Lição 1: Uma mensagem à igreja local e à liderança
INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE
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Pela graça de Deus, damos início a mais um trimestre letivo da Escola Bíblica Dominical, mais um trimestre que denominamos “bíblico”, já que haveremos de estudar as chamadas “cartas pastorais”, ou seja, as epístolas de Paulo a Timóteo e a Tito, as três últimas epístolas escritas pelo apóstolo Paulo, depois que foi solto da sua primeira prisão em Roma, entre os anos 64 e 67.
As referidas epístolas são denominadas de “pastorais”, porque o apóstolo Paulo as endereçou a dois jovens pastores, seus filhos na fé, Timóteo e Tito, que tinham sido seus cooperadores durante boa parte de seu ministério e que o apóstolo havia enviado para Éfeso (Timóteo) e Creta (Tito), a fim de que organizassem as igrejas locais em tais regiões.
Paulo já pressentia que seu ministério se encaminhava para o fim e, dentro de suas responsabilidades, sentiu a necessidade de dar orientações a estes seus dois cooperadores, que assumiam encargos de cuidar de igrejas locais, a fim de que pudessem eles levar a bom termo o ministério que estavam a receber.
Tal intento, no entanto, já era uma obra do Espírito Santo para deixar à Igreja sábias e importantes orientações a respeito de como devem agir os pastores, como também como devem se organizar as igrejas locais enquanto o Senhor Jesus não vem buscar a Sua Igreja.
Estas três cartas pastorais (duas epístolas a Timóteo e a epístola a Tito) trazem-nos lições não só a respeito de como devem se comportar os pastores, mas, também, como devem as igrejas locais se organizar para realizar as missões que o Senhor cometeu à Sua Igreja enquanto Ele não volta para arrebatá-la.
É interessante observar que, nas saudações das três cartas, o apóstolo Paulo, diferentemente do que fez nas suas demais epístolas, saúda tanto a Timóteo quanto a Tito com a “graça, misericórdia e paz” da parte do Pai e do Filho (I Tm.1:2; II Tm.1:2; Tt.1:4).
Ao fazê-lo, Paulo acrescentou à graça e à paz com que saúda os destinatários das demais epístolas a misericórdia, a revelar, assim, que, no trato da igreja local, os pastores deveriam, além da graça e da paz vindas do Pai e do Filho, também terem a misericórdia, que é a prática do bem, o que nos faz lembrar o próprio testemunho que Pedro deu do ministério de Cristo na casa de Cornélio, testemunho este segundo o qual “Jesus andou fazendo bem, curando a todos os oprimidos do diabo” (At.10:38).
De pronto, vemos, pois, que é inafastável do ministério pastoral o exercício da misericórdia, a prática do bem, sem o que não se poderá ter uma igreja local devidamente construída segundo o modelo instituído pelo próprio Senhor Jesus, que é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23), a quem todos nós devemos imitar (I Co.11:1).
Não é por outro motivo que o tema deste trimestre é “A Igreja e o seu testemunho”, porquanto as cartas pastorais têm em vista trazer às igrejas locais orientações a respeito de como devem elas se organizar, a partir do pastor, para que se possam cumprir eficazmente as missões deixadas pelo Senhor Jesus à Sua Igreja.
Mais do que orientações do apóstolo Paulo a seus cooperadores Timóteo e Tito, na verdade temos, nas cartas pastorais, orientações do Espírito Santo para que o povo de Deus na dispensação da graça, a Igreja, agir para que, de modo eficiente, sejam devidamente cumpridos os ditames determinados pelo Senhor Jesus.
A partir do momento que os pastores, que estão à frente das igrejas locais, cuidando do rebanho do Senhor, agem conforme o modelo estabelecido pelo Espírito Santo nas cartas pastorais, certamente todo o povo de Deus agirá em conformidade com a vontade de Deus, realizando a maravilhosa obra que o Senhor nos deixou para fazer até o término desta dispensação.
Este modo de vida estabelecido em conformidade com a Palavra de Deus faz com que tenhamos, diante de Deus e dos homens, um bom testemunho, testemunho este absolutamente necessário para que o mundo creia que Jesus foi enviado pelo Pai (Jo.17:20,21).
Por isso, temos, na capa da revista deste trimestre, um saleiro que esparrama sal em sua volta, a nos lembrar as palavras do Senhor Jesus que disse que Seus discípulos são o sal da terra (Mt.15:13).
