LIÇÃO 13 – O DESTINO FINAL DOS MORTOS
A morte física não é senão o início de nossa existência na eternidade.
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INTRODUÇÃO
– No encerramento do estudo sobre a escatologia, analisaremos a questão do destino final dos mortos.
– A morte física não é senão o início de nossa existência na eternidade
I – OS SIGNIFICADOS DISTINTOS DE MORTE NA BÍBLIA SAGRADA
– Complementando este trimestre letivo em que estudamos a escatologia, analisaremos a questão do destino final dos mortos, a doutrina bíblica da morte que, para muitos, notadamente os amilenistas, é o principal tema de trata a escatologia.
– A morte física, ou seja, a separação entre o corpo (homem exterior) e a alma e o espírito (homem interior) é a passagem do ser humano para a eternidade e, logicamente, trata-se de um tema que tem a ver com a escatologia, pois, no momento em que ingressamos no “mundo do além”, temos já definida nossa situação espiritual de forma definitiva e irreversível.
– O apóstolo Paulo demonstrava aos coríntios que o crente, embora seja um vaso de barro, tem um tesouro excelente dentro de si, tesouro este que o mantém esperançoso apesar de todas as dificuldades que o cercam nesta jornada sobre a face da Terra (II Co.4:7-10).
– Esta realidade da vida traz, também, uma postura do crente em relação à morte, pois, como disse o escritor aos hebreus, “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb.9:27), postura esta que o apóstolo anuncia ser completamente distinta com relação aos demais homens, que não têm Cristo.
O salvo em Jesus Cristo tem esperança, sabendo que, assim como Jesus ressuscitou, também ele ressuscitará e será apresentado ao Senhor com toda a Igreja (II Co.4:14).
– A morte é, sem dúvida, um dos fatos que mais intrigam o ser humano. Registros de todas as comunidades humanas, em todas as épocas e em todos os estágios civilizatórios, mostram que o tema da morte é uma questão com a qual o homem sempre se depara, sem saber como dela cuidar.
Esta perplexidade do homem diante deste tema é, aliás, mais uma demonstração de que a morte surge como um elemento intruso, inadequado e indevido na existência humana.
– A Bíblia mostra claramente que o homem não foi feito para morrer.
O homem foi criado para ser imagem e semelhança de Deus (Gn.1:26,27), um verdadeiro reflexo da divindade na criação e, por isso, a eternidade, que é um dos atributos divinos mais proeminentes (Gn.21:33; Dt.33:27), tinha de ser vista no ser humano, ainda que como uma eviternidade, ou seja, uma existência que tivesse princípio mas não tivesse fim.
– No entanto, a morte era uma possibilidade para o homem, pois o próprio Deus assim o quis, dizendo ao homem que a morte seria consequência da sua desobediência (Gn.2:17).
O primeiro casal pecou e, como consequência do pecado, tivemos a inserção da morte na existência humana. Por isso, é dito que o salário do pecado é a morte (Rm.6:23).
– Morte significa separação e, a partir do pecado, houve, de imediato, uma separação entre Deus e o homem. Esta separação deu-se logo naquele dia, quando o Senhor Se apresentou no jardim.
A Bíblia diz-nos que o primeiro casal procurou fugir da presença de Deus (Gn.3:8), a demonstrar, pois, que não havia mais a comunhão entre Deus e o homem, que o pecado havia produzido a separação entre o Criador e a sua mais sublime criatura sobre a face da Terra (Is.59:2).
– Vemos, nesta atitude do homem, a morte espiritual, que é o primeiro significado da morte para o ser humano. A morte espiritual é a separação entre Deus e o homem, é a ausência de comunhão entre Deus e o homem.
É chamada de “morte espiritual” porque é o espírito humano que promove este elo de ligação entre Deus e o homem, daí porque se dizer que, quando o homem aceita a Cristo como seu Senhor e Salvador, há a vivificação do espírito (I Co.15:22), bem como que o homem, antes da salvação, está morto em seus delitos e pecados (Ef.2:1).
– Como consequência da morte espiritual, vemos que houve, também, uma morte moral do ser humano. Tendo sido descoberto por Deus na sua inútil tentativa de d’Ele se esconder, o homem é posto diante da presença do Senhor e vemos, então, não mais o ser que era a imagem e semelhança de Deus, cônscio de seus deveres e responsabilidades, cientes de seus direitos, mas alguém que não assume qualquer responsabilidade, que procura culpar o próximo, mesmo sendo a pessoa que tanto amava.
Adão, diante do seu erro, tenta culpar sua mulher e esta, por sua vez, acusa a serpente.
– O homem, espiritualmente morto, também se encontrava moralmente morto. A morte moral é decorrência direta da morte espiritual. A morte espiritual separou o homem de Deus, enquanto que a morte moral separou o homem do seu próximo.
O ser humano não mais passou a amar o semelhante, a amar o próximo, mas a ser egoísta, querendo apenas o interesse próprio, enxergando somente a si mesmo.
Adão quis se safar de qualquer punição, imputando a Eva toda a responsabilidade e Eva, por sua vez, fez o mesmo, imputando tudo à serpente (Gn.3:12,13).
