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LIÇÃO Nº 10 – PAULO E SEU AMOR PELA IGREJA

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo sobre a vida e ministério de Paulo, veremos hoje o amor de Paulo pela Igreja.

– Paulo mostra-nos que quem ama a Jesus, ama a Igreja.

I – PAULO E O AMOR

– É costume identificar a temática do amor com o apóstolo João, que é chamado de “o apóstolo do amor”, principalmente porque sua primeira epístola tem como a temática o amor, sem falar no “texto áureo” da Bíblia Sagrada, Jo.3:16, por ele escrito, que fala do amor de Deus que nos deu Jesus para nos salvar.

– No entanto, podemos dizer que o apóstolo Paulo também poderia ser chamado de “o outro apóstolo do amor”, uma vez que tem esta virtude um papel de proeminência nos escritos paulinos, e, para tanto, basta lembrarmos o capítulo 13 de I Coríntios, que a mais profunda descrição do amor divino das Sagradas Escrituras.

OBS: “…Notar particularmente a ênfase de Paulo no amor de Deus (Rm.5:5,8; 8:37,39; II Co.13:13; II Ts.2:16; 3:5) e no amor de Cristo (Rm.8:35; Cl.2:20; II Co.5:14; Ef.3:19; 5:2,25).

Agape (‘amor’) é outra palavra, como ‘evangelho’, a que o cristianismo primitivo e Paulo deram novo uso para expressar a riqueza e a vitalidade da sua experiência da aceitação divina.

Aparece só excepcionalmente no grego não-bíblico antes do século II e III d.C. e a maior parte das 20 ocorrências na LXX [Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, observação nossa] refere-se ao amor conjugal (Sb.3:9 é exceção).

Comparar as 116 ocorrências em o NT, das quais 75 aparecem no corpus paulino…” (DUNN, James D.G. A teologia do apóstolo Paulo. Trad. de Edwino Royer, pp.372-3, nota 15).

– Já no limiar de sua vida cristã, o apóstolo é confrontado com a realidade do amor divino, quando o Senhor Jesus diz a Ananias, que o transmitiu ao apóstolo, então um novo convertido, que seria mostrado a ele quando deveria padecer pelo nome de Cristo (At.9:16) e o sofrimento, como diria o próprio Paulo, é a primeira das características, das facetas do amor divino (I Co.13:4,7).

– Não é surpresa, pois, que o apóstolo, ao descrever o seu comportamento para com os crentes de Corinto, vá dizer, precisamente, que é uma conduta moldada pelo amor, tanto que diz que gastava e se deixava gastar pelas almas precisamente porque os amava (II Co.12:15).

– Paulo tinha plena consciência do papel fundamental que o amor de Deus tem em toda a obra da salvação. Diz que o amor é o “caminho mais excelente” (I Co.12:31) e que é o motivo mesmo da nossa salvação.

– Com efeito, o apóstolo afirma, com toda a clareza, que a origem da salvação está em Deus que, pelo Seu muito amor, amou-nos e, por isso mesmo, quando nós ainda estávamos mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (Ef.2:4,5). Deus é um Deus de amor (II Co.13:11).

 

– Mas não é só isso! A única garantia que temos de que venceremos a nossa jornada, que alcançaremos vitória espiritual é que nada nos pode separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor, pois só somos mais do que vencedores por Aquele que nos amou (Rm.8:35-39).

– Aliás, a força do amor é tanta que, das três virtudes que o Espírito Santo põe nos salvos, só ele, amor, perdurará para todo o sempre (I Co.13:13).

– O amor de Deus, ensina-nos Paulo, é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos é dado quando cremos em Jesus (Rm.5:5).

Este derramamento do amor de Deus é a força motriz que faz com que a fé que nos adveio pela Palavra de Deus possa crescer a tal ponto que podemos adquirir firmeza, esperança da glória de Deus, bem como suportar as tribulações, que geram a paciência e esta, a experiência e esta, a esperança (Rm.5:1-5). Afinal de contas, são a fé e o amor que há em Cristo Jesus que fazem com que a graça de Deus superabunde (I Tm.1:14).

