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LIÇÃO Nº 11 – A ÚLTIMA CEIA

lição 11

Jesus instituiu a ceia, que substituiu a Páscoa, como celebração de Sua morte durante o tempo da Igreja sobre a face da Terra.

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INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo do Evangelho segundo Lucas, estudaremos o episódio da última ceia.

– Jesus instituiu a ceia do Senhor, que substituiu a Páscoa, como celebração de Sua morte durante o tempo da Igreja sobre a face da Terra.

I – JESUS CHEGA A JERUSALÉM   

– Na continuidade do estudo do Evangelho segundo Lucas, estudaremos hoje a chamada “última ceia”, a última refeição que Jesus teve com os Seus discípulos antes do início da Sua paixão e morte, ápice de Seu ministério terreno, ocasião em que o Senhor Jesus celebrou a última páscoa e instituiu a ceia do Senhor, a nova forma de celebração de Sua morte e ressurreição que haveria de vigorar durante a dispensação da graça, o tempo da Igreja sobre a face da Terra.

– Consoante já temos visto neste trimestre, Lucas apresenta a vida e ministério terrenos de Cristo em três momentos, que correspondem a três lugares: Nazaré – o período anterior ao início de Seu ministério (a chamada “narrativa da infância”) – Lc.1:26-2:52; Cafarnaum – o período do “ministério galileu” – Lc.4:1- 9:50 e Jerusalém – o período do ministério em Jerusalém, onde o Senhor consumaria a Sua missão salvífica, a partir de Lc.9:51.

– Lucas faz uma narrativa em que mostra Jesus viajando da Galileia até Jerusalém, viagem que começa em Lc.9:51. A chegada de Jesus a Jerusalém é noticiada em Lc.19:28, ocasião em que o Senhor manda que os discípulos deveriam tomar um jumentinho para que, nele assentado, Cristo adentrasse na capital judaica e fosse aclamado como o rei, aclamação que ocorreu mesmo com a oposição dos fariseus (Lc.19:28-40).

– Neste ponto, Lucas vai demonstrar a soberania de Cristo Jesus, a Sua autoridade, demonstrando como tinha Ele o pleno controle da situação e, mesmo assim, haveria de padecer e morrer por nós, a indicar que O fazia de Sua própria vontade, para cumprir a Sua missão.

– Além de mostrar, no episódio do jumentinho, a Sua autoridade e ser aclamado como rei pela multidão, Lucas noticia que, depois daquele episódio, Jesus chora pela cidade, profetizando a Sua própria rejeição pelo povo (Lc.19:41-44).

Logo em seguida, Lucas mostra como o Senhor entrou no templo e expulsou de lá os vendilhões, demonstrando uma autoridade que foi, então questionada pelos principais dos sacerdotes, escribas e anciãos, questionamento que foi desprezado por Cristo (Lc.20:1-8). Nesta oportunidade, revelando a rejeição dos israelitas a Ele, o Senhor conta, então, a parábola dos lavradores maus (Lc.20:9-18).

– Em seguida, numa continuidade de enfrentamento com as autoridades religiosas judaicas, Lucas narra a questão do tributo, em que o Senhor Jesus mostra não ser um Messias político, um líder que pretendia libertar o povo de Israel do jugo romano, considerando lícito o pagamento do tributo a César  (Lc.20:19-26), tendo, também, enfrentado os saduceus, que não criam na ressurreição, mostrando como esta seita, que era a majoritária entre a elite judia, inclusive entre os principais dos sacerdotes, estava equivocada e não seguia a verdadeira doutrina (Lc.20:27-40).

– Lucas, então, na continuidade desta narrativa que criaria um impasse entre o Senhor Jesus e a elite de Israel, mostra o Senhor Se dizendo o Filho de Davi (Lc.20:41-44), como também censurando os escribas (Lc.20:45-47) e os ricos, ao exaltar a oferta da viúva pobre (Lc.21:1-4).

– A seguir, assim como, antes de chegar a Jerusalém, havia anunciado a Sua paixão aos discípulos, embora não fosse por eles entendido (Lc.18:31-34), o Senhor profere o Seu sermão profético, em que aponta os últimos acontecimentos relacionados ao povo de Israel, quando, então, se teria a instauração do reino messiânico, que era aguardado para aquele tempo mas que não seria estabelecido naquela ocasião (Lc.21:5- 36).

– Ante tamanho confronto com as autoridades, decidiram, então, os principais dos sacerdotes e os escribas que Jesus deveria ser morto, pois Se apresentava como uma ameaça à ordem estabelecida, já que a popularidade de Jesus estava a aumentar e Ele não cessava de ensinar no templo, ocasião em que Judas Iscariotes, depois de ter permitido que Satanás nele entrasse, prometeu entrega-l’O, o que causou grande alegria entre os inimigos do Senhor (Lc.22:1-6).

