LIÇÃO 13 – SOMENTE EM JESUS TEMOS A VERDADEIRA PROSPERIDADE
22 de março de 2012
LIÇÃO 13 – SOMENTE EM JESUS TEMOS A VERDADEIRA PROSPERIDADE
A verdadeira prosperidade está na comunhão com Deus, unicamente possível por Jesus Cristo.
INTRODUÇÃO
– No encerramento deste trimestre letivo, estudaremos o verdadeiro significado da vida abundante, da verdadeira prosperidade, que é a comunhão com Deus, que se obtém por meio de Jesus Cristo.
– A comunhão com Deus dá ao homem o bem–estar psíquico e a suficiência material, elementos necessários para que vençamos a jornada passageira sobre a face da Terra.
I – JESUS, A FONTE DA VIDA
– Estamos a terminar este trimestre letivo, em que estudamos a respeito da verdadeira prosperidade bíblica, a vida cristã abundante, a fim de não nos iludirmos com a “teologia da prosperidade”, um dos mais nefastos falsos ensinos que têm assolado a Igreja nestes últimos dias da dispensação da graça.
– Nesta última lição, concluindo o estudo a respeito da verdadeira prosperidade bíblica, vamos analisar o que é a “vida cristã abundante”, que é o subtítulo do tema estudado no trimestre, conceito que tem aspectos espirituais e materiais que convergem na pessoa de Jesus Cristo.
– Logo no limiar da Bíblia Sagrada, a revelação de Deus à humanidade, vemos claramente o significado de “vida”. Após criar o homem, o Senhor o pôs no jardim que havia formado no Éden e lhe disse que poderia comer livremente de toda a árvore que havia no jardim, mas, se comesse do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, traria como consequência a “morte” (Gn.2:16,17).
– Vemos, assim, que o Senhor disse ao primeiro casal que a “vida” consistia na obediência ao Senhor, que a comunhão com Deus era “vida”.O contrário daquilo, ou seja, a desobediência, a busca de um caminho próprio sem Deus era a “morte”. Por isso, esta comunhão era simbolizada por uma árvore que ficava no meio do jardim, por isso mesmo chamada de “árvore da vida” (Gn.2:9), cujo acesso foi negado ao ser humano assim que ele desobedeceu ao Senhor (Gn.3:22–24).
– Esta “vida” de que fala o Senhor é traduzida no grego pela palavra “zoé” (ζωή), que tem um sentido não só de “vida física”, mas, também, de “vidapertencente a Deus”, tanto que é a palavra utilizada para traduzir a expressão “alma vivente” em Gn.2:7, ocasião em que Deus soprou nas narinas do homem trazendo–lhe o “fôlego de vida”. É a palavra utilizada em o Novo Testamento para denominar a “vida eterna” (“zoé aioníos” – ζωή αιωνίος).
– Trata–se, pois, de algo bem amplo que a mera existência biológica, que o grego chama de “bios” (βίος), palavra que é utilizada, por exemplo, em I Tm.2:2, quando o apóstolo Paulo fala de uma “vida quieta e sossegada” ou o apóstolo João, em I Jo.2:16, fala da “soberba da vida”. Este conceito tem como significado o da “vida diária”, da “existência biológica”, da “vida sobre a face da Terra”.
– Nota–se, portanto, que, logo no princípio das Escrituras, temos uma verdadeira distinção entre o que é a “vida” no seu sentido amplo, que envolve o aspecto espiritual, tanto que só se fala que o homem é “alma vivente” a partir do instante em que é criado o homem interior (alma e espírito), e o que comumente se denomina de “vida”, ou seja, a mera existência física sobre a face da Terra, aquilo que é estudado pela “biologia”.
– A partir do momento que o homem pecou, pois, estava ele já numa situação de “morte”, ainda que, biologicamente, estivesse ele “vivo” depois de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, tanto que pôde se locomover, procurando esconder–se de Deus e, antes disso, tivesse, inclusive, fabricado vestimentas para si (Gn.3:7,8). A “morte espiritual” não os impediu se iniciar a reprodução da raça humana, uma vez expulsos do jardim (Gn.4:1,2), reprodução, aliás, que transmitiu a morte para toda a humanidade (Gn.5:3; Rm.5:12).
