JUVENIS – LIÇÃO Nº 9 – O INIMIGO ÍNTIMO
O título desta lição nos surpreende: Quem seria o inimigo íntimo? Quem estaria em nosso meio e ao mesmo tempo se levantaria contra nós? Quem estaria entrincheirado nas fileiras do exército do Senhor e ao mesmo tempo seria o seu inimigo?
Quando nos referimos ao inimigo, olhamos sempre para quem está fora, para os não incluídos no rebanho do Senhor, para aqueles que, diferentemente de nós, não veem motivos para estar conosco e querem nos enfraquecer.
Todos aqueles que comungam conosco e agem como nós, compartilham da mesma fé, são nossos aliados: “Não o impeçam”, disse Jesus.
“Ninguém que faça um milagre em meu nome, pode falar mal de mim logo em seguida, pois quem não é contra nós está a nosso favor.” (Mc 9.39,40) Mas aqueles que, conosco estiveram, e decidiram seguir os seus caminhos, traçar trajetórias contrárias ao que apreendemos das Escrituras, encontram-se entre aqueles para os quais o Senhor dirá “Não vos conheço!”
Este é um dos temas tratados na segunda epístola de Pedro, que foi uma carta um tanto esquecida, não exerceu tanta influência quanto as demais, considerada como menos valiosa, demorou para ser inclusa no cânon das Escrituras.
Pedro combate estes homens que são uma ameaça para a igreja, que se infiltraram nela, ansiosos pelo poder, mas descomprometidos com o Todo-poderoso. Posicionando-se como autoridade, sendo autoritários, sem nenhuma autoridade concedida por Deus.
Tais líderes tinham que ser apontados para não trazer engano no seio do povo de Deus, porque são uma ameaça para a igreja que deve fugir da corrupção que há no mundo causada pela cobiça (II Pe 1.4). A Igreja deve buscar o crescimento espiritual, a progressão na fé, na santidade:
Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor.
Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. (II Pe 1.5-8)
Viver distanciado da corrupção mundana é o imperativo para os futuros líderes e para os nossos jovens que precisam assumir uma nova postura diante dos quadros diante de nós.
Há muitos ilusionistas de auditório que procuram encantar nossa juventude, usando diversos malabarismos e discursos falsos, ilusórios, despertando a cobiça, a ambição das pessoas, fundamentados no materialismo, de tal forma que o Senhor é posto em último plano.
Que nós tenhamos discernimento e sabedoria para orientar os nossos alunos a observarem as situações cujo fim é enredá-los e prendê-los a um jugo pecaminoso.
Pedro inicia a sua carta nomeando-se como “servo de Jesus Cristo”, “doulos”, o que se torna um contraponto com a postura de muitos líderes da pós-modernidade, que se posicionam como cabeça, não como cauda, que desejam e exigem serviço, alguém que lhes preste serviços.
Nunca estão dispostos a servir a outrem. Em nada assemelham-se ao mestre Jesus que disse: “Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Mc 10:45)
Para obterem os serviços que desejam, os falsos pregadores/profetas seduzem as pessoas, tal como a serpente que apelou para o egoísmo de Eva, dizendo que ela seria como Deus e conheceria o bem e o mal (Gn 3.5). Sendo assim, eles prometem o inimaginável e fazem “truques” com as palavras para convencer os incautos com o fim de conquistar mais adeptos.
Qual é a responsabilidade da liderança local? Exortar. Orientar. Ensinar. Falar acerca da verdade contida nas Escrituras.
Não podemos perder tempo, pois os devoradores, os lobos travestidos de ovelhas estão cooptando jovens para seus apriscos e a nossa missão é salvar vidas para o Reino de Deus, arrancá-las das garras do Maligno, o qual envia seus emissários disfarçados para corromper nossa juventude. Sempre houve impostores no meio do povo de Deus. Barclay (2023) relembra:
Os falsos profetas estavam mais interessados em se tornarem populares que em dizer a verdade. Seu procedimento era dizer ao povo o que o povo desejava ouvir. Anunciavam: “Paz, paz; e não há paz” (Jeremias 6:14). Viam visões de paz quando Deus estava dizendo que não havia paz (Ezequiel 13:16).
No tempo de Josafá, Zedequias, o falso profeta colocou uns chifres de ferro e disse que Israel investiria contra os sírios tal como ele investia com aqueles chifres. Micaías, o profeta verdadeiro, predisse o desastre se Josafá ia à guerra.
