Sem categoria

LIÇÃO Nº 10 – AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL

lição 10

A revelação das setenta semanas a Daniel é a chave para a compreensão da doutrina das últimas coisas.

Veja também apêndice 01 Outras linhas de interpretação sobre as profecias de Daniel e sua refutação

Abaixo temos a leitura diária da lição

INTRODUÇÃO  

– Na sequência do estudo do livro do profeta Daniel, estudaremos hoje o capítulo 9 deste livro, onde se tem a revelação das setenta semanas a Daniel.

– A revelação das setenta semanas a Daniel é a chave para a compreensão da doutrina das últimas coisas.

I – DANIEL BUSCA A PRESENÇA DE DEUS

– Na sequência do estudo do livro do profeta Daniel, estudaremos hoje o capítulo 9 deste livro, onde se tem a revelação das setenta semanas a Daniel.

– O Império Babilônico havia caído e Daniel havia observado o início do cumprimento das revelações que o Senhor lhe havia dado ao longo do seu longo tempo na corte babilônia.

– Daniel havia, também, verificado como o Senhor tinha o absoluto controle de todas as coisas, a ponto de ter tornado o profeta terceiro dominador do reino de Babilônia horas antes da queda daquele império mas ter mantido o profeta, miraculosamente, como um dos presidentes do novo rei, Dario, o medo.

– Daniel, ademais, já havia aprendido, desde o terceiro ano de Belsazar, que não deveria se iludir com as posições que tivesse entre os poderosos, mas que deveria confiar em Deus, sabendo que o Senhor está sempre no controle de todas as coisas.

– Por isso mesmo, apesar de sua posição de destaque após a subida de Dario, o medo, Daniel continuou tendo como foco a esperança messiânica, a redenção de seu povo, sabendo que tudo quanto havia sido profetizado e prometido a respeito iria se cumprir.

– Tal postura deve ser igualmente seguida por todos quantos creem em Deus, por todos quantos estão salvos na pessoa de Cristo Jesus. O desejo de todo crente deve ser a nossa redenção, a glorificação que nos está prometida como último estágio de nossa salvação.

Não foi por outro motivo que os anjos mandados dos céus aos discípulos no dia da ascensão renovaram a promessa de Jesus de que Ele voltaria para nos buscar (At.1:11), como também é esta a declaração conjunta que fazem Igreja e Espírito Santo ao término da revelação de Deus ao homem, ou seja, a Bíblia Sagrada, como se verifica em Ap.22:17.

– Daniel, apesar de ser um dos presidentes de Dario, o medo, tinha como meta a redenção de Israel, o momento em que seu povo se converteria a Deus e se tornaria o reino sacerdotal e povo santo preconizados pelo Senhor na aliança firmada no monte Sinai (Ex.19:5,6).

– Por isso, ao perceber que se completavam os setenta anos previstos pelo profeta Jeremias para a duração do cativeiro (Jr.25:11,12; 29:10 e II Cr.36:21), Daniel, então, resolveu buscar ao Senhor, a fim de que Deus cumprisse aquilo que havia sido profetizado (Dn.9:3).

– Por primeiro, é interessante observar que Daniel era um assíduo leitor das Escrituras Sagradas, como já tivemos ocasião de observar no início deste trimestre letivo. Durante setenta anos em que estava em Babilônia, Daniel jamais deixou de ler os escritos sagrados, de meditar na Palavra de Deus, sendo, por isso mesmo, um bem-aventurado (Sl.1:1,2).

– Daniel estava em terra estranha, era obrigado a ler muita coisa relacionada ao governo de Babilônia, tinha uma vida atarefadíssima, mas não deixava de meditar nas Escrituras. Temos tido uma vida similar ao do profeta? Pensemos nisso.

– Por segundo, é interessante verificar que Daniel, durante todos aqueles setenta anos, não se esquecera daquilo que ouvira quando ainda era adolescente em Jerusalém, mantendo a sua confiança nas promessas divinas, apesar de tudo parecer contrário ao redor.

Sua esperança era inabalável pelas circunstâncias da vida, algo que também deve ser observado por nós, nestes dias em que também notamos a proximidade do cumprimento da promessa do arrebatamento da Igreja.

– Diante da constatação de que, pelo seu entendimento, os setenta anos estavam para se cumprir, o profeta, então, vai buscar a presença de Deus. Daniel não vai tentar usar a sua posição para libertar o povo, não vai dizer ao povo que o tempo estava cumprido. Não, nada disso! Daniel aprendera que Deus tinha o controle de todas as coisas e, portanto, Ele é quem devia ser buscado neste momento para que as promessas se cumprissem, fossem efetivadas.

– Como se busca a Deus? Daniel ensina-nos ao relatar este importante episódio de sua vida: com oração, rogos, com jejum, saco e cinza. Buscamos a presença de Deus pela oração e pelo jejum, com humilhação diante de Deus. É isto, aliás, que o Senhor nos ensina no sermão do monte (Mt.6:5,6).

– Alguns incautos veem nesta oração de Daniel um “exemplo bíblico” de “cobrança de Deus”, uma suposta autorização para se fazer aquilo que os teólogos da confissão positiva tanto defendem que é “colocar Deus contra a parede”. Afinal de contas, como dizem estes falsos mestres, Deus estaria preso pelas Suas palavras, já que prometera libertar o povo após setenta anos de cativeiro…

– Nada mais falso, porém, amados irmãos. Daniel, tendo entendido pela leitura das profecias de Jeremias, que o tempo do cativeiro era de setenta anos, não vai à presença de Deus para “cobrá-l’O”, mas, bem ao contrário, vai à presença de Deus com humildade, com rogos, não com “determinações”; com “saco e cinza”, não com arrogância ou prepotência.

