JUVENIS – LIÇÃO Nº 3 – JEREMIAS, ONDE BUSCAR CORAGEM?
Jeremias é o segundo livro profético da Bíblia Sagrada. Seu nome hebraico é “Yireme-Yahu”, o nome do autor do livro e que vem no início do seu texto (Jr.1:1 “Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim”, cujo significado é “Jeová eleva” ou “Jeová lança“.
Escolhido desde o ventre de sua mãe para levar uma mensagem especial para o povo de Judá, exerceu o sacerdócio na terra de Benjamim, num período ímpar para a história do seu povo e dos judaítas, período no qual a Babilônia, de modo avassalador, avançava sobre todas as cidades do Oriente Médio para implementar o seu domínio.
Chamado especificamente para trazer uma mensagem altamente impopular para o povo de Judá (Jr.1:5): o povo seria levado cativos para a Babilônia. Jeremias profetizou a partir do terceiro ano do reinado de Josias (Jr.1:2), com cerca de vinte anos. Participava das festas do calendário religioso anual judaico porque era descendente de família sacerdotal. Seu ministério perdurou até alguns anos depois da destruição do templo em Jerusalém.
Não contraiu matrimônio, pois fora proibido pelo Senhor como sinal à nação ( Jr 16.2). O Senhor tinha propósitos na vida de Jeremias e determinou algumas de suas ações futuras, o que resultou num ministério bem-sucedido aos olhos divinos, haja vista que obedecer é melhor que sacrificar.
Ao qual veio a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado. (Jr 1.1)
Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. (Jr 1.5) Não tomarás para ti mulher, nem terás filhos nem filhas neste lugar. (Jr 16.2)
O livro do profeta Jeremias pode ser dividido da seguinte forma:
1ª parte – mensagens proféticas aos judeus – Jr.1-29;
2ª parte – mensagens proféticas no reinado de Zedequias – Jr.30-39;
3ª parte – Jeremias no Egito – Jr.43-45; 4ª parte – mensagens proféticas contra outras nações e apêndice – Jr.46-52.
REIS de JUDÁ do MINISTÉRIO PROFÉTICO de JEREMIAS:
JOSIAS (640-609 a.C.) – com quem mantinha relações cordiais e auxiliou na reforma (II Rs 23.1). Lamenta a morte deste rei de Judá (Jr 22.10)
JEOACAZ (609 a.C.) – governou por três meses; não há registro do relacionamento entre ambos.
JEOAQUIM (609-597 a.C.) – rei que foi vassalo do poder egípcio, destruiu as profecias de Jeremias e propôs a pena de morte ao profeta (Jr 26.11) Foi raptado e levado ao Egito por alguns judeus.
JOAQUIM (597 a.C.) – sucedeu o trono de seu pai e fez péssima colheita semeada por governantes de Judá. Subiu ao trono com 18 anos de idade e permaneceu três meses.
Foi levado para a Babilônia por causa do cativeiro (Jr 13.15-19) e liberto 36 anos mais tarde pelo filho e sucessor de Nabucodonosor (II Rs 25.27-30).
ZEDEQUIAS (597- 587 a.C.) – filho mais novo de Josias e último rei de Judá. Governou durante dez anos, pagando tributos à Babilônia e, quando deixou de pagá- los, firmou um acordo com o Egito. Nabucodonosor ficou furioso e enviou um exército para destruir a cidade de Jerusalém. Jeremias se opôs à rebelião de Ezequias, por isto foi lançado na masmorra (Jr 27.1-22).
Archer (2012, p.455), afirma que “depois da morte de Josias e do surgimento da facção idólatra e do partido pró-egípcio, houve uma reação séria contra Jeremias e tudo quanto ele representava.
Somente por intermédio da intervenção de alguns poucos anciãos e príncipes piedosos foi que Jeremias escapou de ser preso por sua advertência pouco agradável à nação, no sermão no templo (Jr 7-10).
Desde essa época, parece que foi proibido de entrar na área do templo, pois tinha de enviar Baruque como seu porta-voz toda vez que tinha uma mensagem da parte de Deus para proclamar ao povo.”
O Rei Jeoaquim destruiu, em sua própria lareira, uma cópia, pedaço por pedaço, enquanto era lida por seu secretário;
E foram ter com o rei ao átrio: mas depositaram o rolo na câmara de Elisama, o escriba, e anunciaram aos ouvidos do rei todas aquelas palavras.
