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LIÇÃO Nº 12 – O MUNDO VINDOURO

CREMOS

(…)

  1. No Juízo Final, onde comparecerão todos os ímpios: desde a Criação até o fim do Milênio; os que morrerem durante o período milenial e os que, ao final desta época, estiverem vivos.

E na eternidade de tristeza e tormento para os infiéis e vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis de todos os tempos (Mt.25:46; Is.65:20; Ap.20:11-15; 21:1-4).


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INTRODUÇÃO

– A doutrina cristã contém a crença na eternidade, na existência de um “mundo vindouro”, onde se selará o destino eterno dos homens conforme a resposta que derem à proposta salvadora do seu Criador.

– Cremos, por isso, no Juízo Final, bem como nas moradas eternas dos homens:

  • o lago de fogo e enxofre e o
  • céu.

I – O JUÍZO FINAL

– Depois da rebelião final, quando serão mortos os que, de forma muitíssimo ingrata, terão querido destronar o Senhor Jesus do reino milenar, céus e terra atuais deixarão de existir, pois terá se concluído a obra restauradora de Cristo.

Cumprida a obra restauradora de Cristo, não haverá mais razão para que existam os atuais céus e Terra e o Senhor, então, iniciará o processo para instituição de novos céus e nova terra, onde habitará a justiça (II Pe.3:13).

– Para tanto, iniciará executando a sentença já proferida na eternidade passada com relação ao diabo e seus anjos.

Como nos mostra Ap.20:10, após a descida de fogo do céu que destruirá os rebeldes do milênio, o diabo e seus anjos serão lançados no lago de fogo e enxofre.

A justiça começa a ser feita a partir dos primeiros pecadores, que foram estes seres angelicais que se rebelaram contra Deus nos céus.

– O diabo e seus anjos já foram condenados desde o instante em que foram expulsos dos céus em virtude de sua rebelião, mas a execução desta sentença somente se dará no final dos atuais céus e terra.

O lago de fogo e enxofre já está preparado para eles desde a eternidade passada (Mt.25:41) e receberá estes seres nesta ocasião.

– Tem fim aqui a trajetória declinante contínua de Satanás e de seus anjos.

– Expulso do céu (Lc.10:18), 

– foi para as regiões celestiais (Ef.6:12), de onde será expulso novamente por ocasião do início da Grande Tribulação (Ap.12:7-9),

– sendo levado para a Terra, de onde será retirado por ocasião do início do Milênio,

– quando será lançado no abismo (Ap.20:1-3).

– Depois de solto por um pouco de tempo, será, por fim, lançado no lugar a ele destinado, o lago de fogo e de enxofre.

– Em seguida a este gesto, os atuais céus e terra terminarão a sua existência, como preparação para o início do julgamento de todos os seres humanos que não tomaram parte na primeira ressurreição (Ap.20:11).

Os atuais céus e Terra, como seguimento do próprio fogo que destruiu os rebeldes, deixarão de existir, com um fogo destruidor, que fará com que todos os elementos da natureza se desfaçam, como descreve o apóstolo Pedro em II Pe.3:10, o que os cosmologistas chamam de “Big Crunch” ou o “Grande Colapso”, que é a contração do Universo até seu completo desaparecimento.

Terá, então, início, o terceiro e último julgamento previsto para a história da humanidade, o chamado “julgamento final” ou “juízo final” ou, ainda, o “juízo do trono branco”, que terá lugar depois do término do reino milenial de Cristo, em seguida ao juízo que porá fim a esta dispensação.

Logo após os rebeldes serem devorados pelo fogo do céu que cairá sobre os exércitos que estarão a cercar o lugar santo em Israel, terá findado a história humana.

O tempo deixará de existir e Deus chamará à Sua presença todos os seres humanos que foram criados e que ainda não tinham sido julgados até então, ou seja, todos os homens que não pertencem nem à Igreja, nem ao Israel salvo nem ao grupo dos mártires da Grande Tribulação, que já terão sido julgados.

Estes outros homens são os que serão levados a julgamento neste último grande tribunal da história.

– Deus dotou o homem de liberdade e, portanto, o homem deve responder pelos seus atos. Esta responsabilidade exige um julgamento e Deus, como é justo, determina que todos os seres humanos sejam julgados pelos seus atos.

Se entre os homens, tão falhos e imperfeitos, há a ideia de que é necessário fazer justiça, que podemos dizer de Deus, cujo caráter e natureza são em muito superiores aos dos homens?

– Deus, então, não poderia, mesmo, em vista de Seu caráter, encerrar a história da humanidade sem que chamasse à responsabilidade cada ser humano pelos atos que tenha praticado durante a sua existência, a fim de definir se, na eternidade que se seguirá à história, poderá, ou não, desfrutar da convivência eterna com o seu Criador, que é o objetivo precípuo de todo o plano estabelecido por Deus ao homem (Ap.21:3).

– O julgamento final é chamado de “juízo do trono branco” porque a narrativa bíblica se inicia com a visão de um “grande trono branco”, seguida da fuga da presença da terra e do céu (Ap.20:11).

Ocorrerá depois do término do reino milenial de Cristo e, na Bíblia, este julgamento é explicitamente mencionado, pela primeira vez, por Daniel (Dn.7:9,10), sendo algo que era de pleno conhecimento dos judeus, como mostra Marta, irmã de Lázaro, quando se dirigiu ao Senhor quando Este chegou a Betânia quatro dias após a morte de Seu amigo (Jo.11:24).

– Antes mesmo da profecia de Daniel, a ideia de que Deus julgará os homens não era desconhecida dos judeus.

O Antigo Testamento já nos permite vislumbrar esta realidade de um julgamento divino em relação ao homem, como se vê, por exemplo, em alguns salmos, como os de número.50, 75 e 94.

– O juízo do trono branco é o “último dia” da crença dos judeus, o dia em que todos irão ressuscitar e comparecer perante o Senhor para prestar contas do que tenham feito, entendido que não serão julgados nesta oportunidade 

– nem a Igreja,

– nem os mártires da Grande Tribulação,

– nem o Israel salvo, que já terão sido julgados anteriormente, pois se constituem na “casa de Deus” (I Pe.4:17).

OBS:…no último dia…se referia à noção judaica acerca do fim do mundo, isto é, do presente sistema mundano, quando o Messias chegasse a fim de estabelecer uma nova ordem neste mundo, restaurando a glória ao reino de Israel, ocasião em que haveria uma ressurreição geral dos justos, porquanto, segundo as ideias que os judeus faziam a respeito, os injusto ordinariamente não eram considerados dignos de fazer parte da ressurreição.

O cristianismo, por outro lado inclui uma ressurreição geral para toda a humanidade, segundo se pode ver nos trechos de João 5:28,29 e Apo.20:4-6.…” (R.N. CHAMPLIN. O Novo Testamento interpretado, com. Jo.11:24, v.2, p.468).

– Jesus também menciona este julgamento, quando profere o Seu sermão escatológico, como vemos em Mt.25:31-46, onde, explicitando o que já havia sido predito em Dn.7:13, ou seja,

de que Ele próprio, o Filho do homem, haveria de efetuar o julgamento, diz que este julgamento se iniciará logo após a Sua vinda triunfal em glória (o “julgamento das nações” mencionado supra) e 

terminará com o “juízo do trono branco”, quando, então,serão separados definitivamente aqueles que irão para o gozo eterno e os que padecerão o tormento eterno para todo o sempre (Mt.26:46). 

Este processo, iniciado no “julgamento das nações”, somente se findará no “juízo do trono branco”.

– Este ensino de Jesus foi, depois, confirmado pelos apóstolos e pelos escritores do Novo Testamento.

Paulo afirma que Jesus há de julgar os vivos e os mortos (II Tm.4:1), assim como Pedro (I Pe.4:5).

Tiago, também, alerta para o fato de que todos serão submetidos ao julgamento divino (Tg.2:12,13; 3:1;4:12), assim como João (II Jo.8) e Judas (Jd.15).

