LIÇÃO Nº 13 – A VERDADEIRA MOTIVAÇÃO DO CRENTE
18 de setembro de 2012
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O crente tem como motivação a glorificação do nome do Senhor.
INTRODUÇÃO
– Iniciando o último bloco do trimestre, quando trataremos da vitória sobre as aflições, estudaremos hoje a verdadeira motivação do crente, ponto fundamental para que superemos as aflições vividas neste mundo.
– O crente, para vencer este mundo, precisa negar-se a si mesmo, o que implica em rejeitar toda e qualquer pretensão de fama e vanglória.
I – O QUE DEVE MOTIVAR O CRENTE
– Dando início ao último bloco deste trimestre letivo, em que estamos a estudar as aflições da vida terrena, vamos estudar a verdadeira motivação do crente, estudo este que faz parte do que denominamos de “vitória sobre as aflições”.
– Não há como vencermos as aflições da vida terrena se não tomarmos a iniciativa determinada por Nosso Senhor para todos aqueles que quisessem segui-l’O, ou seja, o de negar-se a si mesmo, tomar a cruz e seguir ao Senhor Jesus (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23).
– Ao longo do trimestre, temos estudado diversas aflições que podem chegar até a vida daquele que serve a Deus na face da Terra. O Senhor Jesus foi enfático, em Suas últimas palavras de instrução aos Seus discípulos, que a condição de ser discípulo de Cristo não os isentaria de passar por aflições. “No mundo tereis aflições”, disse o Senhor.
– Com efeito, não apenas pelos estudos que estamos a fazer, mas pela própria vida que vivemos dia após dia, somos bem cientes de que as aflições chegam à vida dos que servem ao Senhor e, diríamos mesmo, são inevitáveis para quem serve a Deus, pois, consoante já estudamos, o fato de sermos um “corpo estranho” num mundo que está no maligno (I Jo.5:19), faz com que sejamos necessariamente odiados pelo mundo (Jo.15:18-20) e alvo de um combate espiritual intermitente por parte das hostes espirituais da maldade (Ef.6:12).
– No entanto, ao mesmo tempo em que nos advertiu de que passaríamos por aflições, o Senhor Jesus, também, nos disse que, n’Ele, nós teríamos paz e que, se tivéssemos bom ânimo, venceríamos o mundo como Ele venceu (Jo.16:33).
– “Tenho-vos dito isto para que, em Mim, tenhais paz”. Se, no mundo, temos aflições, o fato é que se estivermos em Cristo, teremos paz. Esta paz é uma necessidade premente para que possamos superar as aflições, é um dos pressupostos para que se tenha a vitória e é o assunto da próxima lição.
– Mas, ao mesmo tempo em que o Senhor Jesus disse que teríamos de ter paz para que a vitória fosse possível perante as aflições desta vida, também nos disse que deveríamos ter “bom ânimo”: “Mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo”.
– Em contraste com as aflições que nos apresentam o mundo, o Senhor Jesus nos manda que tenhamos “bom ânimo”, que é, precisamente, o que nos leva até a vitória sobre todas as aflições desta vida.
– Com tal vitória, inclusive, nós conseguiremos chegar aonde o Senhor Jesus, que venceu o mundo, já chegou e desfrutarmos, assim, da Sua eterna companhia, como Ele nos promete em Ap.3:21.
– É este “bom ânimo” de que nos fala o Senhor Jesus que se constitui na verdadeira motivação do crente e que é o tema de nossa lição de hoje.
– A expressão “bom ânimo” é encontrada tanto no Antigo como em o Novo Testamento. No Antigo Testamento, a expressão, na Versão Almeida Revista e Corrigida, é tradução de duas palavras hebraicas. A primeira é “’amats” (אמץ), que tem o significado de “força”, “firmeza”, “fortaleza”, “obstinação”, “prevalência” e “coragem”, que encontramos em Js.1:6,7,9 e 18; I Cr.22:6; 28:20 e II Cr.32:7.
– A segunda palavra hebraica traduzida por “bom ânimo” na Versão Almeida Revista e Corrigida é “towb” (טוב), cujo significado é de “alegria”, “satisfação”, “prosperidade”, que encontramos em II Cr.7:10 e Et.5:9.
– Pela análise dos textos do Antigo Testamento, vemos que o “bom ânimo” é uma atitude que se toma para se alcançar um objetivo, uma finalidade, um alvo que produz, posteriormente, na pessoa, o estado de satisfação e de alegria por ter havido o cumprimento daquilo que se perseguia. “’Amats” é um desafio, uma conduta que se propõe a alguém para que se alcançar o objetivo.
– Assim, o Senhor, ao Se dirigir a Josué, na primeira vez em que aparece esta expressão nas Escrituras Sagradas, procura imprimir ao novo líder de Israel a coragem necessária para que ele pudesse superar os imensos desafios que se lhe apresentavam, pois tinha de suceder a Moisés, que havia dado a Israel a estrutura de povo de Deus e, além disto, fazer a conquista da Terra Prometida.
