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LIÇÃO 1 – O LIVRO DE PROVÉRBIOS, UM CONVITE À SABEDORIA

ESBOÇO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO

I – UM LIVRO PARA A VIDA

II – COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DE PROVÉRBIOS

III – UM CONVITE E CHAMADO À SABEDORIA

CONCLUSÃO

Será que há uma fórmula para vivermos bem segundo o que Deus deseja para nós?”, “Existe um manual que revela os segredos da vida?”, “Existe uma ‘bala de prata’ para resolver todos os dilemas e os inúmeros problemas que a existência apresenta?”.

Depois das questões iniciais apresentadas, é importante ressaltar logo na apresentação que o livro de Provérbios não é um manual que revela as respostas para os problemas da vida ou para as questões já vistas logo no início. Não se trata de um passo a passo do que se pode ou não se pode fazer.

Ele, contudo, é um livro da Bíblia que singularmente aborda assuntos do dia a dia como nenhum outro livro faz. Provérbios é o livro de sabedoria por excelência que aborda uma gama imensa de assuntos da vida prática.

Por isso, trata-se de um livro de virtudes e, por que não dizer, de ética do ponto de vista da inspiração divina.

É, no entanto, uma ética celestial em pleno contato com as questões terrenas. Assim, podemos dizer que os princípios estabelecidos e ensinados em Provérbios fazem muito sentido para cada esfera da vida em qualquer época e cultura.

Estamos diante de um livro ímpar, atemporal, universal e eterno. Há uma informação muito importante a respeito do público destinatário para o qual ele foi escrito, a princípio, para os jovens judeus; em segundo lugar, para os que, de maneira geral, precisavam de entendimento (Pv 1.1-7).

Por isso, é um livro de sabedoria que promove as virtudes em detrimento dos vícios da alma. É, de fato, um livro virtuoso e ético sob a perspectiva celestial.

Tradição de Sabedoria

O livro de Provérbios remonta a tradição de sabedoria dos judeus do Antigo Testamento. Por meio dessa tradição, os sábios tiveram uma grande importância no sentido de guiar o povo judeu conforme o que estava revelado na Lei de Deus.

Diferentemente dos profetas, porém, os sábios falavam ao intelecto de modo que o povo compreendesse a importância de aplicar o ensino da Lei de maneira prática para a vida.

Por isso, o que lemos em Provérbios pode ser classificado como ensino dos sábios aos jovens, bem como a pessoas simples, no sentido de que vivam de acordo com as virtudes da retidão, da justiça e da integridade interligadas ao fundamento do “temor do Senhor”.

No Novo Testamento, também temos uma tradição de sabedoria que se manifesta no dom ministerial do Mestre (At 13.1-3; Ef 4.11).

Muito parecido com a função do sábio do Antigo Testamento, os mestres do Novo promoviam a obra de maturidade e de edificação do Corpo de Cristo, a Igreja (Ef 4.12,13).

Assim sendo, esse ofício no Novo Testamento, à semelhança do Antigo, tem a ver com a promoção do desenvolvimento espiritual e moral dos cristãos no Corpo de Cristo.

Deus sempre desejou que o seu povo desenvolvesse a retidão espiritual e moral. A grande diferença aqui é que, no Novo Testamento, a ênfase da tradição de sabedoria, ou do ofício de mestre, recai na dependência do Espírito.

É o Espírito Santo que o capacita para ensinar, bem como a Igreja para viver as virtudes do Reino. Esse entendimento é fundamental para nós, os pentecostais, quando lemos um livro de sabedoria, quer do Antigo Testamento (Provérbios), quer do Novo Testamento (Epístola de Tiago).

Vida Vivida no Centro”

Nesta obra, é importante deixar claro que, do ponto de vista bíblico, Deus deseja e é possível viver uma vida reta, justa e santa na sua presença.

Não temos dúvida de que essa é a vontade dEle para a sua Igreja hoje. Sabemos, contudo, que o estilo de vida que o livro de Provérbios promove só pode ser vivido sob a égide plena do Espírito Santo.

Do contrário, podemos cair no erro de transformar uma vida de virtudes em mero legalismo e moralismo — o que seria trágico para a vida cristã e a História da Igreja, que muito nos ensinou a esse respeito.

Para nós, os pentecostais, está muito claro que é impossível desenvolver a integralidade da sabedoria bíblica tal qual o livro de Provérbios revela sem a doce, preciosa e capacitadora presença e ação poderosa do Espírito Santo.

A respeito disso, ao contextualizar como o apóstolo Paulo entendia o papel do Espírito na prática da vida do cristão, o teólogo pentecostal Gordon Fee escreve:

Para ele, a vida no Espírito deveria incluir tanto o fruto quanto os dons, simultaneamente e poderosamente — algo que tenho chamado de vida vivida no centro.

