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JUVENIS – LIÇÃO Nº 6 – O TEMPO DOS JUÍZES

Vimos, no último parágrafo do comentário anterior, que Josué foi chamado de modo semelhante a Moisés: teve que tirar a sandália dos pés porque estava pisando em terreno santo para falar com o Comandante do Exército do Senhor, com o nosso Deus.

Prostrado diante de Deus e em pé diante do povo, ele obteve o respeito e o reconhecimento de sua liderança. Para obter esta autoridade oriunda do Alto, foi necessário render-se ao Senhor de Todo Poder. O líder precisa estar firme no exercício da vontade divina, mesmo que as circunstâncias estejam difíceis.

A eficácia da liderança está no cumprimento dos mandamentos divinos. Quando deixam de atentar para a vontade divina, muitos líderes fracassam, pois ao atentarem para a vontade do povo, deixam de ser homens de Deus, querendo ser homens do povo.

O êxito do ministério não está no triunfo revelado em riqueza e extensão de atividades, quantidade de congregações, programas de rádio e televisão, tamanho e luxo das igrejas etc. Se o líder não for comprometido e reverente às leis do Senhor, nada disto importa.

Josué executou a missão porque foi comissionado por Deus. Como servo de Deus, assumiu a responsabilidade de ouvir a vontade divina e transmiti-la ao povo de Israel, como profeta do Senhor. Uma posição espiritual de quem tinha intimidade espiritual com o próprio Deus:

“Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido.” (Jo 15:15)

Os líderes eficazes convocam o povo à santidade, ao compromisso com as leis divinas, pois o que foi proposto pelo Senhor deve ser obedecido. A integração e a interdependência eram valorizadas no povo de Israel e entre as tribos. Os valores

sociais coletivos eram cultivados. Por isto, quando um israelita pecava, todo o povo assumia a responsabilidade pela transgressão cometida.

O compromisso de obediência, assumido, contribuía para o crescimento da fé da comunidade israelita. A fé daquele líder também cresceu a partir da sua submissão a Deus e do seu antecessor, Moisés. Esta fé irradiava todo o exército tal como a aurora que inflama a rústica paisagem daquele cenário de guerra.

Segue um exemplo em Josué relativo à presença do pecado de Acã, no meio do povo, e o papel ativo da liderança que estava em comunhão com Deus e atuante para corrigir:

CAPÍTULO 7 CAPÍTULO 8

Exterminar os cananeus foi uma ordem dada pelo Senhor. Josué estava cumprindo o que lhe foi ordenado, o que poderia ser considerado atrocidade em nome da religião, na verdade, era um ato de obediência; o ato de matar indiscriminadamente os cananeus ao fio da espada era a forma de eliminar qualquer possibilidade de aderir à idolatria.

Os motivos de tais mortes eram devido às formas mais degeneradas de prática de politeísmo e impureza sexual, depravação, influência maligna que provocaria uma infecção contagiosa no povo de Deus. Seguem alguns exemplos de deuses adorados:

ASERÁ na mitologia semítica, é uma deusa mãe canaanita da fertilidade, do amor e da guerra, que aparece em várias fontes acadianas; Aserá é geralmente considerada idêntica à deusa ugarita Athirat ou Atirat. O livro de Jeremias, escrito por volta de 628 a.C., refere-se a Aserá quando menciona a rainha dos céus nos capítulos 7,18 e 44,18 na qual Jeremias condena o culto dos hebreus (judeus) á rainha dos céus, estabelecendo culto ao único Deus de Israel

 

Apesar de Israel ter a terra nas suas mãos, deixou que boa parte da Palestina ainda fosse habitada pelos primitivos moradores, o que se constituiu em laço para o povo no futuro.

A partir da morte de Josué, cujo livro cobre um período de 40 anos, temos o início do período de comando do povo de Israel pelos juízes, num intervalo de tempo de 265 anos. Esta época foi caracterizada por documentar derrotas e fracassos espirituais, nacionais e sociais de Israel.

O livro de Juízes é o livro que narra o período histórico de Israel que vai desde a morte de Josué até a coroação de Saul como o primeiro rei de Israel, um período de cerca de 350 anos, ainda que o livro trate apenas até a época de Sansão, o antepenúltimo juiz de Israel. Foi escrito aproximadamente entre 1375 a 1075 a. C em Canaã.

É um período da história de Israel em que não havia uma liderança única. A nação estava unida pelo culto a Deus mas, politicamente, era mais uma confederação de tribos, ou seja, cada tribo tinha autonomia para decidir seus negócios e para se governar.