– Para que pudesse vencer todas as dificuldades que se apresentavam a Josué, o próprio Deus lhe disse que ele deveria se esforçar e ter bom ânimo. O “bom ânimo” era esta atitude de coragem, de firmeza, de obstinação para que se superassem todas as dificuldades e se conseguisse alcançar o objetivo traçado: a conquista de Canaã.
– O “bom ânimo” que o Senhor queria de Josué era a determinação para que todos os esforços fossem direcionados para que se atingisse o objetivo, que era a conquista da Terra, objetivo este que fora traçado pelo próprio Deus. Deus é quem tinha decidido fazer o povo de Israel herdar a terra de Canaã e, para tanto, os israelitas, sob o comando de Josué, deveriam se esforçar e não desanimar na persecução deste fim estabelecido pelo próprio Deus.
– É exatamente isto que significa “motivação”. No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, vemos que “motivação” é “conjunto de processos que dão ao comportamento uma intensidade, uma direção determinada e uma forma de desenvolvimento próprias da atividade individual”.
– A motivação é o conjunto de ações que concretizam o “motivo”. E o que é “motivo”? É “razão de ser, a causa de qualquer coisa; o que dá força psíquica, põe alguém em prontidão para a ação; incentivo, mobilização”. “Motivo” vem do latim “motívus,a,um ‘relativo ao movimento, móvel’, demotum, demovére ‘mover’, já substantivado em latim medieval motivum (neutro) ‘motivo, razão’ “.
– O “bom ânimo” é, portanto, a “motivação” para se alcançar um determinado objetivo, uma finalidade estabelecida, o conjunto de ações que nos fazem chegar à vitória sobre as aflições desta vida, porque temos uma razão, um motivo, uma direção.
– Conforme vimos, a primeira vez que a expressão surge no Antigo Testamento é uma ordem divina para Josué. Ele deveria direcionar todas as suas ações e atitudes para chegar ao objetivo estabelecido pelo Senhor, que era a conquista da Terra Prometida. O que deveria mover, portanto, o líder de Israel era o fim estatuído pelo próprio Deus.
– Para isto, o Senhor disse a Josué que deveria se levantar e passar o Jordão com todo o povo de Israel e conquistar a terra nos limites que o próprio Deus havia dado, devendo, porém, nesta jornada observar a lei que o Senhor havia dado a Moisés, pois o Senhor garantia que estaria com ele nesta empreitada (Js.1:2-9).
– O que notamos, portanto, nesta ordem divina a Josué é que o “bom ânimo” é uma atitude do servo de Deus, mas que é direcionado para o objetivo já estatuído pelo próprio Deus. O “bom ânimo” é um exercício de coragem, de firmeza, de obstinação, de confiança em Deus, mas para se atingir um objetivo já estabelecido por Deus. O “bom ânimo”, portanto, é uma demonstração de subserviência, de submissão, de obediência aos fins traçados pelo Senhor.
– Na verdade, tudo quanto fosse feito, todo esforço que fosse despendido tinha um único objetivo: o cumprimento da promessa feita por Deus, a demonstração da fidelidade do Senhor. Como diz o próprio Deus a Josué: “Esforça-te e tem bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria” (Js.1:6). O bom ânimo não tinha em conta, em absoluto, a prevalência do nome de Josué ou de seu engrandecimento seja diante dos israelitas, seja diante dos povos, mas única e exclusivamente para louvor e glória do próprio Deus, que havia prometido dar a terra aos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.
– Este foi o mesmo sentido com que o rei Davi empregou também a mesma expressão “bom ânimo” ao seu filho Salomão, diante de todos os maiorais do povo de Israel, quando lhe apresentou tudo o que havia preparado para a construção do templo em Jerusalém. Naquela oportunidade, o rei também disse a seu filho, que lhe sucederia no trono, que deveria se esforçar e ter “bom ânimo” para a edificação do templo (I Cr.22:13; 28:20).
– Aqui Davi mostra ao filho que havia preparado tudo para a construção do templo mas o Senhor o havia impedido de fazê-lo, dizendo que seria tarefa de seu sucessor. Assim, Salomão deveria enfrentar o desafio de realizar a construção, conforme a vontade do Senhor, não para seu próprio engrandecimento, mas para a glória do Senhor, sentimento que vemos que Salomão efetivamente teve, como vemos do teor de sua oração de dedicação do templo (II Cr.6:15). Mais uma vez vemos que o objetivo do “bom ânimo” é fazer com que o nome do Senhor seja glorificado, com que Sua fidelidade seja manifesta a todos.
– Foi também este o sentido com que a expressão “bom ânimo” foi empregada pelo rei Ezequias, quando os judaítas se encontravam em aflição por causa da aproximação do rei assírio Senaqueribe. Diante da iminente invasão de um exército tão poderoso, o rei fez o povo descansar com suas palavras em que pedia ao povo quese esforçasse e tivesse “bom ânimo”, pois maior era o que estava com Judá do que os que estavam com o rei da Assíria, pois, se Senaqueribe tinha o “braço de carne”, Judá tinha o Senhor para os ajudar e guerrear as suas guerras (II Cr.32:7,8).
