Lição 5 – Conflitos na família
30 de abril de 2013
Na família, precisamos dar testemunho de Jesus Cristo.
INTRODUÇÃO
– A família é uma realidade terrena e, portanto, haverá conflitos na convivência familiar.
– Na família, mesmo em meio a conflitos, precisamos dar testemunho de Jesus Cristo.
– Na família, mesmo em meio a conflitos, precisamos dar testemunho de Jesus Cristo.
I – FAMÍLIA: AMBIENTE CRIADO PARA QUE SE MANIFESTASSE A COMUNHÃO ENTRE DEUS E O HOMEM
– Já vimos que o primeiro grupo social a que uma pessoa pertence é a família, grupo criado pelo próprio Deus (Gn.2:23,24) e que procura suprir as necessidades sentimentais, afetivas e emocionais básicas do ser humano. A função da família é, precisamente, impedir que haja o sentimento de solidão, que caracterizava Adão antes da formação da mulher (Gn.2:20).
– É, precisamente, dentro deste escopo que devemos observar a família. Ela é uma instituição que foi criada por Deus para que o homem pudesse cumprir tudo aquilo que Deus havia planejado para que o homem fizesse. Sem a família, seria impossível que o homem frutificasse e se multiplicasse sobre a face da Terra e, por conseguinte, que o homem pudesse dominar sobre a criação que estava na Terra. É interessante notar que, ao exercer a sua primeira função de dominador sobre o restante da natureza terrena, o homem percebeu que estava só, sentimento este que foi observado por Deus. Sem a providência divina de criação da mulher e, por conseguinte, da família, o homem não teria condições sequer de dominar o restante da natureza, pois, acometido que estava de um sentimento de solidão, de falta, não teria condições psicológicas para se impor frente aos demais seres.
– Sem a família, pois, não pode o homem atingir o propósito estabelecido por Deus quando de sua criação. Não há como o homem atender ao que lhe é exigido pelo seu Criador sem que exista a família. Sem a família, o homem não pode sequer ser considerado um homem no sentido estrito da Palavra e as consequências que têm vindo à sociedade moderna em virtude do intenso e progressivo processo de desintegração familiar que temos contemplado é uma prova do que estamos a dizer. Via de regra, os criminosos mais hediondos que têm surgido, que nem sequer se portam como seres humanos, tamanha a sua bestialidade, verdadeiras bestas-feras em corpo humano, são pessoas que foram vítimas da ausência da instituição familiar no histórico de suas vidas.
– A destruição da instituição familiar representa, assim, a própria destruição da humanidade, da imagem e semelhança de Deus na vida dos seres humanos e é por isso que o adversário de nossas almas, que nos odeia e nos detesta, tem investido tanto na destruição desta instituição. Destrua-se a família e estarão destruídos os seres humanos e, por conseguinte, toda a sociedade.
OBS: Uma das maiores demonstrações da dificuldade de nossos tempos está, precisamente, em observarmos que o adversário de nossas almas, o deus deste século, tem conseguido obnubilar a própria concepção de família no meio da humanidade, algo que, para não se dizer que se trata de implicância ou desvario dos crentes, é observado por diversas pessoas, inclusive o ex-chefe da Igreja Romana, que, em 1981, assim afirmou: “…A FAMÍLIA nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura. Muitas famílias vivem esta situação na fidelidade àqueles valores que constituem o fundamento do instituto familiar. Outras tornaram-se incertas e perdidas frente a seus deveres, ou ainda mais, duvidosas e quase esquecidas do significado último e da verdade da vida conjugal e familiar. Outras, por fim, estão impedidas por variadas situações de injustiça de realizarem os seus direitos fundamentais.…” (JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Familiaris Consortio, n. 1. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_19811122_familiaris-consortio_po.html Acesso em 19 jun.2012).
– O papel da família apresenta-se, portanto, como o ambiente escolhido por Deus para que nele não só o homem cumprisse o propósito estabelecido pelo Senhor à Sua mais excelente criação sobre a face da Terra, mas, também, para que pudesse o homem ter a comunhão como seu Criador. Não é à toa que a comunhão entre Deus e o homem é manifestada pelo fato de Deus comparecer ao jardim do Éden na viração do dia para dialogar com o primeiro casal, ou seja, é na família o lugar propício, adequado para que haja a manifestação da comunhão entre Deus e o homem (Gn.3:8).
– Neste sentido, aliás, que advém o surgimento da palavra “lar”. É interessante notar que, no princípio da história da humanidade, a adoração a Deus é vinculada à vida em família. Diz-nos a Escritura que, quando nasceu Enos, o primeiro filho de Sete, começou-se a invocar o nome do Senhor (Gn.4:26), afirmação que nos leva a crer que a invocação a Deus foi resultado da formação de uma nova família nuclear, agora abençoada com um filho. É necessário que nossa família seja um verdadeiro “lar”.
– “Lar” é uma palavra latina cujo significado primeiro é o de um local, nas antigas residências romanas, em que se procedia à adoração dos antepassados familiares. Normalmente, como nos ensina o historiador francês Foustel de Coulanges em seu livro “A Cidade Antiga”, havia um compartimento nas casas romanas onde somente poderiam entrar os membros da família, onde eram cultuados os antepassados familiares, os chamados “deuses lares”. Normalmente, havia um altar em honra a estas divindades e um fogo que nunca se apagava, onde se realizava tal adoração.
– Vê-se, portanto, que a ideia do “lar” está vinculada à ideia de uma ligação espiritual entre os membros de uma mesma família, ou seja, o lar é a própria unidade espiritual dos integrantes de uma família. Para os romanos, a família possuía, sobretudo, um vínculo sobrenatural entre os seus membros, tendo sido os próprios juristas romanos que tornaram célebre a famosa definição de casamento, atribuída a Modestino, segundo a qual o casamento estabelece a “união divina e humana que gera uma vida em comum entre um homem e uma mulher”, definição que foi parcialmente acolhida pelo nosso atual Código Civil no seu artigo 1511.
OBS: “Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”.
II – A REALIDADE DA DIVISÃO ESPIRITUAL NO LAR
– A entrada do pecado no mundo, evidentemente, perturbou, também, esta situação ótima concebida pelo Senhor para a humanidade. No dia mesmo da queda, não só se rompeu a comunhão entre Deus e a humanidade, como também se rompeu a comunhão entre os próprios integrantes da família.
– Tristemente, verificamos que, indagado sobre a sua desobediência, Adão não pensou duas vezes em culpar a mulher pelo fato de ter comido do fruto da árvore da ciência do bem e do mal (Gn.3:12), revelando, assim, de pronto, uma atitude de conflito, de falta de comunhão entre ambos os cônjuges. Tal situação, aliás, perduraria, pois, em Seu juízo, o Senhor demonstrou que, a partir daquele instante, haveria uma relação assimétrica entre marido e mulher, com prevalência do homem sobre a mulher (Gn.3:16), circunstância que nem o mais exacerbado feminismo tem conseguido erradicar.