– É neste instante, em que Judas procurava uma ocasião para entregar a Jesus, que se aproxima a data da Páscoa, que seria celebrada pelo Senhor, que se dá a narrativa da “última ceia”.

II – A CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA POR JESUS   

– Jesus tinha plena ciência de que tudo já estava pronto para que Ele fosse preso e, posteriormente, morto por nós. Como cumpridor da lei, o Senhor teria de celebrar a Páscoa, estando em Jerusalém para fazê-lo, como era dever de todo varão israelita (Ex.23:17; 34:23; Dt.16:16).

– A Páscoa era a primeira festividade que havia sido estabelecida pelo Senhor para Israel, festa que tinha o propósito de comemorar a libertação do povo do Egito, a sua escolha como propriedade peculiar de Deus entre os povos (Ex.12:1-28).

– Dizem os rabinos judeus que a instituição da Páscoa por Deus ao povo de Israel insere-se no contexto dos primeiros mandamentos que o Senhor lhes deu. O primeiro mandamento, a primeira “mitzvah” foi o estabelecimento do novo mês (Ex.12:1), o chamado “Rosh Chodesh”, mandamento este que foi seguido pelo estabelecimento da Páscoa (Ex.12:3-28).

– Notamos, portanto, que a Páscoa é instituída quando se estabelece para Israel um novo tempo, um novo período na história da promessa que Deus havia dado a Abraão, o momento em que se constituía um novo povo, a partir do qual o Senhor cumpriria a salvação da humanidade. Deus institui um novo calendário, um “primeiro mês”, no qual se celebraria uma festividade, a Páscoa.

– A Páscoa, como se pode observar, portanto, foi um mandamento dado a Deus a Israel antes mesmo que ele fosse libertado do Egito, um comando para aquele que viria a ser o povo de Deus, um sinal da aliança que se estabeleceria entre Deus e Israel, uma memória da libertação que Deus daria a Israel, que terminaria seu período de escravidão no Egito.

– A Páscoa desempenha, portanto, um papel de perpetuação da memória da libertação de Israel e de sua condição de povo que foi poupado por Deus da morte dos primogênitos, para que pudessem servi-l’O na terra que o próprio Deus lhes daria, cumprindo a promessa que fora feita a Abraão, Isaque e Jacó.

– A Páscoa é a festividade do novo tempo, do tempo do povo de Israel, de Israel como o povo de Deus, aquele que cumpriria o que fora prometido pelo Senhor, ou seja, de que, nesta nação, seriam benditas todas as nações da Terra (Gn.12:1-3).

– Esta festividade seria celebrada mediante a morte de um cordeiro ou cabrito macho de um ano, sem defeito, que deveria ser escolhido no dia dez daquele primeiro mês e sacrificado no décimo quarto dia, devendo ser consumido à noite, depois de devidamente assado (Ex.12:3-10).

– Na primeira Páscoa, aquela celebrada ainda no Egito, os israelitas deveriam aspergir o sangue do cordeiro ou cabrito nos umbrais da porta de suas casas para que o anjo da morte que, à meia noite, passaria pelo Egito matando a todos os primogênitos, ao ver o sangue, passasse pelas casas dos israelitas, não atingindo qualquer primogênito pertencente aos israelitas.

Daí o nome da festividade, “Páscoa”, cujo significado, em hebraico, é “passagem”, pois o anjo da morte passou pelos israelitas e não matou seus primogênitos.

– Em seguida à Páscoa, Deus, também, estabeleceu que, durante sete dias, os israelitas deveriam comer pães asmos, ou seja, pães sem fermento, período em que também não poderia ser consumido qualquer fermento nem se poderia ter qualquer fermento em casa, a chamada “festa dos pães asmos”, sete dias, que se seguem à Páscoa, em que os israelitas não consomem nem guardam fermento (Ex.12:15-20).

– Na celebração da Páscoa, temos, como em tudo na lei (Hb.10:1), uma figura, uma tipificação de Cristo Jesus. Como assinala João Crisóstomo (347-407): “…Os fatos ocorridos entre os judeus são a figura dos nossos mistérios. Portanto, se se pergunta a um judeu acerca da Páscoa e dos Pães Asmos, não responde outra coisa senão que é a comemoração da libertação do Egito.

Mas se alguém pergunta a nós, não ouvirá de Egito ou de Faraó, senão da libertação dos erros e das trevas do diabo, não por meio de Moisés, mas por meio do Filho de Deus.” (Cátena áurea. Lc.22:1,2. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c605.html Acesso em 07 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).

O cordeiro ou cabrito que era sacrificado para ser consumido pelos israelitas, em família, é o símbolo de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo.1:29).

– Este cordeiro tinha de ser assado e, consoante as próprias instruções da tradição judaica, tal assadura se daria de modo que o cordeiro ficasse estendido em forma de cruz, e com espetos de madeira, tudo a indicar a forma como o Senhor seria sacrificado por nós, na cruz do Calvário, sem se falar que a exigência que o cordeiro fosse assado nos mostra com absoluta clareza que isto é tipificação do próprio sepultamento de Jesus.