– O povo de Judá deveria tomar os cuidados para enfrentar um exército tão numeroso, mas deveria fazer tudo o que estava ao seu alcance não esperando que tais ações os livrariam daquele guerreiro até então invencível, mas que tudo faziam confiando em Deus. O “bom ânimo” dos judaítas não deveria ser a estratégia militar ou a arte da guerra, mas, sim, dirigir-se às promessas de Deus, ao nome do Senhor, à Sua glorificação. Por isso, o Senhor pelejou pelos judaítas e destruiu completamente o exército de Senaqueribe, sem que os judaítas precisassem sequer realizar uma batalha.
– Pelo que vemos do Antigo Testamento, portanto, a expressão “bom ânimo” mostra-nos, com absoluta clareza, que todo servo do Senhor deve tomar todas as suas ações com uma direção já previamente estabelecida por Deus e com o objetivo único e exclusivo de glorificar ao nome do Senhor. Se não for esta a motivação do servo de Deus, inútil será a tomada do conjunto de ações, pois sem a direção divina, jamais poderemos chegar ao estado de “satisfação”, de que fala a outra expressão hebraica traduzida por “bom ânimo”, que é, como vimos, “towb”.
– Tanto é assim que as duas vezes em que esta expressão aparece no Antigo Testamento nos mostra que não pode haver real satisfação se não se estiver na direção do Senhor, na Sua orientação.
– Em II Cr.7:10, as Escrituras registram que o povo de Israel se encontrava neste estado de satisfação após a conclusão do templo de Jerusalém. Todos saíram depois de vinte e três dias de festividades alegres e satisfeitos “pelo bem que o Senhor tinha feito a Davi e a Salomão e a seu povo Israel”. Vemos, claramente, que este estado de satisfação e alegria era decorrência da glorificação do nome do Senhor, do cumprimento do que Deus havia prometido, ou seja, de que Salomão edificaria o templo em Jerusalém.
– Esta mesma satisfação temos até hoje, não por causa do templo, mas, sim, porque na mesma promessa do templo estava, também, a promessa de que o Messias viria da linhagem davídica e que alcançaríamos a salvação por meio do “Filho de Davi” e podemos estar “alegres e satisfeitos” porque tal promessa se cumpriu integralmente. Se os israelitas viram o cumprimento parcial da profecia e isto já lhes trouxe satisfação, quanto mais nós que já desfrutamos da salvação em Cristo Jesus. Aleluia!
– Mas, a outra vez em que “towb” traduz “bom ânimo”, vemos como não é possível real satisfação e alegria se não somos direcionados por Deus mas, ao revés, voltamo-nos contra os objetivos estatuídos por Deus, contra a vontade do Senhor. Em Et.5:9, a expressão é empregada para descrever o sentimento de Hamã, o primeiroministro do rei persa Assuero, depois que saiu do primeiro banquete que tivera com o rei e a rainha Ester.
– Hamã achou que o fato de ter sido o convidado único para um banquete com o rei e a rainha era a prova máxima da sua grandeza, da sua exaltação. Já era o segundo no reino e já obtivera a ordem de Assuero para destruir o povo judeu, o povo e Mardoqueu, a única pessoa que não se inclinava diante dele e, por isso, sua satisfação era tanta que entendia que nada lhe estava vedado neste mundo. Afinal de contas, tinha poder, honra, riquezas e era um “íntimo” do próprio casal real.
– Contudo, quando estava saindo do palácio, Hamã contemplou Mardoqueu e isto lhe mostrou que não tinha ele tudo quanto queria e acabou, com esta demonstração de sua incompletude, sendo levado por sua mulher a mandar construir uma forca para nela enforcar Mardoqueu (Et.5:11-14), forca em que acabou enforcado (Et.7:9,10), pois, a partir daquele dia, tudo mudou e Hamã, de grande foi, num intervalo de vinte e quatro horas, reduzido a nada, à sua insignificância enquanto criatura humana.
– A satisfação, a alegria decorrente de persecução de objetivos que não os traçados por Deus, o “bom ânimo” conduzido pelo egoísmo, pelo individualismo, pela vontade do próprio ser humano, termina sempre como terminou o “bom ânimo” de Hamã: em morte e decepção. Não há como conseguirmos vida, paz e satisfação reais e plenas se não for através do “bom ânimo” direcionado para os fins estatuídos e estabelecidos por Deus, se não for através de nossa submissão a Deus.
– Em o Novo Testamento, três são as palavras que são traduzidas pela expressão “bom ânimo” na Versão Almeida Revista e Corrigida, embora dois também sejam os significados. A primeira é “tharseo” (θαρσέω), cujo significado é muito similar ao hebraico “’amats”, pois tem o significado de “coragem”, “determinação”, “esperança de conforto”, que vemos em textos como Mt.9:2; 14:27; Mc.6:50; 10:49; Lc.8:48; Jo.16:33; II Co.5:6.