Neste estado de coisas, os israelitas foram presas fáceis da idolatria dos povos vizinhos, entre os quais aqueles que viviam entre eles e que não haviam sido destruídos na conquista de Canaã. Todas as ocorrências vão sucedendo-se numa espiral descendente. Por isto, foi se afastando cada vez mais do Senhor. Desta forma, faremos, de acordo com Constable (2022, p.110), uma relação dos períodos de opressão dos inimigos que o povo israelita sofreu:

É interessante lembrar que o conflito com os filisteus durou até o ministério de Samuel e se estendeu ao reinado de Saul, que morreu numa luta com eles. Somente Davi, em seu reinado, os subjugou.

A partir da leitura do quadro acima, vimos o declínio da situação espiritual do povo numa escala ascendente, situação conduzida pela apostasia espiritual na qual o povo israelita se encontrava, o que provocava um caos social, uma desorganização nacional.

No entanto, o arrependimento retornava aos corações e o pranto trazia do Senhor o perdão, o libertador, as bênçãos, novos propósitos…

Uma das propostas da narrativa de Juízes é apontar a necessidade de um líder forte, inspirado por Deus e com a intenção de conduzir o povo nos aspectos espirituais, políticos, sociais etc. Havia a promessa de um monarca desde os tempos de Abraão:”

E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti.” (Gn 17.6) Alguém preparado pelo Senhor tinha que colocar ordem na casa. Mas ainda não chegara o tempo. Viria o rei no tempo determinado pelo Senhor. A nação ainda não estava pronta. Precisava reconhecer a Deus como o seu verdadeiro Senhor em primeiro lugar.

Outro propósito para o qual Juízes foi escrito era mostrar a graça sobrenatural de Deus em preservar a nação de Israel apesar dela mesma. Por que Israel continuou como nação apesar das repetidas quedas e apostasias? Porque Deus o escolhera como instrumento para levar bênçãos ao restante da humanidade (Gn 12.1-3).

Embora Israel falhasse (Ex 19.5,6), Deus permanece fiel. A quebra do concerto mosaico recíproco não destruiu o concerto abraâmico unilateral. O livro de Juízes esclarece os procedimentos continuados de Deus com Israel que estão desdobrados nos livros históricos. (Constable, 2022, p.111),

Diversas tribos israelitas não foram totalmente obedientes ao Senhor quando foram orientadas a expulsar os inimigos idólatras de suas terras:

E sucedeu que, quando Israel cobrou mais forças, fez dos cananeus tributários; porém não os expulsou de todo. (Jz 1.28)

E, quanto a vós, não fareis acordo com os moradores desta terra, antes derrubareis os seus altares; mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso? […] Então fizeram os filhos de Israel o que era mau aos olhos do Senhor; e serviram aos baalins.

E deixaram ao Senhor Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses dos povos, que havia ao redor deles, e adoraram a eles; e provocaram o Senhor à ira.

Porquanto deixaram ao Senhor, e serviram a Baal e a Astarote. Por isso a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e os entregou na mão dos espoliadores que os despojaram; e os entregou na mão dos seus inimigos ao redor; e não puderam mais resistir diante dos seus inimigos.

Por onde quer que saíam, a mão do Senhor era contra eles para mal, como o Senhor tinha falado, e como o Senhor lhes tinha jurado; e estavam em grande aflição.

E levantou o Senhor juízes, que os livraram da mão dos que os despojaram. Porém tampouco ouviram aos juízes, antes prostituíram-se após outros deuses, e adoraram a eles; depressa se desviaram do caminho, por onde andaram seus pais, obedecendo os mandamentos do Senhor; mas eles assim não fizeram.

E, quando o Senhor lhes levantava juízes, o Senhor era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos, todos os dias daquele juiz; porquanto o Senhor se compadecia deles pelo seu gemido, por causa dos que os oprimiam e afligiam. Porém sucedia que, falecendo o juiz, reincidiam e se corrompiam mais do que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os e adorando-os; nada deixavam das suas obras, nem do seu obstinado caminho. (Jz 2. 2,11-19)

O trabalho incompleto de várias tribos ao lado dos juízes, como Gideão e Sansão, trouxe muitos prejuízos, pois como podemos ver, em suas biografias, estes homens não foram totalmente dedicados a Deus. Sansão, por exemplo, não contava com o apoio do povo israelita nos seus combates com o povo filisteu. Em todos os seus embates, está sozinho.

