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LIÇÃO Nº 10 – MARIA, IRMÃ DE LÁZARO, UMA DEVOÇÃO AMOROSA

A irmã de Lázaro é um exemplo de devoção.

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo de personagens bíblicas que nos ensinam sobre o caráter do cristão, estudaremos Maria, a irmã de Lázaro.

– A irmã de Lázaro é um exemplo de devoção.

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I – MARIA, A DEVOÇÃO NO APRENDIZADO JUNTO AO MESTRE

– Na sequência do estudo de personagens bíblicas que nos ensinam sobre o caráter do cristão, estudaremos Maria, a irmã de Lázaro.

– Cinco são as passagens que enfocam diretamente esta personagem nas Escrituras Sagradas:

o episódio da estada de Jesus na casa dela (Lc.10:38-42), o episódio da ressurreição de seu irmão Lázaro (Jo.11) e, por fim, o gesto dela em ungir os pés de Jesus, este retratado em três dos Evangelhos (Mt.26:6-13; Mc.14:3-9; Jo.12:1-8).

– O nome “Maria” era um nome muito comum entre os judeus, pois, na verdade, é a forma helenizada do nome da irmã de Moisés, “Miriã”, que, como todos sabemos, ocupa um papel de realce na história de Israel.

O Novo Testamento, por exemplo, apresenta várias “Marias” em sua narrativa.

– Há disputa sobre o significado deste nome. Alguns acham que este nome tem origem egípcia e corresponderia ao vocábulo “Maryê”, que significa “amada”, mas não há muita certeza a este respeito.

Outros, como Russell Norman Champlin, acham que este nome significa “rebelião”, derivado de uma raiz hebraica “miryam”, talvez fazendo lembrar a atitude rebelde de Miriã contra seu irmão por causa da mulher cusita (Nm.12:1-15).

– A primeira vez que o texto sagrado nomeia Maria, a irmã de Lázaro, é em Lucas, quando o evangelista, que dá realce à figura feminina em seu relato, conta que o Senhor Jesus entrou em uma aldeia, sendo recebida por uma certa mulher chamada Marta (Lc.10:38).

– Esta aldeia, sabemos pelos relatos de outros Evangelhos, era Betânia, distante cerca de 15 estádios de Jerusalém (Jo.11:18), ou seja, cerca de 3 km, no outro lado do monte das Oliveiras, na estrada para Jericó, onde havia muitas tamareiras e daí o nome dado à aldeia, cujo significado é “casa das tâmaras”.

A aldeia até hoje existe e tem menos de mil habitantes e seu nome atual é ‘el’Aziryeh”, que, em árabe, significa “o lugar de Lázaro”, já que lá foi o cenário do maior milagre de Cristo Jesus, a ressurreição de Lázaro.

– Jesus estava viajando, certamente indo para Jerusalém, quando resolve parar nesta aldeia, onde acabou por travar uma amizade especial com uma família, formada por três irmãos, Marta, Maria e Lázaro.

Conforme diz William Hendricksen em seu comentário sobre Lucas, tudo indica que Marta fosse a mais velha dos irmãos, pois é sempre ela que toma a iniciativa, além do que é mencionado que a casa era de Marta (Lc.10:38).

OBS: “Das duas irmãs, Marta é mencionada primeiro, não só aqui em Lucas 10.38, 39, mas também em João 11.19, 20; 12.2, 3; enquanto que em João 11.5, ela é ainda mencionada antes de “sua irmã e Lázaro”.

É verdade que em João 11.1 Betânia é denominada “a aldeia de Maria e sua irmã Marta”, porém a ordem na qual as duas irmãs são mencionadas ali, com Maria primeiro, se pode explicar pelo fato de que a história prossegue, no versículo 2, com uma referência à unção do Senhor pelas mãos de Maria.

Note também que aqui em Lucas 10.38 somos informados que foi Marta quem recebeu Jesus em seu lar. Procede a conclusão de que Marta seria a mais velha – pelo menos das duas irmãs, e talvez até mesmo dos três irmãos -, e que a casa pertencia a ela? Iniciando com o último, a expressão seu lar ou sua casa provavelmente significa “a casa onde ela (assim como os outros dois) morava”.

Quanto ao primeiro, isso mais razoável. Ela sem dúvida pode ter sido a mais velha, mas isso também não é definido.…” (HENDRIKSEN, William. Lucas, v.2, p.97)

– Marta, talvez já sabendo da fama de Jesus, ao saber que o Mestre estava na aldeia, tomou a iniciativa de convidá-lo para ir à sua casa, demonstrando, assim, um nítido interesse em ter a companhia de Cristo, reconhecendo que ali estava o Messias prometido nas profecias.

Foi, sem dúvida, uma excelente decisão a de Marta, a de receber Jesus em sua casa.

– Devemos, também, ter a mesma iniciativa de Marta. É indispensável que recebamos Jesus em nossa casa e casa, aqui, tanto significa nós mesmos, como afirma o escritor aos hebreus (Hb.3:6), como também a nossa família, o nosso lar, pois a família foi criada precisamente para ser o lugar de comunhão, o lugar de comunhão do homem com Deus e dos familiares entre si.

– Com efeito, quando abrimos a Bíblia Sagrada, vemos que as duas primeiras bênçãos registradas (Gn.1:28; 9:1) foram dirigidas para a família, sinal de que o primeiro local que o Senhor deseja abençoar é a família, que foi criada com este propósito.