– O amor de Deus, para Paulo, não é algo abstrato, algo etéreo, uma “ideia” como pensavam os filósofos gregos, notadamente Platão e seus seguidores, mas é algo bem concreto e palpável: é a pessoa de Jesus Cristo.

– Deus prova o Seu amor para conosco, diz-nos o doutor dos gentios, porque Cristo morreu por nós quando éramos ainda pecadores (Rm.5:8), Aquele que, sendo rico, Se fez pobre precisamente porque nos amou (II Co.8:9). O amor de Deus está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm.8:39). Jesus é o Filho do amor de Deus (Cl.1:13).

Na vida cristã, temos de seguir o amor (I Co.14:1) e

tudo fazer com amor (I Co.16:14) e

em Jesus Cristo só há virtude quando a nossa fé opera por amor (Gl.5:6) e,

por isso mesmo, temos de nos revestir de amor, que é o vínculo da perfeição (Cl.3:14), até porque o salvo tem a veste da couraça da fé e do amor e o capacete da esperança da salvação (I Ts.5:8).

Não subsistiremos espiritualmente se não estivermos arraigados e fundados em amor (Ef.3:17). A plenitude de Deus em nós depende do conhecimento que tenhamos do amor de Cristo (Ef.3:19).

– A vida cristã somente se desenvolve se formos encaminhados no amor de Deus e na paciência de Cristo (II Ts.3:5) e a prova do crescimento espiritual é o aumento contínuo do amor (Fp.1:9; I Ts.3:12; II Ts.1:3), pois temos de seguir a verdade em amor para se tenha crescimento (Ef.4:15), até porque o crescimento da Igreja é a edificação em amor (Ef.4:16).

– Paulo mostra-nos, inclusive, que o amor é a chave da compreensão do papel da lei no plano da salvação da humanidade, pois, com Cristo, que é o fim da lei (Rm.10:4), é-nos possível receber o amor de Deus e, tendo este amor, nós podemos cumprir a lei, pois o cumprimento da lei é o amor (Rm.13:8,10; I Tm.1:5).

– Este amor de Deus, tão fundamental para nossa vida espiritual, faz com que surja em nós o amor a Deus e o amor ao próximo, que se apresenta numa forma especial que é o “amor fraternal”, o amor aos nossos irmãos em Cristo.

– Por isso mesmo, ao compreendermos o amor de Deus por nós, em Cristo, passamos a amar a Deus e é este amor que faz com que entreguemos nossa vida a Ele e não façamos caso de sofrer por Ele. Paulo se entregava à morte por amor a Cristo (Rm.8:37; II Co.4:11), e era este amor a Deus que lhe permitia sentir prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias (II Co.12:10).

– A vida cristã é “andar em amor” (Ef.5:2) e isto nada mais é, assim como Nosso Senhor e Salvador, oferecermo-nos, dia após dia, oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave (Ef.5:2). Só quem ama a Deus pode se entregar por Ele. É este o nosso sentimento? Pensemos nisto!

 

– Por isso, o amor a Deus acaba se revelando como amor ao próximo, que é a única dívida que devemos ter para com os outros (Rm.13:8), que é uma atitude a que nos leva o amor de Deus (II Co.5:14).

– O apóstolo não só ensinava, mas vivenciava este amor ao próximo, em especial, aos domésticos da fé, o chamado “amor fraternal” (Rm.12:10). Assim, defendeu que, por amor, a fim de evitar escândalos, se fizesse até abstinência de alimentos (Rm.14:15), tendo mesmo escrito, por amor, a chamada “carta severa” aos crentes de Corinto (II Co.2:4).

– O amor fraternal é indispensável aos salvos (Rm.12:10), não podendo ser fingido (Rm.12:9). Paulo identificou a autenticidade da conversão dos crentes de Colossos, que ele não conhecia pessoalmente, ao saber que tinham amor para com todos os santos (Cl.1:4),

como também se tranquilizou quanto ao estado espiritual dos tessalonicenses ao saber que tinham amor fraternal (I Ts.4:9; II Ts.1:3), sendo também um traço relevante no caráter cristão de Filemom (Fm.5,7.9).

