos nos falsos ensinos.
Para C. H. Dodd apud Barclay (2023): “O problema é achar uma maneira de viver com aqueles cujas convicções diferem das nossas com relação às questões mais importantes, sem quebrantar a caridade nem ser infiéis à verdade” O amor sempre foi o melhor caminho para superar os obstáculos, para corrigir os erros e libertar aqueles que estão presos pelas heresias.
Nossos jovens precisam ter ciência disto. Precisam negar-se a todos aqueles que os querem induzir ao erro. O verdadeiro amor a Cristo requer obediência à Sua Palavra e santificação, incluindo nisto a rejeição aos falsos mestres porque o compromisso já foi assumido com Cristo e não há motivos para negá-lO.
Sendo assim, o jovem cristão precisa ter um posicionamento firme diante das investidas malignas que vierem para abalar a sua fé. São muitas propostas que surgem para desanimá-lo e conduzi-lo a caminhos que contrariam os princípios estabelecidos pelo Senhor.
Na escola e na universidade, é abordado por professores e pessoas que não creem nas Escrituras e se manifestam de tal forma que atacam a fé, perseguem os cristãos com suas filosofias e ideologias contrárias à Bíblia.
O posicionamento do cristão deve ser firme e comprometido com a Palavra de Deus para que “santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que pedir a razão da esperança que há em vocês.” (I Pe 3.15)
Finalmente, terão oportunidades de ganhar almas para Cristo com sabedoria, prudência, mantendo uma posição reverente à mensagem que está no Livro do Senhor. Sim, é preciso buscar no livro do Senhor e ler, descobrir o que o Altíssimo reservou para o Seus filhos. Estamos fazendo isto?
SUGESTÕES DE ATIVIDADES:
Conversar com os alunos sobre situações nas quais são tentados na escola, na roda de amigos, nas situações de namoro, na faculdade, no cursinho de vestibular etc.
Falar sobre os momentos que são estimulados a ceder à pornografia, à sensualidade, aos jogos eletrônicos, às mensagens da escola de professores ateus, aos filmes impróprios etc. É preciso fechar a porta, dizer NÃO, recusar-se a estabelecer relações com tais pecados, impedir que os mesmos entrem e sejam íntimos de nós….
Também há possibilidades de se criar situações-problema nas quais o jovem pode sentir-se tentado e solicitar deles as devidas sugestões de resposta.
Exemplo: No portão da escola, um traficante te oferece um baseado só pra você começar e experimentar. Não tem nada demais. Todos usam. É só uma pitadinha. (Como você responderia?)
É possível que algum deles tenha a devida coragem de falar sobre algum momento no qual foi tentado e mencionar como venceu a sugestão para o pecado. Estimule-os a falar sobre estas vitórias pessoais.
REFERÊNCIAS:
ALLAN, Dennis. 2ªJoão, O amor rejeita o erro. Disponível em: https://estudosdabiblia.net/jbd173.htm. Acesso em 01 set. 2023.
BARCLAY, William. 2 João. Disponível em: https://files.comunidades.net/pastorpatrick/2Joao_Barclay.pdf. Acesso em 02 set. 2023.
CHAMPLIM, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Tiago a Apocalipse. São Paulo: Hagnos, 2002, v.6, p. 304 – 313.
NASCIMENTO, Diego. Estudo da Segunda Epístola de João. Disponível em: https://www.jesuseabiblia.com/biblia-de-estudo-online/2-joao-estudo/. Acesso em 01 set. 2023.
Profª. Amélia Lemos Oliveira
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/juvenis/9687-licao-11-diga-nao-i