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Lição 04 – Elias e os profetas de baal

Devidamente aprovado na escola de Deus, o profeta Elias mostra ao povo de Israel que só o Senhor é Deus.

 

 

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo sobre o ministério de Elias, veremos o grande desafio lançado pelo profeta Elias e que levou o povo de Israel a reconhecer que só o Senhor era Deus.

– Elias somente pôde ser o instrumento de Deus para a demonstração de quem tinha a verdadeira deidade, depois de ter ele próprio experimentado esta soberania divina.

I – ELIAS APRESENTA-SE A ACABE

– Na sequência do estudo do ministério do profeta Elias, hoje abordaremos o famoso embate entre Elias e os profetas de Baal e de Asera, fugindo um pouco da ordem cronológica, já que, na lição passada, deixamos Elias partindo para Sarepta de Sidom, onde seria sustentado por uma viúva, tema que abordaremos na lição 6.

– O fato é que, após ter tido a experiência de ser sustentado por uma viúva paupérrima, a fim de que aprendesse que Deus era não só o Deus de Israel mas de todas as nações, bem como Aquele que provê não só Seus profetas, mas todos os seres humanos, bem como de ter tido a experiência de que Deus é o dono da vida, a ponto de ressuscitar o filho daquela mesma viúva, Elias teve todas as experiências necessárias para que, então, tendo sido devidamente provado e aprovado, retornasse para publicamente se mostrar não só ao rei Acabe mas a todo o Israel.

– Estas experiências de Elias são, como já temos dito nas lições anteriores, uma cabal demonstração que, para sermos aprovados por Deus, para sermos como Apeles, ou seja, aprovado em Cristo (Rm.16:10), temos, antes de mais nada, de ser provados, pois não há aprovação sem prévia provação.

– O fato é que, três anos e seis meses depois que havia proferido a palavra profética anunciadora da longa seca, o profeta Elias recebe a ordem de Deus para que se mostrasse a Acabe, porque era chegado o tempo de dar chuva sobre a terra (I Rs.18:1).

– O texto bíblico mostra-nos, com absoluta clareza, que não há coisa alguma de triunfalismo na expressão do profeta quando disse que não cairia chuva sobre Israel segundo “a sua palavra”. Ao contrário do que dizem muitos falsos pregadores de nossos dias, a expressão “segundo a minha palavra” de que fala o profeta em I Rs.17:1 não contém qualquer “determinação” ou “força própria” do profeta, mas a vontade de Deus tão somente, pois vemos aqui, em I Rs.18:1, que o próprio Deus diz que Ele é quem daria chuva sobre a terra, prova de que não se dependia da vontade do profeta para que chovesse, ou não, mas, sim, da vontade do Senhor.

– Agora que Elias havia experimentado a soberania divina sobre a natureza, sobre todas as nações e sobre a vida humana, o profeta estava em condições de, novamente, se manifestar ao rei Acabe e a todo o Israel, pois havia sido aprovado pelo Senhor.

– No momento em que Elias se vai apresentar a Acabe, a fome era extrema na terra e o rei, inclusive, estava  tendo grandes dificuldades para alimentar os seus animais, a ponto de estar procurando, juntamente com seu mordomo Obadias, fontes de água e erva para este fim ( I Rs.18:5,6).

– A fome já tinha chegado também ao palácio do rei e Acabe sentia na pele que Baal não era capaz de fornecer alimentação aos animais, apesar de o rei ser um adorador daquela falsa divindade.

– Obadias, nome cujo significado é “servo do Senhor”, era um homem temente a Deus, como afirma o texto sagrado, a ponto de, correndo risco de vida, ter se disposto a sustentar cem profetas do Senhor, que escondeu em duas covas, cada uma com cinquenta profeta, dando-lhes pão e água, no instante em que Jezabel destruía os profetas do Senhor (I Rs.18:4).

– Notamos, portanto, que, enquanto Elias era escondido pelo Senhor, diante do progresso da seca, não tendo sido exitosa a busca pelo profeta Elias, Jezabel se voltou contra os profetas do Senhor que ainda restavam, certamente mandando perseguir e matar aqueles que estavam vinculados às escolas dos profetas, de onde Elias havia certamente saído para pronunciar a sua palavra profética a respeito da seca.

– Este simples relato do texto sagrado mostra-nos, com absoluta clareza, que a fidelidade a Deus nem sempre representa imunidade à perseguição ou, mesmo, à morte. Embora o texto bíblico não deixe claro, dá-nos a entender que Jezabel conseguiu matar e destruir alguns profetas, pois é dito que, em meio à destruição, Obadias conseguiu esconder cem deles, e não todos eles. Houve profetas que morreram pelo único fato de servir a Deus, não tendo Deus livrado estes da morte.

– Precisamos, portanto, entender que nem sempre Deus livra os Seus servos da morte e da perseguição, Elias e estes cem profetas foram guardados e escondidos pelo Senhor, mas outros pereceram. Por que isto aconteceu?

– Por primeiro, para que entendamos que Deus é soberano, está acima de cada de um de nós, fazendo como Lhe apraz, não estando preso a nossas vontades, a evidenciar, uma vez mais, a mentira dos triunfalistas e defensores da chamada confissão positiva, que infestam os nossos púlpitos lamentavelmente nestes dias tão difíceis em que vivemos.

– Por segundo, foi necessário que Jezabel iniciasse a matança dos profetas para que Obadias, homem temente a Deus, tomasse a iniciativa de livrar os cem profetas. O mordomo do rei não teria se movimentado caso não visse a ameaça de morte por parte da rainha. Deus permitiu esta ação maligna da rainha para que cem profetas fossem poupados. Aliás, quem não garante que, caso Jezabel não iniciasse a matança dos profetas, esta centena de profetas não morreria de fome, diante da grande seca existente? Deus cuidou, assim, que as escolas de profetas subsistissem apesar da fome extrema e da apostasia generalizada.

