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JUVENSI – LIÇÃO Nº 4 – HEDONISMO: SER “FELIZ” A QUALQUER CUSTO

A Bíblia faz referência a diversos homens que buscaram razões, para viver melhor, nos bens materiais, nas efemeridades, naquilo que se vê, no que é perecível e se esvai como a fumaça…

O autor de Eclesiastes 2 foi um homem que desfrutou de inúmeros prazeres em sua existência que, infelizmente, não preencheu o vazio existencial de seu ser.

Prosseguiu buscando algo que satisfizesse a carência do que seria difícil explicar. Toda aquela fartura e pujança material eram a imagem da vaidade revelada em bens reais. Tudo isto é resultado das atitudes egoístas de quem só pensa em satisfazer a si mesmo.

Ele questiona o verdadeiro sentido daquilo que dizem ser “alegria”, “prazer” diante de tantas efemeridades e inutilidades da vida, para as quais a alegria é apenas uma frivolidade.

Para encontrar a alegria que buscava, procurou estímulo no vinho, o símbolo da alegria (mas não é a verdadeira alegria, é a aparência da alegria, a ilusão da alegria), entregando-se a toda sorte de prazeres, pois os sentidos já estavam inebriados e pudesse curtir tudo o que fosse possível embaixo deste céu.

Além disto, agiu da mesma forma que Nabucodonosor: fez obras magníficas. O plantio de vinhas até poderia garantir a produção de mais vinho.

Hortas e jardins tornam o local mais aprazível ao olhar. Um pomar garante que se aprecie diversos sabores de frutas (dando ocasião à gula) e as fontes de águas tornam ainda mais belo o local.

A aquisição de servos e servas, bem como de animais em abundância são o reflexo material das riquezas.

A presença de objetos de prata e ouro sinalizam para a abundância destas riquezas. Este homem valoriza os cinco sentidos, suas realizações estão focadas nestes órgãos, com o fim de satisfazê-los. Tais órgãos são as vias de relacionamento do corpo com o mundo exterior. É neste corpo, canal das diversas

sensações, que será experienciado o prazer, é nele que o ideal hedonista se concretiza. Viver prazerosamente também é estar rodeado de cantores, de dançarinos e de luxos diversos, de supostos amigos que venham desfrutar de todos estes prazeres juntamente com o anfitrião. Eis a ilusão da alegria que passa rapidamente como uma andorinha de verão.

Disse eu no meu coração: Or vem, eu te provarei com alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade.

Ao riso disse: Está doido; e da alegria: De que serve esta?

Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne (regendo porém o meu coração com sabedoria), e entregar-me à loucura, até ver o que seria melhor que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu durante o número dos dias de sua vida.

Fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz para mim hortas e jardins, e plantei neles árvores de toda a espécie de fruto. Fiz para mim tanques de águas, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.

Adquiri servos e servas, e tive servos nascidos em casa; também tive grandes possessões de gados e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém.

Amontoei também para mim prata e ouro, e tesouros dos reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens; e de instrumentos de música de toda a espécie.

E fui engrandecido, e aumentei mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.

E tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho. (Ec 2.1-10)

Nossa lição apresenta essa forma de comportamento como hedonismo. Abbagnano (2000, p.497) refere-se a esse “termo que indica tanto a procura indiscriminada do prazer, quanto a doutrina filosófica que considera o prazer como o único bem possível, portanto como fundamento de vida moral. […] distingue-se do utilitarismo do séc. XVIII porque, para este último, o bem não está no prazer individual, mas no prazer do maior número de pessoas, ou seja, na utilidade social.O ide

alizador do pensamento hedonista foi Aristipo de Cirene (435 – 366 a.C.), o fundador da Escola Cirenaica. Para ele, o bem-estar humano é de ordem física, é o prazer que movimenta e dá sentido à vida, o conhecimento é investigado numa dimensão subjetiva (o que eu acho, a percepção individual de cada ser humano), a conduta moral está centrada na busca da felicidade.

O homem deve viver o prazer do instante, esse momento muito breve e que é o único que ele realmente tem, sem com isso lamentar-se com o passado vivido nem se infligir com o futuro que poderá viver. Aceitar o prazer momentâneo que a vida oferece é viver conforme a virtude.

A virtude é a moderação dos prazeres, mas uma moderação interesseira, moderação para que não se esgote a fonte dos prazeres.

