LIÇÃO 11 – JOVENS –Alerta contra os falsos Mestres e suas Heresias
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Apresentar o perfil dos falsos mestres e suas heresias;
Compreender as características dos falsos mestres;
Refletir a respeito do julgamento dos impostores da fé.
Palavras-chave: Esperança, alegria, crescimento e firmeza.
Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Valmir Nascimento:
Introdução
Tendo falado no capítulo 1 a respeito da Palavra revelada e inspirada de Deus, instando os crentes a se manterem firmes nela, no capítulo 2 Pedro expõe acerca dos perigos dos falsos ensinos.
Assim como houve no Antigo Testamento profetas que falaram guiados pelo Espírito Santo, também houve entre o povo os falsos profetas, homens que falavam segundo os seus próprios interesses.
A intenção do apóstolo, portanto, era advertir a comunidade cristã acerca dos impostores que estavam a disseminar doutrinas enganosas entre os crentes, verdadeiras heresias de perdição.
Se na primeira carta os cristãos deveriam estar preparados para os desafios externos, na segunda a mensagem é que os crentes precisam estar prontos e precavidos contra os inimigos internos, que se infiltram dentro da igreja e sorrateiramente torcem a verdade das Escrituras.
I – Os Falsos Mestres e suas heresias
No seu início e nas décadas seguintes, a igreja foi ameaçada pelos judaizantes que queriam impor a Lei mosaica e seus ritos sobre os cristãos.
Estes mestres alteravam o cerne do evangelho, colocando a Lei como complemento da obra de Jesus no Calvário, razão pela qual o apóstolo Paulo os censurou gravemente (Gl 1.8,9).
Tempos depois, o cristianismo passou a ser ameaçado pelos falsos doutores (gr. pseudodidaskalos), também chamados falsos mestres ou professores, que tentavam introduzir nas doutrinas cristãs conceitos das filosofias pagãs, induzindo o povo à prática da imoralidade.
É dentro desse contexto que Pedro escreve a sua segunda epístola, cujo teor é bem parecido com a Carta de Judas.
Ambas advertem sobre as principais características dos falsos mestres, suas heresias, motivações e a certeza do julgamento divino sobre eles.
As heresias dos falsos mestres em face da ortodoxia apostólica (2.1)
Fazendo uma análise comparativa com o que havia acabado de dizer, sobre os profetas que falaram inspirados por Deus, Pedro afirma que também houve entre o povo falsos profetas, como também haveria falsos doutores.
Em diversas ocasiões, a nação israelita desviou-se da verdade por dar ouvidos aos mensageiros enganosos.
Os falsos profetas bradavam “assim diz o Senhor”, quando na verdade estavam falando em nome próprio; apregoavam paz (Jr 6.14) quando ela não existia.
A história, portanto, estava se repetindo, inclusive como um cumprimento profético (Dt 13.2-6; Mt 24.24), e era importante que o povo fosse advertido sobre estes mestres que adulteravam a verdade de Deus.
Pedro se levanta com veemência contra os falsos mestres, pois sabia que os seus ensinos eram nocivos, introduzindo encobertamente heresias de perdição.
No original grego, embora a palavra heresia (haeresis) tenha o sentido estrito de “fazer uma escolha”, no Novo Testamento ela denota uma escolha deliberada de rejeitar o verdadeiro ensino cristão, dando origem a doutrinas heréticas e movimentos sectários (1 Co 11.19; Gl 5.20).
A forma como a segunda epístola de Pedro defende a verdade apostólica chama a nossa atenção para a própria ideia de heresia.
Será que a heresia sempre foi combatida pelos cristãos ou foi uma invenção posterior ao cristianismo primitivo? Em outras palavras: Quem veio primeiro, a heresia ou a ortodoxia?
Ainda que para a grande maioria de nós a heresia seja realmente a deturpação de uma doutrina correta, é importante lembrar que há quem entenda de maneira contrária.