– Por terceiro, tendo Deus permitido que Jezabel matasse alguns profetas, mostrou que não eram os profetas o motivo da seca. Certamente, Jezabel convenceu o povo de que os profetas do Senhor eram uma “maldição”, eram eles que estavam impedindo as “bênçãos de Baal” sobre Israel. Ao permitir que alguns profetas fossem mortos e, mesmo assim, a seca não acabasse, o Senhor estava a mostrar ao povo quem era o verdadeiro Deus, quem detinha o controle sobre a natureza. A morte dos profetas era, portanto, necessária para que o nome do Senhor fosse glorificado.

– Vemos, portanto, amados irmãos, que nem sempre uma proteção, um livramento, uma imunidade de um servo Seu está dentro dos sublimes propósitos divinos, motivo pelo qual jamais devemos achar que Deus deve sempre fazer a nossa vontade e buscar o nosso bem imediato.

– Nesta passagem, também, vemos como eram diferentes Acabe e Obadias. Enquanto o rei, diante da fome extrema por que passava seu povo, estava mais preocupado em alimentar os seus cavalos e mulas, demonstrando, assim, um total menosprezo pelos seus próprios súditos, Obadias tinha se preocupado em esconder e alimentar os profetas do Senhor com pão e água.

– Obadias, um homem temente a Deus, tinha a pessoa humana em primeiro lugar, bem como compreendia que a nação não poderia subsistir se os profetas não fossem preservados, pois sabia que a felicidade de uma nação está em servir a Deus (Sl.33:12). Já Acabe estava preocupado única e exclusivamente em conservar o seu patrimônio, em manter alimentados seus cavalos e mulas, relegando o ser humano a um plano secundário.

– Nos dias em que vivemos, não tem sido diferente. As pessoas realmente tementes a Deus preocupam-se com o bem-estar do ser humano na sociedade, sabem que a pessoa humana tem primazia, é a coroa da criação, tem de ter a sua dignidade preservada. Também luta para que, na sociedade, os valores e princípios da Palavra de Deus sejam mantidos e conservados, pois sabe que somente teremos justiça social e bem-estar da população se estiveram de acordo com a vontade de Deus.

– Já os que não têm compromisso real e autêntico com o Senhor são aqueles que se preocupam única e exclusivamente com o seu bem-estar, são apegados às coisas materiais, reduzem tudo ao material e ao econômico-financeiro, chegando mesmo a querer usar Deus como instrumento para atingir os seus objetivos. Inclusive não vacilam em apoiar este ou aquele segmento político-partidário única e exclusivamente porque têm maior conforto material, pouco se importando com os valores defendidos por tal segmento. Quem temos sido, amados irmãos, na nossa sociedade; um Acabe ou um Obadias?

– Há, ainda, uma outra diferença entre Acabe e Obadias. Enquanto o mordomo era um instrumento de vida para os profetas do Senhor, o rei era um instrumento de morte. Obadias, em seu diálogo com Elias, mostra que o simples fato de ele dizer que Elias estivesse num determinado local e, quando o rei chegasse, o Senhor o tivesse eventualmente tirado de lá era suficiente para que Acabe mandasse matar o seu mordomo, apesar de ser pessoa de sua confiança, a indicar que Acabe era um rei temido e que mandava matar por qualquer coisa (I Rs.18:12), característica, aliás, que também se verificou em Saul após a sua rejeição pelo Senhor (I Sm.19:1; 20:32, 33; 22:17).

– Os homens sem Deus são verdadeiros instrumentos de morte, são como Saulo, que, antes de se converter, respirava ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor (At.9:1). Nem poderia deixar de ser diferente, eis que são pessoas que estão sob o domínio do diabo, que é homicida desde o princípio (Jo.8:44) e, portanto, nada mais fazem senão cumprir a tarefa diabólica de matar, roubar e destruir (Jo.10:10).

– Já os servos do Senhor são instrumentos de vida, porquanto estão sob o domínio de Cristo, Aquele que veio para dar vida e vida em abundância (Jo.10:10). Por isso, Seus servos levam vida para todos quantos os cercam, esta vida abundante que o Senhor nos ganhou na cruz.

– Temos nós sido instrumento de vida, ou instrumento de morte? Não adianta o amado irmão dizer que nunca matou pessoa alguma, que jamais feriu alguém, pois o homicida não é só aquele que tira a vida física de alguém, mas, como nos ensinou o Senhor Jesus, aquele que tão somente, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão ou quem disser a seu irmão que ele é tolo, imbecil ou louco (Mt.5:21,22). Somos como Obadias ou como Acabe, amados irmãos?

– O fato é que, saindo Acabe e Obadias para procurar alimentos para os cavalos e mulas do rei, Elias encontrou-se com Obadias, sendo reconhecido pelo mordomo que se prostrou diante do profeta e o cumprimentou (I Rs.18:7).

– Obadias, por ser um homem temente a Deus, sabia que toda aquela situação periclitante era resultado da mão de Deus sobre a terra. Obadias era também alguém que tinha experiência com Deus, tanto que estava, apesar da fome extrema, onde faltava até erva para os cavalos e mulas do rei, alimentar diariamente cem profetas com pão e água, o que não deixava de ser um milagre, pois não era pouco mantimento e, ainda que o rei ainda o tivesse, não era nada fácil ao mordomo conseguir retirar da porção real tamanha quantidade.

– É interessante observar que o profeta se encontra com Obadias e não diretamente com o rei. Era com o homem temente a Deus que o profeta deveria se encontrar, não só por ser ele um homem fiel ao Senhor, mas também para que o próprio conceito do mordomo crescesse diante de Acabe, pois seria ele a pessoa quem levaria Elias à presença do rei, fato importantíssimo para que Obadias não fosse apenado por causa do benefício feito aos profetas do Senhor. Como Deus é maravilhoso, tudo fazendo para o bem dos Seus! Aleluia!

– Obadias  trata Elias com o devido respeito. Sua prostração não era, em absoluto, qualquer adoração, pois somente se adora a Deus, mas uma manifestação de respeito e de consideração para com o profeta, um gesto que revelava ao profeta de que ele era reconhecido como homem de Deus por todos os servos do Senhor. Devemos também assim tratar aqueles que Deus põe para presidir sobre nós, sabendo que eles são instrumentos de Deus para nossa edificação espiritual (I Ts.5:12,13).

