LIÇÃO Nº 11 – DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS – UM DOM IMPRESCINDÍVEL
Na batalha espiritual, o dom de discernimento de espíritos é importantíssimo.
INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo sobre batalha espiritual, abordaremos o papel do dom de discernimento de espíritos.
– Na batalha espiritual, o dom de discernimento de espíritos é importantíssimo
I – OS DONS ESPIRITUAIS
– Na sequência do estudo sobre batalha espiritual, analisaremos o papel do dom de discernimento de espíritos.
– Antes de mais nada, há que se ressaltar que, como pentecostais que somos, cremos na atualidade dos dons espirituais. É este, aliás, o item 12 do nosso Cremos, “in verbis”:
“Cremos na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme Sua soberana vontade para o que for útil (I Co.12:1-12)”.
– Ainda a respeito dos dons espirituais, assim se expressa a Declaração de Fé das Assembleias de Deus:
“CREMOS, professamos e ensinamos que os dons do Espírito Santo são atuais e presentes na vida da Igreja.
O batismo no Espírito Santo é um dom: “e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38) e é para todos os crentes:
“Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39); mas os dons do Espírito Santo, ou “espirituais” na linguagem paulina:
“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12.1) são restritos.
Esses dons são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja:
“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1 Co 12.7). São recursos sobrenaturais do Espírito Santo operados por meio dos seres humanos, os crentes em Jesus, enquanto a Igreja estiver na terra, pois, no Céu, não precisaremos mais deles.
É por meio da Igreja que o Espírito Santo manifesta ao mundo o poder de Deus, usando os dons espirituais.
Eles são dados à Igreja para sua edificação espiritual, seu conforto e seu crescimento espiritual.
Os dons espirituais são vários, e nenhuma lista deles no Novo Testamento pretende ser exaustiva; e nem mesmo existe a expressão “estes são os dons espirituais”.
Em Romanos, aparece uma lista deles, mas não são os mesmos da lista dos nove dons, exceto o dom de profecia, que aparece em ambas as listas.
Há outra lista que repete os dons de variedade de línguas e os dons de curar.…” (Cap.XX, pp.171/2).
– Notamos, portanto, que as Escrituras demonstram, claramente, que os dons espirituais são uma necessidade para a edificação, consolação e exortação da Igreja e são concedidos a alguns salvos com este propósito, de promover o crescimento espiritual do povo de Deus e auxiliá-lo na jornada rumo aos céus.
– Uma das operações do Espírito Santo entre os homens é a de transmitir poder a fim de que o nome do Senhor seja glorificado.
A transmissão de poder dá-se a partir do revestimento de poder, que é o batismo com o Espírito Santo, conforme dito pelo próprio Jesus em Lc.24:49. Entretanto, a transmissão de poder não se limita ao batismo com o Espírito Santo.
Ao contrário do que muitos crentes acham, o batismo com o Espírito Santo é apenas o início desta transmissão de poder, o estágio inicial para uma vida de consagração a Deus e de vaso para que o poder de Deus se manifeste a favor da humanidade.
– Não é por outro motivo que o batismo com o Espírito Santo é o primeiro ato revelador da Igreja para os homens, no limiar do livro de Atos dos Apóstolos.
Que tenhamos este entendimento para que, ao contrário do que anda ocorrendo na igreja dos nossos dias, os crentes não se satisfaçam com o batismo com o Espírito Santo e encerrem sua jornada espiritual no seu primeiro degrau.
OBS: É elucidativo verificar que uma das reuniões da Congregação Cristã no Brasil, denominação pentecostal criada em 1910, no Brasil, também sob o impacto do avivamento da rua Azusa,
é chamada de “busca de dons”, a refletir, portanto, qual era o pensamento e a mentalidade vigentes no início do avivamento que deu início ao movimento pentecostal mundial, pensamento e mentalidade que precisam ser resgatados na atualidade, máxime quando se aproxima o dia do arrebatamento da Igreja.
Como nos alerta a Palavra de Deus, “quem é santo, seja santificado ainda” (Ap.22:11 “in fine”), “porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé.” (Rm.13:11 “in fine”).
– Os dons espirituais são chamados, no original grego, de “charismata” (χαρισματα), palavra que significa “graças”, ou seja, os dons espirituais são dádivas, são favores imerecidos que Deus concede aos homens que estão dispostos a servi-l’O e que, por obediência, já alcançaram o batismo com o Espírito Santo.
