LIÇÃO Nº 13 – JOSÉ, A REALIDADE DE UM SONHO
Com José, Deus inicia a transformação do clã de Jacó em nação.
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INTRODUÇÃO
– Terminando o estudo do livro de Gênesis, estudaremos hoje o chamado “ciclo de Jose”, que ocupa os capítulos 37 a 50.
– Com José, Deus inicia a transformação do clã de Jacó em nação.
I – A PREDILEÇÃO DE JACÓ POR JOSÉ E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS
– Estamos a terminar não só mais um trimestre letivo, mas o próprio ano letivo de 2015 da Escola Bíblica Dominical, agradecendo a Deus pela oportunidade de termos tido a liberdade de poder estudar a Sua Palavra.
– Finalizando o estudo do tema “O começo de todas as coisas: estudos sobre o livro de Gênesis”, estaremos a analisar o chamado “ciclo de José”, que é a parte final do livro de Gênesis, em que a personagem principal passa a ser José, o décimo segundo filho de Jacó, o primeiro filho de Raquel, que foi o instrumento nas mãos do Senhor para que se iniciasse a transformação do clã de Jacó, que tinha setenta pessoas (Cf. Ex.1:5), em uma nação que, quando saiu do Egito, tinha seiscentos mil homens em condições de ir à guerra, fora as mulheres e crianças (Cf. Ex.12:37).
– Como temos salientado nestas três últimas lições, em que o comentarista optou por dar apenas algumas “pinceladas” na segunda grande parte do livro de Gênesis, que trata da origem do povo de Israel, narrando a vida dos patriarcas, faremos uma sucinta análise do tema proposto, que, no presente caso, abarca treze capítulos, convidando os irmãos a assistirem aos vídeos que o Portal Escola Dominical disponibilizou ao longo do trimestre onde, em doze estudos, procura dar maior profundidade à análise dos capítulos 12 a 50 do livro de Gênesis.
– Consoante vimos no apêndice ao trimestre, que tratou do “ciclo de Jacó”, tema que foi desconsiderado pelo comentarista neste trimestre, depois de ter finalmente entrado no centro da vontade de Deus, Jacó teve a ocorrência de dois fatos que marcariam o seu comportamento dali para a frente, quais sejam, a morte de Raquel no parto do seu último filho Benjamim (Gn.35:16-21) e a desonra sofrida por parte de seu primogênito, Rúben, que se deitou com a concubina de seu pai, Bila (Gn.35:22).
– Jacó, diante desta circunstância, passou a demonstrar uma predileção pelo seu filho José. O ato de Rúben, extremamente grave, gerou no velho patriarca a convicção de que não era ele aquele a quem se transferiria a bênção de Abraão.
Os seus dois outros filhos mais velhos, Simeão e Levi, também haviam cometido horrendo pecado, matando os siquemitas (Gn.34), de sorte que o patriarca, lembrando do que ocorrera com ele mesmo, passou a acalentar a ideia de que a bênção de Abraão haveria de ser transferida a José, o primogênito de Raquel, que, afinal de contas, era a mulher amada por Jacó.
– Dentro desta ideia (equivocada, porquanto não era mais plano de Deus postergar a multiplicação do clã para a sua transformação em uma nação), bem como como consequência de seu grande amor por Raquel, Jacó repete o erro de seus pais e passa a manifestar uma predileção por seu filho José em detrimento dos outros doze filhos que possuía.
– José era um rapaz muito correto e, por ser mais novo que seus irmãos, com exceção de Benjamim, sofreu muito menos as nefastas consequências da má educação que a família de Jacó tinha tido enquanto esteve em Padã-Arã.
Ele e Benjamim, certamente, foram os que mais se beneficiaram com a purificação da família ocorrida antes de irem a Betel, ainda em Siquém (Gn.35:1-7), purificação esta que foi consolidada com a morte de Débora, a ama de Rebeca e que tinha sido a pessoa responsável pela adoção, por parte dos filhos de Jacó, da cultura arameia.