Assim, para quem entende ser Paulo o autor da epístola aos hebreus, faz todo o sentido dizer que os crentes judeus deviam permanecer no amor fraternal (Hb.13:1).

II – O AMOR DIVINO SEGUNDO PAULO

– Mas quais são as características deste amor que nos é dado pelo Espírito Santo no momento em que nascemos de novo ? Paulo apresenta-as no capítulo 13 de I Coríntios e, resumidamente, poderemos elencá-las aqui.

– O amor é sofredor (I Co.13:4), ou seja, quem tem o verdadeiro amor proveniente de Deus não se importa com o sofrimento, com o padecer.

Quem ama, sofre se este sofrimento representa o bem do ente amado. O amor divino é altruísta, ou seja, vê o benefício do outro e vive em função do outro, não de si mesmo. “… A caridade é sofredora, tendo paciência com pessoas imperfeitas.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, nota

I Co.13.4-7, p.1190). Por causa do amor divino, Jesus tudo padeceu e sofreu para nos salvar. Paulo adverte-nos que o amor tudo sofre (I Co.13:7). Quem não admite o sofrimento, quem não tolera o padecer (como os defensores da confissão positiva ou da teologia da prosperidade), não ama e, portanto, não é filho de Deus. Nós admitimos sofrer? Nós somos capazes de sofrer? Eis um belo termômetro do amor divino em nós !

– O amor é benigno (I Co.13:4), ou seja, quem tem o verdadeiro amor proveniente de Deus não é malicioso, não tem má-fé, más intenções (ou, como se diz, “segundas intenções”).

Quem ama sempre é movido pela boa-fé, pela pureza de propósitos, de intenções e de pensamentos. “…Como temos pensado? O que temos imaginado?

É algo puro e próprio de alguém que tem uma mente limpa e que só deseja o bem dos que o cercam? Se não há este tipo de pensar, de vontade e de intenção, não podemos dizer que amamos e, assim, não seremos um autêntico filho de Deus. Jesus bem demonstra esta qualidade ao perdoar aqueles que O cravavam na cruz!

– O amor não é invejoso (I Co.13:4), ou seja, quem tem o verdadeiro amor não cobiça o que é do próximo, não se incomoda com o sucesso, o êxito e o bem-estar do seu semelhante.

A inveja, diz-nos a Escritura, é a podridão dos ossos (Pv.14:30b) e, em razão dela, ocorreu o primeiro homicídio.

Queiramos o progresso e o sucesso do próximo, alegremo-nos com a alegria do outro, não cobicemos as suas bênçãos, nem a sua posição. Jesus, sendo o próprio Deus, fez questão de prometer e destinar aos Seus servos maior êxito e maior sucesso ministerial do que o d’Ele próprio (Jo.14:12).

Se não aguentamos o bem do próximo, o sucesso do nosso vizinho, do nosso irmão, do nosso companheiro de trabalho, cuidado, este é um sinal evidente de que nós não amamos e que, portanto, não é um verdadeiro filho de Deus.

– O amor não trata com leviandade (I Co.13:4), ou seja, não busca a vanglória, não tem o objetivo de alcançar a vaidade, o poder pelo poder, a satisfação pela satisfação.

Muito pelo contrário, o verdadeiro amor sempre tem uma finalidade: o de obter a glorificação de Deus. Jesus tudo fez neste mundo para que o nome do Senhor fosse glorificado (Jo.17:4) e deve ser este o comportamento de todo verdadeiro cristão (Mt.5:16).

Quais têm sido os objetivos, os fins perseguidos por nós? Se é a vanglória, a glória vã, a glória humana, a glória do mundo, passageira e transitória, este é um fator que está a indicar que não se tem amor, que não se é um filho de Deus.

