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LIÇÃO Nº 13 – AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA

INTRODUÇÃO

– Na conclusão do estudo sobre o avivamento, analisaremos a razão de ser e a necessidade de tal circunstância na Igreja.

– O avivamento espiritual é decorrência da imperfeição humana

I – A IMPERFEIÇÃO HUMANA EXIGE O AVIVAMENTO ESPIRITUAL

– Estamos concluindo o estudo sobre o avivamento espiritual e esperamos que isto tenha servido para despertar os que estão descuidados, vagarosos e, mesmo, dormentes quanto a sua vida espiritual, num período que se caracteriza como sendo o das vésperas do arrebatamento da Igreja.

– Ao notarmos, durante todo o trimestre, como houve avivamentos espirituais tanto em Israel quanto na Igreja, algo pode vir à nossa mente:

mas, sendo a salvação em Jesus Cristo perfeita, estando a Igreja devidamente amparada pelo Espírito Santo, que está ao seu lado e em cada um dos membros em particular (Jo.14:16,17),

Espírito Santo que é Deus, por que ocorrem os esfriamentos espirituais e se verifica, ao longo da história, que o Senhor intervém para fazer aquecer espiritualmente a Igreja e ela retomar o caminho que lhe foi proposto?

– Não resta dúvida que a salvação provida por Nosso Senhor e Salvador Jesus é perfeita, pois é obra de Deus (Dt.32:4), Deus que é perfeito (Dt.18:13; Mt.5:48), cujo caminho é perfeito (Sl.18:30).

– Entretanto, nós, os alvos da salvação na pessoa de Jesus Cristo, somos imperfeitos, a uma, porque somos criaturas, e só o Criador é perfeito, pois é eterno, sempre existiu, que não é o nosso caso.

Por isso mesmo, o Senhor cuida do aperfeiçoamento dos salvos na Igreja, pondo nela os dons ministeriais (Ef.4:12), sendo as Escrituras claríssimas no sentido de que o justo está em constante aperfeiçoamento (Pv.4:18; Mt.5:48; Ef.4:13; Fp.3:12; II Tm.3:17).

– Sendo imperfeitos, é natural que tal imperfeição nos impeça de estarmos na plenitude da vontade de Deus, que é perfeita (Rm.12:2), e esta falha que provém de nós acaba gerando uma situação que se deixa a desejar quanto à missão da Igreja, quanto ao papel que a Igreja deve desempenhar no mundo.

– Assim, mesmo que não haja a prática do pecado, a imperfeição já impede a Igreja, que é formada de seres humanos, de atingir o propósito divino da forma querida, de modo que é absolutamente necessário que se tenha a intervenção do Espírito Santo que, ante a Sua soberania, no momento em que verifica que há comprometimento do cumprimento de Seus propósitos, ante a imperfeição, providencia o avivamento espiritual, que é a “renovação do primeiro amor”, como diz Charles Finney;

“uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela”, como afirma John Stott, ou, ainda, como diz Rubens Martins Amorese,

“…o resultado da ação do Espírito na vida do crente, enchendo-o e habilitando-o para cumprir a vontade do Senhor no seu contexto específico de vida. Tem, também a conotação coletiva de um movimento.”

– Como cada membro em particular do corpo de Cristo tem a consciência da sua imperfeição e deve sempre estar em busca da perfeição, pois, como filhos de Abraão (Gl.3:29), devemos seguir a ordem que o Senhor deu ao patriarca, de andar na presença de Deus e ser perfeito (Gn.17:1).

– Notemos que, quando o Senhor proferiu estas palavras a Abrão, fê-lo numa circunstância de avivamento espiritual, pois o patriarca estava sem ouvir a voz de Deus há treze anos, depois que Lhe havia desobedecido, tendo um filho com a serva Agar.

A busca da perfeição por intermédio do andar na presença do Senhor era a atitude que se deveria tomar para cessar esta “falta de companheirismo”, este “distanciamento” que havia ocorrido entre o Senhor e Abrão.