A ideia de que Deus julgará os homens, aliás, é uma ideia que perpassa por todos os povos e civilizações, sendo uma demonstração de que se trata de um conhecimento dado ao homem desde as mais priscas eras,

algo que o inimigo não conseguiu apagar da memória do ser humano, pois há certos aspectos da divindade que não podem ser eliminados, até porque os homens comparecerão diante de Deus sem condição alguma de se desculpar (Rm.1:18-20).

Já entre os egípcios, havia uma crença a respeito do julgamento a que são submetidos os mortos, crença esta que alguns estudiosos entendem tenha até influenciado a concepção judaica a respeito do tema.

De qualquer maneira, é uma daquelas noções que se encontram em todos os povos, a mostrar, claramente, que não há como alguém escapar do juízo divino.

– Aliás, pelo que vemos nas Escrituras Sagradas, desde Enoque (Jd.14), o mundo tem sido confrontado com o julgamento divino, não tendo sido outro, aliás, o teor da mensagem de grandes homens de Deus ao longo da história da humanidade, como Noé (“o pregoeiro da justiça” – II Pe.2:5), Jonas (Jn.3:4 “in fine”) e João Batista (Lc.3:7-9).

II – OBJETIVOS DO JUÍZO FINAL

– Deus terá encerrado a história humana. Com o devorar dos últimos rebeldes com fogo descido do céu e a execução da sentença lançada sobre o diabo quando de sua rebelião contra Deus, dizem-nos as Escrituras que a terra e o céu fugirão da presença do Senhor (Ap.20:11), ou seja, chega-se ao clímax, ao término da existência do Universo relativo, da criação que o Senhor havia feito e posto sob o domínio do ser humano.

– Assim, deixando de ter razão de ser a existência de todas as coisas que haviam sido criadas em função do homem, é chegado o instante de todos os seres humanos que já existiram e que ainda não foram julgados serem levados à presença do Criador, a fim de que prestem contas da mordomia de que foram investidos.

Sem que isto ocorra, não é possível que sejam criados novos céus e nova terra, pois nosso Deus não é injusto nem Deus de confusão e a criação de novos céus e terra exigem a resolução de todas as questões morais pendentes na atual criação.

Uma das finalidades do juízo final, portanto, é a de eliminar as pendências ainda existentes e, deste modo, ultimar e concluir a dimensão física hoje presente no Universo relativo.

– Com o julgamento final, Deus, também, mostrará que é o Senhor de todas                                    as coisas. Todo julgamento, nos nossos dias, é uma expressão de soberania, ou seja, de domínio e de poder.

Toda vez que alguém é julgado por um tribunal, este tribunal está dizendo que o governo ou a organização a que ele pertence tem poder, tem supremacia, é superior a quem está sendo julgado, que, assim, lhe deve obediência.

Não é por outro motivo, por exemplo, que os Estados Unidos têm se recusado a assinar o Tratado de Roma que criou o Tribunal Penal Internacional, uma corte que julgará os crimes contra a humanidade, ligado à Organização das Nações Unidas, porque não aceitam a ideia de que a ONU possa lhes dizer o que devem fazer ou deixar de fazer com relação à segurança das nações.

– No julgamento final, portanto, Deus irá mostrar que é o Senhor dos céus e da terra, que a terra Lhe pertence (Sl.24:1).

É sintomático observar que a Bíblia diz que, ao se estabelecer a Corte Divina, terra e céu fogem da presença de Deus, porque “não se achou lugar para eles” (Ap.20:11), ou seja, não há quem possa sequer ter posição, lugar ou existência diante deste Deus, que é o Senhor de todas as coisas, o Eterno, Aquele que deu existência a tudo o mais.

– Também é importante verificar que Deus Se instala como Soberano para julgar já tendo sentenciado o diabo e seus dois principais agentes (o Anticristo e o Falso Profeta), para nos ensinar, a nós que ainda estamos na dispensação da graça, de que só Ele é Soberano e que ninguém, nem mesmo o diabo, pôde, em algum momento, competir com Ele a respeito do controle e do domínio do mundo.

O diabo nada governa nem nada tem, sendo apenas um ser atrevido e que tem agido única e exclusivamente por permissão divina, porque sua ação serve aos sublimes propósitos do Senhor.

Assim sendo, não aceitemos os pensamentos, doutrinas e ensinos que procuram criar um falso dualismo entre Deus e o diabo no universo, pois “nosso Deus é Soberano, Ele reina desde a fundação do mundo”.

– Mas, além da prova da Sua soberania sobre tudo e todos, o julgamento final também tem por finalidade fazer justiça.

Deus tem exercido a Sua misericórdia e a Sua bondade desde o momento em que o homem pecou.

Com efeito, expulsou o homem do jardim do Éden, mas não permitiu que ele tomasse do fruto da árvore da vida, impedindo-o de ter um destino eterno irremediável, como ocorreu com o diabo e seus anjos.

Mas, apesar de ser bom e de Sua misericórdia alcançar todas as gerações (Ex.20:6; Dt.5:10), chegará o momento em que deverá executar a Sua justiça, pois Deus, além de ser amor, também é justo (Sl.11:7) e a justiça é a base do Seu trono (Sl.89:14; 97:2).

Assim, se o julgamento final serve para mostrar a Soberania de Deus, também serve para mostrar a Sua justiça, pois, como indagou o próprio amigo de Deus, Abraão: “…não faria justiça o Juiz de toda a terra ?” (Gn.18:25).

– A propósito, o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) demonstrou a existência de Deus precisamente pela necessidade de que haja um julgamento que restabeleça a ordem moral no universo.

Como todos os homens são responsáveis, diz o filósofo, e, nesta vida, perduram situações de injustiça, em que as pessoas não respondem pelos danos e males cometidos, é evidente que tenha de haver um outro mundo em que se faça justiça e, naturalmente, que exista um Juiz, superior aos demais, que execute esta justiça.

Vemos, portanto, que o julgamento final cumpre o propósito de demonstrar não só a existência divina, mas o Seu caráter justo, que nem sempre ficou evidenciado ao longo da história humana.

Ao fazer justiça, Deus irá mostrar a cada ser humano que há, sim, diferença entre o homem que serve a Deus e o que não O serve.

Muitas vezes, no mundo, somos levados a ilusões e nos embaraçamos com as aparências, achando, como Asafe, que não há qualquer vantagem em se servir a Deus e se chega, mesmo, a invejar os ímpios (cfr. Sl.73).

Entretanto, o julgamento final, de forma pública, notória e diante de todos os seres humanos que já existiram sobre a face da Terra, será mostrada a verdade patente, nua e crua de que vale a pena servir a Deus.

Nesse dia, como profetizou Malaquias, “…vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não O serve.” (Ml.3:18).

– O julgamento final também tem o propósito de encerrar o cumprimento das promessas de Deus.

Após ter restaurado todas as coisas, mostrando o Seu poder sobre o mal e o pecado, que é o objetivo precípuo do reino milenar de Cristo, o Senhor promoverá o cumprimento de tudo aquilo que prometeu e disse a cada ser humano que existiu:

promessa de salvação àqueles que Lhe serviram e de condenação àqueles que não Lhe deram crédito, que contra Ele se rebelaram.

É o momento do acerto de contas, da chamada à responsabilidade de todos os homens que, tendo recebido de Deus o livre-arbítrio, a liberdade, dela usaram como quiseram.

Deus estará, então, finalizando o cumprimento da Sua Palavra para esta dimensão histórica.

– O julgamento final é o triunfo do bem sobre o mal, a determinação da vida eterna para quem creu em Deus e O serviu e da morte eterna, a chamada “segunda morte” (Ap.20:14), para quem rejeitou a Deus e contra Ele se rebelou.

Todos aqueles que se rebelaram contra Deus serão definitivamente julgados e lançados no lago de fogo e de enxofre, onde já estarão o diabo, o Anticristo e o Falso Profeta e os anjos caídos que, nesta oportunidade, terão, também, sido julgados (Jd.6), num julgamento que deverá ocorrer pouco antes da execução da sentença já lançada sobre Satanás e do qual participarão os santos do Altíssimo (cfr. I Co.6:9).

