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LIÇÃO Nº 12 – OS PÃES DA PROPOSIÇÃO   

 

Precisamos nos alimentar de Cristo, o pão da vida. 

INTRODUÇÃO

 – Na sequência do estudo do livro de Levítico, analisaremos as disposições a respeito dos pães da proposição.

 – Precisamos nos alimentar de Cristo, o pão da vida.

 I – A MESA E OS PÃES DA PROPOSIÇÃO

– Na sequência do estudo do livro de Levítico, analisaremos as disposições a respeito dos pães da proposição, que se encontram em Lv.24:5-9.

 – Quando o Senhor deu o modelo do tabernáculo para Moisés, no monte Sinai, determinou que fosse feita uma mesa de madeira de cetim, com comprimento de dois côvados e largura de um côvado e altura de um côvado e meio, que seria coberta de ouro puro,

com uma coroa de ouro ao redor e moldura ao redor, de largura de uma mão, com quatro argolas de ouro, nos quatro cantos, nos seus quatro pés, sendo que, diante da mesa, deveriam ficar os varais que a levariam na locomoção, varais de madeira, igualmente cobertos de ouro (Ex.25:23-28; 37:10-16). 

– Além da mesa, deveriam ser também feitos partos, colheres, cobertas e tigelas, tudo de ouro puro, para que fossem utilizados nas ministrações, inclusive no derramamento de licores (Ex.25:29).

 – Nesta mesa, deveriam ser postos os pães da proposição perante a face do Senhor continuamente (Ex.25:30).

 – Como ensina o pastor Abraão de Almeida:

 “…Essa mesa, que também se chamava Mesa da Presença, tinha um metro de comprimento, por 50 centímetros de largura e 75 de altura.

Sobre ela ficavam os 12 pães da presença, representando todo o povo de Deus…” (O tabernáculo e a igreja: entrando com ousadia no santuário de Deus, p.25. Digitaliz. por Levita).

 – Esta mesa, como tudo no tabernáculo, tipifica o Senhor Jesus. A começar pelo fato de ser de madeira de cetim coberta de ouro, a indicar a dupla natureza de Nosso Senhor e Salvador: a madeira representa a humanidade de Cristo, enquanto que o ouro, a Sua divindade. 

 – A humanidade, surgida quando da encarnação (Jo.1:14), foi coberta pela divindade, ou seja, Deus Se fez homem, como homem viveu, sendo a expressa imagem e semelhança de Deus, já que não pecou, tendo, então, tomado o lugar do pecador e obtido a salvação pela Sua morte e,

como tal, ressuscitado, em corpo glorificado, subindo aos céus, assentando-se à destra da majestade nas alturas (Hb.1:3), numa clara demonstração de que aqueles que crerem em Cristo, também serão feitos à imagem e semelhança de Deus por força do novo nascimento e, ao final, serão glorificados, passando a ser semelhantes ao Senhor Jesus (I Jo.3:2,3).

– A mesa foi feita por Bezaleel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá (Ex.37:10 combinado com 37:1), que foi cheio pelo Espírito Santo de sabedoria, entendimento e ciência em todo o artifício (Ex.35:30-33), a demonstrar que a arte com que foi feita a mesa era sobrenatural, era algo vindo diretamente de Deus,

em mais um indicativo de que a humanização de Cristo e a realização de Sua obra salvífica é também resultado da atuação do Espírito Santo, já que o Senhor Jesus foi gerado por obra e graça do Santo Espírito e exerceu o ministério porque estava cheio do Espírito de Deus (Lc.1:35; 4:1).

 – A principal função da mesa era servir de local onde deveriam ser postos os pães da proposição. A expressão hebraica correspondente é “lehem happanin” ( הפנים לחם ), que significa “o pão da presença”, o “pão exposto diante de minha face”.

Eram pães, portanto, que ficam expostos diante da face do Senhor, lembrando que esta mesa era colocada no lugar santo, ou seja, ficava “à vista” do véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo, onde a arca do concerto estava, arca que simbolizava a presença do Senhor.

 – É, por isso, aliás, que a mesa era também chamada de “mesa da Presença”, porquanto os pães que nela eram postas estavam diante do Senhor, ficavam expostos ao Senhor, denunciavam a própria presença diante de Deus e, por conseguinte, estavam a indicar que havia um relacionamento com o Senhor, que também estava presente naquele local.

 – Os pães, pelo que se verifica de pronto, deveriam ficar expostos diante de Deus, revelavam, assim, a sua presença diante do Senhor, estavam diante da face do Todo-Poderoso.

 – Esta exposição faz-nos lembrar de que estamos, também, totalmente expostos diante de Deus, não há como fugirmos de Sua presença.

Como disse o salmista:

“Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua face? Se subir ao céu, Tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que Tu ali está também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a Tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão, então a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me escondem de Ti, mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para Ti a mesma coisa” (Sl.139:7-12). 

– Não há como nos escondermos do Senhor e os pães da proposição, ou pães da presença, demonstram claramente que estamos completamente expostos ao Senhor, que nada nos pode esconder da face de Deus.

 – Por isso, mesmo, trata-se de uma verdadeira tolice, como costuma ensina o pastor e teólogo José Mathias Acácio, a tentativa de alguém de encobrir os seus pecados, de tentar esconder as suas ofensas contra Deus.