– A verificação do significado da palavra “charismata” é muito importante, pois demonstra, de forma cabal, que os dons espirituais são concessões divinas, decorrem do exercício da Sua infinita misericórdia, não havendo, portanto, qualquer merecimento, qualquer mérito por parte daqueles que são aquinhoados pelo Espírito Santo com um dom espiritual.
O dom espiritual é concedido não porque alguém seja mais espiritual ou melhor do que outro, mas em virtude da soberana vontade do Senhor. Quem o diz não somos nós, mas a própria Palavra de Deus:
“Mas um só mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” (I Co.12:11).
– Em Corinto, em virtude do predomínio da carnalidade e do menosprezo da mensagem da cruz, os portadores de dons espirituais consideravam-se superiores aos outros, de tal maneira que estavam a subverter a ordem do culto e, até mesmo, os costumes sociais então vigentes.
Nos dias hodiernos, não tem sido diferente: muitos que são favorecidos pelo Senhor com os dons espirituais, passam a se considerar “mais crentes”, “mais santos”, o que é completamente equivocado e sem qualquer respaldo bíblico.
Pelo contrário, as Escrituras são claras ao dizer que “…a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc.12:48 “in fine”).
– Nem sempre temos esta noção na igreja. Muitos são os que acham que os portadores de dons espirituais são crentes superiores aos demais, que têm um nível maior de espiritualidade e que, em razão disto, desfrutam de uma posição diferenciada no meio da comunidade.
Este pensamento, inclusive, tem feito com que muitos crentes andem à procura destes irmãos a fim de que obtenham curas divinas, maravilhas, sinais ou profecias, num comportamento totalmente contrário ao que determina a Palavra de Deus, que ensina que os sinais seguem os crentes e não os crentes correm atrás de sinais (Mc.16:17,20).
– Jesus não aprovou esta conduta, típica dos judeus formalistas e descrentes (Mt.12:38,39). Nenhum outro sinal devemos buscar, como disse nosso Senhor e Salvador, senão a Sua ressurreição, que é a garantia da aceitação do Seu sacrifício e do perdão dos nossos pecados. Creiamos em Deus e em Seu Filho(Jo.20:29).
OBS: “…Um ministro verdadeiramente cristão buscará muito mais fazer o bem espiritual para as almas dos homens do que obter para si os maiores aplausos…” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Conciso, p. 1524. In: Master Christian Library, CD-ROM) (tradução nossa). Como este ensino precisa ser rememorado por muitos ministros do evangelho nos dias de hoje.
– A posse dos dons espirituais é, sem dúvida, uma grande bênção que Deus nos dá, é mais um talento concedido pelo Senhor aos Seus servos, é mais uma ferramenta que é colocada à disposição da Igreja através de um vaso escolhido.
Indubitavelmente, devemos, como servos do Senhor, buscar os dons espirituais, pois eles indicam que há um crescimento espiritual do seu detentor, mas por vontade e misericórdia de Deus, para a Sua glorificação e a edificação espiritual do povo de Deus, menina dos olhos do Senhor (Zc.2:8).
– Quem recebe um dom espiritual deve estar consciente que, em razão deste dom, não foi feito melhor dos que os demais irmãos, mas, bem ao contrário, foi-lhe dada uma responsabilidade ainda maior, de forma que deverá, sempre, usar este dom conforme a vontade do Senhor e de acordo com as Escrituras, pois deve sempre exercer este dom para a glória do nome do Senhor.
OBS: Neste ponto, aliás, é interessante observar o que diz a respeito a Constituição “Lumen Gentium”, o principal documento doutrinário do Concílio Vaticano II, que estabeleceu as diretrizes da Igreja Romana a partir da década de 1960:
“…Estes carismas, quer eminentes, quer mais simples e mais amplamente difundidos, devem ser recebidos com gratidão e consolação, pois que são perfeitamente acomodados e úteis às necessidades da Igreja.…” (Lumen Gentium 12. In: VIER, Frederico O.F.M. Compêndio do Vaticano II, p.53).
Também oportuno é o ensinamento do prof. Felipe Aquino, católico romano: “…A nossa vida espiritual tem duas dimensões, primeiro uma dimensão voltada para dentro de nós e depois outra voltada para fora.
Na segunda dimensão está a Igreja, é a dimensão de comunidade, a dimensão de caminhar com o povo de Deus, e Dês nos concede então os dons carismáticos, que não são necessariamente para nós, mas para os outros, por exemplo,
o dom da sabedoria que não é a sabedoria para alimentar a nós, mas para alimentar os outros, não apenas para nos orientar, o dom da fé, da ciência, o dom de cura, de milagres que são dons como diz São Paulo para o bem da Igreja, para os outros, para utilidade de todos.