– Quando, pois, falamos de “vida”, não podemos, de modo algum, desvincular esta questão do pecado. “O salário do pecado é a morte” (Rm.6:23), ou seja, a morte é inevitável consequência do pecado e não se pode falar em “vida” sem que se resolva a questão do pecado.
– A problemática do pecado foi resolvida mediante a vinda de Jesus Cristo a este mundo. Ele veio para nos dar a “vida eterna” (Jo.3:16), Ele é a “semente da mulher” que traria inimizade com a serpente e, consequentemente, reataria a comunhão de Deus com o homem (Gn.3:15), pois não se pode ser amigo de Deus e amigo do mundo ao mesmo tempo (Tg.4:4)..
– Não foi por outro motivo que o Senhor Jesus disse que quem cresse n’Ele e ouvisse a Sua Palavra passaria da morte para a vida (Jo.5:24). O Senhor Jesus disse que veio para trazer vida e vida com abundância (Jo.10:10). Esta “vida abundante” é, precisamente, a superação de mera “existência biológica” para se ter, novamente, a comunhão com Deus, a perspectiva de uma existência além da vida biológica com Deus.
– Assim que recebemos a Cristo como Senhor e Salvador, passamos a desfrutar, de imediato, desta “vida abundante”, visto que temos nossos pecados perdoados, pecados estes que são retirados pelo Senhor (Jo.1:29). Passamos, então, a viver uma “vida diferente”, pois passamos a “viver uma vida na fé do Filho de Deus” (Gl.2:20), uma vida de comunhão com o Senhor.
– Por estarmos em uma vida de comunhão com o Senhor, passamos a cada dia a buscarmos ter a mesma unidade que há entre o Pai e o Filho (Jo.10:30; 17:11). A “vida abundante” tem como meta, como objetivo o tornar–nos “um com o Senhor”, ou seja, tornarmo–nos um ser com a mesma vontade, o mesmo desejo, o mesmo sentimento que tem o Senhor.
– A “vida abundante”, portanto, quer levar–nos para uma situação similar a do apóstolo Paulo, que tinha uma intimidade tão profunda com o Senhor que já dizia que não era ele quem vivia, mas, sim, que Cristo é que vivia nele (Gl.2:20).
– A “vida abundante” que nos vem de Cristo é “abundante” em dois aspectos: primeiro, no aspecto qualitativo, pois envolve não só a existência biológica, mas, também, e mais importante, a vida espiritual, a comunhão com o Senhor; segundo, o aspecto quantitativo, pois não é limitada pelo tempo. Vinda de Deus, que é eterno, a vida é, igualmente, eterna, não tem fim, vai além da nossa curta e passageira existência sobre a face da Terra.
– O Senhor Jesus ilustrou esta circunstância nas Suas últimas instruções, quando afirmou ser “a videira verdadeira” e os Seus servos, “as varas”. Ora, as varas são um “prolongamento” do tronco da videira e, uma vez destacadas deste tronco, perecem, não têm como sobreviver, pois a sua vida depende da seiva que vem do tronco. De igual maneira, os discípulos do Senhor Jesus não podem ter vida se não estiverem ligados a Cristo, se de Jesus não lhes vier a vida.
– Tendo vida, a vara, que está ligada à videira, produz fruto. Esta é a demonstração de que a vara tem vida: a frutificação. Como já estudamos neste trimestre, o primeiro objetivo de Deus para o homem era a sua frutificação, algo que deve ser compreendido do ponto–de–vista espiritual, ou seja, a produção do fruto do Espírito (Gl.5:22). Por isso, o Senhor disse que conheceríamos os Seus discípulos pelos frutos (Mt.7:16–20).
– Aquele que tem vida eterna porque creu em Jesus Cristo, no Filho de Deus (Jo.3:36) produz frutos de justiça (Fp.1:1), bons frutos (Tg.3:17), pelos quais é reconhecido como genuíno e autêntico discípulo de Cristo (Mt.7:17,18).