Nos últimos anos reacendeu a afirmação de que no início do cristianismo não existia uma ortodoxia cristã (unidade), mas somente a diversidade de interpretações doutrinárias.
Essa perspectiva defende que a ortodoxia seria a mãe da heresia. Eis a razão pela qual as heresias despertam a atenção e seduz as pessoas, com o slogan da diversidade e inclusivismo.
A esse respeito Will Herbert escreveu: “Hoje, as pessoas se vangloriam avidamente de serem hereges, esperando com isso se mostrarem interessantes; pois o que significa ser herege, senão ter mente original, ser um homem que pensa por si mesmo e rejeita credos e dogmas?” i.
No livro A heresia da ortodoxia, Andreas Kostenberger e Michael Kruger dizem que o que costumava ser considerado heresia é hoje a nova ortodoxia, e a única heresia que resta é a própria ortodoxia,
cujo “evangelho” da diversidade desafia abertamente a asserção de que Jesus e os cristãos primitivos ensinavam uma mensagem unificada que consideravam absolutamente verdadeira, bem como consideravam falsas quaisquer negações dessa mensagem ii.
O principal proponente dessa visão foi Walter Bauer, nascido em Konigsberg, Prússia Oriental, em 1877, lexicógrafo e estudioso alemão da Igreja Primitiva.
Em sua tese, Bauer argumentou que a diversidade contemporânea é boa e que o cristianismo histórico é excessivamente estreito em sua visão, mas também que o próprio conceito de ortodoxia é uma invenção posterior ao cristianismo primitivo, que não corresponde às convicções de Jesus nem dos primeiros cristãos.
Segundo Kostenberger e Kruger, antes do lançamento do livro de Walter Bauer [Orthodoxy and Heresy in the Earliest Christianity – Ortodoxia e Heresia no Início do Cristianismo, 1965],
havia ampla aceitação no pensamento teológico cristão que as raízes do cristianismo se encontravam na pregação unificada dos apóstolos de Jesus e que só posteriormente essa ortodoxia (crença correta) foi corrompida por várias formas de heresia (ou heterodoxia).
Desse modo, a ortodoxia precede a heresia. Contudo, em sua obra, Bauer inverte os fatores e afirma que a heresia (pluralidade de crenças, heterodoxia) veio antes da ortodoxia, como um conjunto normativo de crenças doutrinárias cristãs.
A metodologia empregada por Bauer, segundo afirma, foi fazer uma investigação nos quatro centros geográficos do cristianismo primitivo:
Ásia Menor, Egito, Edessa e Roma, chegando à conclusão que Roma, já em 95 d.C., tentou impor sua versão de ensino cristão ortodoxo ao resto da cristandade, consolidando sua autoridade eclesiástica, reescrevendo a história, removendo dela registros de formas divergentes de crenças.
Coube a Bart Ehrman popularizar a tese de Bauer, a qual ganhou novo fôlego com o surgimento do pós-modernismo e a ideia de que a verdade é inerentemente subjetiva e uma questão de poder.
Ao criticar a tese de Bauer Alister McGrath enfatiza que embora houvesse uma diversidade das comunidades cristãs no início do cristianismo, especialmente em virtude das diferenças geográficas, havia um fio unificador fundamental da fé cristã.
De acordo com McGrath, “a diversidade sociológica do cristianismo primitivo não era comparada a nada que se aproximasse, mesmo remotamente, de uma anarquia teológica” iii.
No início da era cristã, a Igreja Primitiva era fragmentada socialmente, e não havia nenhuma autoridade centraliza para “impor” as suas doutrinas essenciais, visto que a igreja não tinha poder político e muito menos militar.
Aliás, ao contrário disso, o Estado Romano era hostil ao cristianismo, vendo-o muitas vezes como subvertendo as visões religiosas tradicionais.
McGrath recorda que a convocação do Concílio de Niceia, por Constantino, em 325, pode ser interpretada como o primeiro passo na tentativa de criação de uma igreja imperial, uniforme.