– José, diante desta formação mais intensa na doutrina e admoestação do Senhor, trazia ao seu pai Jacó informações da conduta nada agradável de seus irmãos (Gn.37:2) e, como Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos (Gn.37:3), tais notícias fizeram com que a predileção por José se aguçasse ainda mais, a ponto de Jacó, imprudentemente, ter confeccionado uma túnica de várias cores e a presenteado a seu filho predileto.
– Jacó repetia, assim, o erro de seus pais Isaque e Rebeca, tratando com parcialidade os seus filhos. Isto jamais deve acontecer num lar.
Os pais devem se conscientizar que seu papel é de participantes com Deus da criação de novas vidas e que os filhos, sem exceção, são herança do Senhor (Sl.127:3) e, como representantes do próprio Deus em relação aos filhos, devem os pais se portar como o próprio Senhor, ou seja, sem parcialidade, sem fazer acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34).
– Jacó, no entanto, não observou isto e seu comportamento, que alcançou seu auge ao presentar seu filho com uma túnica de muitas cores, acabou por gerar nos irmãos de José um ódio de tal maneira que seus irmãos já não podiam mais falar pacificamente com ele (Gn.37:4).
– Esta situação deteriorou-se ainda mais porque José teve um sonho e o contou a seus irmãos. Neste sonho, José se via e a seus irmãos atando molhos no meio do campo e o molho de José se levantava e também ficava em pé e os molhos de seus irmãos se inclinavam ao seu molho (Gn.37:6,7). Todos interpretaram este sonho como sendo a previsão de que José dominaria sobre os seus irmãos e isto fez com que seus irmãos aumentassem ainda mais o ódio contra José.
– Como se isto fosse pouco, José ainda teve outro sonho e, neste sonho, sol, lua e onze estrelas se inclinavam diante de José. José, de tenra idade, ainda sem experiência da vida, contou este sonho também a seu pai e a seus irmãos.
O próprio Jacó, que, de algum modo, já estava a notar o ambiente hostil contra seu filho predileto, repreendeu José após ter sabido de sonho, também indagando José se ele haveria de dominar inclusive sobre o próprio Jacó (Gn.37:10).
– Diante destes sonhos, a inveja e o ódio dos irmãos de José alcançaram níveis muito intensos. Jacó, ainda que tivesse repreendido seu filho, verificou que se tratava de sonhos proféticos e, por isso, guardou este assunto em seu coração, ainda que, sabidamente, não entendia como poderia José dominar até sobre ele próprio.
– Jacó, então, mandou que José fosse até junto de Siquém, onde seus irmãos estavam a apascentar o rebanho, mas lá chegando, não os achou, sendo informado de que tinham ido a Dotã.
Quando José se aproximava de seus irmãos, estes viram uma ocasião para se livrar daquele irmão que tanto odiavam e invejavam e resolveram matá-lo (Gn.37:14-18).
– Neste episódio, vemos a realidade que seria explicitada pelo Senhor Jesus no sermão do monte, qual seja, a de que quem odeia seu irmão é um homicida (Mt.5:21,22), ensino que seria repetido anos mais tarde pelo apóstolo João (I Jo.3:15).
O ódio está por detrás de todo derramamento de sangue e muitos não derramam o sangue por falta de oportunidade tão somente. Foi o que ocorreu com os irmãos de José. Eles já o odiavam há muito e, agora, longe dos olhos de seu pai, tiveram a oportunidade para transformar seu ódio em derramamento de sangue.
– O ódio que tinham pelo seu irmão era tão grande que o chamaram de “sonhador mor” (Gn.37:19), a mostrar, claramente, que os sonhos contados por José haviam sido a “gota d’água” do ódio já acalentado pelos irmãos diante da predileção de Jacó pelo primogênito de Raquel.
– José foi, então, aprisionado por seus irmãos, que queriam matá-lo, jogá-lo numa cova e, depois, diriam que uma besta-fera o havia comido e, assim, queriam invalidar os sonhos tidos pelo irmão (Gn.37:20). Vemos aqui como aqueles homens estavam movidos pelo inimigo de nossas almas que procurava, de toda maneira, impedir que a nação de Israel se formasse.