– Nos dias em que vivemos, amados, temos tido dois comportamentos extremos e funestos, que devem ser evitados. O primeiro é o que denominamos de “submissão exagerada” aos que estão à frente do povo de Deus, que passam a ser considerados como “mediadores” entre Deus e o povo, conduta que leva a uma “idolatria”, a uma “veneração”, a um “culto à personalidade” que viola todos os princípios bíblicos. Os que estão presidindo sobre o povo de Deus são pessoas humanas tanto quanto nós, que não se constituem em intermediários entre nós e o Senhor, visto que o sacerdócio é universal, ou seja, todos os servos de Deus são sacerdotes.

– O segundo comportamento é o do desrespeito, do desprezo para com os que presidem sobre nós. Diante da constatação de que o sacerdócio é universal, muitos acham que não devem satisfação nem obediência nem tampouco honra a quem está à frente do rebanho do Senhor. Isto também é enganoso e antibíblico. As Escrituras mandam que nós obedeçamos aos pastores, tenhamo-los em consideração e honra, porque foram postos para cuidar de nós, para exercer liderança e autoridade, que não se confunde com mediação ou algo similar. O gesto de Obadias ensina-nos que devemos dar a devida honra e obediência a estes homens de Deus que o Senhor tem escolhido para apascentar o Seu rebanho.

– Elias, então, mandou que Obadias o levasse à presença de Acabe e Obadias ficou com medo, pois, como sabia que o Senhor havia escondido o profeta durante todo aquele período, receava de que, indo ao encontro de Acabe e dizendo que havia se encontrado com o profeta, este fosse novamente escondido pelo Senhor e, assim, Obadias seria tido como mentiroso para com o rei.

– Esta preocupação de Obadias mostra-nos, também, que Obadias era um servo exemplar do rei, apesar de o rei ser um idólatra e Obadias, um servo do Senhor. O mordomo não queria ser visto pelo rei como uma pessoa mentirosa, uma pessoa descuidada. É este o nosso comportamento diante daqueles a quem prestamos serviços?

Lembremo-nos de que tudo o que fizermos não estaremos a fazer para o nosso patrão, chefe ou encarregado, mas, sim, para o Senhor (Ef.6:5-8). Pensemos nisto!

– Na justificativa do mordomo, Elias ficou, então, sabendo que havia sido escondido por Deus. Não tinha noção de que Acabe o procurara em todos os lugares. Também não tinha conhecimento de que profetas do Senhor haviam morrido e que o próprio Obadias fora usado por Deus para esconder e alimentar cem profetas, tendo, então, a dimensão do cuidado de Deus para com todos os Seus servos, o que consolidou a experiência que o próprio profeta havia tido com o Senhor. Tais notícias deram o que faltava para que o profeta fosse ousado no desafio que lançaria ao rei Acabe (I Rs.18:9-15).

– O profeta Elias, porém, tranquilizou o mordomo, dizendo que se apresentaria a Acabe por ordem de Deus. Então, Obadias foi ao encontro de Acabe, dizendo para que ele fosse ao encontro de Elias, o que acabou ocorrendo (I Rs.18:16).

– O encontro de Elias e de Acabe mostra-nos, uma vez mais, a diferença de quem serve a Deus e de quem não O serve. Ao ver o profeta, o rei mostra todo seu ódio e rancor, ao chamar o profeta de “perturbador de Israel” (I Rs.18:17).

– Certamente era esta a imagem que Acabe e Jezabel tinham do profeta e que procuravam incutir na mente dos israelitas. Havia um intenso “marketing” promovido pelo governo de Israel no sentido de que Elias era um “perturbador”, era o responsável pela longa seca, visto que, por não servir a Baal, estava a irritá-lo e a impedir que chuva viesse sobre a terra.

– A busca incessante por Elias em todas as nações da terra (cf. I Rs.18:10) tinha, precisamente, este papel, esta finalidade. Era preciso trazer Elias e matá-lo, a fim de que a “ira de Baal” cessasse e a chuva voltasse sobre a terra. Uma grande mentira patrocinada pelo palácio real a fim de esconder a soberania divina, a fim de iludir o povo no sentido de que não era o pecado o causador dos males que afligiam o país.

– Nos dias hodiernos, amados irmãos, não é diferente. A mídia, controlada que está por pessoas comprometidas com o “espírito do anticristo”, não cessa de tentar lançar sobre o povo falsas ideias e falsos conceitos a fim de que haja um descrédito com relação à Palavra de Deus, a fim de que não se entenda que é necessário observar as Escrituras, fazer a vontade do Senhor. Os homens e mulheres que seguem os parâmetros e valores bíblicos são tidos como “perturbadores”, como “fundamentalistas”, como “fonte do atraso” etc. Tomemos cuidado, pois só a Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17) e só a ela devemos amoldar a sua conduta.

– Diante desta acusação nefanda, o profeta não titubeou: “Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes o mandamento do Senhor e seguistes a Baalim” (I Rs.18:18). A voz profética fez-se ecoar: houve a denúncia do pecado e a sua identificação precisa como a causa dos males por que passava Israel. Temos feito isto, amados irmãos? À Igreja cumpre pregar o Evangelho (Mc.16:15; I Co.9:16) e a pregação do Evangelho não dispensa a denúncia do pecado e a indicação do pecado como causa dos males que afligem a sociedade e o ser humano.

– Lançou, então, Elias o desafio, mandando que Acabe reunisse os quatrocentos profetas de Baal e os quatrocentos e cinquenta profetas de Asera no monte Carmelo, assim como todo o Israel. Acabe consentiu com isso e, então, houve aquele ajuntamento (I Rs.18:19,20).

II – ELIAS E OS PROFETAS DE BAAL E DE ASERA

– A escolha do local para o ajuntamento não foi à toa. O monte Carmelo, situado a uma altitude de 531 m, o principal pico de uma cadeia montanhosa que se estende por cerca de 48 km na direção noroeste-suleste desde as margens do mar Mediterrâneo até a planície de Dotã era um antiquíssimo local de adoração a Baal. Sua paisagem natural, um verdadeiro jardim, fazia do lugar um “bosque” onde se costumava adorar a Baal (Acabe mesmo construiu um em Samaria, cf. I Rs.16:33).