Até então, o cristianismo era frágil sob o ponto de vista político. Por essa razão, McGrath rejeita a afirmação de Bauer, dizendo que ele projetou para o passado a influência de Roma sobre as igrejas, o que até então não existia.
O fato é que, segundo McGrath, a heresia possui uma gênese. Em meados do século III, uma narrativa de origem da heresia foi estabelecida dentro da igreja. Suas principais características segundo McGrath podem assim ser resumidas:
- A igreja fundamentada pelos apóstolos era “pura e imaculada”, mantendo-se firme nos ensinamentos de Jesus Cristo de Nazaré e das tradições dos apóstolos.
- A ortodoxia precedia temporalmente a heresia. Esse argumento é desenvolvido com particular vigor por Tertuliano, que insistia em afirmar que o primum é o verum.
Quanto mais antigo um ensinamento, mais autêntico ele é. Assim, a heresia é considerada inovação.
- Desse modo, a heresia será vista como um desvio deliberado de uma ortodoxia já existente. A ortodoxia veio primeiro, a decisão de rejeitá-la (ou alterá-la) veio depois.
- A heresia representa o cumprimento de profecias do NT sobre deserção e desvio dentro da igreja, e pode ser vista como um meio providencial pelo qual a fé dos crentes pode ser testada e confirmada.
- A heresia surge por meio do gosto pelo novo, ou ciúme e inveja por parte dos hereges como frustrados e ambiciosos, e relaciona as suas visões a um ressentimento por não terem alcançado o reconhecimento do alto comando eclesiástico.
- Vista de modo geral, a heresia é internamente incompatível, faltando-lhe a coerência da ortodoxia.
- As heresias individuais são geográficas e cronologicamente restritas, enquanto a ortodoxia se encontra espalhada pelo mundo.
- A heresia é o resultado da diluição da ortodoxia como filosofia pagã. Mais uma vez, Tertuliano é um defensor ferrenho dessa posição, argumentando que as ideias de Valetino derivavam do platonismo e do estoicismo de Marcião. Ele pergunta: o que Atenas tem a ver com Jerusalém.
Essa “visão aceita” sobre a origem da heresia foi amplamente admitida dentro do cristianismo até o início do século XIX.
Por outro prisma, Roger Olson escreve que os pais da igreja antiga, seguindo o exemplo apostólico, tiveram de reconhecer as afirmações da verdade legitimamente cristãs das que não eram, e,
para fazê-lo não podiam repetir simplesmente as palavras dos apóstolos, tiveram de reconhecer as afirmações da verdade legitimamente cristãs das que não eram,
e para fazê-lo não podiam repetir simplesmente as palavras dos apóstolos que circulavam nos evangelhos e à suposta tradição secreta, não-escrita, de ensinamentos adicionais passados a eles pelos apóstolos.
Diante desse pluralismo de afirmações de verdades conflitantes e mensagens sobre o cristianismo autêntico, os líderes eclesiásticos e os pensadores cristãos dos séculos II e III simplesmente tiveram de esclarecer as doutrinas.
Esse foi o começo do que denomino de diversas formas, grande tradição, a tradição consensual e a uniformidade interpretativa do cristianismo. iv
Desse modo, é incorreta a afirmação de que a heresia precedeu a ortodoxia.
A heresia, escreveu Alister McGrath, “parece ser cristã, mas é na verdade uma inimiga da fé, que espalha a semente da destruição” v.
Ela também pode ser comparada a um vírus, que se fixa dentro de um hospedeiro e, por fim, usa o sistema de replicação de seu hospedeiro para conseguir a dominação vi.
A sua característica básica é o afastamento da verdade apostólica, ou seja, as doutrinas ensinadas pelos apóstolos do Senhor.
Considerando o perigo que representam à fé cristã em geral e ao crente em particular, Pedro diz que são heresias de perdição, isto é, ensinamentos que destroem princípios éticos e doutrinários.