– O sangue deste cordeiro fez com que os israelitas não fossem mortos, representou uma proteção contra a morte, assim como o sangue de Cristo nos purifica de todo o pecado (I Jo.1:7), livrando-nos da morte que é o salário do pecado (Rm.6:23).

– O fato de a Páscoa ter de ser celebrada em família, que ficava em torno do cordeiro, para celebrá-la com os lombos cingidos, os sapatos nos pés e o cajado na mão, ou seja, com o povo pronto para partir do Egito, fala-nos da comunhão que deve existir entre o povo de Deus e o Senhor, em torno de Cristo Jesus, sem que nada neste mundo nos prenda, pois somos aqui peregrinos, estamos apenas de passagem, caminhando para a Canaã celestial.

– Por fim, os pães asmos mostram a santidade que devemos ter após termos entrado em comunhão com o Senhor e termos passado da morte para a vida, por obra do sangue de Cristo. Com efeito, o fermento, nas Escrituras, é símbolo do pecado, e, vivendo sem pecado, devemos ter toda uma vida de santificação (daí os “sete dias”), vivendo separados do pecado.

OBS: Como diz Beda (672-736): “…Mas há uma diferença entre a Páscoa e os Pães Asmos. A Páscoa é apenas um só dia, o dia em que se sacrificava o cordeiro à tarde, o décimo quarto dia do primeiro mês. Entretanto, no décimo quinto dia, quando o povo israelita saiu do Egito, celebrava-se a festa dos Pães Asmos, que principiava com a Páscoa e durava sete dias, até o dia 21 do mesmo mês.(…).

Por este mistério se dá a entender que Jesus Cristo padeceu por nós uma só vez por todo o tempo da vida do mundo, que se calcula dividida em sete dias, durante os quais  se ordena viver nos pães asmos de sinceridade e verdade.” (Cátena áurea. Lc.22:1,2. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c605.html Acesso em 07 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).

– Diz o médico amado que chegara o dia da Páscoa e era necessário que se sacrificasse a Páscoa (Lc.22:7). Tal necessidade é assim explicada por Tito Bostrense, um dos “pais da Igreja”: “O Senhor, para nos deixar a Páscoa celestial, comeu a que a figurava, a fim de que, desaparecendo a figura, permitisse a passagem para a verdade…” (Cátena áurea. Lc.22:7-13. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c607.html Acesso em 07 ar. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).

– Jesus, então, mandou a Pedro e a João que fossem preparar a Páscoa para que pudesse ser ela celebrada, instante em que mandou que, quando eles entrassem em Jerusalém, seguissem um homem que estaria levando um cântaro d’água e o seguissem até a casa em que ele entrasse e ali diria ao pai de família da casa que o Mestre estava a indagar em que haveria Ele de comer a Páscoa com os Seus discípulos.

Seria, então, pelo referido pai de família mostrado um cenáculo mobilado, onde deveriam ser feitos os preparativos pelos dois discípulos (Lc.22:7-12).

– Nesta narrativa de Lucas, assim como havia ocorrido com a providência do jumentinho para que Cristo entrasse triunfalmente em Jerusalém, o médico amado mostra toda a autoridade de Jesus. De modo sobrenatural, o Senhor não só prevê o que iria acontecer como obteria um cenáculo mobilado para a preparação da Páscoa de modo inusitado, fazendo uso de Sua autoridade, como um verdadeiro rei.

– As indicações dadas pelo Senhor Jesus demonstram o pleno controle que tinha de toda a situação. Por primeiro, dá pormenores que Seus discípulos não teriam qualquer dificuldade em encontrar o lugar. Seguir um homem levando um cântaro d’água era coisa inusitada, pois, como ensina William Hendriksen: “…Os dois discípulos não terão dificuldades em achar o lugar.

O que verão no momento de entrar na cidade será algo bastante estranho: um homem que carrega um cântaro de água. Os homens normalmente transportavam a água em odres; as mulheres, em cântaros. A ordem era que Pedro e João entrassem na casa à qual se dirige esse homem.…” (Lucas. Trad. de Válter Graciano Martins, v.2, p.557).

– Por segundo, não indica claramente o local em que ocorreria a celebração, impedindo, assim, que Judas Iscariotes pudesse saber de que lugar se tratava e, assim, avisasse os inimigos do Senhor, impossibilitando, deste modo, que Jesus celebrasse a Páscoa com os Seus discípulos.

– Lucas, ao indicar esta soberania de Cristo, também mostra que Jesus não tinha casa nem habitação, que havia Se despojado de todo e qualquer bem material, tanto que não tinha sequer local para celebrar a Páscoa. Como afirma Beda (673-736): “…Como dizendo: ‘não temos casa nem habitação’. Fixem-se nisto os que se esmeram em edificar casas.