Os discípulos de Jesus devem ser Suas testemunhas (At.1:8), ter um comportamento diferente dos demais homens, para provar que Jesus realmente salva e transforma o homem.
Sendo sal da terra, os discípulos trarão ao mundo um sabor, darão razão para a vida humana; sendo sal da terra, os discípulos conservarão os valores morais da sociedade, pois impedirão a corrupção completa dos costumes e das condutas; sendo sal da terra, os discípulos trarão fervor espiritual, evitando que a frieza domine completamente.
Através das cartas pastorais, vemos como o Senhor quer que as igrejas locais se organizem e, portanto, possam ser sal da terra no meio das sociedades onde se encontram.
O trimestre pode ser dividido em quatro blocos: o primeiro, referente à lição 1, traz uma introdução ao trimestre, fazendo uma visão panorâmica das cartas pastorais; o segundo bloco, que abrange as lições 2 a 6, estudará a Primeira Epístola de Paulo a Timóteo; o terceiro bloco, que abrange as lições 7 a 10, estudará a Segunda Epístola de Paulo a Timóteo e o quarto e último bloco, que abrange as lições 11 a 13, estudará a Epístola de Paulo a Tito.
O comentarista deste trimestre é o pastor Elinaldo Renovato de Lima, presidente das Assembleias de Deus em Parnamirim, no Estado do Rio Grande do Norte e que já há anos tem feito comentários para as Lições Bíblicas da Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
- B) LIÇÃO Nº 1 – UMA MENSAGEM À IGREJA LOCAL E À LIDERANÇA
As cartas pastorais trazem ensinamentos para os pastores e para as igrejas locais.
INTRODUÇÃO
– Neste trimestre, estudaremos as chamadas “cartas pastorais”, denominação dada às três últimas epístolas escritas por Paulo: duas a Timóteo e uma a Tito.
– As cartas pastorais trazem ensinamentos para os pastores e para as igrejas locais
I – AS CARTAS PASTORAIS
– Neste terceiro trimestre de 2015, teremos mais um trimestre “bíblico”, ou seja, um trimestre em que estaremos a estudar livros da Bíblia Sagrada.
– Nesta oportunidade, estaremos a estudar as chamadas “cartas pastorais”, como são comumente denominadas as três últimas epístolas escritas pelo apóstolo Paulo, destinadas a seus cooperadores, Timóteo e Tito.
Tais cartas assim são denominadas porque “…foram escritas a pastores, a líderes de igrejas Tais cartas assim são denominadas porque “…foram escritas a pastores, a líderes de igrejas.
O caráter dessas cartas é eclesiástico, isso quer dizer que o conteúdo delas trata da igreja cristã, dos seus líderes, dos seus membros, da sua função e da sua missão…” (JOHANSSON, Carlo e HELLSTRÖM, Ivan. Síntese bíblica do Novo Testamento – Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 1982, p.177).
– Segundo a maior parte dos estudiosos da Bíblia, Paulo escreveu estas epístolas depois que foi absolvido na sua primeira prisão em Roma, entre 64 e 67, quando, provavelmente, foi até a Espanha e, ao retornar, foi preso em Trôade (II Tm.4:13), sendo novamente levado a Roma, onde acabou sendo martirizado.
– Tendo esta missão de ir a Espanha, Paulo, assim que saiu da prisão, sentiu da parte de Deus necessidade de enviar cartas para seus cooperadores Timóteo, que fora mandado para Éfeso, local que o apóstolo sabia a que nunca mais haveria de ir (At.20:25), como também a Tito, que mandara para Creta, ilha do Mar Mediterrâneo, a fim de que pusesse ordem nas igrejas locais que estavam ali passando por muitas dificuldades (Tt.1:5).
– Nestas cartas, Paulo sente a necessidade de dar orientações a seus cooperadores como deviam se conduzir à frente das igrejas locais, como deveriam exercer corretamente o ministério pastoral, a liderança, a fim de que aquelas igrejas pudessem eficaz e eficientemente cumprir as missões deixadas pelo Senhor Jesus aos Seus discípulos.
– Depois de Timóteo e Tito o terem acompanhado durante anos, o apóstolo os envia para assumir responsabilidades pastorais, de modo que, agora, sente a obrigação de dar instruções a estes seus cooperadores, para que eles presidissem adequadamente sobre as igrejas locais para as quais haviam sido enviados.
Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, mostra àqueles dois homens como deveriam eles se conduzir diante do novo momento ministerial que estavam a passar.