– Por primeiro, estavam todos animados com uma intenção homicida e o diabo é homicida desde o princípio (Jo.8:44). Por segundo, já haviam arquitetado a mentira que contariam, dizendo que uma besta-fera o comera e não podemos nos esquecer que o diabo é o pai da mentira (Jo.8:44).
Por fim, queriam eles desfazer dos sonhos de José, sonhos proféticos, a mostrar, deste modo, toda uma rebeldia contra o que seria a suposta vontade de Deus, uma manifestação de soberba e de rebelião contra o Senhor, mais uma característica típica do diabo (Is.14:13,14; Ez.28:6).
– No entanto, Rúben, o primogênito de Jacó (ainda que só biologicamente a esta altura dos acontecimentos), tomou a frente de seus irmãos, impedindo que fosse derramado o sangue de José e consentindo apenas que fosse ele lançado na cova, mandando, inclusive, que deveria ele tornar a seu pai. Isto foi feito, mas, como prova da inveja e ódio que tinham seus irmãos, tiraram dele a túnica de várias cores que recebera de presente de seu pai (Gn.37:21-24).
– Enquanto José estava na cova, seus irmãos foram comer, demonstrando toda a sua insensibilidade e falta de amor. Enquanto comiam, viram a aproximação de uma companhia de ismaelitas, comerciantes ambulantes que faziam o comércio entre o Egito e as demais nações do Oriente Médio.
Judá, então, teve a ideia de vender José para estes mercadores, tirando assim proveito de o ter lançado na cova, evitando, deste modo, que, segundo o conselho de Rúben, se deixasse que retornasse a Jacó, onde, certamente, contaria tudo o que havia se passado com ele.
– Judá convenceu a todos os irmãos e assim se fez, sendo José vendido por vinte moedas de prata e levado para o Egito pelos ismaelitas. Rúben estava ausente neste momento e, quando retornou, ao ver a cova vazia, rasgou seus vestidos, pensando que ele havia sido morto, mas seus irmãos lhe contaram o que acontecera e forjaram uma mentira, tomando a túnica de José, tingindo-a com sangue de um cabrito e a levando até Jacó, enganando seu pai, dizendo que uma besta-fera havia comido o seu filho predileto (Gn.37:29-34).
– Jacó era mais uma vez enganado na sua vida, agora pelos seus próprios filhos, passando a crer que seu filho predileto José havia morrido. Verdade é que Jacó não compreendia este fato, máxime ante os sonhos tidos e contados por José.
Mas por que Jacó era assim enganado uma vez mais, mesmo depois de ter entrado no centro da vontade de Deus? Basicamente por dois motivos: primeiro, porque, mesmo após sua transformação, havia mentido para seu irmão Esaú (Gn.33:12-17) e tinha de se submeter à lei da ceifa, máxime sendo, agora, um fiel servo do Senhor (Cf. Mt.5:23-26); segundo, porque tinha uma visão equivocada a respeito do prosseguimento do plano divino para a formação da nação de onde viria o Redentor e a “saída de cena” de José propiciaria ter ele o correto entendimento sobre isto, inclusive de que a primogenitura passaria a Judá e não a José.
– Já neste início de vida de José, vemos como este filho de Jacó se apresenta como um tipo de Cristo Jesus. Assim como José, o Senhor Jesus foi alvo do ódio e da inveja de Seus irmãos, não apenas dos Seus irmãos carnais (Cf. Jo.7:3-4), mas dos israelitas como um todo, que eram seus irmãos, já que eram todos descendentes de Jacó (Cf. Jo.1:11; 8:39-59).
Assim como José, o ódio foi tanto que os judeus, por inveja, resolveram matar o Senhor Jesus (Cf. Mt.12:14; 26:4; 27:1,18; Mc.15:10; Jo.11:53); assim como José, o Senhor Jesus também foi vendido, só que por trinta moedas de prata e não apenas vinte moedas como o primogênito de Raquel (Mt. 26:15; 27:3).
II – JOSÉ NO EGITO
– Os ismaelitas foram para o Egito e levaram José consigo, após tê-lo adquirido por vinte moedas de prata e, no Egito, o puseram à venda e José foi comprado por Potifar, capitão da guarda de Faraó (Gn.38:36; 39:1).