Observem como Deus, sendo o Senhor de tudo, não tem onde reclinar a cabeça.” (Cátena áurea. Lc.22:7-13. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c607.html Acesso em 07 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).

– Neste episódio, o Senhor dá-nos uma preciosa lição. Ele está no pleno controle de todas as coisas, mas, nem por isso, haveremos de deixar de fazer aquilo que nos incumbe fazer. Jesus providenciou o local da Páscoa, algo que os discípulos não poderiam fazer, mas a Páscoa deveria ser preparada pelos discípulos, algo que eles poderiam, sim, realizar.

– Que preparativos são estes? Assim explica William Hendriksen: “…Durante a tarde tinham de matar o cordeiro no pátio anterior do templo (Ex.12:6). Tinham de conseguir uma sala de um tamanho adequado e organizar tudo que dizia respeito a essa sala e seus móveis. Além do mais, tinham de fazer compras: pão sem fermento, ervas amargas, vinho etc.

Tinham de preparar o cordeiro e as salsas. Visto que agora já era manhã de terça-feira, provavelmente, não podia haver mais delongas.…” (op.cit., p.556).

– Há uma discussão a respeito da data em que Jesus celebrou a Páscoa, entendendo alguns que Ele o fez antes dos demais judeus, já que, em Jo.18:28, quando o Senhor é levado a Pilatos, é dito que os principais dos sacerdotes não entraram no Pretório para não se contaminarem, pois tinham de “comer a Páscoa”, dando  a entender, portanto, que Jesus teria celebrado a Páscoa um dia antes dos demais judeus.

William Hendriksen, porém, refuta tal argumento, dizendo que o Senhor Jesus celebrou a Páscoa no tempo normal, já que a expressão “comer a Páscoa” utilizada em Jo.18:28 ou significa que os membros do Sinédrio adiaram a celebração da Páscoa para depois de tratarem da condenação de Cristo ou, então, tratava-se de uma expressão que significava a continuidade da celebração da Páscoa, ou seja, a comemoração da festa dos pães asmos, numa refeição sacrificial denominada Chagigah, que se celebrava no dia posterior à Páscoa, que era uma oferta que se apresentava ao Senhor no templo, pois era vedado que, nas três festas principais, se apresentasse vazio diante do Senhor (Ex.23:17; 34:23), sendo determinado que, na Páscoa, se oferecessem ovelhas e vacas, em sacrifícios pacíficos (Dt.16:2), sacrifícios que eram consumidos pelos ofertantes (Lv.7:16-18).

OBS: “…Nas festividades  (Pessah, Shavuot e Sukkot), os homens são ordenados a visitar o Templo e estão proibidos de fazê-lo sem trazer uma oferta para ser queimada (…). É também ordenado a eles que trouxessem muitas ofertas pacíficas…(Dt.16:2,10,13-15)…” (Ofertas das festas – Chagigah. Halacha overview [Visão geral da lei – observação nossa]. Disponível em: http://www.torah.org/learning/halacha- overview/chapter51.html Acesso em 07 abr. 2015) (tradução nossa de texto em inglês).

– Chegada a hora da celebração, todos se sentaram à mesa, Jesus juntamente com os doze apóstolos. Logo de início, o Senhor Jesus disse que desejara muito comer com eles aquela Páscoa, antes que padecesse (Lc.22:15).

Jesus mostra, assim, que aquela era, na verdade, a “última Páscoa”, pois tudo aquilo que era por ela figurado estava prestes a se cumprir. Mais uma vez vemos Lucas realçando a humanidade de Cristo, refletindo a compaixão e o prazer que Cristo tinha de estar com Seus discípulos, com o próximo, com o ser humano.

– Neste ponto, aliás, é importante observarmos que a expressão usual deste episódio, chamada de “última ceia”, que é, inclusive, o título de nossa lição, deve ser corretamente entendida. “Ceia” aqui tem o significado de “refeição”.

Esta foi a última refeição de Jesus Cristo antes de Sua paixão e morte, o último momento em que Jesus demonstraria a Sua comunhão com os Seus discípulos, pois, para os judeus, as refeições eram momentos sagrados, momentos de comunhão, quase que uma continuidade dos sacrifícios oferecidos a Deus.

– “…Todas as ocasiões festivas judaicas importantes, seja uma celebração religiosa ou um encontro familiar, ocorrem ao redor de uma mesa repleta de pratos especiais.(…). Uma refeição reúne a família e encoraja o diálogo entre aqueles que se amam de verdade. Mais do que um intervalo para o café, é um momento reservado para recitar as bênçãos divinas sobre a comida, bem como para sentir o calor humano à sua volta.…” (BLECH, Benjamin. O mais completo guia sobre judaísmo. Trad. de Uri Lam, p.267).