– É, precisamente, o momento em que Deus muda o nome do patriarca para Abraão e estabeleceu a circuncisão, firmando uma aliança com toda a descendência do patriarca, mostrando, assim, que deveria Abraão se aproximar do Senhor e, deste modo, ter vida espiritual abundante, crescimento espiritual, renovação espiritual, nitidez espiritual e agilidade espiritual, que são as cinco facetas do avivamento espiritual.

– É bem por isso que o profeta Habacuque, ao ter recebido o entendimento de como o Senhor agiria diante da situação de injustiça e de maldade que o profeta contemplava no meio do povo de Judá, que se encontrava em plena apostasia espiritual, imediatamente, compreendendo a necessidade de que o Senhor sempre acudisse os justos imperfeitos, exclamou: “Aviva, ó Senhor, a Tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica”
(Hb.3:2).

II – AS LIÇÕES SOBRE AVIVAMENTO NA ORAÇÃO DO PROFETA HABACUQUE

– Esta oração do profeta Habacuque é extremamente oportuna para ser analisada neste instante em que concluímos o estudo sobre o avivamento espiritual.

– Habacuque é um profeta que apresenta algumas interessantes singularidades. Uma delas é ser o único que menciona a palavra “fé” nos registros do Antigo Testamento (Hc.2:4) e numa menção que os próprios estudiosos da lei entendem ser a síntese de todos os mandamentos da lei, e não somente da lei, mas, como diz o próprio apóstolo Paulo, a própria essência da vida espiritual, que o justo viver pela fé (Rm.1:17)

OBS: “…Sobre este assunto, o Talmud afirma: “Rabino Simlai ensinou: Havia 613 Mitzivot declaradas a Moisés na Torá, consistindo em 365 proibições correspondentes ao número de dias no ano solar, e 248 Mitzivot positivas correspondendo ao número de membros de uma pessoa.

Rav Hamnuna disse: Qual é o versículo que alude a isso? Está escrito: “Moisés nos deu a Torá, uma herança da congregação de Jacó” (Deuteronômio 33: 4).

A palavra Torá, em termos de seu valor numérico – Guematria – é 611, o número de Mitzivot que foram recebidas e ensinadas por Moisés, nosso professor.

Além disso, existem duas Mitzivot: “Eu sou o Senhor teu Deus” e: “Não terás outros deuses” (Êxodo 20:2-3), as duas primeiras dos Dez Mandamentos, que ouvimos da boca de o Todo-Poderoso, somadas resultam num total de 613.

A Gemara fornece uma mnemônica para as figuras bíblicas citadas no decorrer da discussão que se segue:

Dalet, Mem, Shin, Mem, Kof; Samekh, Kof; representando Davi, Miquéias, Isaías, Amós, Habacuque, Amós e Ezequiel.

Rabino Simlai continuou:

O Rei Davi veio e condensou as 613 Mitzivot em onze Mitzivot, como está escrito:

“Um Salmo de Davi. Senhor, quem peregrinará em Teu Tabernáculo? Quem deve habitar em Sua Montanha Sagrada?

Aquele que anda de todo o coração, pratica a justiça e fala a verdade em seu coração. Que não calunia com a língua, nem faz mal ao próximo, nem lança opróbrio a seu parente.

A cujos olhos o vil é desprezado, e ele honra aqueles que temem ao Senhor; ele faz um juramento em seu próprio detrimento e não muda.

Ele não dá seu dinheiro com juros, nem aceita suborno contra inocentes. Aquele que faz isso nunca será abalado” (Salmos 15).

Onze atributos que facilitam a entrada no Mundo Vindouro aparecem nesta lista. A exposição do Rabino Simlai continua:

Isaías veio e condensou as 613 Mitzivot sobre seis, como está escrito:

“Aquele que anda retamente e fala retamente; aquele que despreza o ganho da opressão, que aperta as mãos para não aceitar subornos, que tapa os seus ouvidos para não ouvir sobre o derramar de sangue e fecha os seus olhos para não ver o mal ”(Isaías 33:15).

Miquéias veio e condensou as 613 Mitzivot em três, como está escrito: “Foi-te dito, ó homem, o que é bom e o que o Senhor requer de ti?

Que somente faça a justiça, que ame a misericórdia e ande humildemente com o seu Deus” (Miquéias 6:. Isaías então condensou as 613 Mitzivot em duas, como está declarado:

“Assim diz o Senhor: Observai a justiça e praticai a justiça” (Isaías 56: 1).