– Assim, quando o profeta Elias mandou que todo o povo se reunisse no Carmelo, Acabe e os profetas de Baal  de Asera podem ter achado que não havia melhor lugar para o ajuntamento, ou seja, a própria “casa” de Baal, a fim de que se demonstrasse quem era o verdadeiro Deus. Além do mais, Elias era sozinho, enquanto que os profetas de Baal e de Asera eram em número de oitocentos e cinquenta. Tudo, pois, conspirava contra o profeta.

– O fato de Elias marcar o encontro em “território inimigo” era a demonstração de que ele se encontrava inteiramente convicto da soberania divina, nada temendo, nem o local, nem a quantidade dos profetas de Baal e de Asera. Aqueles três anos e seis meses de experiência com Deus haviam agigantado a sua fé em Deus e o próprio Senhor havia dito que mandaria chuva sobre a terra, de forma que o profeta nada tinha a temer.

– Reunido o povo, o profeta Elias, antes de mais nada, faz uma denúncia ao povo: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-O; e se Baal, segui-o” (I Rs.18:21). O profeta mostrou ao povo, assim como tinha mostrado ao rei, o motivo de toda aquela situação: o abandono de Deus e de Sua lei.

– Israel estava espiritualmente confuso. Apesar daqueles três anos e meio de seca terrível, apesar da grande fome que assolava a nação, os israelitas ainda duvidavam de que o Senhor era Deus. Como é duro, amados irmãos, não dar ouvidos ao Senhor, estar cego espiritualmente. Apesar de toda a demonstração de poder que Deus havia dado durante todo aquele tempo, o máximo que o povo de Israel conseguira fora duvidar de que Baal era o deus da prosperidade, nada mais do que isso!

– Devemos aqui bem observar que os três anos e seis meses de seca tiveram o condão de fazer com que os israelitas passassem a desconfiar das mentiras de Acabe e de Jezabel, bem como dos profetas de Baal e de Asera. Muitos, equivocadamente, acham que, por causa da seca, o povo de Israel ficara duvidoso entre Deus e Baal, partindo de uma crença em Deus que enfraquecera. Não, não e não!

– Com a subida de Acabe ao trono e seu casamento com Jezabel, o povo, em quase a sua integralidade, “bandeou-se para Baal”, passaram a cultuar a Baal, deixando o Senhor de lado. A seca produziu no povo uma desconfiança de que Baal não era deus, abalou a confiança que o povo tinha em Baal e em sua mãe Asera. A seca não fez o povo deixar o Senhor e ir a Baal, mas, sim, começar a deixar Baal em um retorno a Deus. Por isso é que Deus mandou a seca e permitiu aquela grande fome, pois só assim o povo começou a se desprender daqueles ídolos.

– A confusão espiritual era tanta que, apesar da exortação do profeta Elias, o povo nada lhe respondeu, ficou calado. Não sabia que caminho trilhar, não sabia se devia confiar em Deus ou em Baal.

– Não existe situação mais terrível do ponto-de-vista espiritual que a vacilação, o titubeio, a desconfiança. Quando assim agimos, ficamos paralisados espiritualmente e o resultado disto é que jamais conseguiremos a salvação, jamais seremos vitoriosos. Aquele que duvida, como diz Tiago, é como a onda do mar, que não vai a parte alguma, permanece sempre no mesmo lugar (Tg.1:6,7).

– Quem não tem firmeza, quem não tem fé não pode jamais agradar a Deus (Hb.11:6) e, desta forma, nada recebe da parte do Senhor, mantendo-se em sua vida pecaminosa e que o levará à perdição. Não é por outro motivo que o Senhor afirma que, quando começa a fazer uma obra no ser humano, retira-lhe o cálice da vacilação (Is.51:22).

– Temos demonstrado fé em Deus, amados irmãos? Temos confiado na Palavra do Senhor, ou andamos duvidosos, crendo naquilo que é divulgado pela mídia, que é alardeado pelos agentes do inimigo de nossas almas, estando espiritualmente paralisados, sem qualquer progresso na vida espiritual? Deixemo-nos cair nas mãos do Senhor, cheguemo-nos a Ele, pois está pronto a retirar de nossas mãos o cálice da vacilação, a fim de que possamos agradar-Lhe e alcançar a nossa salvação.

– Elias, então, chama o povo e afirma que só ele havia ficado como profeta do Senhor (o que não era bem o que ocorrera e tal declaração do profeta terá suas consequências, como veremos na lição seguinte), motivo pelo qual lançou o desafio. Deveriam ser tomados dois bezerros, sendo que um bezerro deveria ser oferecido pelos profetas de Baal e o outro, por Elias. Aquele que fosse o verdadeiro Deus deveria responder com fogo assim que invocado.

– Observemos que Elias mandou que fossem tomados dois bezerros, já nos dando uma grande lição, qual seja, a de que o bezerro que for oferecido a Baal não pode ser também oferecido a Deus. Não era o caso de se usar do mesmo bezerro que fosse oferecido a Baal para depois ser oferecido a Deus. Deus exige exclusividade. Ou se oferece a Ele, ou não se Lhe oferece.

– Será que temos agido desta maneira, amados irmãos? Ou temos aproveitado bezerros oferecidos a outrem para também oferecer a Deus? Quantos não têm se utilizado de técnicas, ritmos musicais, estratégias, mecanismos, modos de agir criados e inventados para louvor a homens, à sensualidade, ao entretenimento e, mesmo, a outros deuses para também, com tudo isto, louvar a Deus? Aprendamos com o profeta Elias: aquilo que foi oferecido ou criado para ser oferecido a outrem, jamais pode ser levado como louvor a Deus. Temos feito isto?

– O povo considerou boa aquela palavra e aceitou o desafio. Temos aqui uma demonstração de que o povo de Israel era um povo que se deixava levar por sinais (cf. Lc.11:16,29; I Co.1:22), comportamento que não deve ser a conduta de quem serve a Deus, que deve viver por fé e não por vista (II Co.5:7).