Deus vinha toda viração do dia para um momento especial com o primeiro casal (Gn.3:8) e é necessário que tenhamos este momento em família com Deus diariamente, máxime quando sabemos que fomos resgatados do pecado e, portanto, restabelecida foi a nossa comunhão com o Senhor, pois é este o objetivo da missão salvífica de Jesus (Jo.17:21).

Façamos, pois, como Marta, e convidemos Jesus para entrar em nossa casa, em nós e em nosso lar.

– Assim que Jesus entrou na casa de Marta, Maria e Lázaro, não perdeu tempo. Já que havia sido convidado, passou a ensinar aquelas mulheres, sentando-se, pois era nesta posição corporal que os mestres ensinavam naquele tempo em Israel (Mt.5:1).

Jesus sempre quer nos ensinar, quer nos orientar a fim de que possamos perseverar até o fim e alcançarmos o fim da nossa fé, que é a salvação das nossas almas (I Pe.1:9).

É por isso que entendemos que o Senhor, quando encontrava o primeiro casal no Éden, tinha o objetivo precípuo de ensiná-los, de modo que no Éden tivemos a primeira escola bíblica, que não era dominical, mas, sim, diária.

– No início do ensino, Marta ficou aos pés de Jesus, sendo acompanhado por Maria, a sua irmã, que também se assentou aos pés do Mestre para d’Ele aprender.

No entanto, num determinado instante, Marta saiu dos pés de Jesus, pois estava preocupada em ser boa hospitaleira de Cristo, preparando-lhe uma refeição e providenciando que tivesse Ele uma boa estada naquela casa. Afinal de contas, tinha sido de Marta o convite para que Jesus ali entrasse.

– Maria, no entanto, mesmo sabendo que eram as anfitriãs de Jesus, não se preocupou com os afazeres domésticos, mas estava totalmente absorta pelos ensinos, pelas palavras de Jesus.

Queria aproveitar ao máximo a estada de Cristo em sua casa, de modo que se desligou totalmente das coisas materiais, preferindo aprender as coisas divinas com o Senhor Jesus.

– Marta distraiu-se com as coisas desta vida e, num determinado momento, como não estava dando conta dos afazeres domésticos, acabou se dirigindo a Jesus, pedindo que Ele não permitisse que ela trabalhasse sozinha e que determinasse que Maria fosse ajudá-la (Lc.10:40).

– Jesus, porém, em vez de repreender Maria, repreendeu Marta, dizendo que ela estava ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só era necessária e Maria havia escolhido a boa parte, que não lhe seria tirada (Lc.10:41,42).

– Maria aqui nos traz uma importantíssima lição, qual seja, a da prioridade das “coisas de cima” em relação às coisas terrenas. Marta estava certa em querer recepcionar bem o Senhor Jesus.

Ela O tinha convidado para ir até sua casa e devemos ser hospitaleiros (Rm.12:13; I Tm.3:2; 5:10; Hb.13:2; I Pe.4:9).

A Didaquê, antigo escrito de doutrina do século I diz textualmente a respeito deste dever dos cristãos: “Mas receba todo mundo que entra em nome do Senhor, e prove e o conheça posteriormente…” (Didaquê 12).

– Não obstante o dever da hospitalidade, é extremamente necessário que “busquemos primeiro o reino de Deus e a sua justiça” (Mt.6:33), pois uma das características da “nova criatura”, daquele que ressuscitou com Cristo, é buscar e pensar nas “coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus” (Cl.3:1-3).

– Temos de fazer o bem a todos, pois Jesus, neste mundo, “andou fazendo bem” (At.10:38), mas não nos esqueçamos de que Jesus dava absoluta prioridade às coisas divinas, às coisas celestiais, a ponto de ter dito que a Sua comida era fazer a vontade d’Aquele que O enviara e realizar a Sua obra (Jo.5:34).

Ao comparar a obra do Pai à comida, Jesus mostra que a Sua razão de ser, a Sua subsistência estava nas coisas celestiais e não nas coisas materiais.

– Maria havia decidido ouvir Jesus, dar prioridade aos Seus ensinos, à Sua companhia, queria aproveitar cada segundo que estava a desfrutar numa ocasião que poderia nunca mais se repetir.

Queria aprender com Jesus como obter a salvação, como agradar a Deus, como ter a vida eterna.

Isto era mais importante do que qualquer outra coisa, até mesmo do que hospedar dignamente o Messias.

Ela estava inteiramente dedicada a Cristo e tal dedicação é o que se denomina de “devoção”, que é a característica que nosso comentarista quis realçar na vida de Maria e que deve compor o caráter cristão.

– Quando vamos ao dicionário, vemos que devoção é “apego sincero e fervoroso a Deus ou aos santos, sob uma forma litúrgica ou por práticas regulares privadas; sentimento religioso, piedade”, palavra que tem a origem no latim “devotĭo,ōnis”, cujo sentido é “ação de se dedicar, voto com que alguém se dedica, se consagra, culto.”

– Maria assumiu um compromisso de se dedicar totalmente a Jesus, não no sentido material que fora assumido por Marta, ou seja, de lhe dar uma boa recepção, de ser hospitaleira para com Cristo, mas, sim, no sentido de se entregar totalmente ao Senhor, procurando agradar-Lhe e, deste modo, era indispensável aprender com Ele como se deveria portar diante de Deus.