OBS: Na verdade, o feminismo tem feito é piorar cada vez mais a situação da mulher sobre a face da Terra, como, numa análise muito percuciente, que vale a pena conhecer, faz o padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior na sua alocução “Feminismo, o maior inimigo das mulheres” – http://www.youtube.com/watch?v=80JuBmps6Qk Acesso em 19 jun. 2012.
– Nota-se, pois, que, com o pecado, não só a família deixou de ser o ambiente propício para a comunhão com Deus como, ainda mais, passou a haver conflitos entre os próprios integrantes da família, fazendo com que esta instituição, feita para propiciar ao homem o cumprimento de seu propósito na criação terrena, passasse a ser um local de conflitos, tragédias e sofrimentos.
– Poucas décadas após a expulsão do homem do Éden, a primeira família sofreria um duro golpe com o assassínio de Abel por Caim. Aqui, aliás, notamos, de pronto, que, no seio da família, surgiu a divisão espiritual. Abel, chamado de justo pelo próprio Jesus (Mt.23:35), ao apresentar sua oferta ao Senhor, teve a mesma recebida por Deus, enquanto que Caim, ao fazê-lo, não teve a mesma aceitação. Apesar de advertido antes pelo Senhor, Caim, em vez de obedecer à voz divina, preferiu matar seu irmão, pois não pôde tolerar que, sendo ele do maligno, seu irmão fosse justo (I Jo. 3:12).
– Em que pese a perda da comunhão com Deus por causa do pecado, o gesto dos dois irmãos de apresentar sacrifícios a Deus demonstra que o primeiro casal os havia ensinado a buscar a presença de Deus, mas, apesar deste ensino, verificou-se ali uma divisão espiritual, pois um dos irmãos servia a Deus e o outro, não. Esta divisão acabou por levar à morte de Abel, o primeiro herói da fé (Hb.11:4).
– Desde os primórdios da humanidade, portanto, notamos que o justo sofre aflições por causa da sua fé em Deus a partir do seu próprio lar, da sua própria família. Por isso, o Senhor Jesus, que também vivenciou esta triste realidade, foi categórico ao afirmar: “E, assim, os inimigos do homem serão os seus familiares” (Mt.10:36).
– Não há comunhão entre a luz e as trevas (II Co.6:14) e, portanto, quando alguém entrega a sua vida para o Senhor Jesus, fatalmente entrará em conflito com os seus familiares, caso eles não sejam servos do Senhor Jesus. O embate que há entre o mundo e a Igreja inicia-se em casa, no lar, no ambiente mais íntimo de cada ser humano.
– Após a morte de Abel, a Bíblia nos afirma que o primeiro casal teve outro filho, a que deu o nome de Sete, cujo significado é “compensação” ou “renovo” ou, ainda, para outros, “designado” (Gn.4:25). Sete cresceu sabendo que havia sido dado em lugar de Abel, como uma compensação da parte do Senhor e, ao ter seu primeiro filho, deu-lhe o nome de “Enos”, cujo significado é “mortal”, passando, então, a invocar o nome do Senhor (Gn.4:26).
– Neste gesto de Sete, que passou a invocar o nome do Senhor, ou seja, pedir pela Sua presença, servi-l’O continuadamente, bem como ter chamado o seu filho de “Enos”, que quer dizer “mortal”, vemos a convicção que este homem de Deus, que deu origem à primeira linhagem piedosa da humanidade, tinha para que se evitasse a divisão espiritual no lar: a contínua invocação ao Senhor, desde o início da formação do núcleo familiar.
– Só há uma forma de evitarmos a divisão espiritual no lar, qual seja, a de formarmos um lar na presença do Senhor, a de formarmos uma família na orientação divina, o que implica a circunstância de nos casarmos na direção de Deus, evitando o jugo desigual, como também o de criarmos a nossa prole, desde a sua concepção, no caminho do Senhor, como, aliás, daria conta o sábio Salomão: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv.22:6).
– Fora destas hipóteses, o que se verificará será a divisão espiritual no lar, visto que, em não havendo formação da família na direção divina nem tampouco a instrução da prole na são doutrina, haverá aqueles que servem a Deus e os que não O servem e a consequência disto é a divisão espiritual no lar, pois não há comunhão entre luz e trevas.
– Neste sentido, aliás, é que o Senhor Jesus disse, certa vez, que viera trazer divisão nos lares e não paz. Numa afirmação que até hoje causa admiração, Cristo foi peremptório: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; porque Eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra” (Mt.10:34,35).
– Muitos, ao lerem esta afirmação do Senhor Jesus, ficam confusos, pois entendem que como Jesus é o Príncipe da Paz (Is.9:6) e pelo fato de o próprio Cristo ter dito que havia trazido paz para os Seus discípulos (Jo.14:27), como poderia, agora, estar a dizer o contrário, de que não traria a paz, mas a espada?
– Não há qualquer contradição nos ensinos de Cristo Jesus. Na verdade, o Senhor está a revelar que o fato de as pessoas crerem em Seu nome e obterem não só a paz com Deus (Rm.5:1) mas a paz de Deus (Fp.4:7; Cl.3:15), também os levará a terem problemas e conflitos familiares, visto que, caso seus familiares não sejam alcançados pela salvação em Cristo Jesus, tornar-se-ão os seus primeiros inimigos.
– Nas Suas últimas instruções, o Senhor Jesus revelou que todos os Seus discípulos serão odiados pelo mundo (Jo.15:18-23) e este ódio começa a ser demonstrado pelos que nos estão mais próximos, ou seja, os nossos familiares. Não é à toa, repetimos, que o primeiro justo, o primeiro herói da fé foi morto pelo seu próprio irmão!
– Os laços familiares foram criados e estabelecidos por Deus para perdurar durante esta vida terrena e, por isso, por mais íntimos que sejam, por mais próximos que sejam, por mais fortes que sejam, não podem prevalecer diante dos vínculos espirituais existentes na vida das pessoas. Assim, infelizmente, os nossos familiares, por mais amigos que sejam de nós, por mais que nos amem, quando se está diante de uma realidade espiritual, nos odiarão por causa da nossa fé em Cristo Jesus, caso não compartilhem dela. Não nos esqueçamos que os incrédulos estão escravizados pelo pecado (Jo.8:34) e, portanto, nem sequer fazem o que querem, mas o que não querem é o que estão a fazer (Rm.7:14-20).