O homem se encontrava separado do próximo, encontrava-se separado da virtude, do que é certo. Era a morte moral deste ser que havia sido feito com capacidade de discernimento.
Estavam separados da liberdade e seu desejo, agora, estava escravizado pelo pecado (Gn.4:7).
– Mas não é apenas a morte espiritual ou a morte moral que advêm por causa do pecado. Ainda naquele fatídico dia da queda do primeiro casal, Deus impôs uma outra consequência do pecado, a saber: a morte física.
“No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra, porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn.3:19).
Deus determinou que, por causa do pecado, passasse o ser humano a ter uma degeneração de seu corpo físico, até que ele se separasse do homem interior (alma e espírito), que é a morte física.
O corpo, feito do pó da terra, teria de voltar a esta terra, voltar a ser pó, o que ocorreria no momento determinado por Deus, quando, então, ocorreria a separação entre o homem exterior e o homem interior.
– A morte física foi, assim, a segunda espécie de morte que surge para o homem, morte esta que não escolhe idade nem tem uma causa certa ou predeterminada.
O primeiro homem cuja morte física é narrada na Bíblia foi Abel, filho de Adão e de Eva, mais jovem do que eles, portanto, que morreu de “morte matada”, ou seja, foi vítima de crime praticado por seu irmão Caim, a chamada morte violenta (Gn.4:8).
Depois, o próprio Adão é apresentado como tendo morrido, depois de ter vivido 930 anos após a perda da imortalidade (sim, o tempo de vida de Adão nos é desconhecido, apenas sabemos que viveu 930 anos depois que foi sentenciado à morte física por Deus).
É o exemplo de morte natural, morte decorrente da degeneração do organismo, diante da sentença divina dada no jardim do Éden (Gn.5:5).
– Mas também Deus mostraria que as pessoas também morrem por conta de um juízo divino, como ocorreu quando do dilúvio, quando o Senhor resolveu destruir o gênero humano da face da Terra por causa da sua impiedade (Gn.7:21).
Mas ainda há o caso da morte por enfermidade, por uma doença ou por complicações orgânicas que acometem o homem e aceleram o processo de degeneração, como aconteceu com Raquel (Gn.35:18,19) ou com Jacó (Gn.48:1; 49:13).
– Ainda que seja por causas várias, o fato é que ninguém escapa da morte física, todos quantos nasceram sobre a Terra, morreram fisicamente, sejam ricos ou pobres, doutos ou indoutos, homens ou mulheres, fiéis ou infiéis.
A morte física é inevitável, é o resultado de uma sentença dada por Deus a toda a humanidade, através do primeiro casal (Ec.9:5 “in initio”), algo que somente Cristo mudaria, como adiante se verá nesta lição.
– Mas, além da morte espiritual, da morte moral e da morte física, a Bíblia fala-nos da morte eterna ou “segunda morte” (Ap.20:14), que é a separação eterna de Deus, resultado da condenação no julgamento final, quando, então, aqueles que resolveram viver longe da presença de Deus, que recusaram o Seu senhorio em suas vidas, serão lançados no lago de fogo e de enxofre para todo o sempre. Esta separação é definitiva e não representa aniquilamento ou fim da existência, mas uma separação eterna e irreversível de Deus.
II – O ESTADO INTERMEDIÁRIO DOS MORTOS
– Pelo que podemos verificar, portanto, segundo as Escrituras, o homem, feito para viver para sempre, acabou por escolher a morte, visto que desobedeceu a Deus e, ao pecar, d’Ele se separou. Esta separação nada mais é que a própria morte em si.
– A salvação do homem é precisamente a iniciativa divina para que o homem torne a ter vida, volte a ter comunhão com o seu Criador.
Já no Éden, Deus prometeu ao homem que seria desfeita a inimizade que se instalou entre Ele e o homem por causa do pecado, prometendo que da semente da mulher surgiria um que reataria a amizade entre Deus e o homem (Gn.3:15).
– Não é por outro motivo que o Senhor Jesus diz que quem n’Ele crê passa da morte para a vida (Jo.5:24), bem como que n’Ele crê não perece mas tem a vida eterna (Jo.3:16), como também que não mais chamaria os Seus discípulos de servos mas de amigos (Jo.15:15).
– Jesus veio trazer a possibilidade para que o homem retome a sua comunhão com Deus, passando a ter vida em todos os sentidos, ou seja, tendo o pronto restabelecimento de sua vida espiritual, de sua vida moral e, ainda, a certeza da vida eterna.
O único obstáculo para que haja uma completa restauração da situação anterior ao pecado é, precisamente, a morte física, visto que a carne e o sangue não herdarão o reino de Deus (I Co.15:50), visto que o nosso corpo físico foi afetado pela corruptibilidade por causa do pecado e, agora, deverá ser transformado em outro corpo, um corpo glorioso pelo qual poderemos entrar nas mansões celestiais, assim como ocorreu com Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (I Co.15:52-54; Fp.3:20,21).
