LIÇÃO Nº 12 – A MORTE DE JESUS
Jesus morreu por nós, para pagar o preço dos nossos pecados.
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INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo do Evangelho segundo Lucas, analisaremos hoje a narrativa lucana sobre a morte do Senhor Jesus.
– Jesus morreu por nós, para pagar o preço dos nossos pecados.
I – OS EVENTOS IMEDIATAMENTE ANTERIORES À PAIXÃO DE CRISTO
– Na sequência do estudo do Evangelho segundo Lucas, analisaremos a narrativa lucana sobre a morte do Senhor Jesus.
– Após a última ceia, o Senhor Jesus teve de enfrentar nova discussão entre os discípulos a respeito de quem era o maior entre eles, a mostrar que os apóstolos ainda não tinham entendido que o Senhor Jesus deveria padecer para a salvação dos homens, apesar de o Senhor ter dito isto mais de uma vez para eles, como vemos em Lc.18:31-34.
– Após ter mostrado aos discípulos que a lógica que deveria reinar entre eles não era a do poder, mas a do serviço (Lc.22:24-27), o Senhor Jesus renovou as promessas messiânicas, dizendo a eles que lhes estava destinado o reino e que eles julgariam as doze tribos de Israel.
– Lucas registra aqui a grande misericórdia do Senhor Jesus. Como assinala o comentarista bíblico Matthew Henry: “…’Vocês são aqueles que ficaram ao Meu lado quando outros me abandonaram e voltaram as costas para mim’.
Cristo teve Suas tentações: Ele foi desprezado e rejeitado pelos homens, reprovado e ofendido, e suportou a contradição dos pecadores. Mas os Seus discípulos continuaram com Ele, e se afligiram com todas as Suas aflições.
Era apenas uma pequena ajuda que eles podiam prestar-lhe, ou um pequeno serviço que podiam realizar para Ele; apesar disto, Ele interpretou como um ato de bondade o fato de que permanecessem com Ele, e aqui Ele reconhece a sua bondade – embora fosse pela ajuda da Sua própria graça que eles tinham permanecido.
Os discípulos de Cristo tinham sido muito imperfeitos nos seus deveres. Nós os percebemos culpados de muitos enganos e muitas fraquezas: eles eram muito tolos e esquecidos, e frequentemente cometiam erros estúpidos. Mas ainda assim o seu Mestre ignora e Se esquece dos erros que cometeram; Ele não os censura pelas suas fraquezas, mas lhes dá este memorável testemunho: ‘Vós sois os que tendes permanecido comigo nas Minhas tentações’.
Assim Ele os elogia, ao Se separar deles, para mostrar o quão desejoso Ele está de fazer o melhor por estes corações que Ele sabe que são retos para com a Sua bendita Pessoa.…” (Comentário Novo Testamento Mateus-João edição completa. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p. 711).
– O Senhor Jesus é compassivo, que não leva em conta as nossas imperfeições, mas que considera a nossa manutenção ao Seu lado. Não somos perfeitos, mas precisamos escolher ficar do lado de Cristo. Este Senhor compassivo não considerará as nossas falhas, mas, sim, a nossa postura contra o pecado e em busca da aproximação cada maior a Ele. Lembremos disso, amados irmãos!
OBS: “…E agora, passando por alto os muitos defeitos de caráter que esses homens exibiram nessa mesma noite, o misericordioso Sumo Sacerdote os elogia pela fidelidade que haviam demonstrado ao longo de Suas muitas provações.…” (HENDRIKSEN, William. Lucas. Trad. de Válter Graciano Martins, v.2, pp.576-7).
– Tal afirmação de Jesus mostrava, claramente, que aquilo que estava profetizado no Antigo Testamento a respeito do reino do Messias iria se cumprir, mas não naquele instante. Lucas aqui nos faz lembrar, mais uma vez, o chamado “protoevangelho” (Gn.3:15), que já indicava que a vitória sobre o pecado e sobre a morte teria de passar pelo “ferimento do calcanhar”, pelo sofrimento, para só depois se ter o “esmagamento da cabeça da serpente”.
– O Senhor Jesus mostrava a Seus discípulos que eles, tendo sido escolhidos por Ele e se mantido com Ele durante todo o Seu ministério terreno, iriam, sim, participar do reinado do Messias, mas isto não se daria naquele momento.
Como afirma Beda (672-735): “…O alcançar o reino dos céus não é para aquele que começa a ter paciência, senão para aquele que persevera, porque a perseverança — que se chama constância ou fortaleza de espírito — deve estender-se a tudo e ser como o fundamento de todas as virtudes.