– Daniel, aliás, registra o teor de sua oração, uma oração que é totalmente contrária ao que ensinam estes teólogos da confissão positiva, eis que se inicia com uma confissão de pecado, com um reconhecimento da grandeza, soberania e fidelidade divinas. Deus é reconhecido como “grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que Te amam e guardam os Teus mandamentos” (Dn.9:4).

– Deste modo, em momento algum este gesto de Daniel pode ser interpretado como uma “cobrança”, uma “exigência”, como defendem os teólogos da confissão positiva. Daniel bem sabe que é apenas servo e que Deus é o Senhor, é o soberano, a quem devemos tão somente obedecer e adorar. Não há, portanto, aqui qualquer demonstração de uma “igualdade” entre Deus e o homem que permitiria este comportamento atrevido, irresponsável e antibíblico que se defende entre os falsos mestres da confissão positiva.

– Daniel confessa não só o seu pecado, mas, também, o pecado do povo. Somos pecadores, amados irmãos, pois, como disse Salomão, não há homem que não peque (I Rs.8:46; II Cr.6:36), algo que é reforçado pelo apóstolo João (I Jo.2:1,2), de modo que jamais poderemos nos arrogar um lugar de superioridade ou, mesmo, de igualdade diante de Deus. Jesus nos ensinou que, na oração, a primeira coisa que devemos fazer é reconhecer o amor de Deus, que é nosso Pai, bem como reconhecer a Sua santidade, que precisa ser a nós sempre transmitida (Mt.6:9).

– Daniel, apesar de seus mais de noventa anos de idade de fidelidade ao Senhor, reconhecia-se um pecador e, como tal, totalmente dependente de Deus. Quem sempre está na presença do Senhor, quem tem intimidade com Ele, não pode ter outra reação, senão a de se considerar como alguém que necessita da graça e da misericórdia de Deus a todo momento, a todo instante (Sl.40:17). Porventura, não foi esta a reação que teve o profeta Isaías ao ver o Senhor num alto e sublime trono (Is.6:5)?

– Daniel confessa que o povo de Judá havia pecado grandemente e não dera ouvidos aos profetas que o Senhor levantara para avisar-lhes de que viria o juízo se não houvesse o arrependimento. Eram fatos que deviam ser confessados, pois jamais podemos crer na mentira satânica de que somos iguais a Deus e que podemos viver como se Deus não existisse (Dn.9:5,6).

– Será que temos procedido do mesmo modo, amados irmãos? Nós não somos melhores do que Daniel, nem tampouco que o povo de Judá. Também vivemos dias de apostasia espiritual, o Senhor não tem cessado de levantar homens e mulheres que têm sido usados para nos informar do cumprimento dos sinais da volta de Cristo. Precisamos reconhecer nossa pecaminosidade, pedir perdão de nossos pecados e viver em santidade, pois a nossa redenção está próxima (Lc.21:28).

– Lamentavelmente, porém, como diz o poeta sacro traduzido/adaptado por Paulo Leivas Macalão no hino 323 da Harpa Cristã, já não mais creem na volta de Cristo, achando que Ele tarda e, por isso, pecam, seguindo as suas próprias concupiscências, como, aliás, já dissera a respeito o apóstolo Pedro (II Pe.3:3,4).

Outros, como Faraó, desdenham das promessas, duvidando da própria soberania divina e, por isso, endurecem seus corações, mas, brevemente, o juízo lhes sobrevirá, tanto a um quanto a outros. Que todos ajamos como Daniel, crendo no que está profetizado e, por isso mesmo, reconhecendo nossa pecaminosidade e vivendo em santidade e numa contínua busca a Deus, para desfrutarmos do cumprimento das promessas.

– Daniel confessa a rebelião do povo de Judá e que, com Deus, estavam a misericórdia e o perdão, também reconhecendo a justiça do cativeiro, visto que previsto na lei de Moisés e resultado único e exclusivo do pecado cometido pelo povo (Dn.9:7-14).

– Após exaltar a justiça de Deus e reconhecer que tudo quanto sobreviera ao povo de Israel era resultado único e exclusivo do pecado do povo, Daniel apela à misericórdia divina, pedindo, então, que Israel retornasse para sua terra, que Jerusalém fosse reconstruída e que o povo fosse espiritualmente restaurado, para ser o reino sacerdotal e povo santo prometidos.

– Daniel clamava a Deus e, não tinha terminado a sua oração, eis que se lhe apresenta o anjo Gabriel, o mesmo que lhe interpretara a visão do carneiro e do bode, no horário do sacrifício da tarde, ou seja, quando Daniel fazia a sua terceira oração diária, trazendo-lhe a resposta da oração, que é a revelação das setenta semanas.

– Não sabemos quanto tempo Daniel orou, pois, nesta passagem, isto não é revelado pelo profeta. Ainda que isto tenha durado apenas um dia, sabendo que Daniel orava três vezes ao dia, somente na terceira oração lhe veio a interpretação. Isto nos mostra, amados irmãos, que a oração deve ser sempre exercida com perseverança, com insistência.

 Até mesmo a conhecida “oração de Neemias” (Ne.2:4,5), que é, por muitos, dada como exemplo de “oração-relâmpago”, é tão somente a última oração depois de quatro meses de oração e jejum feitos por Neemias em prol de seu povo, numa atitude, aliás, muito similar a do profeta Daniel, já que começou a fazê-lo no mês de Quisleu (Ne.1:1) e somente falou com o rei no mês de Nisã.

– Não é por outro motivo que o Senhor Jesus nos ensina que temos o dever de orar sempre e nunca desfalecer (Lc.18:1). Temos cumprido este dever, amados irmãos?