O texto diz que Potifar era “eunuco”, palavra que poderia tanto significar um alto funcionário quanto a própria circunstância de ser uma pessoa castrada (normalmente, os altos funcionários dos reis eram castrados para evitar que tivessem relacionamento íntimo com as mulheres e concubinas do rei).
– Antes de prosseguirmos na análise da vida de José, é interessante notar que, no livro de Gênesis, há uma interrupção em a narrativa da biografia deste filho de Jacó para se tratar da história de Judá e Tamar, no capítulo 38.
Tal interrupção não deve ser considerada como um erro de algum copista ou uma incongruência do próprio autor, mas, consoante já dissemos supra, a primogenitura havia passado a Judá, ante os descalabros cometidos por Rúben, Simeão e Levi e o texto, então, foca em Judá, para mostrar que, apesar dos erros cometidos (e foi Judá quem instigou os seus irmãos a vender José), Judá teve a capacidade de reconhecer seu erro (e isto será mostrado mais adiante em relação ao próprio José) e, por ter se arrependido, Judá, ao contrário de seus outros irmãos, não perdeu esta primogenitura e será, por isso mesmo, de sua linhagem que virá o Salvador, o Messias.
– Mas, retornando à vida de José, vemos que, apesar de abandonado por seus irmãos e vendido como escravo numa terra estranha, o texto bíblico é claro ao afirmar que o Senhor estava com ele (Gn.39:2).
– Apesar de toda aquela situação tão adversa e inexplicável, José não deixou de ter comunhão com Deus e, mesmo sendo um escravo, mesmo tendo sido traído por seus irmãos, José se manteve fiel a Deus e o Senhor era com ele, de tal modo que prosperou na casa de Potifar e tudo quanto José fazia o Senhor prosperava na sua mão (Gn.39:2).
Lembramos aqui do que diz o salmista no Sl.1, dizendo que aquele que medita de dia e de noite na Palavra do Senhor e tem prazer na Sua lei será bem-aventurado e tudo quanto fizer prosperará (Sl.1:1-3).
– Muitos triunfalistas irresponsáveis têm tomado a história de José para apregoar as mentiras da confissão positiva, fazendo questão de usar a vida de José como uma prova de que “os sonhos se tornarão realidade”, que não podemos “abrir mão dos nossos sonhos”, que “Deus há de cumprir nos nossos sonhos”.
No entanto, deixam de dizer ao povo o que realmente a Bíblia diz: José teve, sim, sonhos proféticos, mas viveu agruras imensas, mas, seja como filho predileto na casa de seu pai, seja como escravo na casa de Potifar, ele se mantinha o mesmo, fiel ao Senhor e observador da Sua lei. Havia comunhão entre o Senhor e José, independentemente das circunstâncias vividas por José sobre a face da Terra.
– Deus fez José prosperar na casa de Potifar, pois o objetivo divino não era que José permanecesse naquela casa, mas, sim, que viesse a governar o Egito para, por seu intermédio, levar o clã de Jacó para se tornar a grande nação que prometera a Abraão.
Mas, se esta era a vontade de Deus, algo que José ainda não sabia, o fato é que, por ser fiel a Deus, José passou a fazer o que lhe era mandado na casa de Potifar. Deus fez prosperar José, mas José também sempre fez o que lhe era mandado. Deus prosperava o que José fazia.
Temos feito algo para que o Senhor possa prosperar? Não nos esqueçamos do que diz o pregador: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma” (Ec.9:10).
– O resultado do trabalho fiel e dedicado de José, com as bênçãos do Senhor, foi que Potifar percebeu o valor daquele jovem, que contava com apenas 17 anos quando foi para o Egito, e o acabou constituindo como seu mordomo, ou seja, como o principal servo, entregando na sua mão tudo quanto tinha (Gn.39:4).
– José era formoso de parecer e formoso à vista e seu progresso logo aguçou a mulher de Potifar, que passou a desejá-lo, iniciando um assédio ao mordomo de seu marido. José, no entanto, fiel ao Senhor, não aceitou as ofertas trazidas por aquela mulher.