Então enviou o rei a Jeudi, para que tomasse o rolo; e Jeudi tomou-o da câmara de Elisama, o escriba, e leu-o aos ouvidos do rei e aos ouvidos de todos os príncipes que estavam em torno do rei.
Ora, o rei estava assentado na casa de inverno, pelo nono mês; e diante dele estava um braseiro aceso. E sucedeu que, tendo Jeudi lido três ou quatro folhas, cortou-as com um canivete de escrivão, e lançou-as no fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro.
E não temeram, nem rasgaram as suas vestes, nem o rei, nem nenhum dos seus servos que ouviram todas aquelas palavras.
E, posto que Elnatã, e Delaías, e Gemarias tivessem rogado ao rei que não queimasse o rolo, ele não lhes deu ouvidos. Antes deu ordem o rei a Jerameel, filho de Hamaleque, e a Seraías, filho de Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem a Baruque, o escrivão, e a Jeremias, o profeta; mas o Senhor os escondera.
Então veio a Jeremias a palavra do Senhor, depois que o rei queimara o rolo, com as palavras que Baruque escrevera da boca de Jeremias, dizendo:
Toma ainda outro rolo, e escreve nele todas aquelas palavras que estavam no primeiro rolo, que queimou Jeoiaquim, rei de Judá.
E a Jeoiaquim, rei de Judá, dirás: Assim diz o SENHOR: Tu queimaste este rolo, dizendo: Por que escreveste nele, dizendo: Certamente virá o rei de babilônia, e destruirá esta terra e fará cessar nela homens e animais? (Jr 36. 20-29)
O Rei Zedequias, o sucessor, permitiu que os nobres encarcerassem Jeremias, pois o consideravam um traidor, porque exortava a nação a submeter-se à Babilônia. Ele temia secretamente porque sabia da invasão dos caldeus em 598.
Mas, estando ele à porta de Benjamim, achava-se ali um capitão da guarda, cujo nome era Jerias, filho de Selemias, filho de Hananias, o qual prendeu a Jeremias, o profeta, dizendo: Tu foges para os caldeus.
E Jeremias disse: Isso é falso, não fujo para os caldeus. Mas ele não lhe deu ouvidos; e assim Jerias prendeu a Jeremias, e o levou aos príncipes.
E os príncipes se iraram muito contra Jeremias, e o feriram; e puseram-no na prisão, na casa de Jônatas, o escrivão; porque a tinham transformado em cárcere. Entrando, pois, Jeremias nas celas do calabouço, ali ficou muitos dias.(Jr 37.13-16)
Mandou salvar o profeta do encarceramento quando estava a ponto de perecer por causa dos maus-tratos e o manteve escondido do perigo até a queda de Jerusalém.
E mandou o rei Zedequias soltá-lo; e o rei lhe perguntou em sua casa, em segredo: Há porventura alguma palavra do SENHOR? E disse Jeremias:
Há. E disse ainda: Na mão do rei de Babilônia serás entregue. […] Então ordenou o rei Zedequias que pusessem a Jeremias no átrio da guarda; e deram-lhe um pão cada dia, da rua dos padeiros, até que se acabou todo o pão da cidade; assim ficou Jeremias no átrio da guarda. (Jr 37. 17, 21)
Jeremias era portador de uma dura mensagem profética, trazendo um chamado para o arrependimento dos pecados, os quais eram muitos e caracterizados por uma aberta idolatria, quando se envolviam na adoração aos deuses cananeus Baal e Aserá (cuja adoração envolvia sensualidade e prostituição, pois se cultuava a fertilidade) e Moloque (cuja adoração envolvia o sacrifício de crianças) e outros. Jeremias, também, aconselhou o povo a se submeter ao rei de Babilônia, para não sofrerem a pena do cativeiro.
Por causa do combate ao pecado e à idolatria, Jeremias foi intensamente perseguido; apesar da oposição dos governantes, teve o reconhecimento de estrangeiros, tais como Ebede-Meleque e o próprio Nabucodonosor. Alguns judeus, como Joanã e Daniel, logo em seguida à sua morte, o reconheceram como um autêntico homem de Deus.
Ó rei, senhor meu, estes homens agiram mal em tudo quanto fizeram a Jeremias, o profeta, lançando-o na cisterna; de certo morrerá de fome no lugar onde se acha, pois não há mais pão na cidade.