“Aqueles que negam o ensinamento apostólico e distorcem a Escritura, opõem-se, por essa razão, a Deus e trazem destruição para si mesmos e para todos os que seguirem o erros deles” vii.
Observe o modus operandi dos falsos mestres: eles introduzem suas heresias encobertamente, de modo dissimulado. Quase nunca confrontam abertamente a ortodoxia bíblica.
Em vez disso, de maneira secreta, sorrateira, desprezam doutrinas elementares da fé, a exemplo da inerrância e inspiração das Escrituras, e adotam métodos hermenêuticos espúrios.
Negam ao Senhor que os resgatou
É preciso concordar com Warren Wirsbe quando afirma que os falsos mestres são mais conhecidos por aquilo que negam do que por aquilo que afirmam.
Eles rejeitam a inspiração da Bíblia, o caráter pecaminoso do ser humano, a morte sacrificial de Jesus Cristo na cruz, a salvação somente pela fé e até mesmo a realidade do julgamento eterno viii.
Em especial, negam a divindade de Jesus Cristo, pois sabem que, se eliminarem sua divindade, podem destruir a verdade cristã ix.
Isso é o que Pedro quer dizer quando afirma que os falsos mestres “negarão o Senhor que os resgatou”.
Uma clara evidência da falsidade de um ensino é tratar Jesus somente como um grande ensinador ou mestre moral, e rejeitar a sua deidade.
O próprio Jesus tinha total convicção de sua autoridade. Ele disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30).
E depois da sua ressurreição dos mortos afirmou: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18).
Cristo não se considerava um simples sábio, um mero homem de moral elevada ou somente um profeta. Ele sabia que era o filho unigênito de Deus, enviado com o propósito de proporcionar redenção ao homem.
Essa questão não é trivial. A forma como Jesus se auto-identificava serve como parâmetro fundamental no modo como as pessoas o veem. C. S. Lewis, um dos maiores escritores cristãos do século XX, dizia que é uma tolice as pessoas afirmarem:
“Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de ser Deus”.
Afinal, um homem que fosse um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral, mas sim um lunático ou coisa pior.
Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco, pois ele nunca nos deixou a opção de considerá-lo como simples mestre humano.
Lewis também observa que parece ser óbvio que Jesus não era lunático, muito menos um demônio. Por isso, precisamos reconhecer que ele era, e é Deus. “Deus chegou sobre forma humana no território ocupado pelo inimigo” x.
Erwin Lutzer nos aconselha a esquadrinhar os horizontes religiosos, lendo a vida dos grandes mestres religiosos de todos os tempos; não apenas o que ensinaram, mas também o que disseram acerca deles mesmos.
Ao buscar um Salvador qualificado e sem pecado você descobrirá que Cristo não tem rival:
“Se houvesse outro que reivindicasse inculpabilidade, teríamos prazer em checar suas credenciais pra ver como elas se comparam com as de Cristo.
Mencione a exigência de inocência e o campo religioso se define; só um homem permanece. Cristo vive de acordo com seu nome!”. xi
Vale lembrar também que os evangelhos estão repletos de curas e milagres realizados por Cristo, a exemplo da transformação de água em vinho, multiplicação de pães, curas de aleijados, cegos e outras doenças.
O milagre é uma intervenção divina na natureza. Contudo, o milagre mais magnífico em Jesus é a sua ressurreição dos mortos.
A vitória dEle sobre a morte, diz o apóstolo Paulo, é um dos pilares da fé cristã: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Co 15.14).
A ressurreição de Jesus é um evento histórico, não um mito, e por isso é possível assegurar que temos elementos consistentes para acreditar no túmulo vazio.
Algumas pessoas tentaram provar que Jesus nunca ressuscitou, mas no final acabaram se convencendo do contrário.
Uma dessas pessoas foi Frank Morison, um jornalista inglês que se lançou a provar que a história da ressurreição de Cristo não passava de um mito.
Porém, suas pesquisas o levaram a crer no Jesus ressurreto, resultando no livro Who Moved the Stone? (Quem moveu a pedra?).
