LIÇÃO 7 – A EXPANSÃO DO REINO DAVÍDICO
26 de novembro de 2009
LIÇÃO 7 – A EXPANSÃO DO REINO DAVÍDICO
Davi levou as fronteiras de Israel aos limites prometidos por Deus a Abraão, como figura do reino milenial de Cristo.
INTRODUÇÃO
– Deixamos Davi, na lição anterior, como rei de todo o Israel. Após um período de tempo que a Bíblia não nos informa, realiza-se a promessa divina e Davi assume o trono de Israel.
– Davi é o grande conquistador da história de Israel, pois levou as fronteiras do país aos limites da promessa divina dada a Abraão (Gn.15:18), renovada posteriormente a Moisés (Dt.11:24) e a Josué (Js.1:4), o que foi mantido até o término do reinado de seu filho Salomão (I Rs.4:21). Esta extensão do reino davídico é uma figura do reino milenial de Cristo, quando todas as promessas divinas a Israel se cumprirão através do “Filho de Davi” (Is.9:6; Ez.34:23-25).
I – A CONQUISTA DE JERUSALÉM
– Após ser ungido rei de todo o Israel, Davi, que estabeleceu Hebrom como a capital do seu reino (II Sm.5:5), viu uma celebração pela sua subida ao trono, celebração esta que durou três dias (I Cr.13:39,40), com uma intensa participação popular, pois os próprios israelitas forneceram a provisão para a festa, com a vinda de pão sobre jumentos e camelos, mulos e bois, provisões de farinha, pastas de figos, cachos de passas, vinho, azeite, bois e gado miúdo em abundância.
– Esta manifestação popular de alegria em virtude da unção de Davi mostra-nos claramente como tinha havido um consenso de todo o povo para que Davi sobre eles reinasse, mais uma prova de que havia chegado o “tempo de Deus” para o filho de Jessé. Aquela hostilidade, que havia caracterizado o relacionamento entre Davi e o povo de Israel, desaparecera e o povo, cansado da guerra civil e vendo em Davi o escolhido de Deus, resolveu fazer aliança e se submeter a ele.
– A natureza popular da manifestação de celebração da unção de Davi como rei de todo o Israel mostra-nos, também, o resultado de todo o procedimento de Davi desde quando se integrou à corte de Saul. Como já tivemos ocasião de estudar neste trimestre, Davi sempre foi alguém que se misturou com o povo, que não se isolava a exemplo de Saul, de modo que, quando foi ungido rei de todo o Israel, recebeu a justa retribuição por este contato popular.
Vemos aqui, uma vez mais, no texto sagrado, o cumprimento da lei da ceifa (Gl.6:7).
– Firmado no reino, Davi mostrou logo quais eram as suas prioridades. O novo rei sabia que não podia mais permanecer uma situação que perdurava há séculos, qual seja, a dificuldade de contato entre o norte e o sul de Israel. Além de a geografia facilitar uma distância entre ambas as regiões, por causa dos montes existentes no centro da Palestina e pelos desertos, havia um outro fator complicador: no centro do país, estava a cidade de Jebus, que havia sido dada aos benjaminitas na partilha da terra (Js.18:28), mas que os judaítas quiseram conquistar, mas não o puderam (Js.15:63).
– Vemos, pois, desde logo, que a cidade de Jebus, a antiga Salém de Melquisedeque, cidade situada numa área alta, no centro da Palestina, uma verdadeira fortaleza natural, era um obstáculo para a união de todo o povo de Israel, uma cunha que se mantinha na terra dada por Deus a Israel. Davi percebeu, logo no início de seu reinado, que tinha de conquistar esta cidade, para trazer ao povo uma verdadeira unidade, para não permitir que inimigos se mantivessem no centro de seu país.
– Esta atitude de Davi tem profundo significado espiritual. Não podemos bem desempenhar a tarefa que o Senhor nos dá se permitirmos, se tolerarmos que o inimigo de nossas almas se mantenha no centro de nosso “campo de trabalho”. Muitos têm fracassado, apesar de chamados e escolhidos por Deus, porque, depois da festa, da comemoração pela chamada divina, pela conquista da bênção, não enfrenta a cidadela do inimigo que se encontra, muitas vezes, há anos, no centro de seu “campo de trabalho”.
– O adversário de nossas almas é atrevido e não perde qualquer oportunidade para se acastelar em alguma área de nossas vidas, da vida de nossas igrejas locais, como também na vida daqueles que se encontram ainda sob o domínio do maligno, pois todo o mundo está no maligno (I Jo.5:19). É nossa tarefa lutar contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12). Não podemos, para termos uma vida espiritual e um ministério exitosos, deixar de lutar contra a permanência destas cidadelas satânicas, deve ser nossa prioridade lutar contra Jebus.
– É interessante observar que a palavra “Jebus” significa “pisada”, numa clara referência à antiga serpente, ao diabo, que foi “pisado” pelo Senhor Jesus, como prometido por Deus no Éden (Gn.3:15). É indispensável para cumprirmos o nosso ministério na obra do Senhor que, em nome de Jesus, vençamos o inimigo, que tornemos realidade aquilo que o Senhor já realizou na cruz do Calvário, pois Ele nos prometeu poder para pisar serpentes e escorpiões e toda a força do inimigo (Lc.10:19).
– Apesar deste poder que nos deu o Senhor Jesus, não podemos sair por aí dizendo que temos de “pisar a cabeça do diabo”, como tantos paroleiros inconsequentes têm pregado em nossos púlpitos. Quem pisou a cabeça da serpente foi única e exclusivamente o Senhor Jesus, ao viver sem pecado e triunfar sobre o pecado e o mal ao Se imolar por nós na cruz do Calvário. Será Ele, também, Aquele que esmagará a cabeça da serpente brevemente, quando executar o juízo sobre o diabo (Rm.16:20).
O que fazemos é sermos instrumentos de Deus para expulsão dos demônios e desfazimento das obras do diabo, mas tudo em nome de Jesus e pelo poder do Senhor. Não nos envaideçamos e tomemos para nós algo que só a Deus pertence, pois Ele não divide a Sua glória com ninguém (Is.42:8).
– Quanto prejuízo não tem causado ao povo de Deus a manutenção de Jebus nas mãos do inimigo. Não nos iludamos. Nos dias em que vivemos, a presença dos espíritos enganadores no meio do povo de Deus, em especial nos cultos em nossas igrejas locais, nos lares dos crentes, têm sido uma constante (cf. I Tm.4:!)! Jebus tem sido mantida nas mãos do adversário, sem que muitos se percebam disso. Como disse, com muita razão, recentemente, na 68ª Escola Bíblica de Obreiros na Assembleia de Deus do Belenzinho em São Paulo (2009), o pastor Aldery Nelson Rocha, não nos esqueçamos que, nos dias de Jesus, os demônios estavam presentes nas sinagogas, numa clara demonstração de que é em igrejas locais, nos templos, que há uma aglomeração de espíritos malignos.
Muitos não percebem isto e estão se deixando destroçar e enfraquecer pela presença de Jebus no meio do povo de Deus. Acordemos enquanto é tempo, eliminemos a “sinagoga de Satanás” que se constrói diuturnamente entre os crentes (Ap.3:9)!