O prazer físico é o bem supremo, maior do que os prazeres da alma, da mesma forma a dor física é maior que a dor da alma. Mesmo assim para eles o homem deve saber dominar os prazeres e não ser dominado por eles. O prazer não é algo ruim, ruim é ser subjugado por ele.

O homem deve satisfazer os seus desejos sem se deixar envolver por eles. O prazer é sempre algo bom, mas a falta de moderação no relacionamento com os prazeres pode fazer do homem escravo e dependente deles, e isso é algo condenável.
(Disponível em: https://filosofia.com.br/historia_show.php?id=25. Acesso em 18 out.2024)

Observemos que, de acordo com o pensamento de Aristipo, o prazer do instante deve ser vivido momentaneamente de acordo com a virtude (o bom hábito, o virtuoso cumpre com excelência as suas tarefas), busca da moderação, autocontrole, refreamento na vivência dos prazeres.

O filósofo aconselha o desfrute dos prazeres, pois são vistos como um benefício para os homens, desde que o ser humano tenha poder sobre eles. O próprio criador da filosofia hedonista orienta as pessoas a não serem escravos dos seus prazeres.

Sócrates, por sua vez, faz uma separação entre a vida de reflexão e a vida de prazer, pois o seu propósito era depreciar o hedonismo, haja vista que se concebia o prazer como algo mais compreensível, evidente, de certa concretude, que valorizava os apetites carnais.

Embora Aristipo fosse favorável ao gozo dos apetites carnais, recomendava, mais uma vez, explicitamos que não podemos ser escravos deles.

Ele menciona que não há problemas em adentrar num bordel para ter momentos de prazer. O maior risco será não querer de lá sair.

O indivíduo precisa compreender que é possível satisfazer os impulsos sexuais ao mesmo tempo em que se evita ser por eles dominado. Nenhuma privação hedônica é necessária.

Com um uso soberano da razão, da memória, da inteligência e do pensamento pode-se cultivar o prazer e simultaneamente exercer poder sobre ele.

De fato, Aristipo recusa ser escravo do que quer que seja, inclusive da volúpia – à glória da liberdade, força maior da filosofia! (Disponível em: https://1library.org/article/o-hedonismo-de-um-libert%C3%A1rio- aristipo-de-cirene.y4309krz. Acesso em 18 out.2024)

Ao estudar o pensamento deste filósofo, descobrimos que a orientação implícita que rege as práticas humana, a conduta dos homens, é bastante antiga e vem regendo o inconsciente coletivo antes mesmo que Cristo viesse à Terra.

Quando o Senhor fala a Caim que o pecado está diante de nós e temos que manter o autocontrole, vemos que, desde o início da Criação, o homem é escravo de seus apetites pecaminosos: “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?

E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” (Gn 4.7)

Com o passar do tempo, observamos que a humanidade vem se entregando aos prazeres de forma desmedida, sem nenhum temor a Deus, sem preocupar-se que prestará conta de seus atos, até surgir a oficialização do pensamento hedonista por um filósofo que confere certa autoridade ao ato de viver de acordo com os apetites carnais (a concupiscência, a natureza pecaminosa), prática duramente combatida pelo apóstolo Paulo e outros servos do Senhor.

Todo o trabalho do homem é para a sua boca, e, contudo, nunca se satisfaz o seu apetite. (Ec 6.7)

E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. (Gl 5.24)

Não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus. (I Ts 4.5)
Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. (Tg 1.15)

Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; (Rm 6.12)

Aristipo não foi o único a defender a busca pelo prazer com o devido controle: “Abster-nos de prazeres não é o melhor, e sim dominá-los e não sermos prejudicados por eles”.

Após este filósofo, surgiram outros pensadores que promoviam o hedonismo, o materialismo. Um deles era Epicuro de Samos (341 a.C.-271 a.C ) que associava o prazer à paz e à tranquilidade. Para ele, a verdadeira felicidade consistia no fato de se conquistar amizades, ser livre para obter o próprio sustento, ter autoconhecimento, procurar viver de modo calmo, tranquilo, sem preocupações financeiras.