– A segunda palavra empregada em o Novo Testamento que é traduzida na Versão Almeida Revista e Corrigida por “bom ânimo” é “euthumeo” (έύθυμέω), cujo significado é muito similar ao hebraico “towb”, pois significa “alegria, satisfação”, como vemos em At.27:22,25 e 36.
– Em Fp.2:19, a expressão “bom ânimo” é tradução da palavra grega “eupsucheo” (εύψυχέω), cujo significado é muito próximo ao de “euthumeo”, também querendo dizer “alegria”, “satisfação”.
– Há praticamente um paralelo, pois, entre o Antigo e o Novo Testamentos no que concerne à ideia de “bom ânimo”, indicando não só todo o conjunto de procedimentos para se chegar a um objetivo, a uma finalidade, mas também o próprio estado de alegria e satisfação por se ter alcançado o objetivo previamente designado.
– O Senhor Jesus usa a expressão “bom ânimo” para que se atinja o objetivo fixado por Deus. Na primeira vez em que vemos a utilização da expressão, quando o Senhor Se dirige ao paralítico que havia sido levado pelos seus amigos, Cristo nos mostra que o objetivo maior que devemos perseguir é o perdão dos nossos pecados, é a comunhão com Deus. Para aquele paralítico, Jesus disse que ele tivesse “bom ânimo” pois seus pecados haviam sido perdoados (Mt.9:2).
– Quando temos os nossos pecados perdoados por Cristo, devemos ter “bom ânimo”. Aquilo que não poderíamos fazer, que só Deus pode fazer, Jesus já fez por nós e, por isso, para fazer valer o altíssimo preço que custou esta nossa salvação, devemos prosseguir servindo ao Senhor, separando-nos do pecado para alcançarmos a glorificação. Da justificação para a glorificação, é este o sentido que o “bom ânimo” nos leva enquanto estamos nesta vida debaixo do sol (Rm.8:30).
– Mas o Senhor Jesus também disse aos discípulos que achavam estar vendo um fantasma na quarta vigília da noite em plena tempestade no mar da Galileia que tivessem “bom ânimo” (Mt.14:27; Mc.6:50).
– Durante as tempestades da vida, somos acometidos do medo, mesmo quando o Senhor começa a realizar maravilhas com o objetivo de nos ensinar algo na caminhada da fé. Os discípulos, ao virem Jesus, não conheceram que era o Mestre, que nunca os abandonara (Mc.6:48), mas acharam que era um “fantasma”.
Assim, muitas vezes, em meio às aflições, também ficamos com medo e identificamos como “fantasma” o Senhor que está vindo ao nosso encontro.
– Diante deste medo, porém, o Senhor recomenda que tenhamos “bom ânimo”, ou seja, que mantenhamos nossa direção segundo a orientação do Senhor, que não nos descuidemos a ponto de não sentirmos que o Senhor está conosco, que jamais nos abandona. É preciso ter coragem de seguir na direção e no caminho traçados pelo Senhor. Temos feito isto?
– Alguns da multidão que seguia a Jesus na sua única ida a Jericó, a “cidade amaldiçoada”, disseram ao cego Bartimeu que tivesse bom ânimo, pois ele havia sido chamado por Jesus (Mc.10:49). Bartimeu que estava a clamar misericórdia ao Senhor, ao ouvir que o Senhor o chamava, lançou de si a capa e foi ao encontro do Senhor (Mc.10:50).
– Bartimeu largou aquilo que o identificava como um esmoler, como a pessoa destituída, que era a capa, e foi com determinação ao encontro do Senhor Jesus, que o chamava. Partiu na direção determinada pelo Senhor, a fim de alcançar o objetivo previsto por Cristo. Temos tido também esta disposição de deixar aquilo que nos identifica, nos individualiza, para nos apresentarmos diante do Senhor?
– No episódio da cura da mulher que tinha um fluxo de sangue, é o Senhor Jesus quem diz àquela senhora para que tivesse bom ânimo. Ela havia recebido a cura, havia vencido todas as dificuldades para tocar na orla do vestido do Senhor e, agora, já curada, o Senhor lhe mandava que tivesse bom ânimo, pois, além de curada, fora também salva e podia ir em paz para a sua casa (Lc.8:48). Apesar de toda a batalha que empreendera para conseguir a cura física, o mais importante ela havia conseguido, que era a salvação, e deveria ir em paz mas continuar lutando para manter esta grande e mais importante bênção que um mortal pode alcançar. Temos tido este comportamento que Jesus ordena àquela mulher após sermos abençoados pelo Senhor nas aflições que passamos nesta vida?
– É esta consciência do que significa a salvação e do que está a nos esperar no término deste processo, que é a glorificação, que fez com que o apóstolo Paulo dissesse que todos devemos estar de “bom ânimo”, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor (II Co.5:6).