– Maria via em Jesus o Messias, o Mestre, Aquele que veio trazer a justiça para o mundo, restabelecer a comunhão com Deus, enquanto que Marta enxergava apenas o hóspede ilustre, Aquele que, sendo o Messias e o Filho de Davi, tinha que ter tratamento “vip”, pois era o futuro rei de Israel.

– Jesus disse que a “boa parte”, aquilo que era necessário e que nunca seria tirado era o que Maria estava desfrutando, ou seja, a Palavra de Deus, os ensinos de Cristo, a sã doutrina.

Somente pela Palavra, que é a verdade, seremos santificados (Jo.17:17) e esta santificação nos fará ver o Senhor (Hb.12:14). Somente a separação do pecado nos deixará em condição de nos encontrar com Cristo nos ares e ficarmos para sempre com Ele, em Seu trono à direita do Pai (I Ts.4:17; Hb.12:2; Ap.3:21) e, para isto, precisamos aprender da Sua Palavra, ouvi-l’O e, posteriormente, praticar o que Ele nos ensinou (Mt.7:24,25; Tg.1:22).

– Maria dedicou-se a ouvir o Senhor Jesus, a estar aos Seus pés e o Senhor disse ser esta a “boa parte” que nunca lhe seria tirada.

Temos estado aos pés do Senhor Jesus? Estamos dando ouvidos à Sua Palavra? Damos prioridade às coisas celestiais? Nosso tesouro está sendo ajuntado nos céus? Onde está o nosso coração?

– Façamos uma reflexão, amados irmãos. Será que não temos sido “Martas”, distraídos com as coisas desta vida, mesmo com os aspectos administrativos, seculares e terrenos da obra de Deus?

Será que não temos procurado agradar ao Senhor com muitos afazeres que, entretanto, dizem respeito tão somente às coisas desta vida?

– É momento de nos dedicarmos à “boa parte”, ou seja, ao estudo da Palavra de Deus, à busca da comunhão com o Senhor Jesus pela oração e pelo jejum, ao temor do Senhor e à participação digna do corpo de Cristo.

Busquemos a santificação, a piedade, pois, neste mundo, como diz o apóstolo Paulo, temos de viver sóbria, pia e justamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo (Tt.2:12,13).

– Que tal nos desgastarmos menos fisicamente na obra de Deus e nos aplicarmos mais à meditação das Escrituras, ao aprendizado da Palavra de Deus, à oração e ao jejum?

Maria dá-nos esta lição: a melhor devoção vê a Cristo como Aquele que quer falar conosco, que quer nos ensinar a fim de que possamos chegar ao estágio final do processo da salvação, que é a glorificação.

Que sejam nossas as palavras do poeta sacro traduzido/adaptado por Paulo Leivas Macalão: “A Teus pés, ó Jesus Cristo, Tua face buscarei, escutando qual Maria, as palavras de amor; a Teus pés, ó Jesus Cristo, meu passado esquecerei, pois Tua mão fiel e terna tem me salvo do temor” (primeira estrofe do hino 434 da Harpa Cristã).

II – MARIA, A DEVOÇÃO NA HORA DA ADVERSIDADE

– A segunda passagem bíblica que menciona o nome de Maria, a irmã de Lázaro, também conhecida como “Maria de Betânia” é o episódio da ressurreição de Lázaro, o maior milagre de Jesus, que é registrado no capítulo 11 do Evangelho segundo João.

– João registra que Lázaro, irmão de Maria e de Marta, estava enfermo em Betânia, que era a aldeia onde moravam. Diante da enfermidade de Lázaro, as irmãs mandaram uma mensagem para o Senhor Jesus.

– A circunstância de que Marta e Maria mandaram avisar Jesus de que Lázaro estava enfermo revela três coisas importantes:

a primeira, é que a enfermidade era grave, causava preocupação às irmãs;

a segunda, a fé que tinham em Jesus, de que Ele viria e curaria o Seu amigo; a terceira, que havia uma amizade, um amor especial entre Jesus e aquela família.

– O pano de fundo do maior milagre de Jesus mostra-nos que, para que o Senhor opere, para que haja a confirmação de que Jesus é o Cristo, o enviado do Pai, pois foi este o propósito deste grande sinal (Jo.11:41,42), faz-se mister que estejam presentes estes três elementos: a consciência da impotência humana, a fé em Jesus e o amor a Cristo.

– Jesus não estava perto. Havia há pouco saído da Judeia e ido para o outro lado do Jordão, onde João costumava batizar (Jo.10:40), na região conhecida como Pereia, a outra “Betânia” (Jo.1:28).

Certamente, na sua ida para a Pereia, o Senhor deve ter passado por Betânia e dito para onde iria. A distância não foi motivo para que aquelas irmãs pedissem pela ajuda de Jesus.

– Havia fé em Jesus por parte daquelas irmãs e nada as impedia de buscar o socorro de Cristo.

Elas criam plenamente que Jesus poderia curar seu irmão Lázaro e se empenharam para obter a presença do Mestre em sua casa.

Temos tido este mesmo comportamento? Temos nos empenhado a ter a presença de Jesus em nossa casa?

– Verdade é que, hoje em dia, o Senhor não Se encontra fisicamente entre nós e, portanto, não se faz necessário mandar um emissário para ir ao encontro de Cristo, o que, aliás, torna a nossa tarefa, sob este ponto-de-vista, mais fácil que de Marta e de Maria.

