JUVENIS – LIÇÃO Nº 2 – A ORIGEM DOS HEBREUS
Nesta lição, caro professor, vamos viajar no espaço e no tempo. Conhecer as terras da Mesopotâmia onde tudo começou, seus rios, relevo e até parte da vegetação que cerca o local. Tudo isto vai determinar as ações dos personagens bíblicos que iremos mencionar neste comentário.
Schlaepfer, Orofino, Mazzarolo (2019, p.14,15) descrevem a caminhada dos primeiros povos, na primeira fase de formação da Bíblia, como um formato de Meia- lua na região da Mesopotâmia ou Crescente Fértil.
Esta região compreende o Egito (o que envolve o Rio Nilo), a Palestina (um corredor entre o oriente e o ocidente), e a região oriental (que abrange a Assíria, Babilônia e Pérsia).
O povo israelita constrói a sua história a partir da relação com os povos que habitam esta região da meia lua que abrange este mundo antigo.
Segundo os relatos bíblicos, o povo hebreu teve diversas dificuldades para realizar o traslado, haja vista que percorria regiões com diversas situações que exigiam resistência física e psicológica.
Os recursos da viagem eram limitados e a segurança das caravanas também estavam no limite. No entanto, contavam com a poderosa proteção divina durante o dia e a noite. Foi assim durante gerações.
Os impérios sucediam-se nas conquistas e nos domínios, estabeleciam seus reinos. Isto é visível nas Escrituras, mas o povo hebreu prosseguia em busca de sua Terra Prometida.
(Foto extraída da obra A Bíblia: elementos historiográficos e literários, p.14.)
Este mapa de aproximadamente 600 a.C. encontra-se sobre uma placa de argila com descrição em escrita cuneiforme. Extraído de: https://www.sogeografia.com.br/Mapas/content8.php. Acesso em 04 jan.2025.
https://historiamirim.blogspot.com/2016/05/mesopotamia.html. Acesso em 04 jan.2025.
https://mapasyfronteras.blogspot.com/2022/03/50-mesopotamia.html. Acesso em 04 jan.2025.
É nesta região da Meia-Lua Fértil que o caminho dos povos entre o Egito e a Mesopotâmia, envolvendo a Pérsia também, se concretizará.
Os impérios se sucederão nas conquistas, no domínio e na influência de uma cultura sobre a outra ao longo dos séculos.
O Egito era um celeiro natural e sua terra produzia fartamente, por causa do Rio Nilo.
A descendência de Abrão ( o Pai é engrandecido), cujo nome foi mudado para Abraão ( Pai da multidão – Gn 17.5) foi chamada de povo hebreu, por causa da origem, ou seja, raiz hebraica abhar, de onde ‘ebher, no sentido de um “peregrino” ou “transeunte”, filho de Éber, destacou-se como um colonizador, aquele que atravessou os rios e passa adiante para o outro lado, além do Eufrates:
E a Sem nasceram filhos, e ele é o pai de todos os filhos de Éber, o irmão mais velho de Jafé. […] E Arfaxade gerou a Selá; e Selá gerou a Éber. (Gn 10.21,24)
Então veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu; ele habitava junto dos carvalhais de Manre […] (Gn 14.13)
Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo- as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. (Hb 11.13)
Naor, pai de Terá, vivia na Mesopotâmia (Gn 11.24,31): “E viveu Naor vinte e nove anos, e gerou a Terá. […] E tomou Terá a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali.” E Terá tinha um filho com o nome de seu pai. Não se trata da mesma pessoa: “E viveu Terá setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor, e a Harã.” (Gn 11.26). Analisando o primeiro mapa, você verá que Harã fica na Mesopotâmia.
Terá, um habitante de Ur dos Caldeus, uma das metrópoles da época, sai desta cidade para acompanhar o seu filho.
A atitude obediente demonstra a dimensão de sua fé que se concretizou em obras, numa ação que, para muitos era uma loucura, mas o seu propósito era habitar na Terra que o Senhor preparou para os seus filhos.
Deus se revelou a Abrão e ele demonstrou que suas ambições não estavam centradas nos bens terrenos, almejava algo muito superior e que não estava em Ur. Pois a beleza, a tecnologia e a prosperidade daquela cidade não o encantavam mais.
Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.
Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa.
Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus. (Hb 11.8 – 10)
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https://numinosumteologia.blogspot.com/2016/02/ur-ontem-e-hoje.html. Acesso em 04 jan.2025.
O Deus Verdadeiro requer adoração e obediência. Não aceita substituição. E, por isto, vemos Abraão oferecendo sacrifícios ao Senhor diversas vezes, porque era necessário que se instituísse uma forma de culto na qual todos vissem de onde provinha a bênção e o progresso do servo do Senhor, haja vista que ele era uma testemunha de nosso Deus.
O caráter de Abraão era diferente dos demais, porque ele tivera uma experiência única com o Criador e a sua declaração de fé verdadeira, seguida de ações sinceras lhe deram credibilidade. Abraão era um homem justo, atuava com imparcialidade; Deus lhe dera sabedoria e retidão para falar; demonstrava misericórdia em relação ao próximo e bondade.