– O próprio Jesus não fugiu desta triste realidade. Durante o Seu ministério terreno, vemos a oposição que lhe fez os Seus próprios irmãos, que as Escrituras são incisivas em dizer que eram incrédulos (Jo.7:3-5) e que, numa determinada ocasião, juntamente com a Sua mãe, pretenderam prendê-l’O, considerando que havia enlouquecido. Tal situação fez o próprio Jesus a dizer que Sua mãe e irmãos eram aqueles que fizessem a vontade de Deus e não os que Lhe eram ligados por laços de sangue (Mc.3:21,31-35).
– Esta mesma situação, que, aliás, prefigura a vivida por Cristo, vemos na vida de José que foi invejado pelos seus próprios irmãos precisamente porque era fiel a seu pai e servia ao Senhor (Gn.37:3,4,11,18-23), o que, infelizmente, não era o que ocorria com relação aos demais filhos de Jacó. Esta oposição espiritual no lar de Jacó levou, inclusive, a dar ocasião para o sofrimento de José, sofrimento que durou longos treze anos.
– Esta mesma situação, que, aliás, prefigura a vivida por Cristo, vemos na vida de José que foi invejado pelos seus próprios irmãos precisamente porque era fiel a seu pai e servia ao Senhor (Gn.37:3,4,11,18-23), o que, infelizmente, não era o que ocorria com relação aos demais filhos de Jacó. Esta oposição espiritual no lar de Jacó levou, inclusive, a dar ocasião para o sofrimento de José, sofrimento que durou longos treze anos.
– Nota-se, pois, que a divisão espiritual no lar é inevitável na vida daqueles que se convertem a Cristo Jesus e que não vivem numa família que serve ao Senhor. É um embate espiritual que se instaura, que se estabelece no mais íntimo de nossos ambientes, em nosso “ninho” neste planeta e que, certamente, causa um sem-número de tumultos, discórdias e conflitos que atacam diretamente naquilo que temos de mais caro, pois afeta a nossa sensibilidade, a nossa afetividade, o nosso coração.
– Como se não bastasse isso, tem-se, ainda, a realidade daqueles lares que, embora formados segundo a direção divina e que tiveram sua estruturação na Palavra de Deus, são acometidos pelo desvio espiritual de um de seus integrantes, pois, como sabemos, Deus deu o livre-arbítrio a todos os homens e, portanto, embora seja fundamental a educação dos filhos na sã doutrina, isto não é uma garantia de salvação, visto que a salvação não é hereditária, mas individual.
– Assim, por exemplo, como podemos explicar que um rei tão fiel como Jotão (II Cr.27) tenha tido um filho tão ímpio como Acaz (II Cr.28)? Pelo fato de que a fidelidade de Jotão não se transmite hereditariamente a Acaz, devendo cada um tomar a sua posição diante do Senhor.
– Deste modo, pois, não bastassem os problemas decorrentes da divisão espiritual no lar onde alguém se converte ao Senhor, temos o problema que surge quando alguém de uma família estruturada conforme os princípios da sã doutrina apostata da fé, desvia-se dos caminhos do Senhor. Neste lar, também, surge a divisão espiritual, com as mesmas e, talvez, com piores circunstâncias que a do lar onde se deu a conversão de alguém. É o que se deu na família do rei Josafá que foi praticamente dizimada por causa do desvio espiritual de Jeorão, seu primogênito (II Cr.21:4-6).
III – OS CONFLITOS NO LAR CRISTÃO
– Mas, mesmo nas famílias que não se encontram em quadro de divisão espiritual, também pode haver conflitos, visto que a família é uma realidade terrena e, como tal, estamos sujeitos a desentendimentos e a incompreensões, algo que tem sido utilizado pelo inimigo de nossas almas para a destruição de muitos lares.
– A família é formada de indivíduos e, como diz conhecido dito popular, “cada cabeça, casa sentença”. Cada ser humano é diferente do outro, Deus não nos fez idênticos e, diante deste quadro, é natural que surjam desavenças, desentendimentos entre os integrantes de uma família, que devem ser devidamente administrados para que daí não surja uma contenda que leve à perda da comunhão.
– Muitas são as origens dos conflitos entre as pessoas, especialmente no ambiente familiar, que, por ser um ambiente de intimidade, é mais propício ao surgimento de desentendimentos e diferenças entre os familiares.
– A família foi criada sob o signo do amor e, portanto, deve ser uma contínua vivência em termos de entrega, de exercício do altruísmo. No ambiente familiar, é imperioso, indispensável que o familiar sempre viva na perspectiva de se pôr no lugar do outro, de sentir as mazelas e alegrias do outro, de se abri ao outro. É por isso, aliás, que a família é um ambiente adequado para exercitemos e desenvolvamos o amor ao próximo, o amor a Deus.
– Esta realidade foi-nos mostrada pelo apóstolo Paulo que, ao descrever o relacionamento entre o marido e a mulher, em I Co.7, mostra-nos que este altruísmo é tão intenso que nem mesmo o próprio corpo do cônjuge pode ser considerado seu, mas, sim, passa a pertencer ao cônjuge.
– Um dos primeiros fatores que produz conflitos nas famílias é, precisamente, o individualismo, o egoísmo, o pensar em si próprio em detrimento do cônjuge e dos filhos. Este individualismo, que é uma característica predominante no “modus vivendi” de nossos dias (II Tm.3:1-4) faz com que não pensemos em nosso familiar, em seus sentimentos, anseios, projetos, mas o vejamos apenas como um instrumento para a nossa própria satisfação.
– O comportamento individualista e egoístico tem sido um dos principais fatores de desentendimentos entre os familiares, pois há uma verdadeira luta entre eles para a sujeição do outro a seus caprichos, projetos e anseios, o que, naturalmente, encontra resistência e oposição, a ponto de, em muitos casos, a vida em comum tornar-se insuportável, gerando a falência da comunhão e, por conseguinte, a própria destruição do lar.
– Cônjuges devem saber que, ao assumir o compromisso de conviverem, estão renunciando a si próprios em favor do outro, devem buscar o bem-estar do cônjuge, a satisfação do cônjuge, renúncia esta que é fundamental para a superação das diferenças e dos desentendimentos. Sem tal disposição, não há como se estabelecer uma vida familiar sadia e duradoura, que cumpra os propósitos divinos.
– Como tivemos ocasião de verificar na lição 3, a finalidade da convivência conjugal é levar à excelência o outro cônjuge, tanto que, no livro de Cantares de Salomão, sempre é o cônjuge quem enaltece as virtudes e qualidades do outro, pois foi quem proporcionou que o outro se realizasse enquanto indivíduo, enquanto cônjuge.