– Por primeiro, pecado é um assunto que diz respeito a nós e a Deus, pois pecado é uma transgressão contra Deus.

Como diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “ Cremos, professamos e ensinamos que o pecado é transgressão  da Lei de Deus: ‘porque o pecado é a transgressão da lei’ ( I Jo.3:4 – ARA), ou seja, a quebra do relacionamento do ser humano com Deus.…” (Cap. IX, p. 97).

 – Ora, se pecado é assunto entre nós e Deus, somente interessa a nós e ao Senhor e, como nada é encoberto diante do Senhor, as tentativas de encobrir as transgressões não atingem exatamente quem é o interessado em conhecê-las.

Assim, todo o esforço dispendido para impedir o conhecimento da prática pecaminosa das demais pessoas é absolutamente vão e sem qualquer sentido, já que o pecado é ofensa contra Deus e é Deus quem vai punir o pecador e Ele já sabe de tal prática.

 – Como se isto fosse pouco, o fato é que encobrir as transgressões traz fracasso para a vida do pecador, seja no aspecto material, seja no aspecto espiritual.

Enquanto o pecado não é confessado, a misericórdia do Senhor não alcança o pecador e males de ordem psicossomática podem tomar conta do transgressor (Pv.28:13; Sl.32:3,4).

 – A exposição dos pães da proposição permite-nos refletir a respeito desta verdade espiritual. Jamais escondamos os pecados que tenhamos cometido, pois isto é verdadeira tolice, já que estamos expostos diante da face do Senhor.

Confessemos nossas faltas, alcancemos a misericórdia divina e caminhemos, assim, rumo a glorificação, estágio final do nosso processo de salvação.

 – Os pães eram em número de doze, que deveriam ser feitos a partir da tomada da flor de farinha, sendo cada bolo de duas dízimas, que seriam postos em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura, perante o Senhor (Lv.24:5,6).

 – A primeira observação que se deve fazer a respeito desta disposição é que o pão deveria ser feito da flor da farinha, mas não podia haver fermento.

Eram pães asmos, sem fermento, sem qualquer corrupção, sem qualquer inverdade, completamente íntegros, tomados da flor da farinha.

 – O fermento, salvo na oferta das primícias, era proibido em toda e qualquer oferta (Lv.2:11,12), pois o fermento simboliza a corrupção, a distorção, uma vez que o fermento nada mais que é a deterioração causada na massa em virtude do contato com fungos que existem no ar. Jesus, mesmo, comparou a doutrina dos fariseus a fermento (Mt.16:6-12).

 – Temos de nos apresentar diante de Deus “sem qualquer fermento”, ou seja, sem o fermento da maldade e da malícia, com os asmos da sinceridade e da verdade (I Co.5:8), imitando, assim, a Jesus Cristo, que é a nossa páscoa (I Co.11:1; 5:7).

 

– Como afirma o comentarista bíblico Matthew Henry (1626-1714): “Os cristãos devem ser cuidadosos em guardar-se tão limpos a ponto de excluir membros impuros de sua sociedade.

E eles devem especialmente evitar os pecados nos quais eles mesmos foram uma vez viciados e os vícios reinantes nos lugares onde vivem e nas pessoas com quem convivem.

Eles também devem se purificar da malícia e da maldade – toda má vontade e sutileza perniciosa.

Esse é o fermento que azeda a mente em alto grau. …” (Comentário bíblico. Novo Testamento – Atos a Apocalipse. Edição completa. Trad. de Luiz Aron, Valdemar Kroker e Haroldo Jansen, p.448).

 – Não podemos nos apresentar diante do Senhor com pecado, impregnados da maldade e da malícia, pois isto é abominável diante de Deus.

Não nos esqueçamos que a multiplicação da maldade fez o Senhor destruir toda a geração antediluviana (Gn.6:5,6) e que sempre que a medida da injustiça chega ao limite da longanimidade divina, advém sempre o juízo sobre os impenitentes (Gn.15:16; 18:20).

 – Somos maus (Mt.7:11), mas, quando cremos em Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, nascemos de novo (Jo.3:3,5) e esta nova criatura (II Co.5:17; Gl.6:15), gerada pela semente incorruptível da Palavra de Deus (I Pe.1:23), não tem pecado, não peca (I Jo.3:9), este “novo homem”, que foi gerado pela morte do grão de trigo, que é Cristo (Jo.12:24), que ressuscitou com Nosso Senhor e Salvador e, por isso, está morto para o mundo, mas vivo para Deus (Rm.6:6-11).

 – Os pães eram tomados da flor de farinha, e a farinha simboliza a Palavra de Deus, o nosso pão espiritual (Mt.4:4; Lc.4:4).

Não teremos condição de nascer de novo se não ouvirmos a Palavra de Deus (Rm.10:17), se não nascermos da água e do Espírito (Jo.3:5).

 – Como estamos expostos diante de Deus, faz-se mister que estejamos sempre em santidade, vigilantes para que nenhum fungo do ar venha nos contaminar e nos faça corromper.

Temos de alimentar continuadamente este “novo homem”, temos de manter aprisionado o “velho homem” com suas paixões e concupiscências (Gl.5:24), mortificando a carne, pois só assim poderemos nos expor diante de Deus como “asmos de sinceridade e verdade”.