– Mas quando ocorrerá esta transformação do corpo para o salvo? Paulo deixa bem claro, tanto na primeira carta aos coríntios, quanto na primeira carta aos tessalonicenses, que isto ocorrerá, para os salvos em Cristo Jesus, quando do arrebatamento da Igreja, evento ainda não ocorrido.
Diante disso, vemos, com clareza, que há um instante na vida de cada ser humano entre a sua morte física até o dia do arrebatamento da Igreja (para os salvos) e o juízo do trono branco, também chamado de “juízo final” em que as pessoas que morreram fisicamente aguardarão a ressurreição, ou seja, a reunião de espírito, alma e corpo para enfrentar o julgamento divino, pois, depois da morte, segue-se o juízo (Hb.9:27).
É a esta situação entre a morte física e a ressurreição que se denomina de “estado intermediário dos mortos”, em que houve já a morte física, mas ainda não se tem a ressurreição e o julgamento do destino eterno do indivíduo.
– Muito se especula sobre o estado intermediário dos mortos, assunto que não é minudentemente tratado nas Escrituras, o que se entende pelo simples fato de que nossa decisão em relação à salvação deve ser dada nesta vida.
Deus, ao revelar Seu plano ao homem, quis que o homem tomasse uma decisão no momento oportuno e este momento é o da sua vida sobre a face da Terra. Aqui é o instante em que devemos crer ou não em Cristo e alcançar a vida eterna.
Depois que dermos aqui o último fôlego de vida, nosso destino já estará selado e não há, mesmo, qualquer utilidade em se saber o que se passa “do outro lado da vida”. As Escrituras, desta maneira, estão muito mais voltadas para explicar qual é o destino eterno do homem do que em dar pormenores de um estado que é, ademais, passageiro.
– De qualquer maneira, não há um silêncio completo da Bíblia a respeito. Embora sem precisar detalhes, o texto sagrado mostra-nos que o estado intermediário dos mortos inicia-se com uma decisão imediata, um juízo provisório de Deus a respeito de onde aguardará a pessoa o seu julgamento.
– Com efeito, a Bíblia diz que, quando há a morte física, o corpo volta ao pó da terra, em cumprimento à sentença divina exarada sobre a humanidade pecadora, enquanto que o homem interior (alma e espírito) apresenta-se diante do Senhor (Gn.3:19; Ec.12:7; Rm.5:12).
O corpo, que é matéria, desfaz-se, corrompe-se (I Co.15:42; II Co.4:16), enquanto que a alma e o espírito são levados à presença de Deus, pois têm origem direta do Senhor (Gn.2:7), quando, então, num “juízo provisório”, são mandados ou para o Paraíso ou terceiro céu (Lc.23:43; II Co.12:4; Ap.2:7), se foram fiéis ao Senhor Jesus e alcançaram a vitória guardando a fé (Mt.24:12; II Tm.4:7), ou, então, são encaminhados para o Hades, o lugar dos mortos, i.e., daqueles que tiveram uma vida separada de Deus, que se mantiveram debaixo do pecado, onde aguardarão, entre tormentos, o dia do juízo final (Lc.16:23).
– Na história que Jesus contou a respeito do rico e de Lázaro (Lc.16:19-31), o Senhor Jesus mostra-nos, claramente, que o estado intermediário dos mortos é um estado de plena consciência, ou seja, não se trata de um “sono profundo” em que alma e espírito aguardam a ressurreição.
Jesus deixa-nos bem claro que tanto o rico quanto Lázaro, enquanto aguardavam a ressurreição (e estão a aguardar até o dia de hoje), tinham plena consciência de onde estavam e porque ali estavam.
Os tormentos vividos pelas almas que se encontram no Hades é, precisamente, a certeza de que não há para elas mais oportunidade de salvação, de que tudo quanto havia sido pregado a elas a respeito do Evangelho de Cristo é a realidade e que a incredulidade deles levou-os a uma irreversível e eterna separação de Deus. Quer maior tormento do que este?
– Muitos advogam a tese da “inconsciência” do homem interior durante este estado intermediário diante de expressões bíblicas como “dormir no Senhor” (I Ts.4:13-15).
No entanto, devemos observar que a expressão “dormir” não significa que eles estejam inconscientes, mas, sim, dois pontos importantes:
- a) que eles estão em descanso, ou seja, que não sofrem tormentos nem aflições, pois, ao contrário dos que se encontram no Hades, têm uma paz incomensurável, pois sabem que fizeram a escolha certa, que creram na verdade e, por isso, o que os aguarda é a vida eterna com o Senhor.
- b) que eles não têm consciência do que acontece aqui na Terra. Eles não sabem nem tem acesso aos fatos e acontecimentos deste mundo e, neste aspecto, e só neste, é que são inconscientes.
– Que não há inconsciência vemos no episódio da história do rico e Lázaro. Defendem alguns que ali se teria uma “parábola”, ou seja, não seria um fato real, mas apenas um ensino de Jesus. Mas, ainda que se tivesse uma parábola, Jesus não iria se utilizar de uma história que não correspondesse à realidade espiritual, pois aí estaria a distorcer a verdade para ensinar, o que é inadmissível em se tratando da própria verdade (Jo.14:6).