Quando nós exercemos os dons carismáticos não quer dizer que já somos santos, porque Deus pode usar quem Ele quiser da maneira que quiser, mas é preciso dizer que quanto mais santo a pessoa for mais fácil é para Deus usar essa pessoa, por isso os dons carismáticos não estão separados dos dons de santificação,
e eu até diria que existe uma grande interface entre eles, quanto mais a pessoa vive os dons de santificação mais aptidão ela tem para viver os dons carismáticos. Na dimensão interior estão os dons de santificação.” (Dons carismáticos. cancaonova.com/portal/canais/rcc/pg_dons_carism.php?menu_id=9 Acesso em 31 dez.2003)
– Somente possui dons espirituais aqueles que forem, antes, revestidos de poder. Este princípio bíblico, nem sempre ensinado pelos estudiosos da Bíblia Sagrada, decorre do próprio teor das Escrituras.
Não vemos os discípulos exercerem os dons espirituais antes de serem revestidos de poder.
Na nossa atual dispensação, é necessário que o Espírito Santo reparta os dons espirituais conforme a Sua vontade entre os crentes, mas somente aqueles crentes que já estiverem envolvidos pelo Espírito, a quem se transmitiu poder, transmissão esta que é feita única e exclusivamente por força do batismo com o Espírito Santo.
Todos os crentes que são mencionados como portadores de dons espirituais no livro de Atos dos Apóstolos, são crentes que foram, antes do exercício destes dons, revestidos de poder, batizados com o Espírito Santo.
É o que vemos na vida de Pedro, Paulo, Filipe e Estêvão, para ficarmos nos principais exemplos.
– Os dons espirituais, portanto, são dádivas, poderes que o Espírito Santo concede a alguns crentes, a fim de que seja evidenciada, no meio do povo de Deus, a presença do Senhor e seja confirmada a pregação do Evangelho (Mc.16:20), ele próprio poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê (Rm.1:16).
– Por isso dizemos que o crente pentecostal, ou seja, o crente que crê na operação ainda hoje do Espírito Santo como agente transmissor de poder divino na pregação do Evangelho, é um crente que crê no Evangelho completo,
pois a pregação do evangelho abrange não só a notícia de que Jesus é o Senhor e Salvador do mundo e que é preciso n’Ele crer para alcançar o perdão dos pecados e a salvação da alma, obtendo, assim, a vida eterna, como também esta mensagem é confirmada da parte de Deus mediante a operação do Seu poder,
através do batismo com o Espírito Santo e, depois, dos dons espirituais, cuja recepção se torna possível em virtude do revestimento de poder, do mergulho, da imersão do ser do crente no fogo do Espírito de Deus, no seu completo envolvimento com a terceira Pessoa da Trindade Divina.
– É comumente dito que os dons espirituais são nove, dizer este que se baseia na lista mais completa de dons espirituais que se encontra no Novo Testamento, que se encontra em I Co.12:8-10.
Entretanto, além desta relação, que é a mais conhecida e a mais pormenorizada, temos, também, a relação constante de Rm.12:6-8, que não é uma relação tão completa quanto a primeira e que parece misturar dons espirituais com dons ministeriais (até porque o texto não é específico com relação aos dons espirituais como é o anteriormente mencionado).
Mesmo se levarmos em consideração apenas a relação de I Coríntios, não podemos nos esquecer de que um dos itens da relação fala dos “dons de curar” (I Co.12:9), dando a entender, portanto, que há mais de um dom de curar, o que torna, também, precário o entendimento de que os dons espirituais sejam apenas nove. Assim, não podemos afirmar com respaldo bíblico que somente haja nove dons espirituais.
Entretanto, tal posição bíblica não pode servir de base para que se adicionem outros dons de modo aleatório e sem qualquer respaldo escriturístico, manifestações que, no mais das vezes, não se coadunam com os propósitos e finalidades dos dons espirituais, cuja presença na igreja, inevitavelmente, trará confirmação da pregação do Evangelho, edificação espiritual, consolação, exortação e um maior envolvimento da igreja local com o Senhor e a Sua obra.