 – A sinceridade implica em ausência de falha, em transparência, em inexistência de uma vida dupla, de um “duplo ânimo”. Para não termos “duplo ânimo”, é preciso que purifiquemos os nossos corações (Tg.4:8).

Como ensina conhecimento folheto evangelístico chamado “coração de Carlos”, é mister que o nosso coração seja desocupado dos pecados que nele habitam (Mt.15:19), para passar a ser habitado pelo Espírito Santo, pelo Pai e pelo Filho, ou seja, por Deus.

 

– Os asmos são de verdade, ou seja, devemos pautar as nossas vidas pela Palavra de Deus, que é a verdade (Jo.17:17), seguindo o exemplo de Jesus (I Pe.2:21), que é a verdade (Jo.14:6), observando sempre a direção e a orientação do Espírito Santo, que é o Espírito de verdade (Jo.14:17).

 – Vivemos dias em que os fundamentos estão transtornados (Sl.11:3) e o salmista, diante desta constatação, indaga o que pode fazer o justo.

O justo tem de viver pela fé (Hc.2:4) e isto significa que deve confiar em Deus e viver de acordo com a Sua Palavra, ainda que isto não faça o menor sentido do ponto-de-vista humano. Quando cremos na Palavra de Deus, vivemos pela fé e esta fé nos fará vencer o mundo (I Jo.5:4).

 – Os pães eram cozidos, ou seja, não bastava pegar a flor de farinha. Era preciso que ela tomasse a forma de bolo e fosse devidamente cozida, para, então, ser levada até a mesa no lugar santo.

 – Mister que sejamos devidamente preparados para que possamos ser expostos diante de Deus. Verdade é que não temos condição alguma de nos salvarmos a nós mesmos, de obtermos qualquer mérito de salvação, pois somos maus.

Entretanto, uma vez gerados de novo pela Palavra, pela “flor de farinha”, é indispensável que tomemos a “forma de bolo” e que sejamos cozidos, ou seja, que sejamos devidamente preparados.

 – Este preparo espiritual é a nossa santificação, na qual passamos a ser conformes a imagem de Cristo (Rm.8:29), na qual passamos a ser reconhecidos e chamados pelos que nos cercam de “cristãos” (At.11:26), ou seja, “parecidos com Cristo”, “pequenos Cristos”.

 – Não podemos nos conformar com o mundo (Rm.12:2), temos de nos abster da aparência do mal, ou seja, da forma do mal (I Ts.5:22) e somente cumpriremos estas exigências se assumirmos a forma de Cristo, o modo de viver do Senhor, desprendendo-nos da maneira de agir que, por tradição, recebemos dos nossos pais (I Pe.1:15-22).

 – Para isto, entretanto, temos de ser preparados, moldados, pois é preciso que Cristo seja formado em nós (Gl.4:19). Temos de aprender com Ele, que é o Mestre por excelência (Mt.23:8,10; Jo.13:13).

Temos de ser discípulos, ou seja, alunos de Cristo, num aprendizado que é incessante, porquanto o alvo é a perfeição de Jesus, que é um limite inalcançável mas que deve ser continuadamente perseguido (Ef.4:13; Fp.3:12-14).

 – Os pães eram em número de doze, representando, aqui, as doze tribos de Israel, ou seja, a totalidade do “reino sacerdotal, do povo santo, da propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos” (Ex.19:5,6).

 

– Somente tem condição de se expor diante do Senhor, de estar na presença de Deus aqueles que pertencem ao Seu povo. Não podemos nos aproximar do Senhor sem que pertençamos ao Seu povo. 

 – É preciso entender que os pães da proposição eram postos no lugar santo, lugar de acesso privativo aos sacerdotes, colocado depois do altar dos sacrifícios e da pia de cobre, ou seja, os pães frequentavam o mesmo lugar dos sacerdotes, sacerdotes que para lá entrarem tinham, antes, se purificado, seja pelos sacrifícios do altar de cobre, seja pela purificação com água da pia.

 – Somente pertence ao povo de Deus aquele que foi lavado e remido no sangue do Cordeiro, aquele que nasceu da água e do Espírito (Jo.3:5).

Por isso mesmo, é esta uma condição “sine qua non” para se entrar na cidade celestial (Ap.22:14).

O texto bíblico diz que são bem-aventurados os que entrarão na Nova Jerusalém, mas não é de admirar isto, pois, no sermão do monte, ao descrever as qualidades de Seus discípulos, o Senhor sempre disse serem eles bem-aventurados (Mt.5:1-12).

– Assim, ser “bem-aventurado”, isto é, mais do que feliz, é ser discípulo de Cristo, é ter aprendido com Ele, é fazer parte do povo de Deus.

Na verdade, no dia do arrebatamento da Igreja, somente subirão aos ares e se encontrarão com Jesus aqueles que, já aqui, estão fazendo parte do corpo de Cristo, do Seu povo, que é a Igreja.

Há muitos “corpos estranhos”, na atualidade, na chamada “igreja visível”, nas diversas igrejas locais, que são grupos sociais que, externamente, estão a servir ao Senhor.