– Não se pode, portanto, entender-se o termo “ceia” como sendo a “ceia do Senhor”, esta comemoração da morte e ressurreição de Cristo que foi instituída precisamente naquela reunião de que estamos a tratar.

Neste sentido, jamais poderíamos chamar a reunião de “última ceia”, pois, na verdade, aquela foi a “primeira ceia do Senhor”. Jesus, naquela reunião, celebrou a “última Páscoa”, como também a “primeira ceia do Senhor”.

– Jesus mostra todo o desejo que tinha de comer aquela Páscoa com os discípulos, pois aquela Páscoa era o início do cumprimento do plano de Deus para a salvação da humanidade.

Assim como a Páscoa havia instaurado um novo tempo no plano da redenção, com a criação do povo de Israel, agora, também, se iniciaria um novo tempo neste plano divino, com o estabelecimento da nova aliança no sangue de Cristo.

– Diz o comentarista bíblico Matthew Henry: “…Ele sabia que esta ceia deveria ser o prólogo aos seus sofrimentos, e por isto Ele a desejava, porque estaria em conformidade com a glória do Seu Pai e a redenção do homem. Ele Se alegrava em cumprir até mesmo esta parte da vontade de Deus a Seu respeito, como um Mediador.…” (Comentário bíblico Novo Testamento – Mateus a João edição completa. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p.709).

Por isso mesmo, ainda segundo Matthew Henry: “…Ele desejou comer com eles, para que pudesse passar algum tempo com eles, juntos, somente eles e ninguém mais, para uma conversa em particular, que não puderam ter em Jerusalém, exceto nesta ocasião.

Agora, Ele estava prestes a deixá-los, mas tinha grande desejo de comer esta refeição de Páscoa com eles antes de Seus sofrimentos, como se o consolo desta refeição o conduzisse mais entusiasmado pelos Seus sofrimentos, e os tornasse mais fáceis  para Ele.

Observe que a nossa Páscoa do Evangelho, que recebemos pela fé em Jesus Cristo, será um excelente preparativo para sofrimentos, e provações e a própria morte.…” (ibid.).

– Observemos que assim como a Páscoa foi instituída antes da libertação de Israel do Egito, a Ceia do Senhor também foi instituída antes que a humanidade fosse liberta do pecado com a morte de Cristo na cruz do Calvário.

– Em seguida, Jesus diz aos discípulos que somente haveria de comer aquela Páscoa novamente quando ela se cumprisse no reino de Deus (Lc.22:16), expressão que, certamente, foi o motivo para que os discípulos, uma vez mais, disputassem quem era o maior (Lc.22:24-30), porquanto os discípulos estavam entendendo que o reino messiânico seria estabelecido naqueles dias, já que Jesus estava em Jerusalém (Lc.19:11).

OBS: “…A solene declaração de Jesus no v. 15 revela quanto estivera aguardando aquela ultima ceia de páscoa. Ele a antevia com fervor, não porque estivesse aguardando a própria morte (v. o v. 42), mas porque poderá celebrar uma Nova Aliança em Seu sangue…” (EVANS, Craig A. Novo comentário bíblico contemporâneo – Lucas. Trad. de Rev. Oswaldo Ramos, p.354) (destaques originais).

– Esta expressão de Cristo é assim explicada por William Hendriksen: “…’não voltarei a comê-la até que ela se cumpra no reino de Deus’, isto é, ‘não voltarei a comê-la de novo até que seu sentido típico e simbólico se cumpra plenamente no novo céu e na nova terra’. É ali onde a libertação de seu povo, não do Egito, mas de todo pecado e impiedade, que se cumprirá em toda sua plenitude.

É ali onde eles, finalmente, serão completamente redimidos. É ali também que a comunhão entre ele e os redimidos será aperfeiçoada (cf. Ap 3.21).…” (op.cit., p.561).

– A narrativa de Lucas diz que o Senhor Jesus, então, tomou o cálice, depois da ceia, ou seja, depois de terminada a refeição pascal, deu graças e disse para que eles o tomassem e o repartissem entre eles, dizendo que não mais beberia do fruto da vide até que viesse o reino de Deus (Lc.18:17,18).

OBS: “São Lucas menciona dois cálices (v.17). DE um havia dito antes: ‘toma-o e distribui entre todos’. Alguns dizem que este foi o tipo do Antigo Testamento. Do outro faz menção quando, depois de o Salvador ter partido o pão e tê-lo distribuído a Seus discípulos, acrescenta: ‘ e, do mesmo modo, o cálice, depois de ter ceado’ ” (TEÓFILO. Cátena áurea. Lc.22:19,20. Disponível em:  http://hjg.com.ar/catena/c607.html Acesso em 07 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).

– Somente Lucas dá este pormenor, pois os demais evangelistas não o mencionam, passando diretamente da celebração da Páscoa para a instituição da Ceia do Senhor, que começa com o partir do pão e só, então, depois, menciona o consumo do vinho.