– A vida do cristão é uma “vida de bom ânimo”. “Vivemos de bom ânimo”, porque sabemos que precisamos alcançar o objetivo que é o de “estarmos presentes com Cristo”. É o sentimento tão belamente enunciado pelo poeta sacro José Teixeira de Lima na primeira estrofe e estribilho do hino 118 da Harpa Cristã:
“Na presença estar de Cristo, em Sua glória, que será; Lá, no céu, em pleno gozo, minha alma O verá. Face a face espero vê-l’O, no além do céu de luz; face a face em plena glória, hei de ver o meu Jesus”.
– A “satisfação e alegria” decorrentes desta busca de perseguir os objetivos traçados pelo Senhor por nós, que têm em vista a nossa salvação, é o que vemos na expressão “bom ânimo” que o apóstolo Paulo dirige aos tripulantes e passageiros do navio adramitino em que havia sido embarcado para ir para Roma.
– Apesar dos ventos contrários e da tempestade violenta que estavam a passar, sem qualquer esperança de salvação, Paulo admoestou aqueles homens a que cressem em Deus, que havia mandado um anjo avisar o apóstolo de que o navio se perderia, mas ninguém morreria (At.27:22,25). Este “bom ânimo” proposto pelo servo de Deus acabou sendo aceito por todos que, apesar da tempestade e da situação difícil, puderam ter alegria e satisfação, voltando a se alimentar (At.27:36), tendo tudo ocorrido conforme fora já previamente designado pelo Senhor.
– Esta mesma alegria e satisfação o apóstolo Paulo podia já sentir com antecedência com respeito ao estado da igreja em Filipos, pois sabia que as notícias que lhe trariam Timóteo, que enviara para saber dos negócios daqueles crentes, seriam boas, pois conhecia a fidelidade e presteza dos filipenses em servir a Deus (Fp.2:19).
Será que temos este mesmo “status” daqueles crentes para que os nossos pais na fé e nossos companheiros de jornada também tenham satisfação em saber o que estamos a fazer sobre a face da Terra?
– Notamos, pois, que, nas passagens bíblicas que se fala de “bom ânimo” temos, sempre, uma tomada de atitudes que nos fazem perseguir um caminho já previamente traçado pelo Senhor, caminho este que devemos seguir sem questionamentos, pois somente haverá indubitável satisfação e alegria se seguirmos este caminho até o final, pois ali, no final, haverá a vitória, a vitória já experimentada pelo Senhor Jesus e que quer dar a cada um daqueles que Lhe forem fiéis. Estamos dispostos a isto?
II – A NEGAÇÃO DE SI MESMO: PRESSUPOSTO INEVITÁVEL PARA VENCERMOS AS AFLIÇÕES DA VIDA
– Se ter “bom ânimo” é seguir o caminho previamente fixado pelo Senhor, sem o que não teremos qualquer satisfação ou alegria verdadeiras e perenes, vemos, nitidamente, que não podemos ter “bom ânimo” se não fizermos a vontade do Senhor, se não renunciarmos ao nosso “eu” para, então, sim, podermos seguir o caminho traçado.
– O “bom ânimo” que temos de ter está umbilicalmente relacionado com a “negação de si mesmo”, com a “abnegação” que o Senhor Jesus põe como um dos pressupostos para podermos ser Seus discípulos, como vemos em Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23 e 14:33.
– É neste sentido, aliás, que o ilustre comentarista trata, na lição, a respeito da fama e da vanglória, temas que têm conseguido tirar muitos do caminho do Senhor entre os que cristãos se dizem ser.
– Para que possamos servir a Deus, é absolutamente necessário que neguemos a nós mesmos, que matamos o nosso “eu”, o nosso ego, que não mais vivamos para nós mesmos, mas que Cristo viva em nós, como exclamou o apóstolo Paulo em Gl.2:20.
– A proposta satânica que derrubou a humanidade foi a de construir uma existência independentemente de Deus (Gn.3:4,5). O homem quis ser igual a Deus, ou seja, não quis mais depender de Deus, quis fazer o seu próprio caminho, traçar a sua própria direção (Sl.125:5. Pv.14:12; 16:2; 28:18; Ec.11:9; Jr.6:16; Ez.7:9; 16:47; !8:23,29,30; 36:31).
– A exemplo do que fez Hamã, já mencionado supra, o ser humano, no pecado, não quer saber da direção ou da orientação divinas. Quer traçar o seu próprio caminho, tem seus próprios sonhos, desejos e projetos, pouco importando se são, ou não, da vontade de Deus. Quer engrandecer-se, quer ser “alguém” na vida e, para tanto, luta tenazmente a fim de alcançar os fins que se propôs a si mesmo.
– Todos estes caminhos, no entanto, são “caminhos da morte” (Pv.14:12; 16:25), porque o separam de Deus, voltam-se contra o pretendido pelo Senhor e, conforme já vimos, não há qualquer alegria ou satisfação que possam ser alcançados fora dos objetivos e fins determinados pelo Senhor.
– Tanto isto é verdade que nos relatos que sempre vemos de pessoas que “vendem suas almas” ao diabo, não está jamais a descrição de algo que tenha sido querido pelo inimigo de nossas almas. O diabo sempre promete dar aos homens aquilo que os próprios homens estão almejando, desejando, perseguindo. Isto porque o desejo incontido do homem já é um engano satânico, já é uma arma do inimigo para nos separar de Deus e de Seus caminhos.