– Após três anos e seis meses em que o Senhor mostrou Sua soberania sobre a natureza, desmentido as crendices a respeito de Baal, o povo ainda precisava de um sinal, sinal, aliás, que não levaria o povo a abandonar Baal, apesar do reconhecimento, ao final do desafio, de que só o Senhor era Deus. A fé não se alicerça em sinais, embora seja fortalecida e corroborada por sinais, mas deve ser uma confiança no que Deus diz, no que Deus revelou através da Sua Palavra.

– Nos dias difíceis em que vivemos, muitos estão correndo atrás de sinais para poder crer em Deus. Fazem exatamente o contrário do que a Bíblia nos ensina, ou seja, de que os sinais seguem aos que creem (Mc.16:17). Os sinais são confirmações da Palavra (Mc.16:20), são, sim, necessário na obra de Deus, que não pode ser feita apenas com palavras (I Co.2:4,5), mas que jamais será feita somente com sinais. Será que não estamos agindo como os israelitas?

– Elias, então, mandou que os profetas de Baal oferecessem seu sacrifício primeiro, porque eram mais numerosos, em mais uma eloquente demonstração de confiança em Deus. Elias não temia que, diante do fracasso, que ele sabia certo, os profetas se insurgissem contra ele ou lhe fizessem mal. Elias estava debaixo da orientação do Senhor, não tinha pressa, sabia em quem cria.

– Também não devemos nos precipitar, mesmo quando estamos fazendo aquilo que Deus nos mandou. Devemos ser cautelosos, tranquilos, pacientes, pois esta é a característica daquele que produz o fruto do Espírito. Tudo tem seu tempo determinado e o Senhor está conosco para nos orientar quando devemos agir.- Os profetas de Baal prepararam o seu bezerro, puseram-no sobre a lenha e, desde a manhã até o meio dia, começaram a invocar a Baal. Entretanto, Baal nada lhes respondia e, diante deste silêncio, os profetas de Baal começaram a fazer um “espetáculo”, a fim de “cobrir” o vazio espiritual em que estavam envolvidos. Assim, começaram a saltar sobre o altar (I Rs.18:26).- Quantos, na atualidade, também não estão criando “espetáculos” para fugir ao vazio espiritual em que estão

envolvidos? Quantos não estão, também, a pular, saltar, dançar , dar cambalhotas e a fazer um sem-número de acrobacias e distrações única e exclusivamente porque não são ouvidos em suas invocações, até porque Deus não ouve a pecadores mas só àqueles que O temem e fazem a Sua vontade (cf. Jo.9:31)?

– Aquele povo vacilante que estava no monte Carmelo não se deixou envolver pelos saltos e pulos dos profetas de Baal. Estavam esperando vir fogo do céu para consumir o sacrifício, pois sabiam que o Deus verdadeiro assim responderia à invocação. No entanto, muitos que cristãos se dizem ser, diante dos saltos, pulos e distrações, dão-se por satisfeitos, não esperando a real manifestação da glória de Deus Estão piores espiritualmente do que aquele povo que coxeava entre dois pensamentos. Será este o nosso caso, amados irmãos? Despertemos enquanto é tempo!

– Chegando o meio-dia, o profeta Elias, vendo aquela cena ridícula, começou a zombar dos profetas. Esta atitude do profeta, por vezes, é mal compreendida, sendo interpretado por muitos como sendo uma “licença para o servo de Deus zombar”.

– Esta zombaria de Elias tinha uma finalidade: a de mostrar para o povo que Baal não era deus. Tanto é assim que passou a dizer aos profetas que clamassem mais alto, pois podia ser que Baal, por ser um deus, estivesse falando com alguém ou ocupado em algum afazer ou, ainda, teria viajado ou estivesse dormindo e, por isso, não os estava escutando (I Rs.18:27).

– Elias, com isso, mostrava claramente ao povo que Baal não poderia ser um deus, pois Deus é um só, um Deus onipresente, onipotente e onisciente, que não precisava ser chamado à atenção por um clamor mais alto, nem tampouco poderia Se deslocar para longe, nem ainda tinha condições de dormir. A zombaria de Elias era didática, não era uma gratuita emonstração de desrespeito, mas uma verdadeira pregação ao povo, que era a quem Elias queria atingir, a respeito dos atributos divinos e da impossibilidade de haver mais de um deus.

– Os profetas de Baal, confirmando aquilo que o profeta havia mostrado, ou seja, que sua crença politeísta era ridícula e não tinha o menor fundamento, acataram o desafio do profeta e passaram a gritar mais alto e, além disso, a se retalharem com facas e lancetas, conforme o seu costume, derramando sangue sobre si para chamarem a atenção de Baal (I Rs.18:28).

– Temos, aqui, uma linda lição de que como devemos desempenhar a apologia ou apologética, ou seja, a defesa da nossa fé em Deus diante dos falsos credos. Devemos demonstrar a fraqueza e inconsequência dos próprios argumentos trazidos por estas doutrinas, revelando, na própria lógica apresentada, porque elas são inverdades, porque não devem ser seguidas. Elias, sabedor das crendices do culto a Baal, fez com que os profetas caíssem ainda mais no ridículo, a partir de suas próprias crendices e costumes, desmascarando, deste modo, a falsidade daquele culto.

– A cena trazida pelos profetas de Baal era ainda mais repugnante aos israelitas: o retalhar-se e o derramamento de sangue humano representavam muito bem quão contrário ao que estatuíam os mandamentos do Senhor era aquele culto, um culto que usava sangue humano, a demonstrar, ainda, o menosprezo que se tinha com relação à pessoa humana.

– Tal conduta não é diferente em nossos dias, onde todos os falsos credos, os falsos conceitos religiosos e as falsas filosofias menosprezam, por completo, a pessoa humana, subtraindo-lhe toda a dignidade. Porventura, é simples coincidência que os regimes comunistas no século XX tenham matado milhões e milhões de pessoas? É simples coincidência que o “espírito do anticristo” tenha aviltado, em nossos dias, o ser humano como nos mostram a mercantilização do homem, o aumento terrível do tráfico de pessoas, da banalização da violência, sem falar na promiscuidade e no horror da destruição proporcionada pelas drogas? As falsidades têm levado apenas ao “derramamento do sangue humano”, à morte, à destruição. Será que não temos percebido isso e ainda vacilamos em servir a Deus?