No entanto, somente aqueles que, efetivamente, tiverem suas vestes brancas, que estão andando com o Senhor (Ap.3:4,5), o chamado “remanescente fiel”, que verdadeiramente compõe a Igreja, que pertence ao povo de Deus, será glorificado e se encontrará com Cristo Jesus nos ares. 

– Os pães eram doze simbolizando o povo de Deus, a nos indicar que, ao contrário do que ensinam equivocadamente os “desigrejados”, não se pode servir ao Senhor de forma solitária, sem pertencer a uma igreja local, pois o homem foi feito um ser social, um ser gregário, que, para sobreviver, tanto material quanto espiritualmente, precisa do convívio com seu semelhante.

 – A salvação é individual, mas a nossa peregrinação terrena somente será exitosa se tivermos a companhia de nossos irmãos em Cristo.

A Bíblia ensina-nos que devemos nos amar uns aos outros (Jo.13:35),

preferirmo-nos em honra uns aos outros (Rm.12:10),

recebermo-nos uns aos outros (Rm.15:7),

saudarmo-nos uns aos outros (Rm.16:16),

servimo-nos uns aos outros pela caridade (Gl.5:13),

suportarmo-nos uns aos outros em amor (Ef.4:2; Cl.3:13),

perdoarmo-nos uns aos outros (Ef.4:32; Cl.3:13),

sujeitarmo-nos uns aos outros no temor de Deus (Ef.5:21),

ensinarmos e admoestarmo-nos uns aos outros (Cl.3:16; Hb.10:25),

não mentirmos uns aos outros (Cl.3:9),

consolarmo-nos uns aos outros (I Ts.4:18),

exortamo-nos e edificarmo-nos uns aos outros (I Ts.5:11; Hb.3:13),

considerarmo-nos uns aos outros para nos estimularmos à caridade e às boas obras (Hb.10:24),

confessarmos as culpas uns aos outros (Tg.5:16), 

recebermos honra uns dos outros (Jo.5:44),

sermos membros uns dos outros (Rm.12:5; Ef.4:25),

ter igual cuidado uns dos outros (I Co.12:25),

levar as cargas um dos outros (Gl.6:2),

não falar mal uns dos outros (Tg.4:11).  

– A Igreja é o corpo de Cristo e nós, seus membros em particular (I Co.12:27). O salvo é membro do corpo de Cristo e sabemos que nenhum membro do corpo sobrevive se se mantiver apartado do corpo. 

 – Deste modo, é imprescindível para nossa vida espiritual que tenhamos esta dimensão coletiva da salvação, até porque a vida eterna possui tanto a dimensão individual, simbolizada pela “pedra branca com um novo nome escrito,

o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap.2:17), quanto a dimensão coletiva, evidenciada no fato que, na cidade celeste, teremos “o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” (Ap.21:3).

 – Jamais um pão ficou solitário na mesa no lugar santo, mas, sim, os doze pães, que eram postos juntamente e retirados, na virada da semana, também conjuntamente, sendo, também, consumidos simultaneamente pelos sacerdotes.

Não há como servir a Deus de modo solitário. Mesmo um campeão da fé, como o apóstolo Paulo, indiscutivelmente o maior nome dentre os servos de Jesus e ele próprio dotado de todos os dons ministeriais e, muito provavelmente de todos os dons espirituais (certamente, de oito dos nove dons elencados em I Co.12), sempre necessitou da cooperação de muitos irmãos para o exercício do seu ministério, como deixa explícito nas saudações que finalizam as suas epístolas.

 – Os doze pães na mesa também representam a totalidade do povo de Deus. Israel tinha doze tribos e todas elas estavam representadas na mesa, ou seja, isto nos fala a respeito da unidade do povo de Deus.

O povo de Deus é uno. Por isso, a Igreja é una, como, aliás, salienta o Credo Niceno-Constantinopolitano, que afirma haver “uma só Igreja”.

Como afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, no item 8 de nosso Cremos: Cremos “na Igreja, que é o corpo de Cristo, coluna e firmeza da verdade, una, santa e universal assembleia dos fiéis remidos de todas as eras e todos os lugares, chamados do mundo pelo Espírito Santo para seguir a Cristo e adorar a Deus (I Co.12:27; Jo.4:23; I Tm.3:15; Hb.12:23; Ap.22:17). 

– Esta unidade, entretanto, não significa uniformidade. Os pães, embora tivessem a mesma matéria, eram diferentes entre si. Não havia grande diferença entre eles, mas o fato é que um era diferente do outro.

Há portanto, uma unidade na diversidade. Nem todos os membros do corpo de Cristo são iguais, aliás, cada um é diferente do outro e, por vezes, há uma notável diferença externa ou humana entre eles, mas, no interior, todos são asmos de sinceridade e de verdade e estas diferentes maneiras, estes diferentes modos apenas revelam a multiformidade da sabedoria e da graça de Deus (Ef.3:10; I Pe.4:10).

 II – O CERIMONIAL DOS PÃES DA PROPOSIÇÃO

 – Os pães deviam ser postos em duas fileiras de seis pães cada uma delas, disposição que nos traz também preciosos ensinos.

