JUVENIS | LIÇÃO Nº 7 – O EVANGELHO DE MARCOS
O evangelho mais condensado tem ocupado um lugar imperceptível entre os quatro evangelhos. O mais breve e o primeiro deles a ser escrito. No entanto, há que se considerar as epístolas de Gálatas e I e II Tessalonicenses como escrituras anteriores ao evangelho de Marcos.
Pressupõe-se que tenha sido escrito e concluído no período da década de 50-60 d.C., pois está próximo ao período que Pedro viajou para Roma (anos 40), época na qual a narrativa foi compilada.
Qual é a relação de Pedro com o evangelho de Marcos? Calma, meus caros professores, vamos explicar.
João Marcos era o sobrinho de Barnabé que partiu junto com seu tio e Paulo para a primeira viagem missionária. Sua família era dotada de posses e tinha uma propriedade aonde a igreja se reunia para fazer suas orações.
Era uma espécie de casa assobradada, que tinha um terraço, o cenáculo, o conhecido espaço aonde fora derramado o poder do Espírito Santo, onde foi o primeiro Pentecostes:
“E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam.” (At 12.12)
Quando Paulo começou seu ministério de pregação com mais intensidade, estava unido a Barnabé e, com eles, estava Marcos:
“E Barnabé e Saulo, havendo terminado aquele serviço, voltaram de Jerusalém, levando também consigo a João, que tinha por sobrenome Marcos.” (At 12.25)
No entanto, este moço ainda não havia amadurecido como obreiro, não estava pronto para divulgar as boas-novas. Afastou- se da dupla, demonstrando insegurança e inconstância. Ao surgir uma nova oportunidade de pregação, Paulo se recusa a levar Marcos, apesar da insistência de Barnabé:
E Barnabé aconselhava que tomassem consigo a João, chamado Marcos. Mas a Paulo parecia razoável que não tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os acompanhou naquela obra.
E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. (Atos 15:37-39)
Barnabé retorna com Marcos e Paulo se associa a Silas para prosseguir pregando. A pregação do evangelho prossegue.
Embora Marcos tenha demonstrado hesitação, o Espírito Santo não desistiu dele e prosseguiu trabalhando para moldar o seu caráter.
É neste período que Marcos encontra Pedro e, ambos, provavelmente, percebem que possuem muitas afinidades, experiências a compartilhar.
As maiores vivências de Pedro foram com o Senhor Jesus e foram estes relatos que Marcos registrou: “A vossa coeleita em Babilônia vos saúda, e meu filho Marcos.” (I Pe 5.13)
Este autor não andou com o Mestre, Pedro foi a testemunha dos fatos. A escrita do texto e a convivência com o apóstolo exerceram uma poderosa influência em sua personalidade, proporcionando maturidade intelectual e espiritual.
Paulo reconhece e registra, nas suas epístolas, o reconhecimento da formação ministerial de Marcos, tratando-o como cooperador: “Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores” (Fm 1.24) “Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo porque me é mui útil para o ministério.” (II Tm 4.11)
Sendo assim, a prática de escrita do evangelho foi um dos caminhos da redenção de Marcos, o qual passou a viver uma experiência autêntica com Deus, haja vista que foi tocado e usado pelo Espírito Santo para registrar as maravilhas que naquele texto vemos.
Por ter experimentado a gloriosa redenção em Cristo, Marcos ressalta que Jesus é o Servo de Deus,
Aquele que veio buscar e salvar o perdido, realizando toda espécie de milagres: “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mc 10.45).
Ele se comprometeu a apresentar o “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus; (Mc1.1) o Qual em suas ações, a favor dos homens oprimidos e escravizados pelo pecado, teve o propósito de conduzir os homens a Deus. Sendo Filho de Deus, Seu ministério, de fato, fez toda a diferença e os relatos são inesquecíveis, dignos de serem registrados.
1.A história de Jesus faz parte das boas-novas do evangelho;
2.Jesus é o centro desta história, porque é o Messias, o Cristo, o Ungido de Deus;
3.Este título expressa a posição e o papel de Jesus. Assim, os cristãos compreenderam o seu ministério, o que viera fazer.