Também, quando observamos as palavras de Jesus ao ladrão arrependido, como admitir que ele saberia que estaria com Jesus no Paraíso naquele mesmo dia se tanto ele quanto Jesus ficassem inconscientes diante da morte física?
E nem se diga que Jesus ressuscitou, pois a Sua ressurreição se deu ao terceiro dia e, portanto, não haveria como saber que o ladrão estava com ele no primeiro dia de morto.
– Mas analisemos mais detidamente o uso da expressão “dormir no Senhor”. O apóstolo Paulo inicia seu ensino a respeito da morte física aos crentes de Tessalônica, informando que os crentes falecidos “dormiam”, fazendo, assim, uma grande distinção entre os crentes falecidos e as demais pessoas que haviam morrido.
A expressão “dormiam” (em grego, κοιμωμένων, i.e., “koimoménon”) que surge neste que é, talvez, o primeiro escrito do Novo Testamento, será repetida por mais quatorze vezes nas Escrituras, sempre se referindo a morte de pessoas crentes (Mt.27:52- santos que ressuscitaram depois de Jesus; Jo.11:11- Lázaro; At.7:60 – Estevão; At.13:36 – Davi; I Co.7:39 – marido crente; I Co.11:30 – crentes em Corinto; I Co.15:6,18,20,51 – crentes falecidos; I Ts.4:13,14,15 – crentes falecidos em Tessalônica; II Pe.3:4 – crentes falecidos da primeira geração da igreja).
Assim, é uma expressão reservada para os crentes, para os fiéis, que não se reproduz com relação à morte física dos ímpios.
– O uso desta expressão por parte do apóstolo já demonstra haver, pois, uma diferença entre a morte física dos crentes e a morte física daqueles que não haviam aceitado a Cristo como seu Senhor e Salvador, o que já é um indicador de que não se refere a um estado do homem após a morte física, como têm entendido alguns segmentos religiosos, em especial, os adventistas.
A utilização de uma expressão diferenciada para designar a morte física dos crentes reflete uma distinção de destino entre uns e outros, o que, de pronto, já revela não ser possível considerar que, após a morte física, tanto crentes quanto ímpios participarão de um estado de inconsciência.
– A expressão “dormiam” aqui foi empregada por Paulo em significado figurado, ou seja, não deve ser considerado do ponto-de-vista literal, mas revela que havia um descanso, que havia apenas uma interrupção do convívio dos crentes falecidos com os que ainda viviam, assim como acontece quando estamos dormindo.
Quando dormimos, separamo-nos daqueles com quem convivemos.
Estamos presentes em corpo, mas ausentes, separados de todos aqueles que estão à nossa volta, inconscientes em relação aos que nos cercam, mas vivos e ativos na dimensão interna do nosso inconsciente, onde, inclusive, temos sonhos, sonhos estes que, como têm os psicólogos revelado ao longo dos anos, muito nos revelam a respeito de nosso mundo interior e até fazem associações que o estado de acordado não nos permite atingir.
– Quando Paulo usa a expressão “dormiam”, em hipótese alguma estava dizendo que, quando uma pessoa morre, ela passa a ficar inconsciente, a ter um sono espiritual que somente terminará quando da volta de Cristo ou do julgamento final.
Se Paulo estivesse dizendo isto, estaria contradizendo o próprio Jesus, que, ao relatar a história do rico e de Lázaro, mostra claramente que, após a morte, a pessoa mantém plenamente a sua consciência, sendo levada a um lugar onde aguardará ou a primeira ressurreição, ou a ressurreição do último dia (Ap.20:5,12 e 13).
– Se Paulo estivesse dizendo que os homens, ao morrerem, entram num estado de inconsciência, estaria contradizendo o próprio ministério de Jesus Cristo, que, ao se transfigurar, conversou e teve a companhia de Elias e de Moisés, tendo este último morrido fisicamente (Dt.34:5).
Como ainda não havia ocorrido seja a primeira ressurreição, seja a ressurreição do último dia, como o libertador de Israel poderia estar consciente naquele evento?
E, o que é relevante, uma testemunha desta aparição, o apóstolo Pedro, é precisamente um dos escritores que se refere à morte física do crente como sendo “dormir” (I Pe.3:4).
– Se Paulo estivesse dizendo que os homens, ao morrerem, entram num estado de inconsciência, estaria contradizendo o próprio Jesus Cristo que, quando indagado sobre a ressurreição, pelos saduceus, disse que Deus Se identificou a Moisés como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó porque era um Deus de vivos e não de mortos (Mc.12:27), acrescentando ainda que eles, saduceus, erravam muito por entenderem que a morte física era o fim de tudo.
– Vemos, portanto, que não há como se defender que a morte física é uma circunstância de inconsciência por parte do homem, até porque, como vimos, a morte física é tão somente a separação do corpo do homem interior, pois o que Deus sentenciou foi o retorno do pó à terra e o homem interior não veio do pó da terra, mas do fôlego de vida inserido no homem pelo próprio Deus (Gn.2:7).
