JUVENIS – LIÇÃO Nº 7 – OSEIAS E JOEL
Os nomes dos profetas possuem significados relacionados à mensagem que pregavam, mantinham uma relação harmônica com o conteúdo da pregação.
Os nomes traziam, consigo, mensagens de salvação. Um deles foi Oseias, cujo nome vem do hebraico “Oshea”.
Pertence à mesma raiz da palavra “Josué”, que por sua vez tem o prefixo “yod” para “Yah” ou Senhor (“Yahweh é salvação”), significa “Jeová é salvação.”. Seu ministério é considerado o mais longo de todos os profetas do Antigo Testamento e durou desde o reinado de Jeroboão II no reino do norte até depois da própria destruição do reino do norte, já no tempo de Ezequias no reino de Judá.
Começou a profetizar no reinado de Uzias (Os.1:1), que só começou a reinar no vigésimo sétimo ano de Jeroboão II (II Rs.15:1). Há alguns estudiosos que identificam o filho da viúva de Sarepta, o jovem a que Eliseu enviou para ungir a Jeú, com este profeta. Nada sabemos sobre Beeri, o pai que é mencionado no texto.
Palavra do SENHOR, que foi dirigida a Oséias, filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel. (Os 1.1).
No ano vinte e sete de Jeroboão, rei de Israel, começou a reinar Azarias, filho de Amazias, rei de Judá. (II Rs 15.1)
Segundo Ellisen (1993, p.273), o livro de Oséias foi escrito em 740 a.C., aproximadamente.
“1. Durante os reinados de quatro reis de Judá, de Uzias a Ezequias, mais ou menos 767-697, e durante o reinado de Jeroboão II de Israel, 793-752.
2. Jeroboão morreu em 752. Ezequias subiu ao trono em 728. Somando alguns anos ao mínimo período, sugere aproximadamente 755-725.”
No livro de Joel, são mencionados os reis de Judá com o fim de apontar o período histórico da escrita da obra e identificarmos o povo de Judá apontado no livro.
No entanto, os escritos profético são dirigidos para o povo do Reino do Norte de Israel. Elissen (1993, p. 274 ) afirma que “dirige-se a ele como “Efraim” trinta e sete vezes, em virtude da poderosa tribo do centro oriunda do muito abençoado filho de José. Efraim quer dizer “fértil”.
E disse-lhe o Senhor: Põe-lhe o nome de Jizreel; porque daqui a pouco visitarei o sangue de Jizreel sobre a casa de Jeú, e farei cessar o reino da casa de Israel.[…] E tornou ela a conceber, e deu à luz uma filha. E Deus disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ruama; porque eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei. (Os 1.4-6)
E o SENHOR me disse: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo, contudo adúltera, como o SENHOR ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses, e amem os bolos de uvas. (Os 3.1)
Ouvi a palavra do SENHOR, vós filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na terra não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus. (Os 4.1)
Observamos, com base no texto bíblico, que o propósito divino era demonstrar ao profeta Oseias, o que significava ter uma esposa infiel e os sentidos da sua profecia a partir de então, haja vista que ele falaria a um povo que deixou de se relacionar com o seu Deus para adorar a outros deuses, que abandonou o primeiro amor.
O servo do Senhor recebe ordens para se casar com uma mulher que não sabemos se já era prostituta antes de se casar.
Archer (2012, p.403) destaca que “Ele não chamou Gômer de zởna (a que indicaria uma mulher que já exercia a prostituição); antes a expressão ‘mulher adúltera’ deve ser compreendida como prolepse.”
Trata-se de uma figura de linguagem que, segundo o dicionário Priberam quer dizer “Visão ou representação de algo que ainda não aconteceu = antecipação, antevisão” (Disponível em: https://dicionario.priberam.org/prolepse. Acesso em 12 maio 2024) Ou seja, Oseias antevia o que aconteceria consigo mesmo. Seu primeiro filho Jezreel foi legítimo, ao passo que Lo-Ruama e Lo-Ami , por sua vez, eram frutos dos relacionamentos adúlteros de Gômer.
