LIÇÃO Nº 12 – A RECIPROCIDADE DO AMOR CRISTÃO
Devemos amar uns aos outros como Jesus nos amou.
INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo da carta de Paulo aos filipenses, veremos o relacionamento de amor que havia entre o apóstolo e a igreja em Filipos, descrita em Fp.4:10-13.
– O amor de Deus que é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo faz-nos também amar o próximo.
I – O AMOR QUE O APÓSTOLO PAULO DEMONSTROU EM RELAÇÃO AOS CRENTES DE FILIPOS
– Temos visto ao longo deste trimestre, em especial na primeira lição, como era o relacionamento entre o apóstolo Paulo e a igreja em Filipos, um relacionamento de profundo amor, amor que era recíproco, ou seja, um amor que vinha década uma das partes e era correspondido pela outra.
– Sabemos já que o apóstolo Paulo foi movido de amor quando, após ter tido a visão do varão macedônio, de pronto resolveu ir para Filipos, a porta de entrada da Macedônia naquele tempo, para pregar o Evangelho àquele povo, atendendo, assim, ao chamado do Espírito Santo (At.16:9,10).
– É verdade que o apóstolo Paulo resolveu ir a Filipos por conta da visão celestial recebida, sendo, assim, obediente à orientação divina, mas, além da obediência ao Senhor, havia, também, o amor às almas perdidas. Percebamos que o Senhor, ao dar a visão a Paulo, fez com que o varão macedônio dissesse: “Passa à Macedônia e ajuda-nos”. Ou seja, o Senhor sabia que o coração de Paulo era o coração de um verdadeiro cristão, de alguém que tem compaixão pelas almas perdidas, que quer ajudar o próximo a encontrar o caminho para o céu, para a vida eterna.
– Este sentimento do apóstolo foi explicitado na sua carta aos coríntios, pois ele sentia a obrigação de pregar o Evangelho, pois para isto havia sido salvo (I Co.9:16). O apóstolo sentia a mesma compaixão que tinha o Senhor Jesus pelas almas perdidas (Mt.9:36; Mc.6:34).
– Paulo foi a Filipos porque queria ajudar os filipenses, pregando-lhes o Evangelho. Era sempre este o seu objetivo, o seu desiderato em seu ministério. Paulo fora chamado para evangelizar (I Co.1:17) e sentia esta responsabilidade, tanto que, para que não resistisse a ficar um tempo mais longo em Corinto, teve o Senhor de dizer-lhe que isto era necessário pois havia ali muitas almas para ser salvas (At.18:9,10).
– Por isso, na primeira oportunidade que teve, quando, num dia de sábado, queria ter um lugar para a oração, pregou o Evangelho às mulheres que encontrou ali lavando roupa à beira do rio Gangites. Este gesto, totalmente inusitado para um judeu ou para alguém com formação na cultura greco-romana, é revelador do amor que invadia o coração do apóstolo, que não se preocupou com conceitos culturais, mas quis, assim que pôde, pregar o Evangelho.
– Assim também precisamos agir, amados irmãos. Devemos entender que é nossa a obrigação de pregar o Evangelho por todo o mundo a toda criatura (Mc.16:15), pois temos de ter o mesmo sentimento de Cristo, ou seja, sentir compaixão pelas almas que estão caminhando para a perdição eterna, esforçando-se sempre por arrebatar alguns do fogo e enxofre que lhes espera (Jd.22,23).
– Paulo demonstrou este amor pelos filipenses, tanto que, desde o primeiro dia, esforçou-se para pregar o Evangelho naquela cidade e, mesmo tendo ficado pouco tempo naquela cidade, pôde deixar uma congregação na casa de Lídia, abrindo um trabalho que lhe foi sustentáculo durante todo o restante de seu ministério.
– Paulo demonstrou seu amor, também, quando, mesmo sendo admoestado pelos magistrados a deixar a cidade, não tê-lo feito antes de confortar os irmãos, firmando-os na fé (At.16:40), prova de que sua prioridade não era sequer a sua integridade física ou a sua liberdade, mas, sim, o bem-estar daqueles que haviam crido em Cristo Jesus naquela cidade.
– Outra demonstração do amor de Paulo para com os crentes de Filipos é a própria epístola que estamos a estudar. Paulo, ao saber do estado de desânimo que havia entre os filipenses por causa da sua prolongada prisão (que já perdurava cerca de cinco anos desde quando fora o apóstolo preso em Jerusalém), não querendo que houvesse o desfalecimento da fé por parte daqueles crentes, resolveu não só escrever esta carta que estamos a estudar, como também, antes que pudesse ir até Filipos, enviar Epafrodito (que era o portador da carta) como também Timóteo.
– Apesar de estar preso e passando por necessidades, inclusive econômico-financeiras, o apóstolo ficou preocupado com a saúde espiritual dos crentes de Filipos, não querendo, em hipótese alguma, que a sua prisão prolongada pudesse de algum modo prejudicar a salvação daqueles crentes.
– Assim, o fato de ter sido tocado para escrever esta carta, na qual procurava transmitir a alegria espiritual de que desfrutava àqueles crentes, mostra claramente que o apóstolo amava aqueles irmãos e que tencionava que eles pudessem persistir numa vida espiritual elevada que os havia caracterizado até então.
– Paulo mostra, assim, que era, realmente, portador do amor divino, este amor que ele havia descrito aos coríntios em sua primeira carta àquela igreja, no seu capítulo 13, onde temos a mais explícita descrição do que é o amor divino, o amor cristão.
II – O AMOR QUE OS CRENTES DE FILIPOS DEMONSTRARAM EM RELAÇÃO AO APÓSTOLO PAULO
– Mas não foi apenas o apóstolo Paulo quem amou os crentes de Filipos. Na verdade, os crentes de Filipos, e o apóstolo Paulo o reconhece, havia desde o primeiro dia ajudado o apóstolo Paulo em suas necessidades, havia demonstrado, também, seu amor para com o apóstolo (Fp.1:5).
– Assim é que, já no primeiro dia em que Paulo pregou o Evangelho em Filipos, já foi ajudado. Com efeito, Lídia, a primeira mulher a se converter naquela pregação, assim que se converteu levou o apóstolo e seus companheiros à sua casa, dando-lhe não só hospedagem, mas também um local para a realização dos cultos, uma sede para aquela nova igreja local (At.16:15,40).
– Lídia, portanto, demonstrou ter realmente recebido o amor de Deus em seu coração pelo Espírito Santo, vez que, incontinenti, procurou fazer o bem ao apóstolo e a seus companheiros, dando-lhes um teto, algo absolutamente necessário para que o apóstolo pudesse prosseguir na sua obra evangelística em Filipos.
– Mas não foi apenas Lídia quem demonstrou amor para com os filipenses. O carcereiro de Filipos, assim que se converteu, também demonstrou imenso amor pelo apóstolo, levando-o para a sua casa, em plena madrugada, a fim de lavar-lhe os vergões decorrentes dos açoites que havia sofrido antes de ser levado para o cárcere (At.16:33).
– Tanto num caso quanto no outro, temos uma demonstração genuína do amor cristão, pois foram atitudes desinteressadas e que, num ponto-de-vista humano, poderiam causar algum embaraço para os que as praticaram. Que se poderia dizer de Lídia por ter levado homens estranhos para a sua casa? Que se poderia dizer do carcereiro que levou prisioneiros para a sua casa para cuidar-lhe as feridas? No entanto, nem Lídia nem o carcereiro levaram em conta as consequências humanas de seus gestos, pois estavam movidos pelo Espírito Santo, amando o próximo e procurando fazer-lhe bem sem sequer pensar em si mesmos.
– Mas este amor demonstrado por Lídia e pelo carcereiro não ficou apenas nestas duas vidas, mas passou a ser uma atitude de toda a igreja dos filipenses. Com efeito, já em Tessalônica, a primeira cidade em que Paulo parou depois de ter deixado Filipos (At.17:1), os crentes de Filipos já mandaram ao apóstolo ajuda para a sua manutenção (Fp.4:15,16), atitude que continuariam a fazer rotineiramente desde então, inclusive mandando Epafrodito para Roma a fim de suprir as necessidades do apóstolo (Fp.4:18).
– A igreja de Filipos foi tomada de um profundo amor pelo apóstolo Paulo e sem que este tivesse pedido, sempre estava disposta a ajudar o apóstolo no dia-a-dia do seu ministério, não só em termos materiais, mas, também, em termos espirituais, visto que os filipenses não só mandavam recursos financeiros como também procuravam dar ao apóstolo o devido consolo e conforto, que se constitui, também, em inegável demonstração do amor cristão.
– É este amor que o apóstolo faz questão de reconhecer na sua carta, quando, em Fp.4:10, faz questão de dizer que estava alegre, havia se regozijado em sempre ser lembrado pelos filipenses, querendo, inclusive, justificar-se que não havia antes externado tal alegria porque não tinha tido antes oportunidade.
– Temos aqui a nona alegria da carta de Paulo aos filipenses, a chamada “alegria de receber donativos”. “…Paulo relembra com gratidão as inúmeras vezes que os irmãos de Filipos o tinham ajudado financeiramente. Tantas vezes nas suas viagens missionárias ele recebia auxílio dos irmãos amados, e agora, estando preso, mandam-lhe um mensageiro, Epafrodito, para servir a Paulo na prisão, mas não o mandam de mãos vazias! Ele leva consigo uma oferta, donativo de amor da parte dos irmãos filipenses.
Paulo tem esta oferta “como cheiro suave, como sacrifício agradável e aprazível a Deus” (v.18). Notemos de passagem que os dízimos, as ofertas, as coletas especiais – tudo isso na igreja local, não é transação comercial, muito menos um imposto, mas faz parte do ministério sacerdotal de todo crente: é sacrifício aceitável que se oferece a Deus, é oferta da sementeira, é o aroma suave que agrada a Deus. E traz tanta alegria a tanta gente, como foi no caso de Paulo. Eu lhe pergunto: sua igreja local tem plano missionário, investimento para suprir as necessidades dos missionários e as de sua família, daqueles que levam ‘a preciosa semente, andando e chorando…’, os quais voltarão ‘com cânticos de alegria, trazendo consigo os seus molhos’? (Sal. 126.6).
Quantos benefícios espirituais recebem aqueles que ofertam com alegria na obra missionária! Muitos são ofertantes anônimos, mas que ofertam fielmente sabendo de antemão, que, ‘no Senhor, o vosso trabalho não é vão’ (I Cor.15.58). Muito obrigado, de coração, a todas aquelas Igrejas locais e aos irmãos e irmãs muitos deles até anônimos, que têm orado e ofertado generosamente em nosso benefício, para o nosso tão necessário sustento e o de minha modesta família, pois sem este ‘cheiro suave, como sacrifício agradável e aprazível a Deus’, não poderíamos continuar dando tempo integral à obra missionária que o Senhor Deus nos tem confiado. Muito obrigado!…” (SENA NETO, José Barbosa de. Carta aos filipenses, a carta da alegria! Disponível em: http://prbarbosaneto.blogspot.com.br/2008/01/carta-aos-filipenses-carta-da-alegria.html Acesso em 29 jul. 2013).
– Lembrar de alguém é demonstração do amor de Deus na vida de um cristão. Deus não Se esquece de nós, porque nos ama e nós devemos, como portadores do amor divino, também não nos esquecermos dos nossos irmãos. Que tristeza dizermos sermos cristãos e nos esquecermos daqueles que nos cercam, daqueles que estão à nossa volta. Devemos evitar sermos atingidos pela “globalização da indiferença” que têm caracterizado o mundo sem Deus e sem salvação.
OBS: Esta expressão, “globalização da indiferença”, foi cunhada pelo atual chefe da Igreja Romana, Francisco, que a tem utilizado em alguns de seus pronunciamentos, como, por exemplo, em uma homilia que proferiu em Lampedusa, na Itália, local onde morreram muitos imigrantes que procuravam chegar da África a Itália em embarcações improvisadas. Eis o trecho da homilia mencionada: “…A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros, faz-nos viver como se fôssemos bolas de sabão: estas são bonitas mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa!
Reaparece a figura do “Inominado” de Alexandre Manzoni. A globalização da indiferença torna-nos a todos “inominados”, responsáveis sem nome nem rosto. “Adão, onde estás?” e “onde está o teu irmão?” são as duas perguntas que Deus coloca no início da história da humanidade e dirige também a todos os homens do nosso tempo, incluindo nós próprios. Mas eu queria que nos puséssemos uma terceira pergunta: “Quem de nós chorou por este facto e por factos como este?” Quem chorou pela morte destes irmãos e irmãs? Quem chorou por estas pessoas que vinham no barco? Pelas mães jovens que traziam os seus filhos? Por estes homens cujo desejo era conseguir qualquer coisa para sustentar as próprias famílias? Somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de “padecer com”: a globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar!…” (“A globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar”. O discurso de Francisco em Lampedusa. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/521786-qadao-onde-estas-caim-onde-esta-o-teu-irmao-o-discurso-de-francisco-em-lampedusa Acesso em 29 jul. 2013) (destaque original)
– Não podemos agir como o copeiro-mor da corte de Faraó que, beneficiado por José, não se lembrou dele quando recuperou sua posição (Gn.40:23), gesto que o próprio copeiro-mor, dois anos depois, quando a corte estava alvoroçada pelo sonho de Faraó, ter sido tal esquecimento um pecado (Gn.41:9). Se um homem que não conhecia a Deus, como o copeiro-mor, entende que seu esquecimento do próximo, ainda que um reles prisioneiro estrangeiro como era José, tratou-se de um pecado, que podemos dizer de nós quando nos esquecemos do próximo, tendo conhecido a Deus e a Seu Filho Jesus Cristo? Pensemos nisto!
– Paulo estava alegre pelo simples fato de ser lembrado pelos filipenses. Não era uma alegria decorrente do recebimento de recursos econômico-financeiros, pois Paulo não era materialista, nem procurava ajuntar tesouros na terra. Não, não e não! Sua alegria consistia em ser lembrado pelos filipenses, sabendo que eles, muito mais do que mandar donativos, estavam interessados em cooperar com seu trabalho evangelístico, em ser participante de sua graça, tanto nas suas prisões como na sua defesa e confirmação do evangelho (Fp.1:5-7).
– Paulo sabia que os filipenses não só o auxiliavam materialmente, como também tinham sido sempre seus companheiros nos momentos de dificuldades, mandando sempre pessoas para confortá-lo e consolá-lo na prisão, sem falar na intercessão que faziam por ele nas suas orações para que ele pudesse ser solto. Por isso mesmo, o apóstolo também não se esquecia dos filipenses em suas orações (Fp.1:4).
– Eram estas atitudes dos filipenses para com o apóstolo e do apóstolo para com os filipenses que permitiam a Paulo dizer que havia entre eles uma “entranhável afeição de Jesus Cristo”. Será que podemos repetir isto com relação aos que nos cercam?
III – A NATUREZA DA ALEGRIA DE PAULO EM RELAÇÃO AO AMOR DEMONSTRADO PELOS CRENTES DE FILIPOS
– Quando o apóstolo já está concluindo a epístola, apresentando os agradecimentos e fazendo as suas considerações finais, diz que muito se regozijou no Senhor a lembrança dos filipenses a respeito dele e a oportunidade de demonstrá-lo atrás do envio de Epafrodito.
– O apóstolo, porém, ao falar desta alegria, quis deixar claro que não estava feliz por causa das ofertas que havia recebido dos filipenses, porque “…já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas n’Aquele que me fortalece.” (Fp.4:11b-13).
– Como se pode verificar, portanto, estas “todas as coisas” de que fala o apóstolo não é bênção sobre bênção, como dizem os triunfalistas, mas, sim, tanto abundância, quanto necessidade; tanto fartura, quanto fome. Paulo havia aprendido da parte de Deus a passar por todas as coisas e suportá-las. Paulo havia aprendido, inclusive, a passar fome, se isto fosse a vontade do Senhor.
– O apóstolo era alguém desapegado às coisas materiais, como já deixara claro nesta mesma epístola, ao dizer que seu objetivo, seu alvo era a “ressurreição dos mortos” (Fp.3:11).
– Naturalmente que o apóstolo não era ingrato e, por isso, estava alegre em saber que os filipenses se preocupavam com o seu bem-estar material, mas sabia muito bem que também os filipenses não eram materialistas, como o demonstrou Epafrodito, que chegou mesmo a ficar doente para poder suprir o necessário ao apóstolo (Fp.2:27-30).
– A alegria de Paulo em ser lembrado pelos filipenses era muito mais profunda do que o contentamento de alguém que via supridas as suas necessidades. Tratava-se da constatação de que os crentes de Filipos eram, verdadeiramente, pessoas convertidas, pessoas salvas, tanto que estavam dispostas a ajudar o apóstolo, independentemente das circunstâncias.
– A alegria de Paulo não era a de apenas “receber donativos”, mas de ver que o fruto do Espírito era produzido entre os crentes de Filipos (Gl.5:22), que eles manifestavam ter verdadeiro amor, o amor de Deus derramado em seus corações pelo Espírito Santo (Rm.5:5).
– Com efeito, como iria ensinar mais tarde em uma de suas epístolas o apóstolo João, a mais concreta manifestação do amor de Deus em nossos corações é o amor que devotamos ao próximo. “Conhecemos a caridade nisto: que Ele deu a Sua vida por nós e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem pois tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele a caridade de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade. E nisto conhecemos que somos da verdade, e diante d’Ele asseguraremos nossos corações;” (I Jo.3:16-19).
– As palavras de João ressoam como “radicais” e “extremamente duras” para muitos que, em nossos dias, vivem a já mencionada “globalização da indiferença”, que professam um Cristianismo “ensimesmado”, que, como disse o atual chefe da Igreja Romana, quando ainda cardeal, nas reuniões preparatórias do conclave que o elegeu, é a manifestação de uma “igreja mundana” , “…que vive em si própria, de si própria e para si própria” (apud GAMA, Rinaldo. Retórica da honestidade. Veja, edição 2332, ano 46. n. 31, 31 jul, 2013, p.62).
– Paulo temia que os filipenses viessem a ter um comportamento desta natureza, tanto que, ao mostrar o exemplo de seu filho na fé, Timóteo, fez questão de ressaltar que aquele jovem obreiro tinha o mesmo sentimento de Paulo e dos próprios filipenses, pois buscava aquilo que é de Cristo Jesus e não o que era seu (Fp.2:20,21).
– O verdadeiro amor cristão é desinteressado (I Co.13:5), não está atrás dos seus interesses, mas está pronto a tudo sofrer, a tudo crer, a tudo esperar e a tudo suportar (i Co.13:7).
– É, precisamente, por este motivo que o apóstolo aponta, logo após ter mencionado que estava alegre em ser lembrado pelos filipenses, a sua décima alegria nesta carta (que é também a última), que é o contentamento com o que se tem (Fp.4:11). Paulo disse que havia aprendido a se contentar com o que tinha, mesmo que estas posses fossem insuficientes para o seu sustento.
– Como afirma Charles Spurgeon em um sermão onde tratou precisamente deste contentamento de Paulo (sermão que foi traduzido e publicado no Portal Escola Dominical, disponível em http://www.portalebd.org.br/classes/jovens-e-adultos/item/1036-ap%C3%AAndice-4-contentamento-um-serm%C3%A3o-de-charles-spurgeon ), este contentamento não é algo que nasça naturalmente do homem, mas o apóstolo disse tê-lo aprendido, prova de que somente uma vida de comunhão com Deus poderia produzi-lo, por ação do Espírito Santo.
– Contentar-se com o que se tem é algo que vem de uma comunhão com Deus, pois a natureza pecaminosa do homem é tendente à ganância e à insatisfação, à insaciedade, pois existe na carne aquela “sanguessuga” que gera as suas duas filhas: “dá, dá”(Pv.30:15).
– O proverbista também diz que “os olhos do homem nunca se satisfazem” (Pv.27:20) e “aquele que tem um olho mau corre atrás das riquezas” (Pv.28:22). Portanto, o contentamento de Paulo manifesta, claramente, que a alegria que tinha em ser lembrado pelos filipenses não era de ordem material, nem refletia um materialismo que, infelizmente, está presente na vida de muitos obreiros que se dizem cristãos em nossos dias.
– O amor de Paulo era amor a Deus e, por isso mesmo, não poderia ser amor às riquezas, pois quem serve a Deus não pode servir às riquezas (Mt.6:24), outra afirmação bíblica que é por muitos deixada de lado em nossos dias, visto que leva a muitos incômodos por parte de alguns que não estão a viver a verdadeira e genuína fé cristã.
– Paulo tinha aprendido a se contentar com o que tinha, e, por isso mesmo, havia aprendido a estar abatido, tanto quanto a ter abundância; havia sido instruído, ensinado pelo Espírito Santo tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância como a padecer necessidade (Fp.4:12).
– Paulo demonstra aqui uma libertação de todas as circunstâncias desta vida. Estava aqui para cumprir a vontade do Senhor e considerava que Deus, como sendo o Soberano do Universo, podia muito bem querer que ele passasse por necessidades, se isto fosse representar crescimento espiritual para o apóstolo.
– Antes mesmo de ser preso em Jerusalém, quando ainda se preparava para viajar para a capital dos judeus a fim de levar ajuda aos crentes pobres da Judeia, vemos que o apóstolo já havia aprendido esta lição, já que havia escrito aos crentes de Roma que todas as coisas contribuíam juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados pelo Seu decreto (Rm.8:28).
– Quem ama a Deus é porque recebeu, antes, o amor de Deus em seu coração (I Jo.4:19) e, portanto, possui um amor totalmente abnegado, desinteressado e que é capaz de tudo suportar, sabendo que as aflições do tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada (Rm.8:18).
– Muitas das vezes as circunstâncias adversas nos sobrevêm precisamente para que possamos manifestar aos outros este amor de Deus que se encontra em nossos corações. Assim como alguns produtos somente exalam o seu aroma precioso quando são devidamente amassados, triturados e moídos, também, por vezes, somente quando passamos por tribulações e severas adversidades é que exalamos o amor de Deus que se encontra em nosso interior, que demonstramos o “bom cheiro de Cristo” que somos (II Co.2:15).
– Paulo era extremamente agradecido pela ajuda que recebia dos filipenses desde o primeiro dia em que começara a evangelizar aquela cidade, mas fazia questão de mostrar aos crentes de Filipos que o amor de Deus está acima de benesses materiais ou de uma filantropia, pois ele já aprendera a se contentar com o que possuía.
– Este aprendizado Paulo não quis que ficasse apenas para si. Aqui ensina os filipenses a que o imitassem, também tendo o mesmo contentamento. A Timóteo, também, daria o mesmo ensino, pouco depois, ao ensinar seu filho na fé de que “é grande ganho a piedade com contentamento, porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e com que nos cobrimos, estejamos com isso contentes” (I Tm.6:6-8). Que importante lição para aprendermos em meio a um mundo cada vez mais materialista e ganancioso!
– Ainda fazendo menção ao sermão de Charles Spurgeon, é importante deixarmos aqui registrado que este contentamento não abrangia apenas as circunstâncias adversas. O apóstolo fez questão de deixar consignado que também aprendera a se contentar com o que tinha nos instantes de opulência, de fartura e de abundância.
– Como afirma o príncipe dos pregadores britânicos, “…Esta segunda parte do conhecimento é igualmente valiosa: ‘Sei ter abundância’. Há uma grande quantidade de homens que sabem um pouco como ser abatidos, mas não sabem de modo algum ter abundância. Quando eles são postos na cova com José, eles olham para cima e veem a promessa iluminada e a esperança por um escape. Mas, quando são postos no topo do pináculo, suas mentes ficam perturbadas e eles estão prontos a cair.…” (Contentamento – um sermão de Charles Spurgeon. end. cit).
– Contentar-se com o que se tem, quando se tem pouco ou o insuficiente, não é fácil, mas contentar-se com o que se tem, quando se tem muito é igualmente difícil, diríamos até mais difícil, pois o autocontrole é de ser exercido para que a pessoa não se torne gananciosa e queira mais do que o que já se tem, máxime num mundo materialista e hedonista como o que vivemos.
– Paulo, porém, estava liberto das circunstâncias desta vida e, como amava a Deus, sabia tanto ter necessidade, quanto ter fartura. Irmãos amados, que passemos por este mesmo aprendizado do apóstolo, que deixemos que o Espírito Santo nos ensine a ter este nível de maturidade espiritual!
IV – A FONTE DA ALEGRIA DE PAULO
– Quando Paulo disse que “tudo podia n’Aquele que lhe fortalecia”, ele estava a dizer que, independentemente das circunstâncias, ele era capaz de suportar tudo por amor a Cristo, sabendo que “estar com Cristo é bem melhor” (Fp.1:23), de que devemos estar completamente desapegados das coisas passageiras desta vida.
– O apóstolo Paulo estava a ensinar os crentes de Filipos de que eles deveriam esforçar-se para atingir um patamar na vida espiritual em que tudo o que se passasse nesta Terra seria indiferente. O crente deveria manter-se assentado “nas regiões celestiais em Cristo”, onde fora posto pelo próprio Senhor e ali desfrutar de “todas as bênçãos espirituais”, como escreveu aos efésios (Ef.1:3), também uma das chamadas “cartas da prisão”.
– O apóstolo Paulo estava a ensinar os filipenses de que devemos aprender com Cristo e ser completamente desapegados de qualquer coisa desta vida, inclusive do nosso “eu”, vivendo para fazer a vontade de Deus, vivendo para Cristo Jesus, não permitindo que qualquer pensamento ou desejo venha a nos desvirtuar de nossa abnegação por Jesus.
– Como isto é diferente do que ouvimos por aí a respeito de Fp.4:13. Paulo não estava aí exaltando o seu “eu”, nem tampouco dizendo aos crentes de Filipos que eles deveriam “arrebentar” tudo para fazer prevalecer os seus desejos, pois “nada pode segurar o crente”, mas, bem ao contrário, estava a demonstrar que o salvo deve se conformar à vontade de Deus e saber que isto é o que realmente importa na sua vida, mesmo que isto envolva necessidade, fome e abatimento.
– Paulo exorta, não só os filipenses, mas a nós todos, visto que este texto passou a fazer parte das Escrituras, a termos o mesmo sentimento de Cristo Jesus que deixou a Sua glória para ser obediente até a morte e morte de cruz (Fp.2:5-8). Por isso, diz que não devemos atentar para o que é propriamente nosso, mas cada qual também para o que é dos outros (Fp.2:4), outros a serem sempre considerados superiores a nós (Fp.2:3).
– O discurso triunfalista que se lastreia no texto fora de contexto de Fp.4:13, entretanto, quer nos levar ao egoísmo, ao individualismo, ao apego às coisas terrenas, é um ensino completamente distorcido do que ensina a Palavra de Deus. Fujamos disto, amados irmãos!
– O apóstolo Paulo dá-nos, ainda, uma importantíssima lição. A libertação das circunstâncias desta vida, o desapego às coisas terrenas não era decorrência de uma força interior do próprio apóstolo, nem mesmo consequência de uma “chamada especial divina” ou de “anos de experiência” no Evangelho. Não, não e não!
– O apóstolo afirmou aos crentes de Filipos que ele “tudo podia” mas “n’Aquele que me fortalece”, ou seja,uma vez mais o apóstolo mostra aos crentes de Filipos que se faz absolutamente necessário estar “em Jesus Cristo” para que se possa conseguir vencer os obstáculos da vida terrena, para que se possa libertar das circunstâncias de nossa peregrinação terrena.
– Para que Paulo pudesse saber estar tanto abatido, quanto ter abundância; instruído tanto a ter fartura, quanto a padecer necessidade, era imperioso que ele estivesse em Cristo Jesus.
– Fora de Jesus, não há como conseguirmos obter vitória neste mundo, não há como nos desvencilharmos das circunstâncias desta vida, não há como fugirmos ao círculo vicioso a que está condenado o homem que não conhece a Jesus.
– O apóstolo Paulo mostra, com absoluta clareza, que a nossa independência das coisas desta vida, das vicissitudes deste mundo é consequência da nossa dependência de Deus. O apóstolo demonstra que somente tendo Cristo como centro de nossas vidas, de nossas existências, poderemos superar os grilhões que nos prendem às necessidades deste mundo.
OBS: O atual chefe da Igreja Romana, Francisco, em discurso aos bispos da Conferência Episcopal.Latino-Americana (CELAM), em sua recente visita ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, bem falou sobre este “cristocentrismo” que deve existir na Igreja, palavras que, por sua biblicidade, aqui reproduzimos: “…O discípulo missionário não pode possuir-se a si mesmo; a sua imanência está em tensão para a transcendência do discipulado e para a transcendência da missão. Não admite a autorreferencialidade: ou refere-se a Jesus Cristo ou refere-se às pessoas a quem deve levar o anúncio dele. Sujeito que se transcende. Sujeito projetado para o encontro: o encontro com o Mestre (que nos unge discípulos) e o encontro com os homens que esperam o anúncio. Por isso, gosto de dizer que a posição do discípulo missionário não é uma posição de centro, mas de periferias: vive em tensão para as periferias… incluindo as da eternidade no encontro com Jesus Cristo.
No anúncio evangélico, falar de ‘periferias existenciais’ descentraliza e, habitualmente, temos medo de sair do centro. O discípulo-missionário é um descentrado: o centro é Jesus Cristo, que convoca e envia. O discípulo é enviado para as periferias existenciais.…” (apud BERLINK, Deborah. Papa critica ‘ideologização’ da mensagem do Evangelho em discurso para bispos. Disponível em: http://oglobo.globo.com/rio/papa-critica-ideologizacao-da-mensagem-do-evangelho-em-discurso-para-bispos-9245582 Acesso em 30 jul. 2013).
– É somente “em Cristo” que podemos ser instruídos e aprender a ser contentes com o que temos. O aprendizado do apóstolo não se deu na “escola da vida”, nem tampouco foi resultado de sua imersão intelectual na filosofia grega (no qual, aliás, era versado) ou nos altos estudos da lei mosaica com os mestres judeus (e Paulo teve como mestre um dos maiores estudiosos da lei, Gamaliel – At.22:3), mas no seu relacionamento com Cristo Jesus, do qual recebeu diretamente vários ensinamentos (I Co.11:23).
– Do mesmo modo, somente quando estivermos em Cristo, quando estabelecermos com Ele um relacionamento, através de uma vida de meditação nas Escrituras e de oração, é que conseguiremos, também, quebrar as amarras das necessidades terrenas de nossas vidas e atingir este mesmo estágio do apóstolo, impedindo que as adversidades e as circunstâncias venham a abalar nossa espiritualidade.
– Isto se dá porque, quando estamos em Cristo, morremos para o mundo e, portanto, podemos viver exclusivamente para o Senhor. É o que o apóstolo nos ensina em outra “carta da prisão”, a epístola aos colossenses, onde afirma que para “buscar as coisas de cima”, temos de “ressuscitar com Cristo” (Cl.3:1).
– Estamos “mortos com Cristo quanto os rudimentos do mundo” (Cl.2:20) e, por isso, não mais nos importamos em “satisfazer a carne”, de sorte que não somos mais movidos por interesses próprios, que têm como única finalidade a exaltação do nosso “eu”, a obtenção de posições e vantagens neste mundo passageiro, que não é nosso alvo, visto que estamos visando a cidade celeste, donde esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Fp.3:20).
– O amor cristão demonstrado pelo apóstolo e também pelos crentes de Filipos revela precisamente esta “mentalidade das coisas de cima”. Somente quem está em Cristo é capaz de se negar a si mesmo e de buscar o bem do próximo, de buscar cumprir a vontade de Deus, pois sabe que o que vale são as coisas eternas e não as alegrias enganosas e passageiras que se oferecem neste mundo.
– Quem está em Cristo pode repetir as palavras do poeta sacro anônimo que nos diz: “O mundo de ilusão deixei, a senda de pecado e dor, pra ir ao meu glorioso lar, ali há gozo, paz e amor. No mundo não está meu lar, aqui não posso descansar; mas quero sempre avançar, no céu em breve hei de entrar.” (primeira estrofe e refrão do hino 203 da Harpa Cristã).
– Mas não basta estar “em Cristo” para poder aprender a suportar todas as circunstâncias desta vida terrena sem que se tenha qualquer abalo em nossa vida espiritual. O desprendimento das coisas terrenas exige de nós que nos “fortaleçamos em Cristo” a cada dia, a cada instante.
– Paulo diz que tudo podia n’Aquele que o fortalecia, ou seja, além de estarmos em Cristo, o que significa dizer que devemos ser salvos, pertencer ao Seu corpo, que é a Igreja (Ef.1:22; 5:23), torna-se necessário que nos fortaleçamos n’Ele.
– Para alguém se fortalecer em Jesus é preciso, em primeiro lugar, reconhecer que é fraco. Não é possível que alguém se fortaleça sem que, antes, reconheça que precisa de força, ou seja, que é fraco. Muitos, em nossos dias, têm desperdiçado a oportunidade de se livrar das coisas desta vida precisamente porque se acha forte e, portanto, não busca o fortalecimento em Jesus.
– Paulo teve este aprendizado da parte do Senhor Jesus. Escrevendo aos coríntios, pôde o apóstolo dos gentios dizer que sentia prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo, pois percebeu que, quando estava fraco, então era forte (II Co.2:10), precisamente porque, após a experiência do espinho na carne, pôde entender que o poder de Deus em nós se aperfeiçoa em nossa fraqueza (II Co.12:9).
– O Senhor, muitas vezes, permite situações em nossas vidas para que nós entendamos a nossa fraqueza, a nossa debilidade, a fim de que, deste modo, permitamos que Ele opere o Seu poder em nós e nos fortaleça, fortalecimento este que nos desprenderá das vicissitudes deste mundo.
– Quando nos gloriamos em nossas fraquezas, ou seja, quando reconhecemos nossa fraqueza e glorificamos a Deus por ela, o poder de Deus vem habitar em nós, pois como que abrimos a porta para que o Senhor venha operar em nós (II Co.12:9). Quando somos fracos, isto é, quando assumimos as nossas fraquezas, passamos a viver com Cristo pelo poder de Deus em nós (II Co.13:4).
– Não é à toa que, quando da batalha do Armagedom, quando o Senhor Jesus destruirá todas as nações que se levantarem contra Israel, uma das características de tais nações que serão derrotadas será exatamente acharem-se fortes diante de Deus, a ponto de o profeta Joel ter dito que elas dissessem que seriam fortes, afirmação que será o prenúncio de sua derrota (Jl.3:10).
– Para que o poder de Deus possa habitar em nós e nós vivamos com Cristo com este poder habitando em nós, é absolutamente necessário que reconheçamos nossa fraqueza e nos fortaleçamos em Jesus.
– Por isso, o apóstolo foi enfático ao dizer a seu filho na fé, Timóteo, para que se fortificasse na graça que havia em Cristo Jesus (II Tm.2:1). Quando Timóteo se fortificasse na graça de Jesus poderia não só confiar a homens fiéis o que havia aprendido de Paulo, como também poderia sofrer com o apóstolo as aflições como bom soldado de Jesus Cristo (II Tm.2:2,3).
– Quando nos fortalecemos em Cristo, podemos ser bom soldados do exército do Senhor, lutando com êxito contra as hostes espirituais da maldade, devidamente revestidos da armadura de Deus (Ef.6:10-12) e não se embaraçando com os negócios desta vida, tendo condições, assim, de agradar ao Senhor que nos alistou para esta guerra (II Tm.2:4).
– E, para encerrar, vemos que o apóstolo disse que os filipenses bem fizeram em ajudá-lo nas suas necessidades (Fp.4:14) e sua oração foi para que os filipenses tivessem supridas todas as suas necessidades por Deus, que o apóstolo admitiu ser um Deus rico (Fp.4:19).
– Ora, se Deus é rico, por que o apóstolo Paulo não pediu que também enriquecesse os filipenses, diante de sua generosidade? Porque os filipenses, assim como o apóstolo, deveriam aprender a se contentar com o que tinham (Fp.4:11) e porque Deus, embora seja rico, dono do ouro e da prata (Ag.2:8), não tem o propósito de enriquecer os homens materialmente, mas, sim, de suprir-lhes as necessidades materiais com o suficiente, porque, ao contrário dos perdidos, inimigos da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas (Fp.3:18,19), os salvos, assim como o apóstolo, tem a sua cidade nos céus donde esperam o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o seu corpo abatido para ser conforme o Seu corpo glorioso segundo o Seu eficaz poder de sujeitar também a Si todas as coisas (Fp.3:20,21). Fazemos parte deste grupo?
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Site: http://www.portalebd.org.br/files/3T2013_L12_caramuru.pdf