Não era fácil para um jovem, cheio de virilidade, resistir a este assédio, até porque tudo indica que aquela mulher, pela própria posição social que ocupava e por se tratar de uma egípcia, com acesso a todas as formas de embelezamento existentes naquela época, deveria ser extremamente atraente.
– José, porém, tinha um firme propósito de servir a Deus, de Lhe ser fiel, como também a seu senhor. A mulher de Potifar, que a tradição judaica diz que se chamava Zuleica, então urdiu um plano para ficar a sós com José.
Estando só com José, quis força-lo a manter relações sexuais com ela, mas José fugiu dela, não aceitando trair o seu senhor e mantendo a sua castidade.
A mulher de Potifar ficou apenas com o vestido de José e, diante do malogro de seu plano, acabou por mentir, dizendo a Potifar que José a havia tentado abusar, mostrando o vestido de José como prova (Gn.39:7-18).
– José traz-nos uma importante lição neste episódio, máxime para os jovens. Devemos manter a castidade, ou seja, a pureza sexual, jamais praticando o sexo antes ou fora do casamento.
José tinha tudo, humanamente falando, para ceder aos encantos da mulher de Potifar, mas preferiu ser fiel ao Senhor. José fugiu da tentação sexual, pois de tal pecado, que é contra o próprio corpo, devemos fugir. Por isso, aliás, o apóstolo Paulo nos manda fugir da prostituição (I Co.6:18).
– Nos dias difíceis em que estamos a viver, quando aumenta consideravelmente a imoralidade sexual, devem os jovens cristãos fugir disto, evitando, assim, ambientes e situações que favoreçam a sensualidade e levem à queda por descontrole da libido, dos instintos sexuais, já que há um verdadeiro bombardeio satânico para estimular e incentivar tais práticas.
José ensina-nos que só fugindo de tais situações poderemos nos manter puros para que vivamos a vida sexual nos limites e parâmetros determinados pelo Senhor à humanidade.
– Ao saber da história, Potifar poderia ter simplesmente mandado matar José. Ele se encheu de ira (Gn.39:19), mas o capitão da guarda de Faraó devia bem conhecer a mulher que tinha e, por isso, em vez de mandar matar José, preferiu entregá-lo na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam presos (Gn.39:20).
– Ficamos a imaginar como estava a mente de José nesta situação. Depois de vendido por seus irmãos como escravo, agora tinha novo infortúnio. Acusado falsamente pela mulher de seu senhor, agora se via no cárcere, preso por um crime que não havia cometido.
Como deixar de fazer o cotejo entre os sonhos que tivera e sua miserável situação? Entretanto, mesmo no cárcere, mesmo injustiçado, o texto bíblico diz que o Senhor estava com José e estendeu a Sua benignidade, a ponto de, a exemplo do que havia ocorrido na casa de Potifar, ter achado graça aos olhos do carcereiro-mor.
José tornava-se, assim, um mordomo do carcereiro-mor, passando José a fazer tudo o que se fazia ali na casa do cárcere, tendo, nas suas mãos, todos os presos do rei. Mais uma vez o Senhor prosperava o que José estava a fazer (Gn.39:21-23).
– Os anos se passaram e José já contava com vinte e oito anos de idade, onze anos no Egito. Um dia, estava a fazer o seu serviço, quando dois altos oficiais de Faraó que ali estavam aprisionados, o padeiro-mor e o copeiro-mor de Faraó, tiveram um sonho, que os deixou perturbados.
José notou que estavam atribulados e lhes perguntou o porquê daquela perturbação. Nesta pergunta de José, vemos como o jovem era uma pessoa que se compadecia dos outros, tendo aqui mais um traço que põe José como figura de Cristo Jesus.
– Os dois prisioneiros, então, contaram o sonho para José. O copeiro-mor foi o primeiro que contou o sonho, dizendo que sonhara com três sarmentos numa vide, que brotavam, davam flores e frutos e os cachos madureciam e que o copo de Faraó estava n sua mão e tomava as uvas e as espremia no copo de Faraó e dava aquele copo a Faraó.