– Nos dias em que vivemos, no entanto, onde é acentuada a mentalidade individualista, os cônjuges querem apenas se satisfazer, não buscam o bem-estar do outro e isto gera um sem número de contendas e de conflitos. Faz-se preciso que superemos isto com o amor divino, que foi derramado pelo Espírito Santo em nossos corações, buscando agir com compaixão, ou seja, com a capacidade de nos colocarmos no lugar do nosso cônjuge, ter os seus sentimentos e estar dispostos a ser um fator de seu crescimento tanto material quanto espiritual.
– O primeiro ponto para se evitar conflitos é a manutenção de total franqueza entre os familiares. A família cristã desfruta de uma unidade entre seus integrantes e dos seus integrantes com Deus. Temos um ambiente de comunhão, diverso do até aqui descrito, em que há divisão espiritual no lar.
– Ora, se há comunhão, temos a reprodução do ambiente que havia entre o primeiro casal antes da queda, quando, diz-nos a Escritura, marido e mulher não tinham qualquer vergonha entre si, apesar de estarem nus (Gn.2:25).
– Havia, portanto, entre Adão e Eva uma unidade perfeita, um não escondia coisa alguma para o outro, havia total confiança entre ambos, ambos compartilhavam todos os temas, todas as experiências, ambos procuravam servir a Deus em conjunto, seguir-Lhe as orientações.
– É este clima que deve haver em um lar cristão, um ambiente de franqueza, de “jogo aberto”, em que não só os cônjuges, mas também entre pais e filhos, haja um diálogo aberto, franco, onde todos compartilhem o seu interior não só entre si mas também com o Senhor, Senhor, aliás, que toda viração do dia vinha dialogar com o primeiro casal (Gn.3:8).
– Nos dias em que vivemos, não há mais comunicação entre os familiares, e, sem comunicação, que é a “ação de tornar comum”, não se tem a comunhão, que é um estado que se estabelece com a comunicação. Isto tem prejudicado sobremaneira a vida familiar, pois, em sendo assim, não há aquela franqueza e aquele conhecimento mútuos que são indispensáveis para que tudo se esclareça e não surjam ocasiões de conflito.
– O homem tem necessidade de viver em sociedade, não pode ficar solitário e a falta de convívio e de comunicação entre os familiares faz com que cada integrante da família se socorra de terceiros para desfrutar deste compartilhamento, terceiro este que, muitas vezes, não serve a Deus, que não compartilha da intimidade familiar, gerando um distanciamento que comprometerá a unidade e comunhão familiares, que dará margem a surgimento de conflitos.
– Aqui temos uma situação muito grave, que se reproduz em quase todos os lares na atualidade, que é a total falta de acompanhamento do dia-a-dia dos filhos pelos pais que, por trabalharem, simplesmente não mais criam nem educam seus filhos, “terceirizando” esta função para avós, creches e estabelecimentos de ensino.
– Trata-se de uma situação que gera um distanciamento tal que os filhos passam a adotar condutas, comportamentos e valores que nada têm que ver com os valores, condutas e comportamentos dos pais e da Palavra de Deus. São estes filhos verdadeiros “órfãos de pais vivos” e o resultado é altamente prejudicial à formação moral e espiritual de tais crianças e adolescentes.
– Temos aqui um dos principais fatores porque há, atualmente, um grande número de filhos de cristãos que não professam a fé, que estão perdidos e engrossando as estatísticas de delinquência e de corrupção moral em nossa sociedade. Falaremos disto em lição apropriada, mas, desde já, temos aqui um elemento que leva a inúmeros conflitos familiares, que dá margem a histórias extremamente trágicas pelos quais a família é completamente destruída por causa da quimiodependência, da prostituição e da criminalidade.
– O segundo fator que faz com que se evitem conflitos nas famílias é a falta de respeito e consideração para com o outro. No Éden, antes da queda, o primeiro casal se tratava com a devida dignidade, não tinham vergonha um do outro, não havia menosprezo em relação ao outro, algo que se modificou com a entrada do pecado no mundo.
– Devemos tratar o outro, em especial o familiar, como alguém que traz consigo a imagem e semelhança de Deus, pois todos fomos criados à Sua imagem e semelhança (Gn.1:26,27). Assim, não podemos destratar o nosso familiar, aviltá-lo, humilhá-lo, agredi-lo, pois, em se tratando de integrante de nossa família, todo e qualquer comportamento grosseiro causará feridas muito maiores do que se tiver tal conduta por parte de um estranho.
– Nas discussões e desentendimentos, devemos evitar falar, a fim de não proferir palavras que causarão enormes feridas em nossos familiares. Devemos pedir graça ao Senhor para que tenhamos a temperança, o autodomínio, pois, muitas vezes, são por causa de palavras proferidas em momentos de ira e cólera que causamos enormes dificuldades nos relacionamentos, dificuldades estas que sempre deixarão cicatrizes e que perturbarão a convivência até o fim, quando não a matarem de vez.
– Conhecemos um pastor, que já dorme no Senhor, que viveu mais de sessenta anos de um feliz matrimônio. Indagado, quando da celebração de suas bodas de diamante, qual o segredo de convivência tão longeva, disse-nos que jamais abrira a boca em momentos de cólera, ira e nervosismo, deixando para comentar o assunto que causara divergência com a mulher em outro instante. Sim, quando assim fazemos, estamos, certamente, deixando de dar lugar ao diabo, o que nos é determinado pela Bíblia Sagrada (Ef.4:27).
– Precisamos, ainda, ter o devido discernimento espiritual em tais ocasiões. Muitas vezes, no calor da divergência e da incompreensão, somos levados a proferir palavras que machucam o nosso familiar, somos, a exemplo de Pedro, levados a deixar que o diabo tome a nossa boca e diga coisas destrutivas. Nestes instantes, devemos saber da situação em que se encontra nosso familiar e não “baixarmos o nível”, não nos deixarmos levar também pela tentação. O silêncio é, nestes momentos, a melhor resposta e devemos, de imediato, clamar a Deus para que nos controlemos e, no momento oportuno, voltemos a tratar do assunto que causou a desavença.
– Moisés assim agiu quando foi confrontado e abandonado por Zípora, sendo acusado de “homem sanguinário” quando esta, num gesto de revolta, acabou por circuncidar o filho mais novo do casal (Ex.4:24-26). Moisés não disse palavra e este silêncio foi fundamental para que, posteriormente, aquela família voltasse a viver unida.(Ex.18:5).
– O terceiro fator que faz com que evitemos conflitos familiares é a humildade. Devemos ser humildes e estar prontos a ouvir os nossos familiares quando vierem dar suas opiniões, nos aconselhar. Isto faz, de certo modo, parte da consideração e respeito que devemos dar ao outro, mas também devemos ser sensíveis à voz de Deus. Temos de entender que quem deve orientar e reinar em nossos lares é o Senhor, não o marido ou a mulher, nem tampouco os filhos.