 

– O amor não se ensoberbece (I Co.13:4), ou seja, o amor não gera orgulho. O amor proveniente de Deus não cria uma autossuficiência no homem, não o faz sentir melhor do que os outros, não faz nascer um senso de superioridade em quem ama.

Por isso, em lições anteriores, reafirmamos que nenhum dom espiritual ou o batismo com o Espírito Santo podem gerar no crente uma sensação de santidade diferenciada em relação aos demais crentes. Isto não pode ocorrer, pois, se o crente batizado com o Espírito Santo ou portador do dom espiritual permanece no amor de Jesus (Jo.15:9,10), o amor não gera o orgulho.

O orgulho só exsurge quando se acha iniquidade no ser orgulhoso, exatamente do mesmo modo que ocorreu com o diabo (Is.14:12-14 c.c. Ez.28:15). Jesus dá-nos o exemplo, pois é o professor da humildade (Mt.11:29).

– O amor não se porta com indecência (I Co.13:4), ou seja, quem ama não é indecente, segue os bons costumes, demonstra pudor, recato e respeito.

Quem ama é puro, tem autoridade moral, sendo transparente e de excelente reputação. Será, sim, criticado, mas as críticas que lhes forem feitas, apenas servirão para evidenciar o seu bom testemunho e o bom porte apresentado diante de Deus e dos homens (I Pe.2:12).

Jesus mostrava esta autoridade (Mt.7:29; Jo.8:46) e nós devemos ser Seus imitadores (I Co.11:1). Podemos dizer que nos portamos com decência? Só os decentes são autênticos filhos de Deus.

– O amor não busca os seus interesses (I Co.13:5). Como já dissemos, o amor proveniente de Deus é altruísta, leva em conta o outro, não está interessado em si mesmo, nem em seu próprio benefício, mas antes quer o benefício do outro.

“… À diferença do amor passional e egoísta, a caridade (agapé) é um amor de dilecção, que quer o bem do próximo. A sua fonte está em Deus, que amou primeiro ( I João 4,19), e entregou Seu Filho para reconciliar consigo os pecadores…” (A Bíblia de Jerusalém – Novo Testamento, nota s, p.470).

Jesus é o exemplo supremo de desprendimento e de busca exclusiva do interesse do outro (Rm.5:8).

Será que temos corrido em busca do benefício dos outros, ou temos pensado apenas em nós mesmos? Se somos egoístas, se o “eu” prevalece nas nossas atitudes, não amamos e, portanto, não somos autênticos filhos de Deus.

– O amor não se irrita (I Co.13:5), ou seja, o amor apresenta uma mansuetude, uma tranquilidade, irradia uma paz que é diferente das promessas de paz oferecidas pelo mundo. A paz daquele que ama é, precisamente, a paz de Cristo (Jo.16:33), a paz verdadeira.

O amor não é irritante, não provoca contendas, divisões, nem se envolve em competições e em tarefas de destruição do próximo.

O amor tudo suporta (I Co.13:7). Temos tratado as pessoas com brandura, com ternura? Damos respostas brandas, oportunas, ou somos estúpidos e irritadiços?

A agitação da vida moderna tem-nos feito estressados, nervosos, “estourados”? Quem ama, não importa qual circunstância esteja vivendo, não se irrita, não causa contenda, nem provoca dissensões. Somos coerdeiros daquele que é o Príncipe da Paz (Is.9:6).

– O amor não suspeita mal (I Co.13:5), ou seja, quem ama não faz suposições maldosas contra o próximo, não é preconceituoso, não julga precipitadamente pela aparência, não se acha superior aos demais. Jesus determinou que não devemos julgar com base na aparência, mas de acordo com a reta justiça (Jo.7:24).

O amor tudo crê (I Co.13:7), é crédulo, não é desconfiado nem tendencioso. Será que temos tratado as pessoas sem preconceitos, sem suspeitas, ou temos estado com nossos espíritos prevenidos, levando em conta tão somente a aparência do próximo, como se fôssemos juízes dos demais (Tg.4:12).