– Tomando-se, porém, a relação mais minudente das Escrituras, podemos dividir os dons espirituais em três categorias, a saber:
a) dons de poder: fé, dons de curar, operação de maravilhas – são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas efetuem demonstrações sobrenaturais do poder divino, com a realização de milagres, de maravilhas e de coisas extraordinárias, que confirmem a soberania de Deus sobre todas as coisas e a Sua presença no meio da igreja. São evidências da onipotência divina no meio do Seu povo.
b) dons de ciência: palavra da sabedoria, palavra da ciência, dom de discernir os espíritos – são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas revelem mistérios ocultos aos homens, com a tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e que nada Lhe fica oculto. São evidências da onisciência divina no meio do Seu povo.
c) dons de elocução ou de fala: variedade de línguas, interpretação de línguas e profecia – são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo.
São evidências da onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.
– Observamos, portanto, que cada dom espiritual tem uma finalidade específica no meio do povo de Deus, tem um propósito, que é o de dar condições para que o crente prossiga a sua jornada em direção a Jerusalém celestial, desvencilhando-se, pela manifestação do poder divino na sua vida, de todo o embaraço que tão de perto o rodeia (Hb.12:1) e, assim, não venha a se envolver com as coisas desta vida, agradando, assim, ao Senhor (II Tm.2:4).
– Tem-se, portanto, no exercício dos dons espirituais, uma inequívoca demonstração do poder de Deus (I Co.2:4), mas sem qualquer oportunidade de exibicionismo ou de glorificação humana, mas única e exclusivamente para a glória de Deus e para pregação do Cristo crucificado (I Co.2:2).
É com base nesta peculiar circunstância que podemos identificar e repudiar todas as inovações que hoje contagiam muitas igrejas locais, em especial os “novos dons” e a tão desejada e nunca explicada “nova unção”.
II – O DOM DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS E A BATALHA ESPIRITUAL
– Verificados que são os dons espirituais, detenhamo-nos sobre o dom de discernimento de espíritos, que é o objeto de nossa lição.
– Já vimos que este é um dos chamados “dons de ciência”, ou seja, aqueles que têm por finalidade demonstrar a onisciência divina no meio do povo de Deus e, deste modo, fazer com que os salvos tenham conhecimento de coisas que estão ocultas ao seu entendimento, são verdadeiras “revelações” feitas pelo Espírito Santo para o bem-estar da Igreja, seja para dar conhecimento de algo que é ignorado (“palavra de ciência”),
seja para dar a solução para algum problema cuja superação esteja acima da capacidade humana (“palavra de sabedoria”), seja para desvendar algum engano maligno que está se introduzindo no meio do povo de Deus (“discernimento de espíritos”).
– O dom do discernimento dos espíritos é o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que identifiquem operações espirituais em acontecimentos e fatos do cotidiano.
Como bem diz nossa Declaração de Fé, “…o dom de discernir os espíritos é um recurso do Espírito Santo contra as falsificações dos demônios [At.16:17,18]…” (Cap.XX, p.175).
– Por intermédio deste dom, percebemos o aspecto espiritual envolvido nas mais diversas e simples ocorrências do dia-a-dia, não nos deixando cair nos laços do adversário, bem como nos precavendo até aquele grande dia, cuja proximidade também é resultado do nosso discernimento espiritual.
– É importante observar que o dom do discernimento é uma identificação súbita e momentânea, numa determinada situação, da operação espiritual, não se confundindo com o discernimento corriqueiro que todo cristão deve ter, por estar em comunhão com o Senhor e ter em si o Espírito Santo que o orienta a cada dia.
– O servo de Deus, o homem espiritual, tem o Espírito de Deus (Rm.8:9). É o Espírito Santo que habita em nós que nos dá a consciência e a convicção de que somos filhos de Deus (Rm.8:16).
Quando aceitamos a Cristo, recebemos o Espírito e, por isso, somos vivificados em Cristo (I Co.15:22), uma vez que, com o perdão dos nossos pecados, nosso espírito passa, novamente, a ter comunhão com o Senhor, sendo o elo de ligação que nos faz adorar a Deus e a fazer a Sua vontade.
– Este homem espiritual, por ter o Espírito Santo, recebe a revelação das coisas de Deus (I Co.2:11). A
o aceitar a Cristo, o homem deixa as trevas e vem para a luz e, assim, tudo pode ver, tudo pode enxergar. Quando se nasce de novo, passa-se a ver o reino de Deus (Jo.3:3), deixa-se a cegueira espiritual, própria daqueles que viviam sob o domínio do pecado (II Co.4:4), para se enxergar a glória de Deus (Jo.11:40). Jesus veio dar visão aos cegos espirituais (Jo.9:39).
– Esta visão espiritual que o homem que aceita a Cristo recebe é o primeiro passo do que se chama de “discernimento espiritual”. Por isso, o apóstolo Paulo afirma que “o que é espiritual discerne bem tudo e ele de ninguém é discernido” (I Co.2:15).