– Nos dias em que vivemos, de intenso individualismo e egoísmo (II Tm.3:1-4), resultado da multiplicação do pecado que caracteriza os dias que antecedem ao arrebatamento da Igreja (Mt.24:12), esta busca por fama, por vanglória tem, inclusive, derrubado muitos que cristãos se dizem ser. Todos querem ser “estrelas”, todos querem ser reconhecidos e louvados pelos homens, esquecendo-se de que somente se nos anularmos, se negarmos a nós mesmos poderemos seguir a Jesus.
– O pastor Severino Pedro da Silva (Assembleia de Deus – Ministério do Belém – São Paulo/SP) costuma ensinar que, para que os israelitas pudessem habitar na Terra Prometida, deveriam eliminar dali os seus habitantes, a saber: os hevEUs, os ferezEUs, os hetEUs, os jebusEUs, os cananEUs e os amorrEUs (Ex.3:8,17). Ou seja: não há lugar para o EU para quem quer entrar na Terra Prometida!
– O Senhor Jesus foi explícito ao mostrar que, se quisermos segui-l’O, devemos eliminar o nosso “eu”, que nos impede de termos comunhão com o Senhor. O apóstolo Paulo disse que “estava crucificado com Cristo”. Nosso “eu” deve ser crucificado, não podemos dar vazão a uma busca de exaltação de nossa identidade, de nossa individualidade, se quisermos ser servos de Cristo Jesus. Paulo disse que quem agrada aos homens não pode ser servo de Cristo (Gl.1:10) e o primeiro homem a quem não podemos agradar somos nós mesmos!
– Muitos, porém, nos dias em que vivemos, não aceitam eliminar-se, anular-se por causa do nome de Cristo Jesus. Querem ser “estrelas”, querem ser famosos, querem aparecer e, por causa disso, não servem a Cristo, mas apenas a si próprios, selando a sua própria perdição (Fp.3:19).
– Hoje em dia, são notórios, inclusive entre os incrédulos, a verdadeira constelação de “estrelas evangélicas” que existe em nosso meio. São pregadores, cantores e demais “artistas” que têm como função “aparecer” em vez de glorificar o nome do Senhor Jesus e têm sido exitosos nesta sua busca de fama e prestígio, mas, lamentavelmente, tais caminhos são “caminhos da morte”.
– Já há, mesmo, os “fãs gospel”, verdadeiros “idólatras”, que vão a determinadas reuniões para ver “fulano cantar” ou “sicrano pregar”, mas que estão longe de cultuar a Deus, o único digno de toda honra e louvor. Tais pessoas, lamentavelmente, ficarão de fora da Nova Jerusalém, pois lá os idólatras não entram (Ap.22:15) e eles mesmos, ao confessarem que A ou B são seus “ídolos”, estão afirmando, eles próprios, que não podem servir ao Senhor. Fujamos disto, amados irmãos!
– Não devemos buscar a fama nem nos deixar envolver por ela. É natural que, em servindo a Deus e sendo por ele abençoados, tenhamos alguma projeção, tenhamos alguma fama. O Senhor Jesus, em vista da própria natureza do Seu ministério terreno, ficou famoso (Mt.4:24; 9:31; 14:1; Mc.1:28; Lc.4:14,37; 5:15; 7:17).
– A fama é o “conceito (bom ou mau) que um grupo humano tem de alguém ou de algo; reputação”. Assim, é natural que tenhamos “fama”, “fama” que é fruto da nossa vida em sociedade. Assim, alguns dizem: se Jesus foi famoso, eu, como Seu servo e imitador, também tenho de ser famoso!
– Tal pensamento, porém, não é correto. Jesus era famoso e famosos todos somos, pois temos um conceito diante daqueles com quem convivemos. No entanto, Jesus NUNCA buscou fama, NUNCA correu atrás da fama e, diante da fama que adquiriu, SEMPRE procurou Se esquivar de qualquer situação embaraçosa que pudessem criar por causa da Sua fama.
– Mais de uma vez, vemos Jesus Se retirando do meio do povo para evitar que a Sua fama pudesse fazer com que as pessoas O honrassem mais do que a Deus, sendo Ele próprio Deus, mas devendo aqui fazer única e exclusivamente a vontade do Pai, que O impedia de usar qualquer atributo da Divindade. Assim, por exemplo, saiu do meio do povo quando O quiseram proclamar rei logo após uma das multiplicações dos pães (Jo.6:15) ou se retirou ao saber que sua fama estava a aumentar (Lc.5:16).