– Ora, a celebração da Páscoa, nos dias de Cristo, iniciava-se, precisamente, com uma invocação, com uma ação de graças feita pelo pai de família, quando, então, se tomava o cálice de vinho que estava sobre a mesa. “…Beber esse cálice certamente era parte da ceia pascal. Note a ação de graças que precede o ato de beber o vinho.

Ao emitir a ordem de distribuir o conteúdo do cálice entre todos os presentes, Jesus, agindo como anfitrião, enfatiza a unidade que, quando as condições são como devem ser, existe entre todos os participantes e é experimentada por eles. Cf. Salmo 133. À medida que o cálice vai passando de mão em mão, Jesus reitera a predição do versículo 16b.…”(HENDRIKSEN, William.op.cit., p.562).

– “…O que Jesus disse, a respeito de comer o cordeiro pascal, Ele repete, ao beber o vinho da Páscoa, o cálice da bênção, ou o da ação de graças, no qual todo o grupo se comprometeu com o Mestre da festa, no final da Ceia de Páscoa. Ele tomou este cálice, de acordo com o costume, e deu graças pela libertação de Israel do Egito, e a preservação dos seus primogênitos, e então disse, ‘Tomai-o e reparti-o entre vós’, v. 17.

Não está escrito, a respeito do cálice sacramental – que com certeza tinha muito mais importância e valor do que o cálice da Páscoa, pois o Novo Testamento estava fundamentado no sangue do Senhor – que em seguida Ele o entregasse a cada um particularmente, para ensiná-los a fazer uma aplicação pessoal dele às suas próprias almas.

Mas, quanto ao cálice pascal, que deve ser abolido, é suficiente dizer, ‘Tomem-no, e compartilhem-no entre si do modo que desejarem, pois não terão mais a oportunidade de usá-lo”, v. 18. ‘Já não beberei do fruto da vide, até que venha o Reino de Deus’ – até que o Espírito seja derramado, e então vocês, na Ceia do Senhor, irão comemorar uma redenção muito mais gloriosa, na qual tanto a libertação do Egito quanto a comemoração da Páscoa eram tipos e figuras’…” (HENRY. Matthew. op.cit., p.709).

– “…é lógico que assim como antes havia comido do cordeiro figurativo, do mesmo modo nega que voltaria a beber a bebida da Páscoa até que, inaugurada a glória do Reino, viesse a fé aos homens, para que, por meio das mais solenes publicações da lei, quer dizer, a comida e a bebida pascais, transformadas em sentido espiritual, aprendamos que todos os sacramentos da lei se ditaram para que se cumprissem na ordem espiritual.” (BEDA. Cátena áurea. Lc.22:14-18. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c607.html Acesso em 07 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).

III – JESUS INSTITUI A CEIA DO SENHOR   

– Concluída a celebração da Páscoa, o Senhor Jesus, então, institui a Ceia do Senhor, que viria a substituir esta festividade judaica. Com efeito, a Páscoa apontava para o Senhor Jesus, para o Seu sacrifício no Calvário, era uma festa prospectiva, que indicava um fato futuro. Agora que aquilo que havia sido figurado pela Páscoa iria realmente se realizar, Cristo institui a “Ceia do Senhor”, que seria uma festa “retrospectiva”, ou seja, que apontaria para o passado, que seria a memória do sacrifício vicário do Senhor, que nos libertou do pecado.

– “…Terminadas as solenidades da antiga Páscoa, passa a ocupar-Se da nova, desejando que se perpetue na Igreja a memória da redenção. Mas substituiu a carne e o sangue do cordeiro com o sacramento de Sua carne e Seu sangue sob as figuras do pão e do vinho. Foi feito sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque (Sl.110; Hb.7).

Por isso disse: ‘E havendo tomado o pão, deu graças’. Como deu graças porque terminavam as antigas figuras, deu-nos o exemplo para que déssemos graças por todos os benefícios tanto ao princípio como ao fim, porque deve dar-se graças a Deus por toda boa obra…” (BEDA. Cátena áurea. Lc.22:19,20. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c607.html Acesso em 07 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).

– Jesus inicia a instituição da Ceia do Senhor tomando o pão e dando graças. É por isso que a Ceia do Senhor é também conhecida como “Eucaristia” que, em grego, significa “ação de graças”. A ceia do Senhor é, sobretudo, uma celebração em que agradecemos a Deus pelo sacrifício de Cristo na cruz do Calvário, que nos concedeu a redenção, que nos trouxe a salvação.

– O Senhor tomou o pão e deu graças e, em seguida, o partiu, tendo, então, entregue o pão partido aos discípulos. Isto nos mostra claramente que o pão da ceia do Senhor deve ser partido durante a celebração e não como, infelizmente, já se vê em muitos lugares, em que se entrega um “kit” onde se já se tem um pedaço de pão e o cálice com o vinho.