A iniquidade de Gômer fica bem evidenciada após o seu casamento com Oséias. Não há evidências no texto bíblico de que está mulher tinha uma moral relativamente baixa, mas o prenúncio de que se corromperia, conforme vimos na ausência do vocábulo “zởna” que deveria ser usado para se referir a ela.
Sendo assim, Oseias profetiza por meio de uma prolepse que ela seria uma adúltera. Diante de todas as circunstâncias pelas quais este homem de Deus passou, observamos que a mensagem entregue continha características semelhantes à história de sua tragédia doméstica, por meio da qual viu a mão do Senhor orientando a agir de forma correta, tal como Deus agiria, demonstrando um amor inigualável.
O livro de Oséias, que tem 14 capítulos, pode ser dividido em duas partes:
a) 1ª parte – a esposa prostituída de Jeová é repudiada – Os.1-3;
b) 2ª parte – a esposa, objeto do amor de Deus – Os.4-14.
Já havia passado 200 anos que a monarquia havia sido nacionalmente dividida em dois Reinos. Os israelitas assistiram a uma expansão até Damasco, sob o reinado de Jeroboão II como uma dádiva especial da parte do Senhor. O Senhor benevolente tinha o propósito de conduzi-los ao arrependimento:
Também este restituiu os termos de Israel, desde a entrada de Hamate, até ao mar da planície; conforme a palavra do Senhor Deus de Israel, a qual falara pelo ministério de seu servo Jonas, filho do profeta Amitai, o qual era de Gate-Hefer.
Porque viu o Senhor que a miséria de Israel era muito amarga, e que nem havia escravo, nem absolvido, nem quem ajudasse a Israel. E ainda não falara o Senhor em apagar o nome de Israel de debaixo do céu; porém os livrou por meio de Jeroboão, filho de Jeoás.
Ora, o mais dos atos de Jeroboão, tudo quanto fez, e seu poder, como pelejou, e como restituiu a Damasco e a Hamate, pertencentes a Judá, sendo rei em Israel, porventura não está escrito no livro das crônicas de Israel? (II Rs 14.25-28)
Embora houvesse o crescimento do território citado acima, é necessário salientar a expectativa e medo do Oriente com o aumento de poder da Assíria que começou a sua rapinagem no ocidente.
Depois de diversas escaramuças contra a Síria, os dois reinos conseguiram um período de apogeu político, militar e comercial.
Israel houvera se recuperado da crise política do rei Acabe e da fundação da dinastia de Jeú. Nessa época, Jeroboão foi considerado o Salvador de Israel (II Rs 1.32; 14.26), entretanto essa prosperidade não acompanhou a vida religiosa da nação. (Bentho & Plácido, 2019, p.504)
Apesar da prosperidade material, Israel regrediu no aspecto moral, a tal ponto que chegaram a sacrificar crianças e se prostituírem culturalmente.
A depravação moral envolvera diversos aspectos das vivências do povo. Oseias, como um profeta, servo de Deus, longânimo e paciente, semelhante a um pastor que chora diante de um rebanho enlouquecido a caminho da destruição, lamenta a traição do povo israelita.
É por isto que a mensagem do livro é enunciar o chamado divino ao arrependimento do apático, desinteressado, indiferente reino do norte que, cada vez mais, imergia no lamaçal do pecado.
O profeta retrata a situação execrável da nação que, da mesma forma que a sua esposa, entregara-se à prostituição. Diante deste quadro, o servo de Deus enfatiza o amor inextinguível de nosso Senhor pela nação israelita, que esteve pronto para recebê-la de volta, caso se arrependesse.
O seu coração está dividido, por isso serão culpados; o Senhor demolirá os seus altares, e destruirá as suas estátuas. Certamente agora dirão: Não temos rei, porque não tememos ao Senhor; e o rei, que faria por nós?