– Jesus sabia que uma das tentações que recebia da parte do inimigo de nossas almas era a de ser famoso, de ter uma glória passageira neste mundo (Mt.4:8,9). Jesus não viera ao mundo para Se exaltar, mas, bem ao contrário, viera para Se humilhar e até a morte infamante de cruz (Fp.2:5-8). Ele foi o primeiro a negar-Se a Si mesmo para fazer a vontade do Pai e, por isso, nós, se queremos imitá-l’O, não devemos ser famosos, mas, sim, nos humilharmos para que somente Cristo em nós apareça. Aleluia!- A glória somente a Deus pertence (Is.48:11), de forma que quando alguém tenta ter glória para si, tente ser “estrela”, tenta ser o alvo das atenções, está querendo algo que não lhe pertence e que jamais poderá ser seu.
Por isso é uma “glória vazia”, uma “vanglória”, que somente pode resultar em tragédia, como vemos registrado nas Escrituras em episódios como os de Nabucodonosor e Herodes Agripa I.
– Apesar de previamente alertado pelo profeta Daniel, Nabucodonosor, rei de Babilônia, exaltou-se sobremaneira, achando ser o responsável por todo o esplendor de seu reinado e, por ter se exaltado, acabou sendo acometido de uma enfermidade que o fez se comportar como um animal por sete longos anos (Dn.4).
– Já Herodes Agripa I, rei da Judeia, aceitou todo o louvor da multidão pelas suas palavras e, por aceitar glória para si, não a tributando a Deus, acabou sendo comido de bichos (At.12:20-23).
– Percebemos que a fama e a vanglória, mesmo quando alcançados, têm um final trágico, pois, depois de tanto esforço e tanta luta, a pessoa se deixa envolver pela soberba, caindo na armadilha do inimigo e vindo a perecer, visto que a soberba é uma revolta contra a própria soberania divina. Assim, mesmo quando há aparente êxito na estratégia da busca da fama, não passamos de um “caminho de morte”, nada mais do que isto. Para que, então, lutar por fama e vanglória? Única e exclusivamente para pereceremos?
– Nossa atitude tem de ser a prescrita pelo Senhor Jesus. Devemos nos anular, devemos renunciar a tudo quanto o mundo possa querer nos oferecer, a toda e qualquer “massagem de ego” que venham a nos propor, para que, renunciando a nós mesmos, possamos tomar a cruz e, desta maneira, fazermos aquilo que Deus quer que façamos e que nos conduzirá, sem dúvida alguma, para a satisfação e alegria que tem todo aquele que resolve não mais viver, mas deixar que Cristo nele viva.
– Fazer como fez Bartimeu, que largou a capa para ir até onde estava o Senhor Jesus, parece ser fácil até, visto que a capa que Bartimeu carregava trazia todo estigma de sua miserável situação. Mas, fazer como Moisés, que renunciou aos tesouros do Egito, ao breve gozo do pecado para ser maltratado com o povo de Deus, para receber o vitupério de Cristo (Hb.11:26), já é algo mais difícil, mas igualmente necessário, pois o Senhor Jesus mandou que renunciássemos a tudo quanto tivéssemos se quiséssemos ser Seus discípulos (Lc.14:33).
– Para sermos discípulos de Cristo, ou seja, Seus aprendizes, precisamos aprender a lição que Ele nos deu ao deixar a Sua glória para vir a este mundo para fazer a vontade do Pai, humilhando-Se até a morte, e morte de cruz.
– Neste Seu ministério, o Senhor Jesus chegou a ficar famoso, mas não abandonou a humilhação em troca da fama que obteve. Não deixou que fosse proclamado rei, não quis fazer uso da fama que angariara, mas sempre Se manteve fazendo a vontade do Pai, sempre procurou glorificar o Pai, aguardando que o Pai O glorificasse no momento oportuno, depois que tivesse consumado a obra que Lhe fora dada a fazer (Jo.17:1-5).
– Jesus não queria ser glorificado pelos homens, mas, sim, pelo Pai, com a glória que tinha antes de Se encarnar, ou seja, queria desfrutar da glória celeste, que é eterna, não da glória passageira deste mundo. Temos esta compreensão, ou queremos ser louvados pelos homens como o fariseu da parábola contada por Jesus e que, por ter sido louvado pelos homens, não alcançou nem sequer a justificação, que dirá a glorificação prometida aos que servirem a Deus de todo o coração (Lc.18:9-14).
– Recentemente, em mais uma de suas felizes pregações, o pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes alertou a igreja brasileira dos males que têm trazido para o meio evangélico “o culto à personalidade” (A insensatez do culto à personalidade. Disponível em: http://www.verdadeevida.com/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=877:0322&catid=68:exortacao&Itemid=46 Acesso em 30 jul. 2012), lembrando-nos que “quando as estrelas brilham, há escuridão, o sol não está a brilhar”. Ora, diante deste quadro, como podemos ser servos de Cristo brilhando em vez de Ele brilhar, Ele que é o Sol da justiça (Ml.4:2)?
– Em nossas vidas, não podemos brilhar, não temos luz própria. Embora Jesus tenha dito que “somos a luz do mundo”, devemos observar que a luz que brilhamos é mera reflexão da luz de Cristo, que também Se disse “a luz do mundo” (Jo.8:12; 12:46). Somos “luzeiros” ou “astros” que refletem a luz de Cristo (Fp.2:15).