– As cartas pastorais, portanto, são ensinamentos, orientações deixadas não só a Timóteo e a Tito, mas a todos os que são chamados para o ministério pastoral, mas não somente isto, mas também instruções deixadas às próprias igrejas locais, uma vez que, ao enunciar princípios e regras aos pastores, o apóstolo Paulo também nos mostra como devem ser organizadas as igrejas locais, de modo que toda a membresia também absorve importantíssimas lições a respeito de como deve a igreja local se ordenar para cumprir a missão deixada pelo Senhor Jesus.
– Por isso, aliás, diz a Bíblia de Jerusalém: “…As cartas a Timóteo e a Tito são dirigidas a dois dos mais fiéis discípulos de Paulo (At.16:14; II Co.2:13). Elas dão diretivas para a organização e conduta das comunidades confiadas a eles. É por isso que se tornou costumeiro, desde o século XVIII, chamá-las de ‘pastorais’.
Essas cartas divergem de maneira significativa de outras cartas paulinas. Há considerável diferença de vocabulário. Muitas das palavras comuns em outras epístolas desapareceram, e há também uma proporção muito maior de palavras não usadas em outro lugar por Paulo.
O estilo não é mais apaixonado e entusiasta, mas mitigado e burocrático. O modo de resolver problemas mudou. Paulo simplesmente condena os falsos ensinamentos em lugar de argumentar persuasivamente contra ele…” (Introdução às epístolas paulinas, p.1963).
– Por causa destas diferenças, houve alguns que contestassem a autoria de Paulo, algo que é próprio dos chamados “teólogos liberais”, que são, na verdade, pessoas incrédulas e que, portanto, não podem crer naquilo que as Escrituras apresentam. No entanto, contra tais argumentos, bem assinala a Bíblia de Estudo
Plenitude: “…podemos concluir que o assunto principal das Pastorais é tão diferente do das outras cartas de Paulo que ele necessariamente usaria algumas palavras que não tinha usado antes.
Seria tolice restringir um homem educado como Paulo a um vocabulário limitado. O fato de ele estar escrevendo a companheiros próximos também deve ser levado em consideração.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.1260).
– Além do mais, o objetivo destas epístolas não era, como nas demais, dirigidas a igrejas locais, a resolução de problemas apresentados naquelas comunidades, onde era forçoso argumentar e mostrar a sã doutrina, que se encontrava ameaçada entre os crentes, mas, sim, dar orientações e conselhos aos seus cooperadores, como sobre deveriam se conduzir à frente daquelas igrejas para as quais haviam sido enviados pelo próprio apóstolo.
Não se tratava, pois, de provar que este ou aquele pensamento tinha, ou não, respaldo bíblico, mas, sim, de como lidar com os que apresentavam falsos ensinos. Uma outra perspectiva, que explica o “modo mitigado e burocrático” da redação de tais epístolas.
– Não resta dúvida, portanto, que o autor de todas estas três cartas foi o apóstolo Paulo, como atesta a própria saudação inicial em cada uma delas.
II – A PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
– Dentro da natureza introdutória desta lição, apresentaremos, então, as linhas gerais e a estrutura de cada uma das cartas pastorais.
– A primeira carta pastoral é a Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, que deve ter sido escrita por volta de 64, depois da soltura de Paulo quando de sua primeira prisão em Roma, quando, então, deve ter o apóstolo se dirigido para a Espanha, como era o seu objetivo desde quando tencionou ir para Roma (Rm.15:23,24).
– Neste seu desiderato, antes de partir para a Espanha, deve ter mandado Timóteo para Éfeso, pois, como já dissemos supra, o Espírito Santo lhe havia revelado, antes mesmo da prisão, que jamais voltaria a Éfeso (At.20:25), e, como tinha escrito uma carta à igreja de Éfeso, enquanto estava na prisão, entendeu que havia necessidade de entregar aquele trabalho ao seu cooperador Timóteo, provavelmente diante do relato que lhe trouxe Tíquico, que foi o portador da carta aos efésios (Ef.6:21).
– Na carta aos efésios, Paulo quis mostrar o que era a Igreja e, agora, escrevendo esta primeira epístola a Timóteo, o apóstolo tem como “…objetivo primário (…) estimular Timóteo em sua difícil tarefa de lidar com erros doutrinários e problemas práticos na igreja em Éfeso, bem como lhe dar instruções a respeito das responsabilidades pastorais e qualificações e deveres da liderança eclesiástica” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.1260).