No entanto, se não há mais problema de distância física, há a problemática da distância espiritual. O Senhor está sempre perto daqueles que O invocam em verdade (Sl.145:18).

– Para invocar o nome do Senhor em verdade, torna-se necessário que creiamos em Jesus com o coração e confessemos nossos pecados com a boca (Rm.10:10-14), mantendo-nos separados do pecado, em santidade (I Co.1:2), seguindo a justiça, a fé, o amor e a paz, com um coração puro (II Tm.2:22).

– Assim como Marta e Maria buscaram a Cristo, não medindo esforços nem levando em conta a distância, também nós devemos buscar ao Senhor, evitando a distância espiritual, através da santificação.

– Jesus foi encontrado e afirmou que a enfermidade de Lázaro não era para morte, o que embasa o entendimento de que as duas irmãs estavam extremamente preocupadas com seu irmão Lázaro, que reforça a gravidade da doença.

Estas palavras o Senhor disse para o emissário das irmãs e, certamente, quando ele voltou para Betânia, deve tê-lo dito a Marta e a Maria.

– Jesus, porém, não acompanhou este emissário, tendo permanecido na outra Betânia por mais dois dias.

Certamente, o fato de Jesus ter ficado ciente da enfermidade de Lázaro e, mesmo assim, não ter vindo acudi-lo foi motivo de estranheza para as irmãs. Maior estranheza ainda tiveram quando, apesar da afirmação de Cristo de que a enfermidade não era para a morte mas para a glorificação do Filho de Deus, Lázaro morreu.

– Marta e Maria estavam inconsoláveis. Haviam perdido o seu irmão que, certamente, era o arrimo da casa e, mais do que isto, sentiam-se desamparadas por Cristo, que, apesar de ter recebido a notícia da enfermidade de Lázaro, não foi até a casa delas.

Era, sem dúvida, uma decepção para com o Mestre, além, logicamente, da tristeza decorrente da morte do irmão.

– Jesus somente chegou quatro dias após a morte de Lázaro. Logo lhe deram a notícia de que fazia quatro dias que Lázaro havia morrido e, também, foram avisar as duas irmãs de que Jesus chegara a Betânia.

– Não faltam, irmãos, aqueles que vêm “dar as notícias”, que gostam de tudo saber e de tudo fazer conhecer, mas que não resolvem coisa alguma, que não colaboram em coisa alguma com as adversidades e dificuldades.

Têm prazer em ser “mensageiros de más novas”, mas simplesmente não sabem o que fazer com as notícias de que tem conhecimento, nem como trazer soluções diante delas.

– Vivemos dias em que a quantidade de informações e sua instantaneidade é imensa, mas não podemos ser apenas “paroleiros”.

Precisamos tudo investigar e verificar se o que falarmos ou dizermos promoverá a edificação das pessoas ou apenas servirá para aumentar o sofrimento e o problema. Tudo que fizermos deve ser para edificação (Rm.14:19; I Co.14:26; II Co.10:8; 13:10; Ef.4:29).

– Foram dizer para Jesus que Lázaro havia morrido há quatro dias, assim como foram dizer para as irmãs que Jesus chegara à aldeia.

Tais informações eram feitas sem qualquer propósito senão o de, quem sabe, causar uma dissensão entre estes amigos, ver “o circo pegar fogo”, até porque havia alguns que já estavam a criticar o Senhor Jesus, dizendo que Ele deveria ter evitado esta morte (Jo.11:37).

– Maria, ao saber da chegada de Jesus, nada fez, esperou que o Senhor viesse até sua casa.

Marta, entretanto, ao ter conhecimento disto, correu em direção ao Senhor, como em um tom de acusação ou de decepção, dizendo a Ele que se Ele estivesse em Betânia, seu irmão Lázaro não teria morrido (Jo.11:20,21).

– Maria soube esperar e aqui temos uma outra lição que esta personagem bíblica nos traz.

Vieram falar-lhe que Jesus estava na aldeia, mas Maria continuou assentada em sua casa como estava, acompanhada de judeus que tinham vindo consolar as duas irmãs (Jo.11:19).

– Temos de tomar uma atitude de servos, ou seja, aguardar os comandos, as ordens, as orientações do Senhor. Maria tinha intimidade com o Senhor Jesus, conhecia-Lhe, havia aprendido com Ele e sabia que o Senhor é quem manda, quem governa, quem tem o controle de todas as coisas.

Maria manteve-se na posição de serva, de alguém que não vai murmurar nem reclamar com o Senhor.

– Como tem sido nosso comportamento com relação ao Senhor? Temos esperado com paciência, como diz Davi, aguardando que Ele Se incline para nós e ouça o nosso clamor (Sl.40:1), ou somos “reclamões”, “murmuradores”, que querem explicações da parte de Deus, que quer “tomar satisfação” com Deus?

– Nos dias em que vivemos, há muitos falsos pregadores, notadamente os falsos mestres da teologia da confissão positiva, que ensinam que devemos “cobrar”, “exigir”, “pôr Deus contra a parede”.

Nada mais são que tolices e somente pessoas que têm pouco conhecimento de Deus, que não primam pelas coisas celestiais, como era o caso de Marta, caem neste conto e cometem uma atitude insensata como a que fez Marta.

– Marta reclamou da ausência de Jesus, ausência esta que considerava ter sido a causa da morte de seu irmão Lázaro, embora tivesse também afirmado que tudo quando fosse pedido a Deus, ser-lhe-ia concedido. É bem a história contada pela teologia da confissão positiva.