– Paulo utiliza-se da expressão “dormiam” precisamente para mostrar aos crentes de Tessalônica que a morte física para o crente era um estado de separação da comunidade, mas uma separação temporária, passageira, assim como é a separação daquele que dorme dos seus familiares.
Quando dormimos, separamo-nos daqueles com quem convivemos por um período de tempo, sem, no entanto, deixar de viver, sem que nem sequer deixemos de ter atividades psíquicas e mentais.
Vezes há, até, em que, no sono, Deus mesmo Se revele ao homem, através de sonhos, como há diversos registros nas Escrituras, mais um fator a nos mostrar que o sono indica inatividade apenas para aqueles que cercam o que dorme e que, em momento algum, signifique suspensão de vida, como, erroneamente, defendem os adventistas, capitaneados por Ellen White.
– Paulo, ao usar esta expressão, que se consagraria nos escritos do Novo Testamento, que foi fruto da inspiração do Espírito Santo, a um só tempo, mostra que a morte física é um estado passageiro, como é o sono, como também revela que há apenas uma aparência de inatividade para os que convivem com o falecido, para a comunidade, mas que não deixa de haver vida, de haver atividade, a atividade do homem interior, a consciência no relacionamento com Deus.
– Ao dizer que os crentes falecidos “dormem”, entretanto, o apóstolo deixa também claro que não há como haver comunicação entre os crentes que estão vivos e os que “dormiram”.
Mais uma vez, de forma peremptória, as Escrituras indicam-nos não ser possível a comunicação entre vivos e mortos, assim como não pode alguém que está acordado se comunicar com alguém que está dormindo.
– Muitos, aliás, se impressionam com a tese da inconsciência após a morte física exatamente para demonstrar que os mortos não se comunicam com os vivos, tese esta que é a própria essência do espiritismo.
O Pequeno Dicionário Enciclopédico Koogan-Larousse define espiritismo como sendo “ a doutrina cujos partidários pretendem provocar a manifestação dos ‘espíritos’, em particular a das almas dos defuntos, e entrar em comunicação com eles, através de um mediador a que chamam médium” (p.337).
O próprio Allan Kardec, considerado o “codificador da doutrina espírita”, em seu Livro dos Espíritos, afirma que “…a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível…”(Trad. de J. Herculano Pires. São Paulo: FEESP, s.d., p.19). Assim, é espírita quem crê que os mortos podem se comunicar com os vivos.
– Entretanto, não há a necessidade de se crer na tese da inconsciência do homem após a morte física para se negar o espiritismo, como defende Ellen White.
A expressão “dormiam” significa precisamente isto: não há comunicação entre mortos e vivos, assim como não há comunicação entre quem dorme e quem está acordado, mas isto, em absoluto, significa que o que dorme está inativo ou sem vida.
OBS: No capítulo 34 de sua obra A um passo do Armagedom, Ellen White, a principal doutrinadora do adventismo, faz a correlação entre a crença na comunicação entre vivos e mortos com a da consciência do homem após a morte física, o que, como se vê, não tem qualquer respaldo ou fundamentação.
Ademais, para White, a ideia da imortalidade da alma teria origem pagã, o que, como vimos, é apenas uma meia verdade. O paganismo fala da imortalidade da alma, mas é a Bíblia quem ensina que o homem foi feito para ser imortal.
– Por causa disto, também, não podemos, de modo algum, concordar com alguns “testemunhos” que têm sido proferidos por simpatizantes do sr. Ouriel de Jesus, de diálogos e conversas entre crentes falecidos, que estariam no “paraíso”, no “terceiro céu”, e crentes que estão conosco aqui, esperando Jesus.
Tais “experiências” são sem qualquer respaldo bíblico e, se não forem farsas ou fraudes, nada mais são do que manifestações demoníacas, idênticas às manifestações mediúnicas dos kardecistas.
Os crentes que morrem fisicamente “dormem”, ou seja, não se comunicam com os que com ele pertenciam a parte do corpo de Cristo que está viva aguardando a volta do Senhor Jesus.
– Mas, poderão alguns dizer que Jesus Se comunicou com Elias e com Moisés no monte da transfiguração, o que, aliás, dissemos há pouco como prova de que não há inconsciência após a morte física.
Entretanto, se bem verificarmos o episódio, que é descrito tão somente por Mateus, veremos que Jesus, antes de conversar com os dois homens de Deus, Se transfigurou (Mt.17:2,3), no único episódio em todo o Seu ministério em que Sua humanidade foi absorvida pela Sua deidade.
Com isto, temos claramente que não foi o homem Jesus, ainda vivo, que conversou com Moisés, mas, sim, o Filho de Deus, na plenitude da Sua glória. Enquanto Deus, Jesus poderia, sim, conversar com os mortos, porque Deus não é Deus de mortos, mas Deus de vivos, para Ele não há esta barreira, que é fruto do pecado na vida humana.
Assim, ao Se transfigurar para poder dialogar com quem já passou desta dimensão física da vida, Jesus, uma vez mais, confirma que não há comunicação entre os homens vivos e os homens que já morreram fisicamente.
Ademais, observemos que nenhum dos discípulos conversou com Moisés e Elias, apenas Jesus, enquanto esteve transfigurado.