OBS: “…O partir do pão, a que se faz referência em todos os quatro relatos, deve ser considerado como pertencente a propria essencia do sacramento. Isso se toma claro a luz daquilo que segue imediatamente, a saber: ‘Este é o meu corpo dado por vocês’.… (HENDRIKSEN, William. op.cit., p. 563) (destaque original).

– O texto bíblico é claríssimo ao mostrar que o pão deve ser partido durante a celebração. Como diz Beda: “…Partiu o pão que distribuiu para prefigurar a mortificação de Seu corpo — quer dizer, Sua paixão — que haveria de ter lugar porque Ele assim o queria…” (Cátena áurea. Lc.22:19,20. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c607.html Acesso em 07 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).

– Jesus, ao partir o pão e o distribuir entre os discípulos, traz o significado dele, ao dizer que aquele era o Seu corpo, que era dado por eles, devendo isto ser feito em memória do Senhor (Lc.22:19).

– Vemos, portanto, aqui que o pão simboliza o corpo de Cristo, que foi dado por nós, e o fato de ser partido, mostra que cada um de nós somos membros em particular deste corpo (I Co.12:27), indicando, assim, que todos temos uma mesma fonte, uma mesma origem e que, portanto, somos interdependentes uns dos outros, não passamos de membros em particular deste corpo, que é único e que deve viver em unidade, a despeito da diversidade de seus membros.

– A celebração da ceia do Senhor, pois, mostra-nos, claramente, que, enquanto estivermos nesta peregrinação terrena, dependemos uns dos outros para desenvolvermos nossa vida espiritual, temos de estar  em comunhão uns com os outros, a mostrar quão equivocados estão os chamados “desigrejados”, que defendem uma doutrina totalmente contrária, a de que de se pode servir a Deus solitariamente.

Jesus entregou pedaços de pão aos discípulos, a indicar que o corpo de Cristo necessariamente deveria ser composto de membros em particular que deveriam ter comunhão uns com os outros, sem o que não se teria o corpo de Cristo.

– Na instituição da Ceia do Senhor, fica, também, claro que o pão representa o corpo de Cristo, não é o próprio corpo de Cristo, como ensina a equivocada doutrina da transubstanciação, seguida pela Igreja Romana e pela Igreja Ortodoxa. A expressão “isto é o meu corpo” é, naturalmente, uma metáfora, não uma afirmação literal, como querem fazer crer os transubstanciacionistas. Tanto assim é que o Senhor diz que aquilo deveria ser feito “em memória d’Ele”.

Assim como a Páscoa era uma comemoração da libertação do Egito, teríamos uma comemoração, uma lembrança do sacrifício de Cristo, não uma renovação deste sacrifício.

OBS: “…Interpretar isso no sentido em que Jesus realmente estava dizendo que os pedaços de pão que ele estava entregando a seus discípulos eram idênticos ao Seu corpo fisico, ou que nesse exato momento eles estavam se convertendo em Seu corpo é ignorar (a) o fato de que Jesus em Seu próprio corpo estava em pé ali diante de Seus discípulos para  que todos o vissem.

Ele tinha o pão na mão e estava entregando os pedaços à medida que os ia partindo. Corpo e pão eram claramente distintos e continuaram sendo distintos. Nenhum se transformou no outro nem tomou as propriedades ou características físicas do outro.…” (HENDRIKSEN, William. op. cit. p. 563).

– Devemos, também, observar que Cristo instituiu a Ceia do Senhor quando o Seu próprio corpo ali estava, sendo distinto do pão que estava a partir. Tem-se, pois, mais uma evidência de que o pão era apenas uma representação, um símbolo do corpo de Cristo.

– Igualmente não se sustenta a chamada doutrina da consubstanciação, adotada pelos luteranos, segundo a qual, com a consagração do pão e do vinho, passa-se a ter, ao mesmo tempo, pão e vinho e o corpo e o sangue de Cristo. Jesus deu graças e disse que aquele pão era o Seu corpo, em sentido metafórico, e que era uma lembrança d’Ele, de modo que não há coexistência de corpo e pão. O pão nada mais é que símbolo, representação do corpo do Senhor.

– Depois de partir e distribuir o pão aos discípulos, o Senhor tomou o cálice e disse que aquele cálice era o Novo Testamento no Seu sangue, que seria derramado pelos discípulos (Lc.22:20). Jesus fala, então, da nova aliança que estava sendo estabelecida, a mostrar que terminava ali a celebração da Páscoa, que se iniciava um novo tempo no plano da salvação.

– Tem-se, nitidamente, aqui o vinho como sendo a figura do sangue de Cristo. Em momento algum se pode dizer que o vinho se tornava o sangue de Cristo, já que o sangue do Senhor, naquele instante, corria nas veias e artérias do Salvador, que presidia aquela cerimônia.