Jesus, um dia, alegrou-Se espiritualmente ao revelar esta verdade espiritual: “Graças Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos” (Mt.11:25b).
– Discernimento, diz o lexicógrafo (i.e., o que escreve dicionários), é “capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado”.
Quando o homem aceita a Cristo, ele passa a ter a direção do Espírito Santo, que vem nele habitar e, a partir de então, sabe bem diferençar o que é certo e o que é errado, o que agrada a Deus do que não agrada a Deus. Esta capacidade de separação é complemento do conhecimento da Palavra, é o resultado de uma vida de comunhão e de intimidade com o Espírito Santo.
– O homem espiritual tem a capacidade de discernir o que é certo e o que é errado, de avaliar as situações e verificar, em cada caso, o que deve fazer para continuar sua vida de obediência a Deus e de glorificação do Seu nome. Todo crente, portanto, tem este discernimento espiritual.
– Ao mesmo tempo, entretanto, que o homem espiritual passa a compreender as coisas sob o ponto-de-vista espiritual, ele passa a ser incompreendido pelos demais homens, ditos “homens naturais”.
Com efeito, como a Bíblia nos mostra, ele tudo discerne, mas ele de ninguém é discernido. Não devemos, pois, nos surpreender com o espanto causado junto aos incrédulos pelo nosso testemunho.
Para eles, nosso comportamento, guiado pelo Espírito de Deus, parece loucura, é algo incompreensível e, realmente, eles não podem compreender o que se passa, porque são cegos espirituais, não conseguem ver a luz do evangelho de Cristo (II Co.4:4) e, por isso, não podem compreender a realidade das coisas.
– O crente vê o invisível (Hb.11:27), não anda por vista, mas por fé (II Co.5:7) e, desta maneira, não se guia pela lógica, pelo raciocínio humano, mas, sim, pela orientação divina. Isto faz com que as pessoas não possam, mesmo, compreender os passos do servo do Senhor, passos que, entretanto, como diz o salmista, são confirmados pelo Senhor (Sl.37:23).
Como entender a construção de uma arca, como fez Noé, num mundo onde nunca havia chovido? Como compreender que Moisés mande o povo marchar em direção a um mar? Como raciocinar que um pequeno pastor de ovelhas vá à luta contra um guerreiro gigantesco levando apenas um funda e seis pedrinhas?
Não dá para entender, mas o homem espiritual discerne as coisas de um outro ponto-de-vista, de um critério muito mais sublime que a lógica humana, porque tem discernimento espiritual.
– É fundamental, pois, nestes dias trabalhosos em que vivemos, que saibamos distinguir entre o que é certo e o que é errado, distinção esta que só se fará mediante a ação do Espírito Santo e o conhecimento da Palavra.
É essencial que tenhamos comunhão com o Senhor e que ouçamos a Sua voz, a fim de bem nos portarmos neste mundo, embora isto nos leve a uma cada vez maior incompreensão por parte daqueles que não têm Cristo como seu Senhor e Salvador.
– Mas, além do discernimento espiritual que é próprio e comum de todo homem espiritual, ensina-nos a Bíblia que há, também, um dom espiritual, o dom de discernimento dos espíritos (I Co.12:10).
Este dom espiritual não é comum a todos os crentes, mas é um dos dons de ciência, revelação ou de conhecimento que o Espírito Santo concede a alguns crentes, para benefício de toda a igreja, com o objeto de demonstração do poder do Senhor no sustento de cada crente até aquele grande dia.
– O dom de discernimento dos espíritos é “…uma dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não(…).
No fim dos tempos, quando os falsos mestres (…) e a distorção do cristianismo bíblico aumentarão muito(…), esse dom espiritual será extremamente importante para a igreja.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Dons espirituais para o crente (estudo), p.1757).
– O dom de discernimento dos espíritos, pelo que se verifica, portanto, é a capacidade especial que o Espírito Santo dá a alguns crentes para que julguem as manifestações espirituais que ocorrem dentro das igrejas locais, de modo a atestar se são provenientes de Deus, ou não, bem como quem identifica os falsos mestres e seus falsos ensinamentos que se infiltram, cada vez mais, encobertamente no meio do povo de Deus.
– Nos dias de tanto engano e de tanta atuação do “espírito do anticristo”, torna-se absolutamente necessário que este dom esteja na igreja para auxílio dos crentes em geral.
Se é verdade que cada salvo tem discernimento espiritual, também não é menos verdadeiro que a sutileza do nosso inimigo, a “mais astuta de todas as alimárias da terra” (Gn.3:1), é tal que não podemos ignorar os seus ardis (II Co.2:11).