II – A REVELAÇÃO DAS SETENTA SEMANAS: AS PRIMEIRAS SESSENTA E NOVE SEMANAS 

– Deus inclinou Seus ouvidos até a casa de Daniel onde ele orava com as janelas abertas para a banda de Jerusalém e dos altos céus mandou que Gabriel fosse levar-lhe uma mensagem de consolação e de renovação da esperança messiânica do profeta.

– Daniel aguardava a redenção de seu povo e sabia que os setenta anos do cativeiro estavam findando. Talvez pensasse que, com a libertação do povo, Israel finalmente se converteria e se tornaria o reino sacerdotal e povo santo prometidos pelo Senhor. No entanto, esta expectativa não correspondia à realidade das coisas.

Ainda haveria uma longa jornada para que houvesse a redenção de Israel e o Senhor quis revelar ao Seu profeta o futuro, para que ele não desfalecesse em sua esperança e soubesse, uma vez mais, que tudo estava no controle do Senhor, inclusive a redenção de Israel, a “Sua propriedade peculiar dentre os povos”.

– Gabriel foi mandado para trazer a resposta da oração a Daniel logo no princípio das súplicas do profeta, porque Daniel era “mui amado”. Que testemunho tinha Daniel no céu! Era “mui amado” por Deus, era alguém de quem o Senhor Se agradava, porque, durante os seus mais de noventa anos de vida, sempre fora fiel ao Senhor, sempre procurara agradar ao Senhor.

OBS: “…Porque Daniel era amado no céu, foi ouvido rapidamente. A resposta é dada de pronto porque Daniel é um homem muito amado (v. 23). Sabemos que Deus responde nossas orações por causa de Suas muitas misericórdias e não por nossos méritos (Dn 9.18).

 Entretanto, a Bíblia diz que o sacrifício dos perversos é abominação ao Senhor, mas a oração dos retos é seu contentamento (Pv.15:8). O altar está ligado ao trono. Se há iniquidade no coração, Deus não nos ouve (Sl.66:18).

Daniel era amado no céu e na terra, por isso, sua oração foi prontamente ouvida. Sua piedade moveu rapidamente o céu. A graça de Deus nos torna amados no céu. Daniel era amado no céu, porque viveu piedosamente desde sua juventude.

Ele enfrentou os perigos e desafios da vida, mantendo-se íntegro ao seu Deus. Ele andou com Deus na juventude e na velhice, como jovem escravo e como primeiro ministro da Babilônia. Ele foi fiel a Deus na pobreza e na riqueza, na humilhação e na promoção. Daniel era amado no céu porque tinha intimidade com Deus.

Ele era um homem de oração: orava sistematicamente e também nas horas em que estava ameaçado de morte. Orou confessando os pecados de seu povo e também pedindo livramento para ele. Porque tinha intimidade com Deus, prevaleceu na oração.…” (LOPES, Hernandes Dias. Daniel: um homem amado no céu, p.119).

– Este é o patamar que deve ter todo aquele que se diz salvo na pessoa de Cristo Jesus. Com efeito, como nos diz o apóstolo Paulo, devemos nos vestir do novo homem, segundo a imagem d’Aquele que o criou (Cl.3:9,10) e, se temos a imagem de Cristo, traremos para nós a mesma reação que o Pai deu de Seu Filho por duas oportunidades, tanto no batismo de Jesus, quanto na Sua transfiguração, quando disse que Se agradava de Jesus (Mt.3:17; 17:5). Temos sido chamados de “mui amados” nos céus? Pensemos nisto, amados irmãos!

– Notemos que quem é “mui amado” por Deus recebe a resposta de suas orações. Não estamos a dizer que a resposta será sempre positiva. No caso que estamos a analisar, a expectativa de Daniel, certamente, não era a de que ainda demoraria tanto para a redenção de seu povo, mas, por ser “mui amado”, recebeu a resposta da parte de Deus. Quem é “mui amado” por Deus tem livre acesso ao trono da graça (Hb.4:16), tem um fraco e aberto diálogo com o seu Senhor. Aleluia!

– Gabriel vem, então, dizer a Daniel que a redenção de Israel ainda demoraria setenta semanas. Este seria o tempo necessário para extinguir a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniquidade, trazer a justiça eterna, selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos santos (Dn.9:24).

– Esta primeira afirmação angelical confirmava a Daniel que os setenta anos do cativeiro não tinham sido suficientes para que houvesse a redenção de Israel. Pelo contrário, para que a conversão fosse completa, para que Israel se tornasse reino sacerdotal e povo santo, sem mais necessidade de visões ou profecias, para que alcançasse a justiça e tivesse pleno acesso ao Senhor, ainda seriam necessários não mais setenta anos, mas setenta semanas de anos!

– Esta linguagem usada por Gabriel era bem conhecida por Daniel, que, como exímio estudioso das Escrituras, conhecia esta expressão. Como bem diz o pastor José Serafim de Oliveira: “… ‘Setenta semanas’ já era uma linguagem conhecida entre os judeus, que sabiam que semana profética não se referia a semana de dias e, sim, de anos (Lv.25:8).…” (Panorama teológico e histórico do livro de Daniel e Apocalipse, p.26) (cópia para revisão, no prelo).

– Assim, estas “setenta semanas” correspondem a 490 (quatrocentos e noventa) anos, ou seja, setenta vezes sete (70 x 7). Israel somente se converteria ao Senhor, alcançaria a sua redenção depois de 490 (quatrocentos e noventa) anos.