– Eis a importância de a família ser um “lar”. Nos momentos de crise, de desorientação, de impasse, devemos clamar ao Senhor, pois Ele é quem deve reinar e dar a última palavra no lar. Em vez de cada um dar a sua razão e querer impor a sua vontade, o fundamental é que todos busquem a Deus para saber qual é a Sua vontade, que sempre será o melhor para a família.
– Outro fator importante para se evitar conflitos no lar cristão é a justiça, a imparcialidade. Devemos ser justos com nossos familiares, sem favoritismos de qualquer espécie. A Bíblia mostra-nos as tragédias decorrentes de uma conduta parcial e injusta entre familiares, como, por exemplo, o resultado do comportamento de Isaque e de Rebeca em relação a seus filhos Esaú e Jacó (Gn.25:27,28), que teria causado a destruição da família não fosse a intervenção divina.
– Nos dias hodiernos, há muito favoritismo, muita parcialidade nos relacionamentos familiares, sem se falar na busca de uma compensação pela falta de afeto e de acompanhamento dos filhos numa defesa ilimitada de todas as atitudes dos filhos. Quantos pais que hoje não admitem que seus filhos sejam repreendidos ou castigados por professores ou, mesmo, pelos ministros e oficiais das igrejas locais, pelo simples fato de que são seus filhos, numa atitude totalmente parcial e injusta, que só faz criar delinquentes? Tomemos cuidado com isso, amados irmãos, pois devemos ser justos e imparciais, justiça e imparcialidade que deve começar com os nossos familiares.
IV – COMO AGIR DIANTE DOS CONFLITOS NO LAR
– Diante destas situações, como devemos agir? Como enfrentar uma dificuldade tão grande como são os conflitos familiares, a começar da situação de divisão espiritual no lar, mas também nos casos de famílias genuinamente cristãs?
– Por primeiro, devemos lembrar que a divisão espiritual no lar é apenas uma faceta do grande conflito que temos de enfrentar diuturnamente desde o dia em que recebemos a Cristo Jesus como nosso único e suficiente Senhor e Salvador, o conflito contra o maligno, contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12).
– A divisão espiritual no lar é uma demonstração clara e transparente para cada servo de Deus de que, realmente, ocorreu uma transformação na sua vida, de que agora ele é uma nova criatura (II Co.5:17), tanto que os seus relacionamentos com os seus familiares se alteraram radicalmente.
– Os conflitos e embates que surgem no recôndito do lar depois que recebemos a salvação em Cristo Jesus são como que uma prova que Deus nos dá de que aquilo em que acreditamos, a pregação que recebemos não é um “efeito psicológico”, não é uma “quimera”, uma “imaginação”, mas uma realidade bem presente, tanto que, por termos deixado as trevas e passado a habitar a luz, houve uma radical transformação em nosso relacionamento com nossos familiares que não tiveram esta mesma experiência.
– A divisão espiritual no lar é, portanto, uma confirmação da veracidade da Palavra de Deus, da realidade da salvação em Cristo Jesus e, apesar dos sofrimentos decorrentes dos embates, é uma segurança que Deus nos dá de que estamos no caminho certo e que a salvação é uma realidade e que, portanto, vale a pena perseverarmos até o fim para alcançarmos as promessas que nos foram feitas pelo Nosso Senhor e Salvador.
– Ao mesmo tempo que a divisão espiritual no lar nos faz ver que a salvação é uma realidade, mostra a absoluta necessidade que têm os nossos familiares de ser também salvos por Cristo Jesus. Sua mudança de comportamento em relação a nossas pessoas, o ódio que passam a nutrir por nós por causa da nossa fé apenas confirmam que eles estão escravizados pelo pecado e que precisam da salvação. Assim, a divisão espiritual no lar propicia-nos experimentar a real necessidade que nossos familiares têm da salvação.
– Diante desta constatação, não nos resta senão passarmos a interceder com intensidade para a salvação de nossos entes queridos. Mais do que ninguém, temos de clamar ao Senhor pela salvação de nossos familiares, orando e jejuando neste sentido, como também procurando, de todas as formas, evangelizá-los.
– Exsurge, então, a absoluta necessidade que temos de agir com sabedoria e discernimento para que a divisão espiritual no lar não degenere em contendas, iras, pelejas e dissensões no seio do lar, pois tais atitudes são obras da carne e, como tal, não podem ser produzidas por quem se diz servo do Senhor (Gl.5:20).
– A pior coisa que pode acontecer num lar espiritualmente dividido é o servo de Deus dar vazão a discussões, debates, que gerem contendas, dissensões, iras e pelejas no seio familiar. Quem traz a divisão espiritual para o lar é o Senhor Jesus, ou seja, o fato de termos caminhado para a luz ou de um ente querido ter caminhado para as trevas. Não podemos nos sermos o fator de instabilidade no lar, de iras e pelejas.
– O saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012) costumava ensinar que não há nada mais inadequado num lar dito cristão que a gritaria, baseando seu ensino em Ef.4:31. Não podemos permitir que o ambiente familiar onde estamos seja lugar de amargura, ira, cólera, gritaria e blasfêmias, devendo tudo isto ser demovido de nosso lar.
– Verdade é que os integrantes de nossa família que não tiverem comunhão com o Senhor procurarão levar-nos para este embate, para este conflito, mas, de forma alguma, poderemos permitir entrar neste “jogo do inimigo”, evitando ao máximo a peleja e a celeuma.
– Nosso exemplo deve ser, como sempre, o Senhor Jesus. Desafiado pelos Seus irmãos, Ele simplesmente calou, inclusive Se recusando a ir com eles para a festa dos tabernáculos, não deixando, porém, de lhes falar a verdade, mas com candura e sabedoria (Jo.7:1-9). Muitos aqui procuram ver uma “mentira” de Jesus, pois Ele teria dito que não iria à festa e acabou indo. No entanto, não há aqui qualquer “mentira” da parte do Senhor Jesus, mas, sim, uma atitude de prudência. Além do mais, como o Senhor Jesus disse, Ele não foi à festa de forma manifesta como queriam Seus irmãos, o que ocorreria apenas na Páscoa em que Ele foi crucificado, mas foi até Jerusalém de modo oculto, sem qualquer alarde ou pompa.
– Neste ponto, aliás, é interessante notar que, muitas vezes, os familiares incrédulos são usados pelo adversário não para nos “crucificar”, nos desprezar por causa da fé, mas, exatamente, no sentido contrário, ou seja, na “exaltação”, no “soerguimento do nosso ego”. Os irmãos de Cristo, embora fossem incrédulos, queriam que Jesus Se apresentasse como o maioral diante do povo em Jerusalém, com ar de superioridade, algo que, entretanto, era totalmente contrário aos propósitos divinos estabelecidos para o Senhor em Seu ministério terreno. Muitas vezes, os familiares incrédulos querem nos levar para um caminho de exaltação e de arrogância espiritual e precisamos ter o mesmo discernimento que teve Nosso Senhor ao lidar com este caso e a preferir não subir à festa com eles, mas de modo solitário e humilde.