É obvio, Zedequias era popular e, portanto, sua mensagem foi aceito; mas Josafá saiu à guerra contra os sírios e pereceu tragicamente (1 Reis 22).
No tempo de Jeremias, o falso profeta Hananias predisse o rápido fim do poderio de Babilônia enquanto que, por sua vez, Jeremias profetizava a servidão da nação submetida aos babilônios e, é obvio, o profeta que dizia ao povo o que este desejava ouvir era popular (Jeremias 28). (BARCLAY, 2023)
Como podemos observar, tais profetas dizem o que as pessoas desejam ouvir e não que precisam ouvir: “ Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” (II Tm 4.3,4)
Atuam de acordo com as preferências da multidão, pois preferem a popularidade e o aplauso. Acumular seguidores e curtidas nas redes sociais é a meta perseguida para obter a perseguida popularidade. Barclay (2023) destaca o quanto são ambiciosos para obter benefícios pessoais:
Os falsos profetas estavam interessados em obter benefícios pessoais: “Seus sacerdotes ensinam por preço, e seus profetas adivinham por dinheiro” (Miquéias 3:11).
Ensinam por lucro desonesto (Tito 1:11); identificam a piedade com as utilidades, fazendo da religião uma atividade para ganhar dinheiro (1 Timóteo 6:5).
Podemos ver estes exploradores dos cristãos operando na Igreja primitiva. Na Didaquê, O Ensino dos Doze Apóstolos, que poderia ser considerado como o primeiro livro de ritual, estabelece-se que o profeta que peça dinheiro ou que pede uma mesa para comer, é um profeta falso. A Didaquê chama tais pessoas de “Traficantes de Cristo” (Didaquê II). (Barclay,2023)
O falso profeta afasta os homens de Deus, enquanto finge que os aproxima. Estes homens delirantes, que faziam o povo delirar, já faziam parte da Igreja que se iniciava e atrapalhavam as ministrações dos apóstolos, porque desfaziam do que já haviam sido ensinado.
Eram o fermento que surgia para levedar toda a massa (“Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?” I Co 5.6); eram o joio no meio do trigo (“Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.” Mt 13.25). A falsidade se manifesta em vários de seus gestos descuidados, tais como os mencionados pelo profeta Isaías 28.7:
Mas também estes erram por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos pelo vinho; desencaminham-se por causa da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no juízo. (Is 28.7)
Nos profetas de Samaria bem vi loucura; profetizavam da parte de Baal, e faziam errar o meu povo Israel. Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os seus moradores como Gomorra. […]
Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito algum a este povo, diz o Senhor. (Jr.23, 13-14,32)
Estes hereges introduziram heresias por vontade própria, ou seja, escolheram viver foram da vontade de Deus. A palavra grega para heresia é “hairesis”, vem do verbo “haireischthai” que significa escolher, o que aponta para uma clara rebeldia à Palavra do Senhor.
Os saduceus, os fariseus e os nazarenos (Atos 5:17; 15:5; 24:5) eram hereges, conheciam a verdade, mas se recusavam a segui-la. Hereges devem advertidos com relação aos seus erros, e até receberem uma segunda oportunidade. Se não houver mudança, devem ser rejeitados: “Ao homem hereje, depois de uma e outra admoestação, evita-o.” (Tito 3:10).
O que sucedia no caso de Pedro era que certas pessoas que pretendiam ser profetas, insidiosamente estavam persuadindo a outros para que cressem coisas que lhes agradavam ao invés daquilo que Deus tinha revelado como verdadeiro.
Mas não se apresentavam como adversários do cristianismo. Longe disso, antes, se mostravam como os mais refinados frutos do pensamento cristão. Insidiosa, inconsciente, imperceptivelmente, em forma tão gradual como sutil as pessoas iam sendo seduzidas, separadas da verdade de Deus e conduzidas a opiniões pessoais humanas. E isto é, precisamente, a heresia. (Barclay, 2023)
A falsidade destes homens se expressava nos gestos disfarçados de piedade, pois seus discursos não acompanhavam suas práticas: “E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; (Mc 7.6)
A comprovação do falso ensino está na Santa Palavra do Senhor. Ela é a prova da pregação verdadeira, ela atesta quando a pregação é falsa, era assim que os irmãos de Bereia faziam:
“Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” (At 17.11) Assim, temos as Escrituras e o testemunho como prova da idoneidade e seriedade do profeta/pregador.