– Davi, sabendo desta situação e da necessidade de expelir os jebuseus, decide tomar a cidade. O texto bíblico é sucinto, mas, ao nos relatar que os jebuseus desafiaram Davi, dele desdenharam, dizendo que ele ali não entraria a menos que lançasse fora os coxos e cegos, como que dizendo que não entraria Davi em Jebus (II Sm.5:6; I Cr.11:5), permite-nos deduzir que, num primeiro instante, Davi propôs aos jebuseus uma entrega pacífica da cidade, como, aliás, mandava a lei (Dt.20:10).
– No entanto, a resposta atrevida dos jebuseus mostra-nos que não é possível fazer trégua nem qualquer acordo com o inimigo de nossas almas. Aliás, os jebuseus não tinham mesmo qualquer direito a um acordo pacífico, pois eram dos sete povos que deveriam ser totalmente exterminados por Israel (Dt.20:15-17). O mesmo se dá com relação ao nosso adversário e a suas hostes, não há possibilidade alguma de qualquer acordo ou trégua com ele. Devemos continuar a obra do Senhor Jesus, que é a de desfazer as obras do diabo (I Jo.3:8).
– Davi, então, diante da resposta atrevida dos jebuseus, convoca todo o exército de Israel e empreende a conquista de Jerusalém. Tendo tomado a fortaleza de Sião, esta ficou sendo conhecida como a “cidade de Davi” (II Sm.5:7). Com Davi, também, vemos uma nova forma de lidar com os soldados. Enquanto Saul fazia votos e ameaçava o povo com maldições, Davi incentivava os soldados, prometendo-lhes recompensas pelo mérito a ser demonstrado na batalha. Assim, na conquista de Jebus, prometeu a quem chegasse até o canal, onde ficavam os cegos e coxos, seria o comandante do exército.
– Que importante lição de liderança: deve-se incentivar e estimular pelo prêmio, nunca pelo medo ou pavor. Quantos, na atualidade, seguem fielmente os ensinos do pai da ciência política, o italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527), que dizia que é melhor ser temido do que ser amado. Davi, entretanto, como era um homem segundo o coração de Deus, preferia ser amado a ser temido. Afinal de contas, “Davi” significa “amado”. Na obra de Deus, os líderes devem agir como Jesus, que sempre amou os Seus discípulos (Jo.13:1) e pelo Seu amor primeiramente demonstrado foi amado (I Jo.4:19).
– Joabe, filho de Zeruia, primo de Davi, foi quem alcançou o arraial dos jebuseus e primeiro os feriu, tendo, então, se tornado comandante do exército, cargo que ocuparia até o final do reinado de Davi (I Cr.11:6). Apesar de ser parente de Davi, obteve, por mérito, a sua função. Verdade é que se tornaria, ao longo dos anos, “um espinho na carne” do rei, mas chegou ao lugar pelo seu valor, até porque, lembremos, por Davi mesmo nunca alcançaria tal função, já que havia assassinado Abner, o que muito desagradou Davi.
– Conquistada Jebus, teve ela seu nome mudado para “Jerusalém”, palavra cujo significado é disputado até os dias de hoje, mas parece significar “cidade da paz” ou “fundada em paz”. A partir de Davi, Jerusalém se tornaria a capital de Israel e o centro de toda a adoração a Deus.
A conquista de Jerusalém significou a retirada do obstáculo para o contato entre o norte e o sul de Israel e, mais do que isto, a existência de uma capital, de uma cidade que fosse propriamente do rei e não de qualquer tribo, um centro onde se pudesse instalar, de modo definitivo, a corte real, o que muito contribuiu para o fortalecimento do governo israelita.
– Diz Edward Reese, o organizador da Bíblia em ordem cronológica, que foi nessa ocasião que se elaborou o Salmo 118, cuja autoria é desconhecida, mas que teve como objetivo o louvor a Deus pela conquista de Jerusalém por Davi e seus homens. Era a primeira grande vitória militar de Davi como rei de todo o Israel, uma vitória memorável que ficaria para sempre marcada no coração de Israel, para quem Jerusalém é sua “eterna e indivisível capital”.
– Após a conquista de Jerusalém, Davi empreendeu a melhoria da cidade, edificando-a e a ampliando, num processo que teve a colaboração de Joabe, a mostrar que a conquista não deve apenas significar a tomada, mas o constante melhoramento, a constante edificação. Isto nos traz uma linda lição espiritual: não basta afugentarmos o inimigo do centro de nossa vida, crendo em Jesus como Senhor e Salvador, mas é necessário que, dia após dia, cresçamos espiritualmente, tanto na graça quanto no conhecimento de Cristo Jesus (I Pe.3:18).
Neste crescimento, temos tanto a participação divina quanto a humana. Não é à toa que a Bíblia relata que, neste empreendimento, trabalharam tanto Davi quanto Joabe. Davi, tipo de Cristo; Joabe, tipo do crente que se esforçou e erradicou o inimigo do centro de sua vida. Temos batalhado pela edificação de Jerusalém, ou seja, de nossa vida espiritual com Deus? Ou, depois da expulsão dos jebuseus, deixamos Jerusalém no estado lamentável encontrado por Neemias (cf. Ne.2:13-15)?
– A Bíblia diz-nos que Davi habitou na fortaleza, ou seja, na parte central da cidade, tendo edificado de Milo até dentro (ou até o circuito) (II Sm.5:9; I Cr.11:8). Muito se discute que seria “Milo”, palavra que, em hebraico, significa “encher”. Segundo Administrator, seria “…um local, ou estrutura, chamado “Milo” (2Sm 5:9; 1Cr 11:8). A partir de outros textos (1Rs 9:15, 24; 1Rs 11:27; 2Cr 32:5), é provável que Milo se situasse dentro da cidade e que fosse periodicamente alargado e fortificado.
Aparentemente, fazia parte do sistema de fortificações da cidade no seu ponto mais fraco, que terá sido a extremidade norte do monte a sudeste. A LXX identifica-o com Acra, uma cidadela a sul do templo que ali permaneceu até aos dias de Judas Macabeu. O nome hebraico millô’, que significa “encher”, tem sido explicado de várias maneiras. Poderá ter sido uma muralha dupla cheia de terra, ou uma plataforma sobre a qual se construíram as fortificações.…” (Jerusalém. Disponível em: http://www.igrejaema.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=167:jerusalem&catid=47:curiosidades Acesso em 08 out. 2009).
– Pelo que podemos verificar, portanto, Davi, além de habitar na fortaleza, tomou o cuidado de criar uma estrutura na cidade que permitisse a constante edificação de muralhas a partir de um aterro ou de um forte alicerce de onde se poderia erguer mais fortificações. Sem dúvida alguma, este fato nos mostra que, em nossa vida espiritual, é o Senhor Jesus quem deve estar entronizado em nossos corações, em nossas vidas. Deve ele ser o nosso Rei e Senhor.
Ele, por sua vez, uma vez no trono de nosso coração, onde só é posto por nós, pois não invade o interior de homem algum, aguardando o convite para entrar (Ap.3:20), toma as devidas providências para nos dar um forte alicerce espiritual, que permite que cresçamos a cada instante, que nos enchamos a cada dia da Sua presença e da Sua salvação e isto infinitamente e de forma cada vez mais íntima, pois Davi construiu Milo “até dentro”, “até o circuito”, não permitindo que brecha alguma possa ser invadida pelo inimigo.