O Filho de Deus, pois, leva ao reino dos céus os que permanecem com Ele nas tentações e, como temos sido identificados com Ele na semelhança da morte, assim também devemos parecer com Ele na ressurreição…” (Cátena áurea. Lc.22:28-30. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c612.html Acesso em 13 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– Em seguida, o Senhor Jesus Se dirigiu a Pedro e lhe disse que Satanás havia pedido para cirandá-lo como trigo, mas que o Senhor havia intercedido para que a fé dele não desfalecesse, tendo, ainda, dito que quando ele se convertesse, confirmasse seus irmãos (Lc.22:31,32).
– “Cirandar com o trigo” era, como ensina William Hendriksen, “…O ato de peneirar o trigo se refere basicamente ao ato de sacudir repetida, rápida e violentamente o trigo na peneira.
Alguém – com frequência uma mulher – toma a peneira com ambas as mãos e passa a agitá-la vigorosamente de um lado para o outro, a fim de que a moinha venha à superfície. Então esta é lançada fora.
Em seguida, ela faz movimento giratório com a peneira, para um lado e para o outro, para baixo e para cima, soprando ao mesmo para que a moinha restante forme montes para poder tirá-la facilmente. Naturalmente, o propósito é guardar o trigo que então fica separado da moinha e de outras matérias indesejáveis.
O que Jesus está querendo dizer, pois, é isto: os discípulos também estão para ser submetidos a uma prova muito severa. Essa prova irá ocorrer naquela mesma noite, e provavelmente com bastante frequência depois ao longo da vida deles.…” (op.cit., p.579).
– Mais uma vez, Lucas, ao mesmo tempo que retrata a humanidade de Cristo, também mostra a Sua deidade. O Senhor mostra a Sua soberania, ao mostrar que Satanás havia pedido, ou seja, estava numa situação inferior a Deus, mas o Senhor, em toda a Sua humanidade, sabendo disto pela Sua deidade, roga como homem ao Pai para que isto não acontecesse.
Jesus apresenta-Se como o intercessor, Aquele que zela pela saúde espiritual de todos quantos estão dispostos a segui-l’O, como era o caso de Pedro.
– Mas, ao mesmo tempo que intercedia por Pedro, aqui chamado de “Simão”, seu nome primitivo, o Senhor Jesus dá um diagnóstico interessante: que Simão ainda não era convertido e que, quando se convertesse, deveria confirmar os seus irmãos.
– Parece incrível que Pedro, depois de três anos e meio acompanhando Jesus, ainda não fosse convertido. E o episódio da negação iria prova-lo. Jesus conhece os nossos corações (Jo.2:24,25), não se deixando levar por aparência. Pedro, talvez o mais intrépido dos discípulos, não havia ainda se convertido, mas iria se converter e, quando o fizesse, deveria confirmar os seus irmãos.
– Esta expressão de Jesus não dá base, como dizem os romanistas, para o Papado, para o chamado “ministério petrino”. Pedro ainda não era convertido, mas quando o fosse, deveria confirmar os seus irmãos. É uma atitude que não é reservada a um eventual líder da Igreja, mas, sim, a todos os crentes. Quem se converte deve ajudar os demais a ter a sua fé confirmada, como fica claro em Jd.21-23.
– Pedro, porém, ao ter esta informação, demonstra toda sua inconversão, pois como que refuta a afirmação do Senhor, dizendo que estava pronto a ir com Ele até à prisão e morte, ocasião em que Cristo lhe fala claramente que o galo não cantaria antes que três vezes Pedro negasse Jesus.
– Depois deste aviso a Pedro, o Senhor Jesus indica que, a partir daquele momento, os discípulos teriam de tomar a iniciativa. Como afirma William Hendriksen: “…Eles precisarão cultivar coragem num grau que nunca antes se esperou deles. Agora será necessário fazer provisão para as viagens missionárias, levando consigo bolsa e alforje.…” (op.cit., p.582).
Como diz João Crisóstomo (347-407): “…Assim como o que ensina a nadar põe as mãos debaixo dos discípulos ao princípio e os sustém com cuidado, mas depois vai Se separando deles e lhes ordena que vão seguindo e, ainda, alguma vez, lhes deixa que se afundem um pouco, assim o Senhor com Seus discípulos, no princípio os assistia, assim que experimentavam alguma necessidade, preparando-os para quando necessitassem com abundância…” (Cátena áurea. Lc.22:34-38. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c614.html Acesso em 13 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– Jesus volta, então, a dizer que seria contado com os malfeitores, que teria de cumprir aquilo que estava profetizado a Seu respeito, mas os discípulos, sem entenderem o que estava para ocorrer, apresentam ao Senhor duas espadas, como que querendo dizer que estavam prontos para iniciar a tomada de poder para o estabelecimento do reino messiânico, mostrando, assim, que não estavam entender coisa alguma do que o Senhor lhes estava a dizer.