– Jesus, então, compassivo como era e amando Marta como amava, resolveu “abrir o jogo”, dizendo a Marta que seu irmão ressuscitaria.

Marta, porém, entendeu que o Senhor lhe falava da “ressurreição do último dia”, ou seja, da ressurreição dos justos de que falara o profeta Daniel (Dn.12:2), querendo, com isto, aplicar algum conhecimento do que conseguira aprender não só com Jesus mas com o ensino das Escrituras.

– O Senhor, entretanto, mostrou a Marta o seu desconhecimento a respeito d’Ele, fruto de sua distração nos ensinos que dera àquela família.

Ele era a ressurreição e a vida e, portanto, a ressurreição se daria naquela oportunidade, não no último dia. Ante tal declaração, Marta confessou crer em Jesus como o Filho de Deus que havia de vir ao mundo (Jo.11:24-27).

– Jesus, então, mandou que Marta chamasse Maria. Marta foi até sua casa e, em segredo, disse que Jesus a chamava.

Havia uma intimidade especial entre Jesus e Maria, tanto que o Mestre mandou que Marta, em segredo, avisasse que o Senhor queria vê-la.

– Como é bom estarmos ao pés de Jesus, pois, assim, teremos intimidade com Ele, não seremos jamais perturbados em nosso relacionamento com o Senhor e Ele sempre terá prazer de nos chamar.

A devoção de Maria era tanta que não foi ela que buscou ao Senhor, mas o Senhor que a chamou. Temos esta comunhão com Jesus? Tem Ele nos chamado para um relacionamento mais estreito?

– Maria, então, diante da ordem do Senhor, como verdadeira serva, atendeu ao chamado do Senhor e foi ao encontro d’Ele. Fê-lo com presteza, pois era esta a vontade do Mestre (Jo.11:30). Temos atendido logo ao chamado do Senhor? Pensemos nisto!

– Maria saiu tão apressadamente que os judeus que ali estavam acharam que ela resolvera ir ao sepulcro. Eis a diferença entre os espirituais e os carnais. Os espirituais tudo discernem, mas de ninguém são discernidos (I Co.2:15).

Os judeus pensaram que Maria iria chorar no sepulcro de Lázaro, numa atitude de total desilusão, mas, na verdade, ela foi ao encontro de Jesus.

– As palavras de Maria foram idênticas às de Marta, mas foram ditas num contexto totalmente diferente.

Maria lançou-se aos pés de Jesus e confirmou que a presença de Jesus teria sido suficiente para a saúde de Lázaro.

Não era um “desabafo”, nem tampouco uma “cobrança”, mas uma expressão respeitosa de confiança em Cristo, um reconhecimento do senhorio de Jesus, tanto que se lançou aos pés de Cristo, em atitude de adoração e de devoção.

– Podemos ter uma atitude de adoração em meio à adversidade? Podemos expressar nosso amor por Jesus mesmo quando nossos interesses são contrariados?

Maria podia fazê-lo porque dava prioridade às coisas celestiais e tinha convicção de que a vontade de Deus é que deveria prevalecer.

Ao dizer as palavras que disse apenas reafirmava sua confiança no poder de Jesus para curar enfermidades, o que poderia ter se abalado diante da mensagem do emissário de que Jesus dissera que a enfermidade não era para a morte mas para a glorificação do Filho de Deus.

Maria não precisava, como Marta, confessar que Jesus era o Cristo, pois ela já o sabia, pois sempre se dedicara ao aprendizado das palavras do Mestre.

– A adoração de Maria moveu o espírito e a alma de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Ao ver Maria chorando, Ele moveu-Se em espírito e perturbou-Se (Jo.11:33). Não são as “reclamações”, as “cobranças”, as “exigências” que movem o Senhor Jesus, mas, sim, a nossa devoção, a nossa adoração, o reconhecimento de Seu senhorio e a disposição em fazermos e aceitarmos a Sua vontade.

Marta havia reclamado e Jesus não havia Se sensibilizado, mas, ante a reação de Maria, Ele não Se conteve e pediu para que mostrassem onde estava o sepulcro de Lázaro e, então, realizou aquele grande milagre.

– Jesus ainda Se comove com as lágrimas e com os sentimentos daqueles que Lhe são devotos, daqueles que estão acostumados a estar aos Seus pés.

Precisamos aprender com Cristo, ter intimidade com Ele, deixar de pensar nas coisas terrenas e de nos revoltarmos quando tivermos nossos interesses contrariados, para sermos crentes que estão totalmente dedicados a fazer a vontade do Senhor e a reconhecer-Lhe o senhorio.

Quando isto fizermos, Ele certamente Se moverá em nosso favor.

– Um último ponto a observar sobre o comportamento de Maria quando da ressurreição de seu irmão. Quando o Senhor Jesus mandou que se tirasse a pedra, Marta, uma vez mais, tentou retrucar com o Mestre.

Maria, entretanto, nada falou, nada fez, ficou confiando exclusivamente no Senhor Jesus e, por isso, não entrou em atrito como sua irmã. Jesus repreendeu Marta dizendo que se ela cresse, veria a glória de Deus (Jo.11:40).

Maria, com toda certeza, já estava a vislumbrar a glória do Senhor mesmo antes do milagre.