– Mas, enquanto Davi cuidava de Milo, a Bíblia nos diz que Joabe renovava o resto da cidade (I Cr.11:8). Cabe a cada um de nós nos renovar a cada dia, a fim de que a fortaleza construída pelo Senhor possa ser devidamente completada pela nossa dedicação, pelo nosso esforço. Este esforço, esta luta diária contra o pecado e contra o mal, esta renovação constante de nossa vida com Deus é algo que nos cabe fazer.
A santificação tem o alicerce, a plenitude e a proteção promovidos pelo Senhor, mas temos de fazer a nossa parte, não permitindo que “o resto da cidade” se envelheça ou fique à mercê do inimigo. Devemos nos santificar a cada instante, como, aliás, fez Jesus por nós (Jo.17:19) e tal santificação deve abranger todos os aspectos de nossa vida debaixo do sol (I Pe.1:15). Como está nossa edificação espiritual?
– Deus aprovou tudo quanto Davi fez, pois a Bíblia nos informa que Davi ia cada vez mais aumentando e crescendo, porque Deus era com ele (II Sm.5:10; I Cr.11:9). Este aumento e crescimento foi resultado não só da conquista, mas também das providências tomadas para as melhorias de Jerusalém. Deus sempre estará conosco quando tomarmos medidas para nosso crescimento espiritual.
– Duas foram as reações a esta grande vitória de Davi e ao estabelecimento de Jerusalém como capital de Israel. Por primeiro, Davi recebeu mensageiros da parte do rei de Tiro, Hirão, então a mais próspera cidade comercial da região. Hirão quis fazer aliança com Davi e mandou pedreiros, carpinteiros e madeira de cedro que construíram um palácio para Davi em Jerusalém (II Sm.5:11; I Cr.14:1).
– Tiro era uma cidade comercial e que dominava toda a região da Fenícia, hoje correspondente ao Líbano e Síria. O fato de Hirão ter querido manter relações mais estreitas com Davi era a demonstração de que Israel havia se tornado um respeitável aliado, de credibilidade e que não tinha ambições expansionistas. Isto prova que, apesar de suas vitórias militares, Davi não se apresentava como uma ameaça, como um conquistador ganancioso e que queria construir um império.
Quando nos aproximamos de Deus, chamamos ao nosso encontro pessoas que veem, apesar de não serem salvas, que somos pessoas dignas de confiança, zelosas do bem e, por isso, dignas de aproximação.
– Com este gesto de Hirão, Davi entendeu que o Senhor o estava abençoando e que tinha confirmado como rei sobre Israel (II Sm.5:12; Cr.14:2). Vemos, aqui, como Davi era diferente de Saul. Enquanto Saul teve duas oportunidades para ter confirmado o reino e as desperdiçou, não tendo o discernimento de que Deus o estava confirmando, Davi, numa atitude de um gentio, entendeu claramente que Deus o confirmava no reino. O discernimento espiritual é fundamental para todos quantos servem ao Senhor.
– Mas por que Davi tinha este discernimento e Saul não? Porque Davi mantinha a vida espiritual, ao contrário do seu antecessor. Durante toda a perseguição, vemos Davi compondo salmos ao Senhor, consultando a Deus, quase nada fazendo sem a direção e orientação divina, enquanto que não encontramos Saul fazendo estas coisas. Davi tinha uma vida com Deus e, por isso, tinha discernimento espiritual.
Era um homem espiritual, não um homem natural (I Co.2:12-16). E nós, com quem parecemos: com Davi ou com Saul?
– Por ter uma vida com Deus, Davi dava prioridade às coisas de Deus, ao contrário de Saul, que, inclusive, não teve qualquer preocupação de reunir as peças do tabernáculo, que se encontravam dispersas desde os dias de Eli, entre as quais a arca do Senhor (I Cr.13:3). O salvo em Jesus também busca as “coisas de cima” (Cl.3:1-3). Como é diferente a realidade bíblica dos “crentes” que são seguidores dos ensinos da teologia da prosperidade nos dias hodiernos…
– Por isso, Davi tratou logo de trazer a arca para Jerusalém, pois sabia ele que o mais importante para Israel era reativar o culto a Deus, observar a lei de Moisés, visto que Israel era a propriedade peculiar do Senhor dentre os povos (Ex.19:5,6). Sobre esta iniciativa de Davi, entretanto, temos uma lição específica, motivo pelo qual não trataremos deste aspecto relevantíssimo da conquista e edificação de Jerusalém.
II – AS VITÓRIAS DE DAVI SOBRE OS FILISTEUS
– Mas dissemos que foram duas as reações após a conquista de Jerusalém por Davi. A de Hirão, fez com que Davi entendesse que Deus o confirmava como rei de Israel, uma aproximação que lhe mostrou o respeito e que resultou num palácio. Entretanto, a outra reação não foi nada agradável: os filisteus, sabendo que Davi havia sido ungido rei sobre Israel, resolveram novamente guerrear contra Israel (II Sm.5:17).
– Os filisteus mostraram bem quem eram: inimigos do povo de Deus. Como Davi havia vencido o filho de Saul na guerra civil, poderiam ter tentado um acordo de paz, uma convivência pacífica com aquele que, afinal de contas, havia sido um leal servidor de Áquis, rei de Gate. No entanto, os filisteus eram inimigos do povo de Deus e, como tal, nunca tinham intenção
de promover o bem-estar de Israel.
Seu ânimo era sempre o de oprimir os israelitas.
– Deste mesmo modo procede o inimigo de nossas almas. Seu trabalho é matar, roubar e destruir (Jo.10:10). Não nos iludamos pois não ficará contente enquanto não nos levar juntamente com ele para o lago de fogo e de enxofre, preparado para ele e para os seus anjos (Mt.25:41). Não há qualquer possibilidade de o inimigo querer o nosso bem, de nos oferecer algo que nos seja, de alguma maneira, favorável ou bom. Jesus foi bem claro: quem não é por nós, é contra nós (Mc.9:40; Lc.9:50), quem não ajunta com o Senhor, espalha (Mt.12:30; Lc.11:23).
– Tendo conhecimento que o povo de Israel estava em paz, que não mais sofria a guerra civil, os filisteus resolveram guerrear, a fim de aproveitar o que achavam ser ainda a fragilidade do novo governo para “recuperar o tempo perdido”. Seu objetivo outro não era senão “buscar a Davi” (I Cr.14:8). Não devemos nos esquecer que os filisteus tinham tido uma grande vitória sobre Saul e, se não tinham sido subjugados pelos israelitas, almejavam recuperar a posição que tinham de opressores do povo de Deus.
A aliança entre Davi e Hirão, por outro lado, atingia diretamente os filisteus, que viam neste acordo uma projeção ainda maior para Israel, que já se encontrava totalmente liberto dos filisteus, o que, aliás, nada mais era que cumprimento da Palavra do Senhor, que dissera que a libertação da opressão dos filisteus, iniciada sob Sansão (Jz.13:5), encerrar-se-ia com Saul (I Sm.9:16).
– O inimigo de nossas almas é assim: não descansa enquanto nos vê livres de seu jugo (Ap.12:10). Muitos salvos têm negligenciado esta circunstância e acham que o diabo não mais procura derrubá-los, que o diabo os teme ou já desistiu de tentar matá-los espiritualmente. Ledo engano! O adversário não se cansa de nos acusar diante de Deus, de nos lançar ciladas astutas na nossa caminhada para o céu.