A doutrina da justificação está inspirada em Abraão, porque ela se fundamenta na fé e não nas obras. Abraão é o nosso paradigma /modelo de fé:
Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:
Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado. (Rm 4.3-8)
E aquele que demonstra uma verdadeira fé, está justificado diante de Deus, seus pecados são perdoados e a salvação garantida, porque as obras não salvam. A confiança dele não tinha nenhuma restrição a ponto de oferecer o filho em sacrifício:
“Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar; (Hb 11. 17,18)
É por isto e muito mais que merece o epíteto de Pai da Fé. O Pai da Fé foi um referencial, por meio dele todos os povos seriam abençoados todos os povos da Terra. É interessante observar a sua trajetória.
Todos aqueles que o encontraram em sua jornada, contribuíram para que fosse mais próspero e viram o quanto era benquisto por Deus. O Senhor o protegia e o Mal não chegou à sua tenda.
Abraão apenas sofreu males quando cometeu erros (o que é natural a todo o ser humano). Afinal, a qual bênção oriunda de Abraão alcançaria todos os povos da Terra?
De que modo fomos abençoados por ele? Quando a Bíblia diz que “em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12.3), está se referindo a Jesus Cristo, o descendente abraâmico que traria as boas novas de salvação a todo
o mundo.” Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.” (Gl 3. 8,9)
Sendo assim, Abraão nos ensinou o caminho da salvação que é pela fé que nos torna justos diante de Deus, porque foi através da sua linhagem que nasceu o Salvador: “E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;” (Gn 17.6)
E a promessa do Senhor se cumpriu, pois nasceu Isaque quando o patriarca já completara cem anos. E, com o seu filho, Deus manteve o mesmo concerto para que prosseguisse com o mesmo propósito de adorar Àquele que faz todas as coisas:
Peregrina nesta terra, e serei contigo, e te abençoarei; porque a ti e à tua descendência darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que tenho jurado a Abraão teu pai; E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra; Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis. (Gn 26.3-5)
Vejamos, portanto, que o segredo da bênção que se segue à descendência está na fé traduzida em atos de obediência. Todos viam quem era o Deus de Isaque e até o rei Abimeleque o invejou: “Disse também Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós.” (Gn 26.16). A bênção segue o filho Jacó que, por onde passa, abençoa e é abençoado:
Então lhe disse Labão: Se agora tenho achado graça em teus olhos, fica comigo. Tenho experimentado que o Senhor me abençoou por amor de ti. (Gn 30.27)
Porque o pouco que tinhas antes de mim tem aumentado em grande número; e o SENHOR te tem abençoado por meu trabalho. Agora, pois, quando hei de trabalhar também por minha casa? (Gn 30.30)
E sucedia que cada vez que concebiam as ovelhas fortes, punha Jacó as varas nos canos, diante dos olhos do rebanho, para que concebessem diante das varas.
Mas, quando era fraco o rebanho, não as punha. Assim as fracas eram de Labão, e as fortes de Jacó. E cresceu o homem em grande maneira, e teve muitos rebanhos, e servas, e servos, e camelos e jumentos. (Gn 30.41-43)
A linhagem daquela nacionalidade está cercada pela bênção divina, proteção, promessa de reis e de terra que este povo vai ocupar. A viagem prossegue em busca da aprovação divina.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O PROFESSOR:
- Qual era a religião em Ur dos Caldeus? Acesso em: https://vocepergunta.com/library/artigo/read/261630-como-era-ur-dos-caldeus-na-epoca-de-abraao. Acesso em 04 2025.
- Quala distância da cidade de Ur dos Caldeus a Canaã? Acesso em: https://vocepergunta.com/library/artigo/read/261630-como-era-ur-dos- caldeus-na-epoca-de-abraao. Acesso em 04 2025.
- Qual era a época de Abraão? Acesso em: https://vocepergunta.com/library/artigo/read/261630-como-era-ur-dos-caldeus-na-epoca-de-abraao. Acesso em 04 2025.
- AJornada de Abraão. Geografia Bíblica. Acesso em: https://www.youtube.com/watch?v=v-whnWc5sOE. Acesso em 04 2025.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O ALUNO:
Apresente o vídeo “A Jornada de Abraão. Geografia Bíblica” e solicite aos alunos para relembrar, contando com poucas palavras, os fatos que ocorreram naqueles locais.
REFERÊNCIAS:
BENTHO, Esdras Costa; PLÁCIDO, Reginaldo Leandro. Introdução ao Estudo do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
MERRIL, Eugene H. Uma Teologia do Pentateuco. In: ZUCK, Roy B (ed.). Teologia do Antigo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
SCHLAEPFER, Carlos Frederico; OROFINO, Francisco Rodrigues; MAZZAROLO, Isidoro. A Bíblia: elementos historiográficos e literários. 7.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019 (Iniciação à Teologia).
Profª. Amélia Lemos Oliveira
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/juvenis/11146-licao-2-a-origem-dos-hebreus-i
Vídeo: https://youtu.be/FVxJJa57YQ0