 – O primeiro deles é que, pelo tamanho da mesa, a disposição em duas fileiras permitia que houvesse conveniente espaço para os pães, que, assim, não deveriam ser mirrados ou extremamente pequenos para que todos coubessem sobre a mesa. 

 – Isto mostra que cada membro do corpo de Cristo tem de ter o devido desenvolvimento, não pode ser propositalmente mantido “mirrado”, “anão”. Ele precisa ser maduro, ter o devido crescimento, crescimento santo, já que não é feito com fermento. 

 – Temos de nos esforçar para que os nossos irmãos em Cristo tenham o devido crescimento espiritual, pouco importando se assumirão posições superiores às nossas.

Aliás, devemos tratar o próximo sempre como superior a nós mesmos (Fp.2:3) e isto nada mais é senão o exercício da humildade, que é fundamental para quem se diz cristão, pois o exemplo maior de humildade é a cabeça da Igreja, Jesus Cristo (Fp.2:3-8).

 

– Além do mais, nunca é demasiado lembrar que, na Igreja, os maiores servem aos menores (Mt.20:25-28; Mc.10:35-37), numa lógica inversa da que existe no mundo que está no maligno (I Jo.5:19).

 – Outro ensino que tiramos desta disposição dos pães em duas fileiras, é que cada membro do corpo de Cristo tem o seu espaço.

A disposição dos membros no corpo e a função de cada um são determinadas pela cabeça, que é Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Assim, não é possível que haja erro ou equívoco em tal distribuição e, assim, deve cada um exercer o seu papel, sabendo que todos dependem uns dos outros para que o corpo todo seja edificado em amor (I Co.12:12-31; Ef.4:11-16).

 – Cada pão deveria ser feito com duas dízimas de flor de farinha, ou seja, com dois décimos de efa, que era uma medida de capacidade para secos, que era de aproximadamente entre 20 e 40 litros.

 – Esta disposição revela que cada pão era uma “parte” da farinha, ou seja, cada pão era uma “parte” do “todo”, a nos lembrar, uma vez mais, que somos cada um “membros em particular” do corpo de Cristo. 

 – Não é por outro motivo, aliás, que, na celebração da ceia do Senhor, o pão deve ser partido (I Co.11:24), antes de ser entregue para consumo, pois, em tal gesto, somos lembrados de que somos “parte do corpo de Cristo” e que, portanto, dependemos dos irmãos e,

por isso mesmo, temos de ter para com ele amor fraternal, indispensável característica do salvo na pessoa de Jesus (Rm.12:10; I Ts.4:9; Hb.13:1; I Pe.1:22; II Pe.1:7).

Quando estamos expostos diante do Senhor, Ele quer ver, em nós, este amor fraternal. Será que o encontra? Pensemos nisso!

 – Esta quantidade de farinha, duas dízimas, é a mesma que deveria ser oferecida na oferta das primícias, no dia seguinte à Páscoa (Lv.23:11).

Ora, esta oferta representa a ressurreição de Jesus, as primícias dos que dormem (I Co.15:20,23), de sorte que cada pão da proposição ter duas dízimas tem o significado de que cada membro do corpo de Cristo tem de ter a imagem do Senhor, tem de ter a Sua forma, a Sua essência, tem de ser um “pequeno Cristo”.

 – Com o desenvolvimento da tecnologia, é possível identificar alguém com partes, ainda que insignificantes de seu organismo.

Assim, por meio de um fio de cabelo, é possível identificar quem esteve num determinado local, isto porque o fio de cabelo possui o mesmo DNA do corpo de que ele saiu. Cada membro do corpo de Cristo tem de ter o DNA de Cristo, se é que é salvo.

Daí, porque, o pão das primícias, que representa o Cristo ressurreto, a cabeça da Igreja, ser igual em quantidade de farinha, em essência, a cada pão da proposição, que representa a Sua Igreja. Temos duas dízimas de farinha, amados irmãos?

 – Mas, a oferta do dia da festa das semanas, ou seja, do dia de Pentecostes, também continha dois pães de movimento, cada um também com duas dízimas de farinha, que também seriam oferecidas como primícias ao Senhor (Lv.23:17).

 – Esta festividade tipifica a descida do Espírito Santo, o revestimento de poder, tanto que eram “pães de movimento”, ou seja, pães que eram apresentados mediante um movimento corporal do sacerdote, que representava o poder de Deus, e o fato de serem dois os pães indica que se trata de “revestimento”, de uma “porção dobrada”.

Mas, como podemos verificar, estes pães também tinham duas dízimas de farinha.

 – O Espírito Santo veio glorificar a Cristo, recebendo o que era d’Ele e anunciando o que recebera (Jo.16:15), coo também fazendo lembrar tudo o que Jesus disse e ensinou (Jo.14:26).

Há, portanto, uma perfeita unidade entre o Filho e o Espírito Santo e, portanto, o revestimento de poder somente é genuíno quando faz com que Cristo seja glorificado e a Sua obra, realizada.

 – Somente quem tem duas dízimas de farinha pode ser efetiva testemunha de Jesus Cristo, que é a consequência do revestimento de poder (At.1:8).

Quando somos expostos diante da presença do Senhor, quando pertencemos ao Seu povo, temos de ser testemunhas de Jesus Cristo e este testemunho torna-se notório e plenamente eficaz quando alcançamos o revestimento de poder, quando estas duas dízimas de farinha, este DNA de Cristo torna-se um movimento, uma expressão do poder de Deus. Aleluia!