Precisamos estar vigilantes e, por meio do sangue de Jesus e da palavra do seu testemunho, vencermos, dia a dia, o adversário e suas hostes, neste “bom combate” para que, no fim, possamos ser chamados de vencedores. Muitos estão se esquecendo que, para vencermos o maligno, não podemos amar as nossas vidas, mas, sim, ao perdermos nossas vidas, ganhamos a salvação (Mt.16:25; Mc.8:35; Lc.17:33; Jo.12:25).
– Os filisteus reuniram-se para guerrear contra Davi e Davi, então, desceu à fortaleza (II Sm.5:17). Já vimos que a fortaleza, a cidade de Davi, Sião, era o local onde Davi havia ido habitar. Ao saber que os filisteus se reuniam para ir guerrear contra ele e que estavam no vale de Refaim, Davi, em primeiro lugar, foi para a fortaleza.
– Temos ido para a fortaleza antes de enfrentarmos o inimigo, que, se puder, nos engolirá vivos (Sl.124:1-3) ou temos displicentemente ido ao seu encontro sem estarmos devidamente revestidos da armadura de Deus? Não podemos ir para a batalha contra o adversário desprotegidos e despreparados!
– Davi desceu à fortaleza, ao centro da proteção, onde estava o trono, a habitação do rei, onde as muralhas o cercavam, onde havia firmeza de um alicerce bem estruturado. Na luta contra o mal, não devemos crer nas fábulas e invencionices da “teologia da batalha espiritual”, com suas “unções de óleo” com helicópteros, com suas “demarcações de território” com urina e tantas outras “neobesteiras”, mas, sim, irmos ao encontro do Senhor no aposento, na madrugada, buscando a face do Senhor, orando no Espírito, meditando nas Escrituras, santificando-nos a cada instante, a cada momento, a fim de que, cheios do Espírito Santo, purificados pelo sangue do Cordeiro e sabendo manejar a espada do Espírito, possamos vencer o inimigo.
– Após ter descido à fortaleza, Davi não se deixou levar pela sua popularidade, nem tampouco pela unidade e respeito que havia conquistado em Israel e entre os países vizinhos. As Escrituras mostram-nos que, na fortaleza, Davi consultou ao Senhor se devia, ou não, guerrear contra os filisteus (II Sm.5:19; I Cr.14:10).
Novamente, vemos uma grande diferença entre Davi e Saul. Saul não quis a bênção de Deus, fez um indevido sacrifício para ir à guerra e, embora tenha vencido a guerra, perdeu o reino. Davi, bem ao contrário, não se atreveu a ir à luta sem antes saber a vontade do Senhor.
– Davi era já um experimentado guerreiro, um novo rei que precisava mostrar ao seu povo todo o seu valor, notadamente contra os filisteus, a quem tantas vezes havia vencido. Mas Davi era, sobretudo, um servo do Senhor e, como tal, sabia que não tinha vontade própria, mas devia única e exclusivamente o que Deus quisesse que ele fizesse. Jesus afirmou que a Sua comida era fazer a vontade do Pai (Jo.4:34) e este deve ser uma realidade na vida daqueles que estão marchando para o céu.
– Quantos não têm causado inúmeros transtornos em suas vidas porque se deixam levar pela sua vaidade, pelas suas habilidades pessoais, pela sua capacidade e não consultam a Deus. O resultado é um rotundo fracasso, são consequências que são levadas anos a fio por parte dos homens, por sua arrogância e falta de humildade. Tudo deixemos nas mãos do Senhor, nada façamos sem que, antes, venhamos a consultá-lO, pois, como disse Nosso Senhor, sem Ele nada podemos fazer (Jo.15:5 ”in fine”).
– Consultar a Deus, entretanto, não significa que devemos deixar de fazer a nossa parte ou sermos inativos. O texto sagrado mostra-nos que Davi quis saber qual era a vontade do Senhor, mas estava pronto e saiu logo contra os filisteus (I Cr.14:8). Davi não vacilou, não ficou na dúvida se devia, ou não, posicionar-se contra os filisteus. Viu que os filisteus eram os inimigos do povo de Deus e deviam, por isso, ser combatidos, mas nada quis fazer do seu jeito, de acordo com o seu pensamento. Estava decidido a lutar contra o inimigo, mas sabia que dependia de Deus para vencer.
– Prudência, ouvidos atentos à vontade do Senhor não se confundem com covardia ou negligência na luta contra o pecado, na luta contra o mal. Se há os atrevidos que agem fora da direção e orientação do Senhor, por sua arrogância, há, também, os que nunca agem, que titubeiam sem se posicionar ao lado do Senhor nesta batalha cósmica, nesta luta espiritual. Sabemos de que lado estamos e não podemos, em absoluto, admitir recuar na luta sob a desculpa de que “não sabemos a vontade de Deus”. Busquemos tal vontade mas estejamos sempre prontos a combater o bom combate. Deus não tem prazer naquele que se acovarda (Hb.10:38).
– Davi consultou ao Senhor e o Senhor lhe disse para que combatesse os filisteus, pois certamente Ele os entregaria na mão do novo rei. Davi, então, foi até onde estavam os filisteus e os feriu ali. Foi uma vitória estonteante a ponto de o próprio Davi, com toda a sua experiência, admirar-se e dar ao lugar o nome de “Baal-Perizim”, cujo significado é “o Senhor que destrói” ou “o rompimento do Senhor”, pois disse Davi: “o Senhor rompeu a meus inimigos diante de mim como quem rompe águas” (II Sm.5:20), ou, na Nova Versão Internacional, “Assim como as águas de uma enchente causam destruição, pelas minhas mãos o Senhor destruiu os meus inimigos diante de mim”.
– Esta admiração de Davi mostra-nos como é bom fazermos a vontade do Senhor, que supera todas as nossas expectativas. O que Deus deseja fazer está sempre além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera (Ef.3:20). Vale a pena confiarmos no Senhor e seguirmos rigorosamente aquilo que Ele nos tem mandado fazer.
– Davi jamais imaginara que o Senhor faria com que os filisteus fossem destruídos daquela maneira. Mas, ao mesmo tempo em que o rei constatou a destruição dos seus inimigos, não deixou de reconhecer que aquilo era obra do Senhor, chegando mesmo a dar o nome ao lugar de “Baal-Perizim”, ou seja, “o Senhor que destrói”, para que não se esquecesse que ali Deus havia vencido a guerra e destroçado os inimigos em favor de Seu povo.
– Nosso Deus ainda é o mesmo e, por isso, também destrói os inimigos do povo de Deus. No tempo certo e aprazado, Ele Se encarrega de executar a Sua vingança, que só a Ele pertence e a mais ninguém. Deus estava executando Seu juízo sobre os filisteus, por todos os séculos de males que havia cometido contra Israel, mas isto somente se deu no instante em que Israel era governado por um rei segundo o seu coração e quando o povo estava a servir a Deus fielmente. Lembremos disto!
– A vitória foi tão acachapante que os filisteus, inclusive, deixaram seus ídolos no campo de batalha. Não houve sequer tempo para que eles levassem consigo seus deuses, a demonstrar quão terrível foi a vitória de Israel. Davi, demonstrando toda a sua fidelidade a Deus, assim que verificou que os ídolos dos filisteus foram deixados, tomou-os (II Sm.5:21) e os queimou a fogo (I Cr.14:12).