Falaram palavras, jurando falsamente, fazendo uma aliança; por isso florescerá o juízo como erva peçonhenta nos sulcos dos campos.
Os moradores de Samaria serão atemorizados pelo bezerro de Bete-«ven; porque o seu povo se lamentará por causa dele, como também os seus sacerdotes idólatras que nele se regozijavam, por causa da sua glória, que se apartou dela. (Os 10.2-5).
Desde os dias de Gibeá pecaste, ó Israel; ali permaneceram; a peleja em Gibeá, contra os filhos da perversidade, não os alcançará. Eu os castigarei na medida do meu desejo; e congregar-se-ão contra eles os povos, quando eu os atar pela sua dupla transgressão.
Porque Efraim é uma bezerra domada, que gosta de trilhar; e eu poupava a formosura do seu pescoço; mas farei cavalgar Efraim. Judá lavrará, Jacó lhe desfará os torrões.
Semeai para vós em justiça, ceifai segundo a misericórdia; lavrai o campo de lavoura; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que venha e chova a justiça sobre vós.
Lavrastes a impiedade, segastes a iniquidade, e comestes o fruto da mentira; porque confiaste no teu caminho, na multidão dos teus poderosos.
Portanto, entre o teu povo se levantará um grande tumulto, e todas as tuas fortalezas serão destruídas, como Salmã destruiu a Bete-Arbel no dia da guerra; a mãe ali foi despedaçada com os filhos. Assim vos fará Betel por causa da vossa grande malícia; de madrugada o rei de Israel será totalmente destruído. (Os 10.9-15)
O livro trata de uma das mais belas imagens do amor divino, do Deus que toma a iniciativa de demonstrar o Seu amor e cortejar o Seu povo, tal como o noivo corteja a sua amada e demonstra o seu amor por ela.
Vendo-a distante de Si, Ele se dispõe a buscá-la e demonstrar-lhe o quanto a ama, reatando o relacionamento.
Embora ela preferisse ficar divorciada, Ele a traz de volta para a justiça, para um relacionamento profundo e íntimo. Estas prefigurações foram apresentadas por meio do casamento de Oseias com uma prostituta, casamento literal que figurou o relacionamento de Cristo e a Igreja.
Contendei com vossa mãe, contendei, porque ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido; e desvie ela as suas prostituições da sua vista e os seus adultérios de entre os seus seios.
Para que eu não a despoje, ficando ela nua, e a ponha como no dia em que nasceu, e a faça como um deserto, e a torne como uma terra seca, e a mate à sede; E não me compadeça de seus filhos, porque são filhos de prostituições. Porque sua mãe se prostituiu; aquela que os concebeu houve-se torpemente, porque diz: Irei atrás de meus amantes, que me dão o meu pão e a minha água, a minha lã e o meu linho, o meu óleo e as minhas bebidas. (Os 2.2-5)
Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Acor, por porta de esperança; e ali cantará, como nos dias de sua mocidade, e como no dia em que subiu da terra do Egito. E naquele dia, diz o SENHOR, tu me chamarás: Meu marido; e não mais me chamarás: Meu senhor. (Os 2.14- 16) E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás ao Senhor. (Os 2.20)
Diante deste quadro, alguém pode questionar a possibilidade de haver um amor tão imenso como este, que transborda de tal forma que não considera o pecado, mas a necessidade de salvação do pecador. E, no final de seu livro, o profeta Oseias responde:
“Quem é sábio, para que entenda estas coisas? Quem é prudente, para que as saiba? Porque os caminhos do Senhor são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão.” (Os 14.9)
Apesar de toda esta demonstração de amor revelada, por meio da mensagem profética de Oseias, o Reino do Norte foi destruído.