Amós veio e condensou as 613 Mitzivot em uma, como está declarado:

“Assim diz o Senhor à Casa de Israel: Busca-Me e vive” (Amós 5: 4). Rav Naḥman Bar Yitzcḥak se opôs a isso:

Não há prova de que o versículo em Amós estabelece todas as Mitzivot sobre uma só; dizem que Amós está dizendo:

Busque-Me em toda a Torá, pois o versículo não especifica a maneira pela qual se deve buscar ao Senhor. Em vez disso, diga: Habacuque veio e condensou as 613

Mitzivot em uma, como está declarado: “Mas o justo viverá por sua fé” (Habacuque 2: 4)” (Talmud da Babilônia, Tratado de Makot 23b e 24a).…” (MELO, Rav Maorel. 613 Mandamentos reduzidos para 2? Como assim? ’14 ago. 2020. Disponível em:
https://www.facebook.com/mashiachetradicaojudaica/posts/1139858646397996/ Acesso em 09 dez. 2022).

– A outra singularidade é ser o único escritor bíblico a utilizar a expressão “avivar” para se referir à atuação divina na Sua obra, outro aspecto que, já existente em Israel, será bem realçado durante a “dispensação do Espírito” ou “dispensação da graça”, o tempo da Igreja sobre a face da Terra.

– A primeira observação que devemos fazer com relação a esta palavra profética de Habacuque é que se tratava ela de um salmo, de uma “oração em forma de canto” (Hc.3:1) e, portanto, é uma mensagem diretamente vinda do Espírito Santo, como todos os cantos constantes das Escrituras Sagradas.

– O profeta encontrava-se sendo visitado pelo Espírito Santo, estava, precisamente, num “estado de avivamento” e, bem por isso, bem oportuna a sua mensagem para analisarmos o que é o avivamento, como ele se dá e qual o seu significado para a vida de cada um de nós e da Igreja.

– O profeta começa dizendo: “Ouvi, Senhor, a Tua palavra”. Vemos aqui, clarividentemente, que não há que se cogitar de avivamento espiritual que não tenha seu nascedouro, sua origem na oitiva da Palavra de Deus.

– As palavras vindas da parte de Deus são “espírito e vida” (Jo.6:63) e é o Espírito que vivifica, de modo que não há como se ter um verdadeiro avivamento espiritual se não se tiver ouvido a Palavra de Deus, se as pessoas não estiverem atentas a escutar o que está registrado nas Escrituras, à explanação daquilo que ali está escrito.

– Desconfiemos, pois, de todo e qualquer suposto avivamento que surgir sem que se tenha a ação da Palavra de Deus, sem que as pessoas estejam voltadas para a meditação, reflexão e aprendizado das Escrituras, pois, sem dúvida alguma, tratar-se-á de uma manifestação espúria e enganadora.

– Quando não se está baseado na Palavra de Deus, temos, ou doutrina de homens, ou doutrinas de demônios e o resultado, tanto num caso, quanto no outro, é apostasia espiritual, é afastamento de Deus, é morte espiritual (Is.29:13; Mc.7:7; Tt.1:14; I Tm.4:1).

– Mas, além de ter ouvido a Palavra de Deus, o profeta diz que “temeu”, ou seja, obedeceu à Palavra, reconheceu que se tratava de um mandamento, de uma ordem, de que Deus é o Senhor e merecia submissão, respeito, reverência e atendimento.

– O avivamento espiritual gera temor a Deus. No avivamento, sabemos precisamente quem é o Senhor e que somos Seus servos, que somos salvos pela Sua graça e que devemos, assim, ser obedientes ao Senhor em todas as coisas, que d’Ele dependemos inteiramente e que precisamos nos dedicar às “coisas de cima” (Cl.3:1-3).

– Na igreja de Jerusalém não era diferente. Lucas diz-nos que, na igreja primitiva, “em cada alma havia temor” (At.2:43).

Quando verificarmos movimentos em que se deixa de ter este temor, em que se caminha para a irreverência, para a carnalidade, é instante de observarmos que isto não é um verdadeiro avivamento.