– Quem desce à fortaleza, faz a vontade de Deus e vence os inimigos, reconhecendo que a vitória vem da parte do Senhor não admite qualquer convivência com ídolos. Não admite sequer a sua existência e os queima a fogo. Assim deve proceder um servo do Senhor e não como, muitos anos depois, o rei de Judá, Amazias, que, vencendo os edomitas, adotaria seus deuses (II Cr.25:14-16). Muitos, na atualidade, são os que têm seguido o mau exemplo de Amazias em vez de fazer aquilo que Davi fez. Não podemos dar margem alguma à idolatria em nossas vidas, principalmente depois de grandes vitórias. Lembremo-nos sempre do que nos ensina o apóstolo João ao término de sua primeira epístola: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém” (I Jo.5:21).
– Após esta retumbante vitória, o que aconteceu? Os filisteus tornaram a se reunir e a querer nova guerra! Que incrível, depois de tamanha demonstração do poder de Deus, os inimigos tornaram a se reunir no mesmo vale de Refaim, com o intuito de lutar novamente contra Davi e contra Israel (II Sm.5:22; I Cr.14:21).
– Assim é a vida do cristão: depois de uma tempestade, vem outra tempestade. Não nos iludamos: teremos vitórias extraordinárias da parte do Senhor, mas o inimigo jamais desistirá de lutar contra nós. Após a vitória, estejamos certos que o adversário voltará a nos atacar.
– Os filisteus recobraram forças e novamente foram ao campo de batalha. Diante de uma vitória tão estonteante, Davi poderia ter reiniciado a peleja, certo da vitória do Senhor. No entanto, Davi não se deixava levar pela vanglória. Ao saber que os filisteus tornavam à guerra, ele tornou a consultar ao Senhor (I Cr.14:14). Se o diabo torna a nos atacar, tornemos a buscar a Deus. Se o diabo torna a nos tentar, tornemos a buscar a Deus. Ficamos muito preocupados com os crentes que reclamam da “monotonia” da vida espiritual, porque os cultos são sempre os mesmos, porque sempre se prega a mesma coisa, porque sempre se fala em orar, jejuar, ler a Bíblia. Bendita a igreja local e bendito o crente que torna a fazer as mesmas coisas, porque o maligno torna a nos atacar sempre. Devemos andar de fé em fé, para que cheguemos ao fim vitoriosos.
– Davi, então, consultou ao Senhor e, para sua surpresa, o Senhor lhe disse que, desta vez, não subiria ao encontro dos filisteus. Deveria rodear por detrás deles e vir a eles por defronte das amoreiras. Deveria ali aguardar o estrondo de marcha pelas copas das amoreiras e, então, se apressar, porque, quando isto acontecesse, o Senhor teria saído diante de Davi e ferido o arraial dos filisteus (II Sm.5:23,24; I Cr.14:14,15).
– Deus mandou a Davi que não fosse ao encontro dos filisteus, mas que rodeasse o local onde os filisteus estavam, posicionando-se atrás deles e ali aguardasse o ruído de um som de passos, uma “andadura” por cima das amoreiras, nas copas das amoreiras. Davi estava, portanto, com seu exército, numa região de amoreiras, numa floresta, que, como toda floresta palestina, era uma floresta aberta, ou seja, em que as árvores se distanciam uma das outras e permitem a penetração da luz solar no seu interior.
– As amoreiras são “…árvores de porte médio que podem atingir cerca de 4 a 5 metros de altura, possuem casca ligeiramente rugosa, escura e copa grande. As folhas têm coloração mais ou menos verde, com uma leve pilosidade que as torna ásperas. As flores são de tamanho reduzido e cor branco-amarelada.…” (Morus. In: WIKIPEDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Morus Acesso em 08 out. 2009). Têm, segundo R. N. Champlin, “…densa folhagem, produzindo uma sombra bastante densa.…” (Amoreira. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.1, p.142).
– Pelo que podemos verificar, portanto, Deus mandou que Davi, depois de ter rodeado os filisteus, ficasse detrás deles e mandasse que seu exército ficasse olhando para as copas das amoreiras, árvores com cerca de 4 a 5 metros de altura, para que ouvissem o ruído de passos que viesse de cima, ou seja, da copa das árvores. Em outras palavras: o exército deveria ficar posicionado atrás do exército inimigo e ficar olhando para cima, aguardando um barulho de passos vindo de cima das árvores.
– Já imaginou qual foi a reação dos soldados de Davi quando este manda que eles fiquem olhando para cima, aguardando passos a ser ouvidos de cima das árvores? Que loucura! Que coisa mais sem sentido! Que absurdo! Mas é isto mesmo: Deus quis saber como estava a fé tanto de Davi quanto de seus soldados. Davi reconhecera que a vitória anterior fora obra do Senhor, pois então veria que Deus era ainda mais surpreendente, ainda mais admirável, ainda mais poderoso!
– A cada instante em nossa vida espiritual, devemos ter o aumento de nossa fé. Quando tivermos aumentada a nossa fé e Deus nos der grande vitória, saiba que, no próximo embate, necessitaremos de mais fé ainda, pois Deus fará maravilhas ainda maiores, testar-nos-á mais ainda. Não é à toa, aliás, que o Senhor Jesus diz que nossa fé deve ser como o grão de mostarda, que é a menor semente, mas que dá origem à maior hortaliça. Será que nossa fé tem aumentado? Se isto não está acontecendo, ainda há tempo para repetirmos a oração dos discípulos: “Acrescenta-nos a fé” (Lc.17:5b).
– A Bíblia nos diz que Davi fez o que foi ordenado pelo Senhor (II Sm.5:25; I Cr.14:16). Certamente não foi fácil convencer um exército a ficar olhando para a copa das árvores para ouvir passos vindos de cima das árvores. Como ouvimos certo pregador em um sermão sobre este texto, é possível que os soldados tenham até se deitado para ficar observando as amoreiras. Somente alguém que detivesse a confiança e a credibilidade dos seus homens poderia conseguir que um exército procedesse dessa maneira tão inusitada.
– Temos a mesma disposição para fazer o que o Senhor nos ordena? Ou ainda estamos presos à lógica humana, aos valores culturais, aos nossos “achismos”? Davi nunca havia guerreado daquele jeito e, certamente, nunca mais o fez, mas sabia que deveria obedecer ao Senhor. Se fizermos o que o Senhor nos ordena, seremos vitoriosos, independentemente de qualquer conceito ou valor humanos. Muitos de nós não têm uma vida espiritual elevada e vitoriosa porque ainda ama mais a glória dos homens do que a glória de Deus (Jo.12:43).
– Nesta ordem divina, vemos, claramente, que Deus quis ensinar Davi e seu exército de que o Senhor não precisa do homem, embora queira ter a sua companhia e cooperação. Ao homem bastava contemplar a operação divina e agir no momento aprazado pelo Senhor. Temos procedido desta maneira? Temos simplesmente contemplado a face do Senhor e esperado que venha o momento de agirmos segundo Sua orientação? Quantos não têm mais tempo ou paciência de contemplar a Deus na oração, na meditação da Palavra, e, antes do tempo determinado, saem solitários na batalha da vida e são fragorosamente derrotados. O apóstolo João faz questão de dizer que havia comtemplado, havia visto o Senhor (I Jo.1:1). Como está a nossa vida de contemplação?