Como afirma Fritz Rienecker: “…A resposta do Senhor ‘Basta!’ contém um sentido duplo. Ela pode referir-se às duas espadas, que são suficientes, mas também pode significar, em vista de todo o diálogo todo: Basta desse assunto, estou vendo que vocês não me entendem!…” (Lucas: comentário Esperança. Trad. de Werner Fuchs, p.286).
É o sentido que dá ao texto Teófilo, “in verbis”: “…Não quis o Senhor repreender a Seus discípulos porque não entendiam. Por isso, disse ‘Basta’. E os deixou. Como quando nós falamos a outro, se vemos que não nos compreende, dizemos: Está bem, deixa, não o molestemos.…” (Cátena áurea. Lc.22:34-38. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c614.html Acesso em 13 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
II – A PAIXÃO DE CRISTO SEGUNDO LUCAS
– Jesus começa, então, o processo de Sua paixão e morte. Vai para o Monte das Oliveiras, sendo seguido pelos discípulos. Ali chegando, mandou que os onze (Judas não estava entre eles) orassem para que não entrassem em tentação e, apartando-Se deles cerca de um tiro de pedra, também foi orar.
Jesus entendia que agora se iniciava a Sua solidão, precisava preparar-Se para os momentos sobremaneira angustiosos que Lhe aguardavam.
– Lucas mostra Jesus como um homem de oração, um homem perfeito, sem pecado, mas que sentia tudo quanto qualquer ser humano sentia. Sua deidade mostrava-Lhe que chegava o momento do sofrimento e da morte e, por isso, Sua humanidade recorria a Deus em oração, a fim de que pudesse se fortalecer.
– A natureza humana de Cristo, sem pecado, não podia aceitar a ideia da morte. Se nós, como pecadores, não temos como aceitar esta ideia, já que não fomos criados para morrer, como Jesus haveria de aceitá-la?
Por isso, há aqui um verdadeiro sacrifício da vontade. O Senhor Jesus, enquanto homem, pede ao Pai que, se possível, passasse d’Ele aquele cálice.
No entanto, como homem santo e perfeito, submetia a Sua vontade à vontade do Pai. Como ensina Ambrósio (337-397): “…é só como homem que recusa a morte, já que, como Deus, segue firme em Seu propósito.” ou, ainda, como Atanásio (296-373):
“Aqui manifesta que pede de dois modos: no sentido humano, que é carnal, e no sentido divino: a humanidade recusa padecer, porque é de carne; mas o amor de Deus o alenta para que sofra, porque não era possível prescindir-se da morte” (Cátena áurea. Lc.22:39-42. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c615.html Acesso em 13 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– Jesus entrava em agonia extrema, na maior angústia que um ser humano pode passar. Sua vontade era a de passar o cálice, pois, como não havia jamais pecado, não tinha por que morrer, mas o Pai queria que assim fosse. Jesus entra em estado de estresse extremo, a ponto de o Pai ter Lhe mandado um anjo para o confortar.
Sua agonia era tanta que gotas de sangue correram de seu rosto, algo que a medicina comprova ser o máximo de estresse que pode atingir uma pessoa humana.
– Diante de tamanha agonia, o Senhor orou mais intensamente, a nos indicar que não existe outro remédio para a angústia, para a agonia do que a oração, do que ir aos pés do Senhor.
– Jesus, então, levantando-se da oração, foi atrás dos discípulos que, em vez de orarem, como havia sido determinado pelo Senhor, estavam dormindo de tristeza. Jesus lhes repreende, dizendo que deveriam orar para não entrar em tentação, mas, assim que a repreensão se dá, surgiu uma multidão, guiada por Judas, para prender o Mestre.
– Judas o beijou e o Senhor, mostrando toda a Sua onisciência, interpreta este beijo como o sinal da traição. Faz uma interrogação: ‘Judas, com um beijo trais o Filho do homem?”.
Como bem afirma Ambrósio: “…Creio que falando por meio de interrogação se propõe corrigir ao traidor com o afeto de amigo” (Cátena áurea. Lc.22:47-53. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c617.html Acesso em 13 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol). Reafirma-se, assim, uma vez mais a compaixão do Salvador, mesmo em relação ao que O traía.
– Como diz João Crisóstomo, ao Se nomear como Filho do homem e não como Mestre, Senhor ou Benfeitor, Jesus revela aqui toda a Sua mansidão e humildade. É mais uma vez reforçada a humanidade de Cristo no evangelho escrito pelo médico amado.
– Diante de tal afirmação do Senhor, um dos discípulos, que Lucas não identifica, mas sabemos tratarse de Pedro, pela narrativa de Mateus, feriu o servo do sumo sacerdote, que, certamente, comandava a multidão, cortando-lhe a orelha direita, ocasião em que Jesus cura aquele homem, inibindo, deste modo, a reação violenta que se esboçava (Lc.22:47-53).