O segredo está no relacionamento com Deus, em primeiro lugar, e com a colaboração de um grupo que se dispõe a buscar ajuda do Alto e a lutar junto. O segredo da prosperidade, na luta, estava em buscar ao Senhor; ao passo que aquele que confia, em si mesmo, perde-se no caminho e nas estratégias.

Os juízes, que buscaram ao Senhor, tiveram sucesso porque estavam dispostos a aprender e seguir a Palavra de Deus.

Josué e Juízes relatam a história de um mesmo povo. Em Josué, vemos um povo subindo e conquistando, apossando-se da terra. Em Juízes, vemos o povo na terra, sentindo-se ameaçados pelos povos vizinhos.

Estavam de posse da terra porque haviam obedecido ao Senhor e santificado a sua vida, mas o texto de Juízes vai

demonstrar a derrota, fracasso e retrocesso porque já não viviam na presença de Deus como antes. Em Juízes, está à mostra a infidelidade de Israel, mas a graça de Deus contra os pecadores é exaltada.

GIDEÃO- pertencia à tribo de Manassés, descendente de José. Seu nome significa “cortador” ou “rachador de lenha”, função para a qual ele logo será chamado a executar que é destruir o altar de Baal, na propriedade de seu pai, o qual era patrocinador do culto a Baal, que envolvia altar, imagem de Aserá. Vivia na idolatria, pouco sabia dos princípios bíblicos embora tivesse ouvido falar dos milagres do êxodo.

Recebeu ordens para enfrentar numeroso inimigo, mas necessitava do sinal da presença do Senhor. Atitudes de fé são confirmadas e Gideão precisa dar os primeiros passos de sua crença no Senhor, revelando-se por manifestações físicas.

Primeiro, Gideão abandonou a idolatria e procurou conduzir sua família a deixar esta representação também. Este foi o segredo da sua vitória:

Então Gideão edificou ali um altar ao SENHOR, e chamou-lhe: O SENHOR É PAZ; e ainda até o dia de hoje está em Ofra dos abiezritas. E aconteceu naquela mesma noite, que o Senhor lhe disse:

Toma o boi que pertence a teu pai, a saber, o segundo boi de sete anos, e derruba o altar de Baal, que é de teu pai; e corta o bosque que está ao pé dele. E edifica ao Senhor teu Deus um altar no cume deste lugar forte, num lugar conveniente; e toma o segundo boi, e o oferecerás em holocausto com a lenha que cortares do bosque.

Então Gideão tomou dez homens dentre os seus servos, e fez como o Senhor lhe dissera; e sucedeu que, temendo ele a casa de seu pai, e os homens daquela cidade, não o fez de dia, mas fê-lo de noite. (Jz 6. 24-27)

Ele venceu os midianitas de forma incrível. Os preparativos para a batalha foram bem especiais e, de forma inusitada, apenas 300 homens foram aprovados para ir à batalha. Aqueles que tomaram água, tal qual cachorros que estão atentos durante o processo, demonstram que estão prontos para a batalha.

Para a peleja com os midianitas, o Senhor deu a estratégia. Era necessário ter a certeza de que o Senhor estava na direção daquela batalha:

E disse-lhes: Olhai para mim, e fazei como eu fizer; e eis que, chegando eu à extremidade do arraial, será que, como eu fizer, assim fareis vós. Tocando eu a buzina, eu e todos os que comigo estiverem, então também vós tocareis a buzina ao redor de todo o arraial, e direis: Espada do Senhor, e de Gideão.

Chegou, pois, Gideão, e os cem homens que com ele iam, ao extremo do arraial, ao princípio da vigília da meia-noite, havendo sido de pouco trocadas as guardas; então tocaram as buzinas, e quebraram os cântaros, que tinham nas mãos.

Assim tocaram as três companhias as buzinas, e quebraram os cântaros; e tinham nas suas mãos esquerdas as tochas acesas, e nas suas mãos direitas as buzinas, para tocarem, e clamaram: Espada do Senhor, e de Gideão. E conservou-se cada um no seu lugar ao redor do arraial; então todo o exército pôs-se a correr e, gritando, fugiu. (Jz 7. 17-21)

SANSÃO – “pequeno sol” é o que seu nome significa; foi o juiz dotado de uma força singular para livrar Israel dos filisteus que oprimiam os israelitas, o único nazireu identificado pelo Antigo Testamento.