– “…O trabalho para o qual Paulo nomeou Timóteo envolveu sérias dificuldades, e ele achou necessário escrever uma carta de instrução a seu jovem colaborador que enfrentava problemas.
Na carta, ele ensinou Timóteo como combater os falsos mestres, como ordenar o culto da igreja, como escolher os líderes da igreja e como lidar prudentemente com as diferentes classes na igreja. Timóteo deveria ensinar a fé apostólica e levar uma vida exemplar o tempo todo” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.1260).
– Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), a Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, que é o 54º livro da Bíblia, tem 6 capítulos, 113 versículos, 1 pergunta, 106 versículos de história, 5 versículos de profecias cumpridas e 2 versículos de profecias não cumpridas.
– Para Richard Amiel McGough, este livro está relacionado com a letra hebraica “yod” (י), letra cujo significado é “mão”, que simboliza poder, habilidade, possibilidade e autoridade, de modo que, na Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, o Senhor Jesus é apresentado como o Rei dos reis e o Senhor dos senhores (I Tm.6:15), como o Rei eterno e imortal (I Tm.1:17). Como diz este estudioso das Escrituras:
“…Paulo tanto abriu como fechou o livro final (…) com os títulos divinos de Cristo como Rei!…” (A roda da Bíblia: a revelação da unidade divina da Bíblia Sagrada, p. 236) (tradução nossa de texto em inglês).
– A Primeira Epístola de Paulo a Timóteo pode ser dividida nas seguintes partes, consoante indica a Bíblia de Estudo Plenitude (p.1261):
1- a) Introdução – I Tm.1 a1) Saudação – I Tm.1:1,2 a2)
Acusação a Timóteo – I Tm.1:3-11 a3)
Ação de graças – I Tm.1:12-17 a4)
Reafirmação da acusação – I Tm.1:18-20
2- b) Instruções relacionadas à\ Igreja – I Tm.2,3 b1)
Seu culto – I Tm.2:1-15 b2)
Seus líderes – I Tm.3:1-13 b3)
Sua função em relação à verdade – I Tm.3:14-16
3- c) Instrução relacionada aos deveres pastorais – I Tm.4:1-6:10 c1)
Em relação à igreja como um todo – I Tm.4:1-16 c2)
Em relação às várias classes na igreja – I Tm.5:1-6:10
4- d) Exortações finais – I Tm.6:11-21 d1)
para manter a fé e militar na fé – I Tm.6:11-16 d2)
Para apresentar as reivindicações de Cristo aos ricos – I Tm.6:17-19 d3)
Para guardar a verdade – I Tm.6:20,21.
III – A SEGUNDA EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
– Conquanto a epístola de Tito tenha sido escrito depois da primeira carta a Timóteo e só depois o apóstolo tenha escrito a segunda carta, que, aliás, é a última epístola escrita pelo apóstolo, tendo em vista a ordem das epístolas no cânon do Novo Testamento, sequência que é observada pelo comentarista neste trimestre, analisaremos, então, a segunda carta de Paulo a Timóteo antes da epístola a Tito.
– Esta segunda carta foi escrita por Paulo quando já se encontrava preso em Roma pela segunda vez. É uma carta escrita sob a perspectiva da morte, que o apóstolo já sabia que se avizinhava.
É uma epístola onde Paulo mostra toda a sua solidão, pois se encontrava acompanhado única e exclusivamente de Lucas (II Tm.4:11), solidão esta que, certamente, trazia um certo ambiente psicológico desfavorável ao apóstolo, como se pode notar do bem que diz ter tido quando da visita recebida de Onesíforo (II Tm.1:1618), bem como o pedido para que Timóteo fosse visitá-lo antes que partisse o apóstolo para a eternidade (II Tm.4:9-11), tendo, inclusive, mandado Tíquico para Éfeso (II Tm.4:12), muito provavelmente para que ficasse respondendo pela igreja efésia enquanto Timóteo fosse a Roma.
– Diante das afirmações do apóstolo de que já estava sendo julgado em Roma e que sentia que sua morte estava próxima (II Tm.4:6-8,16-18), podemos fixar a data da epístola entre os anos 66 e 67, pois foi este o período em que se deu a perseguição de Nero contra os cristãos, a primeira das dez grandes perseguições do Império Romano contra a Igreja.