– Esta carnificina perdurou do meio-dia até a hora da oferta de manjares, devidamente seguida de “profecias”, pois é dito que os profetas profetizavam em meio àquele circo de horrores. Entretanto, não houve resposta nem atenção alguma da parte de Baal, porque, como ídolo que era, realmente nada podia fazer (Sl.115:4-8; I Co.8:4-6).

– Quantos, em nossos dias, também, além do verdadeiro “derramamento de sangue humano”, ou seja, de conduta manifestamente contrária ao que estabelece a Palavra de Deus, ainda não “adorna” seu “culto” com profecias falsas e completamente vãs, como as tão procuradas “revelações”? Tomemos cuidado com isso, amados irmãos!

– O fato é que, chegada a hora da oferta de manjares, a hora da oração (a nona hora de que fala At.3:1, ou seja, quinze horas, três horas da tarde), o profeta Elias chamou a atenção do povo e foi oferecer o seu sacrifício.- Elias esperou o momento certo para o oferecimento do sacrifício, que era a hora da oração, a hora estabelecida pelo Senhor. Esta atitude mostra claramente que o profeta não procurava sair dos parâmetros estatuídos na lei, lembrava o povo que o Senhor havia dado para eles a lei e que ela devia ser observada.

– Alguém poderá dizer que o profeta, não sendo sacerdote, não poderia oferecer sacrifício e que, deste modo, a lei estaria sendo descumprida. Elias tão somente preparou o bezerro para o sacrifício, não agindo, assim, fora dos parâmetros legais, já que todo sacrifício devia ser levado até o sacerdote pelo israelita. O fogo viria do céu, diretamente de Deus, de modo que o profeta não assumiu qualquer função sacerdotal.- Antes de mais nada, Elias, ao chegar perante o altar, reparou o altar que estava quebrado (I Rs.18:30). Como diz conhecido cântico: “em altar quebrado, não se oferece sacrifício a Deus”. Neste gesto, Elias mostra ao povo que, para que Deus Se manifeste, para que Deus aceite o nosso sacrifício, a nossa adoração, que tudo esteja em ordem, que tudo esteja arrumado, conforme os Seus ditames e mandamentos.

– Muitos, em nossos dias, apesar de terem amplo conhecimento desta passagem bíblica, não estão com seus altares reparados. Acham que o simples fato de irem às reuniões, de dizerem que são servos do Senhor, de contribuírem para a obra de Deus, são, por isso, ouvidos e atendidos por Deus. Esquecem-se de que precisam, antes de mais nada, ser tementes a Deus e fazerem aquilo que o Senhor quer para que possam ser ouvidos e atendidos.

– Elias, ao reparar o altar, que estava quebrado, que estava desarrumado, que não estava de acordo com os requisitos estabelecidos pelo Senhor, mostrou ao povo de Israel que eles precisavam reparar o pacto que haviam feito com Deus, seja no monte Sinai, onde haviam recebido a lei, seja nos montes Gerizim e Ebal, assim que entraram na terra, onde condicionaram a sua permanência em Canaã à obediência à lei.

– Amados, nós todos precisamos estar certos de que nosso altar está devidamente reparado para que a presença de Deus possa encher o nosso ser, para que possamos ser habitação do Espírito Santo. O reparo do altar como atitude prévia para a manifestação do poder e da glória de Deus é indispensável para que venhamos a ser templo do Espírito Santo (I Co.6:19), templo este que, de forma inevitável, deverá mostrar a glória de Deus para todos que nos cercam.

– Nesta reparação, o profeta Elias tomou doze pedras, conforme o número das tribos de Israel, e, com aquelas pedras, edificou o altar do Senhor (I Rs.18:31,32). Com mais esta atitude, o profeta, didaticamente, fez o povo se lembrar da sua origem, da chamada de Abraão, Isaque e Jacó, de que se tratava de uma nação que havia sido formada pelo próprio Deus, que era uma nação distinta dos demais povos, propriedade peculiar de Deus dentre os povos, um povo santo e um reino sacerdotal.

– Não há reparação prévia para que entremos em comunhão com o Senhor sem que nos lembremos de onde o Senhor nos tirou e no que nos tornou, sem lembrarmos que somos a geração eleita, a nação santa, o sacerdócio real, o povo adquirido para que anunciemos as virtudes d’Aquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz, o povo que foi feito povo de Deus e que alcançou a misericórdia divina (I Pe.2:9,10).

– Não é outro o motivo pelo qual o Senhor nos mandou celebrar periodicamente a ceia do Senhor, a fim de que lembremos sempre de onde o Senhor nos tirou, o que fez para nos salvar e qual o propósito de Seu sacrifício, a fim de que continuemos vigilantes e em santidade aguardando o dia do arrebatamento da Igreja.

– As muitas distrações deste mundo têm, no entanto, retirado esta percepção de muitos, que precisam, por isso mesmo, ter um Elias que os mostre quem eles eram, quem eles têm de ser. Precisamos de Elias que mostrem ao povo a necessidade de se reparar o altar, a necessidade que temos de assumir e/ou recuperar a nossa identidade. Quanto falta hoje homens e mulheres que falem a respeito da necessidade de reparação do altar do Senhor, quanto falta hoje a pregação da doutrina da santificação em nossos púlpitos!

– Após ter reparado o altar, edificando-o com doze pedras representativas das doze tribos de Israel, o profeta Elias fez um rego em redor do altar, segundo a largura de duas medidas de semente, ou seja, “dois seás”, medida que corresponde a cerca de 14 a 28 litros, ou seja, a largura do rego era tal que caberiam ali de 14 a 28 kg de sementes, o que mostra que se tratava de um rego considerável.