II – A VIDA ETERNA
– Em I Jo.5:13, o apóstolo João fala que havia escrito aquela carta para que os salvos soubessem que tinham a vida eterna e para que cressem em o nome do Filho de Deus.
– Um tema que os escritos joaninos muito exploram é o da “vida eterna”. No seu evangelho, o “apóstolo do amor” mostra–nos com absoluta clareza que o objetivo da salvação em Jesus Cristo é a concessão da vida eterna ao homem: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo.3:16).
– Crer em Jesus faz com que o homem tenha a “vida eterna”. Mas o que é “a vida eterna”? O mesmo João nos responde, reproduzindo as palavras do Senhor Jesus em Sua oração sacerdotal, o conhecimento do Senhor como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo como o Seu enviado(Jo.17:3).
– A “vida eterna” apresenta–se como o “conhecimento de Deus”, ou seja, o envolvimento entre Deus e o homem, visto que “conhecimento”, no sentido hebraico do termo, não é domínio intelectual, mas compartilhamento, intimidade, construção de uma unidade entre Deus e o homem, daí porque Jesus ter dito que o objetivo da Sua obra era fazer com que nos tornássemos um com Deus (Jo.17:21).
– Temos vida quando nos entregamos a Jesus como único e suficiente Salvador, quando reconhecemos que Ele foi o enviado do Pai para a salvação da humanidade, que Ele é o caminho, a verdade e a vida (Jo.14:6). Neste instante, ao crermos em Jesus como o Salvador, temos nossos pecados perdoados e cessa a separação que havia entre nós e o Senhor (Is.59:2; Ef.2:12–16), separação que nada mais é que morte. Sem o pecado, que é tirado por Jesus (Jo.1:29), voltamos a ter comunhão com Deus, passamos da morte para a vida (Jo.5:24).
– A “vida eterna” é o estado de comunhão entre Deus e o homem, feito por intermédio da fé em Jesus Cristo, de que já desfruta, mesmo neste mundo, todo aquele que se entrega a Jesus como único e suficiente Salvador. Muitos pensam, equivocadamente, que a “vida eterna” somente se inicia ou com a morte física, ou, então, no dia do arrebatamento da Igreja. Nossa morte física ou a vinda do Senhor para buscar a Sua Igreja nos levam para a “dimensão eterna”, ou seja, faz–nos sair do mundo físico, mas a “vida eterna” começa no momento em que ouvimos a Palavra do Senhor e cremos em Jesus como o Senhor e Salvador dos homens.
– Por isso, o “texto áureo” da Bíblia (Jo.3:16) diz que quem crê em Jesus “tem” a vida eterna, e não “terá”, prova de que a vida eterna é algo que já se desfruta neste mundo, não é algo a ser apenas alcançado quando se terminar a existência terrena. É verdade que o processo da salvação só se completa com a glorificação, a se dar no instante em que Jesus arrebatar a Sua Igreja, mas é inegável que já temos a vida eterna desde o instante em que nascemos de novo, nascimento que se dá pelo Espírito e não pela vontade da carne (Jo.3:6).
– Na sua carta, João reafirma que os salvos já têm a vida eterna, porque creram em Jesus como o Filho de Deus (I Jo.3:13). Vemos, pois, claramente que quem nega a deidade de Jesus, quem não considera o Senhor Jesus como o Filho de Deus, como o Salvador, não tem salvação. Muitos procuram, na atualidade, diluir esta verdade bíblica, tentando “arrumar” salvação para quem apenas considera Jesus como um “iluminado”, um “profeta”, um “guia de luz”, um “sábio”, mas as Escrituras são peremptórias: quem não crê que Jesus é o Filho de Deus não alcança a salvação. Quem não crê que Jesus é quem dá a vida eterna, não crê no testemunho que Deus deu de Seu Filho e, ao não crer que Jesus é o único que tem a vida, não tem a vida (I Jo.5:5,10–13).