– Foi, aliás, exatamente isto que relatou o pastor canadense Paul Gowdy, ao fazer uma espécie de “mea culpa” a respeito da chamada “bênção de Toronto”, o berço da “nova unção”, que a tantos enganou. Veja o que disse um dos principais participantes deste pseudoavivamento:

“…Depois de três anos fazendo parte do núcleo da bênção de Toronto nossa Igreja Vineyard em Scarborough ao leste de Toronto, praticamente se autodestruiu.

Devoramo-nos uns aos outros com fofocas, falando mal pelas costas, com divisões, partidarismo, críticas ferrenhas uns dos outros, etc.

Depois de três anos “inundados” orando por pessoas, sacudindo-nos, rolando no chão, rindo, rugindo, rosnando, latindo, ministrando na igreja Internacional do Aeroporto de Toronto, fazendo parte de sua equipe de oração, liderando o louvor e a adoração naquele local, praticamente vivendo ali, tornamo-nos os mais carnais, imaturos, e os crentes mais enganados que conheci.

Lembro-me de haver dito ao meu amigo e pastor principal da igreja de Vineyard de Scaraborough em 1997 de que, desde que a bênção de Toronto chegou ficamos esfacelados. Ele concordou.…” (O engano de Toronto, 01 ago. 2008. Disponível em: https://www.pastorjoaodesouza.com.br/123/?p=83 Acesso em 09 dez. 2022).

– O profeta pede ao Senhor que Ele avive a Sua obra no meio dos anos. Aqui temos o reconhecimento da imperfeição e da nossa qualidade de criatura. Como seres criados, estamos debaixo do tempo e a passagem do tempo é um fator que nos prejudica em nossa vida espiritual.

– O tempo age inevitavelmente em nosso corpo. Como diz o apóstolo, o homem exterior se corrompe (II Co.4:16), somos pó e ao pó tornaremos (Gn.3:19).

Entretanto, espiritualmente temos de nos renovar diariamente (II Co.4:16), mas não há como fugirmos da realidade de que a passagem do tempo traz influências sobre o homem interior, notadamente por causa não só do envelhecimento, que tem inevitáveis consequências sobre o ânimo de cada um de nós (Cf. Ec.12:1-6) e das próprias circunstâncias dele decorrentes (Cf. Jo.21:18,19),

como também dos próprios embates contra o mundo, o pecado e a carne, numa incessante batalha espiritual, o que se faz ainda mais duro em tempos como os nossos, em que há multiplicação da iniquidade (Mt.24:12).

– É bem por isso que, ao longo dos anos, há uma tendência natural para o esfriamento espiritual, para a acomodação, e, por isso, o profeta suplica a Deus que, “no meio dos anos”, venha trazer avivamentos para a obra do Senhor, venha notificar, ou seja, dar notícia, mostrar a Sua presença entre o Seu povo.

– Por isso, não podemos descuidar de um contínuo e diário cuidado para com o nosso relacionamento com o Senhor, exatamente para minorar, ao máximo, o efeito da passagem do tempo em nossa vida espiritual.

Devemos viver intensamente, a cada dia, nossa intimidade com Deus, não permitindo que as coisas desta vida nos distraiam deste contato e nos façam desperdiçar o tempo que temos e, deste modo, fazermos com que sejamos vítimas do desânimo que se instala em quem assim procede.

– O Senhor disse que temos de meditar nas Escrituras “de dia e de noite” (Sl.1:1,2), a mostrar que não podemos descuidar de, a cada dia, termos contato com a Palavra de Deus e modo devocional, não simplesmente intelectual ou rotineiro.

– De igual maneira, é dito que devemos “orar sem cessar” (I Ts.5:17), “orar em todo o tempo” (Ef.6:18), “orar sempre e nunca desfalecer” (Lc.18:1), também para que não deixemos de orar e, assim, permitir que o tempo seja ocupado com outras atividades, distanciando-nos do Senhor e de Sua orientação e direção.