4.Por isto, Ele estava tão comprometido com a divulgação das boas-novas de salvação.
Cristo é apresentado como o Servidor por excelência e todo o livro se compraz em nos apresentar este traço da personalidade do Senhor, que foi ungido, o que significa receber autoridade espiritual para o exercício do ministério, do serviço.
Portanto, ele não hesita em retratar a humanidade e humilhação de Jesus, tendo em vista que a sua disposição de se tornar humano consistiu, primeiramente, em abdicar os atributos de sua deidade.
Ele precisou negar algo muito caro, para SI, pois teria que nos ensinar a negarmos aquilo que nos deslumbra e nos afasta de Deus:
“E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.” (Mc 8.34)
O ato de negar a si mesmo constituiu-se no exercício de considerar o próximo, de amá-lo, de colocar o próximo e suas necessidades em primeiro lugar.
Negar a si para confirmar com o benefício a outrem, servindo sem preocupar-se em ser servido, apenas em oferecer o melhor serviço, a tal ponto que a vida foi dada em resgate:
“E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que por muitos é derramado.” (Mc 14.24), visto que a vida de Cristo se caracteriza pela humilhação voluntária e sacrificial
As pessoas, envolvidas com o triunfalismo, certamente terão dificuldades para compreender que este deve ser o verdadeiro propósito da pregação, que pode trazer resultados que cheguem a este ponto.
Marcos passa a contar a história da missão de Jesus em uma série de episódios que são, em sua maioria, breves e que apresentam como característica central algo que fora dito por Jesus.
A primeira passagem é a de Jesus chamando quatro pescadores a abandonar sua lida diária e a acompanhá-lo, tornando-se pescadores de homens. Os pescadores imediatamente atendem ao chamado de Jesus (Mc 1.16-20).
A história contada de forma bastante sucinta, e a impressão predominante, certamente, se liga à autoridade de Jesus, que é prontamente aceita e obedecida.
Em diversas passagens tão breves quanto essa, Jesus faz algo considerado fora do normal, em geral curas milagrosas de vários tipos de enfermidades e que iam muito além do que normalmente seria possível.
Se médicos e cirurgiões conseguem curar certas enfermidades, e recuperar algumas faculdades com medicamentos e técnicas de resultados morosos, as histórias sobre Jesus, ao contrário, contam que Ele curou e restaurou a saúde das pessoas através de simples palavras ou comandos com efeitos imediatos.
Os milagres eram tão excepcionais para seus contemporâneos quanto o são para nós. Eles são o sinal de que algum poder sobrenatural operava em Jesus. (Marshall, 2007, p.57-58)
Os propósitos de Deus se cumpriam enquanto Jesus prosseguia no exercício do seu ministério e as vidas iam sendo salvas. Lowery (2023, p.74) afirma que “Marcos entendia o início e o fim da vida de Jesus como algo ordenado por Deus e com garantia de cumprimento. O agente que capacita ou ativa o cumprimento da vontade de Deus na vida de Jesus é o Espírito Santo.”
Apresentando o Ungido de Deus, cheio do Espírito Santo, Marcos esclarece que a autoridade de Cristo era reconhecida, pois compartilha a certeza de que Ele é o Filho de Deus. Também parte do pressuposto de que Deus levantou o Seu ungido:
“Proclamarei o decreto: O Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (Sl 2.7), o Seu servo, sobre quem derramou Seu Espírito para trazer justiça a toda terra:
Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se compraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios.
Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça. A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça. Não faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça; e as ilhas aguardarão a sua lei. (Is 42.1-4)
Embora apresente aspectos relativos à deidade de Jesus, Marcos não deixa de relatar suas reações diante das circunstâncias do cotidiano, suas emoções, suas necessidades de caráter físico etc. Sendo assim, é possível verificarmos o quanto fora fiel e extremamente dedicado ao ministério que recebera do Pai Celestial.
Jesus ensinava, pregava, curava enfermos e libertava os oprimidos do diabo (“Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.” -At 10.38)
A sua autoridade é demonstrada na criação, no mundo sobrenatural quando expulsa os espíritos malignos e repreende o poder da morte, ressuscitando os mortos.