– Não é por outro motivo que o Senhor Jesus disse que, quando fazemos boas obras, cumprindo a nossa missão de sermos “luzes do mundo”, estas obras fazem com que o nome do Senhor seja glorificado (Mt.5:16).
Percebamos: as obras são nossas, mas a glória é de Deus! As obras são nossas, mas é o nome do nosso Pai que é glorificado!
– Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo, na sua fervorosa defesa do seu apostolado junto aos coríntios, acabou por reconhecer que não fizera bem em dizer tudo quanto havia feito e padecido na obra de Deus, pois, ao fazê-lo, havia aparecido um pouco e não feito com que Cristo aparecesse (II Co.12:11). Apesar de tudo quanto havia feito para Cristo, este campeão do Evangelho admitiu que nada era. Temos tido este comportamento, nós que estamos bem aquém de Paulo na obra do Senhor?
– Não queiramos ser dos “aparecidos de Jesus” que têm infestado as igrejas locais nestes dias tão difíceis em que vivemos, amados irmãos! Não poderemos vencer as aflições da vida, não poderemos chegar ao final de nossa jornada, atravessando os umbrais da mansão celestial, se não renunciarmos a nós mesmos, se mantivermos uma atitude de vanglória, de vaidade, de egoísmo e de individualismo. Temos de ser uma “nulidade” para podermos alcançar os céus. Temos de imitar a Cristo e, por isso, nos humilharmos para que, a Seu tempo, o Senhor nos exalte!
– Fujamos das propostas de A ou de B para que “assumamos a nossa posição”, “tenhamos o reconhecimento merecido”, “ocupemos o lugar que é de nosso direito”. Fujamos disto, amados irmãos, pois são artimanhas do inimigo que quer que troquemos a glória eterna que Cristo nos promete e garante pela efêmera e passageira glória deste mundo.
– Façamos tudo o que está ao nosso alcance pela obra de Deus sem querer aparecer. Façamos tudo o que está ao nosso alcance em nossa vida secular, para que esta glorifique ao nosso Deus que está nos céus, sem que, para tanto, queiramos ser “reconhecidos”, “elogiados”, “premiados” ou algo similar. Queiramos única e exclusiva agradar ao Senhor, pois o Seu galardão, que é o que importa, está com Ele para dar a cada um segundo a sua obra (Ap.22:12).
– Quando nos esforçamos, quando labutamos e outro é galardoado, e outro é elogiado, e outro é premiado, não fiquemos com ódio desta pessoa, nem murmuremos, nem nos revoltemos. Nosso Deus é justo e é melhor sermos galardoados por Ele do que por qualquer ser humano. Nosso Deus tudo vê e tudo sabe e continuemos a servi-l’O.
– As Escrituras nos dizem que, quando trabalhamos para alguém, não devemos fazer algo como se fosse para aquela pessoa, mas, sim, para Deus (Ef.6:5,6). Assim, se nosso patrão, chefe, encarregado não reconhecer o esforço legítimo que fizermos em prol deles, não tem importância, pois não fazemos para eles, mas, sim, para Deus, que é justo e sabe recompensar.
– Somente podemos vencer as aflições da vida se tivermos “bom ânimo” e este “bom ânimo” é dirigido para aquilo que foi determinado por Deus. Assim, quando nos empenhamos a atingir os objetivos traçados pelo Senhor e não por nós, estamos a renunciar a nossas vontades e desejos, estamos a nos anular para fazer o que Deus quer.
– Neste caminho, certamente, somos confrontados com o sofrimento, com a dor, com a decepção, com a injúria, com a perseguição, com a injustiça. Afinal de contas, Jesus, para chegar à direita do Pai em glória, teve de passar pelo Getsêmane, pelo Sinédrio, pelo Pretório, pelo Calvário e pela sepultura. No entanto, suportou a cruz, desprezando a afronta e assentou-Se à destra do trono de Deus pelo gozo que Lhe estava proposto (Hb.12:2). Moisés resolveu ser maltratado com o povo de Deus tendo em vista a recompensa (Hb.11:26),
recompensa que não foi sequer entrar em Canaã, pois lá não entrou, mas que vemos ter sido devidamente recebida no episódio da transfiguração do Senhor, quando vemos Moisés desfrutando da glória celeste (Mt.17:2,3).
– É também isto que estamos a perseguir? Estamos prontos a suportar toda a afronta por causa da recompensa que nos aguarda no além? Estamos dispostos a sermos menos do que nada, sabendo que, na glorificação, seremos um com o Senhor e, assim, teremos acesso à plenitude? Qual é a nossa motivação nesta vida? O que nos move: aparecer dentre os homens ou ser reconhecido pelo Senhor nos céus?
– Somente poderemos ter vitória sobre as aflições da vida se sempre entendermos que todas estas agruras não nos tiram da direção que o Senhor nos deu e que terminará naquele dia quando, vencedores, compartilharemos com Ele de Seu lugar na eternidade. Amém!
Caramuru Afonso Francisco
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