– De igual modo, esta oração contínua (At.12:5) deve ser periodicamente reforçada com o jejum (Mt.9:15; Mc.2:20; Lc.5:35), jejum este que não deve ser ritual, automático e cerimonial, como eram os dos fariseus (Lc.18:12), mas que deve ser atitude frequente, já que estamos em dias em que nos foi tirada a presença física de Jesus.

– Igualmente contínua e diária deve ser a execução das tarefas que nos são confiadas pelo Senhor na Sua Igreja.

Somos membros em particular do corpo de Cristo e temos, neste corpo, um papel específico a desempenhar. E, quanto a isto, disse o Senhor Jesus que devemos a cada dia tomar a cruz (Lc.9:23), ou seja, realizar aquilo que o Senhor que façamos para Ele na Sua obra diariamente.

– O apóstolo Paulo tinha consciência disto, tanto que dizia que lhe oprimia, a cada dia, o cuidado de todas as igrejas (II Co.11:28), que era bem o papel que o Senhor lhe tinha dado como apóstolo e doutor dos gentios (I Tm.2:7; II Tm.1:11), bem como, quando estava em Éfeso, não ter cessado, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um dos obreiros daquela igreja (At.20:31).

– Paulo, inclusive, manda a todos nós que sejamos firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o nosso trabalho não é vão no Senhor (I Co.15:58). Esta firmeza e constância tem de ser mantida na obra de Deus.

– O avivamento, portanto, surge como uma intervenção divina quando a passagem do tempo vai trazendo inconstância, falta de firmeza, quando começa a prejudicar a vida devocional de cada um dos membros em particular da igreja, o que representará um arrefecimento espiritual, uma diminuição da intensidade da vida espiritual de cada um, permitindo que haja uma acomodação que trará danos à obra de Deus.

– Quando não se tem a realização da obra do Senhor a contento, há um avanço do maligno, pois não existe situação de paralisia ou inércia no mundo espiritual. Ou crescemos espiritualmente, ou decrescemos; ou avançamos, ou recuamos.

– Por isso, o profeta pede ao Senhor que, no meio dos anos, avive a Sua obra, não permita que haja recuos, amparando o povo de Deus nestes instantes de risco de inconstância e de falta de firmeza com o avivamento espiritual.

– Como bem diz Rubem Martins Amorese, o avivamento “…Acontece, normalmente em momentos de crise da igreja, seja por pecado, seja por apatia, desnorteamento ou por desobediência à sua vocação e missão.…” (AMORESE, Rubem Martins. Avivamento espiritual. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/avivamento/avivamento_prisma.htm Acesso em 26 maio 2006)

– O avivamento “notifica” a obra do Senhor, ou seja, “dá notícia” da obra do Senhor, faz com que se tenha conhecimento dela.

– O avivamento é um processo em que há uma “redescoberta” da obra do Senhor, uma “conscientização missionária”, quando se retoma o foco, a razão de ser da Igreja sobre a face da terra.

– Quando o apóstolo Paulo foi salvo e chamado para o ministério, o Senhor lhe disse que ele seria enviado aos gentios para lhes abrires os olhos e das trevas os converter à luz e do poder de Satanás a Deus, a fim de que recebessem a remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em Jesus (At.26:17,18).

– O próprio Senhor Jesus, ao aparecer aos Seus discípulos no cenáculo, no dia da ressurreição, disse que os estava enviando assim como o Pai O havia enviado (Jo.20:21).

– Portanto, o avivamento tem o papel de nos trazer novamente à consciência o objetivo de nossa peregrinação terrena, a razão pela qual continuamos neste mundo quando dele somos tirados, o que, por vezes, ante as múltiplas tarefas que a Igreja passa a desempenhar, acaba sendo relegado a segundo plano ou, o que é pior, sendo esquecido e desprezado.

– Quando, após o término das perseguições, a Igreja passou a assumir tarefas que lhe passaram a ser dadas pelo Império Romano, desvirtuando-se do seu papel, tivemos o início da paganização da Igreja que gera consequências até a presente data.

– Precisamos ter o mesmo cuidado que tiveram os apóstolos que, ao perceberem que a ação social lhes estava a prejudicar o ministério da palavra e a oração, que era a tarefa a que haviam sido comissionados pelo Senhor Jesus, trataram de criar o diaconato (At.6:1-4), mas percebamos que os diáconos não deixaram de evangelizar e de buscar o poder de Deus e o conhecimento das Escrituras por terem recebido tais tarefas materiais (At.6:3,8-10).