O mal será extirpado e, então, terra e céus serão substituídos por nova terra e novos céus onde habitará a justiça (II Pe.3:13).

Somente depois que a iniquidade, o pecado, a injustiça for retirada é que se poderá ter novos céus e nova terra, como nos ensina a Bíblia Sagrada e esta retirada se fará mediante o julgamento final.

III – OS FUNDAMENTOS DO JUÍZO FINAL

Todo julgamento tem de se basear em normas e regras que sejam claras e conhecidas de todos.

Ninguém pode ser julgado sem que haja uma lei que sirva de critério e de base para este julgamento.

É por isso que, na ciência jurídica, é sempre dito que a função de julgar nada mais é que “a atuação da vontade concreta da lei”, ou seja, a aplicação do que diz a lei para um caso concreto.

Os julgamentos divinos não fogem a este princípio, até porque este princípio adotado e acolhido pelos juristas é decorrência do que o próprio Deus estabeleceu para o homem, ao criá-lo e ao mundo onde ele vive.

O primeiro fundamento dos julgamentos divinos é a própria racionalidade humana, ou seja, a capacidade de entendimento de que o homem foi dotado por Deus, para ter consciência de si mesmo e do próprio Deus.

Deus fez o homem um ser pensante, um ser racional precisamente para que ele pudesse saber que é um ser, que, enquanto ser, ocupa uma posição de inferioridade em relação a Deus e de superioridade em relação à criação na Terra, bem como que tem o poder de escolher entre obedecer a este Deus ou não.

Consciência de si, de Deus, de sua posição na ordem universal e de sua liberdade, são os pontos da racionalidade humana e que são a primeira base para os julgamentos divinos.

Esta racionalidade e consciência geram uma liberdade que, como já vimos supra, traduz-se numa responsabilidade.

Por mais que os homens possam ludibriar e enganar os seus semelhantes, conseguindo escapar aos julgamentos humanos, seja porque os homens não conseguiram obter provas suficientes para responsabilizar alguém, seja porque não houve interesse ou empenho dos julgadores em promover a responsabilização, o fato é que sempre o réu culpado sabe que está errado e que agiu contra a lei.

Assim, ainda que seja absolvido, isto é, não seja responsabilizado num julgamento humano, o réu sabe muito bem que a solução correta e justa não seria esta, mas a sua condenação.

Por quê ? Porque a consciência recebida de Deus lhe mostra que ele está errado e que deveria ser condenado.

– Vemos, portanto, o primeiro fundamento dos julgamentos divinos: o homem é livre e consciente e, portanto, responsável pelos seus atos.

Sabe Deus, pois foi quem criou todos os homens, que não há um homem igual a outro em toda a história da humanidade.

O Senhor conhece a estrutura de cada um (Sl.103:14) e, por isso, determinou que os julgamentos divinos sejam individuais.

É importante observar que todos os julgamentos divinos são individuais:

– tribunal de Cristo – cada crente será julgado pelas suas obras;

– julgamento das nações – cada indivíduo de Israel e das nações gentílicas será julgado pelas obras apresentadas durante o período da Grande Tribulação para que se veja se é, ou não, digno de ingressar no milênio;

– julgamento final – cada um dos seres humanos não incluídos nos julgamentos anteriores será julgado segundo as suas obras.

Os julgamentos são individuais porque Deus avaliará o grau de consciência e de responsabilidade de cada um, a fim de que os julgamentos sejam justos.

Mas, além da consciência e da responsabilidade de cada indivíduo, Deus, também, usará a Sua revelação como fundamento para o julgamento.

Vimos que todo julgamento tem de se basear em uma lei e, além da consciência e responsabilidade, que são regras, normas inseridas por Deus em cada ser humano, há, também, a revelação do próprio Deus ao homem ao longo de toda a história da humanidade.

Deus, conhecendo a fragilidade do homem, mormente depois que caiu e se apartou do seu Criador, sempre teve interesse e desejo de Se revelar ao homem, fazendo-o

seja pela natureza,

seja por Israel,

seja pela Sua Palavra,

seja pelo Seu Filho (em carne, pela Igreja, pelos pregadores da Grande Tribulação, pelo anjo do evangelho eterno).

Deus não quis deixar apenas sob um aspecto subjetivo, interno, pessoal de cada indivíduo o critério para alicerçar uma responsabilização, um julgamento,

mas, por meio de elementos puramente objetivos, externos a cada ser humano, mostrou-Se ao homem, a fim de que ele pudesse conhecer qual era o caráter de Deus e ao que deveria se assemelhar.

Esta revelação divina, portanto, será o critério e um dos fundamentos dos julgamentos divinos.

Aqui, também, se explica porque cada julgamento será individual. Deus irá tratar a cada indivíduo conforme a revelação divina que teve.

É, aliás, este o sentido da expressão de Rm.2:12, onde Paulo diz que os que sem lei pecaram, sem lei serão julgados e os que conheceram a lei, pela lei serão julgados.

Nesta passagem, Paulo nos mostra, com a clareza que lhe era peculiar, que Deus levará em conta, no julgamento, o tipo de revelação que a pessoa teve de Deus, a fim de que, segundo esta revelação, seja verificado se houve, ou não, observância e obediência ao Senhor.

Lembremos, desde já, embora venhamos a tratar do assunto amiúde mais abaixo, que nenhum homem poderá se desculpar e dizer que não teve como perceber a revelação de Deus a si (cfr. Rm.1:18-20).

– Mas, um julgamento justo não se baseia apenas nas normas e regras abstratas, mas, como deve ser a aplicação da lei ao caso concreto, é preciso que se apresentem, também, fatos, provas que demonstrem ter ocorrido a observância, ou não, da lei.

É por isso que os julgamentos divinos não têm apenas

a consciência,

a responsabilidade do indivíduo que está sendo julgado ou

a revelação divina a este indivíduo, mas também

os registros de tudo aquilo que ele fez enquanto existiu sobre a face da Terra.

É este o sentido dos “livros” mencionados em Ap.20:12 “in fine”.

Não pensemos que haja um cartório no céu, com livros e mais livros, como os nossos cartórios judiciais e extrajudiciais, onde fisicamente haja registros das obras de cada indivíduo que já viveu sobre a face da Terra.

Trata-se, evidentemente, de uma figura, de um símbolo, mas, sem dúvida alguma, estão registrados diante de Deus todos os atos praticados por todos os indivíduos e estes atos serão apresentados no momento do julgamento, diante de cada réu. O justo juiz mostrará a justiça julgando sempre com provas.

– Abrimos aqui um parêntese no assunto da lição apenas para lembrar a todos nós que, sendo servos do Senhor e tendo de ser a Sua imagem e semelhança, de modo algum podemos proceder de forma diversa da que procede o nosso Deus.

Se Deus que é onisciente, ou seja, sabe de todas as coisas; onipresente, ou seja, está em todos os lugares ao mesmo tempo e onipotente, pode todas as coisas, não dispensa a existência de provas para julgar alguém, por que eu e você, muitas vezes, aceitamos e julgamos as pessoas sem que tenhamos qualquer prova ou o menor indício ?

Por que confiar no “ouvir dizer” ou nas aparências, muitas vezes vindas de meios de comunicação altamente comprometidos e sem qualquer compromisso com Deus e, portanto, com a verdade ?

Pensemos nisso e mudemos nosso comportamento o quanto antes, porque, se continuarmos a agir erradamente, isto, sim, estará devidamente provado naquele dia…

Outro fundamento dos julgamentos divinos e, portanto, do julgamento final é o direito de defesa.

Todos os julgamentos somente se justificam por causa do direito de defesa.

Deus irá julgar um por um dos indivíduos que existiram sobre a face da Terra (e isto literalmente, se considerarmos os três julgamentos), única e exclusivamente para dar oportunidade aos julgados para se manifestar e ter acesso às provas e à aplicação das normas ao caso concreto.

Não fosse este o motivo, o Senhor teria lançado os ímpios, de imediato, no lago de fogo e de enxofre, assim como fez com o Anticristo e o Falso Profeta, que assim serão tratados porque desafiaram abertamente a Deus e se deixaram dominar pelo diabo, num nível de rebeldia igual ao de Satanás, de plena consciência e rejeição ao senhorio divino.