Então deu ordem o rei a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Toma contigo daqui trinta homens, e tira a Jeremias, o profeta, da cisterna, antes que morra. E tomou Ebede-Meleque os homens consigo, e foi à casa do rei, por debaixo da tesouraria, e tomou dali uns trapos velhos e rotos, e roupas velhas, e desceu-os a Jeremias na cisterna por meio de cordas. (Jr 38.9-11)
Mas Nabucodonosor, rei da Babilônia, havia ordenado acerca de Jeremias, a Nebuzaradã, capitão dos da guarda, dizendo:
Toma-o, e põe sobre ele os olhos, e não lhe faças nenhum mal; antes, como ele te disser, assim procederás para com ele. […] Mandaram retirar Jeremias do átrio da guarda e o entregaram a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, para que o levasse à sua casa; e ele ficou entre o povo.
Ora, tinha vindo a Jeremias a palavra do Senhor, estando ele ainda encerrado no átrio da guarda, dizendo: Vai e fala a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu trarei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e não para bem; e se cumprirão diante de ti naquele dia.
A ti, porém, eu livrarei naquele dia, diz o Senhor, e não serás entregue nas mãos dos homens perante cuja face tu temes. Porque, certamente, te salvarei, e não cairás à espada; mas a tua alma terás por despojo, porquanto confiaste em mim, diz o Senhor. (Jr 39. 11-12, 14-18)
O mesmo Deus que ama o povo e o convida ao arrependimento, é o que manda o povo para o cativeiro, mas, apesar do juízo, guarda e conserva a vida daqueles que Lhe obedecem, como foi o caso do profeta Jeremias, de Baruque e até, mesmo, do eunuco Ebede-Meleque
Apesar da mensagem dura e impopular, Jeremias não deixou de apresentar uma mensagem de esperança para o povo, definindo que o cativeiro somente duraria
setenta anos (Jr.25:11,12; 29:10) e que Deus faria um novo concerto com o Seu povo, um concerto melhor que o atual, de uma nova dimensão espiritual (Jr.31:31,32).
E toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; e estas nações servirão ao rei de babilônia setenta anos.
Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, visitarei o rei de babilônia, e esta nação, diz o SENHOR, castigando a sua iniquidade, e a da terra dos caldeus; farei deles ruínas perpétuas. (Jr 25.11,12)
Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor (Jr 31. 31,32)
De modo menos intenso que o profeta Isaías, Jeremias também anunciou o Messias, demonstrando que o trono de Judá de seu tempo era ocupado por homens ímpios, mas nada disto poderia alterar o pacto que Deus havia selado com Davi (Jr.23:5,6).
Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA. (Jr 23.5,6)
A vida de Jeremias era um testemunho de como seria, futuramente, a vida do Messias, o seu sofrimento era o retrato do propósito divino do ministério planejado por Deus, o qual havia determinado a vinda do Servo Sofredor. Sendo assim, Jeremias aponta para Cristo, retrata, de modo antecipado o padecimento do Filho de Deus.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES:
Procuramos centrar nosso comentário, desta vez, nos aspectos arqueológicos e históricos, com o fim de apontar a presença firme e atuante do profeta no seu tempo, mencionando aspectos atuais e futuros que estavam por vir à nação israelita. Sendo assim, gostaríamos de vê-los situando
cronologicamente os fatos para melhor compreensão. Observar os profetas contemporâneos e suas mensagens condizentes também é muito importante, haja vista que o nosso Deus tem UMA PALAVRA para os seus filhos, com o fim de atender UMA NECESSIDADE.
Estabeleça um desafio para a turma: observar as semelhanças entre as mensagens dos profetas contemporâneos; localizar, nos livros de Reis ou Crônicas, os reis mencionados no livro do profeta Isaías; esclareça a turma que os outros profetas contemporâneos também profetizaram no período destes reis e aponte o texto bíblico comprovando.
Fale sobre o motivo da morte do profeta Isaías, de que Manassés era um rei iníquo e corrupto, filho do rei Ezequias. Ele cometeu uma grande injustiça com base em acusações falsas.
Já pensou em fazer maratona bíblica sobre a lição no final deste trimestre? Faça a proposta para a turma. São muitos conhecimentos adquiridos. Vale a pena cobrá-los de forma lúdica.
REFERÊNCIAS:
ARCHER JR., Gleason L. Panorama do Antigo Testamento. ed. rev. e ampl. 4.ed. São Paulo: Vida Nova, 2012.
BENTHO, Esdras Costa & PLÁCIDO, Reginaldo Leandro. Introdução ao Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Vida, 1993.
Profª. Amélia Lemos Oliveira
Fonte: https://portalebd.org.br/classes/juvenis/10418-licao-3-jeremias-onde-buscar-coragem-i
Vídeo: https://youtu.be/ksqTsTN7Z3A