Era tão somente uma representação, que indicava a comunhão que devemos ter com o Salvador, pois é o sangue de Cristo que nos permite entrar nas moradas eternas (Ap.22:14), já que nos purifica de todo o pecado (I Jo.1:7). Este sangue derramado representou a purificação dos nossos pecados, o retirar de nossos pecados, permitindo que entrássemos em comunhão com Deus.

– O sangue de Cristo foi derramado num único sacrifício perfeito para aniquilar o pecado (Hb.9:26; 10:14) e, por meio dele, podemos, agora, entrar com ousadia no lugar santíssimo, tendo pleno acesso a Deus (Hb.10:19-22). Aleluia!

– “…Em todas as nossas comemorações do derramamento do sangue de Cristo, nós devemos considerá-lo como sendo derramado por nós; nós precisávamos dele, esperamos ter os benefícios dele: Ele ‘me amou e se entregou a Si mesmo por mim’. E em todas as nossas considerações sobre o Novo Testamento, devemos nos concentrar no sangue de Cristo, que deu a vida e a existência ao Novo Testamento, e que nos sela em todas as promessas que nele estão contidas.

Se não fosse pelo sangue de Cristo, nós nunca teríamos o Novo Testamento; e, se não fosse pelo Novo Testamento, nós nunca teríamos conhecido o significado do sangue que foi derramado por Cristo.…” (HENRY, Matthew. op.cit., p. 710).

– Jesus ordenou aos discípulos que sempre fizessem esta celebração em memória d’Ele, a indicar que se tratava, pois, de uma ordenança. Assim como, antes mesmo de se iniciar a dispensação da lei, o Senhor havia determinado a Israel que celebrasse a Páscoa, de igual modo, antes do início da dispensação da graça, era determinado que a Igreja celebrasse a Ceia do Senhor.

– A Ceia do Senhor, portanto, é uma solenidade que deve ser sempre celebrada pelos discípulos de Cristo Jesus, para comemorar a Sua morte e ressurreição, para nos fazer lembrar que somos o corpo de Cristo, que temos de viver em comunhão uns com os outros e que todos nós devemos estar, nesta unidade, em comunhão com o Senhor.

– Além do sentido retrospectivo, a Ceia do Senhor, a exemplo da Páscoa, também nos aponta para o futuro, pois o Senhor Jesus disse que somente voltaria a beber do fruto da vida quando viesse o Reino de Deus. Deste modo, a Ceia do Senhor aponta para este Reino, para o dia em que nossa salvação se consumará, com a volta do Senhor para nos buscar (Cf. I Co.11:26).

– Esta celebração é, portanto, o ponto alto da vida cristã, visto que, a um só tempo, declaramos estar em comunhão uns com os outros e com o Senhor, bem como reafirmamos a nossa esperança na Sua volta, de sorte que se trata de um instante em que solenemente damos a razão da nossa fé, um retrato de nossa vida com o Senhor Jesus nesta peregrinação terrena.

Não é por menos que se trata de um momento em que somos fortalecidos espiritualmente. É exatamente por isso que o apóstolo Paulo nos ensina algo que recebeu da parte do Senhor, ou seja, que a participação indigna na ceia do Senhor gera fraqueza, doença e morte espirituais (I Co.11:29,30).

– Esta indignidade é logo salientada pelo Senhor Jesus quando, após ter instituído a ceia, revela que havia dentre os participantes um traidor (Lc.22:21), mostrando, deste modo, que tinha plena consciência do que estava a se passar. Tal participação indigna fez com que saísse um ai da parte do Senhor em relação ao traidor.

Que isto nos sirva de lição, amados irmãos, para jamais participarmos indignamente da mesa do Senhor, pois o mesmo destino trágico que teve Judas Iscariotes está reservado para aqueles que participarem indignamente do corpo e do sangue do Senhor, representados pelo pão e pelo vinho.

– Como assinala João Crisóstomo: “Quando o que participa dos elevados mistérios não se converte, sua culpa é muito maior, seja porque se aproxima dos mistérios com má intenção, seja porque, tendo se aproximado dos mistérios não mudou nem por medo, por sorte ou por prêmio” (Cátena áurea. Lc.22:22,23. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c607.html Acesso em 07 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).

OBS: “…Observe que nem a paciência dos santos sob seus sofrimentos, nem o conselho de Deus a respeito de seus sofrimentos, será qualquer desculpa para aqueles que têm alguma participação nestes, ou que os perseguem. Embora Deus tenha determinado que Cristo seria traído, e Ele mesmo tenha alegremente se submetido a isto, ainda assim o pecado e a punição de Judas não são, de maneira nenhuma, menores.…” (HENRY, Matthew. op.cit., p. 710).

– Que Deus nos guarde, amados irmãos, de banalizarmos a participação na ceia do Senhor e que, enquanto o Senhor nos vier, possamos viver em comunhão uns com os outros e com o Senhor e o declaremos dignamente a cada celebração da ceia do Senhor.

 Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco 

Site: http://portalebd.org.br/files/2T2015_L11_caramuru.pdf

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