– Afinal de contas, o diabo e seus anjos têm como tarefa ínsita à sua própria natureza o engano. Como diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus:
“…O modus operandi dos demônios e do seu maioral é a mentira, o erro [II Ts.2:11; I Jo.4:6] e o engano [II Co.4:3,4].
A mentira é uma das características da natureza satânica. Jesus disse que o Diabo é o pai da mentira:’[…] ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele, quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira’ (Jo.8:44).
Com o engano, ele começou as suas atividades contra o ser humano [Gn.3:13; II Co.11:3]. É com essa arma que ele e seus agentes seduzem as pessoas.…” (Cap.VIII, p.90).
– Sabendo, pois, de nossa vulnerabilidade, o Senhor quis dotar a igreja do dom de discernimento dos espíritos, para que alguns vasos por Ele escolhidos sejam usados para mostrar a toda a comunidade a procedência autêntica, ou não, de manifestações espirituais.
Este dom é extremamente necessário neste último tempo e, lamentavelmente, ante a frieza espiritual de muitos, sua falta tem contribuído enormemente para a apostasia da fé de muitos.
– Este dom exerce um papel fundamental na batalha espiritual. Se a principal arma utilizada pelo inimigo para seduzir as pessoas é o engano e a mentira, torna-se indispensável que nos utilizemos da verdade neste combate, pois como diz o apóstolo Paulo: “Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade” (II Co.13:8).
– O Pacto de Lausanne, inclusive, ao falar sobre a batalha espiritual, disse: “…Sabemos da necessidade de nos revestirmos da armadura de Deus e combater esta batalha com as armas espirituais da verdade e da oração…” (item 12).
– Como se não bastasse isso, as próprias Escrituras nos informam que, nos últimos dias, iria se intensificar, no meio do povo de Deus, a ação do engano, por intermédio de falsos doutores (II Pe.2:1), falsos profetas (Mt.24:4,5,11,24; I Jo.4:1), como também espíritos enganadores e doutrinas de demônios (I Tm.4:1), que perturbam a igreja e promovem a apostasia espiritual.
– Vivemos um período em que muitos querem ver sinais e maravilhas, em que o misticismo tem tomado conta de muitos ambientes, até porque o mundo pós-moderno é o mundo que busca reviver uma “religiosidade”, uma “espiritualidade”,
depois do fracasso das alternativas materialistas e racionalistas que caracterizaram a Modernidade. Se os crentes adotarem esta estratégia, como muitos já o têm feito, correrão o risco de serem enganados e de se associarem às práticas mundanas, pensando estar agradando ou adorando a Deus.
– Mais do que nunca, torna-se preciso que tenhamos o devido discernimento de tudo o que acontece à nossa volta e de tudo o que se quer introduzir no nosso meio. Devemos ter a mesma estrutura da igreja de Éfeso que pôs à prova os que se diziam apóstolos, mas não o eram (Ap.2:2).
Mas, para tanto, é necessário que os servos do Senhor busquem a presença de Deus, já que os dons espirituais são dados apenas àqueles que já são batizados com o Espírito Santo.
OBS: “…O terceiro dom [discernimento dos espíritos, observação nossa] (…) é, em nossa experiência de vinte anos de ministério carismático, o mais ignorado e esta falha é grandemente sentida.
Discernir espíritos pela revelação do Espírito Santo faz-se mister em TODOS os aspectos da obra de Deus(…).
Quantos problemas seriam evitados na igreja se funcionasse, correta e biblicamente, o dom do discernimento dos espíritos.
A desonestidade do espírito humano, que leva comunidades inteiras a escândalos e desgraças, poderia ser evitada por alguém que tratasse desse espírito revelando por discernimento o problema antes de se agravar.
Quantas vidas já se perderam por falta desse dom…” (McALISTER, Robert. Os dons do Espírito Santo, pp.21-2).
– Vivemos tempo em que os poucos crentes dedicados se contentam com o batismo com o Espírito Santo e, uma vez revestidos de poder, não continuam a busca dos dons espirituais. Isto tem trazido enorme prejuízo à igreja, pois os dons espirituais são necessários para o crescimento espiritual de todos os crentes.
– Não é o portador do dom que se beneficia com ele, mas antes, o portador é apenas um instrumento para o aprimoramento espiritual de toda a igreja.