José, então, interpretou o sonho dizendo que, dentro de três dias, o copeiro-mor seria restaurado à sua função (Gn.40:9-13).
– Animado com a interpretação do sonho do copeiro-mor, o padeiro-mor também contou o seu sonho, que eram três cestos brancos que estavam sobre a sua cabeça, sendo que no cesto mais alto havia os manjares de Faraó e as aves do céu comiam do cesto sobre a sua cabeça.
José, então, interpretou o sonho dizendo que, dentro de três dias, o padeiro-mor seria morto por ordem de Faraó e as aves do céu comeriam da sua carne (Gn.40:17-19).
– Assim como José havia interpretado, aconteceu, pois, três dias depois, dia do aniversário de Faraó, o copeiro-mor foi restituído ao seu posto e o padeiro-mor, executado.
– José havia pedido ao copeiro-mor que, uma vez restituído na sua função, intercedesse por José, para o retirar da prisão, já que estava ali injustamente (Gn.40:14,15), mas o copeiro-mor se esqueceu de José (Gn.40:23).
– Dois anos se passaram e parecia que José não teria como sair daquela prisão. No entanto, no tempo de Deus, Faraó teve um sonho que muito o perturbou, Faraó vira sete vacas que subiam do rio Nilo, formosas à vista e gordas de carne, que pastavam no prado e, depois, surgiam outras sete vacas, feias à vista e magras de carne que vinham e engoliam as sete primeiras vacas, mantendo-se feias e magras.
Faraó, então, teve outro sonho, em que via sete espigas cheias e boas, mas, depois, delas brotavam sete espigas miúdas, que devoravam as espigas grandes e cheias (Gn.41:1-6).
– Faraó, perturbado com estes sonhos, chamou todos os sábios de sua corte para que houvesse a interpretação, mas ninguém pôde fazê-lo. Em meio àquela perplexidade no palácio de Faraó, o copeiro-mor lembrou-se de José e falou a respeito dele para Faraó, que mandou que José fosse chamado até a sua presença.
José foi, então, à presença de Faraó e interpretou o sonho dizendo que os dois sonhos eram um só e que havia sido repetido porque aquilo era algo que vinha de Deus, era um sonho profético.
O Senhor estava a dizer a Faraó que haveria sete anos de fartura sem igual no Egito, mas, depois dos sete anos, sobreviria uma grande fome também por sete anos, que aniquilaria toda a fartura anterior e que, por isso, deveria Faraó se cercar de alguém que, durante os sete anos de fartura, auferisse provisões para que o povo pudesse suportar os sete anos de fome (Gn.41:7-37).
– Diante de tal interpretação precisa, acompanhada de solução para o problema, Faraó não teve dúvidas de que a pessoa mais preparada para lidar com aquela situação era o próprio José e, em razão disto, o constituiu como governador do Egito, como a segunda autoridade no reino, inferior somente a Faraó.
Retirou seu anel do seu dedo e o pôs na mão de José, fê-lo vestir de vestidos de linho e pôs um colar de ouro no seu pescoço, determinando que todos se prostrassem diante de José, tendo, ademais, dado a José o nome de Zafenate-Paneia, cuja tradução é o “salvador do mundo” (Gn.41:38-45).
– Depois de treze anos de agruras e sofrimentos, José era guindado da casa do cárcere à condição de governador do Egito. Era tão somente
e apenas o começo do cumprimento dos sonhos proféticos que José tivera.
– Neste episódio, também, vemos aqui mais uma demonstração de que José é tipo de Jesus Cristo.