– Durante 490 (quatrocentos e noventa) anos, o povo de Israel não havia observado o mandamento do ano sabático, ou seja, não havia deixado a terra descansar e confiado em Deus para que lhe fosse dado o sustento mesmo sem produção, ano sabático que se incluía no sinal que tinha de existir entre Deus e o povo que havia escolhido para ser a Sua propriedade peculiar entre os povos (Ex.31:13,17) e, por isso, o cativeiro foi de setenta anos (II Cr.36:21). Agora, seriam necessários novos 490(quatrocentos e noventa) anos para a redenção de Israel. Como o nosso Deus é justo, amados irmãos!

– Para bem compreendermos a revelação das setenta semanas, portanto, devemos observar que ela é a resposta de uma oração de Daniel. Nesta oração, Daniel pedia misericórdia e perdão divinos para Israel. Portanto, trata-se de uma revelação concernente ao futuro de Israel, à esperança messiânica de Israel e isto é importantíssimo, porquanto não podemos, em hipótese alguma, querer relacionar esta revelação com a Igreja. Trata-se de uma revelação adstrita ao futuro de Israel, à redenção do povo israelita.

– Gabriel é claríssimo ao afirmar que as setenta semanas estavam determinadas ao povo de Daniel e sobre a santa cidade de Daniel, ou seja, a Israel e a Jerusalém (Dn.9:24). É um grande equívoco querer inserir nas setenta semanas episódios relativos à história da Igreja, que é um outro povo que nada tem que ver com Israel, um povo que não era povo e que se tornou povo de Deus precisamente em razão da rejeição de Cristo por parte de Israel (Os.1:9-11; Jo.1:11,12; I Pe.2:10).

– Por isso, totalmente equivocada a contagem das setenta semanas efetuada por William Miller (1772-1849), o fundador do adventismo, que inclui como última semana o período que se teria dado entre o batismo de Cristo por João e o apedrejamento de Estêvão (ou a conversão do apóstolo Paulo), introduzindo, assim, fatos relativos à Igreja, algo que contraria totalmente o que é dito pelo anjo Gabriel em resposta à oração de Daniel.

– Como afirma o pastor José Serafim de Oliveira: “…O que Daniel realmente queria saber, qual era de fato a sua expectativa? Daniel orava por seu povo, os judeus, e por sua santa cidade Jerusalém. E o seu grande desejo, a vinda do Messias. Por isso, nada lhe foi revelado a respeito da igreja do Novo Testamento.…” (op.cit., pp.25-6) (cópia para revisão, no prelo).

– O termo inicial, ou seja, o ponto de partida para a contagem destas setenta semanas seria “a saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém” (Dn.9:25). Como ensina o pastor Severino Pedro da Silva: “…Aqui está o ponto de partida para a contagem das setenta semanas: ‘a saída da ordem’ . São encontradas duas ordens nesse tempo do cativeiro; a primeira foi promulgada por Ciro, rei dos persas, e a segunda por Artaxerxes Longímano.

Examinando Esdras 1.2,3, fica esclarecido que a primeira ‘ordem’ , dada por Ciro, não foi para ‘restaurar e para edifícar Jerusalém’ , e sim, para edificar o templo (Ver 2 Cr 36.23; Ed 1.2). É evidente que a ‘ordem’ referida por Gabriel não é a de Ciro e sim, a de Artaxerxes, que a promulgou no dia 14 do mês de Nisã (abril) do ano 445 a.C., data da ordem para reedificação da cidade Santa (Ne cap. 2)…” (Daniel versículo por versículo. Digitaliz. por PPBN7, p.179).

– Segundo Gabriel, esta ordem daria início à contagem das setenta semanas de Daniel e vemos que esta ordem veio depois daquela intercessão de Neemias pelo povo judeu, como é descrita em Ne.1. Assim, se a revelação das setenta semanas decorreu de uma oração do profeta Daniel, o início do período decorreu de uma oração de Neemias. Deus Se move pelas nossas orações, amados irmãos (Ed.8:23)!

– Esta circunstância mostra-nos que nossas orações são indispensáveis para que o agir de Deus se manifeste no meio dos homens. É evidente que tudo está no controle do Senhor e que Ele não depende de nossas orações para agir, mas as nossas orações têm de estar presentes. Não é por outro motivo que a Igreja e o Espírito Santo oram para que o Senhor Jesus venha nos buscar!

– Gabriel diz a Daniel que da ordem dada para a reedificação de Jerusalém até ao Messias, o Príncipe, decorreriam sete semanas e sessenta e duas semanas, ou seja, sessenta e nove semanas de anos, o que corresponde a 483 (quatrocentos e oitenta e três anos).

– Tem-se, então, a revelação de que a reedificação de Jerusalém demoraria sete semanas, ou seja, 49 (quarenta e nove) anos, pois tal reedificação se faria, mas em “tempos angustiosos” (Dn.9:25).

– Alguém quando lê esta revelação, procura objetá-la, dizendo que Jerusalém foi reconstruída por Neemias em “apenas cinquenta e dois dias” (Ne.6:15). Nada mais inexato, porém. O que Neemias fez foi reconstruir o muro em cinquenta e dois dias.

 Ora, reconstruir o muro é um passo importantíssimo, mas apenas um passo inicial para a reconstrução da cidade. Jerusalém, quando Neemias chegou, já tinha, inclusive, reconstruído o templo (Ed.6), algo que ocorrera, segundo Edward Reese, cerca de 72 (setenta e dois) anos antes da ida de Neemias para Jerusalém.

– Gabriel diz que este seria o tempo para a reedificação das “ruas e tranqueiras”, ou, como diz a Nova Versão Internacional, para a reconstrução das “ruas e trincheiras”, ou seja, para que se tivesse toda a infraestrutura urbana de Jerusalém.