– O som dos passos viria de cima das copas das árvores, ou seja, era a indicação de que Deus estava a marchar com o povo, estava a acompanhá-lo na batalha. Devemos aguardar dos céus a solução para os nossos problemas, devemos confiar em Deus para termos as vitórias necessárias na jornada da fé. É muito triste vermos pessoas que cristãs se dizem ser procurando alcançar o bem-estar de suas vidas no dinheiro, no poder, na fama, na posição social. Nosso socorro vem do Senhor, de ninguém mais (Sl.121:2).
– O povo deveria levantar as suas cabeças e aguardar o estrondo, o som dos passos do Senhor, estar, pois, vigilante e atento ao movimento do céu. Do mesmo modo, nós, o exército de Deus aqui na Terra, devemos levantar as nossas cabeças, porque a nossa redenção está próxima (Lc.21:28), não deixando de vigiar um só momento (Mc.13:37), a fim de que ouçamos não o estrondo de passos, a trombeta de Deus, o alarido do Senhor, a voz de arcanjo (I Ts.4:16). Se os soldados não percebessem o som vindo da copa das amoreiras, não alcançariam a vitória. Estamos vigiando, amados irmãos?
– O exército deveria ficar atrás dos inimigos e somente deveria se apressar quando ouvisse o estrondo de cima das amoreiras. O exército tinha de ficar na posição determinada por Deus. Devemos, também, nos manter na posição mandada por Deus, qual seja, sobre a rocha, que é Cristo, separados do pecado, em santificação, para que, assim que ouçamos o estrondo da trombeta, possamos subir aos céus e encontrarmos com o Senhor nas nuvens. Quantos estão, porém, distraídos, despercebidos. Acordemos enquanto é tempo!
– O exército deveria ficar atrás, porque o Senhor sairia diante dele. Que belo quando, apesar de nossas vitórias e de nossa fama diante dos povos, mantemo-nos atrás do Senhor, sabemos que é Ele quem opera, não nós. Quantos, lamentavelmente, estão à frente de Jesus nos dias em que vivemos. Quantos aparecem mais que o Senhor Jesus. Não sabem que a vitória depende de o Senhor sair diante de nós, na nossa frente, pois sem Ele nada podemos fazer.
– Quando ouviu o estrondo, o exército de Israel apressou-se e foi ao encalço dos filisteus, que foram vencidos desde Geba até chegar a Gezer (II Sm.5:25; I Cr.14:16). Esta vitória sobre os filisteus trouxe temor sobre todas as nações vizinhas de Israel (I Cr.14:17). Davi não tinha mais só a simpatia de Tiro, mas o respeito de todas as nações em volta.
– Diante deste quadro absolutamente favorável e depois de ter levado a arca do Senhor para Jerusalém (o que será objeto de lição própria), Davi iniciou nova guerra contra os filisteus, querendo agora submetê-los a Israel, sendo bem-sucedido, pois os venceu em Metegue-Ama (II Sm.8:1; I Cr.18:1).
– “Metegue-Ama” significa “freio da cidade mãe”. Precisamos, na luta contra o inimigo, retirar o “freio da cidade mãe”, ou seja, “as rédeas da metrópole”, aquilo que dá a força e o sustento do adversário. Para vencermos o inimigo, precisamos tirar aquilo por onde o adversário sempre consegue o controle sobre nossas vidas, as nossas fraquezas, que são muito bem conhecidas por ele, um exímio conhecedor das coisas dos homens (Mt.16:23). Somente nos libertaremos do inimigo e o subjugaremos se encontrarmos a nossa “Metegue-Ama” e a vencermos.
– Pelo que se verifica do texto sagrado, Metegue-Ama era uma cidade vinculada a Gate, cidade muito conhecida de Davi, que havia trabalhado para Áquis. Sua conquista não deveria ser desconhecida para Davi, pois, como sendo a cidade-chave para a conquista das cidades filisteias, em especial, de Gate, a principal delas. Por que, então, demorou tanto tempo para conquistá-la e obter a sujeição dos filisteus? Porque só depois de a arca do Senhor estar em Jerusalém, no centro do país, é que isto poderia ocorrer.
– Necessitamos entronizar o Senhor Jesus (que é tipificado pela arca) em nosso coração, no centro de nossas vidas para alcançarmos a plena liberdade sobre o inimigo, para crucificarmos a carne, a natureza pecaminosa, a nossa Metegue-Ama. Enquanto não entregarmos nossas vidas realmente para o Senhor e não crucificarmos a nós mesmos, jamais teremos a libertação do pecado. A renúncia de nós mesmos é indispensável para que venhamos a seguir a Cristo (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23).
– Muito se fala, atualmente, de “libertação”. Pululam nas igrejas locais os “cultos de libertação” e são muitos os que defendem “quebras de grilhões”, “quebras de maldições” e coisas semelhantes, nomenclatura extremamente perigosa porque dá a entender que a salvação em Jesus Cristo não é suficiente para libertar o homem, o que contraria a Bíblia que é categórica ao afirmar que “se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres.” (Jo.8:36).
– A libertação, ensina-nos o Senhor Jesus, é resultado do conhecimento da verdade, da santificação. O processo da salvação nos livra da natureza e do poder do pecado. Assim, se, ao sermos perdoados pelo Senhor, somos lavados no sangue de Jesus e nos tornamos uma nova criatura(II Co.5:17; Gl.6:15), a cada dia que passa, somos mantidos separados do poder do pecado (At.26:18).
– Nesta separação do poder do pecado, temos de saber conviver com o conflito que há entre a nova e a velha natureza, a carne, a qual precisa ser crucificada com Cristo (Rm.6:6; 8:21; II Co.13:4; Gl.2:20; 6:14). Esta carne, assim como Metegue-Ama, precisa ser tomada, subjugada e, enquanto isto não ocorrer, corremos o risco de sermos derrotados, numa luta que somente terminará na glorificação, quando, então, a carne não mais nos acompanhará (I Co.15:50).
– Davi submetia os filisteus, os principais inimigos de Israel, dando assim início à expansão do seu reino, a fim de atingir as fronteiras prometidas a Abraão, fronteiras nas quais se incluíam as cidades dos filisteus.
III – OUTRAS VITÓRIAS MILITARES DE DAVI E SEU SENTIMENTO DE GRATIDÃO A DEUS
– A sujeição dos filisteus fez com que Davi iniciasse uma série de conquistas, a fim de estabelecer o território prometido por Deus a Abraão. Observemos que as guerras de conquista de Davi não tinham um objetivo simples de formação de um império, de construção de um imenso poder, como ocorreu na formação dos grandes impérios ao longo da história da humanidade, mas era movido pelo interesse de se ter o território da promessa divina. Davi sabia que era o escolhido de Deus para que o povo de Israel cumprisse o seu papel sacerdotal diante dos demais povos e, por isso, fez tais empreendimentos militares.
– Como é importante sabermos qual é a vontade de Deus para as nossas vidas, qual é a nossa missão e a ela nos vincularmos debaixo da orientação do Espírito Santo. Triste é o homem ou mulher de Deus que, embalados pelos sucessos e êxitos proporcionados pelo Senhor, esquecer deste propósito e se deixar levar pela fama, posição e consequências terrenas da bênção divina, cedo será o seu fracasso.