Assim como José foi guindado da casa do cárcere para ficar junto ao trono de Faraó, o Senhor Jesus da mansão dos mortos foi guindado até o trono do Pai nos céus (Cf. At.3:18,20,21); assim como José recebeu toda a autoridade da parte de Faraó, o Senhor Jesus também recebeu todo o poder nos céus e na terra (Cf.Mt.28:18); José recebeu o nome de Zafenate-Paneia, ou seja, “o salvador do mundo”, prefigurando Aquele que seria o Salvador da humanidade, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
III – JOSÉ, O GOVERNADOR DO EGITO
– Faraó deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om para esposa a José que, assim, pôde constituir família, tendo tido a dois filhos: o primogênito, Manassés, nome cujo significado é “que faz esquecer”, porquanto Deus o havia feito esquecer de todo o seu sofrimento e da casa do seu pai; o segundo, Efraim, cujo significado é “duplamente frutífero”, porque Deus o fizera crescer na terra da sua aflição (Gn.41:50-52).
– Nestes nomes dados por José a seus filhos, notamos que o governador do Egito ainda não compreendera o que estava a se passar.
Ao ter Manassés, demonstra que havia entendido que o tempo do sofrimento havia passado, mas que deveria se esquecer da casa do seu pai. Havia, também, esquecido dos sonhos proféticos que tivera, achava que nada mais tinha que realizar em prol da realização das promessas de Abraão a seu pai Jacó.
Quando teve Efraim, veio-lhe, ainda, com maior intensidade este sentimento, porquanto tinha entendido que a bênção divina estava tão somente relacionada a sua estada no Egito, que seria a terra da sua bênção. Como José estava equivocado…
– Assim como José havia dito, o Egito teve sete anos de fartura e, durante este tempo, José se encarregou de armazenar o mantimento para os sete anos de fome que haveriam de vir.
No entanto, findos os sete anos, sobreveio a fome, conforme a interpretação do sonho dado a José e, então, forma abertos os armazéns e José começou a vender mantimento para os egípcios e não só para os egípcios, mas também dos povos em volta, pois a fome prevalecia em todas as terras.
– Esta fome também atingiu Canaã e Jacó, então, mandou que seus filhos fossem ao Egito, pois havia notícia de que ali havia comida para ser adquirida. José era encarregado da venda dos mantimentos e, ao ver seus irmãos, reconheceu-os e, como todos os que vinham ao seu encontro, também eles se inclinaram ante ele com a face na terra. José via, assim, o cumprimento do sonho profético que tivera muitos anos antes.
– José reconheceu seus irmãos, mas eles não o reconheceram (Gn.42:8). Temos aqui mais uma demonstração de José como figura de Cristo Jesus. Quando o Senhor Jesus veio para os judeus, estes também não O reconheceram como o Messias (Cf. Jo.1:11).
– José os tratou asperamente, mostrando-se estranho para com eles e lhes perguntou de onde vinham, tendo eles dito que tinham vindo de Canaã, o que confirmou a José que se tratava de seus irmãos. José fê-los contar toda a sua história e, então, disse deles desconfiar, considerando-os espiões e determinou que não saíssem do Egito enquanto o seu irmão mais novo não fosse levado até o Egito.
José prendeu seus irmãos e, três dias depois, mudou de parecer, dizendo para que um só ficasse preso e o restante levasse mantimento para a casa do seu pai.
– José agia sob direção de Deus e esta aspereza nada mais era que a retribuição pelo que seus irmãos haviam feito com ele. Entendamos bem isto: não se tratava, em absoluto, de uma vingança de José, mas, sim, de circunstâncias criadas por Deus para que os irmãos de José reavaliassem o que haviam feito e dissipassem o ódio que haviam tido para com José.
– Tanto assim é que, ante a ordem de José para que um dos irmãos ficasse preso, de imediato veio à consciência de seus irmãos o que haviam feito com José.
Reconheceram a culpa no episódio, lembrando de quando haviam sido insensíveis ao clamor de José. Rúben, inclusive, fez questão de afirmar que, naquele instante, o sangue de José era requerido.
José tudo ouviu e saiu dali para chorar, numa prova de que não estava a se vingar de seus irmãos, mas via a mão de Deus atuando naquelas circunstâncias.
Escolheu, pois, Simeão para ficar preso no Egito e os mandou de volta para Canaã, não antes de determinar que, quando voltassem, deveriam trazer o seu irmão mais novo e mandar devolver o dinheiro que eles haviam levado para adquirir a comida, algo que foi feito sorrateiramente, com a colocação do numerário nos sacos de mantimento.