Mas a mensagem da graça e de restauração nunca deixará de ser anunciada, pois todo aquele que olhar para o Senhor será salvo:
Eu sararei a sua infidelidade, eu voluntariamente os amarei; porque a minha ira se apartou deles. Eu serei para Israel como o orvalho. Ele florescerá como o lírio e lançará as suas raízes como o Líbano. Estender- se-ão os seus galhos, e a sua glória será como a da oliveira, e sua fragrância como a do Líbano. Voltarão os que habitam debaixo da sua sombra; serão vivificados como o trigo, e florescerão como a vide; a sua memória será como o vinho do Líbano. (Os 14.4-7)
O LIVRO DE JOEL
O nome do profeta Joel que, em hebraico, “Yoel”, significa “Jeová é Deus”. Joel é Do reino do sul, é um profeta do reino de Judá.
O ministério de Joel é da época do rei Joás, ou seja, um pouco anterior a Isaías e a Amós, segundo alguns estudiosos. Sua antiguidade é admitida na tradição judaica, tanto que é colocado após os escritos de Oséias no “Livro dos Doze”. O nome do profeta está correlacionado com a sua profecia:
E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado. (Jl 2.27)
E vós sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus, que habito em Sião, o meu santo monte; e Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela. (Jl 3.27)
Na Bíblia há quatorze pessoas com o nome de Joel, mas este era especificamente filho de Petuel (“Palavra do SENHOR, que foi dirigida a Joel, filho de Petuel.” – Jl 1.1), que morou e profetizou em Judá e pode ter sido sacerdote.
O livro pode ter sido escrito em 825 a.C. e seus contemporâneos provavelmente sejam os profetas Obadias, Jonas, Naum, Habacuque.
a.Joel destaca os sacerdotes e anciãos como referência para o povo e a ausência de exemplos dos reis de Judá.
b.Menciona os pecados do povo e a idolatria.
c.Denuncia os inimigos locais e a total ausência de referências à Assíria, à Babilônia ou à Pérsia.
Stanley Elissen (1993, p.280) menciona dados históricos importantes para considerarmos acerca do livro de Joel, bem como para revermos as personagens que viveram no seu tempo:
A data de 825, quando o rei Joás tinha dezesseis anos e o sacerdote Joiada ainda exercia a maior influência, é a mais provável, conforme as observações abaixo:
a.Durante a primeira parte do reinado de Joás, que foi apresentado como rei aos seis anos de idade, o governo estava na verdade nas mãos do sumo sacerdote Joiada.
b.Nessa ocasião, os seus inimigos eram antes locais do que orientais (2 Reis 12).
c.A posição de Joel antes de Amós no cânon sugere uma data anterior.
d.Joel é muito citado por profetas pré-exílio, tais como Amós, Isaías e Miquéias. O contrário é altamente improvável (Compare-se Joel 3:10 com Isaías 2:4 e Miquéias 4:3; Joel 3:16 com Amós 1:2; Joel 3:18 com Amós 9:13).
e.A linguagem e os conceitos são semelhantes aos empregados por Amós. A menção dos gregos (3:6) é consistente com as descobertas arqueológicas.
f.A referência ao vale de Josafá, somente mencionado no livro de Joel, é inteiramente apropriada, pois foi ele o último rei bom naquela época; obteve grandes vitórias nas proximidades de Jerusalém por invocar o Senhor. (Elissen, 1993, p.280)
“Era Joás da idade de sete anos quando o fizeram rei.” (II Rs 11.21” para restaurar o trono de Judá e abolir os ídolos do meio do povo judaíta, haja vista que o propósito de Atália era fazer a nação mergulhar na idolatria.
Foi com Jeú que tinha terminado a adoração a Baal em 841 a.C. e com Joiada, o responsável pela morte de Atália, em 835 a.C. Neste cenário, Joás começa a governar e, posteriormente, enfrentar vários inimigos locais, tais como Tiro, Sidom, Filístia, Edom e Egito.