Para Paulo e suas igrejas, o Espírito como realidade experiencial e capacitadora era o agente fundamental para toda a vida cristã, do começo ao fim.

Ele incluía tudo: poder para a vida, crescimento, fruto, dons, oração, testemunho e as demais coisas. (FEE, 2015, p. 17)

De acordo com essas palavras de Gordon Fee, só é possível viver virtuosa e eticamente se agirmos conforme o entendimento do apóstolo Paulo a respeito do papel do Espírito na vida do crente, na dependência do Espírito, ou, como o autor mesmo diz: “vida vivida no centro”.

Essa “vida vivida no centro” representa o perfeito equilíbrio entre a vida de poder e a vida de virtude, de ética. Assim, os conselhos práticos do livro de Provérbios fazem todo o sentido, uma vez que eles estão conectados com o Fruto do Espírito, tema ricamente desenvolvido pelo apóstolo dos gentios.

Então, vida de poder e vida de virtude, conforme Fee, é “vida vivida no centro”. Para nós, as virtudes ensinadas em Provérbios só podem ser praticadas mediante a dependência do Espírito, e, para isso, o coração precisa ter sido radicalmente transformado por Ele.

Ao estudarmos Provérbios, é preciso que um pressuposto esteja bem firmado em nós: em matéria de prática de virtude e ética, o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade que habita em nós, é nosso primeiro professor (Jo 14.26).

Sem Ele não há virtude; sem o Espírito, apenas sobra legalismo e moralismo. Na Terceira Pessoa da Trindade, mais uma vez tomando emprestado a expressão de Gordon Fee, há vida no centro, há moderação, equilíbrio, harmonia e bom senso.

O que seria a virtude senão a possibilidade de dominar o que há de mais vil dentro de nós? Sim, Provérbios é um convite à temperança, porém mais do que isso. Para nós, os pentecostais, Provérbios é um convite à vida dominada plenamente pelo Espírito.

A respeito disso, o saudoso pastor Antonio Gilberto, teólogo e educador cristão, sintetizou de maneira bem singular na sua obra O Fruto do Espírito a respeito da temperança de nossa vida interior e a sua relação com a obra do Espírito:

A falta de temperança leva a excessos, uma ênfase na satisfação dos desejos pecaminosos da carne. O melhor antídoto contra tais coisas é ser cheio do Espírito Santo.

A pessoa que está cheia do Espírito está sob o seu controle e tem de Deus a vitória no domínio de suas fraquezas. […] Sem a ajuda do Espírito Santo nossas potencialidades e tendências naturais cedem aos desejos pecaminosos da nossa natureza adâmica.

Quando nascemos do Espírito, a nova natureza dentro de nós nos leva a querer o que o Espírito quer para nós.

É o Espírito Santo que enchendo e controlando inteiramente o nosso ser mortifica em nós o desejo e os intentos pecaminosos, para que a nossa missão como parte da Igreja de Deus, produzindo o fruto do Espírito Santo a partir do novo nascimento (GILBERTO, 2019, p. 170-71).

Esse trecho da obra do pastor Antonio Gilberto ajuda-nos a compreender que, quando o Espírito controla nosso interior, é possível que a virtude seja praticada; quando Ele domina o pensamento, é possível que a virtude seja sentida; quando o Espírito domina os sentimentos, é possível que a virtude seja desejada; quando o Espírito domina a vontade, é possível que a virtude seja revelada no comportamento reto.

Dessa forma, uma vez dominado pelo Espírito Santo, podemos estar protegidos contra os vários aspectos da vida que nos desafiam a perseverar na prática da virtude e da sabedoria.

Aqui, deixamos claro que, ao longo desta obra, tudo o que está escrito a respeito da prática positiva da virtude só tem sentido quando essa virtude é compreendida como sinônimo de uma vida na dependência do Espírito Santo.

Nesta obra, apresentaremos a estrutura do livro de Provérbios. Os capítulos 1 a 7 da presente obra tem como eixo os nove primeiros capítulos de Provérbios, que têm como características os discursos.

Do capítulo 8 ao capítulo 13, consideramos uma série de temas selecionados em diversas seções do livro, pois, nessa parte de Provérbios, há uma série de sentenças que encerram um sentido em si mesma.

Por isso, abordaremos temas variados como, por exemplo, a imoralidade, a preguiça, o sentido da vida, a insensatez, os males do dinheiro, o descontentamento, a inveja, os vícios e a ação íntegra do justo na sociedade.

Texto extraído da obra Alcance um Futuro Feliz e Seguro, editada pela CPAD.

Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2024/10/04/licao-1-o-livro-de-proverbios-um-convite-a-sabedoria/

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