– “…O objetivo imediato de Paulo na cara era exprimir um apelo carinhoso para que Timóteo viesse até ele (II Tm.4:9,11,13,21). Entretanto, a principal preocupação de Paulo era o bem-estar da igreja, e ele instruiu Timóteo a aperfeiçoar sua organização e garantir o evangelho.
Ao perceber que sua morta estava iminente e que talvez Timóteo não chegasse a tempo de uma última visita, Paulo aplicou em sua carta palavras solenes de aconselhamento.
Sua preocupação era com o evangelho, e ele expressou a Timóteo sua inquietação com o fato de que seu jovem colaborador transmitisse fielmente o evangelho após a morte do amigo guerreiro. A carta incita Timóteo a ser fiel face às dificuldades, deserções e erros.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.1268).
– Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), a Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, que é o 55º livro da Bíblia, tem 4 capítulos, 83 versiculos, nenhuma pergunta, 68 versículos de história, 10 versículos de profecias cumpridas e 5 versículos de profecias não cumpridas.
– Segundo Richard Amiel MacGough, a Segunda Epístola de Paulo a Timóteo está vinculada à letra hebraica “kaph” (כ), cujo significado é “palma da mão”, que simboliza o “recebimento”, quando nós seguramos nossas mãos abertas para Deus.
Na Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, temos a “coroa da justiça” (II Tm.4:6), que o apóstolo disse que receberia do Senhor por ter finalizado seu ministério na fé do filho de Deus.
– Consoante a Bíblia de Estudo Plenitude (p.168), podemos dividir a Segunda Epístola de Paulo a Timóteo da seguinte forma:
1- a) Introdução – II Tm.1:1-5 a1)
Saudação – II Tm.1:1,2 a2)
Ação de graças – II Tm.1:3-5
2- b) Fidelidade face às dificuldades – II Tm.1:6-14 b1)
Devido à natureza da experiência cristã – II Tm.1:6-8 b2)
Devido à grandeza do evangelho – II Tm.1:9-11 b3)
Devido ao exemplo de Paulo – II Tm.1:12-14
3- c) Fidelidade face às deserções – II Tm.1:15-2:13 c1)
O exemplo de Onesíforo – II Tm.1:15-18 c2)
O caráter da obra de Timóteo – II Tm.2:1-7 c3)
A obra redentora de Cristo – II Tm.2:8-13
4- d) Fidelidade face ao erro – II Tm.2:14-4:8 d1)
Erro doutrinário – II Tm.2:14-16 d2)
Erro prático – II Tm.3:1-4:8
5- e) Conclusão – II Tm.4:9-22 e1)
Instrução – II Tm.4:9-13 e2)
Advertência – II Tm.4:14,15 e3)
Explicação – II Tm.4:16-18 e4)
Saudações – II Tm.4:19-21 e5)
Bênção – II Tm.4:22
IV – A EPÍSTOLA DE PAULO A TITO
– Embora tenha sido posta no cânon do Novo Testamento depois da Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, dentro da disposição estabelecida de se colocarem as epístolas paulinas em ordem decrescente de extensão, pondo-se as cartas endereçadas a um mesmo destinatário uma após a outra, o que faz com que Tito tenha sido colocada depois das duas cartas a Timóteo, trata-se da segunda epístola pastoral de Paulo, cronologicamente falando, que foi escrita muito provavelmente quando o apóstolo saiu da prisão em Roma, antes de partir para a Espanha.
– Assim como fez com a primeira carta a Timóteo, o apóstolo sentiu a necessidade de também escrever uma epístola para seu cooperador Tito, a quem havia enviado para Creta, a fim de pôr em ordem as coisas que lá estavam a acontecer e que estavam a perturbar as igrejas ali estabelecidas (Tt.1:5).
– Tal afirmação do apóstolo permite-nos inferir que Paulo, após ter sido solto em Roma, tenha ido a Creta, situada no sul do mar Egeu, a quinta maior ilha do Mediterrâneo e a segunda maior do Mediterrâneo Oriental, com área de 8.336 km², berço de uma das civilizações mais antigas conhecidas, a chamada “civilização cretense” ou “civilização minoica”. a primeira civilização avançada europeia, que atingiu um elevado grau de sofisticação em vários campos, por volta do terceiro milênio antes de Cristo.
– Quando de sua viagem para Roma, para onde foi levado depois de ter ficado preso algum tempo em Cesareia, o navio em que estava o apóstolo Paulo chegou a costear Creta (At.27:7,12,13,21), mas não chegou a aportar ali, de modo que não pôde ali evangelizar antes de ser solto, portanto.