– Depois da completa reconstrução de Jerusalém, haveria ainda sessenta e duas semanas até ao Messias, o Príncipe, ou seja, mais 434 (quatrocentos e trinta e quatro) anos. Gabriel confirmava, assim, a Daniel a promessa do Messias, do descendente de Davi que haveria de trazer a redenção de Israel e instituir o domínio eterno, como o profeta havia verificado na revelação do sonho da estátua do rei Nabucodonosor como também na visão que tivera dos quatro animais simbólicos.

– Este segundo período de sessenta e duas semanas inicia-se em continuidade ao primeiro período, daí porque Gabriel a ela se refere na expressão “sete semanas e sessenta e duas semanas”. Há uma perfeita continuidade cronológica entre estes dois períodos, expressão que não se repetirá na terceira porção das setenta semanas, algo importantíssimo e que nos permite evitar os equívocos constantes de certas interpretações.

– Este período, iniciado com a reconstrução completa de Jerusalém, encerrar-se-ia com a “tirada do Messias, que não seria mais” (Dn.9:26). Assim, vemos, claramente, que a contagem dessas sessenta e nove semanas não se dá com a chegada do Messias, mas, sim, com a sua “retirada”. Tal circunstância mostra-nos, claramente, que o ministério terreno do Senhor Jesus estaria incluído neste período de sessenta e nove semanas.

– O pastor Severino Pedro da Silva mostra-nos como, efetivamente, este período de 483 (quatrocentos e oitenta e três) anos cumpriu-se integralmente, com a entrada de Jesus em Jerusalém, quando, pela única vez em Seu ministério terreno, foi coletivamente aclamado como o Messias, o Filho de Davi, em 10 de Nisã de 33 d.C.: “…A primeira divisão é de 49 anos; a segunda de 434 anos; as duas somam 483 anos. O ponto de contagem dos 483 anos foi marcado no ano 445 a.C.

Se somarmos os 49 a.C. com os 33 da vida de Cristo, temos apenas, 478 e não 483 anos. Mas é evidente que 69 semanas não são 478 anos, mas 483. A predição dizia que o Messias, o Príncipe, seria morto no final das 69 semanas. (Ver v. 26), e realmente foi o que aconteceu. Cristo morreu, como sabemos, na 69ª semana. (Ver Lc 24.44.)

O nosso calendário atual teve sua origem em Dionísio Exiguus, abade romano, tendo como ponto de partida a fundação de Roma em 754 a.C. Segundo os anais da história deste império, na hora da coroação de Rômulo, houve um eclipse lunar; os astrônomos calcularam que esse eclipse teria ocorrido no ano 750 a.C. Há, portanto, uma diferença de 4 anos não computados; isso é realmente o que lemos nas margens e rodapés de nossas Bíblias: 4 anos antes de Cristo. Observemos: de 445 a.C. a 33 d.C. são 478 anos. De 1 a.C. a 1 d.C. é um ano. Este ano, junto aos 478, com mais 4 não computados, soma exatamente 483 anos; assim, as profecias são imortais e se combinam entre si em cada detalhe!

A 69ª semana terminou no dia 10 de Nisã (abril) – segunda-feira, quando Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumentinho e ‘chorou sobre ela’ . (Ver Lc 19.41.) Há apenas uma diferença de 4 dias, em virtude de 483 anos divididos por séculos, teriam 119 anos bissextos, pois os anos proféticos não marcam décadas, mas séculos.

 ‘A duração de um ano solar é de 365 dias e 1/4. Esta fórmula não se acha primariamente nos livros; está descrita nos céus, na mecânica celeste que rege os astros. O dia solar, por exemplo, é o espaço em horas e minutos em que a Terra faz uma revolução completa em torno do seu eixo. A duração exata do dia solar é de 23 horas, 56 minutos, 4 segundos e 9/10 de segundos. Os anos hebraicos são de 12 meses, e os meses são de 30 dias.

Notemos que, tanto os acréscimos em dias como a diminuição em horas e minutos aqui são significativos; além disso, os anos contados em séculos absorvem os anos bissextos. ‘Em 4 séculos temos um verdadeiro ano bissexto’  (Sir R. Anderson.) Com o aumento de dias em anos, e com a diminuição de horas em dias no que diz respeito à mecânica celeste, e com a absorção dos anos bissextos pelos séculos, temos os 4 dias computados pela mecânica divina. (Ver Jr.1.12.)

Deus vela sobre os dias, horas e meses  anos no cumprimento de suas predições (comp Ap 9.15). …” (Daniel versículo por versículo, pp.181-2). OBS: Não podemos deixar aqui de observar um outro cálculo, que parece ser mais preciso, de autoria de Gavin Finley, constante do site endtimespilgrim.org/70wks.1.htm, que é levemente diferente daquele adotado pelo saudoso pastor Severino Pedro da Silva.

Segundo este cálculo, a contagem das setenta semanas começou no dia 1º de Nisã em 445 a.C., ou seja, no dia 13 de março de 445 a.C. e se encerrou no dia 10 de Nisã em 32 d.C., ou seja, no dia 10 de março de 32 d.C. Este cálculo parece ser mais preciso pois se tem a chegada de Cristo no domingo em Jerusalém, e não na segunda-feira, como consta no cálculo adotado pelo pastor Severino Pedro da Silva.

De qualquer modo, tem-se como termo inicial a ordem dada por Artaxerxes e como termo final a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, ou seja, nada muda com respeito aos fatos que determinam estes dois períodos da revelação. (Fonte: The 70 Weeks of Daniel. Disponível em: http://endtimepilgrim.org/70wks1.htm Acesso em 09 out. 2014).

– Temos, assim, bem demonstrado como o período das sessenta e nove semanas se inicia com a ordem do rei Artaxerxes para a reconstrução de Jerusalém, após o pedido de Neemias, terminando com a entrada de Jesus em Jerusalém, no final de Seu ministério terreno, oportunidade em que, aclamado por Seus discípulos, como o Messias, foi rejeitado pelo povo judeu, conforme podemos observar nos Evangelhos, pois, diante de tal aclamação, houve pedido dos fariseus, escribas e demais judeus para que os discípulos fossem repreendidos (Lc.19:39).