– Este rego foi feito pelo profeta, pois tencionava ele enchê-lo de água, a fim de evitar qualquer dúvida com relação à operação divina. Este gesto do profeta estava bem de acordo com o caráter de Deus, pois Deus não é Deus de confusão (I Co.14:33). Este rego nos fala do discernimento que devemos ter para não sermos enganados pelo inimigo de nossas almas ou pelos homens. As coisas que Deus faz não trazem dúvida nem confusão. Podem, sim, causar perplexidade, pois não podemos entender o Senhor, não há como esquadrinhar o seu entendimento

Lembremos disto! (Is.40:28), mas jamais algo que Deus faz nos deixará vacilantes ou confundidos. – O rego, também, fala-nos de profundidade, de se rasgar a terra. Foi uma valeta considerável que se construiu em torno do altar, teve de ser retirada muita terra dali, terra seca, já que estávamos num longo período de estiagem, o que tornou a empreitada ainda mais dificultosa.

– Quando estamos reparando o altar, quando estamos numa atitude de conserto com Deus, quando temos de estabelecer parâmetros claros e transparentes, de acordo com o caráter divino, faz-se preciso esforço e coragem para retirar das profundezas de nossas almas aquela “terra” que gerava a confusão, que produzia a paralisia espiritual. Como diz conhecida expressão popular, “é preciso cortar na carne”, faz-se necessário negar a nós mesmos e tomar a cruz. Isto é um pré-requisito para servirmos a Cristo (Mc.8:34; Lc.9:23). Temos feito isto? Estamos dispostos a fazer isto?

– Depois de fazer o rego, que ainda estava seco, o profeta armou a lenha, dividiu o bezerro em pedaços e o pôs sobre a lenha, tudo conforme o ritual estabelecido na lei de Moisés, tudo conforme a vontade de Deus. – Temos seguido o modelo estabelecido pelo Senhor na Sua Palavra? O poder de Deus não se manifesta a não ser que estejamos a cumprir os Seus ditames, os Seus mandamentos. A glória de Deus não se apresenta aos adoradores se não estivermos de acordo com a Sua vontade. É Ele quem manda, é Ele quem ordena, cumpre a cada um de nós apenas Lhe obedecer.

– É certo que, nos dias hodiernos, da dispensação da graça, o cerimonial foi extremamente simplificado, pois em Cristo há simplicidade (II Co.11:3). Todavia, simplicidade não é sinônimo de desordem, pois nosso Deus é um Deus de ordem (I Co.14:33) e, por isso, devemos tudo fazer com ordem e decência (I Co.14:40). Assim, existe, sim, uma liturgia a ser seguida, uma forma de cultuar a Deus, pois a liberdade que nos dá o Espírito Santo (II Co.3:17) não se confunde, em absoluto, com anarquia, desordem ou extravagância, pois, como o Espírito Santo é Deus (At.5:3,4), não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13).

– Em seguida, o profeta, então, mandou que se derramasse água sobre o altar, tanto sobre o bezerro quanto sobre a lenha, quatro cântaros de água, e por três vezes, de modo que o rego, onde cabia cerca de 14 a 28 litros, ficou cheio de água, a fim de que não houvesse qualquer dúvida a respeito da operação divina.

– Devemos, seguindo este exemplo do profeta, tudo fazer de modo que não haja qualquer suspeita ou dúvida com respeito à ação de Deus em nossas vidas. É por isso que o apóstolo Paulo nos manda abster de toda aparência do mal (I Ts.5:22), ou seja, termos um comportamento insuspeito, que não gere confusão ou dúvida em quem nos vê, em quem nos acompanha.

– Este comportamento insuspeito é também um requisito para que a glória de Deus se manifeste em nossas vidas. Quantos, amados, não têm falhado em serem instrumentos para a manifestação da glória divina em suas vidas por causa deste descuido em não se abster da aparência do mal? Não será este o motivo pelo qual nossos testemunhos não têm sido suficientes para levar pessoas até os pés de Cristo Jesus? Pensemos nisto!

– O holocausto e a lenha estavam derramando água, o rego estava cheio de água. A olhos vistos, não havia a menor chance de alguém dizer que era possível tripudiar e lançar fogo que fizesse queimar o sacrifício. Nesta situação, de completo derramar da água, estava-se “no ponto” para a manifestação da glória de Deus.

– Esta cena faz-nos verificar que a glória de Deus, o poder de Deus somente pode se manifestar quando se está “no ponto do derramamento da água”. Ora, sabemos que a água é um dos símbolos da Palavra de Deus (Ef.5:26), de forma que não há como haver a manifestação do poder e da glória de Deus se, antes, não estivermos “encharcados” com a Palavra.

– Os sinais e maravilhas existem para confirmar a Palavra (Mc.16:20) e, por isso, não há como querermos ver o poder e a glória de Deus no meio do Seu povo se não houver Palavra de Deus, se não houver abundância da ministração da Palavra. Os apóstolos faziam muitos sinais e maravilhas (At.5:12) porque nunca se descuidavam do ministério da Palavra e da oração (At.6:2,4). Será que descobrimos porque os sinais e maravilhas têm escasseado em nosso meio?

– Então, na hora da oração, Elias orou. Não foi uma oração longa, não foi um clamor alto, não teve salto, não teve estrepolias, nem qualquer invencionice. Sabedor que estava dentro da vontade de Deus, sabedor de que Deus era o único e verdadeiro Senhor, sabedor de que erigira um altar conforme a lei dada por Deus, Elias simplesmente pediu ao Senhor que, como Deus de Abraão, Isaque e Jacó Se manifestasse, mostrando que Ele era Deus e que o profeta era Seu servo, a fim de que o povo conhecesse que só o Senhor era Deus e que podia converter os israelitas (I Rs.18:36,37).

– A oração de Elias tinha um tríplice propósito. O primeiro propósito era fazer com que Deus confirmasse que tudo o que ocorrera tinha sido da Sua vontade, que Elias havia sido tão somente um instrumento para que o Senhor mostrasse ao povo quem era o Deus que controlava a natureza. O sinal era apenas para confirmar tudo quanto já havia sido feito pelo Senhor.