 Com relação aos outros homens, porém, Deus lhes mostrará a Sua justiça, permitindo-lhes que se manifestem, assim como fez com os nossos primeiros pais (Gn.3:8-11).

Tanto assim é que vemos os julgados, mesmo condenados, manifestando-se no julgamento final, como, por exemplo, em Mt.7:22 e Mt.25:44.

Teremos um efetivo direito de defesa, inclusive com direito ao uso de palavra. Que Deus justo é o nosso Deus!

Não é por outro motivo que os juristas costumam chamar o direito de defesa de sagrado, já que o primeiro registro de sua criação e exercício remontam ao próprio Deus, neste episódio do Jardim do Éden.

Aqui, aliás, abrimos um outro parêntese: se Deus que é Deus dá a cada ser humano na face da Terra a oportunidade de defesa, por que nós, muitas vezes, queremos suprimi-lo de nosso semelhante ? Seríamos mais justos do que o Senhor, do que o Juiz de toda a Terra?

Outro fundamento dos julgamentos divinos é a sua publicidade.

Todos os julgamentos divinos são públicos, são feitos à vista de todos os envolvidos.

O tribunal de Cristo é feito diante de toda a Igreja arrebatada;

o julgamento das nações e o julgamento final é visto diante de tronos, numa típica cerimônia pública, onde todos os homens de todos os tempos estarão reunidos para se submeter ao Senhor dos senhores – 0 e Rei dos reis.

Tanto assim é que Paulo afirma que, nesta oportunidade, ocorrerá a suprema exaltação de Cristo e todo o joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (Fp.2:9-11).

– Se Deus faz as coisas publicamente, à vista de todos, por que muitos insistem, inclusive na Igreja, que é o corpo de Cristo, em promover julgamentos às ocultas, às escondidas?

Não devemos agir assim, até porque, se os membros da igreja local não veem, saibam todos que tudo o que se passa é visto pelo Senhor e, como diz o escritor aos Hebreus, “não há criatura alguma encoberta diante d’Ele, antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos d’Aquele com quem temos de tratar.”(Hb.9:13).

Abramos nossos olhos e sigamos a publicidade demonstrada pelo caráter justo do Senhor, porque

“…nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto, que não haja de saber-se” (Mt.10:26b), a fim de que não recebamos o mesmo juízo lançado sobre Davi, a saber:

“porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.” (II Sm.12:12).

– Logicamente que, quando dizemos que os julgamentos nossos devem ser públicos, a exemplo dos julgamentos divinos, devemos manter a mesma sobriedade e dignidade que o Senhor manterá nestes julgamentos.

Em momento algum, mesmo quando vemos o Senhor condenando os homens, vemo-l’O humilhando ou retirando a dignidade humana de qualquer julgado.

A própria sentença de condenação do Senhor não tem sequer uma palavra de injúria ou de ofensa aos condenados.

Diz o Senhor tão somente o necessário, sem humilhar quem quer que seja. “Nunca vos conheci, apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt.7:23).

‘Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos, porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo e na prisão, não me visitastes.” (Mt.25:41b-43).

 Qual diferente é o Senhor de certos indivíduos que, por se acharem autoridades eclesiásticas, sob a desculpa da publicidade, ao invés de darem a sentença, preferem ofender e injuriar as pessoas!

Por fim, outro fundamento dos julgamentos divinos é a imparcialidade e retidão do julgador.

Dizem as leis humanas que um julgamento, para que seja justo, deve ser exercido por um juiz que seja imparcial, ou seja, não tenha qualquer inclinação para uma parte ou outra, como também que seja um juiz correto, uma pessoa de que tenha ilibada reputação.

Nestes dois requisitos, vemos que os julgamentos divinos trazem o que de mais excelente há nesta matéria. Deus é imparcial, é a própria imparcialidade personificada, pois, para Ele, não há acepção de pessoas (Dt.10:17; Cl.3:25).

Deus estará tratando a todos os homens igualmente, pois o julgamento final, inclusive, é para que prevaleça esta regra da imparcialidade, pois, com este episódio, todos os indivíduos terão tido a oportunidade de defesa antes de terem selado o seu destino eterno.

Com respeito à reputação do Senhor, Ele é santo (Lv.11:45; I Pe.1:15) e terá demonstrado todo o Seu poder e fidelidade ao longo da história humana.

Por isso, até, o julgamento final se realizará no final da história, para que o Senhor demonstre, cabalmente, a Sua dignidade para julgar os vivos e os mortos.

Vemos, portanto, que os julgamentos divinos têm como fundamentos os princípios mais límpidos e seguros de toda a justiça, possuindo todos os requisitos que, há séculos, os próprios homens tentam, sem êxito, impor aos seus próprios julgamentos.

Indubitavelmente, todos aqueles que se submeterem ao julgamento final estarão sendo justa e retamente julgados.

IV – COMO SE DARÁ O JUÍZO FINAL

Lançado o diabo no lago de fogo e de enxofre, cessará o tempo histórico e será instalado o grande tribunal, a ser presidido por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o filho do homem que se apresenta ao ancião de dias na visão do profeta Daniel (Dn.7:13).

Instalado o tribunal, ante o grande trono branco, onde estará assentado Aquele que julgará os vivos e os mortos, ou seja, Jesus Cristo, serão chamados os réus, que são todos os homens e mulheres que ainda não tiverem sido julgados até então, ou seja,

aqueles que não tomaram parte na primeira ressurreição e os que não foram submetidos ao julgamento das nações antes do início do Milênio (os que ficaram vivos no início do Milênio, sobreviventes da Grande Tribulação).

Neste instante da chamada dos acusados, haverá a ressurreição geral dos mortos, ou seja, a chamada “ressurreição do último dia”, mencionada por Marta quando abordada por Jesus no dia da ressurreição de Lázaro em Betânia e que é a ressurreição que é sempre mencionada nos rituais católicos romanos.

Esta ressurreição será uma ressurreição em carne, ou seja, Deus promoverá a reunião da matéria e restabelecerá os corpos daqueles que, durante toda a história da humanidade, viveram sobre a face da Terra.

Esta é uma das provas bíblicas de que ressurreição não se confunde com reencarnação, pois se Deus irá retomar toda a matéria de que foram criados os homens que viveram durante toda a história da humanidade dos locais em que eles morreram (Ap.20:13), isto é uma demonstração de que se morre apenas uma vez sobre a face da Terra, ao contrário do que afirmam os reencarnacionistas.

Ainda mais, não há notícia de que venha a ser ressuscitado qualquer corpo que venha de outro planeta, a comprovar, também, que a teoria reencarnacionista, que sustenta a vida em outros planetas para justificar o crescimento populacional, não tem qualquer fundamento bíblico.

– Esta ressurreição difere da primeira ressurreição, porquanto, nesta, como se vê em Ap.20:6, há uma bem-aventurança, enquanto naquela, o texto sagrado silencia, a indicar que sua ocorrência não traz, a princípio, qualquer benefício.

Na primeira ressurreição, os que ressurgem, é verdade, não escapam do julgamento divino, mas escapam da condenação, estão salvos e ressurgem para reinar com Cristo.

Os que ressurgem por conta do julgamento final, porém, além de não escapar do julgamento divino, não têm, por força da ressurreição, qualquer garantia de salvação.

Por fim, na primeira ressurreição, o Paraíso, onde ficavam os que morriam no Senhor, será esvaziado, pois, depois do arrebatamento da Igreja e da complementação da primeira ressurreição, não haverá mais qualquer alma naquele local;

já na outra ressurreição, promover-se-á o esvaziamento do Hades, onde estarão aqueles que não dormiram no Senhor e que estarão, por isso, esperando o julgamento definitivo sem ter a certeza da salvação.