– Davi conquistou Moabe, tornando-os servos seus (II Sm.8:2; I Cr.18:2), tendo, inclusive, matado a todos os mais altos, como forma de impedi-los de terem condições de formar um exército em condições de lutar contra o domínio israelita.
– Davi, também, venceu e submeteu a Hadade-Ezer, rei de Zobá, país que se situava próximo ao rio Eufrates, levando, assim, o domínio de Israel até a fronteira estabelecida por Deus a Abraão e que nunca antes havia sido sequer ocupada pelos israelitas (II Sm.8:3; I Cr.18:3,4).
– Nesta luta contra Zobá, Davi tomou mil e seiscentos cavaleiros e vinte mil homens de pé, tendo Davi jarretado a todos os cavalos dos carros e reservado cem deles (II Sm.8:4; I Cr.18:4) . Temos aqui a introdução do cavalo na Palestina, fato, aliás, que foi recentemente comprovado pelas pesquisas arqueológicas a respeito dos hititas, que habitavam precisamente na região que a Bíblia denomina de Zobá. O fato de Davi ter cortado as pernas dos cavalos e apenas reservado cem deles foi uma bela estratégia, visto que o povo de Israel não tinha a tecnologia necessária para usar este tipo de arma. Assim, manter estes carros sem ter quem tivesse domínio sobre eles era tão somente deixar nas mãos algo que inimigos poderiam se aproveitar mais tarde.
– Temos esta prudência em nosso dia-a-dia? Será que não aquinhoamos coisas que não sabemos bem manejar e que podem ser usadas pelo inimigo para nosso desfavor? Nos dias em que vivemos, de muito desenvolvimento tecnológico e de muitas novidades, muitos se têm envolvido com coisas novas que não sabem dominar e isto pode ser usado pelo inimigo para nosso mal, em vez de servir para o nosso bem. Quantos “carros de cavalos” não têm tomado nosso tempo e nossa atenção em relação às coisas do Senhor?Quantos “carros de cavalos” não têm servido de arma para o nosso inimigo em vez de bênçãos para as nossas vidas?
– Com relação aos escudos de ouro usados pelos servos de Hadade-Ezer, entretanto, Davi os levou todos a Jerusalém, como também grande quantidade de bronze de Beta e de Berotai, cidades de Zobá(II Sm.8:7,8; I Cr.18:7,8). Este material era útil para Davi, pois serviria de matéria-prima para a edificação do templo e de seus utensílios, pois, embora Davi tivesse sido proibido por Deus para edificar o templo (o que será objeto de lição própria), sentiu a responsabilidade de tudo preparar para que a construção se fizesse por seu filho, como havia sido prometido por Deus.
– Mais uma vez, vemos o exercício da prudência por parte de Davi. Além de não se utilizar do que não sabia dominar, Davi ainda usa aquilo que seria útil para o serviço da casa do Senhor, como também se assegurava que houvesse material para o futuro. Davi, em meio a vitória, não se esqueceu de honrar a Deus com a sua fazenda, como também de prevenir o futuro. Que lição para nós, nestes dias dominados pelo culto ao prazer, pelo imediatismo irresponsável, pelo consumismo desenfreado. Davi cuidou de levar o que havia ganho na guerra para ser usado na obra do Senhor, como também para que se tivesse uma provisão para o futuro. Será que nossa administração patrimonial tem deixado a parte do Senhor como também tem formado provisões para o futuro, ou estamos na mesma correria do materialismo dominante entre as pessoas do mundo?
– Quando Davi se voltou contra Zobá, os sírios de Damasco vieram socorrer Hadade-Ezer, mas foram derrotados, apesar de serem vinte e dois mil homens. Davi, após vencer os sírios, pôs guarnições na Síria e os tornou, igualmente, servos (II Sm.8:6; I Cr.18:5,6).
– A vitória sobre Zobá não trouxe apenas problemas político-militares para Davi. Toí (ou Toú), rei de Hamate, tornou-se aliado de Davi, trazendo-lhe presentes, pois havia guerra constante entre Hamate e Zobá (II Sm.8:9,10; I Cr.18:9,10). Hamate localizava-se próximo a Zobá, sendo a fronteira norte de Israel.
– Os presentes trazidos por Toí (ou Toú) a Davi foram, também, consagrados ao Senhor, assim como todos os despojos apanhados por Davi em suas conquistas. Este comportamento de Davi, que não procurou enriquecer-se com as vitórias militares obtidas, mas antes reforçou o tesouro do Senhor, mostra bem como Davi se considerava um servo de Deus, apesar de ser o rei de Israel, uma conduta bem diferente da apresentada por seu sucessor.
– Davi sentia-se apenas um ministro constituído por Deus, ou seja, alguém que exercia uma autoridade mas que dependia única e exclusivamente do Senhor, que Lhe devia fazer a vontade. Neste ponto, também, é um tipo de Jesus Cristo que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus (Fp.2:6), mas Se comportou como o Servo do Senhor (Is.42:1).
– Segundo Edward Reese, em sua ordem cronológica, foi nesta oportunidade em que Davi estendeu as fronteiras de Israel até o rio Eufrates que o rei compôs o Salmo 9, que, como afirmam os autores Vitor Fridlin, David Gorodovits e Jairo Fridlin, “…é o cântrico extasiado de quem tem a clareza de visão para perceber a obra de Deus em toda parte e sente que as realizações do ser humano são dádivas de Deus a Quem deve se dedicar…” (Salmos:com tradução e transliteração, p.10). Com efeito, neste salmo, o rei reconhece que os inimigos retrocederam, caíram e pereceram diante da face do Senhor, que é o Senhor que executa Seu juízo sobre as gentes, bem como que nos faz ver que as nações são constituídas por meros homens. Em dias em que o homem se arroga o direito de fazer história, nada como lermos este salmo, feito por alguém que, humanamente falando, poderia se achar o senhor da situação, mas que reconhecia que tudo era devido ao Senhor. Temos o mesmo sentimento de Davi nos momentos de nossas vitórias?
– Nos dias em que vivemos, porém, são raros os que assim se comportam. Fazem-se donos do povo de Deus, dominam sobre ele (ou pensam que o fazem), tratando-os como verdadeiros “escravos”, esquecidos de que, máxime na dispensação da graça, não há a menor possibilidade de serem mais do que “servos” (Jo.13:16; 15:20). Tenhamos dó destes “iluminados”, que se acham “donos do rebanho do Senhor”, pois, brevemente, saberão quem é o Sumo Pastor e o que os espera.
– Davi sabia que o Senhor era o seu pastor e se comportava como tal. Embora fosse um rei vitorioso e que tinha um poder político-militar que nunca antes havia sido atingido por qualquer governante em Israel, durante o seu tempo, jamais os israelitas tiveram tanta certeza de que era Deus quem reinava sobre o Seu povo. Líderes da igreja, têm os senhores causado esta impressão no rebanho do Senhor?
– Não bastassem estas vitórias, Abisai, irmão de Joabe, também venceu dezoito mil siros no Vale do Sal (II Sm.8:13; I Cr.18:12), tendo Davi também subjugado os edomitas (descendentes de Esaú), pondo guarnições em todo o seu território. Tais vitórias foram possíveis, diz-nos o texto sagrado, porque ”o Senhor ajudava e guardava a Davi por onde quer que ia” (II Sm.8:14; I Cr.18:13).