– Paulo, ao usar da expressão “dormiam”, portanto, não disse que os que morrem ficam inconscientes, mas apenas afirmou que os que morrem não mais se comunicam com os vivos e desfrutam de um estado passageiro, transitório, que se encerrará com a ressurreição.
– Como se isto fosse pouco, vemos, com absoluta clareza, que os mortos não estão inconscientes na abertura do quinto selo em Ap.6:9-11, onde os mártires da Grande Tribulação, que se encontravam debaixo do altar, clamam por justiça ao Senhor, a demonstrar, portanto, que eles estavam perfeitamente conscientes apesar de se encontrarem já mortos, sem terem ainda ressuscitado, o que ocorrerá tão somente quando da vitória de Cristo sobre as bestas e o início do milênio (Cf. Ap.20:4).
Aqui se verifica que, apesar de estarem conscientes, não havendo qualquer “sono da alma”, estas almas não têm a mínima noção do que está a se passar na Terra, nada lhes sendo revelado, mas apenas informado que deveriam ainda aguardar um pouco mais para que a justiça divina se fizesse.
– Outro ponto importante a ser salientado é que não há qualquer base bíblica para a doutrina romanista do Purgatório, doutrina esta criada a partir do século VI e que foi dogmatizada na Idade Média.
– Segundo esta doutrina, as pessoas que não se encontrarem em estado de perfeita santidade, embora fiéis ao Senhor, não vão diretamente para o Paraíso, mas têm de passar um período se purificando, neste estado denominado de “Purgatório”.
É o que afirmam os §§ 1030 e 1031 do Catecismo da Igreja Romana, “in verbis”: Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.
A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados.
A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador”.
– A própria Igreja Romana, portanto, admite que esta doutrina foi uma “inovação”, que nada tem que ver com as Escrituras.
Se estamos em “graça e na amizade de Deus”, o sangue de Jesus Cristo nos purificou de todo o pecado (I Jo.1:7-9) e, portanto, não há necessidade alguma de “purificação”.
Eventuais “penas” ou “injustiças” decorrentes dos pecados por nós praticados serão aplicadas pelo próprio Deus durante a nossa própria peregrinação terrena, a chamada “lei da semeadura” (Gl.6:7,8), ou, então, terá consequências no tocante ao nosso julgamento com vista a galardão, no Tribunal de Cristo, mas não com relação à salvação ou ingresso imediato no Paraíso (I Co.1:12-15), tema já estudado neste trimestre. Aqui não se trata de “fogo purificador”, mas, sim, do julgamento de nossas obras para fins de recebimento de recompensa.
– Advém, então, a segunda parte do ensino de Paulo àqueles crentes.
O apóstolo afirma aos crentes de Tessalônica que eles não deveriam se entristecer como os demais, ou seja, a morte física é motivo, sim, de tristeza e os crentes, enquanto seres humanos, sentirão, sim, a dor da separação, a angústia da interrupção de uma convivência com pessoas queridas, pessoas que compartilhavam conosco da mesma fé, da mesma esperança, pessoas que se amavam umas às outras, como ocorria na igreja de Tessalônica.
– Ninguém pense que o crente, por ser crente, não irá sentir a partida de um ente querido, de um familiar, ainda que esta pessoa não seja crente (o que, aliás, aumenta ainda mais a dor para o cristão, por saber que esta separação é definitiva, ao contrário daquele que tão somente “dorme”).
Paulo apenas não podia tolerar nem admitir que os crentes tessalonicenses encarassem a morte física da mesma maneira que os demais, que não tinham esperança, que não tinham a compreensão do significado da morte física para o salvo.
– “Não quero que sejais ignorantes acerca dos que já dormem para que não vos entristeçais como os demais, que não têm esperança” (I Ts.4:13).
O apóstolo sabia que a tristeza era natural aos que ficavam vivos diante de uma morte.
Não havia como deixar de sentir tristeza diante da separação de um irmão em Cristo, mormente numa igreja onde havia tanto amor fraternal como Tessalônica, nem a comunhão com Cristo nos transforma em robôs, em seres insensíveis, antes, pelo contrário, aguça a nossa humanidade, pois ser humano é ser imagem e semelhança de Deus e isto, sem dúvida alguma, só o crente pode ser em toda a sua plenitude.
– Jamais se pode exigir de um crente que não sinta tristeza numa ocasião fúnebre, pois, além da tristeza própria de cada um, sentimos, em situações como esta, a tristeza de todos os que nos cercam, num ambiente que aumenta, ainda mais, a tristeza, tanto que assim que Jesus, mesmo sabendo que ressuscitaria Lázaro, chorou diante do clima fúnebre quatro dias depois do sepultamento de Lázaro. Se Jesus chorou, quem somos nós para não nos entristecermos diante disto?
– Sentimos tristeza quando alguém querido se separa fisicamente de nós porque somos humanos e isto é perfeitamente natural, não residindo aí a diferença entre o crente e o ímpio.
O apóstolo enfatiza que a tristeza do crente, embora natural e perfeitamente compreensível, não pode ter o mesmo sentido da tristeza do ímpio e é este sentido, este significado que faz a diferença entre uma e outra. “Não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança” (destaque nosso).