– É importante observar que a Bíblia diz que Jesus julgará os vivos e os mortos (II Tm.4:1; I Pe.4:5), pois, além dos mortos de todas as épocas que serão ressuscitados nesta oportunidade, também serão levados a julgamento as pessoas que estiverem vivas e assim se mantiverem por ocasião do término do Milênio, pois não serão todos os homens que se rebelarão contra o Senhor e contra Israel na rebelião final. Estas pessoas não terão morrido e compõem os vivos mencionados nos textos sagrados referidos.

– Operada a ressurreição e a eles congregados os que estiverem vivos naquela oportunidade e não tiverem sido ainda julgados, que é a chamada dos acusados, o Juiz passa, então, a julgar um a um os indivíduos.

Este julgamento terá, como já vimos

a apresentação das normas e regras aplicáveis a cada caso,

a apresentação das provas, ou seja, dos atos cometidos pelo acusado,

a oportunidade para a sua manifestação e a

sentença final, que não terá recurso, 

vez que se trata da mais alta autoridade do Universo que está proferindo o julgamento e isto à vista de toda a humanidade e,

quando dizemos toda a humanidade, não estaremos usando qualquer força de expressão, pois ali estarão presentes não só os acusados, mas também todo o povo dos santos do Altíssimo (cfr.Dn,7:27: Igreja, os que tomaram parte na primeira ressurreição e o Israel salvo).

Neste momento, é importante salientar que, ao contrário do que muitos afirmam, este julgamento não terá apenas condenação.

Muitos entendem que o juízo do trono branco será apenas para condenação, mas não podemos extrair isto das Escrituras Sagradas.

O texto bíblico afirma que, na análise das normas e das provas, isto é, da abertura dos livros, inclusive do livro da vida (Ap.20:12), os mortos são julgados segundo as suas obras, não diz, portanto, que são condenados segundo as suas obras, o que nos permite inferir legitimamente que não haverá sempre condenação, como muitos advogam por aí.

A Bíblia diz apenas que aquele que não foi achado no livro da vida será condenado (Ap.20:15), livro da vida este que não é o mesmo livro da vida do Cordeiro que é mencionado em Ap.21:27.

A propósito, a nova redação do item do Cremos de nossa Declaração de Fé se perfilha a este entendimento, que é o que se extrai do texto bíblico.

O livro da vida do Cordeiro é o livro onde estão escritos os nomes daqueles que vão ingressar na Nova Jerusalém, ou seja, na cidade santa que descerá aos novos céus e terra no Estado Eterno e que será o objeto de nosso estudo na próxima lição(Ap.21:27).

É uma espécie de passaporte, de visto, de “green card” para a cidade santa. Sendo assim, neste livro estarão tanto o povo dos santos do Altíssimo quanto aqueles que serão absolvidos e declarados salvos no julgamento final.

Este livro só será aberto por ocasião do julgamento final e, mesmo não conhecendo seu teor até lá, sabemos que, deste livro, já estão fora, de antemão, todos aqueles que adorarem a besta na Grande Tribulação, porque esta adoração importará numa consciente e deliberada rejeição de Jesus (Ap.13:8 e 17:8).

O livro da vida mencionado em Ap.20:12, porém, é um outro livro, onde estarão apenas aqueles que serão julgados e absolvidos no julgamento final.

Do livro da vida não consta o povo dos santos do Altíssimo, porque eles já terão sido julgados e não o serão novamente por ocasião do julgamento final e, o que é relevante, segundo muitos estudiosos, já terão, inclusive, entrado na Nova Jerusalém.

Desta maneira, não sendo réus no julgamento final, não há como serem vistos no livro da vida, mas, por estarem ou terem direito de estar na Nova Jerusalém, terão seus nomes inscritos no livro da vida do Cordeiro, o que prova que se trata de dois livros diferentes, que não podem ser confundidos.

Daí temos a convicção de que, no julgamento final, haverá, sim, pessoas que se salvarão do lago de fogo e de enxofre e que ingressarão na nova Jerusalém.

É precisamente aqui se resolvem muitas dúvidas a respeito da salvação de pessoas que não tiveram qualquer oportunidade de ouvir falar de Jesus (como os índios que moravam no Brasil até a época do descobrimento) ou das pessoas que viveram antes de Jesus e não tiveram como aceitá-lO nem de chegar ao conhecimento da promessa messiânica (como os chineses do tempo de Confúcio ou Lao-tsé e os indianos do tempo de Buda).

A Bíblia é clara ao afirmar que estas pessoas serão julgadas segundo as suas obras e estas obras terão de mostrar se, à luz da revelação que tiveram de Deus, foram, ou não, capazes de Lhe obedecer.

Caso tenham sido obedientes a Deus, diante da revelação que tiveram de Deus, suas obras o demonstrarão e, assim, seus nomes estarão escritos no livro da vida e, portanto, serão achados dignos de ingressar na nova Jerusalém.

Se, porém, não tiverem sido obedientes a Deus conforme a revelação que tiveram, seus nomes não estarão inscritos no livro da vida e, assim, serão condenados e lançados no lago de fogo (Ap.20:15).

– É importante ressaltar, aqui, que Deus tem várias formas de revelação, mas que todo e qualquer ser humano terá tido a oportunidade clara de conhecer a Deus e à Sua vontade.

Escrevendo aos Romanos, Paulo é bem categórico ao dizer que nenhum homem poderá se desculpar diante de Deus, dizendo não ter podido perceber a revelação do Senhor.

A própria natureza, diz o apóstolo, é uma manifestação divina para que os homens fiquem inescusáveis, isto é, sem desculpa (Rm.1:18-20).

A combinação das normas a serem utilizadas no julgamento (consciência, responsabilidade, formas de revelação divina) bem como os fatos registrados, ou seja, os atos praticados devidamente registrados, não deixam qualquer margem para que se tenha qualquer injustiça.

OBS: “…Existe uma pergunta no meio da cristandade e até fora dela baseada nos versículos 11-15 que temos nesta seção [Ap.20:11-15, observação nossa]:

‘ como serão julgados aqueles que morreram sem ouvir o Evangelho ?’.

Essa pergunta, quando dentro da lógica da visualização do homem, pode ultrapassar qualquer possibilidade de entendimento da mente humana. Mas é evidente que Deus tem falado e vem falando ao homem de ‘muitas maneiras’ (Hb.1:1).

Paulo diz que o Evangelho foi ‘pregado a toda criatura que há debaixo do céu’ (Cl.1.23).

Deus pode alcançar, através de seus métodos, a todos os homens.

Vejamos alguns dos métodos de Deus:

(a) Deus fala através do Universo(…) Sl.19.1-4;

(b) Deus fala através da percepção(…) Rm.1.19-20;

(c) Deus fala través da consciência(…) Rm.2:14-16;

(d) Deus fala através da vida dos animais(…) Jó 12:7-9;

(e) Deus fala através dos meios geográficos (…)At.17.30-31

(f) Deus fala através de sonhos (…) Jó 33.14-18;

(g) Deus fala através dos anjos (…) Ap.14.6;

(h) Deus fala través de Seu Filho (…) Hb.1.1;

(i) Deus fala através de sinais e milagres (…) Hb.2.4a.(…)

Perguntamos agora: havendo Deus falado tanto e de tantas maneiras, chegará alguém inocente diante do Grande Trono Branco ?…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo.2.ed., p.260-1).

– Feito o julgamento, proceder-se-á à imediata execução, pois não se estará mais no instante da misericórdia divina ou da Sua longanimidade, manifestada ao longo de toda a história, mas no instante final da execução, da retirada dos obstáculos morais para a instalação dos novos céus e nova terra.

Assim, terminado o julgamento, segue-se à imediata execução dos julgados, com o lançamento no lago de fogo de enxofre dos condenados (Ap.20:15).

– Além dos condenados, a Bíblia também diz que, no lago de fogo, serão lançados tanto a morte quanto o Hades (Ap.20:14).

Aqui temos, evidentemente, uma figura de linguagem, pois nem a morte nem o Hades são pessoas e, portanto, não se equiparam a elas para ser julgadas e sentenciadas.