– Nos dias difíceis em que estamos a viver, não são poucos os que procuram relativizar esta verdade bíblica. Muitos põem ao lado de Jesus outros “redentores”, como, por exemplo, no romanismo, os santos, beatos e, mui especialmente, a figura de Maria, que alguns católicos romanos já pressionam para que seja declarada “corredentora” da humanidade. Isto é inadmissível, pois devemos crer tão somente em o nome do Filho de Deus. Só Ele desceu do céu e subiu ao céu (Jo.3:13), só Ele nunca pecou (Hb.4:15), só Ele morreu pelos pecadores(I Jo.2:2), só Ele é o Mediador entre Deus e os homens (I Tm.2:5), mediador suficiente, pois, como Se fez homem, bem entende os homens, não precisando de quaisquer “secretários” ou “atravessadores” para atender os pecadores (Hb.2:14–18).
– Outros, embora, de palavra, digam reconhecer a Jesus como Senhor e Salvador, na prática, também relativizam a Sua obra, dizendo que se faz necessário “quebrar maldições” que supostamente resistiram ao perdão dos pecados operado pelo Senhor Jesus ou se submeter a “coberturas apostólicas”. Assim, com “técnicas”, “procedimentos”, “regressões” e tantas outras coisas, arvoram–se em “complementos” da obra salvadora de Jesus. Jesus não só é o único Salvador, como também é o suficiente Salvador. Jesus é a propiciação pelos pecados de todo o mundo e não há qualquer pecado ou maldição que resista ao poder purificador do sangue de Jesus, pelo qual entraremos pelas portas nas mansões celestiais (Ap.22:14).
– Temos a vida eterna quando cremos em o nome de Jesus. A vida eterna foi a promessa que o Senhor nos deu (I Jo.2:25) e Ele é fiel para cumprir as Suas promessas (Jr.1:12; II Co.1:18). A ressurreição de Jesus é a prova indelével de que Seu sacrifício foi aceito e que não existe mais nada que tenha de ser feito para a salvação do homem. Assim, quem está em Cristo é uma nova criatura, em que tudo se fez novo, em que todas as coisas já passaram (II Co.5:17).
– A “vida eterna”, como é uma “vida”, é um processo, não é um momento isolado. Sabemos que “vida” é “a propriedade que caracteriza os organismos cuja existência evolui do nascimento até a morte”, ou seja, um período que vai do nascimento até a morte. Trata–se, pois, de um processo, de uma série de atos, não de um instante isolado, único e singular.
– O início da “vida eterna” é o “nascimento”, mais, precisamente, o “novo nascimento” de que fala Jesus a Nicodemos, um nascimento efetuado pelo Espírito Santo, fruto do Seu convencimento junto ao homem a respeito do pecado, da justiça e do juízo. Este nascimento, que faz o homem ver o reino de Deus (Jo.3:3), faz, depois, que o homem, nascido de novo, entre no reino de Deus, mediante o “nascimento da água e do Espírito” (Jo.3:5). Tem–se, então, o crescimento espiritual, a transformação gradativa à imagem de Cristo (II Co.3:18), mas que, ao contrário do que ocorre na vida física, não evolui para a morte, pois estamos diante da “vida eterna”, ou seja, uma vida que jamais cessará, que jamais acabará.
– Esta conformação cada vez maior a Jesus, este processo que nos faz cada vez mais parecidos com o Senhor Jesus, é um aspecto da “vida eterna” que muitos negligenciam. “…Portanto, não é meramente vida sem fim (simples imortalidade), e sim, um tipo de vida, a vida mais elevada que existe. Trata–se de uma vida na qual a imagem de Deus é duplicada no homem, segundo o padrão do Filho mais velho. Os eleitos compartilham de modo finito dessa forma de vida divina, ao passo que o Filho goza de uma participação infinita. Porém, a eternidade toda terá o propósito de ir intensificando essa participação. Assim, os eleitos irão de um estágio de glória para outro, ad infinitum, II Co.3:15.…” (CHAMPLIN, R.N. Vida eterna. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.6, p.651) (destaque original).
– Esta contínua e ininterrupta aproximação entre Deus e os homens, esta construção desta unidade, que, em linguagem matemática, tende ao infinito, que é o objetivo da obra de Jesus na vida dos homens (Jo.17:21). É a isto que se denomina de “vida abundante”.