– Creiamos em Deus e em Jesus Cristo, apesar de todas as circunstâncias adversas. Mantenhamo-nos, em meio às dificuldades, sob a orientação do Senhor, cumprindo a Sua vontade e demonstrando, na comunhão com Ele, nossa total e integral confiança n’Ele. Assim, desde já contemplaremos a glória do Senhor e poderemos movê-lo para dissipar, milagrosamente, se Ele o quiser, estas mesmas dificuldades e adversidades. Eis o que aprendemos com Maria de Betânia neste episódio.

III – MARIA, A DEVOÇÃO NA HORA DA GRATIDÃO E ADORAÇÃO

– O terceiro episódio a envolver Maria de Betânia é o famoso jantar de que Jesus participou nesta aldeia pouco antes da Sua paixão e morte.

No registro feito por João, constante do capítulo 12, é deixado claro que este jantar se deu após a ressurreição de Lázaro e que nele estavam presentes Marta, Maria e Lázaro, além de outras pessoas (Jo.12:1,2), fato ocorrido seis dias antes da Páscoa, ou seja, um dia antes da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.

– Entende-se que este “jantar de Betânia” é o mesmo episódio narrado tanto por Mateus (Mt.26:6-13) e Marcos (Mc.14:3-9), embora nenhum dos evangelistas mencione o nome de Maria no episódio, dizendo apenas que se tratava de uma mulher.

– Os três relatos dizem que o episódio se deu em Betânia e situam este acontecimento nas proximidades da paixão e morte de Jesus, confirmando, assim, a datação dada por João.

Certo é que Mateus e Marcos parecem situar o episódio que narram como tendo ocorrido apenas dois dias antes da Páscoa (Mt.26:2; Mc.14:1) e isto faz com que comentaristas como Lightfoot e Matthew Henry entendam que o jantar mencionado por Mateus e Marcos sejam distintos do mencionado por João.

Acham eles, ainda, que o jantar narrado por João ter-se-ia dado na casa de Lázaro, enquanto o outro, na casa de Simão, o leproso.

– Entretanto, embora respeitando tal entendimento, não se pode olvidar que João diz que estavam em Betânia, mas NÃO diz que se estava na casa de Maria, Marta e Lázaro, mas tão somente que Lázaro estava à mesa com Jesus, o que torna perfeitamente compatível com a afirmação dos outros dois evangelistas de que o jantar se deu na casa de Simão, o leproso.

Ademais, improvável que Jesus participasse de dois jantares, em tão exíguo tempo, em Betânia.

A questão dos dois dias antes da páscoa está muito mais ligada à deliberação dos principais dos sacerdotes para matar o Senhor Jesus do que ao jantar propriamente dito. Como entender que, por duas vezes, preparassem o corpo de Jesus para a sepultura?

– João identifica quem é esta mulher, dizendo tratar-se de Maria, a irmã de Lázaro, o que fica bem esclarecido quando se lê a passagem juntamente com Jo.11:2, quando, de forma prospectiva, informa que Maria foi aquela que ungiu os pés do Senhor.

Esta forma de João, antes de narrar o episódio, já a ele fazer alusão, criou alguma confusão, entendendo alguns que Maria já teria ungido o Senhor anteriormente ao jantar de Betânia e, para tanto, recorrem à narrativa de Lucas a respeito de uma unção do Senhor por uma mulher (Lc.7:36-50).

– No entanto, não podemos confundir estas duas unções. Por primeiro, porque ela se deu na Galileia e não em Betânia, pois sabemos que Lucas monta o seu evangelho como uma viagem de Jesus da Galileia até Jerusalém, e somente no capitulo 19 é que vemos Jesus nas cercanias de Jerusalém, prova de que o episódio narrado no capítulo 7 se deu na Galileia.

– Como se isto fosse pouco, é dito que Jesus entrou na casa de um fariseu e que ali compareceu uma “mulher da cidade”, ou seja, não se tratava de Betânia e esta mulher jamais poderia ser Maria.

Como se isto ainda não bastasse, esta mulher é chamada de “pecadora”, tendo, inclusive, sido perdoada de seus pecados por Jesus (Lc.7:50), o que, certamente, não era o porte de Maria, que sempre foi uma devota do Senhor Jesus.

Por fim, aquela mulher entrou furtivamente naquela casa, tendo chegado até Jesus por detrás dele, prova de que não era uma das convidadas (Lc.7:38), enquanto que Maria é apresentada como uma das convidadas, pois o jantar tinha como mote a própria ressurreição de Lázaro, tanto que Lázaro estava na mesa com Jesus, por ser um dos convidados especiais para aquela ocasião (Jo.12:1,2).

– Aquele jantar era como que uma expressão de gratidão a Jesus pela ressurreição de Lázaro, um reconhecimento de Seu poder e de Seu amor.

Marta, como sempre, preocupou-se em agradar a Cristo com coisas terrenas, servindo-O (Jo.12:2), mas Maria, uma vez mais, demonstrando a sua íntima comunhão com o Senhor, resolveu agradecer a Cristo de um modo diferente.

– Diz João que Maria tomou um arratel de unguento de nardo puro (cerca de 0,459 l), de muito preço, num vaso de alabastro, ungindo os pés e a cabeça do Senhor Jesus, enxugando Seus pés com os seus próprios cabelos e enchendo a casa do cheiro do unguento.

– Nesta atitude de Maria, vemos, uma vez mais, que ela preferia ficar aos pés de Jesus, ou seja, reconhecia a sua condição de serva, que dependia inteiramente da graça de Cristo, da Sua orientação, que fazia questão de se submeter a Ele.