– Esta atitude de Cristo Jesus para com Seus familiares leva-nos a ter uma outra lição, qual seja, a de que não podemos nos envolver com as atitudes pecaminosas de nossos familiares, nem tampouco participarmos de atividades que não contribuem para a nossa vida espiritual mesmo em família.
– Devemos, em termos familiares, assim como em todos os demais grupos sociais em que estamos inseridos, somente ir, como diz o pastor Severino Pedro da Silva (Assembleia de Deus – Ministério do Belém – São Paulo/SP), “até onde a mão de Deus alcança”. Desta maneira, em nossos relacionamentos familiares, somente podemos participar de atividades e atitudes que não comprometam a nossa comunhão com o Senhor, pois devemos amar a Deus sobre todas as coisas e o amor a Deus é, sobretudo, a guarda da Sua Palavra (Jo.14:23,24).
– Devemos, em termos familiares, assim como em todos os demais grupos sociais em que estamos inseridos, somente ir, como diz o pastor Severino Pedro da Silva (Assembleia de Deus – Ministério do Belém – São Paulo/SP), “até onde a mão de Deus alcança”. Desta maneira, em nossos relacionamentos familiares, somente podemos participar de atividades e atitudes que não comprometam a nossa comunhão com o Senhor, pois devemos amar a Deus sobre todas as coisas e o amor a Deus é, sobretudo, a guarda da Sua Palavra (Jo.14:23,24).
– Devemos ter consciência que a divisão espiritual no lar é consequência da presença de Deus na vida daqueles familiares que servem a Deus, é algo trazido pelo próprio Cristo e, portanto, não podemos achar que o fato de não compartilharmos de atitudes mundanas e antibíblicas de nossos familiares seja um comportamento de nossa parte que promova a dissensão ou a contenda, como, muitas vezes, o inimigo de nossas almas sopra em nossos ouvidos.
– Não devemos ser antissociais nem arredios ao contato com nossos familiares não crentes. Devemos ser dóceis, amigáveis, seguindo o exemplo de Nosso Senhor que tinha uma vida social normal, mas que sabia se conduzir com sabedoria, sendo por ela justificado (Mt.11:19; Lc.7:33,34). Devemos participar do convívio familiar até o ponto em que isto não compromete a nossa vida espiritual. A partir deste ponto, temos de nos afastar, sem gritaria, sem espetáculo, sem “lições de moral”, sem contenda ou algo similar, mas afirmando, perante os nossos familiares, a nossa fé em Cristo Jesus.
– Alguém dirá que um comportamento desta natureza poderá causar, em nossos familiares, a incompreensão. Isto é inevitável, amados irmãos. Nossos familiares, se incrédulos forem, não compreenderão, mesmo, o nosso gesto de afastamento das condutas contrárias à Palavra de Deus, mas isto é resultado da divisão espiritual no lar causada pela vinda de Cristo Jesus à nossa vida. O Senhor disse que os familiares se voltariam contra nós. Além do mais é este o sentido da expressão tantas vezes mal interpretada de Mt.10:37, a saber: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim não é digno de Mim”. Nosso amor deve ser a Deus em primeiro lugar, ainda que isto cause incompreensão e um sem-número de aflições em nossos relacionamentos familiares.
– De forma sábia e sem contendas devemos nos afastar dos nossos familiares quando eles estão a cometer pecados ou a realizar atividades embaraçosas que podem nos levar a pecar. Não podemos deixar de reconhecer que, infelizmente, se incrédulos forem, nossos familiares estarão a serviço do adversário de nossas almas e, assim, não podemos permitir que, através deles, sejamos desviados da nossa fé. Sejamos prudentes, amados irmãos!
– Jesus, ao Se afastar da companhia dos Seus irmãos para ir até a festa dos tabernáculos, dá-nos um exemplo precioso de como devemos agir nestas situações delicadas, que envolvem os mais sublimes sentimentos nossos, que envolvem nossos laços familiares, mas que são laços terrenos e que não podem, de forma alguma, se sobrepor à nossa comunhão com o Senhor.
– É com tristeza que vemos que muitos servos de Deus têm se deixado enredar por estas teias do adversário e que acabam por perder a fé por sobreporem os laços familiares à comunhão com Deus. A contemporização com o pecado leva-nos ao pecado e jamais poderá trazer os incrédulos à presença de Deus. Lembremos disto!
– Outro ponto importantíssimo quando estivermos diante da divisão espiritual no lar é a referente ao nosso testemunho. A importância do testemunho é tanta que a Bíblia Sagrada diz que o testemunho do crente entre os seus familiares que não são crentes é fundamental para a salvação dos demais integrantes da família (I Co.7:16; I Pe.3:1). Eis o motivo pelo qual muitos familiares de crentes não se convertem: porque seus familiares ditos cristãos dão péssimo testemunho e se tornam em via de escândalo que impede a salvação dos entes queridos.
– Não há maior obstáculo à salvação de alguém do que o péssimo testemunho de um familiar que se diga cristão. Quando, entre as quatro paredes de nosso lar espiritualmente dividido, não nos comportamos como servos do Senhor, estamos sendo agentes de Satanás, pois a nossa vida de hipocrisia será uma poderosíssima arma infernal para impedir a salvação de nossos familiares incrédulos, pois eles veem claramente a mentira que é a vida espiritual do que cristão se diz ser, que é um santo entre os irmãos da igreja local e um verdadeiro demônio dentro de casa. Fujamos disto o quanto antes, amados irmãos!
– A necessidade de, dentro de nosso lar, apesar de todo o embate espiritual decorrente da divisão existente entre os que servem a Deus e os que não O servem, termos um testemunho exemplar é fundamental para que possamos ganhar nossos familiares para Cristo e, assim, debelarmos o problema da divisão espiritual no lar.
– Nas duas referências já mencionadas, tanto Pedro quanto Paulo são enfáticos ao mostrar que o testemunho de um cristão em seu lar é extremamente relevante para levar à santificação do lar e para a salvação dos familiares incrédulos. Quando estamos em comunhão com Cristo, santificamos o nosso lar, passamos a ser uma bênção para a nossa família, ainda que nem toda ela esteja a servir ao Senhor. É esta, aliás, a promessa de Abraão que se transmitiu à Igreja (Gl.3:8,9).