III – A VIDA ABUNDANTE
– Como a vida eterna se inicia neste tempo presente, temos que envolve, também, a “vida sobre a face da Terra”, a “bios”. Não podemos, pois, negligenciar a “vida terrena”, pois a mesma é diretamente afetada pela transformação ocorrida quando nos encontramos com o Senhor Jesus.
– Por isso o apóstolo Paulo foi claro ao afirmar que “a vida que agora vivia, vivia–a na fé do Filho de Deus” (Gl.20:20), ou seja, o apóstolo, embora tenha sido salvo, não deixou de “viver agora”, continuava a viver biologicamente, mas esta vida agora tinha uma nova perspectiva, a saber: “a vida na fé do Filho de Deus”.
– A “vida terrena” transforma–se quando recebemos a Cristo Jesus como nosso Senhor e Salvador. Sem que haja o pecado em nossas vidas, passamos a ter comunhão com Deus e, por causa disso, nossas perspectivas mudam. Não ficamos preocupados com o que havemos de comer, vestir ou beber, pois a fé no Filho de Deus faz–nos saber que o Senhor nos providenciará o necessário para sobreviver, a suficiência material, mesmo sabendo que, nesta Terra, cada dia traz o seu mal. Assim como o Senhor cuida das demais criaturas terrenas, também cuida de nós (Mt.6:25–34).
– Logicamente que, por termos comunhão com o Senhor, somos–Lhe obedientes e, a fim de sobrevivermos sobre a face da Terra, iremos buscar no trabalho o meio pelo qual adquiriremos o necessário para o nosso sustento, pois foi esta a ordem dada por Deus após a queda do homem (Gn.3:17–19).
– A “vida terrena” é olhada por um novo aspecto, qual seja, o de que estamos aqui apenas de passagem, que este é um estágio assaz transitório em nossa caminhada para o céu. Temos consciência de que a “vida terrena” não passa de uma “choça de pastor”, como o “fio de um tear” (Is.38:12). Por isso, não corremos atrás da “comida que perece”, mas, sim, “daquilo que permanece” (Jo.6:27), das “coisas de cima” (Cl.3:1–3).
– Como diz conhecida canção, vivemos “a vida terrena” como “peregrinos”, sabendo que “só uma noite, uma noite moramos aqui”. Era esta, aliás, a perspectiva de vida dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, com quem nos encontraremos e cearemos nos céus, almejados por eles e também por nós (Hb.11:8–16; Mt.8:11).
– Na “vida terrena”, o que move o discípulo de Cristo Jesus é a produção de bons frutos, a glorificação do nome do Senhor Jesus, a contínua intensificação de nosso relacionamento com o Senhor, nosso aproximar ininterrupto para sermos um com Deus. Vivemos para Deus e usamos do corpo em que estamos neste mundo para ser “instrumentos de justiça” (Rm.6:13).
– Na “vida terrena”, não podemos mais praticar o pecado, não podemos ser instrumentos da “carne”, a natureza pecaminosa que há em nós (Rm.7:18–20), não podemos satisfazer as “concupiscências mundanas”, às quais devemos renunciar, tendo, neste mundo, uma “vida sóbria, pia e justa” (Tt.2:12), vida esta, aliás, que nos fará padecer perseguições (II Tm.3:12).
– Estamos separados do pecado e o Senhor nos guarda para que assim fiquemos (Jo.17:11), motivo pelo qual estamos mortos para o mundo e para o pecado (Rm.6:6,11). Ora, o morto não sente mais qualquer desejo após a morte e, por isso, nada mais cobiçamos que é pecaminoso, uma vez tendo a nossa vida escondida com Cristo em Deus (Cl.3:3).
– É a isto que as Escrituras denominam de “novidade de vida” (Rm.6:4), o ser “nova criatura” (II Co.5:17; Gl.6:15), ou seja, passar a ter uma “vida terrena” em que não se busca mais o que satisfaz os desejos pecaminosos, os instintos humanos, mas passar a viver de modo a agradar a Deus, a glorificar o nome do Senhor Jesus.