– Jesus, então, demonstrando ter o controle da situação, disse aos Seus inimigos que isto se dava porque havia chegado a hora deles e o poder das trevas, a indicar que Ele Se submetia à vontade do Pai.
– Jesus, então, é preso e levado à casa do sumo sacerdote, tendo Pedro o seguido de longe e, no meio do pátio do templo, Pedro acaba sendo confrontado por aqueles que ali estavam e o nega por três vezes, tendo, então, cantado o galo.
Lucas é o único que registra que Jesus olhou para Pedro após este fato, tendo, então, Pedro se lembrado das palavras proferidas pelo Senhor, saindo dali e chorado amargamente, ocasião em que efetivamente se converte (Lc.22:54-62).
– Este olhar de Jesus, o olhar compassivo, não o olhar reprovador, o olhar que promove a conversão, o arrependimento, é mais uma demonstração de como Lucas mostra ser Jesus Aquele que cura a alma do ser humano.
Como diz João Crisóstomo: “ Causa admiração o cuidado do Mestre que, ainda que estivesse preso, cuidava muito de Seu discípulo a quem levantou de tal modo, que o incitou a chorar…” (Homil. 82, in Joan. In: Cátena áurea. Lc.22:54-62. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c618.html Acesso em 13 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
Ou, ainda, como afirma Beda: “Olhar a alguém equivale a compadecer-se dele; porque não só quando se faz penitência, senão também para que possa fazê-la, é necessária a divina misericórdia (Cátena áurea, ibid.).
– Jesus, então, é ferido pelos homens que o haviam detido, que zombavam d’Ele (Lc.22:63). Teve Seus olhos vendados e O feriam no rosto, sendo blasfemado (Lc.22:64,65). O médico amado dá realce ao sofrimento físico do Messias, a mostrar quão humano era Ele.
– Lucas, então, mostra que Jesus foi levado ao Sinédrio, onde lhe é perguntado se Ele era o Cristo. O Senhor, então, responde que se Ele o dissesse, eles não o creriam, tendo também dito que se Ele vos perguntasse, não Lhe responderiam nem O soltariam. Vemos aqui mais um viés grego no evangelho de Lucas:
Jesus é apresentado como um homem com capacidade de argumentar, mas que resolve não fazê-lo pois sabia da inutilidade de tal atitude. É o homem sábio que uma vez mais é mostrado pelo médico amado.
– Por que Jesus Se cala? Assim responde Ambrósio: “É acusado o Senhor e Se cala porque não necessita de defesa. Desejam ser defendidos os que têm porque temer.
E não confirma a acusação porque se cala, senão que a despreza não a respondendo. O que poderia temer quem não se apega à vida? A salvação de todos exige a Sua morte para que dela brote a vida de todos” (Cátena áurea. Lc.23:1-5. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c620.html Acesso em 14 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– No entanto, Jesus faz uma solene declaração: ‘Desde agora o Filho do homem Se assentará à direita do poder de Deus’. Ante tal declaração, os membros do Sinédrio indagam de Jesus se Ele era o Filho de Deus e o Senhor diz que eles é que o estavam a dizer, momento em que, por isso, é ele considerado culpado pelos principais dos sacerdotes, escribas e anciãos do povo (Lc.22:63-71).
– Jesus, então, é levado a Pilatos, o procurador da Judeia, diante de quem é acusado de querer perverter a nação, proibindo de dar o tributo a César e Se dizendo rei (Lc.23:1,2). Como afirma Beda: ‘Assim se cumpria aquele vaticínio referente a Jesus que predissera a Sua morte (Lc.18:32): ‘Será entregue aos gentios’, isto é, aos romanos.
Porque Pilatos era romano e os romanos o haviam enviado a Judeia para que a regesse…” (Cátena áurea. Lc.23:1-5. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c620.html Acesso em 13 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– Pilatos, então, indaga Jesus se Ele era o rei dos judeus, tendo o Senhor Jesus respondido da mesma forma que respondera aos membros do Sinédrio acerca de Sua deidade, ou seja, dizendo que era Pilatos é quem o dissera.
Pilatos, então, pondera que não via culpa alguma em Jesus. Ante as acusações que se fizeram a respeito do ministério de Cristo, ao saber que Ele era da Galileia, Pilatos, então, O manda a Herodes, o tetrarca da Galileia.
OBS: Como afirma Beda: “O Senhor respondeu ao governador com as mesmas palavras com que havia respondido aos príncipes dos sacerdotes para que ele se condenasse pela própria sentença.” (Cátena áurea. Lc.23:1-5. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c620.html Acesso em 13 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol)
– Herodes, que há muito queria conhecer Jesus, fez-Lhe uma série de perguntas, mas Jesus permaneceu calado, a despeito das acusações que lhe faziam os principais dos sacerdotes e os escribas. Ante o silêncio de Cristo, Herodes O desprezou, escarneceu d’Ele, vestiu-O de uma roupa resplandecente e o devolveu a Pilatos, tendo, então, a partir daquele instante, havido a reconciliação entre Pilatos e Herodes, que eram, até então, adversários (Lc.23:8-12).