– Temos sido uma bênção em nossos lares? Temos levado a bênção de Deus para os nossos lares, apesar de incompreendidos pelos nossos familiares incrédulos? Ou temos tido um testemunho que nos faz ser maldição e malditos? Temos dado motivo para que os familiares se escandalizem do Evangelho? Se isto tem acontecido, cuidado, amado(a) irmão(ã), pois ai daquele por quem vem o escândalo (Mt.18:7)!
– Mas o apóstolo Pedro ainda foi além. Disse que as mulheres, que eram aquinhoadas de uma posição muitíssimo inferior que a dos homens em sua época, poderiam ganhar seus maridos sem palavra, única e exclusivamente pelo seu porte, em virtude de sua vida casta em temor (I Pe.3:1,2).
– Será que nosso porte em família, que nossa vida tem contribuído para a conversão de nossos entes queridos? Será que temos uma vida casta, ou seja, uma vida pura, uma vida santa, uma vida separada do pecado, que nos traga uma autoridade moral e espiritual capaz de abalar a incredulidade dos entes queridos? Ou temos vivido uma vida de hipocrisia que destrói qualquer possibilidade de, através de nós, os nossos familiares chegarem a um encontro pessoal com Cristo Jesus?
– Será que nosso porte em família, que nossa vida tem contribuído para a conversão de nossos entes queridos? Será que temos uma vida casta, ou seja, uma vida pura, uma vida santa, uma vida separada do pecado, que nos traga uma autoridade moral e espiritual capaz de abalar a incredulidade dos entes queridos? Ou temos vivido uma vida de hipocrisia que destrói qualquer possibilidade de, através de nós, os nossos familiares chegarem a um encontro pessoal com Cristo Jesus?
– Mahatma Gandhi (1869-1948), o grande líder pacifista indiano, afirmou certa vez: “Amo o cristianismo, mas odeio os cristãos, pois não vivem segundo os ensinamentos de Cristo”. Será que, da mesma forma que Gandhi, nossos familiares incrédulos também têm odiado a sã doutrina em virtude de nosso testemunho? Pensemos nisto!
– Neste testemunho, aliás, está incluído o que estamos a fazer em nossos lares, como estamos a viver. Lamentavelmente, não são poucos os lares em que não se tem ali uma igreja, mas, sim, um pedaço do mundo. Quantos não têm, ultimamente, transformado seus lares em altares para o pecado e para o mundo em vez de altares para Deus. Nestes lares, não há mais culto doméstico, mas, por intermédio dos meios de comunicação de massa, ali se tem propagado a prostituição, a blasfêmia, a impureza, a malícia e tanta coisa imoral.
– Como podemos, então, falar do amor de Cristo a nossos familiares, se comungamos com todo o pecado que tem grassado no mundo? Como podemos levar nossos familiares incrédulos a Cristo se, em nossos próprios lares, estamos a compartilhar dos valores e princípios mundanos e pecaminosos? Como podemos levar as almas para Cristo, se nós mesmos estamos sendo levados pela onda da apostasia que nos leva ao diabo?
– Ante a divisão espiritual no lar, devemos dar bom testemunho e este testemunho inclui, também, a resignação e o perdão, duas atitudes que somente pelo Espírito Santo que está em nós pode nos ajudar a realizar.
– No relato bíblico a respeito da malévola ação de seus irmãos contra si, não há qualquer atitude de José que revele revolta ou agressividade. Não há qualquer registro de que José tenha insultado seus irmãos, pedido clemência, lançado pragas contra eles ou que tenha agredido seus algozes até em legítima defesa de sua pessoa. José manteve-se resignado, sem qualquer reação. José é tipo de Jesus e a Bíblia nos diz que Jesus, quando era injuriado, não injuriava e quando padecia não ameaçava, mas Se entregava Àquele que julga justamente (I Pe.3:23).
– Assim também se portou o rei Davi diante da rebelião promovida por seu filho Absalão. Resignadamente, tendo sabido da revolta e do apoio popular, Davi resolve deixar Jerusalém, evitando uma batalha pelo domínio da capital, inclusive demonstrando que se punha nas mãos do Senhor, como revela no momento em que manda que a arca seja levada de volta para Jerusalém por parte dos sacerdotes Zadoque e Abiatar (II Sm.15:14,25,26).
– Deve ser esta a nossa reação diante dos ataques que forem promovidos por nossos familiares incrédulos em virtude nossa fé em Cristo Jesus. Devemos manter uma atitude de resignação, não respondendo o mal com o mal, mas, antes, o mal com o bem (Rm.12:21). Devemos, diante destas perseguições, nos alegrar e exultar porque é grande o nosso galardão nos céus (Mt.5:11,12).
– Não devemos fazer eloquentes discursos e sermões que criem mais contenda ou discussão, mas tão somente nos voltarmos para o Senhor, pedirmos direção e orientação, deixando que, se necessário for, as palavras que saiam de nossas bocas não sejam nossas mas do Espírito Santo, até porque o Senhor assim nos prometeu, como se vê em Lc.21:12-19.
– Nesta promessa do Senhor, ademais, está outra conduta que devemos tomar ante as perseguições e aflições decorrentes da ação de nossos familiares incrédulos contra nós por causa do nome de Jesus. É a atitude da paciência. “Na vossa paciência, possuí as vossas almas” (Lc.21:19). Diante do ódio de nossos familiares incrédulos por causa de nossa fé em Jesus, reajamos com a paciência.
– A Bíblia de Jerusalém assim traduz Lc.21:19: “É pela perseverança que mantereis as vossas vidas!” Notamos, portanto, que, ante as aflições decorrentes da divisão espiritual no lar, devemos perseverar na fé, pois aquele que perseverar até o fim será salvo (Mt.24:13). Ante o embate espiritual em nosso próprio “ninho”, temos de continuar firmes com Jesus. Como diz o poeta sacro traduzido/adaptado pelo pastor Paulo Leivas Macalão: “Eu quero estar com Cristo, onde a luta se travar” (primeiro verso da estrofe do hino 212 da Harpa Cristã). O segredo é se manter ao lado do Senhor Jesus.
– A paciência, que é fruto precisamente da tribulação (Rm.5:3), levar-nos-á a ter experiência e esta experiência, por sua vez, produzirá a esperança (Rm.5:4,5), que é fundamental para que mantenhamos uma vida espiritual sadia e, no tocante a nossos familiares incrédulos, nos manterá na luta espiritual pela intercessão pela sua conversão, como também nosso porte será um poderoso meio de evangelização.
– Mas, além da paciência, devemos nos portar, ante a divisão espiritual no lar, com o perdão. José, já governador do Egito, não agiu com vingança para com seus irmãos, mas entendeu que tudo aquilo fora plano de Deus para a salvaguarda da nação israelita e, assim, o prosseguimento do propósito iniciado com Abraão (Gn.50:14-21).