– A “vida abundante” demonstra–se, pois, por esta mudança de perspectiva em nossa “vida terrena”, onde continuamos a comer, beber, vestir, continuamos a prosseguir a nossa jornada sobre a face da Terra, mas não mais tendo em conta saúde física, fama, posição social, acumulação de bens, satisfação dos desejos, mas, sim, a glorificação do nome do Senhor, esperando–O para que venhamos a habitar na cidade celestial.
– Por isso, duas atitudes que se apresentam neste tema devem ser reprovadas por não terem qualquer respaldo bíblico. A primeira é a que anula da “vida eterna”, da “vida abundante” qualquer aspecto material. A vida terrena vivida a partir da nossa salvação em Cristo Jesus faz parte, sim, da vida abundante, está inserida neste contexto.
– A “vida eterna” tem uma dimensão terrena iniciada no instante em que somos salvos por Cristo até o momento em que passarmos para a eternidade pela morte física ou, então, no dia em que formos arrebatados pelo Senhor, se vivos estivermos naquela oportunidade. Não podemos deixar este mundo, mas nele estamos, até porque Jesus só pediu ao Pai que fôssemos livres do mal (Jo.17:15).
– Por isso, devemos, sim, ocupar–nos da “vida terrena”, convivendo com todas as pessoas e, na sociedade, obtendo o nosso sustento por meio do trabalho, cuidando para que tenhamos o necessário para comer, beber e vestir, como também, naquilo que recebermos a mais do que o que nos é necessário, ajudemos os outros a também se sustentarem sobre a face da Terra.
– A “vida abundante” não nos torna “alienados do mundo”, como acusam os inimigos da fé, em especial os marxistas. Muito pelo contrário! Por termos alcançado a salvação em Cristo Jesus, temos consciência e experiência de que é possível a mudança do estado deplorável em que se encontra a humanidade, é possível a libertação do pecado e da injustiça, é possível a felicidade. Por isso, passamos a anunciar esta possibilidade aos que ainda não se encontraram com Cristo, passamos a trazer o Evangelho, a boa notícia de que há uma solução para este mundo, que é a de receber a Cristo Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.
– O que o salvo não pode concordar é que, uma vez tendo alcançado a salvação em Jesus, venha alguém se iludir com uma mensagem de construção de um “paraíso na Terra” sem Jesus, sem Deus. “Sem Mim, nada podeis fazer”, disse o Senhor Jesus (Jo.15:5 “in fine”). Por isso, toda e qualquer ideologia, doutrina ou filosofia que defenda que o homem, por si só, pode construir uma “vida abundante” sem a pessoa de Cristo é frontalmente rechaçada pelos salvos, pois sabem eles que isto não passa de um ludibrio, de uma mentira que, como toda mentira, tem origem em seu pai, ou seja, no diabo (Jo.8:44).
– Sem fundamento algum, ainda, aqueles que, para mostrar que são discípulos do Senhor Jesus, descuidam–se totalmente do viver cotidiano, achando, inclusive, que Deus ou os outros seres humanos devem sustentá–los sem que eles venham a trabalhar. Temos de cuidar de nós mesmos para que, então, também possamos a ajudar os outros (I Tm.4:16).
– Nesta “vida terrena”, devemos tomar todas as atitudes necessárias para que não venhamos a envergonhar o nome do Senhor Jesus, tendo uma vida sóbria, justa e pia, ou seja, uma vida equilibrada, não se deixando dominar por coisa alguma deste mundo (I Co.6:12), sem, também, dar escândalo a qualquer ser humano (I Co.10:32).
– A segunda atitude equivocada é a de reduzir a “vida eterna” a aspectos materiais, como se houvesse apenas a “vida terrena”, como se “zoé” fosse “bios”. Não resta dúvida de que o exterior da “vida terrena” deve manifestar a comunhão que temos com Cristo no homem interior, mas não a aparência, de modo algum, pode nos falar a respeito da realidade espiritual, pois ela não se reduz a aspectos materiais.