Jesus nunca suspeitou os outros mal, a ponto de, mesmo sabendo que estava sendo traído, ter chamado Judas de amigo (Mt.26:50).

– O amor não folga com a injustiça (I Co.13:6), ou seja, o amor não compactua com a injustiça, nem a admite ou tolera.

Quem ama, não pratica a injustiça, pois o filho de Deus é um praticante da justiça (I Jo.3:10). Jesus, a quem devemos imitar, é justo (At.3:14). Somente quem pratica a justiça poderá habitar no tabernáculo do Senhor (Sl.15:1,2). Temos sido justos com nossos semelhantes ? Temos dado a cada um o que é seu?

– O amor folga com a verdade (I Co.13:6), isto é, o amor sempre opta pela verdade, jamais se manifesta através ou por intermédio da mentira ou do engano. Por isso, Deus, que é amor, também é verdade (Jr.10:10).

Jesus, como Deus que é, também é a verdade (Jo.14:6). A Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17) e, por isso, quem ama tem prazer em obedecer aos mandamentos do Senhor. Aliás, permanecer no amor de Deus é obedecer a estes mandamentos (Jo.15:10).

Temos falado a verdade? Temos desejado a verdade, ou temos nos enganado e enganado aos demais? Temos prazer e vontade em cumprir a Palavra de Deus, ou estamos a questioná-la? Quem ama, alegra-se com a prática da verdade.

 

– Como podemos perceber pelas características do amor divino, que é o amor do Espírito Santo que é derramado nos corações dos filhos de Deus (Rm.15:30; Cl.1:8), fazem deste amor algo bem prático, isto é, o amor divino não é uma teoria, não é um estado mental, mas é um conjunto de ações concretas, de atitudes efetivas que devem ser feitas pelos servos de Deus, não apenas faladas, pensadas ou meditadas. “…Nos vv.4-7, a caridade é descrita por uma série de quinze verbos.

É caracterizada não de maneira abstrata, mas pelo comportamento que ela suscita.…” (A Bíblia de Jerusalém – Novo Testamento, nota u, p.471).

Como Jesus deixou bem explícito na parábola dos filhos (Mt.21:28-32), o filho que agrada a Deus é apenas aquele que faz o que o Pai deseja, não o que fala que vai fazer e não faz. Jesus não somente ensinou, mas também fez (At.1:1; 10:38).

O amor divino não é um amor de palavras, de língua, mas um amor de ações, de atitudes e gestos concretos que revelam este amor (I Jo.3:18; Tg.2:14-26). Preocupamo-nos muito, nestes nossos dias tão difíceis, com pessoas que se dizem crentes, mas que se recusam a ajudar os necessitados, mesmo os domésticos da fé. Estes, segundo as Escrituras, não são verdadeiros filhos de Deus (I Jo.3:17).

As obras não salvam pessoa alguma, mas quem ama, pratica boas obras. “… Discipline-se na prática do amor (agape) em cada atitude, pensamento, palavra e ação.” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. Verdade em ação no livro de I Coríntios, p.1197).

OBS: “…Essa seção descreve o amor divino através de nós como atividade e comportamento, e não apenas como sentimento ou motivação interior. Os vários aspectos do amor, neste trecho, caracterizam Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Sendo assim, todo crente deve esforçar-se para crescer nesse tipo de amor.” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, nota a I Co.13:4-7, p.1759).

III – O AMOR DE PAULO PELA IGREJA

– Tendo visto o papel do amor nos ensinos e na vida de Paulo, não é difícil vermos que o comportamento do apóstolo não podia ser outro senão o de amar ardentemente a Igreja.

– Sendo salvos pelo amor de Deus, provado e mostrado em Cristo e em Sua obra salvífica, somos inseridos na Igreja, que é o corpo de Cristo (I Co.12:13) e, por conseguinte, tornamo-nos membros em particular deste corpo (I Co.12:27), passando a ser membros uns dos outros (Rm.12:5; Ef.4:25).