Precisamos de portadores do dom de discernimento dos espíritos e, por isso, busquemos este dom, a fim de que todos nós tenhamos mais uma ferramenta deixada à disposição do Senhor para não nos deixarmos ser enganados pelo inimigo.
– Diante desta intensificação da ação satânica no meio do povo de Deus, permitida pelo Senhor para cumprimento da Sua Palavra e ante a proximidade do término da dispensação da graça, tem-se que, na batalha espiritual, o dom de discernimento dos espíritos se apresenta como uma necessária e indispensável “arma espiritual da verdade”, pois se trata de uma operação do Espírito Santo para desmascarar as falsificações promovidas pelo maligno.
– O diabo, já vimos, atua por intermédio do engano e é especialista em tentar imitar as coisas de Deus, buscando, com isso, confundir as pessoas e leva-las a se afastar do Senhor, a preferir suprir o seu vazio espiritual com as imitações satânicas a experimentar o verdadeiro poder de Deus.
– No Egito, vemos como os magos conseguiram, até certo ponto, manter Faraó e todo o povo egípcio iludido quanto ao real poder do Senhor.
Quando Moisés transformou sua vara em serpente, os magos fizeram o mesmo (Ex.7:10-12), mesmo tendo a serpente que era a vara de Arão engolido as demais.
– De igual modo, quando as águas do Nilo foram transformadas em sangue, os magos também repetiram o sinal (Ex.7:20-22), o que levou Faraó a endurecer o seu coração uma vez mais.
– O mesmo se deu quando foram enviadas rãs em abundância (Ex.8:2-6), o que também foi repetido pelos magos (Ex.8:7).
Só quando se lançou a terceira praga, que foi a criação de piolhos a partir do pó da terra (Ex.8:16,17), é que os magos não conseguiram realizar o sinal, admitindo, então, que havia ali o dedo de Deus (Ex.8:18,19).
– Percebemos, deste modo, que os magos eram usados pelo inimigo para confundir Faraó e permitir que ele endurecesse o coração, como também levasse o Egito a uma situação de miséria neste enfrentamento contra Deus, o que, efetivamente, ocorreu, tendo sido o Egito praticamente dizimado (Ex.10:7) e Faraó morto afogado nas águas do Mar Vermelho (Sl.136:15).
– Assim é, como diz a nossa Declaração de Fé, o “modus operandi” de Satanás é a mentira, o erro, o engano, a falsificação e nem sempre podemos contar com um discernimento, ainda que espiritual, que nos permita identificar a astúcia do adversário.
– O episódio da escrava que tinha o espírito de adivinhação em Filipos é bem elucidativo (At.16:16-18). Paulo acabara de batizar os primeiros crentes naquela cidade, que era uma colônia romana (At.16:12), um lugar bem diferente dos que o apóstolo costumava evangelizar.
– Paulo, quando ia a uma cidade gentílica, e o fez em toda a sua primeira viagem missionária, sempre ia a uma sinagoga, onde pregava primeiramente aos judeus e, então, aos gentios (At.14:1).
No entanto, no início desta segunda viagem, sendo orientado pelo Espírito Santo para ir a Macedônia, chegara a uma cidade que não tinha sinagoga nem judeus, o que fez com que iniciasse uma forma de evangelização até então inédita.
– Tendo conseguido ganhar as primeiras almas após uma pregação na beira do rio, quando se converteram algumas mulheres, entre elas Lídia, o apóstolo, então, passou a pregar na cidade, mais entusiasmado com as primeiras conversões.
– É neste instante que surge uma escrava que passou a alardear que Paulo e seus companheiros estavam a anunciar o caminho da salvação e eram servos do Deus Altíssimo.
Esta moça era conhecida na cidade por ter um espírito de adivinhação e, por meio dela, seus senhores ganhavam muito dinheiro.
– Desde o primeiro momento em que a moça passou a fazer esta “propaganda”, o apóstolo se sentiu incomodado e, por fim, depois de muitos dias, teve o discernimento de que aquela moça era usada por um espírito maligno e, tendo esta revelação da parte do Senhor, imediatamente expulsou o demônio daquela jovem, o que, inclusive, acabou por lhe custar caro, pois, por causa disso, foi indevidamente açoitado e preso.
– Vemos aqui a importância do dom de discernimento de espíritos na batalha espiritual.
Paulo, diante de uma situação inédita no seu ministério, iniciando uma segunda viagem missionária, agora sem a companhia de Barnabé e com “novatos”, numa cidade onde não havia judeus, em que teve de começar pregando para mulheres à beira de um rio, seria alvo fácil de Satanás.