II – Características dos Falsos Mestres
Fazem seguidores e conduzem à libertinagem (2.2)
Lamentavelmente, os impostores da fé sempre alcançam êxito na tarefa de arrebanhar ouvintes e seguidores, geralmente pessoas incautas que são levadas por qualquer vento de doutrina (Ef 4.14).
O ser humano possui um anseio inato por Deus, pois foi criado como um ser espiritual.
Todavia, diante da sua condição caída e pecadora, acaba substituído o Deus verdadeiro e a sua Palavra por ídolos construídos por ele próprio, a exemplo do episódio do bezerro de ouro (Ex 32).
A tática dos falsos mestres é idêntica àquela utilizada pelos falsos profetas: falar o que o povo quer ouvir (Jr 5.31; 29.8; Mq 2.11).
Em razão disso, Pedro afirma que muitos seguem as suas práticas libertinas (v.2, ARA).
Tal se deve porque, enganadores religiosos não propagam somente falsas doutrinas, mas também falsas condutas.
Ao distorcerem a Palavra de Deus, como fez a serpente no Éden, levam os seus seguidores à libertinagem e às práticas imorais, denegrindo o Evangelho diante do mundo.
Pelos quais será blasfemado o caminho da verdade, prossegue Pedro. Segundo Michael Green, “existe um só caminho da verdade, o próprio Je¬sus Cristo (Jo 14.6); é por isso que a negação dEle é a mesma coisa que o afastamento da verdade”.xii
A advertência apostólica contra os ensinos que conduziam à imoralidade era crucial naquele momento.
Além do gnosticismo, a comunidade cristã também padecia com os ensinos heréticos dos antinomistas.
Estes apregoavam a desnecessidade dos crentes seguirem princípios éticos, ao argumento de que os preceitos morais da Lei de Deus não teriam mais validade após a morte de Cristo.
Para os falsos mestres, não há qualquer problema em ser crente e ao mesmo tempo viver deliberadamente no pecado.
“Jesus só quer o coração” é a frase que melhor resume este ensinamento insidioso. Esta mentira satânica enganou muitas pessoas naquele tempo e continua a seduzir muitos crentes, inclusive jovens, nos dias de hoje.
Paulo combateu aqueles que achavam que por causa da graça de Deus podiam continuar numa vida dissoluta (Rm 6.1-4). A graça divina, afinal, não justifica a continuidade no pecado!
Como consequência dos falsos ensinos e suas práticas, Pedro enfatiza que o caminho da verdade é blasfemado.
Ou seja, ao deturpar o Evangelho, os impostores trazem escândalo à igreja e envergonham o nome de Cristo.
Buscam lucro e proveito próprio (2.3a)
Outra marca dos falsos mestres é a busca do lucro financeiro por meio da fé.
Movidos pela avareza, eles tratam os seus seguidores como mercadorias, fazendo deles negócio com palavras fingidas. Eles fazem da religião a fonte dos seus lucros.
Certamente, como ensina Lawrence Richards, “não devemos nos precipitar e considerar alguém como um ”falso mestre” com base na sua renda financeira.
A questão aqui é a motivação e a exploração financeira” xiii. Exploradores da fé não amam as pessoas, amam o dinheiro.
Eles não estão preocupados com o crescimento espiritual dos crentes, e sim com o próprio benefício financeiro. Judas diz que eles são pastores que “apascentam a si mesmos”.
Naquela época, muitos desses falsários espirituais cobravam para realizar suas práticas religiosas. Em nossos dias não é diferente.
Em muitos casos, há quem use o ministério cristão com propósitos egoístas, com os olhos voltados para o lucro financeiro.
Que Deus nos dê sabedoria para discernir entre o falso e o verdadeiro, entre aqueles que servem a Deus e aqueles que servem aos seus interesses pessoais dentro da igreja!