O fato é que, com o julgamento definitivo de todos os seres humanos, a morte física e o Hades, lugar onde ficavam os mortos aguardando o julgamento definitivo (lembremos que, desde o arrebatamento da Igreja e a primeira ressurreição, o Paraíso, onde eram colocados os que dormiam no Senhor, esvaziara-se), perdem completamente a sua razão de ser.

Com efeito, os homens já foram definitivamente julgados e ninguém mais nascerá ou morrerá a partir de então, de modo que a morte física deixará de cumprir o seu papel, pois terá findado a dimensão surgida com o pecado do primeiro casal e, de igual modo, o Hades não terá porque existir.

Por isso, dizem as Escrituras, eles serão lançados no lago de fogo, ou seja, serão simplesmente eliminados, não mais existirão.

– Deus terá, então, cumprido plenamente o Seu plano para o homem neste Universo relativo, pendência alguma terá ficado e, assim, poderá instituir os novos céus e nova terra onde habitam a justiça e trazer, para eles, a cidade já há muito preparada para conviver eternamente com a sua criação: a Jerusalém celestial.

V – A NOVA JERUSALÉM

– A Nova Jerusalém é a cidade celestial que foi feita para ser o local onde Deus habitará juntamente com os homens que Lhe foram fiéis e aceitaram a Sua oferta de submissão e obediência à Sua Palavra.

A Nova Jerusalém é o local que substituirá o Éden como morada de Deus com os homens.

Ela é explicitamente mencionada e revelada no capítulo 21 do livro do Apocalipse, mas, antes da visão do apóstolo João, já havia referências a ela nas Escrituras.

O próprio Jesus já havia mencionado existir um lugar que seria por Ele preparado para que os Seus servos nele habitassem para sempre com o Senhor (Jo.14:3).

– A Nova Jerusalém apresenta-se, portanto, como o ambiente, o lugar onde Deus morará com os homens.

É a restauração da convivência completa e perfeita entre Deus e os homens que havia antes que o pecado causasse o atual estado de divisão que existe entre Deus e a humanidade.

Somente na Nova Jerusalém, esta comunhão será restabelecida por completo, ocorrendo aquilo que é dito pelo apóstolo, de vermos Deus como ele é (I Jo.3:2).

– As Escrituras afirmam que nenhum homem nascido e criado nesta nossa dimensão viu a Deus (Jo.1:18; I Jo.4:12), porque, no atual estado em que nos encontramos, isto não é mesmo possível, pois é preciso que sejamos glorificados para que possamos contemplar o Senhor na Sua plenitude, ou seja, de forma completa, dentro das nossas imperfeições, naturalmente, pois sabemos que Deus é infinito e jamais poderemos contemplá-lo em Sua imensidão.

– O objetivo de Deus é fazer com que tenhamos, novamente, um lugar onde possamos habitar com Deus e a Nova Jerusalém é este local.

Mas, se bem analisarmos, veremos que o Senhor é tão maravilhoso que, ao invés de tão somente substituir o Éden, proporcionou um lugar melhor do que o Éden. Senão vejamos:

          a) no Éden, havia, a princípio, apenas minerais (Ez.28:13) e só depois Deus plantou nele um jardim para ali colocar o homem (Gn.2:8,9).

Na nova Jerusalém, entretanto, há, desde o início, tanto minerais quanto vegetais (Ap.21:12-21, 22:1,2).

         b) no Éden, Deus comparecia na viração do dia para falar com o homem (Gn.3:8), enquanto que,

na nova Jerusalém, a convivência será eterna, contínua, pois lá não haverá, inclusive, noite (Ap.21:3).

Deus visitava o Éden, mas morará na nova Jerusalém.

           c) no Éden, o homem, apesar de viver em delícias, tinha dores, pois Deus disse que à mulher que multiplicaria grandemente as suas dores (Gn.3:16) e só pode haver multiplicação de algo que já exista.

Na nova Jerusalém, porém, é dito que Deus removerá todo pranto, toda dor, toda lágrima, todo clamor (Ap.21:4).

       d) no Éden, havia uma restrição ao homem, que era a de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn.2:16,17).

Na nova Jerusalém, porém, não há notícia de qualquer restrição ao homem nem de que esta árvore continue a existir ali, mas se faz menção tão somente da árvore da vida (Ap.22:2).

      e) no Éden, o homem era meramente um mordomo, com poder apenas sobre a criação.

Na Nova Jerusalém, entretanto, o homem, embora continue sendo servo de Deus, participa do governo divino, não é mais simplesmente servo, mas amigo de Deus (Jo.15:15), tanto que lhe será permitido participar do reino divino (Ap.21:5).

      f) no Éden, houve espaço para a maldição divina (Gn.3:14-17), mas,

na nova Jerusalém, ninguém ou nada jamais poderão ser amaldiçoados (Ap.22:3).

          g) no Éden, o governo e a administração eram humanos, sob supervisão divina (Gn.1:26-28; 2:16), mas,

na nova Jerusalém, o governo e a administração serão divinos, com participação humana (Ap.22:3,5).

– Por isso, ao vermos que a Nova Jerusalém é superior ao Éden, temos que concluir que os bem-aventurados que nela puderem entrar (cfr. Ap.22:14)

reconhecer-se-ão uns aos outros, serão pessoas conscientes de onde estão, de quem são e porque ali estão.

Muitos se indagam se, no céu, nós iremos ter noção de

quem somos,

de onde estamos e que o que

estaremos a fazer.

Muitos acham que, como a Bíblia afirma que não nos lembraremos mais de nossas dores e tristezas deste mundo, seremos pessoas sem noção do que fomos aqui na Terra e não teremos condição de nos reconhecermos uns aos outros nos céus.

Não entendemos assim, entretanto. Por que Deus salvaria milhões e milhões de homens, para com eles habitar, se estes homens não tivessem sequer a noção de quem são, de quem é Deus e de onde estão ?

Como homens que venceram o pecado, que combateram o bom combate, que foram fiéis até o fim, passariam a eternidade sem a mínima noção de quem são ?

Como poderiam homens glorificados terem menos consciência do que quando viviam ainda numa natureza sujeita ao pecado ?

– Certamente que homens e mulheres remidos, vivos para todo o sempre, não terão motivo algum para se lembrarem ou se amargurarem com sofrimentos, pesares, reminiscências do tempo em que viveram nos antigos céus e terra.

Hoje em dia, num mundo de pecado e de miséria, ninguém se martiriza com lembranças desagradáveis do passado não tão remoto assim e se o fazem, são tidos como portadores de alguma doença mental, geradora de traumas, síndromes ou paranoias.

Então, se no ambiente imperfeito que vivemos, o normal é se esquecer do passado sombrio, por que haveria de ser diferente na dimensão sublime da comunhão plena com o Senhor?

Agora, o fato de não nos lembrarmos, de não ficarmos presos a fatos passados, em absoluto significa que seremos verdadeiros “zumbis” no céu, sem saber sequer quem somos.

Deus, pelo Seu caráter, jamais iria realizar um plano para a salvação do homem que quis conhecer o bem e o mal, para ter adoradores inconscientes e sem noção sequer de quem são.

Como poderá o homem, na eternidade, louvar e bendizer ao Senhor, para todo o sempre, sem sequer saber quem é e que existem outras pessoas ali juntamente com ele? Definitivamente, não é esta ideia concordante com o que as Escrituras afirmam ser o nosso Deus.

É importante verificarmos que a nova Jerusalém já está vindo para ocupar o seu devido lugar no novo universo que será formado. Jesus afirmou que a nova Jerusalém já existia ao tempo de Seu ministério terreno.

Sua assertiva é bem clara: “na casa do meu Pai, há muitas moradas, se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar”.

A cidade santa já existia e já tinha muitas moradas. Embora ela existisse, porém, o homem não poderia habitá-la, ou seja, o homem não estava preparado para poder ingressar nesta cidade, precisamente porque tinha suas vestes manchadas pelo pecado.

– Sabemos todos que há grandes restrições para que alguém entre nos Estados Unidos da América.

É preciso que a pessoa obtenha visto do governo norte-americano para li ingressar e são várias as modalidades de visto.