– Em nossa vida terrena, devemos ser instrumentos de justiça, ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt.5:13–16), o que somente será possível se realizarmos “boas obras” que confirmem a fé que temos em Jesus (Tg.2:22–26), até porque, em Cristo, fomos criados para fazê–las (Ef.2:10). Por isso, não se pode desvincular a “vida terrena” que temos da “vida eterna”, devendo ser ela um reflexo exterior daquilo que somos interiormente. Por isso, em nossa “vida terrena”, não pode haver lugar para o pecado.
– A busca pela glória humana, pela acumulação de riquezas e o amor ao dinheiro, entretanto, são gestos e atitudes que não condizem com tal comportamento. Querer ostentar riquezas para comprovar uma realidade espiritual interior não têm qualquer respaldo bíblico, pois as riquezas materiais podem, também, ser granjeadas pela prática do pecado (Lc.16:9), o que, aliás, costumeiramente acontece.
– A vida terrena é apenas um pálido aspecto da vida eterna, um aspecto transitório, passageiro, e jamais pode condicionar a realidade espiritual, que é perene e muito superior. A abundância de posses, disse o Senhor Jesus, não define o que é a vida de alguém (Lc.12:15). Reduzir a vida eterna a aspectos das coisas desta vida é a maior miséria espiritual que pode existir na vida de alguém (I Co.15:19).
– A “teologia da prosperidade” faz esta redução, fazendo o homem buscar um “paraíso na Terra”, como se este “paraíso” fosse absolutamente necessário para provar nossa ida ao “paraíso celestial”. É a velha mentira satânica de podermos ser felizes sem que, para tanto, desfrutemos da companhia de Deus (Gn.3:4,5).
– Deus não nos salvou para termos uma vida regalada nesta Terra, como se esta vida regalada provasse a vida de delícias que haveremos de gozar na eternidade, mas nos salvou para termos esta vida gloriosa junto a Ele na eternidade.
– Nesta Terra, onde estamos a viver, o que há são aflições (Jo.16:33; Rm.8:18), aflições que não para comparar com a glória que está reservada para nós. Sabemos que, neste mundo, dominado pelo pecado, não pode o discípulo de Cristo esperar uma vida sem quaisquer problemas, pois vive em luta contínua contra o pecado e o maligno (Ef.6:11,12), mas também sabe que tudo o que aqui ocorre é passageiro e que esperamos uma nova terra e novos céus, onde habita a justiça (II Pe.3:13).
– Por isso, sabendo que todo o sofrimento que hoje existe e que padecemos é algo temporário e que só pode nos fazer bem (Rm.8:28), suportemos todas as contrariedades, almejando aquele estado em que não mais sofreremos (Hb.12:1–3), pois se com Cristo morrermos, também com Ele viveremos (II Tm.2:11).
– O discípulo de Jesus Cristo, portanto, sabe que a “vida terrena” não é regalada, é, por vezes, difícil e espinhosa, mas, apesar de toda a dificuldade, ela não faz perder o foco, que é a vida além, que já desfrutamos aqui uma vez que nos encontramos nos “lugares celestiais em Cristo” (Ef.1:3).
– Nossa “vida terrena” é “em Cristo” e se encontra aqui o segredo pelo qual, apesar da dor, não desfalecemos, mas prosseguimos aguardando a modificação deste estado adverso. Temos aqui, segundo os teólogos, uma expressão tipicamente paulina que tem como significado “…a experiência do Cristo ressuscitado e vivo(…) algo como um sentido místico da presença divina de Cristo dentro e fora, estabelecendo e sustentando o indivíduo em relação com Deus. Assim, também dificilmente podemos deixar de falar da comunidade, uma comunidade que se entendia não só a partir do evangelho que lhe dera existência, mas também a partir da experiência compartilhada de Cristo, que a mantinha unida…” (DUNN, James D.G. Trad. de Edwino Royer. A teologia do apóstolo Paulo, pp.458–9).
– Em Cristo, temos a redenção (Rm.3:24), ou seja, somos libertos do pecado, não mais precisamos pecar. Sendo livres do pecado, podemos habitar os “lugares celestiais”, ainda apenas no homem interior, mas, brevemente, em corpo, alma e espírito quando o Senhor vier nos buscar, quando nosso corpo também será redimido (Rm.8:23).