– Há um outro pormenor interessante quando se fala da quantidade de farinha dos pães. É que cada pão tinha de ter duas dízimas, sendo certo que, nas contribuições materiais para os sacerdotes, levitas, órfãos, viúvas, estrangeiros e pobres em geral, fala-se em um dízimo (Nm.18:21,24,26,28; Dt.12:6,11;14:22,23,28;26:12).

 – Pois bem, se deveria haver contribuição de um dízimo para atendimento destas necessidades materiais, o pão da proposição tinha de ser de duas dízimas de farinha, ou seja, o dobro, a demonstrar, na tipificação, que o espiritual é superior ao material, que devemos dar prioridade às coisas de cima, às coisas espirituais, ao reino de Deus e sua justiça do que às coisas desta vida, às coisas materiais (Mt.6:19-21,31-33; Cl.3:1-3). Temos feito isto?

 – Os pães da proposição deveriam ser postos em duas fileiras, sobre a mesa pura, perante o Senhor (Lv.24:6).

 – A mesa, onde os pães eram postos, era santa, pois se tratava de uma peça feita exclusivamente para o culto a Deus e que, inclusive, foi ungida por Moisés quando da inauguração do tabernáculo (Ex.40:9).

 – Quando se diz que os pães deveriam ser postos sobre a mesa pura, portanto, está-se a dizer, por primeiro, que a mesa, que era santificada, não podia ser contaminada com coisa alguma impura, ou seja, a mesa somente poderia ter sobre si os pães da proposição e qualquer outro artefato sagrado vinculado ao culto e que se utilizava da mesa, como os pratos, as tigelas ou os varais para a sua locomoção.

 – Por segundo, ao se dizer que a mesa era pura, reforçava-se a santidade da mesa e a mesa serve, assim, de sustento, de base, de “chão” para os pães da proposição.

 – A mesa, já vimos, representa Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É ele a base, o fundamento da Igreja (I Co.3:10,11; Ef.2:20), a pedra rejeitada por Israel mas eleita por Deus e sobre a qual se construiu a Igreja (Mt.16:18; 21:42; Mc.12:10; Lc.20:17; At.4:11; Rm.9:32,33; I Co.10:4; I Pe.2:4,6,7).

– A alusão à pureza da mesa lembra-nos que jamais teremos comunhão com o Senhor, jamais poderemos ser um “pão da presença”, pertencermos ao povo de Deus se não formos puros, pois o povo de Deus é um povo santo (Ex.19:6; I Pe.1:15,16;2:9).

Se não formos santos, não estaremos a andar com o Senhor, pois não podem dois juntos andar se não estiverem de acordo (Am.3:3).

 – A alusão à pureza da mesa também nos faz lembrar do dito do apóstolo Paulo, segundo o qual, “…o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (II Tm.2:19).

 A pureza da mesa permite-nos ter a convicção de que somente faz parte da Igreja aqueles que realmente se apartam da iniquidade, os santificados em Cristo, chamados santos, “…todos os que, em todo o lugar, invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo” (I Co.1:2).

 – Naquele dia, inclusive, será revelado a todos aqueles que pareciam ser do corpo de Cristo, mas não no eram, precisamente porque estavam a praticar a iniquidade (Mt.7:21-23). Que Deus nos guarde, amados irmãos! 

– Sobre cada fileira, deveria ser posto incenso puro, que será para o pão por oferta memorial, oferta queimada ao Senhor (Lv.24:7). 

– O incenso, já o temos visto, é o tipo das orações dos santos (Ap.5:8; 8:4) e o incenso puro deveria ser posto sobre cada fileira, ou seja, na totalidade dos pães, sem exceção de um só deles. 

– O povo de Deus precisa orar, tem o dever de orar e nunca desfalecer, como ensinou o Senhor Jesus na parábola do juiz iníquo (Lc.18:1-8).

O apóstolo Paulo, no primeiro escrito do Novo Testamento, que foi a primeira epístola aos tessalonicenses, manda que os crentes orem sem cessar (I Ts.5:17), tendo repetido aos efésios tal determinação, ao dizer que deviam eles, no contexto do combate contra as hostes espirituais da maldade, orar em todo o tempo (Ef.6:18). 

– O povo de Deus está diante do Senhor, só ele tem acesso livre ao trono da graça e, portanto, tão somente as suas orações chegam à presença do Senhor. Por isso, somos nós, os membros da Sua Igreja, que devemos orar pela humanidade (I Tm.2:1-5). 

– Entretanto, apesar de vivermos um período de intensa multiplicação da iniquidade, as orações dos santos têm diminuído sensivelmente.

Há uma preguiça espiritual tamanha entre os que cristãos se dizem ser e até o período mínimo de oração considerado pelo Senhor, qual seja, uma hora (Mt.26:40), tem sido observado pelos que dizem servir a Cristo. 

– Se somos imitadores do Senhor Jesus, necessariamente somos pessoas dedicadas à oração, pois se havia algo que Jesus fazia em Sua peregrinação terrena era orar, a ponto de os discípulos terem pedido que Ele os ensinasse a fazê-lo (Lc.11:11:1). Que tal passarmos a imitar o Senhor? 