– É por este motivo que o Senhor Jesus, após este gesto por parte dos fariseus, chora sobre a cidade, afirmando: “Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos” (Lc.19:42). Jesus chorou sobre Jerusalém porque sabia que, naquele gesto de rejeição, perdia Israel a oportunidade de ser salvo. Ante a rejeição, o Messias seria tirado, ou seja, não mais conviveria com os judeus. Viera para os Seus, mas os Seus não O receberam (Jo.1:11).

– Esta rejeição do recebimento de Jesus como o Messias (tendo sido esta a única vez em todo o ministério terreno que o Senhor Jesus é coletivamente reconhecido como Filho de Davi, como o Messias) interrompe o tempo das setenta semanas de Daniel.

 O Messias é o Salvador e não há como se salvar se não se invocar o nome do Senhor (Rm.10:8-13). Os judeus não creram que Jesus fosse o Cristo e, naquela mesma semana (aqui semana de dias, não de anos), concretizaram esta rejeição quando escolheram Barrabás e quiseram que Jesus fosse crucificado (Lc.23:13-25).

– Jesus foi morto, mas, ao terceiro dia, ressuscitou, mas não tornou ao convívio do povo judeu, antes tendo subido aos céus, pois “convém que o céu O contenha até aos tempos da restauração de tudo” (At.3:21). Por isso, Gabriel diz que o Messias seria tirado e “não seria mais” ao final das sessenta e nove semanas (Dn.9:26).

III – A REVELAÇÃO DAS SETENTA SEMANAS: A SEPTUAGÉSIMA SEMANA  

– Ora, o período das setenta semanas seria para a “extinguir a transgressão, dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, trazer a justiça eterna, selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos santos” (Dn.9:24).

– Tendo ocorrido o cumprimento das sessenta e nove semanas no dia 10 de Nisã de 33 d.C., é óbvio que a semana que falta não se cumpriu no ano 40 d.C., quando nada disto que disse o anjo Gabriel ocorreu.

Estamos, aliás, em pleno século XXI e, até o momento, não ocorreu nada daquilo que o anjo afirmou que ocorreria com Israel, ou seja, a sua conversão ao Senhor.

– Tem-se, portanto, que a última semana de Daniel ainda não se iniciou. Com efeito, segundo a própria revelação dada por Gabriel, esta semana tem como termo inicial um “concerto por uma semana entre o povo do princípe, que há de vir, e ‘muitos’ ” (Dn.9:26).

– Para bem compreendermos este termo inicial da última semana, devemos observar que Gabriel, antes de começar a falar da septuagésima semana, afirma que “o povo do princípe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação e até ao fim haverá guerra, estão determinadas assolações”.

– Assim, após a retirada do Messias, que “não seria mais”, a cidade e o santuário seriam novamente destruídos. Lembremos que o início da contagem das semanas era com a ordem de reedificação de Jerusalém e aqui é revelado ao profeta que a cidade, embora reconstruída, seria uma vez mais destruída.

– É elucidativo, portanto, que, no mesmo dia em que se completaram as sessenta e nove semanas, o Senhor Jesus tenha “chorado sobre Jerusalém” e também aludido à destruição da cidade. É o que vemos explicitamente em Lc.19:43,44, “in verbis”: “Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todas as bandas; e te derribarão, a ti e aos teus filhos, que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois não conheceste o tempo da tua visitação”.

– Jesus relaciona diretamente a destruição da cidade com a Sua rejeição, destruição esta que também abrangeria o santuário, como deixa claro o Senhor quando indagado por Seus discípulos a respeito do templo, naquela mesma semana em que haveria de ser crucificado, tendo sido esta a declaração que deu o início ao Seu sermão escatológico (Mt.24:1,2; Mc.13:1,2; Lc.21:5,6).

– Assim, por causa da rejeição de Cristo por Israel, a cidade de Jerusalém e o templo foram destruídos, o que ocorreu em 70 d.C., quando o general Tito, filho do imperador Vespasiano e ele próprio sucessor de seu pai, invadiu Jerusalém e destruiu totalmente a cidade e o templo, como é descrito com riqueza de detalhes pelos historiador judeu Flávio Josefo, testemunha ocular deste evento.

 OBS: Eis como Josefo narra a destruição da cidade e do santuário por Tito: “…Os romanos, vendo-se então senhores dessas torres, hastearam as suas bandeiras, bem no alto delas, com grandes gritos de alegria, porque os últimos esforços que haviam feito naquela guerra, os fazia gozar com mais prazer a felicidade de a ter gloriosamente terminado.

Mas, tendo assim conquistado sem resistência este último muro, eles não podiam imaginar que não restasse ainda outro para vencer, e custavam crer no que viam com seus próprios olhos. Os soldados, espalhados por toda a cidade, matavam sem distinção, os que encontravam e incendiavam todas as casas com as pessoas que lá estavam escondidas.

Os que nelas entravam, para saqueá-las, encontravam-nas cheias de cadáveres de toda a família, que a forme havia feito perecer; o horror de tal espetáculo os fazia sair de mãos vazias. Mas embora sentissem alguma compaixão pelos mortos, não eram mais humanos com os vivos, pois matavam a todos os que encontravam; o número dos corpos amontoados uns sobre os outros era tão grande que entupia as ruas e o sangue em que nadavam, apagava o fogo em vários lugares.