– Em Cristo, estamos mortos para o pecado (Rm.6:11), ou seja, fomos separados do pecado, que não pode mais nos dominar. Por isso, não nos fazemos presa das concupiscências mundanas, como, infelizmente, nos propõem os “teólogos da prosperidade”, pois não podemos permitir que venham a nos retirar esta liberdade que alcançamos “em Cristo” (Gl.2:4).
– Em Cristo, não temos mais nenhuma condenação (Rm.8:1), estamos com “ficha limpa” diante de Deus e, por isso, podemos entrar no trono da graça e desfrutar da comunhão com o Senhor. Não andamos mais segundo a carne, mas segundo o espírito, pois o espírito humano foi vivificado e controla todo o nosso ser, dando–nos testemunho de que somos filhos de Deus.
– Em Cristo, somos santificados (I Co.1:2), ou seja, mantidos separados do pecado a cada dia, a cada instante, a fim de podermos ver a Cristo (Hb.12:14). Não podemos, pois, nos misturar com o pecado nem com aquilo que nos fará pecar.
– Em Cristo, temos simplicidade (II Co.11:3), ou seja, “sincera e pura devoção a Cristo”, vivemos aqui para glorificar o nome do Senhor Jesus, somos dedicados a agradar–Lhe e não a nós mesmos, nem tampouco a nossos desejos carnais.
– Esta é a verdadeira “vida abundante”, uma vida terrena que glorifica a Deus e que prossegue na eternidade. Esta é a verdadeira felicidade do homem, a verdadeira prosperidade, a real abundância que um mortal pode esperar desde aqui e que continuará a desfrutar nos céus.
– Foi esta “vida abundante” que Jesus veio trazer aos homens, é esta a “vida abundante” que o Senhor Jesus dá a cada um que O recebe como Senhor e Salvador. Não há qualquer necessidade que esta vida, para ser “abundante”, venha acompanhada de ouro, prata, bens ou saúde física, até porque a vida para lá desta fase passageira não terá coisa alguma disto e será muito melhor do que qualquer um destes elementos.
– É esta “vida abundante” que temos buscado, amados irmãos? É isto que nos leva a adorar e exaltar o nome do Senhor Jesus? Ou estamos correndo atrás de Cristo apenas como instrumento para nos deleitarmos em nossos desejos carnais? Ou estamos fazendo o uso do nome de Cristo apenas para termos posses e mais posses, ou mesmo saúde física? Jesus veio ao mundo para buscar e salvar o que se havia perdido (Lc.19:10) e a perdição não era falta de bens materiais ou de saúde, mas, sim, a falta de comunhão com Deus.
– Sabendo do caráter passageiro da “vida terrena”, bem como da inevitável presença de perseguições, aflições e sofrimento neste mundo enquanto aqui estivermos servindo a Deus, não nos deixemos enganar pelas falsidades da “teologia da prosperidade”, mas suportemos as contrariedades que tivermos, prossigamos em glorificar o nome do Senhor e, em caso de eventual abundância de posses materiais, usemo–la para a glorificação de Cristo, mediante a ajuda aos necessitados e à obra de Deus. Assim fazendo, certamente teremos uma “vida abundante”, que continuará quando aqui deixarmos fisicamente de existir, seja pela morte física, seja pelo arrebatamento da Igreja.
Colaboração para o Portal Escola Dominical – Caramuru Afonso Francisco
BIBLIOGRAFIA DO TRIMESTRE
A bibliografia diz respeito aos estudos de todo o primeiro trimestre de 2012, não contendo bíblias e bíblias de estudo consultadas, bem assim textos esporádicos, notadamente fontes eletrônicas, cujas referências foram dadas no instante mesmo de suas utilizações.
AUSUBEL, Nathan. Trad. de Eva Schechtman Jurkiewicz. Conhecimento judaico. In: A JUDAICA. Rio de Janeiro: Koogan, 1989. vv.5 e 6.
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