– Nesta condição de membros uns dos outros, temos, também, a noção de que somos irmãos em Cristo e, como já vimos, é indispensável que nos amemos uns aos outros, que desenvolvamos o amor fraternal.

– Num primeiro instante, portanto, tem-se que, segundo o apóstolo, ao crermos em Jesus e termos derramado o amor de Deus pelo Espírito Santo em nossos corações, inevitavelmente passamos a amar a Cristo, porque vemos a prova do Seu amor morrendo por nós no Calvário e, por amarmos a Cristo, naturalmente estaremos a amar o Seu corpo, que é a Igreja.

– Amar a Igreja é a demonstração do amor a Cristo. Assim como Deus provou o Seu amor para conosco mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário, mediante a oferta do Seu corpo por nós, também nós temos de provar o nosso amor para com Deus mediante a entrega do nosso corpo a Deus e esta entrega outra coisa não é senão a de assumirmos a nossa posição na Igreja e exercermos a nossa tarefa consoante a determinação d’Aquele que é a cabeça da Igreja, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

– Por amor de Cristo, somos entregues à morte todos os dias, somos reputados como ovelhas para o matadouro (Rm.8:36). Se verdadeiramente temos o amor de Deus, somos impulsionados a não viver para nós mesmos, mas vivermos para Deus (Gl.2:20) e viver para Deus é sermos membros do corpo de Cristo, é realizarmos a obra do Senhor naquilo a que fomos chamados.

 

– Como Jesus já dissera em Seu ministério, quando disse que Sua comida era fazer a vontade d’Aquele que O havia enviado e realizar a Sua obra (Jo.4:34) e, por meio da consumação desta obra glorificou o Pai na Terra (Jo.17:4), de igual modo nós também somente atingiremos o sentido da nossa peregrinação terrena se igualmente fizermos a vontade do Senhor em nossas vidas.

– O que nos leva a cumprir a nossa missão é o amor que temos à Igreja e só podemos amar a Igreja se amarmos a Cristo, porque a Igreja é o Seu corpo.

Como diz o apóstolo, ninguém aborrece a sua própria carne, mas antes a sustenta e a alimenta (Ef.5:29), e, por isso mesmo, cada salvo não pode ter outra conduta senão amar a Igreja e procurar o seu crescimento e fortalecimento contínuos.

– Paulo se gastava e se deixava gastar pela Igreja, amando-a cada vez mais, mesmo que, por muitos, fosse cada vez menos amado (II Co.12:15). O amor de Deus o constrangia a tudo padecer pelo bem da obra do Senhor (II Co.4:11; 5:14; Rm.8:36).

– Paulo amava a Igreja, tinha um cuidado para com ela como o cuidado de uma mãe para com seus filhos, como se pode verificar de Gl.4:19.

Queria ardentemente o crescimento espiritual dos crentes, tanto que não media esforços para que houve o devido aprendizado por parte dos irmãos (Fp.3:1).

– A alegria de Paulo consistia em saber que os irmãos estavam servindo ao Senhor e crescendo espiritualmente (Rm.1:8; I Co.1:4; Fp.1:3-5; Gl.1:3,4; I Ts.1:2,3; II Ts.1:3) e não se diga que haveria aí um “narcisismo” do apóstolo, que, ao ver o progresso das igrejas que havia fundado, teria um envaidecimento, mas havia uma genuína e autêntica alegria pelo progresso, de forma desinteressada, pois externa tal sentimento quando se dirige às igrejas de Roma e de Colossos, que não foram plantadas por ele.

– Neste amor de Paulo para com a Igreja, vemos a íntima relação que há entre Cristo e a Igreja, este mistério que seria apresentado pelo próprio apóstolo em Ef.5:22-33. Não é possível amar a Igreja se não se ama a Cristo e vice-versa.

Por isso, não podemos nos enganar com aqueles que, dizendo-se cristãos, são inimigos da Igreja, procuram macular, desprezar ou menosprezar a Igreja, seja na sua dimensão universal, seja na sua dimensão local.