– Muitas igrejas locais transformaram-se em meras organizações não-governamentais, associações filantrópicas, por vezes até, grandes impérios empresariais, completamente alheias à missão para as quais foram confiadas.

O avivamento faz com que nos conscientizemos do que devemos fazer enquanto estivermos nesta peregrinação terrena.

– Esta realidade não abrange apenas as instituições, mas também a cada um de nós. O avivamento desperta-nos de que somos soldados de Cristo, ganhadores de almas, testemunhas de Jesus e não apenas membros de uma igreja local que cumpre suas tarefas de modo automático e rotineiro, como se o mero cumprimento de deveres estabelecidos na organização fosse suficiente para sermos cooperadores do Senhor Jesus.

– Assim é que muitos se contentam em fazer as suas tarefas eclesiásticas: ministram aulas na EBD, tocam instrumentos, participam de conjuntos de canto, organizam eventos e, desta maneira, entendem estar “fazendo a obra de Deus”, não se dedicando à oração, ao jejum, à meditação nas Escrituras, à busca do revestimento de poder e dos dons espirituais e, muito menos, à evangelização.

– Esta “mentalidade burocrática” leva à acomodação e ao formalismo, à religiosidade, que faz com que tenham apenas integrantes de clubes sociais em vez de um porção do povo que deve abrir os olhos dos incrédulos e das trevas os converter à luz e do poder de Satanás a Deus, a fim de que recebam a remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em Jesus.

– Por isso, Finney diz que o avivamento “…resulta em despertamento e conversão de pecadores a Deus”; Stott, que “…uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela.

Os inconversos se convencem do pecado, arrependem-se e clamam a Deus por misericórdia, geralmente em números enormes e sem qualquer intervenção humana…” e Amorese, “…rápido amadurecimento da identidade da igreja e do crente, individualmente, quanto ao seu papel no meio em que está;

o amor acha seu próximo, acha meios, acha caminhos; reavivamento de seu fervor e compromisso em relação a missões, sejam transculturais, sejam urbanas; crescente compreensão do caráter da encarnação como símbolo do amor sacrificial que vai buscar o perdido onde ele está, para trazê-lo para o Pai”.

– Mas o profeta ainda, em sua súplica, diz: “na ira, lembra-Te da misericórdia”. Temos aqui outra importante lição que se nos dá sobre o avivamento espiritual. É que o avivamento espiritual revela a tensão que existe entre o juízo e a misericórdia em Deus.

– O avivamento é uma demonstração da misericórdia divina, uma comprovação de que Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4).

– Num momento de desatendimento a Sua ordem, num instante em que o povo se distancia do Senhor, em vez de vir com o castigo, com a Sua ira, o Senhor dá uma oportunidade para que haja a “renovação do primeiro amor”, a “retomada de rumos”, a reaproximação com Deus.

– Ao intervir no quadro adverso ao propósito divino, o Senhor permite aos homens que, ouvindo a voz de Deus, convertam-se e retomem a direção que prometeram seguir quando creram no Senhor e, inclusive, confessaram publicamente quando desceram às águas batismais.

– Trata-se, portanto, de um ato de misericórdia do Senhor, que, em vez de dar o que mereciam os Seus servos que descuidam ou negligenciam a realização da Sua obra e o cumprimento dos deveres a eles cometido, vem visitá-los de modo sobrenatural, permitindo que aqueles que ouvirem a este chamado e o atenderem sejam fortalecidos, renovados e voltem a ter o “primeiro amor”, voltem a produzir o fruto do Espírito Santo com abundância, retomem o propósito divino para as suas vidas.

– A existência de avivamentos espirituais, portanto, ao longo da história de Israel e da história da Igreja são claras provas de que o intuito divino é salvador e que tudo nos é dado para que possamos cumprir a obra de Deus.