– Se o Senhor não guardasse nem ajudasse Davi, nenhuma das vitórias teria sido possível. O próprio Davi deixava bem claro isto em suas manifestações, demonstrando que não deixava se vangloriar por causa de sua crescente força político-militar. Como é importante sabermos que tudo devemos ao Senhor e que não podemos achar que fizemos algo de nós mesmos.
– Quando Davi ganha nome por causa destas vitórias suplementares, compõe o Salmo 60, onde lembra que Israel havia sido oprimido anteriormente pelos povos que estavam em redor, notadamente no período dos juízes, mas que tinha sido misericordioso com o povo do Senhor e, após fazer com que o povo bebesse do vinho da perturbação, permitiu que Israel, enfim, dominasse sobre todas as nações da região. Na Sua santidade, o Senhor havia tornado Moabe a bacia de lavar dos israelitas, Edom, o lugar onde foram lançados os sapatos de Israel. O Senhor era o responsávelpelas proezas realizadas por Davi e por seu exército, pois somente Deus pode pisar os inimigos do povo de Deus.
– Que mensagem profunda para os nossos dias de triunfalismo! Por primeiro, Davi faz-nos lembrar que Deus, quando vê desobediência e pecado, não enaltece nem exalta o Seu povo, pois não Se agrada do pecado. Por segundo, lembra que, na santidade, podemos, sim, alcançar vitórias sobre o inimigo, mas tudo se deve única e exclusivamente ao Senhor. Ele, que havia sido auxílio na angústia, havia permitido que o exército de Davi fizesse proezas e que os inimigos fossem pisados pelo Senhor. Vejamos bem: é o Senhor quem pisa os inimigos, não os israelitas (Sl.60:12). Deixemos, pois, este antibíblico triunfalismo que leva o povo a ficar pisando o diabo, quando não é este o nosso papel. Glória a Deus pelas vitórias que temos! Glória a Deus pelas proezas que, em Seu nome e poder, realizamos!
– Também foi nesta ocasião, segundo Reese, que o rei Davi compôs o salmo que se encontra no capítulo 22 de II Samuel, o único salmo reconhecido como sendo de Davi por todos os teólogos, mesmo os chamados “liberais”. Neste salmo, Davi reconhece que todas as suas vitórias, desde o momento em que foi salvo de Saul, eram obra do Senhor, a sua rocha, a sua fortaleza e o seu libertador.
– Em momento algum, Davi atribui algum resultado a sua liderança proeminente, nem tampouco a suas reconhecidas habilidades de guerreiro. Sempre fez questão de, publicamente, reconhecer o Senhor como o autor de tudo quanto havia conquistado: Eis as palavras de Davi: “ Persegui os meus inimigos, e os derrotei, e nunca me tornei até que os consumisse. E os consumi, e os atravessei, de modo que nunca mais se levantaram, mas caíram debaixo dos meus pés. Porque me cingiste de força para a peleja, fizeste abater debaixo de mim os que se levantaram contra mim. E me deste o pescoço de meus inimigos, daqueles que me tinham ódio, e os destruí (II Sm.22:38-41). Este é um exemplo eloquente de como devemos ser como servos do Senhor.
– Davi foi bem explícito: se agora era rei de um grande extensão de terras na Palestina e nos arredores, isto não se devia a sua habilidade nem a sua força. Para todos ouvirem, assim cantava: “Os filhos de estranhos descaíram, e, cingindo-se, saíram dos seus encerramentos. Vive o Senhor, e bendito seja o meu rochedo, e exaltado seja Deus, a rocha da minha salvação; o Deus que me dá inteira vingança, e sujeita os povos debaixo de mim; e o que me tira dentre os meus inimigos; e Tu me exaltas sobre os que contra mim se levantam; do homem violento me livras. Por isso, ó Senhor, te louvarei entre as gentes, e entoarei louvores ao Teu nome. Ele é a torre das salvações do Seu rei, e usa de benignidade com o Seu ungido, com Davi, e com a sua semente para sempre” (II Sm.22:45-51).
– Temos esta capacidade de gratidão a Deus, de reconhecimento de Seu poder e de nossa pequenez em meio a tanto poder, em meio a tanta fama, em meio a tanta força? Davi teve esta capacidade e, se quisermos ser um homem segundo o coração de Deus, temos de agir do mesmo modo.
– Para encerrarmos este sentimento de gratidão que invadiu o coração de Davi após suas sucessivas vitórias que o tornaram o mais poderoso rei que Israel já teve, contemplemos outra composição por ele elaborada, o Salmo 144, que Reese também entende ter sido composta após estas vitórias militares. Neste Salmo, o rei agradece a Deus porque adestrou suas mãos para a peleja e os seus dedos para a guerra. Davi reconhece que toda a sua destreza, toda a sua habilidade eram devidas ao Senhor. Temos reconhecido isto quando temos sucesso em nossa vida profissional, escolar ou ministerial?
– Davi mostra-nos, neste salmo, que a misericórdia de Deus é extrema, pois o homem é semelhante à vaidade e os seus dias são como a sombra que passa, mas, mesmo assim, o ser humano, em sua nulidade, estima o homem. Desde os céus, o Senhor desce ao nível do homem e o protege do mal e o faz ser vitorioso nas guerras e pelejas. Davi mostra claramente que a prosperidade de Israel e a bem-aventurança do povo escolhido de Deus dependia única e exclusivamente do Senhor.
– Davi punha-se na simples condição de servo de Deus (Sl.144:10), a quem o Senhor concedia a vitória, pois é Deus quem dá vitória aos reis. O povo de Deus deveria ser liberto daqueles cuja boca falam vaidade e daqueles cuja mão direita é a falsidade. Vemos que não há como sermos abençoados pelo Senhor se não estivermos em santidade. O povo de Deus deve sempre entoar um “cântico novo”, com o saltério e o instrumento de dez cordas cantar louvores ao Senhor. Não pode, portanto, o povo de Deus usar a música dos filhos dos estranhos, sair das letras que estejam de acordo com as Escrituras (o saltério), nem deixar de utilizar os instrumentos convenientes para o louvor (o instrumento de dez cordas). O cântico deve ser “novo”, provindo de uma “nova criatura”, não a música velha misturada com o pecado, com a sensualidade, enfim, com a carne. Como este salmo tinha de ser lido por muitos na atualidade!
– Davi, vitorioso e já um pequeno imperador, diante das suas conquistas, lembrava ao povo, como sábio governante, que, desde a família até os negócios de Estado, que a economia e o bem-estar social dependiam única e exclusivamente de o povo buscar a Deus e tê-lo como seu Senhor (Sl.144:11-15). Eis a plataforma de governo que não falha e que, infelizmente, tem sido deixada de lado pelos governos das gentes, neste período que aguarda a manifestação do Anticristo.
– Davi alargava, pela vez primeira, as fronteiras de Israel aos limites estabelecidos por Deus. O Senhor fora com ele e Davi isto reconhecia, o que era motivo para ainda mais bênçãos da parte de Deus. Israel vivia um auge espiritual e, consequentemente, político, econômico e militar. Davi atingia o seu ápice no trono, com tão pouco tempo de reinado. Tudo estava bem, mas, como homem que era, Davi encerraria esta fase áurea da sua vida (que corresponde ao reino milenial de Cristo). É o que veremos na próxima lição.
Colaboração para o Portal Escola Dominical – Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco
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