Vejamos um pensamento: “Chamamos ao prazer princípio e fim da vida feliz. Com efeito, sabemos que é o primeiro bem, o bem inato, e que dele derivamos toda a escolha ou recusa e chegamos a ele valorizando todo bem com o critério do efeito que nos produz.” (Epicuro)

As Escrituras, como vimos, nos orientam a vivermos segundo o Espírito e não cumprirmos a concupiscência da carne (Gl 5.16) e está fora de cogitação praticarmos as obras da carne, porque sabemos que o destino daqueles que assim procedem, será totalmente distante das regiões celestiais: “

Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.” (Gl 5.19-21)

Tais práticas satisfazem os desejos de um corpo, escravizado pela natureza pecaminosa, escravo das paixões.

No entanto, todo ser humano que se rende ao Senhor, é totalmente transformado em seu espírito, alma e corpo. Seus pensamentos vão reger uma nova vida, as pessoas verão uma nova conduta, pois é o homem interior que rege o homem exterior, cuja vontade, predileção é totalmente

diferenciada. O autocontrole das paixões e desejos de toda sorte virão deste homem interior. Tudo isto, portanto, se expressará num novo testemunho, resultante do comprometimento assumido com o Senhor, a Sua Palavra e a evidente ação do Espírito Santo na vida daquele que se rendeu aos pés do Salvador.

Está claro que a filosofia de Aristipo não concorda com as Escrituras. A Bíblia não permite a satisfação das paixões humanas com o devido controle. A Bíblia estipula o controle das paixões humanas e a prática do sexo apenas no contexto do casamento:

Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor. (II Tm 2.22)

Bebe água da tua fonte, e das correntes do teu poço. (Pv 5,15)

Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada. (Ct 4.12)

O apóstolo Paulo recomendou Timóteo ao cuidado com as propostas sensuais, com a prostituição vigente na sociedade influenciada pela cultura grega/helenística, haja vista que o hedonismo ainda imperava no meio do povo.

Bem antes disto, o povo de Israel convivia com os povos cananeus que, também, praticava a prostituição em seus cultos e a sensualidade vigorava entre as nações vizinhas.

O proverbista, por sua vez, aconselha o jovem a beber a água da sua própria fonte, ou seja, buscar no casamento o prazer sexual, não permitir que a prostituição seja um veículo de tentação em sua vida.

O autor de Cantares /Cânticos dos Cânticos também destaca a importância da discrição do casamento quando compara a usando a metáfora do jardim fechado, manancial fechado porque ela era virgem e só o esposo a ela teve acesso, por isto era uma fonte selada (hímen) e só o esposo pode rompê-la.

A mensagem bíblica que orienta os jovens a manter a pureza para o casamento está direcionada aos moços (Timóteo) e moças (jardim fechado). Não há desculpas para não mantermos a virgindade. A pureza é um mandamento para o rapaz e para a moça.

O Senhor não exigiu isto apenas das garotas. Aliás, Ele exige comprometimento e pureza de todos os seus filhos, pois nas mansões celestiais só entrarão aqueles que tiverem suas vestes lavadas no sangue do Cordeiro.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES:

1.Procure fazer uma espécie de dramatização no qual um aluno imita um personagem bíblico cometendo um pecado que expresse o hedonismo e depois peça a outro aluno para aconselhá-lo a abandonar aquele pecado. Você pode basear-se em Gl 5.19-21.

2.Você também pode usar uma notícia de jornal ou revista na qual as personagens cometem pecados típicos de Gl 5.19-21. Peça aos alunos a solução ou aconselhamento para as pessoas da notícia apresentada.

REFERÊNCIAS:

A INSPIRAÇÃO CIRENAICA E EPICURISTA: genealogias da ética. Disponível em: https://1library.org/article/o-hedonismo-de-um-libert%C3%A1rio-aristipo-de- cirene.y4309krz. Acesso em 18 out.2024.

HEDONISMO. ABBAGNANO, Nicola. In: Dicionário de Filosofia. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

MARCONATTO, Arildo Luiz. Só Filosofia. Aristipo (435 – 366 a.C.). Disponível em: https://filosofia.com.br/historia_show.php?id=25. Acesso em 18 out.2024.

MENEZES, PEDRO. Toda Matéria. Hedonismo. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/hedonismo/. Acesso em 18 out.2024.

 Profª. Amélia Lemos Oliveira

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/juvenis/10950-licao-4-hedonismo-ser-feliz-a-qualquer-custo-i

Vídeo: https://youtu.be/vqvqV05qreQ

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