A matança terminava à noite, o incêndio, porém, aumentava. Foi a oito de setembro que Jerusalém, depois de ter sofrido tantos males, por fim, desapareceu sob o violento incêndio(…). Tito entrou na cidade e admirou, entre outras coisas, as fortificações (…). Mandou depois destruir tudo o mais e conservou somente essas soberbas torres, para servirem de monumento à posteridade…” (Guerra dos judeus contra os romanos, VI, 42-43. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.3, pp.189-90).

– Notamos, portanto, que, após as sessenta e nove semanas, haveria a destruição da cidade de Jerusalém e do templo ali situado, o que, efetivamente, ocorreu no ano 70. Esta destruição seria feita pelo “povo do príncipe, que há de vir”. Ora, quem destruiu Jerusalém foi o povo romano, ou seja, o Império Romano, e será deste mesmo império que surgirá o “príncipe, que há de vir”, que outro não é senão o Anticristo, a “ponta pequena” da visão do carneiro e do bode, a ponta que surgiu do quarto animal simbólico, o “animal terrível e espantoso” da visão que Daniel teve no primeiro ano do reinado de Belsazar.

– Quem destrói a cidade e o santuário é o “povo do príncipe, que há de vir”. Portanto, não há dúvida de que se trata do povo do Império Romano, império este que será restaurado no final dos tempos, como, aliás, já fora revelado a Daniel seja no sonho do rei Nabucodonosor, seja na visão dos quatro animais.

– O seu fim, diz o anjo Gabriel, seria com uma “inundação”. A palavra aqui empregada é o hebraico “seteph”, que, segundo a Bíblia de Estudo Palavra Chave, é  “substantivo masculino que significa inundação, águas violentas, torrente. Seu uso primário é inundação.

O substantivo figuradamente indica um juízo vindouro (Dn.9:26; Na.1:8)…” (verbete 7858, Antigo Testamento, p.1961). O próprio Flávio Josefo, testemunha ocular do evento, não deixa de registrar em sua obra Guerra dos judeus contra os romanos que a destruição de Jerusalém era um juízo divino sobre o povo judeu: “…Se quisermos considerar tudo o que acabo de dizer, veremos que os homens perecem somente por próprio culpa, pois não há meios de que Deus não Se sirva para procurar-lhes a salvação e manifestar-lhes por diversos sinais o que eles devem fazer…” (VI, 31. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.3, p.185).

– João Calvino assim interpreta esta passagem da revelação de Gabriel: “…Aqui o anjo remove toda esperança para os judeus, cuja obstinação poderia levá-los a esperar alguma vantagem em seu favor, pois já estamos cientes de sua grande estupidez quando em estado de desespero.

Para que os fiéis não condescendessem nos mesmos sentimentos com os apóstatas e rebeldes, ele diz: O fim do líder, a saber, Tito, seria num dilúvio: significando: ele subverteria a cidade e a política nacional, e daria um fim sumário no sacerdócio e na raça, enquanto que todos os favores divinos ao mesmo tempo seriam subtraídos. Neste sentido, seu fim seria num dilúvio.…” (Daniel, v.2, p.264-5). O pastor Antonio Gilberto assim se expressa: “…f. “será como num dilúvio”. Isto é, será irresistível e esmagador, assim como foi quando Tito, o general, arrasou a cidade e o povo, com suas tropas.…” (Daniel e Apocalipse, p.50).

– Além da destruição da cidade e do santuário, após o período das sessenta e nove semanas, o anjo Gabriel também diz que haveria guerra até ao fim, demonstrando que a guerra jamais se apartaria de Jerusalém a partir da destruição do templo, sendo, aliás, aqui o único instante desta revelação em que se pode incluir o período da Igreja, pois, como afirma o pastor Antônio Gilberto, “in verbis”:

“…Há um intervalo de tempo entre 69ª e a 70ª semanas, indicado no versículo 26, pela expressão “e até o fim”. Neste intervalo (que já vai para 2.000 anos), enquanto Israel é rejeitado (ver Lucas 13.34,35), a Igreja é formada e arrebatada para o Céu. Realmente, à luz de Daniel 9.24, a profecia das Setenta Semanas nada tem com a Igreja, a não ser indiretamente, como já mostramos, no caso do intervalo: “e até o fim”.…” (Daniel e Apocalipse: como entender o plano de Deus para os últimos dias. Digitaliz. por Escriba Digital , p.48).

– Quando vemos as páginas da história, percebemos que, desde o ano 70, Jerusalém tem sido palco de infindáveis conflitos, como a própria revolta judaica do ano 135, debelada pelo imperador romano Adriano, a conquista islâmica no século VII, as Cruzadas, sem se falar no conflito árabe-israelense que, desde 19489, tem tornado a região a mais sensível do mundo em termos político-militares. Tudo isto é pleno cumprimento da revelação das setenta semanas. Aliás, será ali que se travará a maior batalha de todos os tempos, a batalha do Armagedom, que porá fim ao sistema gentílico e início ao reino milenial de Cristo (Ap.19).

– Mas não se teria apenas “guerra até o fim”, mas, também, “assolações”, que algumas versões traduzem por “desolações”, ou seja, “grande aflição causada por desgraça ou infortúnio; tristeza, consternação”, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a indicar os grandes sofrimentos e aflições que o povo judeu tem sofrido durante todo o tempo desde o início da diáspora, ou seja, da dispersão entre as nações, depois da expulsão de Canaã, ocorrida em 135.

A história da humanidade, desde então, tem sido sempre a história do antissemitismo, das inúmeras perseguições sofridas pelos judeus em todas as nações ao longo dos séculos, como testemunham a Inquisição, os “pogroms” nos países eslavos, o duro tratamento recebido por Maomé e demais governantes muçulmanos, a “solução final” dos nazistas e o atual e crescente antissemitismo em todo o planeta.