E também que tendes vós comigo, Tiro e Sidom, e todas as regiões da Filístia? É tal o pago que vós me dais? Pois se me pagais assim, bem depressa vos farei tornar a vossa paga sobre a vossa cabeça. (Jl 3.4)
O Egito se fará uma desolação, e Edom se fará um deserto assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente. (Jl 3.19)
Mesmo havendo a purificação, observa-se que o povo não estava vivendo a verdadeira santidade. Era indiferente à Lei do Senhor.
Não se preocupou com a adequada reparação do templo. O rei estava no trono há vinte e três anos e o templo precisava de reformas: “Sucedeu, porém, que, no ano vinte e três do rei Joás, os sacerdotes ainda não tinham reparado as fendas da casa.” (II Rs 12.6)
Tais falhas podem ter provocado a ira do Senhor que permitiu as pragas como julgamento por meio de gafanhotos, estiagem e ataques dos inimigos locais ( Tiro, Sidom, Filístia, Edom e Egito).
A profecia de Joel foi entregue mais ou menos vinte anos depois da de Obadias de Judá, o qual profetizou o fim de Edom. Joel precedeu cronologicamente os ministérios de Jonas e Amós junto a Israel, no norte, que profetizariam cerca de sessenta anos mais tarde.
Enquanto Joel profetizou para Judá, Elias o fez em Israel num longo ministério que durou de 850 a 798, aproximadamente. Joel segue Oséias no cânon do mesmo modo que o julgamento de Deus segue a rejeição do seu amor. (Elissen, 1993, p.281)
O livro de Joel, que tem três capítulos, pode ser dividido em três partes:
a)1ª parte – o dia do Senhor exemplificado – Jl.1
b)2ª parte – o dia do senhor profetizado – Jl.2
c)3ª parte – o julgamento das nações e as bênçãos do milênio – Jl.3
O profeta Joel fala sobre o julgamento divino, sobre a atuação de Deus sobre todos aqueles que rejeitam a Sua Palavra e são indiferentes ao Seu amor. Todos aqueles que assim agissem estariam sujeitos a sofrer uma calamidade mais devastadora, como gafanhotos e estiagem. O profeta tinha o propósito de apresentar o futuro Dia do Senhor,
Dia de Julgamento, no qual o nosso Deus dominará os pagãos e libertará o Seu povo para habitar com Ele. A praga dos gafanhotos foi apenas um prenúncio do julgamento que há de vir, para assolar a Terra e destruir as gentes que se esquecem de Deus.
Esta mensagem do livro que se refere ao juízo prenunciado sobre o povo de Deus, fora identificada como sendo o cativeiro da Babilônia. Mas a mensagem de Joel também fala sobre futuro, ela destaca o derramamento do Espírito Santo e o “dia do Senhor” (a sua expressão mais conhecida).
Obadias usou a mesma expressão vinte anos antes quando se referiu à destruição de Edom. Portanto, “Dia do Senhor” deve ter sido cunhada pelo profeta Obadias. Pedro falou sobre a profecia de Joel no sermão inaugural da Igreja no dia de Pentecostes, exatamente por causa de sua profecia do derramamento do Espírito Santo. Por isso, Joel é conhecido como “o profeta pentecostal”.
A primeira parte da profecia de Joel cumpriu-se no Pentecoste, porque refere- se ao derramamento do Espírito Santo e aos dons espirituais, mas a segunda apresenta o seu cumprimento no Apocalipse, pois refere-se a fenômenos naturais, haja vista que dizem respeito aos sinais divinos de perturbações físicas no sol, lua e céu, os quais não ocorreram naquela ocasião, mas acontecerão um pouco antes do “grande dia da sua ira”:
E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue; E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte.
E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas;
E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir? (Ap 6.12-17)
Sendo assim, a profecia tem um cumprimento duplo, com um largo espaço de tempo entre os dois momentos. Primeiramente, foi derramado o Espírito Santo; em seguida, aguardamos o julgamento, o Grande Dia da Ira do nosso Deus.