– Apesar de todo o mal que possam nossos familiares incrédulos nos realizar, temos de perdoá-los, pois, assim fazendo, estaremos dando testemunho de Cristo Jesus e contribuindo para a sua conversão. As feridas causadas por familiares são as mais difíceis de lidar, porquanto são nosso sangue, são pessoas muito próximas a nós, mas é aí que temos de agir como Jesus.
– José não retribuiu o mal com o mal, mas venceu o mal com o bem. Assim devemos nós também agir. De igual maneira, procedeu Davi, que não queria, de modo algum, que Absalão fosse morto e, ao saber de sua morte, demonstrou toda a sua contrariedade com o gesto de Joabe (II Sm.18:5, 32, 33).
– O perdão é uma atitude que demonstra toda a nossa liberdade em Cristo Jesus. Através do perdão, desfazemos todos os nós criados pelo inimigo de nossas almas e, destarte, mostramos que realmente temos o amor de Deus, que Cristo eficazmente liberta do pecado e do mal. Será que as mágoas e rancores que temos acumulado ao longo dos anos em nossos relacionamentos familiares não têm sido os principais impedimentos e obstáculos para que nossos familiares se convertam a Cristo?
– Como podemos testificar que Cristo perdoa os pecadores se nós não perdoamos aos nossos entes queridos? Como podemos testificar que Deus é amor, se dizemos que Deus está em nós, mas somos incapazes de perdoar? Pensemos nisto!
– Por fim, outra atitude que não pode faltar num lar espiritualmente dividido é a nossa determinação para que haja a salvação de nossos entes queridos. Não podemos desistir da intercessão pela conversão deles nem tampouco pela sua evangelização.
– O Senhor Jesus é, uma vez mais, o exemplo a ser seguido. Seus irmãos não criam n’Ele, Seus familiares eram os Seus primeiros inimigos, mas, antes de subir aos céus, o Senhor todos ganhou para Si. Um dos objetivos para Sua permanência na Terra por quarenta dias após a Sua ressurreição foi a salvação de Sua família.
– Sua mãe, que havia vacilado no episódio da tentativa de prisão de Jesus, já se encontrava aos pés da cruz nos derradeiros momentos de Cristo e o Senhor, mostrando todo o valor que se deve dar à família, abriu um hiato no Seu trabalho de salvação da humanidade para não deixar Sua mãe desamparada, pondo-a aos cuidados de João (Jo.19:27).
– Ao deixar de realizar a obra para a qual tinha vindo a este mundo para amparar a Sua mãe, Cristo mostra a importância que a família tem para Deus e, por isso mesmo, não se pode querer resolver a questão da divisão espiritual no lar com a destruição da família. Quantos desmantelados, na atualidade, não têm defendido o divórcio ou a saída dos filhos de casa como solução da aflição da divisão espiritual no lar?
– Como o apóstolo Paulo deixou registrado no texto sagrado, não pode partir, em absoluto, do familiar cristão a iniciativa para a destruição do convívio familiar: “Se algum irmão tem mulher descrente e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E, se alguma mulher tem marido descrente e ele consente em habitar com ela, não o deixe” (I Co.7:13,14).
– Deus criou a família e aborrece tudo quanto signifique a destruição da família, daí porque aborrece o divórcio (Ml.2:16). Como costuma dizer o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da CGADB, o divórcio nunca é uma solução, quando muito, será um remédio.
– Não se resolve o problema da divisão espiritual no lar com o abandono do lar. Jesus, apesar de toda a perseguição sofrida em Seu lar, não O abandonou e, mesmo parou de dar continuidade à Sua obra salvadora, para resolver o problema do amparo de Sua mãe.
– Mas não ficou nisso apenas! As Escrituras registram, ainda que de modo bem sucinto, que, já ressurreto, o Senhor apareceu a Seu irmão Tiago (I Co.15:7) e esta aparição foi o início do processo de conversão de todos os Seus irmãos, tanto que todos eles estavam com Sua mãe no cenáculo e, em virtude disto, foram batizados com o Espírito Santo (At.1:14).
– Jesus não desistiu de Sua família e não subiu aos céus enquanto todos eles não se converteram. Que exemplo a ser seguido por nós! Nunca devemos desistir da conversão de nossos entes queridos, pois é esta perseverança que provará o nosso amor para com estes entes queridos.
– A persistência de Nosso Senhor fez com que dois de Seus irmãos tivessem importante papel na Igreja. Tiago e Judas acabaram por escrever epístolas que hoje compõem a Bíblia Sagrada, tendo Tiago, ademais, sido pastor da Igreja em Jerusalém (At.15:13).
– Jesus não mudou, amados irmãos. Ele é o mesmo (Hb.13:8) e, se estivermos ao Seu lado, tenha certeza de que Ele não desistirá da salvação de nossos entes queridos. Basta crermos e esperarmos, cooperando com o Senhor através de nosso testemunho, paciência e perdão.
– Com relação aos lares genuinamente cristãos, pouca coisa a mais teríamos a acrescentar, pois todas as atitudes que aqui descrevemos com respeito aos casos de divisão espiritual no lar, devem, também, ser adotadas nos lares autenticamente cristãos, como é o caso do exercício do perdão, do bom testemunho, da sabedoria no falar.
– Num lar cristão, porém, diante da circunstância de que todos servem a Deus, é fundamental que, diante das crises e impasses, todos se voltem ao Senhor, todos se humilhem diante de Deus, buscando-O em oração, tanto individual quanto familiar, a fim de terem a solução para os problemas, para a superação das dificuldades.
– O lar genuinamente cristão deve lembrar que a existência de conflitos e de diferenças deve ser imediatamente superada, pois não há como se desfrutar da graça de Deus se não houver comunhão entre os familiares que, antes de mais nada, são irmãos, pois todos servem ao Senhor.
– Devem os familiares cristãos lembrarem que não obterão jamais a salvação se cultivarem mágoas e ressentimentos, pois somente serão perdoados por Deus se perdoarmos aos homens (Mt.6:15). Por isso, devemos ser humildes para não permitir que os relacionamentos se esgarcem em virtude de prolongados períodos de falta de comunicação entre os integrantes da família, as popularmente chamadas “geladeiras”, em que um familiar ignora a existência do outro, não dialogando entre si. Tais condutas só pioram a situação, como nos mostra o exemplo de Davi e de Absalão.
– Num lar genuinamente cristão, o Senhor reina, governa os corações e dá sabedoria a quem pede, de sorte que não haverá maiores dificuldades para que, sob a orientação divina, superemos as diferenças e os obstáculos, renunciemos ao nosso ego e deixemos que o amor seja posto em prática em nossos relacionamentos.
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: http://www.portalebd.org.br/files/2T2013_L5_caramuru.pdf
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