Os Estados Unidos existem, têm milhares de cidades, casas, edifícios, mas não há lugar algum preparado para aquele estrangeiro que não tiver visto para ali entrar.

No dia em que lhe for providenciado um visto, ele ali poderá entrar, ele ali terá lugar, enquanto não, não.

Pois é exatamente o que ocorre com a Nova Jerusalém. Jesus afirmou que a cidade já existia, que tinha muitas moradas, mas o lugar ainda não estava preparado, porque não havia como o ser humano conseguir ali entrar.

Era preciso que alguém morresse e pagasse o preço da desobediência e, assim, retirasse a espada que impedia o acesso do homem à árvore da vida (Gn.3:24).

Esta espada foi retirada por Jesus, quando morreu por nós na cruz do Calvário (Lc.2:35) e, assim, nos abriu um novo e vivo caminho que nos introduz à Jerusalém celestial (Hb.10:19-23).

– O primeiro a ingressar na nova Jerusalém foi o próprio Jesus, como nos relata o Sl.24.

O salmista indaga quem poderia subir ao monte do Senhor, ao lugar santo, e aqui se refere a este lugar onde Deus conviverá com o homem, figurado pelos altares, tendas e templos que foram construídos ao longo da história da humanidade (observemos, aliás, que este salmo é anterior à construção do próprio templo de Salomão).

O salmista afirma que somente poderia ali entrar quem fosse limpo de mãos e puro de coração, que não entregasse a sua alma à vaidade, nem jurasse enganosamente(Sl.24:3,4).

Ora, como diz o próprio salmista, em outro salmo, olhando do céu, o Senhor não viu sequer um justo que pudesse preencher estes requisitos (Sl.14:2,3; 53:1).

Por isso, o próprio Deus, na pessoa do Seu Filho, desceu ao mundo, para poder executar este indispensável trabalho, pois só assim o Filho poderia receber a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação e criar uma geração de homens que buscassem a face do Senhor (Sl.24:6).

Aí, sim, tendo feito o Seu trabalho e satisfeito a justiça divina (Is.53:10-12), ressuscitou e foi o primeiro a entrar na cidade santa (Sl.24:7,8), de onde voltará (Jo.14:3), para lá levar a Sua Igreja (Sl.24:9,10).

Os segundos a ingressarem na nova Jerusalém serão os arrebatados pelo Senhor no momento imediatamente anterior ao início da Grande Tribulação.

Como afirmam alguns estudiosos das Escrituras, entre os quais os pastores Aldery Nelson Rocha e Ailton Muniz de Carvalho, a nova Jerusalém há muito está descendo do céu.

Engana-se quem pense que a nova Jerusalém descerá do céu depois do juízo final, pois ela tem descido desde que teve seus lugares preparados para os homens.

A partir de então, a nova Jerusalém vem continuadamente vindo em direção à Terra.

Chegará à área das regiões celestiais hoje habitadas pelas hostes espirituais da maldade no instante do arrebatamento da Igreja.

Depois, já com a Igreja arrebatada em seu interior, continuará a descer e atingirá a atmosfera terrestre exatos sete anos depois, quando, então, ocorrerá a batalha do Armagedom.

Após esta batalha, receberá, em seu interior, os que completarem a primeira ressurreição (as duas testemunhas, os 144.000 e os mártires da Grande Tribulação).

Em seguida, nos ares de nossa atmosfera, pairará durante todo o Milênio, sendo, segundo estes estudiosos, a sua presença uma das principais responsáveis pelas modificações climáticas e físicas que a natureza terá neste período.

Por fim, ao término do Milênio, ocupará o seu devido lugar, nos novos céus e nova terra, que substituirão os antigos céus e terra. A Nova Jerusalém seria, assim, como uma super e gigantesca estação espacial a caminho da Terra.

– A descrição da Nova Jerusalém é sublime e nos enche de gozo e nos faz pensar, como o poeta sacro, que, se é glorioso pensar nas grandezas dali, que não será desfrutá-los e é por isso que o apóstolo Paulo nos conclama a jamais desanimarmos nem desistirmos, por maiores que sejam as provas e as lutas, pois

“…as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” (Rm.8:18).

No entanto, não devemos nos esquecer que a nova Jerusalém é de outra dimensão, da dimensão celestial e que, portanto, muito de sua descrição é figurativa, é alegórica, não pode ser compreendida literalmente, pois se trata de uma descrição feita por Deus aos homens para que pudéssemos compreender, na limitação da nossa mente, o que nos está reservado, pois é algo que está muito além de nossa parca imaginação (I Co.2:9).

– Em primeiro lugar, devemos observar que a nova Jerusalém tem a glória de Deus (Ap.21:11).

A glória de Deus é uma característica típica dos lugares santos, como vimos na lição 5 deste trimestre, e, por isso, a nova Jerusalém é o lugar santo por excelência e nela não haverá necessidade de templo, pois o seu templo será o próprio Deus.

A nova Jerusalém é a morada de Deus com os homens, um lugar onde Deus Se manifestará na Sua glória. Teremos um privilégio que um dia foi do querubim ungido, qual seja, o de contemplar a glória de Deus para todo o sempre.

– Em segundo lugar, vemos que a cidade tem doze portas, com os nomes das doze tribos de Israel e o muro da cidade, doze fundamentos, com os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.

Isto, naturalmente, é uma linguagem figurada para nos mostrar que o fundamento, a razão de ser da convivência eterna com Deus é a salvação na pessoa bendita de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

A salvação vem dos judeus e através da fé em Cristo Jesus. Daí porque a cidade ostentar tanto os nomes das tribos de Israel, ou seja, os filhos de Jacó que formaram o povo de onde veio a salvação do mundo, como também os nomes dos doze apóstolos, aqueles que foram os “filhos na fé” de Jesus, que foram escolhidos para iniciar a obra da Igreja, o novo povo de Deus.

Não há outro caminho para a comunhão com Deus senão Jesus, o Messias de Israel, a cabeça da Igreja: “só há um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” (I Tm.2:5).

– Em terceiro lugar, vemos que a cidade é um cubo, com

2.200 km de comprimento (Ap.22:16 NVI),

o que dá um volume de 10.648.000.000 km³, ou, em notação científica, 1,0648 .10¹² km³,

o que é quase o volume do próprio planeta Terra, que é de 1,081.10¹² km³, ou seja,

a cidade celeste tem praticamente o mesmo volume do planeta, ou seja, há lugar suficiente para quem quiser aceitar a Cristo como Salvador (observando que o planeta não pode ser ocupado pelo homem senão em parte ínfima, já que 2/3 é de água e a crosta terrestre tem uma dimensão extremamente diminuta em relação ao volume do planeta, ou seja, há muito mais lugar na cidade santa do que na própria Terra para o homem).

– Em quarto lugar, a cidade tem um muro, ou seja, é protegida, é organizada.

A presença do muro nas cidades antigas era, a um só tempo, demonstração de segurança, de soberania e de organização.

Uma cidade que tinha muros era uma cidade que tinha governo, que tinha alguém zelando pela segurança dos cidadãos, que impunha autoridade e respeito. Era uma cidade que tinha ordem, que tinha organização.

Era uma cidade que protegia os seus cidadãos contra os inimigos. Enquanto no Éden não há notícia de que houvesse muros, tanto que o inimigo ali adentrou, na nova Jerusalém isto não é possível.

Não significa afirmar que haverá um muro literal, físico, até porque, como as Escrituras afirmam, o céu e a terra como conhecemos já não mais existirão a este tempo (Ap.21:1) e a nova Jerusalém é uma cidade que vem do céu, do chamado “Universo absoluto”, não é algo que faça parte da criação relativa que será substituída, que terá desaparecido, como nos descreve o apóstolo Pedro (II Pe.3:10,11) e nos afirma o próprio Jesus (Mt.24:35).

Mas é uma forma clara de o Senhor nos revelar que a nova Jerusalém é um local de ordem, de organização, de proteção divina e onde o Senhor estabelecerá o Seu domínio para todo o sempre.