Cristo sofreu intensa oposição por fazer a vontade divina. Ele também se opôs às atitudes egoístas oriundas de interesses pessoais.
O apóstolo Paulo também nos ensina a assumir uma postura diferenciada: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.” (Fp 2.4)
É imperioso que priorizemos o Reino de Deus, buscando o que é espiritual, sem ambicionar posicionamentos altos. As profecias se cumpriram e o Reino de Deus havia chegado com a mensagem de boas-novas para que todos ouvissem e se arrependessem, haja vista que o propósito de Marcos é enfatizar a proclamação do evangelho de Cristo.
E eles lhe disseram: Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda.
Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?
E eles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade, vós bebereis o cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado; (Mc 10.37-39)
Enquanto seus discípulos, Tiago e João, estavam pensando em melhores posições no Reino, a proclamação estava em pleno vigor. O Reino de Deus é a referência ao Governo, ao Reinado de Deus e Jesus o representa:
“E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.” (Mc 1.15)
Para fazer parte deste Reino, era necessário arrepender-se e crer no Evangelho. Não adiantava rogar ou comprar a posição.
O Reino não se limita a aspectos materiais, diz respeito a espiritualidade humana, à mudança de mente, transformação de vida, aceitando o que Jesus fez sem questionar. Seguir a Jesus é compensador para todos. Nosso Deus oferece a garantia de recompensa.
Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
E os discípulos se admiraram destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
E eles se admiravam ainda mais, dizendo entre si: Quem poderá, pois, salvar-se?
Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis. (Mc 10. 23-27)
Ele é o principal agente do Reino, Aquele que se comunicava com o povo de uma forma toda especial, usando parábolas para ensinar as lições contidas nos evangelhos. É neste gênero literário que o Mestre vai ilustrar as verdades que enuncia
e, assim, a comreensão da mensagem é facilitada. O vocábulo “reino” é apresentado com as seguintes finalidades:
1.É por meio do Reino que as pessoas entrarão na presença de Deus: “Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!” (Mc 10.23)
2.O reino de Deus é a nossa realidade futura: “Bendito o reino do nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas.” (Mc 11.10)
3.O reino está próximo, o tempo de espera está chegando ao seu fim. Aqueles que pertencem ao reino, estão destinados a tomar parte neste reino.: “Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus.” (Mt 10:14)
4.O mistério do Reino é compartilhado com algumas pessoas, o Senhor Jesus somente contou este segredo aos seus escolhidos:
E, quando se achou só, os que estavam junto dele com os doze interrogaram-no acerca da parábola. E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas, Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados. (Mc 4.10-12)
5.A era presente também é um tempo de proclamação do Reino, haja vista que estamos em tempo de crescimento, basta olhar os campos brancos para a ceifa.
Ao chamar os homens ao arrependimento, Seu propósito é atraí-los para o Reino de Deus, libertar das amarras que os prendem e promover o conhecimento da palavra.
Todos os que entram pela porta, que é Cristo, são chamados à instrução, à compreensão dos mistérios divinos. Os discípulos tinham comunhão com o Senhor e esta comunhão implica em conhecimento, entendimento apropriado.
Embora alguns ainda tenham sido vacilantes, desanimados, sem perceber claramente os objetivos da pregação de Cristo, o Enviado, dependente do Pai em oração e submisso à vontade de Deus:
“Mas ele, virando-se, e olhando para os seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Retira-te de diante de mim, Satanás; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas as que são dos homens.” (Mc 8.34)
Além dos discípulos, Marcos apresenta as mulheres como um grupo distinto:
E ali estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé; As quais também o seguiam, e o serviam, quando estava na Galileia; e muitas outras, que tinham subido com ele a Jerusalém. (Mc 15:40,41)
Os discípulos, a elas reunidos, receberam autoridade para prosseguir a obra do Senhor Jesus, o que deveriam fazer em comunhão com Deus. Para pregar o Cristo ressuscitado, é preciso disponibilizar-se como servo, em humildade e dependência ao Senhor.
Trata-se de um desafio, de uma experiência pessoal. O evangelista conhecia a luta dos discípulos, pois ele teve experiências com situações de fracasso e estava convicto de que as fraquezas humanas não limitam o ministério do servo do Senhor.