– Herodes queria há muito conhecer a Jesus, já que ouvira falar de Seus milagres durante o “Seu ministério galileu”. Esperava que Jesus fizesse algum sinal para ele, mas o Senhor não veio para satisfazer a curiosidade de quem quer que seja. Há, ainda, na atualidade, muitos “Herodes”, que somente crerão em Jesus se virem sinais.
Este era o comportamento típico dos judeus (Cf. I Co.1:22), que já havia sido rechaçado pelo Senhor durante o Seu ministério (Mt.12:38,39; Lc.11:29-32).
OBS: A este respeito, assim se expressa Gregório Magno (540-610): “Herodes quis comprovar a fama de Jesus Cristo, quando quis conhecer Seus milagres. Por isso está escrito: ‘E Herodes, quando viu Jesus, se alegrou’ “ (Moralium 10,30. In: Cátena áurea. Lc.23:6-12. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c621.html Acesso em 14 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
“Perguntado repetidas vezes, o Salvador Se calou, desprezando assim aqueles que desejavam ver Seus milagres. E, contendo interiormente Seu grande poder, repreende com o silêncio àqueles que só desejavam ver as coisas exteriores, deixando-os fora por serem ingratos e desejando ser desprezado pelos soberbos a ser louvado com palavras vãs dos que não creem.…” (Moralium 10,30. In: Cátena áurea, ibid.) (tradução nossa de texto em espanhol)
– “…Ao enviar-lhe o prisioneiro de volta, ele estava retribuindo a civilidade e o respeito a Pilatos; e este compromisso mútuo, com as mensagens que transitavam entre eles nesta ocasião, os levaram a um melhor entendimento entre si do que tinham tido recentemente, v. 12. Eles tinham estado em inimizade, provavelmente depois das matanças dos galileus, por Pilatos, pois os galileus eram súditos de Herodes (Lc 13.1), ou alguma outra questão de controvérsia, como normalmente ocorre entre os príncipes e grandes homens.
Observe como aqueles que brigavam entre si ainda conseguiram unir-se contra Cristo – da mesma maneira como Gebal, Amom, e Amaleque, que embora desunidos entre si, se aliaram contra o Israel de Deus, Salmos 83.7. Cristo é o grande pacificador; tanto Pilatos como Herodes reconheceram a sua inocência, e o fato de que estivessem de acordo quanto a isto sanou os seus desentendimentos em outras áreas.…” (HENRY. Matthew, op.cit., p. 720).
– De volta para Pilatos, o procurador da Judeia convocou os principais dos sacerdotes e reafirmou a inocência de Jesus, inclusive levando em conta que Herodes não O havia condenado também. Decidiu castigá-l’O e soltá-l’O, mas, como era necessário soltar um dos presos por ocasião da festa, ou seja, da Páscoa, pediu à multidão que decidisse quem deveria ser solto e a multidão escolheu Barrabás, que era um homicida e rebelde. Pilatos, mesmo assim, insistiu com a multidão, mas a multidão queria a crucifixão de Jesus.
O procurador da Judeia insistiu terceira vez, mas a multidão insistiu com veemência, de modo que Pilatos decidiu atender à multidão, entregando Jesus à vontade deles (Lc.23:13-25).
– Lucas mostra, assim, a irrazoabilidade da condenação de Jesus. A total falta de argumentos para condená-l’O, a prova de Sua inocência. Jesus é trocado por um criminoso reconhecido, um rebelde contra o próprio governo romano, um homicida, que pelo próprio governo de Roma é solto em detrimento daquele homem inocente, indevidamente acusado e contra O qual não se conseguiu qualquer prova de culpa.
OBS: “Jesus aparece inocente, segundo o testemunho de todos os homens. Os judeus que O acusavam não apresentavam testemunhas a que se pudesse dar crédito.
Veja-se, pois, como triunfa a verdade. Jesus Se cala e Seus inimigos falam por Ele. Os judeus gritam e nenhum deles dá razão de seu clamor” (TEÓFILO. Cátena áurea. Lc.23:13-25. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c622.html Acesso em 14 arb. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– Tal linha de narrativa tinha em vista precisamente mostrar aos gregos que Jesus, embora tivesse sido condenado, não deixava de ser o homem perfeito, Aquele que deveria ser seguido. Tudo não passou de cumprimento de profecias, de algo que o próprio Jesus já antecipara. O evangelista mostra, pois, como o Senhor tinha o pleno controle da situação e que Sua condenação era, sim, vontade divina. Não havia, pois, senão provas sobejas para que reconhecêssemos o Senhor como o Salvador do mundo.