Significado da expressão “Dia do Senhor” usada pelos diversos profetas:
Obadias- um tempo de julgamento e retaliação
Joel – Dia de destruição vinda do Senhor (Jl 1.5; 2.1,11,31; 3.14)
Isaías – Dia de ajustar contas para os soberbos e um dia de destruição cruel vindo do Altíssimo (2.12; 13. 6,9)
Sofonias – Dia de grande ira da parte do Senhor, o qual se aproxima rapidamente (1. 7,14)
Ezequiel – Dia em que as nações se lamentaram, quando Nabucodonosor
empunhou a “espada do Senhor” ao conquistar o Ocidente (13.5; 30;3)
Zacarias – Dia da ardente defesa de Jerusalém pelo Senhor, quando todas as nações estarão reunidas contra ela (14.1)
Malaquias – O Dia em que o Senhor esmagará os perversos e os destruirá como refugo, precedido pelo ministério de restauração de Elias (4.3) (BENTHO &PLÁCIDO, 2019, p.515)
Além de falar do julgamento, Joel também menciona o amor divino e a prosperidade que virá sobre todos aqueles que estiverem caminhando, procedendo de acordo com a Lei de nosso Deus.
O arrependimento traria prosperidade, removeria os gafanhotos e a estiagem, as bênçãos da chuva viriam, trazendo boas colheitas e proteção contra os inimigos:
O Senhor, respondendo, disse ao seu povo: Eis que vos envio o trigo, e o mosto, e o azeite, e deles sereis fartos, e vos não entregarei mais ao opróbrio entre os gentios.
Mas removerei para longe de vós o exército do norte, e lançá-lo-ei em uma terra seca e deserta; a sua frente para o mar oriental, e a sua retaguarda para o mar ocidental; e subirá o seu mau cheiro, e subirá a sua podridão; porque fez grandes coisas.
Não temas, ó terra: regozija-te e alegra-te, porque o Senhor fez grandes coisas. Não temais, animais do campo, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fruto, a vide e a figueira darão a sua força.
E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva temporã; fará descer a chuva no primeiro mês, a temporã e a serôdia. E as eiras se encherão de trigo, e os lagares trasbordarão de mosto e de azeite.
E restituir-vos-ei os anos que comeu o gafanhoto, a locusta, e o pulgão e a lagarta, o meu grande exército que enviei contra vós.
E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca mais será envergonhado. E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado. (Jl 2. 19- 27)
Os crentes terão, também, uma gloriosa recompensa nos céus, uma recompensa eterna, se estiverem em obediência e forem fiéis à aliança que assumiram com o Senhor.
Em Joel, vemos Deus se revelando como um ser que quer viver em cada ser humano através do Seu Espírito, mas que, apesar de Seu grande amor, é também um Deus justo, que fará, a seu tempo, o juízo sobre os impenitentes.
Um dos versículos- chave é Jl 2.17, no qual Deus exorta o povo ao arrependimento que conduz à proximidade com o Criador: “Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que os gentios o dominem; por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?”
Porque o Senhor se compadece daquele que se arrepende, dando-lhe uma nova oportunidade, transforma o seu infortúnio em prosperidade, defende aquele que está implorando pelo perdão tal como o advogado o faz pelo réu, concede-lhe as bênçãos divinas etc. Aquele que antes era inimigo, adversário, tornou- se amigo, aliado de Deus.
REFERÊNCIAS:
ARCHER JR., Gleason L. Panorama do Antigo Testamento. ed. rev. e ampl. 4.ed. São Paulo: Vida Nova, 2012.
BENTHO, Esdras Costa & PLÁCIDO, Reginaldo Leandro. Introdução ao Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Vida, 1993.
Profª. Amélia Lemos Oliveira
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/juvenis/10507-licao-7-oseias-e-joel-i
Vídeo: https://youtu.be/kP–y5tuJAg