Todo o seu trabalho poderá prosperar, se ele tiver combatido toda pretensiosidade e arrogância, consciente de que é detentor de limitações na sua trajetória. O Senhor conhece as limitações humanas e as sofreu “em sua própria pele”. Enquanto exerceu o seu ministério, procurou agir para atender todos aqueles que sofriam perseguição.
Jesus também demonstra amizade por pessoas marginalizadas pela austera elite religiosa da época. Tais pessoas eram marginalizadas por levarem um estilo de vida incompatível com as leis do Senhor, ou que era assim considerado pela sociedade.
Jesus não seguia as rígidas práticas religiosas de alguns judeus, as quais obrigavam o jejum em certos dias e a abstenção de qualquer atividade (proibição que estava se tornando cada vez mais abrangente e descabida) no sétimo dia da semana considerado dia de descanso.
Jesus realizou uma de suas curas exatamente num sábado, o que foi entendido como uma “obra” imprópria. Assim, desde o início, segundo nos mostra Marcos, Jesus entrou em conflito com algumas pessoas que, obviamente, não o viam como um representante de Deus […]
Primeiro, temos Jesus em constante atividade, falando às multidões e curando vários enfermos, e vemos a reação geralmente positiva destes em relação a Jesus.
Segundo, assistimos ao surgimento de uma forte oposição por parte dos defensores de uma vertente particularmente legalista do judaísmo. Terceiro, testemunhamos a formação de um pequeno grupo de homens que se tornam companheiros de Jesus e compartilham o trabalho que Ele realizava. (Marshall, 2018, p.58-59)
Jesus foi intensamente criticado, porque os doutores da lei e os fariseus valorizavam mais os ritos, a tradição e a higiene como uma forma de purificação. Jesus, por sua vez, confrontou o pensamento de que os alimentos podem tornar alguém impuro no aspecto religioso, pois a verdadeira impureza é oriunda dos desejos imorais do coração humano.
E, além disso, eles não se conformavam com a origem do poder e autoridade demonstrados por Cristo. Para eles, o Senhor tinha que demonstrar sinais deste poder para aquela geração testemunhar, num visível indício de incredulidade:
E saíram os fariseus, e começaram a disputar com ele, pedindo-lhe, para o tentarem, um sinal do céu. E, suspirando profundamente em seu espírito, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não se dará sinal algum. E, deixando-os, tornou a entrar no barco, e foi para o outro lado. (Mc 8.11-13)
Jesus deixou esclarecido que tais práticas eram preceitos humanos e não foram determinadas pelas Escrituras.
Estes homens estavam negligenciando os mandamentos imprescindíveis da Palavra de Deus e todo aquele que desejar a pureza, precisa purificar-se por meio da Palavra:
“Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco.” (Sl 51.7); “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água pela Palavra.” (Ef 5.26)
A própria “lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices.
Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos.” (Sl 19.7,8)
Não necessitava de ritos que o povo não poderia cumprir com o fim de declarar-se santos. Jesus cumpriu toda a Lei e participou de todas as festas cerimoniais sem cometer exageros: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim destruir, mas cumprir “ (Mt 5.17)
Jesus deixou esclarecido que o exercício do ministério deveria ser acompanhado pela prática do jejum e da oração, como pode ser observado no caso do jovem mudo que ficava endemonhiado. (Mc 9. 14-29).
No contexto de uma forte oposição de nível espiritual, é preciso estar preparado, com o fim de resistir às investidas opositoras sem perder o foco em Cristo e na Palavra.
Fortalecer-se espiritualmente deve ser o alvo daqueles que estão à frente da batalha espiritual e da conquista de almas para o Reino de Deus.
A morte de Cristo significa serviço, entrega de um justo que venceu a oposição e ensina ao mundo o sentido do verdadeiro amor, consumado no sacrifício que resgata o homem do pecado, como um paradigma de libertação, de redenção visível para todos:
“ E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus. E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu
tenha vista. E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.” (Mc 10:50-52)
Mais do que isso, a associação do reino à entrada de Jesus em Jerusalém sugere com bastante vigor que o sofrimento e a morte de Jesus estão crucialmente ligados à vinda do Reino.