– Jesus tinha sofrido muitíssimo: primeiro, uma agonia extrema no monte das Oliveiras; depois, havia sido ferido fisicamente tanto pelos soldados a serviço do Sinédrio, como pelos soldados de Pilatos e de Herodes.
Agora, após a Sua condenação, foi levado para ser crucificado. Não tinha mesmo condições físicas de suportar a cruz. Por isso, e Lucas é o único a dizê-lo, Seus algozes tomaram um certo Simão, cireneu, colocando a cruz às costas, para que a levasse após Jesus (Lc.23:26).
– “…Jesus também carregou Sua própria cruz (Jó 19.16, 17), porém não por muito tempo. O tremendo cansaço físico fez com que Lhe fosse impossível carregar a cruz por muito tempo .
Considere o que Ele já havia suportado nas últimas quinze horas: a atmosfera tensa no aposento superior, a traição de Judas, as agonias do Getsêmane, a deserção dos discípulos, a tortura de um julgamento totalmente hipócrita perante o Sinédrio, a zombaria no palácio de Caifás, a negação por parte de Seu discípulo mais proeminente, o julgamento perante um juiz injusto, a declaração da sentença de morte sobre Ele, a terrível experiência de ser açoitado e os sete abusos cometidos pelos soldados no pretório!
Humanamente falando, não surpreende que Ele ainda tenha conseguido levar a cruz até a uma certa distância? Quando Jesus sucumbiu debaixo de Sua carga, os legionários, exercendo seu direito de ‘requisição’ ou de ‘impor exigências’ ao povo, obrigaram Simão, certo cireneu ou homem de Cirene…’ (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.645).
“…’Puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus’ (v. 26), para que Jesus não desmaiasse sob o peso dela, e morresse, escapando assim às demais demonstrações de maldade que eles tinham em mente. Era um ato de piedade; porém uma piedade cruel, em forma de alívio.…” (HENRY, Matthew. op.cit., p. 721).
– Lucas, então, retrata outro aspecto que escapou aos demais evangelistas, qual seja, o do prantear de algumas mulheres, que O acompanhavam enquanto Ele caminhava para o lugar de Sua execução (Lc.23:27-32).
– “…Neste local foi intercalado um belo aspecto de genuína humanidade. O evangelho de Lucas, que é o que mais se refere às mulheres que estavam em contato com Jesus, narra aqui que o Senhor condenado à morte na cruz ainda tinha uma palavra de compaixão pelas filhas de Jerusalém.
Não há razão para identificar essas mulheres com as amigas da Galileia que mais tarde se encontram debaixo da cruz (Lc 23.49). As manifestações de comiseração feminina e humana das filhas de Jerusalém evidenciam claramente que os membros do Sinédrio e a multidão incitada, que expressavam com veemência a crucificação de Jesus, não deixaram que o verdadeiro sentimento do povo tivesse voz.
Jesus viu que a compaixão das mulheres não se referia na mesma medida aos dois outros condenados, mas somente a Ele. Por essa razão o Senhor não diz ‘Não choreis por nós’, mas: ‘Não choreis por mim!’ A terrível equiparação dos três condenados aconteceu somente por meio da ação dos carrascos.
Jesus dirige o olhar delas de si mesmo para o futuro delas por meio da comovente palavra: ‘Chorai por vós mesmas e por vossos filhos!’ Com certeza trata-se de uma alusão à imprecação dos judeus (Mt 27.25), cujo cumprimento também haveria de atingir os filhos dessas mulheres.
Jesus anuncia dias em que a mais sublime bênção conjugal será considerada maldição, quando a infertilidade e incapacidade de gerar filhos normalmente eram consideradas castigo de Deus (cf. Os 9.14). As mulheres estéreis e sem filhos deverão ser declaradas ditosas durante a punição sobre Jerusalém, porque não terão de presenciar o lamento e a desgraça de seus filhos, sofrendo sozinhas.
Quando o juízo de extermínio, anunciado por Oséias, se precipitar sobre Jerusalém, os moradores dessa cidade desejarão, por puro desespero, nas palavras daquele profeta, ser soterrados sob as montanhas que desmoronam, a fim de escapar do horror dessa punição (cf. Os 10.8).
Numa aplicação mais livre, essas palavras proféticas devem ser relacionadas com os horrores que precedem o juízo final (Ap 6.16). A vinda do terrível juízo de extermínio sobre Jerusalém é fundamentada por Jesus com a frase proverbial: ‘Se em lenho verde fazem isto, que será no lenho seco?’
Lenha verde e seca são ilustrações para os justos e injustos. Usando a metáfora do fogo que consome toda a lenha verde e seca, Ezequiel (Ez 40.47) descreve o juízo que há de se precipitar sobre Jerusalém, e ele explica a ilustração do aniquilamento de justos e ímpios (Ez 21.3). Jesus, que será crucificado como um reles criminoso, compara-se com a lenha verde.