– Em quinto lugar, a cidade é descrita como contendo pedras preciosas e ouro, ou seja, aquilo que é mais venerado e procurado pelos homens que não têm a perspectiva da eternidade, aqueles que servem às riquezas e, por isso, não podem servir a Deus (Mt.6:24; Lc.16:13), é tão somente adorno, enfeite e material para aspectos secundários e supérfluos na cidade santa.

Os muros são feitos e ornados de pedras preciosas, as ruas, de ouro.

Os remidos pisarão em ruas de ouro, ou seja, os valores materiais, aquilo que os homens tanto veneram e respeitam em nossa vida secular, nada representam na vida celestial.

O ouro que é tão procurado, que é alvo de tantas disputas, que faz com que o mundo rode, na conhecida expressão inglesa (“money makes the world go around”, ou seja, o dinheiro faz o mundo rodar), na santa cidade, não passa de chão, de algo que é pisado, nem sequer observado, algo sem qualquer valor.

Os valores celestiais, espirituais são muitíssimo superiores aos materiais e é isto que esta alegoria nos revela.

Por isso, enquanto é tempo, desprendamo-nos das coisas materiais, não assumamos nem sejamos coniventes com doutrinas e ensinos ditos cristãos que privilegiam a posse de bens materiais, a prosperidade material, porque, se assim fizermos, não seremos achados dignos de morar na nova Jerusalém, onde nada disso tem valor.

– Em sexto lugar, vemos que, mesmo nesta santa cidade, a Palavra de Deus continuará a ter valor.

Os céus e a terra passaram, mas a Palavra de Deus nunca passará, permanecerá para sempre, mesmo na santa cidade.

A cidade não necessitará de sol nem de luz, porque será iluminada pela glória divina e, mais, terá o Cordeiro como sua lâmpada (Ap.21:23).

Ora, o Cordeiro, quando descer desta santa cidade, com a Igreja, para libertar a Israel, mostrará que lâmpada é esta: “…e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus.”

(Ap.19:13b), “…lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra e luz para o meu caminho” (Sl.119:105).

Jesus é o Verbo de Deus, a Palavra de Deus e, assim como João viu a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade, ainda que encarnado, nós contemplaremos esta glória eternamente, pois “…a palavra do Senhor permanece para sempre” (I Pe.1:25a) e no céu (Sl.119:89).

Compreendamos, portanto, quão poderosa é a Palavra de Deus, que permanecerá válida e soberana até mesmo na Nova Jerusalém, o que não é de se admirar, já que o Senhor pôs a Sua Palavra acima de Si mesmo (Sl.138:2).

Será à luz desta Palavra que as nações seguirão na eternidade com Deus e O adorarão (Ap.21:24). Pela presença da Palavra é que a cidade se manterá santa e sem coisa alguma que a contamine (Ap.21:27), pois é a Palavra quem santifica (Jo.17:17).

– Em sétimo e último lugar, a cidade apresenta o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procede do trono de Deus e do Cordeiro e, no meio da praça, a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, cujas folhas são para a saúde das nações (Ap.22:1,2).

Esta linguagem, igualmente figurada, fala-nos da eternidade de que desfrutarão os habitantes desta santa cidade.

No Éden, como vimos, o homem possuía uma eternidade condicional, fora feito mortal, mas, enquanto obedecesse ao Senhor, jamais morreria.

Aqui, porém, a situação é bem diferente. O homem tem a vida eterna, esta dádiva que é recebida por todos aqueles que crêem em Jesus Cristo (Jo.3:16; 17:3; I Jo.5:11,12). O texto fala-nos, assim, da vida eterna.

Fala-nos da vida, porque o rio puro da água da vida que procede do trono de Deus e do Cordeiro é símbolo da comunhão entre Deus e o homem através de Jesus Cristo, resultado da crença em Jesus.

“Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios de água viva manarão do seu ventre” (Jo.7:38) e “…aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna (Jo.4:14).

Somente pode morar na Nova Jerusalém quem tem a vida eterna, quem recebeu a água viva oferecida por Jesus e que, recebida em nosso espírito, é distribuída aos homens, levando-nos para a glória celeste.

Quem não tem comunhão com Deus através de Jesus Cristo jamais poderá alcançar a salvação, sendo esta uma das passagens que bem demonstraram que só Jesus é o caminho para o aperfeiçoamento espiritual do homem, para que ele atinja o objetivo de viver eternamente com o seu Criador.

– Mas o texto também nos fala de eternidade, porque nos diz que, no meio da praça, há a árvore da vida que, de mês em mês, dá seu fruto e que seu fruto é restaurador, sarador, é para a saúde das nações.

A vida na nova Jerusalém é eterna, pois Deus Se encarregará de regenerar constantemente o homem, de impedir que o tempo tenha qualquer efeito sobre ele. É o Estado Eterno, ou seja, o tempo não mais existirá.

Os séculos terão se consumado (Mt.28:20), mas o Senhor continuará conosco, providenciando e garantindo a perpetuidade da nossa existência ao Seu lado.

A árvore da vida é o próprio Cristo, o Pão da Vida,

“…o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra”(Jo.6:50),

“…o pão vivo que desceu do céu [que] se alguém comer (…) viverá para sempre.” (Jo.6:51a).

A comunhão que nos dá a vida eterna, simbolizada na ceia do Senhor, será, então, uma realidade contínua e completa para todo o sempre.

A periodicidade mencionada no texto de Ap.22:2 é figurativa, apenas retrata a constância com que se dará esta comunhão, pois, na nova Jerusalém, não haverá mais tempo, assim como também é figurativa a afirmação concernente à saúde das nações, pois, na nova Jerusalém, não haverá qualquer possibilidade de doença.

O que o texto está a afirmar é que a restauração espiritual operada nos homens que perseveraram até o fim será eternamente sustentada e garantida pelo Senhor, a nossa árvore da vida.

OBS: Por isso, até, muitas denominações, inclusive as Assembleias de Deus, estabeleceram a periodicidade mensal da ceia do Senhor, por entender que ela é uma figura da comunhão eterna da nova Jerusalém, comunhão esta descrita em Ap.22:2.

“…Os simbolismos requerem muitos cuidados nas suas interpretações, eles podem ser revestidos de figuras de linguagem, como podem estar revelando grandes verdades.

No assunto em pauta [o rio e a árvore da vida, observação nossa], preferimos admitir que estejam sendo reveladas grandes verdades, porém de maneira espiritual e não literal.

O próprio Cristo é a árvore da vida que dá vida a todos os homens. Ele é a própria Palavra, o Verbo encarnado.

A Palavra de Deus é a fonte de vida para todos que nela crer.(…). Suas folhas dão saúde, assim como Sua Palavra salva e limpa todos os males espirituais da humanidade.

As folhas de uma árvore revelam sua condição:

– quando elas estão amarelas, dizem que a árvore poderá estar doente;

– quando secas, pode estar morta;

– quando estão verdes e brilhosas, entendemos que está com vida boa.

 Assim é o justo que confia no Senhor, quando é nutrido pela Palavra.…” (SILVA, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.7, p.195).

– “Conservemos em nossa lembrança as riquezas do lindo país e guardemos conosco a esperança de uma vida melhor, mais feliz.

Pois dali, pois dali, uma voz verdadeira não cansa de oferecer-nos do reino da luz o amor protetor de Jesus.

Se quisermos gozar da ventura que no belo país haverá, é somente pedir de alma pura, que de graça Jesus nos dará. Pois dali, pois dali, todo cheio de amor, de ternura, deste amor que mostrou-nos na cruz, nos escuta, nos ouve Jesus.” (3ª e 4ª estrofes do hino 202 da Harpa Cristã).

– “CREMOS, professamos e ensinamos que existe um mundo vindouro para os salvos e para os condenados e que, depois do Milênio, virá o Juízo Final, conhecido como o Grande Trono Branco: “E vi um grande trono branco” (Ap.20:11).

Após esse julgamento, virão o novo céu e a nova terra e a Nova Jerusalém.” (Início do Capítulo XXIII – Sobre o mundo vindouro da Declaração de Fé da CGADB).

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/914-licao-12-o-mundo-vindouro-i

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