Assim como Isaque, João Batista e Jesus, seu nascimento foi anunciado por um anjo. O único juiz que falhou na sua missão, teve um trágico fim. Quais foram as causas da queda de Sansão?

1, Pelos olhos se permitiu seduzir e atrair por três mulheres filisteias e pelos olhos foi escravizado.

2. As atividades libidinosas, ou seja, as paixões de Sansão, fizeram-no perder a visão espiritual, o propósito de sua missão em nome do Senhor.

Fechou a boca do leão pela fé: “E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas, os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões. “ (Hb 11.32,33) Estas ocorrências, de ataque aos filisteus, se deram quando ele se viu atacado em sua vida amorosa, em suas paixões.

Este homem corporifica /personifica tudo o que está errado em Israel. Como Israel:

Sansão é um prodígio, nascido milagrosamente pela vontade de Deus.

Sansão é chamado para uma vida caracterizada pela separação e pela devoção a Jeová.

Sansão tem uma personalidade inconsequente, oportunista e imatura.

Sansão é implacavelmente atraído por mulheres estrangeiras, assim como Israel foi atraído por deuses estrangeiros (ambos “se prostituem”)

Sansão experimenta a escravidão e opressão do inimigo Sansão clama ao Senhor em decorrência de sua opressão Sansão é cegado (I Sm 3.1-3)

Sansão é abandonado por Jeová e não percebe. (Block, 2024, p.482)

SAMUEL- “Deus ouve” e, de fato, ouviu as orações de sua mãe Ana, aquela que tanto sofreu por causa de sua esterilidade.

O Senhor concedeu a Samuel a autoridade espiritual devida que todos viam nele o poder do Espírito para realizar a obra de Deus.

Samuel cresceu no tabernáculo e, ali no Santuário, aprendeu e apreendeu a Palavra do Senhor. Dedicando-se ao ministério da profecia, o Senhor o usava poderosamente e ele dispunha de credibilidade entre o povo, pois tinha bom testemunho:

“E crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra. E todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado por profeta do Senhor.” (I Sm 3.19, 20)

Ungiu a Saul e a Davi para reinarem sobre Israel, para orientá-los como servir a Deus, como destruir os inimigos do Senhor e conduzir o povo na adoração a Deus (por meio de um reino teocrático): “Quando os justos florescem, o povo se alegra; quando os ímpios governam, o povo geme”. (Pv 29.2)

Em I Samuel nos é relatado como os israelitas foram compreendendo a necessidade de renunciar a uma parte de sua liberdade para formar uma unidade política sob a liderança de um rei. Pouco a pouco foi realizada a unificação, o poder e a prosperidade.

Mesmo que Samuel e Saul tenham contribuído para tudo isto, o fator principal dessa transformação foi Davi, portanto é quem ocupa o centro de atenção. Vemos em II Samuel como Davi estendeu o domínio de Israel sobre as nações vizinhas, e Israel tornou-se a nação mais poderosa do Oriente Médio.

Nos reinados de Davi e Salomão, Israel alcançou o apogeu de seu poderio e glória. Nem antes nem depois em sua longa história, Israel teve fronteiras tão extensas nem contou com demasiado respeito e nível internacional. (HOFF, 2003, p.102)

Falaremos mais sobre o ministério de Samuel no próximo comentário para não nos prolongarmos mais, Deus vos abençoe ricamente!

Sugestões de Atividades:

1.Antes de apresentar os juízes, sugiro que solicite aos alunos que contem as histórias.

2.Creio que seria até óbvio sugerir a fala dos perigos do namoro com descrente, baseando-se na história de Sansão. Temos certeza que você fará isto.

3.Não repeti as histórias dos juízes, porque não sentimos necessidade de reproduzir tudo o que é do conhecimento dos professores. Preferimos partir de algumas análises. Tudo bem?

REFERÊNCIAS:

1.BLOCK, Daniel I. Juízes e Rute. Comentário Exegético. São Paulo: Vida Nova, 2024.
2.CONSTABLE, Thomas L. Uma Teologia de Josué, Juízes e Rute. In: ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Trad. Luiz Aron Macedo.

2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.105-131.
3.ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. Trad. Emma Anders de Sousa Lima. São Paulo: Vida, 1993.

HOFF, Paul. Os livros históricos. São Paulo: Vida, 2003.

Profª. Amélia Lemos Oliveira

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/juvenis/11217-licao-5-exodo-de-volta-a-terra-prometida-i-3

Vídeo: https://youtu.be/KUjs69mJf9c

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