A população de Jerusalém, na medida em que depende da liderança dos maiorais de seu povo, iguala-se cada vez mais à madeira seca com que se alimenta o forno, i. é, ela amadurece para o juízo.…?” (RIENECKER. Fritz. op.cit., p.297).
III – A CRUCIFIXÃO DE JESUS
– Jesus chegou, então, ao lugar chamado a Caveira, onde O crucificaram, bem como aos malfeitores que foram levados com Ele, tendo Ele sido posto no meio e um malfeitor de cada lado (Lc.23:32,33).
– A primeira palavra de Jesus proferida naquele lugar de execução foi um pedido de perdão ao Pai a todos quantos haviam contribuído para que Ele ali estivesse (Lc.23:34). É a demonstração da imensa misericórdia do Senhor, a reafirmação de que o homem perfeito amava até mesmo os Seus inimigos! Temos imitado a Cristo neste ponto? Pensemos nisso!
– É dito, então, pelo médico amado que repartiram suas vestes e lançaram sortes sobre ela. A última coisa que havia restado ao Messias, as Suas vestes, eram agora transformadas em “comissão” para os Seus algozes. Jesus Se despojava de tudo, absolutamente tudo, para nos salvar. Era o homem perfeito que se entregava por amor de toda a humanidade.
– O povo apenas estava olhando. Como afirma, Matthew Henry, “…nem um pouco preocupado, mas satisfeito com o espetáculo…” (op.cit., p. 723). Os príncipes dos sacerdotes, entretanto, jubilosos por terem alcançado o seu intento (Cf. Lc.22:2), passaram a zombar d’Ele, dizendo que havia salvado os outros mas não era capaz de salvar-Se a Si próprio, desafiando-O para que comprovasse ser o Cristo, o escolhido de Deus, através de um ato de autossalvação (Lc.23:35).
– Este relato de Lucas mostra como Jesus continuava a ser tentado pelo diabo, que, uma vez mais, queria despertar no Senhor um sentimento de autocomiseração, assim como operara na tentação do deserto.
Jesus é convidado novamente a tomar uma atitude espetacular, a Se livrar daquela pena que não era a Sua, mas, pouco antes, no Getsêmane, Jesus já havia sacrificado a Sua vontade e, portanto, de nada adiantava aquela tentativa do inimigo de tentar dissuadi-l’O do cumprimento da vontade do Pai.
– Além dos príncipes dos sacerdotes, que escarneciam de Cristo por ter dito ser o Messias, também os soldados romanos d’Ele também zombavam, dizendo que se Ele era o rei dos judeus, deveria salvar-Se a Si mesmo, inclusive, oferecendo-Lhe vinagre, para que sentisse menos dor.
Aliás, esta era a inscrição que se encontrava sobre a cruz, em língua hebraica, romana e grega: ‘Este é o Rei dos judeus’. “…Aquele que estava na Cruz era o Rei dos Judeus! Bem humilhado, sem dúvida, porque um malfeitor pendurado a Seu lado podia ultrajá-l’O.
Mas fora colocado lá por amor, para a salvação presente e eterna das almas, como se manifesta no preciso momento.…” (DARBY, John Nelson. Estudos sobre a Palavra de Deus: Lucas-João. Trad. de Dr. Martins do Vale, p.129).
– “…Não Se salvando a Si mesmo, senão salvando a Suas criaturas era como queria o Senhor ser reconhecido como Salvador: ao médico não se chama deste modo quando se cura a si mesmo, senão quando cura aos demais. Deste modo é considerado o Senhor como Salvador, já que Ele não necessitava de salvação.
Tampouco queria ser reconhecido como tal descendo da cruz, senão morrendo; muito maior é o mérito da morte do Salvador, com respeito aos homens, que se tivera descido da cruz” (ATANÁSIO. Orat in pasionem vel in crucem domini. In: Cátena áurea. Lc.23:34-47. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c625.html Acesso em 14 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– As palavras injuriosas não provinham apenas da multidão e dos soldados, mas, também, até mesmo de um dos malfeitores que sofriam com Ele a mesma pena.
Entretanto, a esta injúria de um dos malfeitores, vem a afirmação do outro malfeitor que, confessando a sua culpa, atesta a inocência de Jesus, pedindo, então, que o Senhor Se lembrasse dele quando entrasse no Seu reino. Jesus, então, imediatamente perdoou aquele homem e disse que naquele mesmo dia estaria este homem no Paraíso com Ele (Lc.23:3943).