– Neste amor de Paulo para com a Igreja, também vemos como não tem sentido algum a “doutrina dos desigrejados”.

O maior missionário da história da Igreja, o homem que deu a sua vida, de forma exemplar, pela Igreja, ele próprio foi um plantador de igrejas locais, ele próprio demonstrou que não é possível sobreviver espiritualmente se não se estiver em uma igreja local.

– O amor de Paulo pela Igreja era tanto que ele sentia um peso de responsabilidade enorme, tanto que considerava que era o que mais o preocupava, acima de todos e quaisquer sofrimentos que tinha vivenciado durante o seu ministério, como se pode verificar de seu relato de II Co.11:23-28.

Mais do que ter sido açoitado, apedrejado, sofrido naufrágios e toda a fadiga e trabalho que teve, o apóstolo sentia-se oprimido pelo cuidado de todas as igrejas.

– Sabia Paulo o cuidado que se tinha de ter com o corpo de Cristo, pois Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra, para a apresentar a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível (Ef.5:25,26).

– Se temos de ser imitadores de Cristo (I Co.11:1), nosso comportamento para com a Igreja não pode ser diverso. Temos, também, de amá-la, entregando-nos por ela, buscando contribuir para a sua santificação, ministrando-lhe a Palavra para que ela possa se apresentar ao Senhor como igreja gloriosa, sem mácula nem ruga nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.

– Paulo assim procedeu. Por primeiro, entregou a sua vida pela Igreja, vivendo não mais para si, mas para a obra de Deus. Seu trabalho missionário revela que se dedicou dia e noite para que as almas fossem salvas e perseverassem servindo ao Senhor.

 

– Quando se encontra com os anciãos de Éfeso em Mileto, o apóstolo mostra precisamente esta realidade, ao dizer que em nada tinha a sua vida por preciosa contanto que cumprisse com alegria a sua carreira e ministério que recebera do Senhor Jesus, para dar testemunho da graça de Deus (At.20:24).

– Paulo entregou-se “de corpo e alma” a fazer a obra de Deus, tanto que considerava que o viver era Cristo e o morrer, ganho (Fp.1:21) e que a vida que vivia, fazia-o na fé do Filho de Deus, que o havia amado e Se entregado a Si mesmo por ele (Gl.2:20).

– Quem ama a Igreja, quem ama a Cristo está disposto a entregar a sua vida por Cristo e pela Igreja precisamente porque sabe que Jesus deu a Sua vida por nós.

Esta disposição não era simplesmente retórica, mas a expressão do sentimento real que havia no coração de Paulo, tanto que, quando se aproximou o momento do martírio, pôde dizer serenamente que iria fazê-lo como um sacrifício de cheiro suave ao Senhor (II Tm.4:6).

– Esta realidade da entrega da vida por Cristo deve ser algo que tem de estar na mente de todo cristão, notadamente de nossa geração, que tudo indica seja a derradeira antes do arrebatamento da Igreja.

O crescimento da perseguição, já predito pelo Senhor Jesus, aumenta ainda mais o risco do martírio e do sofrimento físico pelos que se dedicam ao Senhor e à Sua Igreja (Lc.21:12-17).

– Paulo, antes da conversão, já era testemunha desta disposição dos servos do Senhor, pois, como perseguidor da Igreja, vira muitos, a começar de Estêvão, darem suas vidas alegremente por Cristo, mas, depois que teve o encontro com o Senhor, pôde bem entender esta realidade e esta disposição.

– Amar a Igreja é, também, contribuir para a santificação do povo de Deus. Jesus disse que Se santificava a Si mesmo por causa dos discípulos (Jo.17:19).

– Quem ama a Igreja vive uma vida de santificação, porque a santificação da Igreja começa por nós, que somos membros em particular do corpo de Cristo.

Quando buscamos a santidade, quando dizemos não ao pecado, quando nos dedicamos à aproximação a Deus, estamos contribuindo para a santificação da Igreja e mostrando amor por ela.