– Ao ungir tanto os pés quanto a cabeça, Maria estava reconhecendo que Jesus era bem-vindo, era uma autoridade que merecia o respeito e a reverência, pois esta atitude de unção era uma demonstração de hospitalidade e reconhecimento da dignidade do hóspede, tanto que Jesus, na unção da pecadora, mostrou àquele fariseu que havia sido uma indelicadeza não o ter feito (Lc.7:45).

– Damos a devida reverência ao Senhor Jesus? Somos tementes a Ele? Temor a Deus é respeito, reverência a Deus.

E quando demonstramos que tememos a Deus? Quando aborrecemos o mal, a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa (Pv.8:13).

– Maria tomou o vaso de alabastro, um pequeno recipiente onde era armazenado os perfumes mais preciosos, quebrou o vaso e derramou o unguento nos pés de Jesus e na Sua cabeça e, depois, enxugou os pés de Cristo com os seus próprios cabelos, cabelos que representam a honra da mulher (I Co.11:4,5).

– Este vaso de alabastro era um recipiente típico para perfumes preciosos. Veja o que diz Russell Norman Champlin: “…O fraco é que era feito de alabastro, um carbonato ou sulfato de cálcio, branco ou amarelado(…)

Ordinariamente tais vasos ou receptáculos tinham forma cilíndrica no topo e, em regra geral, eram fechados no alto, que tinha a forma de um botão de rosa (Conforme informa-nos Plínio [grande historiador romano, que viveu entre 23-79, observação nossa]) (…) Bruce [Bruce Manning Metzger, comentarista e tradutor bíblico norte-americano, 1904-2007, observação nossa] (in loc) diz:

‘Um alabastro com nardo era presente digno de um rei’. Em Heródoto [ historiador grego, chamado o pai da História, que viveu no século V a.C., observação nossa] III:20 lemos que foi um dos cinco presentes enviados por Cambises ao rei da Etiópia…” (Novo Testamento interpretado versículo por versículo, v.1, com. Mt.26:7, p.587).

– O preço do unguento foi de trezentos dinheiros, como bem avaliou o tesoureiro Judas Iscariotes (Jo.12:5), ou seja, quase um ano de trabalho de um trabalhador naquele tempo, porquanto um dinheiro era o valor pago por um dia de trabalho.

Tratava-se de um perfume preciosíssimo e o gesto de Maria foi interpretado como desperdício, como algo totalmente sem sentido.

– Como já dissemos, Maria não agia segundo a lógica humana, mas, sendo como era, uma mulher espiritual, que desfrutava de intimidade com o Senhor Jesus, sabia que o Senhor valia muito mais do que trezentos dinheiros, que a gratidão e a adoração Àquele que era a ressurreição e a vida muito superavam qualquer valor material, qualquer quantia, qualquer preciosidade meramente humana.

– Maria ungiu Jesus porque estava grata ao Senhor não só pela ressurreição de seu irmão, mas porque vira, naquele milagre, a glória do Filho de Deus, o Seu poder sobre a morte, o que lhe garantia a convicção de que seria salva e teria a vida eterna, como o próprio Jesus estava há três anos e meio a pregar.

– Maria pegou aquilo que, provavelmente, era o de mais precioso que possuía para revelar o valor que dava ao Senhor Jesus e à salvação que n’Ele se podia obter.

Maria mostrava que tudo neste mundo é menos que nada e que o importante é termos o Senhor Jesus e termos comunhão com Ele.

– Maria dirigiu-se a Jesus não pelo que Ele fez, mas pelo que Ele é. Reconheceu o Seu senhorio, a Sua divindade e, uma vez mais, demonstrou estar totalmente dedicada a Ele, tê-l’O como o tudo em sua vida.

Será que temos o mesmo propósito e o mesmo pensamento de Maria? Precisamos tê-l’O se realmente O servimos, se realmente estamos caminhando para o céu.

Foi este mesmo sentimento que Paulo externou ao dizer que o seu viver era Cristo e que o morrer era ganho (Fp.1:21).

– Não faltaram aqueles que, sendo carnais, censuraram Maria, a começar de Judas Iscariotes, cuja incompreensão a respeito do ministério de Cristo já alcançava o seu limite que o levaria à perdição.

Judas foi o primeiro a repreender o ato de Maria, dizendo que se deveria ter vendido o perfume e a quantia de trezentos dinheiros dada aos pobres (Jo.12:5), pensamento que foi acompanhado por outros discípulos (Mt.26:8,9; Mc.14:4,5).

João, entretanto, revela que este pensamento aparentemente piedoso e caridoso de Judas era uma farsa, pois, na verdade, Judas Iscariotes era um ladrão e costumava furtar o que se lançava na bolsa dos pobres (Jo.12:6).

– Este pensamento de Judas, imediatamente adotado por muitos que ali estavam, inclusive os demais discípulos (embora estes outros fossem “inocentes úteis”, que não tinham a má intenção de Judas Iscariotes), repete a mentalidade existente tanto em Marta, no episódio ocorrido na casa de Betânia, quanto dos judeus que procuravam consolar as irmãs de Lázaro no evento da ressurreição deste.

É a mentalidade do “homem natural”, que entende que se deve agradar a Deus apenas com gestos relacionados com as coisas desta vida, uma mentalidade religiosa, em que se acha que o homem pode, com seus próprios esforços, agradar ao Senhor, uma mente meramente horizontal, incapaz de vislumbrar a glória de Deus.