– No entanto, a despeito de não ter podido ali implantar igrejas locais, o fato é que a região foi, sim, evangelizada, até porque havia judeus vindos de Creta no dia de Pentecostes (At.2:11), de sorte que, desde o início da Igreja, havia salvos naquela ilha.
– O fato, porém, é que, uma vez solto da prisão, o apóstolo teve de ir para Creta, pois lá estavam ocorrendo alguns problemas relacionados com a perturbação causada pelos judaizantes, que o apóstolo Paulo chama de “contradizentes”, de todo jeito, estariam querendo impor a observância da lei de Moisés entre os crentes gentios (Cf. Tt.9:10).
– Tito era um crente gentio (Cf.Gl.2:1,2), que o apóstolo havia levado para Jerusalém, quando da ocasião do concílio de Jerusalém que decidiu pela não submissão dos crentes gentios à observância da lei mosaica, alguém que, por ter testemunhado o que fora decidido, tinha amplas condições de resolver os problemas surgidos nas igrejas de Creta.
– Ademais, não era esta a primeira vez que Paulo daria uma missão espinhosa a seu cooperador (Cf. II Co.8:23), já que, em meio às turbulências existentes entre o apóstolo e a igreja em Corinto, tenha sido o próprio Tito um intermediário entre ambos (Cf. II Co.7:13,14; 8:6,16; 12:18).
– Uma outra confirmação de que a epístola a Tito foi escrita antes da segunda epístola a Timóteo é o fato de que, quando Paulo escreve a segunda carta a Timóteo, diz que Tito tinha ido para a Dalmácia (II Tm.4:10), ou seja, já não mais estava em Creta, prova de que já tinha cumprido a missão que lhe fora confiada quando recebeu a carta de que agora tratamos (a Dalmácia é uma região da Europa que abrange territórios que hoje pertencem a Croácia, a Bósnia-Herzegovina e a Montenegro, parte da região da Península Balcânica).
– Diante destas evidências, tem-se que a carta a Tito é mais ou menos contemporânea a primeira carta a Timóteo, , tendo sido escrita provavelmente entre os anos 64 e 65.
– “…Paulo deu a Tito, um pregado do evangelho relativamente jovem, a difícil tarefa de dirigir a palavra em Creta. Mais tarde, ele escreveu esta carta para dar a Tito instruções mais detalhadas sobre a realização de seus deveres pastorais. (…).
A carta a Tito tem uma afinidade com Primeira a Timóteo. Ambas as epístolas são endereçadas a jovens homens aos quais tinham sido designadas posições de liderança responsável em suas respectivas igrejas durante a ausência de Paulo.
Ambas as epístolas ocupamse com as qualificações daqueles que devem liderar e ensinar as igrejas. Tito tinha três grandes temas — organização da igreja, a doutrina correta e a vida santa. Tito tinha de ordenar presbíteros em cada cidade onde existia o núcleo de uma congregação. Eles deviam ser homens de alto caráter moral e deveriam ser inflexíveis em questões de princípio, mantendo a verdadeira doutrina apostólica e sendo capazes de reprovar os opositores.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.1275).
– Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), a Epístola de Paulo a Tito, que é o 56º livro da Bíblia, tem 3 capítulos, 46 versículos, nenhuma pergunta, 45 versículos de história e 1 versículo de profecia não cumprida.
– Para Richard Amiel McGough, a Epístola de Paulo a Tito está relacionada com a letra hebraica “lâmede” (ל), cujo significado é a “vara do mestre”, simbolizando, pois, o ensino. Na epístola de Paulo a Tito, segundo este estudioso das Escrituras, é mandado que se ensinasse e exortasse os salvos em Cristo Jesus (Tt.2:15), fechando, assim, o “ciclo das cartas pastorais”, que “…foram mandadas para ensinar e guiar estes dois pastores [Timóteo e Tito, observação nossa] no cuidado de seus rebanhos…” (op.cit., p.258) (tradução nossa de texto em inglês).