O crente fica triste quando alguém morre, mas não pode agir como os ímpios, que não têm esperança.
– A distinção entre a tristeza do crente e a tristeza do ímpio em ocasiões fúnebres está na esperança que tem o crente de que, além da morte física, existe uma eternidade de delícias com o Senhor, existe uma plenitude da vida eterna que já começamos a gozar aqui.
O crente sabe que, com a morte física, há tão somente uma passagem para uma comunhão mais perfeita com o Senhor, é uma etapa a mais na caminhada rumo à glorificação, quando, então, no dia do arrebatamento da Igreja, tanto mortos quanto vivos, que agora são filhos de Deus, terão manifestado o que haverão de ser, pois, quando Cristo Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque assim como é O veremos (I Jo.3:2).
– Quando estivermos diante de uma ocasião fúnebre de um servo do Senhor, não devemos nos desesperar, como é costumeiro ocorrer quando se trata da morte de ímpios ou da reação de ímpios diante da morte de entes queridos, como estava acontecendo em Tessalônica, mas, pelo contrário, ainda que entristecidos, porque humanos somos, temos de nos consolar e nos confortar com a esperança que temos de que Jesus virá buscar a Sua igreja e que, vivos e mortos serão reunidos nos ares e se encontrarão com o Senhor, para vivermos uma plenitude de comunhão com o Senhor.
– Em mais um paradoxo da vida cristã, no momento da tristeza pela separação de uma pessoa querida, com quem compartilhávamos o amor divino, o amor fraternal, a alegria de servirmos e sermos abençoados pelo mesmo Deus e Pai, sentimos alento espiritual, conforto e consolo pelo fato de sabermos que há uma promessa de nos reunirmos, num corpo glorioso e transformado, com o Senhor naquele dia em que seremos glorificados.
A morte física do crente, portanto, não é apenas um motivo de tristeza, mas uma fonte de esperança e de estímulo e incentivo em seguirmos até o fim com fidelidade e santidade, assim como aquele que se separa fisicamente de nós.
– Os estudiosos das Escrituras, inclusive, afirmam que, com a morte de Jesus, ocorreu uma importante modificação no chamado “estado intermediário dos mortos”.
Até então, como Jesus deixa claro na história do rico e Lázaro, que tanto o “seio de Abraão” quanto o “Hades” ficavam lado a lado, ou seja, nas “regiões inferiores” (daí a palavra latina “inferno”).
No entanto, quando da morte de Cristo, o Senhor teria, ao vencer a morte e o pecado, transferido o seio de Abraão para o terceiro céu, para o Paraíso, daí porque para lá ter sido arrebatado o apóstolo Paulo (II Co.12:2-4).
– Esta retirada do “seio do Abraão” para o terceiro céu é a profecia constante do Sl.68:18, reproduzida em Ef.4:8, em que se mostra que o Senhor Jesus subiu ao alto e levou cativo o cativeiro, recebeu dons para os homens e até para os rebeldes, para que o Senhor habitasse entre eles.
O próprio apóstolo Pedro, na pregação do dia de Pentecostes, menciona a profecia divina (Sl.16:10) segundo a qual Deus não permitiria que a alma do Senhor ficasse no Hades nem que Seu corpo se corrompesse (At.2:27,31).
– Como explica o apóstolo Paulo, quando as Escrituras dizem que Cristo subiu, foi porque desceu às partes mais baixas da terra, o que se deu com a Sua morte, morte que foi por Ele vencida e, deste modo, pôde o Senhor ter, em Suas mãos, a chave da morte e do inferno (Ap.1:18), de forma que, agora, os que n’Ele creem não mais vão às regiões inferiores para aguardar a ressurreição, mas, sim, são levados ao Paraíso, onde aguardam o arrebatamento da Igreja, pois, contra a Igreja, não prevalecem “as portas do inferno” (Mt.16:18).
– A propósito, pelo que podemos verificar, quando Cristo morreu e desceu ao lugar dos mortos, Ele pregou aos espíritos em prisão (I Pe.3:19,20), dando testemunho da veracidade da mensagem transmitida da promessa divina da redenção, mensagem particularmente ridicularizada pela geração antediluviana, prova de que a morte não é um estado de inconsciência, mas, sim, de plena consciência, Após esta pregação, feita aos mortos, o Senhor, então, transfere os justos que morreram na esperança da realização da promessa para o Paraíso, enquanto os demais, que não creram, foram mantidos no Hades, a fim de aguardar a ressurreição para o juízo final.
– É importante salientar, ademais, que, nestas regiões inferiores, não está presente o diabo nem seus anjos, que habitam as regiões celestiais (Cf. Ef.6:12), de onde serão desalojados por Miguel e os anjos fiéis por ocasião da Grande Tribulação (Ap.12:7-9), quando, então, serão precipitados na Terra.
A imagem do diabo e seus anjos no inferno nada mais é que uma indevida associação com mitologias de povos pagãos, em especial, da mitologia grega, onde se cria que a “região dos mortos” era comandada pelo deus grego Hades, que foi indevidamente associado à figura de Satanás.