– Maria não tinha esta mentalidade, mas, bem ao contrário, como já estava acostumada a aprender de Cristo, tinha a Sua própria mente, sendo uma mulher espiritual, dotada de uma visão vertical, que vislumbra a glória de Deus.

Adorou ao Senhor, sabendo que Ele valia muito mais que os pobres, que Ele era o único a quem se devia entregar e dedicar plenamente, que não há sentido algum em se servir a Deus se não for para adorá-l’O e reconhecer-Lhe a majestade.

– Jesus, diante da censura recebida por Maria, defendeu-a publicamente, dizendo que se deveria, sim, ajudar os pobres, mas que os pobres sempre existiriam, enquanto que Ele haveria de ser retirado deles brevemente, tornando impossível qualquer demonstração de reconhecimento como a que estava sendo feito ali naquele instante.

– Como se isto fosse pouco, o Senhor ainda diz que Maria participava, sem o saber, da preparação do Seu corpo para a sepultura, anunciava profeticamente a Sua morte e, como sabemos, no episódio do sepultamento de Jesus, por causa da proximidade da Páscoa, não foi possível tal preparação, tanto que, mesmo diante do que foi feito por Nicodemos e José de Arimateia, as mulheres decidiram voltar, depois do sábado, para “terminar o serviço” (Jo.19:38,39; Lc.24:55,56).

Maria, então, dava a Jesus, sem o saber, a devida consideração que Ele não poderia ter no momento de Sua morte.

– Temos aqui uma importante lição. Quando somos devotos de Cristo Jesus, quando nos dedicamos a Ele e O adoramos na beleza da Sua santidade, deixando de lado os aspectos materiais, não dando a eles o valor que não têm, sem que o saibamos, estamos, também, fazendo os devidos preparativos para o corpo de Cristo, ou seja, para a Sua Igreja, somos

importantes e relevantes contribuintes para a devida preparação do povo de Deus, para a sua edificação em amor, papel, aliás, que é notadamente cobrado daqueles que receberem do Senhor os dons ministeriais (Ef.4:11-16).

– Por isso, embora todos nós devamos ser tão dedicados quanto Maria, tão espirituais quanto Maria, aos que o Senhor chama para exercer os dons ministeriais é requerida e exigida uma maior devoção, pois eles têm o dever de melhor preparar o corpo de Cristo, assim como fez Maria de Betânia.

Será que os ministros têm tido esta dedicação? Será que têm se importado em meditar nas Escrituras, orar, jejuar, temer a Deus, ou estão como Judas e aos que a eles aderiram, importando-se mais com as finanças e as atividades assistenciais? Pensemos nisto!

– Jesus, então, por fim, deu um galardão a Maria, uma recompensa pela sua devoção amorosa que O acompanhou durante o Seu ministério terreno, que estava por findar.

Disse que aquele gesto de Maria seria registrado e todos se lembrariam desta atitude durante toda a pregação do Evangelho (Mt.26:13; Mc.14:9).

– Esta lição de EBD é mais uma prova do cumprimento da promessa do Senhor Jesus para Maria de Betânia e isto também nos faz ver que o verdadeiro Evangelho é aquele que foi professado e crido por Maria,

um Evangelho desprendido das coisas materiais, que tem seu foco em Cristo Jesus, que não sai dos pés do Senhor, que busca cada vez maior intimidade com Jesus Cristo, que é feito do ouvir e crer nas palavras de Jesus, que estão nas Escrituras, pois são elas que d’Ele testificam (Jo.5:39).

– Tem sido este o nosso comportamento? Será que podemos dizer que cremos no Evangelho, como nos mandou o Senhor Jesus (Mc.1:15).

Jesus determinou que o exemplo de Maria sempre fosse lembrado na pregação do Evangelho para nos fazer entender o que é o Evangelho, algo que Maria aprendeu e bem aprendido.

– Em nossos dias, temos o Evangelho da fadiga e dos muitos afazeres de Marta, o Evangelho das intrigas e da incredulidade, muitas vezes escondida por conhecimento teórico de dogmas, de Marta e dos judeus que procuravam consolar as irmãs, como também o Evangelho filantrópico e assistencial de Judas e dos discípulos, que, muitas vezes, camuflam o amor ao dinheiro de alguns.

Entretanto, o Evangelho que é a “boa parte”, que comove o Senhor Jesus e O leva a fazer grandes sinais e que Ele quer ver registrado para memória é o Evangelho de Maria de Betânia, aquele construído aos pés de Jesus, aquele em que Jesus é tudo, aquele em que se procura ver a glória de Deus,

em que se confia em Cristo mesmo nas adversidades e na incompreensão de alguma de Suas palavras, aquele em que se reconhece o senhorio e o devido valor do Mestre, em que se busca a vida eterna e nada mais.

– Neste Evangelho, que é o que tem de ser pregado e que Maria surge como um eloquente exemplo, devemos tão somente falar como o poeta sacro, o missionário Joel Carlson (1889-1942): “Meu Jesus, Tu és bom, Tu és tudo pra mim, foste morto mas vives em Mim. Tu mereces louvor, ó Cordeiro de Deus, Tu és tudo, sim, tudo pra mim” (primeira estrofe do hino 25 da Harpa Cristã).

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/378-licao-10-maria-irma-de-lazaro-uma-devocao-amorosa-i

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