Precisamos tomar cuidado com homens que lisonjeiam, bajulam, são extremamente agradáveis com o público, porque os tais podem ter más intenções. Vigiemos, pois estes ministérios arrebanham multidões, mas fracassam.
O apóstolo usa uma figura de linguagem, uma metáfora para nos fazer ver quem eles são: fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva (II Pe 2.17).
Eles “engodam com as concupiscências da carne”, ou seja, iludem, ludibriam apresentando os prazeres da natureza pecaminosa como algo que não nos faria mal, não teríamos problemas em cometer alguns “pecadinhos” e servir a Deus, porque Ele entende que somos pecadores e que a carne é fraca.
Não há problema algum em desfrutar dos prazeres desta vida. Já soubemos de alguns segmentos de crentes (que se nomeiam assim) dizendo não haver problema algum no sexo pré-conjugal porque os jovens precisam se conhecer, verificar se estão aptos para ter uma vida sexual segura.
É a turma do “não faz mal!” São cisternas rotas que, diante de um rebanho, o manterá sedento, ao contrário de Cristo que nunca mais permitirá que tenhamos sede, porque Ele é a água da vida (Jo 4.14).
Não têm condições de alimentar um rebanho faminto, porque a Palavra do Senhor não habita neles. No entanto, o Senhor Jesus é o Pão da Vida e nunca mais teremos fome (Jo 6.35).
Se o nosso Jesus saciou a nossa sede e nos alimentou espiritualmente, por que teríamos necessidade de buscar falsos mestres para nos orientar? E o apóstolo Paulo lembra: “ Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” (Rm 8.9)
Estes homens, ao contrário, estão aprisionados pelos seus próprios pecados, escravos das suas dissoluções e desonestidades, mentem descaradamente sem pudor algum, prometem e não cumprem, porque não há verdade nos seus lábios, nem temor à Palavra de Deus.
Pedro adverte seus leitores que ainda que sejam verdadeiramente livres não devem por isso usar essa liberdade como uma cobertura de malícia (1Pedro 2:16).
Estes falsos mestres ofereciam liberdade, mas tratava-se de liberdade para pecar tanto como a pessoa quisesse. Apelavam não aos sentimentos nobres, mas sim aos desejos carnais; não ao melhor, mas sim ao pior da natureza humana.
Pedro revela claramente por que eles procediam assim. Afirma que eles mesmos eram escravos de suas próprias concupiscências.
Disse Sêneca: “Ser escravo de si mesmo é a mais onerosa de todas as servidões”.Persius dirigiu-se assim aos carnais libertinos de seu tempo: “Têm um amo que cresce dentro desse vosso doente peito”. Estes mestres ofereciam liberdade não obstante ser eles mesmos escravos, e a liberdade que ofereciam era a de tornar-se escravos da corrupção. (Barclay, 2023)
Pedro retoma um texto de Pv 26.11: “Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia.” para referir-se ao estado dos falsos profetas e expressar seu desprezo.
O texto aponta a degradação moral de homens que conheceram a Cristo, a Sua Palavra e provaram do privilégio de servir ao Senhor para abandonar o verdadeiro amor e amar-se a si mesmo, satisfazendo os seus apetites carnais de tal modo que, aprisionados, pela concupiscência, preferiram trilhar os caminhos que conduzem às profundidades do inferno.
Sugestão de Atividade:
Professor, converse com seus alunos sobre as novas lideranças que têm surgido ultimamente. Temos visto até líder do segmento
transgênero: Murilo Araújo. Isto é muito sério. É necessário levá-los a distinguir alguns discursos que não têm base/concordância bíblica e solicitar para que fiquem atentos. Que não se iludam com tudo o que veem nas redes sociais, vídeos e TV.
Bernardo reage: A Bíblia condena pessoas LGBTQAPN*@. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=o_2f676d–s. Acesso em 17 ago.2023.
REFERÊNCIAS:
BARCLAY, James William. O Novo Testamento Comentado. II Pedro. Disponível em: https://files.comunidades.net/pastorpatrick/2Pedro_Barclay.pdf. Acesso em 19 ago. 2023.
Profª. Amélia Lemos Oliveira