– Segundo a Bíblia de Estudo Plenitude (p.1275), a Epístola de Paulo a Tito pode assim ser dividida:
1- a) Introdução – Tt.1:1-5 a1)
Declaração do ofício, esperança e funções de Paulo – Tt.1:1-3 a2)
Saudação – Tt.1:4 a3)
Encargo de Tito – Tt.1:5
2- b) Instruções em relação aos presbíteros – Tt.1:6-16 b1)
Suas qualificações – Tt.1:6-9 b2)
A necessidade de administração adequada – Tt.1:10-16
3- c) Instruções em relação à conduta cristã – Tt.2:1-3:7 c1)
Entre eles mesmos – Tt.2:1-15 c2)
Em relação ao mundo todo – Tt.3:1-7
4- d) Instruções finais – Tt.3:8-11 d1)
Para ensinar verdades espirituais – Tt.3:8-11 d2)
Para evitar dissensão – Tt.3:9-11 d3)
Instruções e saudações – Tt.3:12-15
V – TEMAS COMUNS ÀS EPÍSTOLAS PASTORAIS
– Após termos visto a estrutura e o propósito de cada uma das cartas pastorais, façamos uma sucinta análise de temas que são comuns às epístolas pastorais, consoante a própria elucidação trazida pelo comentarista do trimestre.
– Por serem cartas, à evidência, temos em todas as cartas pastorais as saudações iniciais do apóstolo Paulo, quando ele se identifica e também ao destinatário.
– Em tais saudações, Paulo identifica-se, em todas as três cartas, como “apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa” (I Tm.1:1), como “apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, segundo a promessa da vida que está em Cristo Jesus” (II Tm.1:1) e, por fim,
como “servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos, mas, a Seu tempo, manifestou a Sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador” (Tt.1:1-3).
– Como se pode observar, portanto, em todas as cartas pastorais, Paulo mostra-se como apóstolo de Jesus Cristo, relembrando, assim, a seus cooperadores, a sua autoridade apostólica, não porque quisesse demonstrar superioridade a Timóteo ou a Tito, mas para assegurar que tais orientações e conselhos não decorriam única e exclusivamente da amizade e cuidado que tinha para com eles, mas que o fazia diante da própria responsabilidade que tinha recebido diretamente da parte de Deus e de Jesus Cristo.
– O apóstolo fez questão, então, de revelar a seus jovens cooperadores que os escritos que lhes eram endereçados tinham origem divina, decorriam da própria incumbência que tinha o apóstolo de bem cuidar das igrejas locais, tivesse sido ele, ou não, o fundador daqueles trabalhos. Ele fora comissionado pelo Senhor Jesus para proceder a este cuidado e, ao dar orientações e aconselhamentos, estava se desincumbindo de deveres que lhe foram dados pelo próprio Cristo.
– Não é por outro motivo, aliás, que o subtema do trimestre é “As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais”, a demonstrar que os conselhos e orientações dados por Paulo não provinham de si mesmo, mas eram verdadeiros ensinos e orientações do Espírito Santo, que usou da autoridade apostólica de Paulo para brindar a Sua Igreja de tais ensinamentos.
– Após se identificar como apóstolo de Cristo, Paulo passa a apresentar os destinatários das cartas pastorais, fazendo-o da seguinte maneira: “a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor” (I Tm1:2); “a Timóteo, meu amado filho: graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso” (II Tm.1:2) e, por fim, “a Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt.1:4).
– Verificamos, em tais apresentações dos destinatários, todo o cuidado e carinho que Paulo tinha com relação a seus dois jovens cooperadores, que são chamados de “filhos”, a mostrar quanto Paulo lhes tinha afeição e consideração.
Ao chamá-los de “filhos”, Paulo se apresenta como seus “pais”, devendo, portanto, os conselhos e orientações contidos nas epístolas ser interpretados como verdadeiros conselhos e orientações paternais, conselhos desinteressados que visavam única e exclusivamente o bem e o sucesso dos destinatários.
– Outra característica comum nestas apresentações dos destinatários é que o apóstolo, ao contrário do que faz em outras epístolas, não somente deseja a “graça e a paz” de Deus e de Cristo a Timóteo e a Tito, como também a “misericórdia”, algo que somente se dá nestas cartas pastorais.
– A introduzir a “misericórdia” em sua saudação, Paulo já indica que esta é uma característica que deve existir de modo indispensável em todos quantos são chamados ao ministério pastoral, como era o caso tanto de Timóteo quanto de Tito.
Com efeito, devendo cuidar do rebanho do Senhor, não há como não se ter o comportamento que teve o próprio Jesus, que sempre teve imensa misericórdia, praticando o bem, como diz Pedro na casa de Cornélio (At.10:38).
– Outro tema que é tratado nas cartas pastorais é o das qualificações para o ministério, pois, tanto na primeira epístola de Paulo a Timóteo quanto na epístola de Paulo a Tito, o apóstolo procura orientar quais os requisitos que deveriam ter aqueles que fossem chamados ao ministério, seja na condição de presbíteros, seja na condição de diáconos.