– A história da Igreja começa com um avivamento, no de Pentecostes, a “chuva temporã” (Jl.2:23) que dá início ao “ano aceitável do Senhor” (Lc.4:19), pois o tempo da Igreja é exatamente este tempo em que Deus põe à disposição do homem a Sua oferta salvadora na pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

– A ocorrência de um avivamento espiritual é a resposta divina de misericórdia ao Seu povo, é mais uma oportunidade para que venhamos a obedecer a Deus e a não perder a nossa salvação.

Sabendo de nossa fragilidade e de nossa imperfeição, o Senhor vem nos trazer fortaleza e condições para retomarmos a nossa caminhada rumo a perfeição, que será finalmente alcançada no arrebatamento da Igreja (I Jo.3:1-3).

– A história da Igreja também termina com um avivamento, o avivamento pentecostal, a “chuva serôdia” (Jl.2:23), que põe fim ao “ano aceitável do Senhor” (Lc.4:19). Depois desta “chuva final”, virá a “festa das trombetas” (Nm.29:1-6), quando, então, a trombeta soará e a Igreja será retirada da face da Terra (I Ts.4:16,17).

– A partir de então, não se terá mais a misericórdia divina, mas apenas a ira de Deus, num tempo de angústia qual nunca houve sobre a face da Terra (Dn.12:1; I Ts.1:10; Ap.3:10).

– Vivemos o tempo deste último avivamento, que já é o mais longo da história da Igreja, e, mais do que nunca, tendo esta consciência, não podemos titubear nem deixar de ouvir a voz de Deus e tomar as atitudes que o Senhor nos requer para que tenhamos uma vida espiritual abundante, crescimento espiritual, renovação espiritual, nitidez espiritual e agilidade espiritual, que são as cinco facetas do avivamento espiritual.

– Na Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, o texto da oração do profeta apresenta um acréscimo. Eis o texto: ““Ouvi, Senhor, a Tua palavra, e temi; aviva, ó Senhor, a Tua obra no meio dos anos.

No meio de dois animais, Tu Te manifestarás; quando estiverem próximos os anos, Tu serás conhecido; quando vier o tempo, Tu aparecerás. No meio dos anos, a notifica; na Tua ira, lembra-Te da Tua misericórdia”.

– O acréscimo, que se encontra em itálico, fala, em primeiro lugar, que o Senhor Se manifestaria “no meio de dois animais”.

Esta figura traz à memória a prática comum naquele tempo de se confirmar um compromisso passando pelo meio de animais que eram mortos e partidos ao meio exatamente para que o pacto firmado se torna imutável e irretratável. Era uma demonstração de fidelidade.

– O Senhor fez isto com Abrão, como se verifica em Gn.15:9-16, para confirmar a promessa de que faria dele uma grande nação, tendo, inclusive, pormenorizando como a sua descendência viria a ocupar e a se assenhorear da terra de Canaã.

– Segundo este acréscimo, o avivamento é uma demonstração da fidelidade divina. Deus prometeu fazer de Israel um reino sacerdotal e povo santo (Ex.19:5,6) e o avivamento espiritual impedia a ruína do povo e, consequentemente, a impossibilidade de o propósito divino se realizar.

– Com a Igreja não é diferente. O Senhor também fez da Igreja a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido para que anuncie as virtudes d’Aquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (I Pe.2:9).

– O avivamento espiritual, portanto, mantém este povo e lhe dá condições para que continue a realizar a sua tarefa sobre a face da Terra.

– A segunda parte deste acréscimo encontrado na Septuaginta diz que “quando estiverem próximos os anos, Tu serás conhecido; quando vier o tempo, Tu aparecerás”. Aqui vemos que o avivamento sempre antecede um tempo especialmente prometido para o aparecimento do Senhor.

– O avivamento espiritual, portanto, exsurge como uma ação divina que tem o propósito de preservar o Seu plano de salvação para a humanidade, uma nítida demonstração de que nenhum dos planos divinos pode ser frustrado (Jó 42:2 NAA).

– O avivamento, reforça este acréscimo, é uma ação que visa manter o povo de Deus em condição de atingir o propósito divino para ele previsto. Israel, mantendo a sua identidade, para que pudesse ser a nação de onde viria o Messias, como também, até a vinda do Cristo, ser o meio pelo qual o mundo tivesse conhecimento do único e verdadeiro Deus.