– A consciência do estado intermediário é ainda demonstrada no livro do Apocalipse. Com efeito, após o arrebatamento da Igreja, ainda ocorrerá a morte física e, como sabemos, ainda que bem diminuta, ainda haverá salvação durante a Grande Tribulação, salvação esta que, feita pela fé em Jesus, levará inevitavelmente os salvos para a morte física (Ap.13:10), pois, nesse tempo, será permitido ao Anticristo destruir todos os santos do Altíssimo (Dn.7:25).
Estes mortos, que somente ressuscitarão no início do reino milenial de Cristo (Ap.20:4), (completando, assim, a “primeira ressurreição” —Ap.20:6 — iniciada com Cristo, as primícias — I Co.15:20 — e, posteriormente, ampliada com os que dormem em Cristo na Sua vinda — I Co.15:23) são apresentados plenamente conscientes enquanto aguardam a sua ressurreição na abertura do quinto selo (Ap.9:6-11).
– O que fazem os salvos durante este estado intermediário? A Bíblia não nos fala e, ainda, o apóstolo Paulo diz que o que ouviu são “palavras inefáveis [i.e., que não podem ser faladas], de que ao homem não é lícito falar” (II Co.12:4).
Assim, diante de tal afirmativa bíblica, tudo que se disser será mera especulação. Sabemos apenas que, em contraste com os tormentos de quem está no Hades, no Paraíso há a doce presença do Senhor, a paz e a alegria daqueles que venceram o mal e sabem que já estão a desfrutar da eternidade com Deus, sendo este, ademais, o “comer da árvore da vida” mencionado em Ap.2:7, que nada mais é que a comunhão plena com o Senhor Jesus, sem quaisquer obstáculos ou imperfeições, precisamente o que havia sido retirado do primeiro casal quando de sua queda (Gn.3:22,24).
Se temos imensa alegria espiritual com a nossa vida espiritual aqui nesta Terra, que dirá o gozo que desfrutaremos caso partamos para a eternidade antes do arrebatamento?
Como disse a poetisa sacra Eufrosine Kastberg: “Já os filhos de Deus bem alegres estão, porém, no céu prazer melhor terão, os gozos do cristão apenas gotas são do mar de bênçãos em Sião!” (estrofe do hino 351 da Harpa Cristã).
– O estado intermediário encerrar-se-á com a ressurreição. A Bíblia fala-nos de duas ressurreições, a saber:
- a) a primeira ressurreição – uma bem-aventurança (Ap.20:6) – é a ressurreição dos santos, ou seja, daqueles que se separaram do pecado e, por isso, têm vida, estão em comunhão com Deus. Esta ressurreição dá-se em três instantes, a saber: as primícias dos que dormem, que é Cristo, que já ressuscitou e está à direita do Pai aguardando o tempo de restaurar todas as coisas (At.3:21; I Co.15:20); os que creram em Cristo, que ressuscitarão quando do arrebatamento da Igreja (I Co.15:23; I Ts.4:16) e os que crerem em Cristo e, por causa disso, serão mortos durante a Grande Tribulação (Ap.20:4). Estes estarão para sempre com o Senhor.
- b) a segunda ressurreição – é a ressurreição de todos os demais que morreram sem ter crido em Cristo. Esta ressurreição é uma ressurreição para julgamento. Esta ressurreição se dará por ocasião do juízo do trono branco, após a rebelião final da humanidade, que se dará no término do Milênio, e a retirada dos atuais céus e Terra de cena (Ap.20:11-15).
Os que tiverem rejeitado Cristo serão condenados à morte eterna e lançados no lago de fogo e enxofre, que não se confunde com o Hades, que, aliás, ele mesmo será também lançado naquele lago (Ap.20:14).
É a chamada “segunda morte”, como já dissemos supra, a morte espiritual, a morte eterna.
– Outro ponto importante é que a morte eterna não significa final de existência. Embora definitivamente separados do Senhor, para todo o sempre, os seres humanos lançados no lago de fogo e enxofre não deixarão de existir, não serão “aniquilados” ou “eliminados”, como ensinam equivocadamente alguns segmentos religiosos, que adotaram a “doutrina do aniquilacionismo”.
– A Bíblia Sagrada é claríssima ao mostrar que todos que estiverem no lago de fogo e enxofre serão atormentados para todo o sempre (Mt.25:41; Mc.9:44,46,48; Ap.20:10), ou seja, não haverá destruição destes seres, mas eles estarão plenamente conscientes neste estado terrível de sensação da eterna separação de Deus.
– A morte física é uma realidade inevitável, que temos de enfrentar, da qual só escaparemos se estivermos vivos e em comunhão com o Senhor no dia do arrebatamento da Igreja.
Por isso, devemos estar bem conscientes da necessidade de vivermos uma vida santa a todo instante. Temos de estar preparados para morrer, pois, se estamos em Cristo e Cristo está em nós, temos de ter com a morte a mesma reação que tem o nosso Deus, para quem a morte do santo é preciosa à Sua vista (Sl.116:15).
Qual é o nosso sentimento a respeito?
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
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