– Os pães somente podiam ser expostos à presença do Senhor, na mesa, se estivessem “cobertos de incenso”, ou seja, somente poderemos ser “pães da presença”, efetivas testemunhas de Cristo, reais e efetivos integrantes do povo de Deus se formos pessoas que oram e que recebem orações dos outros santos. Pensemos nisto! 

– Os pães deveriam ser postos todo dia de sábado, devendo ser substituídos a cada sábado, de modo que, de forma contínua e ininterrupta, haveria pães sobre a mesa (Lv.24:8). 

– Esta disposição ensina-nos que Deus é eterno, está além do tempo, mas o homem, enquanto aqui na Terra, está submetido ao tempo e sobre seu impacto e, por causa do pecado, necessariamente passará, terá de ser substituído pela geração que se lhe segue.

É por isso, aliás, que o Senhor mandou que houvesse a procriação, para a perpetuação da espécie humana enquanto houver história, ordem que não se alterou mesmo depois da queda do homem, como se pode verificar do pacto estabelecido com Noé (Gn.9:1). 

– O sábado indicava o final da semana, que era o período de tempo que Deus estipulara para o da dedicação às coisas santas.

A cada sete dias, no sábado, o povo de Israel, e só o povo de Israel (Ex.31:13,17), tinha de deixar todos os seus afazeres e se dedicar integralmente à adoração ao Senhor.

O sentido do sábado, portanto, era criar um “tempo para Deus” para um povo que havia fracassado em ser reino sacerdotal diuturnamente, quando deixou de subir ao monte Sinai como ordenado (Ex.19:13; 20:18-21). O sábado era um sinal para as “gerações de Israel” (Ex.31:13). 

– Pois bem, na nova aliança, onde a adoração se dá em espírito e em verdade (Jo.4:23,24), e, portanto, não há limitação de espaço ou de tempo, o dia da adoração é hoje (Hb.4:7-9), de modo que temos de servir a Deus a todo instante, hoje, ou seja, neste dia (a palavra “hoje” vem do latim “hodie”, que, por sua vez, é uma contração de “hoc die”, que significa “neste dia”). 

– Mas o fato de a adoração ser incessante, e não mais limitada a um dia da semana, não retira a circunstância de que os salvos continuam debaixo da pena da morte física e que, enquanto Jesus não vem, as gerações se sucederão.  

– Por isso, sabendo disto, devemos, como “pães da presença”, enquanto expostos ao Senhor, cuidar para que sejamos substituídos por outros que prossigam a obra do Senhor, que continuem, como povo de Deus, a anunciar as virtudes daqueles que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (I Pe.2:10).

 – Precisamos gerar filhos na fé, é absolutamente necessário que ganhemos almas para Cristo, a fim de que os pães sejam substituídos, mas o povo de Deus perdure, prossiga existindo.

Os pães eram substituídos, mas jamais a mesa ficava sem pães. Deus e o Seu povo perduram, embora os membros em particular do corpo de Cristo durmam no Senhor. 

– Muitos nos preocupa a falta de visão de muitos que têm impedido que novas lideranças e novos talentos surjam no meio da Igreja.

Procuram, a todo custo, sufocar as novas gerações, porque estão apegados a posições de mando, a estruturas que, muitas das vezes, não contribuem sequer para a evangelização, mas servem tão somente de máquinas arrecadadoras e de mantenedoras de privilégios e situações que nada têm que ver com o que se encontra previsto para a Igreja nas Sagradas Escrituras. 

– É necessário sabermos que se aproxima o “sábado”, o tempo em que iremos descansar no Senhor, sairemos desta Terra e, assim como recebemos da geração que nos antecedeu, a Igreja, devemos entregá-la para os que seguirão a obra de Deus. 

– Depois da troca dos pães, os pães que eram substituídos tinham de ser consumidos pelos sacerdotes, no lugar santo, porque eram tais pães coisas santíssimas, que tinham a mesma qualidade da porção dos sacerdotes das ofertas queimadas ao Senhor (Lv.24:9). 

– Os pães terminavam o seu papel como alimento numa refeição sagrada que era degustada no lugar santo, uma refeição especialíssima, a única que se podia fazer no lugar santo e apenas entre sacerdotes.

As demais ofertas eram comidas pelos sacerdotes e seus familiares, mas fora do lugar santo, nas casas deles ou em compartimentos que eram utilizados para isso, anexos ao tabernáculo ou ao templo.

 – Esta refeição, porém, dos pães da proposição se dava na presença de Deus, era um momento de comunhão diante da face de Deus, como a relembrar aquela refeição sagrada que havia ocorrido logo após a promulgação da lei, na presença de Deus, no monte Sinai (Ex.24:9-11). 

– Os pães da proposição geravam, ao término de sua “missão”, comunhão entre os sacerdotes, um instante solene de afirmação da unidade diante do Senhor, num local à parte do mundo.

– A Igreja é o lugar de comunhão entre os santos, um lugar apartado da iniquidade do mundo, um lugar santo onde os santificados em Cristo, tornados santos, podem compartilhar as suas existências, podem unanimemente congratular-se e construir uma convivência, uma vida em comum.