– Nesta santificação se inclui também o cuidado que temos de ter com os fracos na fé, impedindo que eles se escandalizem.

Assim, por amor à Igreja, por vezes temos de nos abster de práticas que, em si mesmas, não são pecaminosas, mas que contribuirão para que um irmão fraco na fé não venha a se desviar.

O apóstolo deu esta lição, dizendo que não teria problema algum em seguir a dieta alimentar da lei mosaica se isto contribuísse para que um irmão não se desviasse da fé, mesmo tendo sido Paulo aquele que bem mostrou a todos que os cristãos não se encontravam mais debaixo da lei (Rm.14).

– Nos dias de individualismo extremo que estamos a viver, não faltam aqueles que, por falta de amor à Igreja, levam muitos ao escândalo, promovem o fracasso espiritual de não poucos cristãos.

Tomemos cuidado com tal atitude, irmãos, para que, a exemplo de Jeroboão, não venhamos a sofrer condenação eterna não só pelos nossos pecados mas por termos, com os pecados cometidos (e quem causa escândalo peca), estejamos a fazer pecar outros, pecados que serão “postos também na nossa conta”, como, aliás, ocorreu com Jeroboão (cfr. II
Rs.17:21,22).

– Paulo amou a Igreja porque também buscou a sua purificação pela lavagem da água, ou seja, pela Palavra. Paulo foi, como já vimos em lição anterior, um exímio ensinador da Palavra de Deus, um mestre na casa do Senhor e, ao ministrar a Palavra, participou da lavagem, da purificação da Igreja, pois somos limpos pela Palavra que Jesus nos fala (Jo.15:3).

– Deixar de ministrar a Palavra de Deus nas igrejas, impedir que a verdade seja ensinada é um ato de desamor para com a Igreja, é atitude reprovável, contrária à vontade de Deus e não são poucos os que têm feito isto em nossos dias. É a Palavra quem purifica a Igreja.

 

– Aqui o apóstolo usou da imagem da lei mosaica que obrigava que todos os que estivessem no meio do povo e se dirigissem a Deus estivessem cerimonialmente limpos.

Caso estivessem imundos, por terem tocado um corpo morto, por terem tido alguma excreção, por ter havido derramamento de seu sangue e outras imundícies, eram obrigados a se purificar com a água da purificação e ficarem até o final do dia separados da comunidade.

– Para que possamos desfrutar da comunhão com os demais servos do Senhor, em nossa igreja local, como também para podermos oferecer nosso sacrifício a Deus, que é o culto racional, precisamos estar limpos e esta limpeza não é cerimonial, mas espiritual, por meio da Palavra de Deus.

– Assim como devemos periodicamente lavar nosso corpo para que se tenha a devida higiene e limpeza física, também precisamos promover a “higiene da alma” mediante a ministração da Palavra de Deus. Temos feito isto?

– Sem a santificação e a lavagem da Palavra, a Igreja não pode apresentar-Se a Cristo como igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga nem coisa semelhante.

Somente serão arrebatados e se encontrarão com o Senhor nos ares aqueles que se santificarem e obedecerem à Palavra de Deus.

– Quem ama a Igreja esforça-se para que não só ele mas todos os crentes se encontrem com o Senhor nos ares. Era este o desejo e o objetivo de Paulo, que afirmou que tinha zelo dos irmãos com zelo de Deus porque os tinha preparado para apresentar-se como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.

– Quem ama a Igreja é zeloso, cuidadoso, cauteloso, para que a Igreja seja uma virgem pura que possa se encontrar com o seu marido, com Jesus Cristo.

O zelo de quem ama a Igreja não se confunde com santarronice, com aparência externa, com mandamentos de homens, a exemplo do que faziam os fariseus, mas, bem ao contrário, busca, a todo custo, manter a pureza e a virgindade espiritual da Igreja, para que ela possa se encontrar com o seu amado esposo.

– Temos demonstrado este amor para com a Igreja? Pensemos nisto!

 Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6901-licao-10-paulo-e-seu-amor-pela-igreja-i

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