– Aceitasse o envolvimento daquela moça e, naturalmente, de seus senhores, na evangelização da cidade, certamente conduziria os crentes para um engano, pois quem decidiria o rumo daquela nova igreja seria Satanás, através daquele espírito maligno.
Observemos que o que a moça dizia era a pura realidade. Paulo e seus companheiros estavam a anunciar o caminho da salvação e eram servos do Deus Altíssimo, mas o objetivo satânico era desviar o foco da pregação de Paulo para a adivinha, e, deste modo, confundir os que estavam propensos a crer no Evangelho.
– Como a principal arma do inimigo é o engano, a mentira, sem que tenhamos o dom de discernimento de espíritos não há como detectar estas sutilezas que ultrapassam o próprio nível do discernimento espiritual do salvo.
Paulo sentiu-se incomodado, perturbado, mas, enquanto não recebeu o dom de discernimento de espíritos, não pôde detectar ali a atuação de um espírito maligno e, então, expulsá-lo. Isto demorou “muitos dias” para acontecer.
– Nos dias em que vivemos, onde a atuação demoníaca é intensa, caminhar e empreender a batalha espiritual sem este dom espiritual é um risco enorme que não se pode dar ao luxo de se ter.
Quantas artimanhas do inimigo não têm se desenvolvido no meio do povo do Senhor precisamente porque não há quem detecte em certas operações aparentemente corretas a ação de espíritos malignos?
– É preciso, aliás, aqui refutar um ensinamento equivocado de que o dom de discernimento de espíritos é um dom que permite identificar que espírito maligno está agindo, se se trata do demônio A, B ou C. Isto não é verdade!
Paulo não identificou que espírito maligno estava a atuar, mas, sim, que aquela mensagem provinha de uma pessoa possessa, que era um espírito mau que estava a atuar.
– O dom de discernimento de espíritos é, precipuamente, a identificação não do espírito, mas, sim, da malignidade envolvida em determinada situação que, aparentemente, parece ser sagrada e conforme a vontade do Senhor.
– Nossa Declaração de Fé, aliás, aponta algo interessante, “in verbis”:
“…A expressão ‘discernir os espíritos’ está no plural em grego, como acontece com os dons de curar e de operação de maravilhas, pois esse dom pode manifestar-se de várias maneiras…” (Cap.XX, p.175).
Sendo assim, não podemos, de pronto, dizer que como se dá esta identificação, mas o fato é que, por meio desta operação sobrenatural do Espírito Santo, algum salvo batizado com o Espírito Santo, a quem é dado este dom, impede que a Igreja seja enganada diante de uma manifestação espiritual espúria, de origem demoníaca, que tenta enganar o povo de Deus.
– Voltamos a insistir neste ponto. As Escrituras dizem que, nos últimos tempos, que são os tempos em que estamos vivendo, muitos apostatarão da fé dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios (I Tm.4:1), ou seja, espíritos imundos estarão a circular e a enganar e ensinar os crentes, fazendo-os apostatar da fé. Num quadro como este, como prescindir do dom de discernimento de espíritos?
– O dom de “discernimento de espíritos” exerce, na batalha espiritual, o trabalho da chamada “contrainformação”, ou seja, “…uma contraposição à informação através da elaboração de respostas…” (Contrainformação. In: WIKIPEDIA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Contrainforma%C3%A7%C3%A3o Acesso em 21 nov. 2018).
Sabendo detectar que uma determinada ação é maligna, mediante este dom espiritual, o engano é desmascarado e a verdade estabelecida, impedindo, assim, que as pessoas venham a ser prejudicadas com a ação demoníaca infiltrada.
– Busquemos, pois, o dom do discernimento dos espíritos, pois, conquanto seja o Espírito quem distribui os dons conforme o Seu querer (I Co.12:11), Ele necessita de pessoas bem dispostas para que efetue a Sua obra (Lc.1:17 “in fine”).
Se todos nos pusermos à disposição do Senhor, certamente escolherá alguns para que todos nós sejamos ricamente abençoados e evitemos ser tragados pelo engano destes dias difíceis em que vivemos.
– Conhecendo a Palavra, tendo o discernimento do homem espiritual e sendo complementados pela manifestação do dom do discernimento dos espíritos, certamente saberemos descobrir todas as ciladas do inimigo ao longo do caminho e,
a exemplo de Esdras e daquele povo que o seguia, chegaremos sãos e salvos a Jerusalém (Ed.8:31,32), não a Jerusalém terrena, mas a celestial, “adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido” (Ap.21:2 “in fine”).
Ev. Caramuru Afonso Francisco