III – O Julgamento dos Impostores da Fé
Uma sentença decretada (2.3b)
Pedro finaliza o verso 3 dando um alento aos fiéis que clamam por justiça. O tempo dos falsos mestres está terminando; o destino deles é certo: a condenação final.
Ninguém poderá livrá-los da sentença do Justo Juiz, porquanto hão de pagar o preço pelos seus falsos ensinamentos e pelas vidas que desviou da verdade.
Em sua Palavra, Deus sempre deu a conhecer a sentença sobre os impostores religiosos (Dt 13.1-5; Ap 21.8).
No Julgamento Final, nem mesmo o fato de dizerem que profetizaram, expulsaram demônios ou fizeram maravilhas no nome de Deus será suficiente para livrá-los. Jesus lhes dirá:
“Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.23).
O Deus de justiça (2.4-9)
O apóstolo comprova a certeza da severa condenação divina com base em três condenações anteriores: a rebelião angelical, a geração pré-diluviana e as cidades de Sodoma e Gomorra. “(…) se Deus condenou os anjos que pecaram lançando-os no inferno, se Deus condenou o mundo antigo destruindo-o pelo dilúvio, se Deus condenou as cidades da planície reduzindo-as a cinzas, então é absolutamente certo que os falsos mestres também receberão a sua condenação” xiv.
Esta passagem enaltece a justiça e a imparcialidade de Deus. Ele é amor, mas é também justiça (Sl 50.6).
De modo claro, essa passagem das Escrituras confronta os falsos ensinos que negam a ideia do inferno e da punição eterna para os pecadores.
Nesse sentido, o universalismo – linha teológica que afirma que todos os homens estão destinados à salvação eterna – não encontra qualquer respaldo no texto sagrado.
Pedro contrasta a condenação dos ímpios com o livramento dos justos. Ele recorda que Deus guardou a Noé e sua família, e livrou a Ló.
Evidentemente, isso é uma prova do favor divino em benefício dos pecadores arrependidos.
O perdão de Deus está disponível àqueles que abandonam o pecado e passam a viver inteiramente para Ele, mediante a graça.
Por essa razão, não é possível conceber a ideia segundo a qual a salvação é uma ação divina incondicional, sem a necessária correspondência por parte do homem.
A condição da salvação é estar em Cristo, permanecendo fiel à sua Palavra. Isso pressupõe fé e arrependimento dos pecados.
Desde a queda do primeiro casal, as mentiras de Satanás e as heresias provindas da obra da carne (Gl 5.20) tentam afastar os homens da verdade de Deus, por meio da sedução e do engano.
Conclusão
Como vimos, nesta segunda epístola Pedro adverte os crentes sobre os perigos dos falsos mestres e seus ensinos heréticos, os quais distorcem as doutrinas bíblicas e conduzem as pessoas a um padrão de vida imoral.
A mensagem do apóstolo Pedro ecoa com grande intensidade para a igreja contemporânea, num tempo de falsa tolerância e pluralismo religioso, que tenta a todo custo colocar Jesus ao lado de outros deuses e transmitir a ideia de que todos os caminhos conduzem a Deus. Todavia, a verdade nunca se confunde com a mentira!
Notas e referências do Capítulo 11
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens
i MCGRATH, 2014, p. 8.
ii KOSTENBERGER, Andreas J., KRUGER, Michael. A heresia da ortodoxia. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 18.
iii MCGRATH, Alister. Heresia: uma história em defesa da verdade. São Paulo: Hagnos, 2014, p. 60.
iv OLSON, 2004, p. 43.
v MCGRATH, 2014, p. 46-47.
vi Idem.
vii ZUCK, 2016, p. 517.
viii WIRSBE, 2007, p. 577.
ix Idem.
x LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: Martins Fontes. 2005, p. 68-71.
xi LUTZER, Erwin. Cristo entre outros deuses: uma defesa da fé crista numa era de tolerância. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p. 81.
xii GREEN, 1983, p. 92.
xiii RICHARDS, 212, p. 974.
xiv ARRINGTON; STRONSTAD, 2015, p. 937.