– Neste quadro de guerras e de assolações, então, iniciar-se-á a última semana, cujo termo inicial, disse o anjo Gabriel, seria um “concerto entre o príncipe que há de vir e muitos” (Dn.9:27), concerto que terá a duração de “uma semana”, ou seja, sete anos.

– Como bem ensina o pastor José Serafim de Oliveira: “…Para completar os 490 anos faltam 7 anos, ou seja, uma semana. Após o arrebatamento da igreja, reiniciar-se-á o período dos gentios e o relógio das semanas voltará a funcionar. Daniel não viu essa interrupção, porque lhe foi revelado somente sobre o seu povo e sua santa cidade.

 Estamos vivendo o intervalo entre a 69ª  e 70ª semanas. Aguardamos vigilantes a iminente volta do Senhor e o arrebatamento. Então, o relógio voltará a funcionar e toda Palavra de Deus terá seu fiel cumprimento.…” (Panorama teológico e histórico do livro de Daniel e Apocalipse, p.26) (cópia para revisão, no prelo).

– É este acordo entre o “príncipe que há de vir”, que outro não é senão a “ponta” que se sobressaiu no animal terrível e espantoso (Dn.7:24) como também a “ponta pequena” da visão do carneiro e do bode (Dn.8:9-12), e “muitos”, entendido aqui como sendo a maior parte do povo de Israel, indica que terá como objeto a restauração do templo, já que a “quebra do concerto”, na metade da semana, será fazer cessar o sacrifício e a oferta de manjares (Dn.9:27).

– Ora, como o santuário e a cidade de Jerusalém seriam destruídos depois das sessenta e nove semanas, temse como evidente aqui que este sacrifício e oferta de manjares que serão cessados ocorrerão posteriormente à destruição, ou seja, pressupõem uma reconstrução do templo de Jerusalém, algo que ainda não aconteceu.

– Esta é mais uma demonstração de que o cumprimento da última semana é algo futuro, algo que não ocorreu, como querem alguns, por ocasião do ministério terreno de Cristo. Quando Jesus morreu, o sacrifício contínuo e a oferta de manjares continuaram a ser oferecidos no templo de Jerusalém. Verdade é que, após a morte de Cristo no Calvário, com a ruptura do véu (Mt.27:51; Mc.15:38; Lc.23:45), tais sacrifícios já não tinham mais valor algum para Deus, mas o fato é que prosseguiram sendo oferecidos.

 Não faz, pois, sentido algum, querer situar-se esta última semana em continuidade com as outras sessenta e nove semanas, como fazem os preteristas e os historicistas ao interpretarem esta revelação.

– O Messias foi tirado antes da destruição da cidade e do santuário e a última semana começa com um concerto, com uma aliança entre o príncipe que há de vir e a maior parte de Israel que permitirá a retomada do sacrifício diário, ou seja, a reconstrução do templo de Jerusalém, único local onde se pode realizar tal sacrifício.

– Tal acordo, entretanto, durará apenas até a metade da semana, ou seja, terá uma duração de três anos e meio, ocasião em que o “príncipe que há de vir” iniciará uma guerra contra os santos, como, aliás, já havia sido revelado a Daniel na visão dos quatro animais simbólicos (Dn.7:21,25), guerra em que será vitorioso, tanto que fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares.

– Este príncipe é chamado de “o assolador”, pois será permitido que vença os santos, e isso até à consumação (Dn.9:27), ou seja, até o término da semana, quando, então, se completarão as setenta semanas, mas este “assolador” sofrerá o juízo divino, conforme determinado e, aí, então, Israel será liberto do pecado.

– Como bem afirma o pastor Antonio Gilberto: “…g. “sobre a asa das abominações”. Esta expressão é de mui difícil interpretação. O termo “abominação” é muito usado na Bíblia para significar ídolos. Comparando-se as passagens paralelas de Daniel 11.31; 12.11 e Mateus 24.15, vê-se que se trata de um ídolo que será colocado no Lugar Santo do templo, que estará então reconstruído. Outras passagens que falam da reconstrução do templo são 2 Tessalonicenses 2.4 e Apocalipse 11.1-2. h. “virá o assolador”. Uma referência ao Anticristo. i. “até que a destruição, que está determinada se derrame sobre ele”.

 Essas palavras da profecia referem-se à derrota total e completa do Anticristo e seus exércitos confederados, ao descer Jesus em glória sobre o monte das Oliveiras, conforme Zacarias 14.1-5; Mateus 24.30; Atos 1.11; Apocalipse 19.11-16. Sim, a última semana culminará com a vinda de Jesus em glória com todos os seus santos para socorrer Israel, destruir a Besta e seus exércitos, e julgar as nações.…” (Daniel e Apocalipse, pp.51-2).

– A revelação encerra-se abruptamente, sem que o profeta diga mais nada a respeito. Sua oração fora respondida e ele já bem sabia que Israel não se converteria mesmo terminado o prazo de setenta anos de cativeiro. No entanto, apesar de ainda serem necessários 490(quatrocentos e noventa) anos, Deus haveria de cumprir as Suas promessas e as profecias se cumpririam e Israel seria, sim, tornado reino sacerdotal e povo santo, converter-se-ia e o pecado não teria mais poder sobre ele.

– O profeta era, uma vez mais, consolado e, deste modo, nada poderia abalar a sua fé em Deus. Eis o efeito que deve produzir a doutrina das últimas coisas nos servos de Deus: não um desejo de curiosidade, mas uma firme convicção de que vale a pena confiar no Senhor e aguardar, serenamente e em santidade, o cumprimento de tudo quanto está escrito. Temos feito isto?

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Site: http://www.portalebd.org.br/files/4T2014_L10_caramuru.pdf

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Iesus Kyrios

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading