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LIÇÃO Nº 12 – ELISEU E A ESCOLA DOS PROFETAS

A relação íntima de Eliseu com as escolas dos profetas mostra que o ministério de poder não prescinde do estudo e meditação nas Escrituras.

 

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo do ministério do profeta Eliseu, estudaremos hoje a íntima relação do profeta com as escolas dos profetas.

– A relação íntima de Eliseu com as escolas dos profetas mostra que o ministério de poder não prescinde do estudo e meditação nas Escrituras.

I – A ESCOLA DE PROFETAS

– Na sequência do estudo do ministério do profeta Eliseu, estudaremos hoje a íntima relação que o profeta tem com as escolas dos profetas, pois, como vimos na lição anterior, nada mais nada menos que seis dos quatorze milagres do profeta estão relacionados com estas comunidades que existiam no seu tempo.

– Para bem entendermos que eram estas escolas de profetas, faz-se preciso que recuemos no tempo e verifiquemos a lei de Moisés no tocante ao ensino divino a respeito da transmissão da lei para as gerações subsequentes.

– Tendo Israel firmado o compromisso com o Senhor no monte Sinai de que Lhe seria propriedade peculiar dentre os povos, um povo santo e um reino sacerdotal (Ex.19:3-8), era mister que a lei fosse transmitida para as gerações seguintes, a fim de que se cumprisse o que havia sido pactuado.
OBS: Tanto assim é que a tradição judaica construiu uma parábola no Talmude, o segundo livro sagrado do judaísmo, para mostrar a importância que tinha para o pacto do Sinai a transmissão da lei às novas gerações: “…Quando os israelitas estavam reunidos no Monte Sinai para receber a Torah das mãos de Moisés, Deus exigiu deles ‘Primeiro deveis oferecer-me uma garantia de que observareis os mandamentos da Torah’. Os israelitas responderam: ‘Nossos pais garantirão isto por nós’. ‘Não!’, protestou Deus, ‘vossos pais foram pecadores’. ‘Então os Profetas darão garantia por nós’, continuaram os israelitas. ‘Não!’, disse Deus, ‘eles, também, pecaram contra mim’. Os israelitas ficaram desanimados. Timidamente sugeriram: ‘Talvez os nossos filhos pudessem ser nossa garantia?’ ‘Vossos filhos!’, exclamou o Criador alegremente, ‘a eles Eu aceitarei!’. E então deu a Torah para os israelitas…” (AUSUBEL, Nathan. Relações familiares, esquemas tradicionais de. In: A JUDAICA, v.6, pp.708-9).
– “…A missão universal dos judeus, como instrumento da vontade de Deus, no sentido de conduzir todas as nações irmanadas ao Monte Sion através da Torah, exigia a preservação da continuidade biológica deles. Além do mais, ela exigia dos pais judeus, geração após geração, que preparassem seus filhos para tão elevada incumbência. Para aumentar a força moral desse dever supremo, os Sábios ensinaram ao povo que na ‘criação’ de cada criança havia três sócios: seu pai, a sua mãe, e Deus. De fato, Deus era considerado o sócio principal, embora ‘silencioso’, na criação de todas as crianças, tendo os pais como seus associados ativos. No entanto, eram eles, e não Deus, inteiramente responsáveis pelo produto ‘final’ — um produto que desejavam que fosse digno do Criador a cuja divina imagem se acreditava que houvesse sido feito…” (AUSUBEL, Nathan. op.cit., p.708).

– Este pensamento desenvolvido pelo judaísmo rabínico está em perfeita consonância com as Escrituras. Vemos nitidamente, na lei de Moisés, que a transmissão da lei para as novas gerações era uma tarefa considerada primordial, tanto que, após a enunciação do chamado “texto áureo” da confissão judaica da crença em Deus (Dt.6:4,5), é determinado que tal confissão fosse ensinada aos filhos, em todas as circunstâncias, para que se perpetuasse a aliança firmada no Sinai (Dt.6:6-9).

– Cabia, portanto, à família o papel de transmissão da lei de Moisés às gerações seguintes. A família, ambiente especialmente criado por Deus para se desenvolver a comunhão entre Deus e os homens, era e ainda é o local primeiro para a transmissão da Palavra de Deus, para o ensino da sã doutrina. São os pais, estes “sócios de Deus na criação dos filhos”, a responsabilidade primeira e maior de transmitir aos filhos a fé em Deus, os valores consonantes com a vontade do Senhor que se encontra na Bíblia Sagrada. O lar é a primeira e mais importante “escola bíblica”.

– É importante observar que a cultura judaica e, por conseguinte, o próprio povo judeu tem se preservado ao longo dos séculos única e exclusivamente porque têm observado este princípio estabelecido na lei de Moisés. Não fosse o ensino da Torah nos lares dos judeus, certamente que a cultura judaica já teria sido assimilada e desaparecido por completo, ainda mais diante das inúmeras perseguições que têm sofrido desde a expulsão de sua terra no ano 135, quando se completou o processo iniciado com a destruição de Jerusalém e do Segundo Templo no ano 70.

– Nos dias hodiernos, não é diferente. A Igreja, este novo povo de Deus, deve também aprender com os estatutos da lei de Moisés no tocante à transmissão da fé em Cristo Jesus para as gerações seguintes. A evangelização deve começar em casa, no próprio lar, pois, como diz o apóstolo Paulo, não são os filhos que entesouram para os pais, mas, sim, os pais que entesouram para os filhos (II Co.12:14) e não há maior tesouro que o reino de Deus (Mt.13:44), o temor do Senhor (Is.33:6) e o evangelho da glória de Cristo (II Co.4:4-7).

OBS: Não é à toa que a Igreja Romana, que se encontra num esforço de uma “nova evangelização”, vê como grande dificuldade para tal intento a falta de apoio da família, como afirma o padre Fábio dos Santos Modesto, em afirmação que vale a pena transcrever: “…”Nós, como Igreja, nunca teremos condições de iniciar adequadamente ninguém na fé se nós não contarmos com a família. Sem essa estrutura familiar e sem a preocupação da família com que seus filhos tenham fé, conheçam o conteúdo da fé, nós, enquanto Igreja, vamos continuar oferecendo simplesmente alguma pedagogia, instrução religiosa, mas iniciação à fé vai ser um trabalho bem insipiente”. Mas se existe uma verdadeira família por trás do cristão, padre Fábio explicou que o papel da Igreja fica bem mais fácil, uma vez que terá, simplesmente, que utilizar métodos para organizar os conteúdos de fé.…” (MARÇAL, Jéssica. Padre comenta ações e dificuldades da iniciação da vida cristã. Disponível em: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=288320 Acesso em 12 jan. 2013).

– A função da família era fundamental na transmissão da lei para as gerações seguintes em Israel, tanto que a “leitura da lei”, que deveria ocorrer de sete em sete anos durante a festa dos tabernáculos (Dt.31:9-13), tinha como função primordial tão somente preencher eventual lacuna existente nesta educação familiar, num nítido caráter secundário, suplementar (Dt.31:13).

– No entanto, os israelitas, num primeiro momento, não observaram aquilo que o Senhor havia determinado por intermédio de Moisés. A geração que ouviu esta determinação de Moisés, que foi a geração da conquista da Terra Prometida, não obedeceu ao Senhor, não ensinando a lei a seus filhos, que cresceram e chegaram ao comando da nação sem conhecer a Deus (Jz.2:10).

– O resultado disto foi que a geração seguinte à da conquista deixou os caminhos do Senhor e se envolveram com a idolatria, fazendo o que era mau aos olhos do Senhor (Jz.2:11-14), o que levou o Senhor a lhes entregar na mão dos inimigos para que, com o sofrimento, pudessem se arrepender de seus maus caminhos e se converterem a Deus (Jz.2:15).

– Diante deste arrependimento, o Senhor, então, levantava os juízes, que eram libertadores do povo, que traziam o povo a servir a Deus, mas, infelizmente, as gerações continuaram a não ensinar seus filhos o caminho que deviam andar e, diante desta falta de instrução, tudo se repetia novamente, iniciando-se um círculo vicioso que perdurou durante todo o período dos juízes, desde a morte de Josué até Samuel, que foi o último juiz.

– É precisamente Samuel quem atentará para esta situação, para este círculo vicioso. A tradição judaica entende que o livro de Juízes foi escrito por este profeta e juiz e, em sendo assim, entendemos porque Samuel decidiu pôr um fim nesta situação de anarquia espiritual que vivia o povo de Israel.

– Samuel percebeu o círculo vicioso que vivia a nação israelita, e que é bem descrita no capítulo 2 do livro de Juízes, uma sequência interminável de falta de ensino da Palavra de Deus aos filhos por parte dos pais, de consequente envolvimento com a idolatria e os costumes dos povos gentios, que resultava na ira divina e na entrega do povo à opressão de algum povo inimigo, até que o povo, mediante o sofrimento, clamava a Deus, que levantava um juiz, libertava o povo e o fazia servir ao Senhor, sem que houvesse, porém, o ensino da lei nos lares, o que fazia com que todo o doloroso processo recomeçasse.

– É nos dias de Samuel que temos a primeira notícia das escolas dos profetas. Em I Sm.10:5, quando Samuel unge a Saul como o primeiro rei de Israel, o profeta diz a Saul que, no caminho de volta para a sua casa, ele encontraria um “rancho de profetas” e profetizaria com eles, instante em que o Espírito do Senhor dele se apossaria, sendo, assim, devidamente preparado para ser o primeiro monarca da nação.

– Décadas depois, vamos ver que o velho profeta Samuel presidia uma “congregação de profetas” em Ramá, para onde tinha se retirado depois que entregou a administração do país para Saul, local onde Davi foi procurar refúgio quando do início da perseguição de Saul contra ele (I Sm.19:18-24).

– Notamos, portanto, que esta instituição nasceu nos dias de Samuel e tinha por finalidade a preparação de pessoas que queriam servir a Deus para que fossem capazes de não só viver segundo a lei, mas também ensinar o povo como deveria se viver de forma agradável ao Senhor. Era um espaço destinado à transmissão da lei a pessoas que queriam servir ao Senhor, não só para que aprendessem a respeito de Deus mas que fossem aptos para também ensinar a outros.

– É por este motivo que esta instituição foi chamada pelos estudiosos de “escolas de profetas”, embora tal termo não seja encontrado no texto sagrado, que fala em “rancho”, “grupo”, “congregação” e “bando” de profetas, conforme a versão utilizada. Tal denominação de “escola”, porém, é por demais apropriada, pois “escola”, no original grego “scholé” era um local de “descanso, repouso, lazer, tempo livre para estudo” e, entre os romanos, “schola” era “um lugar nos banhos públicos em que cada um esperava a sua vez, onde as pessoas costumavam se ocupar da leitura e do estudo”.

– Assim, as “escolas dos profetas” eram um espaço, um local onde as pessoas deixavam de fazer as suas tarefas cotidianas e ordinárias e se dedicavam ao estudo da lei do Senhor, dedicavam-se às coisas de Deus, a aprender os mandamentos, a se dedicar à oração, à busca do Senhor.

– Verificando Samuel que os pais não desempenhavam corretamente o seu papel de ensino da lei a seus filhos, bem como que não era realizada a leitura septenial da lei para o povo, criou esta instituição, a fim de que se quebrasse este círculo vicioso que tanto mal fazia a Israel.

– O fato é que, depois de Samuel, notamos que há uma intensidade maior de profetas no cenário da história de Israel, fruto inegável do esforço deste grande homem de Deus que, tendo vivido por volta de 1.074 a.C., já nos ensina que a educação é fundamental para a perpetuação de uma nação, de um povo, algo que o Brasil e a igreja pentecostal brasileira, por exemplo, três mil anos depois ainda não percebeu…

– Elias, conforme já estudamos neste trimestre, muito provavelmente era oriundo das escolas dos profetas. Embora surja repentinamente na narrativa sagrada, Tiago nos informa que ele orou para pedir a Deus que não chovesse, e o zelo pelas coisas do Senhor, uma das “marcas registradas” de seu ministério, somente pode ter se formado num ambiente como o das escolas dos profetas.

– Foram as “escolas dos profetas” as responsáveis pela existência de ainda sete mil que não haviam dobrado seus joelhos a Baal (I Rs.19:18), o remanescente fiel numa época de apostasia generalizada como a que vivia Israel nos dias de Elias e de Eliseu. Este número de sete mil não envolvia apenas os diretamente envolvidos nestas escolas, os chamados “filhos dos profetas”, mas também pessoas que, mesmo não tendo frequentado tais escolas, foram ensinados no temor a Deus por estes homens que se dedicavam ao estudo e ensino da Palavra, como é o caso do próprio mordomo do rei Acabe, Obadias, que, inclusive, durante a longa seca, tratou de sustentar cem destes profetas (I Rs.18:3,4,13).

– Notadamente, no reino de Israel, o reino do norte, as “escolas dos profetas” foram praticamente as únicas responsáveis pela manutenção do culto a Deus, de um remanescente fiel, já que, como nos mostra a história, não houve um rei sequer que servisse a Deus naquele reino, sendo certo, também, que a classe sacerdotal, em Israel, era totalmente espúria, uma vez que Jeroboão havia expulsado os levitas e constituído sacerdotes dos mais baixos do povo (I Rs.12:31; II Cr.11:13-15) e, portanto, não poderia mesmo ensinar a lei ao povo.

– Tal dado histórico mostra-nos que o ensino da Palavra de Deus é fundamental, primordial para a preservação espiritual do povo de Deus. Quando não há conhecimento, o povo é destruído (Os.4:6) e, lamentavelmente, é isto que temos visto e assistido ao longo da história da Igreja e, também, em nossos dias. Os avivamentos encerram-se porque não há continuidade nas gerações seguintes, continuidade esta que não se dá em virtude da falta do ensino da Palavra.

– O remanescente fiel, nos dias da apostasia generalizada que vivemos, será formado e forjado nos espaços dedicados ao ensino da Palavra, à busca do poder de Deus, nas “escolas dos profetas” de nossos dias, que não é o de reuniões que se denominam de “ranchos de profetas”, “festivais proféticos” ou coisas similares, onde há tão somente histeria, transes e manifestações esquisitas e nada têm de Deus. As “escolas de profetas” são locais onde há um zelo pela sã doutrina, onde há meditação nas Escrituras, sede de aprendizado, onde todos procuram conhecer a Deus e vivenciar o que aprendem, buscando, sim, o poder de Deus, que, naturalmente, se manifesta mas de forma racional, ordeira e proveitosa.

– A Escola Bíblica Dominical é, queridos irmãos, um destes espaços em nossos dias. A EBD é legítima herdeira dos princípios e valores perseguidos nas “escolas dos profetas”, pois também tem a função de complementar e, muitas vezes (infelizmente, no mais das vezes), suprir a lacuna da falta de ensino bíblico nos lares, buscando formar no caráter de cada servo de Deus o desejo de aprender mais e mais do Senhor, de seguir-Lhe a vontade, de se manter separado do pecado e aguardar o cumprimento das promessas contidas na Bíblia Sagrada. Caro aluno e professor da EBD, você é hoje um “filho de profeta” que se encontra servindo ao Senhor , combatendo a apostasia e o pecado, preparando-se para, a exemplo de Elias, ser arrebatado ao céu naquele grande dia.

II – ELISEU E AS ESCOLAS DOS PROFETAS

– Como temos visto, tudo indica que Elias era oriundo das escolas dos profetas. Seu ministério este envolvido com os “filhos dos profetas”, que eram os integrantes destas escolas, como temos conhecimento explícito em II Rs.2, quando vemos Elias como que se despedindo de diversos núcleos de “filhos de profetas” em Gilgal, Betel, Jericó e à margem do rio Jordão.

– É a partir desta narrativa que também notamos que Eliseu, assim que chamado por Elias em Abel-Meolá, partiu com ele para o convívio com os “filhos dos profetas”, pois a mesma narrativa nos mostra que Eliseu tinha familiaridade com aqueles homens.

– Temos assim que, quando foi chamado por Elias e tudo deixou para seguir o profeta, Eliseu foi levado para o convívio dos filhos dos profetas, onde, a exemplo de Elias, foi devidamente preparado para a sua função, preparação esta que, conforme vimos em lições anteriores, não foi inferior a cinco anos.

– Elias, vindo de um lugarejo insignificante como era Tisbe, não teve uma formação em sua cidade natal. Notamos, perfeitamente, que Elias era conhecedor das Escrituras, (entendido aqui o que havia sido escrito até então — o Pentateuco, os livros de Josué, Juízes, Rute e, provavelmente, I e II Samuel), pois, na sua oração no monte Carmelo, chamou ao Senhor como ‘Deus de Abraão, de Isaque e de Israel”, a indicar, pois, pleno conhecimento das promessas e da aliança feita entre Deus e o povo que havia escolhido para ser Sua propriedade peculiar dentre os povos, e não só na oração mas na própria atitude que tomou para oferecer o holocausto ao Senhor naquela oportunidade, mostrando ter pleno domínio das regras cerimoniais então vigentes.

– O fato de Eliseu ter sido levado às “escolas dos profetas” é, portanto, mais um sinal de que Elias teve também o mesmo itinerário, a nos provar, pois, que não pode vigorar entre nós um “anti-intelectualismo” que entende que há uma oposição entre a preparação através do estudo sistemático das Escrituras e o exercício de um ministério de poder, algo que, durante anos, predominou de modo hegemônico entre os crentes pentecostais e que, tendo tido uma minoração nas últimas décadas, está novamente a querer crescer entre nós.

– Não é possível ser mestre sem que, antes, se tenha sido aluno. Para poder ser sucessor de Elias, para poder ser mestre dos “filhos dos profetas”, Eliseu teve de ser, antes de mais nada, um “filho de profeta”, teve de aprender com Elias e viver entre os demais “filhos de profetas”. Ninguém nasce sabendo, é preciso que cresça não só biologicamente, mas também espiritual e intelectualmente, para que venha a fazer aquilo que o Senhor quer que ele faça.

– Nos dias hodiernos, há, ante o imediatismo que tem caracterizado a atualidade, onde tudo é muito rápido e instantâneo, uma tendência para “se queimar etapas”, para que alguém, sem a devida preparação, já seja posto à frente de um grupo de pessoas na Igreja. Há casos, por exemplo, de novos convertidos que, por causa de sua erudição secular, são imediatamente postos à frente de classes de Escola Bíblica Dominical.

– Tal conduta é completamente antibíblica. O mestrado, na casa do Senhor, somente se alcança pelo tempo (cfr. Hb.5:12) e, muitas vezes, só o tempo é insuficiente para tanto, como aconteceu com os crentes hebreus, repreendidos, precisamente, porque, apesar do tempo decorrido, não haviam se aprofundado no estudo das Escrituras, não tendo sequer domínio dos primeiros rudimentos das palavras de Deus. O mestrado é, portanto, uma questão de decurso do tempo mas também de dedicação ao estudo, ou seja, é consequência da “escola”, este tempo dedicado ao aprendizado, ao estudo da Palavra de Deus.

– Neste passo, aliás, tem-se como outra conduta que tem sido praticada e tem causado efeitos deletérios na Igreja do Senhor a separação ao ministério de pessoas que não passaram pela “escola”, pessoas que são separadas sem que tenham sido assíduas frequentadoras de Escolas Bíblicas Dominicais e dos cultos de ensino, pessoas cuja dedicação ao estudo e aprendizado da Bíblia não é avaliada. Não há como termos obreiros que não conhecem nem têm desejo de conhecer a sã doutrina. Uma das atividades dos obreiros é o ensino da Palavra (At.5:42; 6:4,10; I Tm.3:2,9). Como poderão ser aptos a ensinar se não aprenderam? É preciso reavaliar esta circunstância.

– É importante verificar que Eliseu tinha já uma formação em seu lar. A atitude que tomou quando foi chamado por Elias, de pedir ao profeta que ele fosse se despedir de seu pai e de sua mãe, dá-nos a demonstração de que Eliseu fora ensinado em sua casa a respeito da lei do Senhor, tanto que não saiu de casa antes de expressar sua honra a seus pais, como mandava a lei. Mas só o ensino em casa era insuficiente para que ele assumisse a posição de sucessor de Elias, o que significava, também, o de sucessor na coordenação das escolas de profetas em todo Israel, daí porque ter ele, necessariamente, de passar pelas “escolas de profetas”, primeiro como “filho de profeta”.

– Tanto Eliseu foi “filho de profeta” que era conhecido por todo Israel como “aquele que deitava água sobre as mãos de Elias” (II Rs.3:11). Para ser reconhecido como legítimo sucessor de Elias, Eliseu teve,
antes, de ser reconhecido como um servo exemplar do profeta. Será, líderes, que os senhores são conhecidos como bons e dedicados auxiliares, servos dos que os antecederam? É esta uma credencial indispensável para que se tenha uma liderança eficiente e eficaz. O próprio Senhor Jesus, antes de Se apresentar como o Senhor, como o Cristo, antes de ser glorificado, apresentou-Se como “carpinteiro, filho do carpinteiro” (Mt.13:55; Mc.6:3), sujeito a Seus pais terrenos (Lc.2:51), como também como o servo, sujeito à vontade do Pai (Lc.2:49; Mt.20:28; Mc.10:45; Jo.4:34; 17:4).

– Eliseu foi devidamente preparado durante todos aqueles anos. Este preparo não foi apenas intelectual, mas também um preparo espiritual. O ensino nas “escolas dos profetas” não era meramente teórico, mas também tinha seu lado prático. O estudo é imprescindível, indispensável, pois é preciso conhecermos a Palavra de Deus, pois é ela quem testifica de Cristo (Jo.5:39). O conhecimento envolve o domínio intelectual, o contato com o texto sagrado, com a sua interpretação, a percepção de seu conteúdo e a sua análise pormenorizada e acurada.

– Entretanto, o conhecimento de Deus também tem de envolver o contato com o Senhor não só na Palavra, mas também com a Sua Pessoa, com o Seu Espírito. É por isso que Cristo Jesus disse que os verdadeiros adoradores adorariam ao Pai “em espírito e em verdade” (Jo.4:24). Assim, ao lado do contato com a Verdade, que é a Palavra de Deus (Jo.17:17) e mediante o qual nós O adoramos em verdade, pois Jesus é a Verdade (Jo.14:6), também temos de ter contato com o Senhor através do Espírito, que, em comunhão com o nosso espírito, dá-nos a convicção de que somos filhos de Deus (Rm.8:14,15).

– Este contato com o Espírito de Deus dá-se através da oração, quando Ele fica ao nosso lado, intercedendo por nós (Rm.8:26), bem como através de uma vida de santificação e de busca do poder de Deus, pois é por intermédio da separação do pecado que nos tornamos “templos do Espírito Santo” (I Co.6:19,20), devemos, pois, nos ajuntar com o Senhor (I Co.6:17).

– Eliseu aprendeu com Elias a ter uma vida de oração e de comunhão com o Espírito Santo, tanto que tinha pleno conhecimento de que Elias seria arrebatado e tirado de sobre a sua cabeça (II Rs.2:3,5), a mostrar, pois, que, no instante em que haveria de assumir o lugar de Elias, estava devidamente preparado do ponto-de-vista espiritual, tinha uma íntima comunhão com o Senhor.

– As “escolas dos profetas” também preparavam as pessoas sob este aspecto da comunhão com Deus. Não se tratava apenas de um domínio intelectual, mas, também, de uma dedicação na busca de Deus, na busca de uma vida de comunhão e santificação, a fim de serem guiados totalmente pelo Senhor. Afinal de contas, só quem é guiado pelo Espírito Santo pode se dizer filho de Deus (Rm.8:14). Não só Eliseu ou Elias, mas os filhos dos profetas sabiam perfeitamente que Elias seria tomado de Eliseu por sobre a cabeça dele (II Rs.2:3,5).

– Ainda hoje, é nas “escolas dos profetas”, ou seja, nos espaços destinados ao estudo e aprendizado da sã doutrina e da busca do poder do Senhor, que se forma este lindo e maravilhoso consenso que faz da Igreja um só corpo, ainda que dotado de muitos membros (I Co.12:12-14), um local onde há um só corpo e um só Espírito, uma só esperança de vocação, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, O qual é sobre todos e por todos e em todos (Ef.4:4-6). Nos dias de hoje, esta unidade tem sido violada e desfeita porque as pessoas não têm mais buscado a presença de Deus, porque não têm sido mais guiadas pelo Espírito, mas, antes, têm se apresentado como crentes carnais, onde a divisão é tão somente uma constatação desta carnalidade (I Co.3:3; Jd.19).

– Mas, além da comunhão com o Senhor, decorrente de uma vida de oração e de santificação, nas “escolas dos profetas” também havia uma genuína e autêntica busca pelo poder de Deus, tanto que a vez primeira em que este grupo é mencionado nas Escrituras, ele aparece profetizando e Saul, ao passar por eles, acaba por receber o Espírito Santo e também profetizar (I Sm.10:5,10). Não é por outra razão que os integrantes do grupo eram chamados de “filhos dos profetas”, vez que era notório entre todos os israelitas que sobre eles estava o Espírito do Senhor.

– As “escolas dos profetas” não existiam apenas para o aprimoramento próprio de cada um de seus integrantes, mas eram locais destinados à formação de pessoas que, mediante o seu serviço, levavam a mensagem de Deus ao povo, demonstravam a presença de Deus em suas vidas, orientando Israel e fazendo-lhes saber a Sua vontade.

– Neste sentido, as “escolas dos profetas” não só supriam o que as famílias não estavam mais a fazer, mas desempenhavam a própria função que Israel jamais fizera, o de ser o anunciador de Deus entre as demais nações, começando pelo próprio Israel que estava distante do Senhor. Os filhos dos profetas serão usados por Deus para trazer mensagens ao povo ao longo da história daquele reino do Norte.

– Como se isto ainda fosse pouco, vemos que, notadamente através de Elias e de Eliseu, o Senhor também Se comunicou com o povo através de sinais e maravilhas, a fim de confirmar a palavra profética proferida como também para denunciar a Sua presença em Israel apesar da indiferença decorrente da apostasia generalizada.

– Eliseu, devidamente preparado para ser o sucessor de Elias, autenticou esta sua condição e qualidade por meio de milagres. O seu primeiro milagre, a abertura do rio Jordão, foi feito para que cinquenta dos filhos dos profetas confirmassem que Eliseu era, agora, o sucessor de Elias (II Rs.2:15). Era a confirmação que se fazia da palavra que o Senhor havia dito a Elias no monte Horebe (I Rs.19:16b).

– Vemos, portanto, que, ao contrário dos “anti-intelectualistas” que infestam nossas igrejas locais, a manifestação do poder de Deus através de sinais e maravilhas é uma decorrência, o coroamento de todo um processo que passa pelo estudo dedicado da Palavra de Deus e por uma vida de santificação e comunhão com o Senhor. Os sinais e maravilhas confirmam a Palavra (Mc.16:20), exigem prévio conhecimento da Palavra e uma vida de santificação e de busca sincera do poder de Deus.

– O Senhor Jesus bem mostrou isto quando, em diálogo com os saduceus, disse que o motivo do erro espiritual está em não conhecer as Escrituras e o poder de Deus (Mt.22:29; Mc.12:24). Para que sejamos achados devidamente preparados e capacitados para fazer a obra do Senhor, temos de ter conhecimento tanto das Escrituras, quanto do poder de Deus, temos de estar envolvidos tanto com o estudo e meditação da Bíblia Sagrada, quanto com a oração e a busca do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais.

– Assim, ao contrário do que alardeiam os “anti-intelectualistas”, o estudo da Palavra de Deus é absolutamente indispensável para que, a exemplo de Elias e de Eliseu, venhamos a ter um ministério de poder, venhamos a ser usados com sinais e maravilhas para a confirmação do Evangelho que pregamos. Os apóstolos só começaram a fazer sinais e maravilhas depois que ouviram o Senhor Jesus por três anos e meio, depois que buscaram o batismo com o Espírito Santo e mantiveram uma vida de oração e de ensino da Palavra (At.5:12,42; 6:4).

– Sem o conhecimento da Palavra, o povo de Deus é facilmente destruído pelas heresias e falsos ensinos. Sem o poder de Deus, o povo se torna, a exemplo dos saduceus, um povo incrédulo e racionalista, meramente religioso.

III – A ESTRUTURA DAS ESCOLAS DE PROFETAS

– Tendo visto a formação de Eliseu nas escolas dos profetas, procuraremos observar qual era a estrutura delas pelo pouco que as Escrituras nos revelam a respeito, mas através do ministério de Eliseu, que, como vimos, foi muito ligado a esta instituição.

– Reconhecido como o sucessor de Elias pelos filhos dos profetas que se encontravam à margem do rio Jordão, Eliseu, de pronto, teve de lidar com a sua nova condição de liderança. Os filhos dos profetas quiseram procurar o corpo de Elias e, para tanto, pediram autorização para o profeta (II Rs.2:15-17).

– Desta circunstância, que é repetida em outras oportunidades (II Rs.4:38,43; 6:1,2; 9:1), notamos que, nas “escolas dos profetas”, havia uma rígida disciplina, em que os filhos dos profetas não ousavam fazer coisa alguma sem antes consultar o profeta, ou seja, o seu superior, que era tratado, inclusive, como “pai” (II Rs.2:12; 6:21), daí serem os integrantes chamados de “filhos”.

OBS: Esta estrutura, aliás, ainda hoje é observada por certos segmentos judaicos, notadamente os seguidores do “hassidismo” ou “chassidismo”, como é conhecimento o vigoroso movimento religioso entre os judeus nascido a partir do século XVIII e que é o principal responsável pela manutenção da devoção judaica em nossos dias, se bem que, como assinala Nathan Ausubel, “…Ao final do século XVIII, surgiu um novo ripo de líder religioso chassídico. Era chamado de rebeh (rabi) ou de tzadik, principalmente tzadik. Os chassidim, todos cultuadores de heróis, tinham o seu rebeh, generosamente na conta de tzadik — um homem ou um santo extraordinariamente virtuoso. Por seus poderes espirituais e proféticos supostamente superiores, consideravam-no capaz de atuar como um intercessor — a ponte entre seus desejos fervorosos e a vontade inescrutável de Deus…” (Chassidim. In: A JUDAICA, v.5, p.152) (destaques originais). Isto torna esta variante do chassidismo muito próxima ao que é propalado pelos falsos ensinadores da “doutrina da cobertura apostólica” de nossos dias.

– Naquele tempo, em que o Espírito Santo não era disponível a todo israelita, entende-se perfeitamente esta disciplina e esta dependência da orientação do “pai espiritual”. Entretanto, conforme já estudamos em lição anterior, esta “paternidade espiritual”, cuja intensidade era grande naqueles dias, não só não pode ser transportada para a dispensação da graça, como não significa, em absoluto, que haja uma necessária mediação entre Cristo e Seus seguidores por meio de “líderes” ou “apóstolos”, como se tem defendido em alguns círculos evangélicos na atualidade, notadamente no chamado “movimento celular”.

– A “paternidade espiritual” nas “escolas dos profetas” era, em primeiro lugar, decorrência do fato de se ter, naquele tempo, o “homem de Deus”, o profeta que era o mensageiro do Senhor daquele tempo, o Seu porta-voz. Assim, era a ele que se devia consultar para se ter a devida orientação divina e, mesmo assim, como vimos, isto não impedia que o Espírito falasse diretamente a cada “filho de profeta”, como no caso da revelação do arrebatamento de Elias.

– Em nossos dias, dias em que Deus não fala mais pelos profetas mas pelo Filho (Hb.1:1), a “paternidade espiritual” assume um papel de orientação pela experiência, pela maturidade do “pai na fé”, um mero condutor e acompanhante, que nada mais faz senão indicar o que Cristo nos ensina em Sua Palavra, pois só Jesus é o verdadeiro Mestre, o verdadeiro Pai a ser seguido (Mt.23:9,10).

– Vemos isto claramente na conduta do apóstolo Paulo em relação a Timóteo. Paulo, que havia sido criado como fariseu (At.23:6; Fp.3:5) e, como tal, adotava a linha de ter mestres a quem se reportar (Mt.23:7,8), embora se identifique como “pai na fé” de Timóteo (I Tm.1:2), deixa bem claro que Timóteo deveria se tornar o exemplo dos fiéis mediante a persistência em ler, exortar e ensinar, bem assim lembrasse que seu dom havia vindo de Deus, reconhecido pelo presbitério e que deveria cuidar de si mesmo e da doutrina (I Tm.4:12-16), ou seja, sua vida espiritual era independente e não precisava, em absoluto, da intermediação do apóstolo, de uma suposta “cobertura apostólica”.

– A “paternidade espiritual” nas “escolas dos profetas” era sobretudo um encargo de ensino não só através de palavras mas, também, de exemplo a ser seguido. Eliseu andou com Elias e aprendeu com o exemplo que o profeta lhe deu ao longo dos anos. O primeiro milagre de Eliseu, inclusive, foi a repetição do último milagre de Elias, uma comprovação de que era o exemplo a marca principal do ensino naquela escola.

– Esta atitude é de ser mantida em nossos dias. Nosso exemplo maior é Cristo Jesus, que nos deixou Seu exemplo para que o sigamos (Jo.13:12-17; I Co.11:1; I Pe.2:21). Mas, também, aqueles que o Senhor tem posto à frente do Seu rebanho devem, também, ser exemplo para os fiéis, exercendo, deste modo, o seu papel de “pais espirituais” (I Tm.4:12; Hb.13:7; I Pe.5:3). “Pai espiritual” não é aquele que manda nos filhos e lhes dirige a vida, mas, sim, aquele que serve de exemplo aos filhos, cuja vida é orientada pelo Senhor e, por isso, imitada pelos outros.

– Mas não havia apenas o exemplo como forma de ensino. Embora o exemplo fosse primordial, porque era o que dava autoridade às palavras do profeta, Eliseu também gastava o seu tempo ensinando os filhos dos profetas, certamente lhes falando a respeito da lei (II Rs.4:38). Quando o vemos em Gilgal, ele estava certamente ensinando os filhos dos profetas, que estavam assentados em sua presença. Após um longo período de ensino, Eliseu, a exemplo de Jesus (Mt.14:15;15:32), preocupou-se com a alimentação deles e, por isso, mandou preparar-lhes uma refeição.

– A “paternidade espiritual” não significava domínio sobre os filhos dos profetas. Eliseu não era um “mandão”, mas um companheiro, que estava pronto a trabalhar com os filhos dos profetas no que fosse preciso, como, por exemplo, na construção de um local maior para abrigar os filhos dos profetas à margem do rio Jordão (II Rs.6:3). Eliseu não apenas autorizou que eles fossem buscar madeira para a construção, mas foi com eles e, por estar ali, pôde fazer o milagre da flutuação do ferro do machado.

– As “escolas dos profetas” era estruturada por uma disciplina, mas uma disciplina que não abria mão da união e do companheirismo. Todos eram irmãos, vivenciando, em figura, a conduta que deve caracterizar a Igreja em nossa dispensação (Mt.23:8). É por isso que devemos nos chamar “irmãos”. Não se trata apenas de um costume, mas de uma lembrança de que estamos todos num mesmo nível diante de Deus. Entretanto, é cada vez mais comum, em nossos dias, pessoas ficarem indignadas de serem chamadas “irmão fulano” ou “irmão sicrano”, porque, dizem eles, não são “irmãos”, mas “pastores”, “presbíteros” etc. etc. etc. Cuidado, amados irmãos, pois isto é sinal eloquente de que não temos aprendido com o Senhor, que, aliás, não Se envergonha de ser chamado nosso irmão (Hb.2:11)…

– As “escolas dos profetas” precisavam da realização de milagres para que sentissem a efetiva presença do Senhor no seu meio, máxime numa época de privações e de perseguições como as que viviam elas nos dias de Elias e de Eliseu. Os sinais realizados por Eliseu em meio aos filhos dos profetas eram um alento para que eles prosseguissem a sua difícil jornada de fé, pois não era fácil servir a Deus naquele tempo.

– Todos quantos queiram pertencer ao remanescente fiel do povo de Deus, remanescente que é forjado nas “escolas dos profetas”, sempre enfrentarão dificuldades. Diz a esmagadora maioria apóstata que “esta é a ‘turma do contra’, ‘a turma que nada contra a corrente, que navega contra a maré’, os ‘atrasados’, ‘retrógrados’ e ‘radicais’ “. Não nos assustemos, amados irmãos, com a reduzida frequência de nossas Escolas Bíblicas Dominicais, com o desprezo que se dá a esta atividade nos calendários das igrejas locais, com as imensas dificuldades que se criam para que tenhamos um espaço de estudo da Palavra e de busca sincera e genuína pelo poder de Deus. Em vez disso, esforcemo-nos para trazer esta maioria para a minoria, a fim de que arrebatemos alguns do fogo (Jd.22,23).

– Os filhos dos profetas também enfrentaram isto ao longo de sua trajetória. Jamais tiveram o apoio da liderança apóstata, seja a real, seja a sacerdotal, tendo, muitas vezes, caído à espada, como quando da cruel perseguição levada a efeito por Jezabel (I Rs.19:14), figura que simboliza muitos que vivem hoje no meio da Igreja única e exclusivamente para fomentar a apostasia, a infidelidade espiritual (Ap.2:20).

– Todos quantos se dedicarem a ter uma vida de estudo das Escrituras, de santificação, de busca do poder de Deus, embora sejam usados com poder e autoridade pelo Senhor, enfrentarão grande oposição, a começar no próprio povo de Deus, na própria igreja local, mas, diante de tudo isto, devem seguir o exemplo de Cristo Jesus, que suportou toda a afronta e, por isso, alcançou a glorificação (Hb.12:2,3), que também nos espera (Rm.8:30). Aleluia! Vale a pena sermos fiéis ao Senhor até a morte (Ap.2:10)!

– Eliseu, por primeiro, sarou as águas de Jericó para que os filhos dos profetas pudessem ali habitar e desempenhar a sua missão. Temos, como o profeta, de, em nossa dedicação ao estudo da Palavra e à busca das coisas de Deus, estarmos prontos a “sarar as águas”, ou seja, criarmos “fontes de vida espiritual” em nossas atividades, façamos as pessoas crer em Cristo, para que as pessoas possam ser “rios de água viva que corram de seu ventre” (Jo.7:38).

– Em seguida, Eliseu aumentou o azeite da viúva, impedindo a escravização de seus filhos, para mostrar aos filhos dos profetas que valia a pena ser fiel a Deus e que, de modo algum, aqueles que servem a Deus serão motivo de escândalo seja para a Igreja, seja para os que não servem ao Senhor (I Co.10:32) e que, através do trabalho honesto e de um bom testemunho, sempre o Senhor nos suprirá as nossas necessidades materiais enquanto em nossa peregrinação terrena.

– Eliseu também mostrou, por meio da retirada da morte da panela, mostrou aos filhos dos profetas a importância de sermos vigilantes, de não permitirmos que “veneno” venha a alimentar o povo de Deus, a comunidade que se dedica ao estudo da Palavra, mandando-nos sempre usar da “farinha”, ou seja, da sã doutrina para afastar os falsos ensinos e as heresias de nosso meio.

– Eliseu, ao multiplicar os pães que havia recebido de um homem, ensinou aos filhos dos profetas que a partilha e o amor ao próximo devem ser valores sempre seguidos por todos quantos querem servir ao Senhor nesta vida. Demonstrando que não era líder para ser servido mas para servir, o profeta repartiu aquilo que recebera e, com isso, se operou o milagre da multiplicação. É preciso que haja, da parte daqueles que se dedicam ao Senhor, uma conduta social justa e amorosa, que leve à satisfação das necessidades materiais e espirituais do povo com quem convivemos.

– Eliseu, ao fazer flutuar o ferro do machado, mostrou aos filhos dos profetas como era necessário estarmos vigilantes e devidamente preparados para desempenhar a tarefa que o Senhor nos dá na Sua obra. Também nos fez ver que é mister lembrarmos, sempre, que tudo quanto recebemos do Senhor, a Ele pertence e que, por isso, teremos de prestar contas do uso dos dons que nos concede, sem falar que é preciso, sempre que falharmos, voltarmos aonde cairmos, para que recomecemos da maneira correta.

– Em cada milagre, portanto, havia um importante ensinamento que devemos seguir em nossos dias, mas, também, havia a manifestação sobrenatural do Senhor para dar aos filhos dos profetas o estímulo necessário para que prosseguissem a sua jornada aparentemente inglória, mas que foi de fundamental importância para a sobrevivência do reino de Israel até a sua final destruição, destruição que foi anunciada pelos profetas, que não sucumbiram juntamente com aquela nação de dura cerviz.

– Prossigamos, pois, nesta mesma “toada” nas nossas “escolas de profetas” hodiernas, estes espaços onde servimos a Deus e aguardamos o retorno de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém!

Colaboração para o portal Escola Dominical – Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

 

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