 

– A Igreja, desde os seus primórdios em Jerusalém, persevera na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações (At.2:42) e são estas as características que identificam o corpo de Cristo, o povo santo do Senhor. 

– A refeição dos sacerdotes tipifica estas características, pois, para poderem comer os pães da proposição, mister se fazia que os sacerdotes conhecessem os rituais e as cerimônias do culto levítico, tanto que estavam a oficiar no instante da refeição, eram, portanto, pessoas que perseveravam na doutrina. 

– Para poderem comer os pães da proposição, os sacerdotes estavam em comunhão, pois a própria refeição é um ato que indica comunhão. Não é por outro motivo, aliás, que a ceia do Senhor é uma refeição em seu formato. 

– Para poderem comer os pães da proposição, os sacerdotes tinham de partir os pães, pois havia apenas doze pães, e os sacerdotes oficiantes no dia sempre eram em maior número que doze, como se verifica nos turnos instituídos por Davi para o templo que seria construído por Salomão (I Cr.24). 

– Para poderem comer os pães da proposição, os sacerdotes tinham de ingerir o incenso que tinha sido posto, sete dias antes, sobre os pães, simbolizando aqui a perseverança nas orações. 

– O fato de os sacerdotes terem de efetuar a refeição no próprio lugar santo, ao contrário das demais refeições, tipifica a circunstância de que a Igreja jamais pode sair do estado de santidade em que foi posta pelo Senhor Jesus quando da sua salvação. Estamos nas regiões celestiais em Cristo (Ef.1:3) e de lá, que é o lugar da bênção, jamais podemos sair. 

– Evidentemente que não se está aqui a defender qualquer espécie de sectarismo, pois o lugar a que nos referimos é o lugar espiritual do cristão.

Estamos no mundo (Jo.17:11), somos sal da terra (Mt.5:13) e luz do mundo (Mt.5:14) e, por isso, jamais podemos nos apartar da convivência com as demais pessoas, pois a missão da evangelização nos impede de fazê-lo. Temos de imitar Jesus que, nunca tendo pecado, tinha contato com todos os homens (Mt.11:16-19).

 – Pelo menos uma vez, os pães da proposição não foram consumidos no lugar santo nem pelos sacerdotes. Foram eles comidos por Davi e alguns homens, quando Davi fugiu para não ser morto pelo rei Saul (I Sm.21:1-6). 

–  O sumo sacerdote Aimeleque infringiu a lei ao assim proceder, mas, percebamos que o sumo sacerdote tomou alguns cuidados para poder entregar o pão sagrado a Davi e a seus homens. 

– O primeiro foi se estavam Davi e seus homens em estado de santificação, inclusive sem terem mantido recentes relações sexuais com as suas mulheres (I Sm.21:5). Isto mostra, claramente, que uma exigência para se participar da refeição era a santificação, a pureza. 

– O segundo foi a consideração de que, como haveria a substituição, o pão seria “comum”, já que teria sido substituído por novos pães. Na verdade, pela lei, os pães eram coisa santíssima, mas a sua consideração como “comum”, no momento em que saíram do lugar santo para serem entregues a Davi e a seus homens dá-nos uma importante lição, qual seja, a de que devemos nos manter em santidade, não podemos sair da presença de Deus pois, no momento em que o fizermos, perderemos esta característica, esta qualidade.

– O resultado da perda destas qualidades de santidade, da perda do “DNA de cristão” é sermos “pisados pelos homens”, pois, sem a qualidade que nos vem de estarmos na presença do Senhor, passaremos nada mais, nada menos que um “sal insípido”, um “sal sem sabor”, que o

Nosso Salvador disse que não serve para nada a não ser para ser pisado pelos homens. Quantos não têm agido desta maneira e têm se tornado um verdadeiro “lixo humano”, inclusive aos olhos da sociedade? Pensemos nisto! 

– O terceiro foi que o sumo sacerdote Aimeleque somente entregou os pães a Davi e a seus homens porque não havia outro alimento a ser dado a eles, ou seja, não poderia deixar um irmão a morrer de fome estando a serviço do país (como cuidava o sumo sacerdote, que não sabia da ordem de Saul para matar Davi, ordem, aliás, que era injusta).

Aqui vemos que houve uma transgressão de uma disposição cerimonial em favor de uma disposição moral, pois mais vale a vida de alguém do que qualquer pormenor cerimonial. 

– O Senhor Jesus justificou a atitude de Aimeleque (Mt.12:3-8), dizendo que ele agiu dentro do princípio da lei, que sobrepõe a misericórdia ao sacrifício.

Isto também nos mostra que o povo de Deus deve ser impelido sempre pelo amor e pela misericórdia e que, portanto, jamais agradaremos ao Senhor se, em nosso exercício de comunhão, não estivermos também impregnados de amor e misericórdia para com aqueles que, necessitados de salvação, pedirem o nosso auxílio e a nossa compreensão.

Temos feito isto ou o legalismo tem nos impedido de alimentar, com a Palavra de Deus, os que nos vêm pedir auxílio porque estão a ponto de serem mortos pelo homicida desde o princípio? 

Ev.  Caramuru Afonso Francisco

 

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/2782-licao-12-os-paes-da-proposicao-i

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