– A Igreja, a fim de que prossiga em sua tarefa evangelizadora, pregando a salvação na pessoa de Cristo, a todo o mundo, a toda a criatura, até o momento em que se fechará a porta aberta pelo Senhor para a salvação dos homens, sobrevindo, então, o juízo divino, a Grande Tribulação.

– É bem isso o que Pedro pregou logo após a cura do coxo da porta Formosa do templo, ao dizer que as pessoas deviam se arrepender e se converter para que fossem apagados seus pecados e viessem, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor e envie Ele a Jesus Cristo, que convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, com o cumprimento das profecias messiânicas (At.3:19-21).

– Este último avivamento, por sua amplitude tanto temporal quanto espacial, é a mais clara demonstração de que estamos chegando ao final deste tempo da graça de Deus, que é urgente estarmos em comunhão com o

Senhor e fazermos a Sua obra, antes que venha o “grande e terrível dia do Senhor”. Acordemos, amados irmãos!

– Aqui nos lembramos do poeta sacro traduzido/adaptado por Paulo Leivas Macalão no hino 374 da

Harpa Cristã, cujo título é “Vida abundante”. O poeta diz que quer uma vida abundante de pureza e de santidade para amar a Deus em verdade pela graça que Ele nos deu.

– Neste primeiro pedido, o poeta mostra que somente seremos crentes avivados se vivermos em pureza e em santidade para amar a Deus, ou seja, não há como permanecer o amor de Deus que é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo se não buscarmos a santificação e a pureza, se não nos separarmos do pecado.

– Em seguida, o poeta, no refrão do hino, diz que a vida abundante de Jesus é a vida de gozo exultante, abundante no Consolador.

Nesta expressão, vemos que a vida abundante é a mesma alegria no Espírito Santo que tinha Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Lc.10:21), alegria esta manifestada particularmente quando viu o resultado do trabalho feito em Seu nome pelos Seus discípulos (Lc.10:17-20).

– Quando temos vida espiritual abundante, temos alegria no Espírito Santo, alegramo-nos quando vemos a salvação das almas e a manifestação do poder de Deus em confirmação à pregação do evangelho da salvação.

– Na segunda estrofe do hino 374, o poeta diz querer uma vida abundante de amor dado pelo Pai em Jesus. A vida espiritual abundante exige que tenhamos recebido o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm.5:5) e que estejamos em Cristo, ou seja, que nos mantenhamos fiéis ao Senhor, desde o momento de nossa salvação, quando somos introduzidos em Seu corpo (I Co.12:13), de lá não saindo, mantendo-nos separados do pecado e obedientes a Jesus.

– Para que assim procedamos, necessário se faz que realizemos a tarefa que nos é incumbida de forma incessante e diligente, sendo servos fiéis e prudentes que serão encontrados servindo assim ao Senhor no momento do arrebatamento da Igreja ou de nossa chamada individual para a eternidade (Mt.24:45,46).

– Este “primeiro amor” nunca pode ser deixado, pois o avivamento, já o dissemos, como define Charles Finney é precisamente a “renovação do primeiro amor dos cristãos”.

– Na terceira e última estrofe do hino 374 da Harpa Cristã, o poeta diz que quer ter a vida abundante de Jesus, a veraz fortaleza, que nos dá a certeza do perdão e nos enche de consolação.

O avivamento espiritual é um estado que nos dá vigor espiritual, que nos permite enfrentar o inimigo, a carne e o mundo e nos faz sair mais do que vencedores.

É um “fortificante” para nossa vida espiritual, que nos faz sentir a presença de Deus e que nos dá forças para chegarmos até o final da nossa jornada.

– Que esta vida espiritual abundante esteja presente sempre em nós. Assim como o Espírito de Deus se

movia sobre a face das águas, mantendo a terra informe até que o Senhor a criasse, também possamos ser conservados pelo movimento do Espírito em nós até o momento em que se consumará a nova criação em nós, com a glorificação, quando então seremos semelhantes a nosso primogênito, a Jesus Cristo (I Jo.3:2). Aleluia! Amém!

 Pr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/8926-licao-13-aviva-o-senhor-a-tua-obra-i

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