– Com efeito, como Paulo escreve a Timóteo e a Tito no sentido de organizarem igrejas locais, era, mesmo, necessário que dissesse quais as qualificações que deveriam ter os líderes que seriam estabelecidos por estes seus cooperadores seja na igreja de Éfeso (Timóteo), seja nas igrejas de Creta (Tito).
Tais orientações revelam que há a necessidade de verificação de diversos requisitos para que alguém possa ser conduzido ao ministério, requisitos estes que devem ser necessariamente observados e que, lamentavelmente, não têm sido levados em conta na atualidade… É o que vemos em I Tm.3:1-13 e Tt.1:5-9, qualificações que analisaremos amiúde na lição 4 deste trimestre.
– Um terceiro tema que é comum às cartas pastorais é o alerta aos falsos mestres e às falsas doutrinas. Paulo, ao dar seus conselhos e orientações a respeito de como se deve conduzir a liderança da igreja local, mostra que um dos principais pontos a ser enfrentados por quem preside é o cuidado para que o rebanho do Senhor não seja contaminado com falsos ensinos e que não haja a penetração no seio da comunidade de salvos de falsos mestres.
– Por isso, na primeira carta a Timóteo, fala a respeito da apostasia, quando se daria ouvido a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios (I Tm.4:1-5), como também de tempos trabalhosos em que não se quereria sofrer a sã doutrina (II Tm.4:4:1-5), bem como da necessidade de se evitar homem herege, depois de uma e outra admoestação (Tt.3:10).
– Constitui-se num dever indeclinável do ministério pastoral o ensino da sã doutrina e o afastamento dos falsos mestres e dos falsos ensinos que procurem perturbar a vida espiritual dos salvos em Cristo Jesus, cuidado que é ainda mais exigível em nossos dias, dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja, dias de intensa proliferação de falsos mestres e falsos ensinos (Mt.24:4,5,11,24)..
– Quarto tema comum às cartas pastorais, decorrência do anterior, é o cuidado com a sã doutrina, ou seja, o dever indeclinável que têm os pastores de ensinar a doutrina verdadeira, pois somente ensinando a verdade poderá ser ilidida a falsidade. A expressão “sã doutrina”, aliás, somente aparece nas Escrituras precisamente nas cartas pastorais (I Tm.1:10; II Tm.4:3; Tt.1:9; 2:1).
– Nas cartas pastorais, portanto, ficamos a saber que os pastores devem ensinar a doutrina bíblica, que confere saúde ao rebanho do Senhor, pois é a “sã doutrina”, ou seja, a doutrina que confere “perfeita saúde”, que é o sentido do adjetivo “úgiaíno” (υγιαίνω), palavra original grega na expressão utilizada por Paulo nas cartas pastorais.
– Quinto tema comum tratado nas cartas pastorais é a existência de comportamento e conselhos a diversos grupos (I Tm.5:1-25; Tt.2:1-10), a mostrar que os pastores devem exercer seu ministério levando em conta os diversos segmentos que existem em cada igreja local, a revelar que quem preside deve ser uma espécie de supervisor (“epíscopos” ou “bispo”) de departamentos que naturalmente existem em cada igreja local, que é um grupo social heterogêneo, formada por pessoas de diferentes faixas etárias e de diversas categorias como homens, mulheres, jovens, idosos, necessitados, obreiros, irmãos em pecado, senhores e servos, reforçando a necessidade de que o pastor seja imparcial com relação ao tratamento de cada grupo, verificando a especificidade de cada subgrupo.
– Esta visão de supervisão, que implica em necessária divisão de trabalho, tem sido, ultimamente, outro grande problema enfrentado nas igrejas locais hodiernamente, onde há lamentável déficit administrativo, seja com a acumulação de funções na pessoa do dirigente, seja pela total ausência de intervenção do dirigente na vida de cada segmento, causando um verdadeira “departamentalização” excessiva da igreja local, que, não raras vezes, promove um grave prejuízo à unidade que deve ter tal grupo social para o devido cumprimento das missões cometidas pelo Senhor Jesus à Sua Igreja.
– É este ensino divino a respeito de como se deve organizar e administrar a igreja local que estaremos a estudar neste trimestre ao analisarmos as três cartas pastorais de Paulo.
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Site: portalebd.org.br
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