– Jesus apresenta-Se compassivo uma vez mais. Ante o pedido de perdão daquele malfeitor, não pestaneja em acolhê-l’O e a mostrar que tinha o pleno controle da situação, apesar de toda aflição e sofrimento. Sabia que, naquele mesmo dia, inauguraria o Paraíso, venceria a morte e levaria os justos do seio de Abraão ao Paraíso (Ef.4:8-10; I Pe.4:6).
Aquele malfeitor confesso não era ruim demais para não herdar os céus. Para isto bastava que reconhecesse Jesus como o Messias, o que fez a despeito de todas as circunstâncias adversas que contribuíam para um juízo diametralmente oposto.
OBS: “Dá-se nisto um admirável exemplo de verdadeira conversão, por isso se concede de pronto ao ladrão o perdão de suas culpas. O Senhor o perdoa prontamente, porque prontamente se converteu: a graça é mais poderosa que a súplica.
O Senhor sempre concede mais do que se Lhe pede: o ladrão só pedia que se lembrasse dele, mas o Senhor lhe diz o que segue: ‘Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso’.
A vida consiste em habitar com Jesus Cristo e onde está Jesus Cristo, ali está Seu reino” (AMBRÓSIO. Cátena áurea. Lc.23:38-43. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c626.html Acesso em 14 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– Lucas mostra aqui como a justificação pela fé em Cristo é a única forma pela qual podemos ingressar na eternidade com Deus. Pouco importa o que tenhamos feito ao longo de nossa peregrinação terrena: no instante mesmo do término de nossa existência, temos de estar certos de que Jesus é o Cristo e que precisamos nos arrepender dos nossos pecados e pedir perdão deles, utilizando o Senhor Jesus como único e suficiente Salvador. Temos esta consciência?
– Isto se deu por volta do meio-dia e, em vez de o sol ficar a pino, o que ocorreu foram trevas, que duraram até por volta das quinze horas (Lc.23:44).
A natureza mostrava o aspecto sombrio do que estava a se passar. A natureza confirmava a deidade de Cristo, ao mesmo tempo que confirmava o grande sofrimento do homem Jesus para fazer a vontade do Pai. Como diz Cirilo (313-386): “Depois que crucificaram o Senhor de todos, a obra do universo chorava seu próprio Senhor e escureceu ao meio-dia, segundo Amós (Am.8:9)…” (Cátena áurea. Lc.23:44-46. Disponível em: http://hjg.com.ar/catena/c627.html Acesso em 14 abr. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
OBS: “…A escuridão significou juízo, o juízo de Deus sobre os pecados. Esse castigo foi levado por Jesus, de modo que ele, como nosso substituto, sofreu a mais intensa agonia, a mais indescritível dor, um terrível isolamento ou abandono. Nesse dia o inferno chegou até o Calvário, e o Salvador desceu até ele e tomou seus horrores em nosso lugar.…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p. 661).
– Em meio àquelas trevas, por volta das quinze horas, horário do sacrifício contínuo do cordeiro no templo, o sol se escureceu e o véu do templo rasgou-se ao meio, tendo, então, clamado Jesus com grande voz: “Pai, nas Tuas mãos entregue o Meu espírito”, tendo, então, expirado ao dizer isto (Lc.23:46).
– Lucas narra apenas três palavras da cruz e duas delas são orações intercessórias e uma, resposta a uma oração. É o homem de oração enfatizado pelo médico amado. É o homem compassivo retratado pelo evangelista.
– A manifestação da natureza e os dizeres finais do Senhor Jesus fizeram com que o centurião romano que comandava a execução reconhecesse que aquele homem era justo, tendo, então, dado glória a Deus (Lc.22:47).
– A multidão, porém, ao ver aquele espetáculo, bateu nos peitos. “…Isso não é difícil de se compreender. Pense no que essa gente havia presenciado, ouvido e experimentado. Foram três horas de trevas, o terremoto, o partir de rochas, a abertura de túmulos.
A isso acrescente-se a conduta de Jesus, inclusive suas palavras de confiança no Pai celestial e as de perdão para os homens. Além disso, muitas dessa pessoas teriam sido dominadas por um profundo senso de culpa. Teriam dito repetidas vezes a si mesmas: “Nós fizemos isso”.
E nisso elas tinham toda razão (At 2.36; lTs 2.14, 15). Portanto, ao regressar à cidade, começaram a bater no próprio peito num ato de autorrecriminação. Em conexão com isso, veja Lucas 18.13; 23.27. Lenski expressa de forma admirável o sentimento deles: ‘Tinham ido para ver um espetáculo; e se vão com sentimentos de pesar’.…( HENDRIKSEN, William. op.cit., p. 664).
– Jesus morria, mesmo sem ter culpa, por toda a humanidade, humanidade esta minuciosamente relatada por Lucas. Jesus, assim, cumpria a vontade do Pai, sem jamais deixar de ter o pleno controle da situação, sem que tivesse alguém visto n’Ele qualquer culpa.
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
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