– Notamos aqui que o propósito do profeta Elias não era engrandecer-se diante do povo, mas, sim, fazer com que o nome do Senhor seja glorificado. Elias queria tão somente ser reconhecido como servo de Deus e não como “perturbador de Israel”. Como Elias é diferente destes “milagreiros” e “curandeiros” que querem aparecer às custas do Senhor Jesus…

– O segundo propósito era mostrar aos profetas de Baal e de Asera e, por extensão, a todos os que lhes seguiam, a começar de Acabe e de Jezabel, que Deus era o Deus único e verdadeiro, que Baal não era deus e nada podia fazer em relação à natureza.

– O terceiro propósito era mostrar ao povo de Israel que, apesar de eles terem se desviado espiritualmente, Deus estava pronto a perdoar-lhes, era possível ainda a conversão a Deus. Deus não tinha rejeitado o Seu povo.

– Após esta oração simples e objetiva, caiu fogo do Senhor e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, o pó e ainda lambeu a água que estava no rego (I Rs.18:38). Deus manifestou a Sua glória e mostrou que era o único Deus, que era Ele quem fizera aquele período de estiagem e que estava disposto a perdoar o povo (I Rs.18:38).

– Quando fazemos como Elias, a glória de Deus também se manifesta, “o fogo do Senhor também cai”. Mas, para que isto aconteça, é preciso que haja santificação, obediência, conformidade com os mandamentos divinos, plenitude da Palavra de Deus e oração sincera e objetiva. Deus não mudou, amados irmãos, continua sendo o mesmo e está pronto a fazer “o fogo do céu cair” em nossas vidas, em nossas igrejas locais. Basta que repitamos o que fez o profeta Elias.

– Diante de tal manifestação de glória e de poder, o povo israelita não teve outra conduta senão a de adorar ao Senhor, prostrando seus rostos em terra e exclamando “Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!” (I Rs.18:39).

– Este “cair” do povo de Israel não pode, em absoluto, ser considerado como uma emonstração de “fanerose”, o inadmissível “cair no Espírito”, também chamado de “cai-cai”. O povo, ante a manifestação do poder de Deus, voluntariamente se prostrou em terra, um sinal de humilhação e de adoração a Deus, feito conscientemente, tanto que, no chão, não cessavam de reconhecera soberania e a deidade do Senhor. Portanto, não tem coisa alguma a ver com esta perda de sentidos que não traz qualquer benefício espiritual a quem, abobalhado, cai e que só serve para trazer confusão, prova, como já vimos nesta lição, que não se trata de uma operação divina.

– Após esta manifestação de poder e de glória, o profeta, então, determinou que o povo lançasse mão dos profetas de Baal e de Asera, não permitindo que nenhum escapasse e mandou levá-los até o ribeiro de Quisom, onde os matou (I Rs.18:40).

– O ribeiro de Quisom era um rio temporário que nasce nas colinas dos montes Tabor e Gilboa e que deságua no mar Mediterrâneo, perto do monte Carmelo. Assim, era um ribeiro que se situava ao pé do monte e que, diante do período de estiagem, deveria estar seco. Assim, Elias, ao mandar levar os profetas até este ribeiro, situado ao pé do monte, bem demonstra que não queria dar qualquer demonstração de força ou de poder, mas, da forma mais discreta possível, providenciar a morte daqueles profetas.

– Alguém pode dizer que, ao fazer isto, o profeta estava violando a lei de Moisés, pois não poderia matar alguém, ou então, que estava sendo extremamente cruel, a provar que o Deus de Israel era um Deus mau e cruel, como dizem alguns ainda em nossos dias.

– Nada mais falso, porém. Os profetas de Baal e de Asera eram falsos profetas, profetas que tinham levado o povo a se desviar espiritualmente, a seguir outros deuses. Tais profetas deviam ser mortos, segundo a lei de Moisés, conforme se lê de Dt.13:2,5. Elias sabia que Deus queria converter o povo e, para tanto, era absolutamente necessário que se tirasse o mal do meio do povo e este mal era Baal e, para que isto ocorresse, os profetas deveriam ser mortos.

– O próprio Elias tomou a iniciativa de matá-los, matou a todos os profetas, retirando, assim, o mal do meio do povo de Israel, a fim de que a conversão não fosse apenas o resultado do impacto da manifestação da glória de Deus, mas algo que fosse permanente e duradouro. Não nos esqueçamos do relacionamento de Elias com as escolas dos profetas, surgidas precisamente pelo fato de se manter vivo o conhecimento da lei e de se impedir que as gerações subsequentes, como acontecera no tempo dos juízes, fossem ignorantes a respeito do Senhor e da Sua vontade (Jz.2:10-13).

– Em nossos dias, também devemos nos preocupar em retirar o mal do meio do povo de Deus, em “matar os profetas de Baal e de Asera”, ou seja, separarmos o povo de Deus do convívio, da influência destes agentes do mal que rondam e enganam os incautos e indoutos, o que, num mundo globalizado como o nosso, só é possível mediante o ensino contínuo da Palavra de Deus e um estímulo e incentivo a uma comunhão cada vez mais intensa com o Senhor mediante a busca das bênçãos espirituais e de uma vida de constante vigilância e oração.

– Lamentavelmente, o que temos visto é que muitos hoje só estão interessados em “impactar” o povo. Só estão interessados em emocionar, em causar espanto e admiração no meio do povo, mas não têm tido a menor preocupação de “matar os profetas de Baal e de Asera”. Parecem-se com aqueles que, tendo debelado a doença, não estão preocupados em erradicar as condições adversas que geraram a enfermidade, que, assim, poderá voltar e com maior intensidade. Não é surpresa, pois, que, mesmo diante de alguns movimentos, em que até a glória de Deus realmente se manifesta, caia o povo, como está a cair, em uma contínua, progressiva e cada vez mais agressiva apostasia espiritual. Matemos os profetas de Baal e de Asera!

– O desafio tivera um grande resultado: a aparente conversão do povo pelo impacto causado pela resposta divina. Agora era hora de completar a obra divina, com o retorno da chuva e, como Elias havia pedido a Deus para que não chovesse, cabia a ele pedir a Deus que chovesse. Elias estava confiante, nem poderia ser diferente, mas o profeta ainda tinha muito a aprender com o Senhor. É o que veremos na próxima lição.

Colaboração para o portal Escola Dominical – Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

 

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