A segunda parte do evangelho de Mateus destaca a vinda do sofrimento e a ressurreição de Jesus e salienta que sua morte acontece em consonância com o plano de Deus.
Assim, ela está vinculada ao propósito divino, o que leva Jesus a estar cheio do Espírito e a anunciar que o tempo do cumprimento da profecia era chegado.
Somente em seguida, na terceira vez em que Jesus prediz a paixão, surge a noção de que o fato de Jesus dar sua própria vida, ou seja, a sua morte, deve atuar como a entrega de um resgate em favor de muitos.[…] O reino consiste nos que respondem à mensagem com fé e arrependimento, e assim ingressam na esfera da salvação. (Marshall, 2007, p.73
O evangelho de Marcos dá ênfase ao mensageiro, à identidade e autoridade enquanto prega a sua doutrina, combinada com a menção às parábolas, curas e maravilhas.
O Cristo que fora vítima de descrédito dos seus, rejeitado e conduzido à cruz, foi reconhecido como o Messias dotado de todo o poder nos céus e na terra. Diante de tantos corações endurecidos (“E, olhando para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração” – Mc 3.5), o Mestre não deixou de realizar seus prodígios.
Tudo estava esclarecido e, no entanto, as pessoas preferiam continuar cegas diante da verdade: “Pois não tinham compreendido o milagre dos pães; antes o seu coração estava endurecido.” (Mc 6.52).
Eram tantas pessoas mesquinhas, que até mesmo podia-se encontrar incrédulos entre seus discípulos! Marcos foi o evangelista que mais, profundamente, os aspectos sobrenaturais das ações de Jesus e trouxe à tona as condições que as cercavam.
Marshall (2007, p.84,85) sintetiza alguns aspectos do evangelho de Marcos:
1.Jesus partiu do pressuposto que sua audiência era formada por pessoas com necessidades de ordem física, social e espiritual.
2.A missão de Jesus era trazer as boas novas aos pobres e oprimidos, e demonstrar o poder em ação através de cura e compaixão.
3.Jesus falava a respeito da vinda e da atuação do Filho do Homem. Esse título recebia uma conotação messiânica.
4.Jesus se identificava com sua causa, uma resposta positiva à sua mensagem traduzia-se em termos de segui-lo como seu discípulo.
5.Sua missão também estava relacionada à renovação do povo israelita que se distanciou de uma relação autêntica com Deus.
6.Jesus enfatizava que a essência da religião dos judeus estava no amor a Deus e no amor ao próximo.
7.O Mestre defendeu os princípios que ensinou, a tal ponto que se dispôs a morrer por eles.
8.A pregação tinha o propósito de orientar o povo a aguardar a consumação iminente do Reino de Deus, o qual confirmaria ou condenaria os homens no dia do juízo, conforme as respostas humanas à mensagem recebida.
SUGESTÃO DE ATIVIDADES:
1.A principal mensagem de Marcos é a proclamação do Reino, do evangelho que salva. Converse com sua turma e o departamento da EBD sobre a possibilidade de fazer um evangelismo com os jovens.
2.Peça para eles relatarem como se deu um dos milagres retratados no evangelho. Ou até gravar um vídeo, para a turma, contando como foi o milagre.
3.Faça-os observar como os relatos no evangelho são breves, concisos e objetivos. Os textos são bem curtos. Uma das palavras que explica Marcos é : O CRISTO EM AÇÃO.
REFERÊNCIAS:
LOWERY, David K. Teologia de Mateus. In: ZUCK, Roy B.(ed.) Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro: 2023, p.68-93.
MARSHALL, Howard I. Teologia do Novo Testamento: diversos testemunhos, um só evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2007.
NOVO TESTAMENTO. In: CHAMPLIM, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 5.ed. São Paulo: Hagnos, 2001, p.531-544.
Profª. Amélia Lemos Oliveira
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/juvenis/11458-licao-7-o-evangelho-de-marcos-i
Vídeo: https://youtu.be/nz6lseTBwwQ