José tomava, assim, o preço do mantimento de sua família, em mais um gesto que o faz ser tipo de Cristo Jesus, que também tomou o preço dos nossos pecados sobre Si (Gn.42:25-34).
– Ao chegar a Canaã, os irmãos de José tudo relataram a Jacó, que se sentiu desfilhado, já que, depois de ter perdido José, agora via Simeão mantido preso no Egito e, mais, com a obrigação de, ao tornar ao Egito, deverem os seus filhos levar Benjamim, o outro filho de Raquel (Gn.42:36).
Jacó também não estava entendendo o que lhe acontecia, diante da promessa divina dada a Abraão e a ele próprio. Diante disto, Jacó resolveu não permitir a ida de Benjamim para o Egito (Gn.42:38).
– O que aconteceu com Jacó também acontece conosco. Há circunstâncias em nossa vida tão adversas, tão terríveis que, se olharmos para elas, certamente desfaleceremos em nossa fé.
Ao fazermos um cotejo entre as promessas de Deus e a o que estamos a passar, não vemos como vislumbrarmos o cumprimento daquilo que foi dito pelo Senhor.
No entanto, devemos andar por fé e não por vista (Cf. II Co.5:7) e, nestes instantes, temos de pedir ao Senhor que acrescente a nossa fé, não se deixando abalar, pedindo a Deus que sejamos como os montes de Sião (Sl.125:1).
– A fome era gravíssima na terra e a situação da família de Jacó se tornou insustentável. Jacó mandou que seus filhos fossem ao Egito comprar mantimento, mas Judá lembrou seu pai que não poderiam ir até lá sem que levassem Benjamim. Judá, então, pôs-se como fiador de Benjamim, repetindo, assim, o que já dissera Rúben anteriormente.
Ante a situação premente, Jacó aquiesceu e mandou que Benjamim fosse com os seus irmãos, como também fossem levados presentes ao governador do Egito bem assim o dinheiro que havia sido devolvido (Gn.43:1-14).
– Ao ver novamente seus irmãos, que estavam acompanhados de Benjamim (e, assim, José teve certeza de que seus irmãos nenhum mal haviam feito a Benjamim, que, por ser também filho de Raquel, poderia ter sido tratado com predileção por Jacó, que, no entanto, não repetira o erro anteriormente cometido com José), mandou que se preparasse um jantar, mandando que seus irmãos fossem conduzidos à sua casa.
Tal gesto fez com que seus irmãos ficassem temerosos, achando que seriam punidos pelo governador por causa do dinheiro do mantimento anteriormente adquirido.
Por isso mesmo, assim que se apresentaram a José, contaram-lhe a respeito do dinheiro, querendo, com isto, evitar qualquer punição. Os irmãos de José estavam mudados, agora mudavam de comportamento, mostrando-se honestos e verdadeiros.
– José tranquilizou-os, dizendo que não estava preocupado com qualquer dinheiro, levou-os para comer com ele e perguntou a respeito de seu pai, bem como contemplou a Benjamim. Levantou-se, então, e saiu a chorar, tendo, depois de se recompor, voltado e participado da refeição com eles.
– José, a esta altura, já tinha entendido o plano de Deus para a sua vida e da sua família. Sabia que deveria sustentar a sua família e dar os meios para que a bênção de Abraão se realizasse (Cf. Gn.45:5-8; 50:20,21) e, assim, arquitetou um plano para que seus irmãos pudessem com ele ficar no Egito, garantindo, deste modo, a sobrevivência do seu clã, que haveria de se tornar a grande nação como Deus havia prometido a Abraão, seu bisavô.
– José, então, mandou que se devolvesse novamente o dinheiro aos seus irmãos, pondo-os nos sacos de mantimento, mas que pusesse um copo de prata seu no saco de Benjamim.
Quando eles foram embora, José mandou que fossem eles perseguidos e que se denunciasse o furto do referido copo e que se buscasse o referido copo e o copo foi achado no saco de Benjamim.
– Quando o copo foi achado, todos os irmãos de José rasgaram os seus vestidos e foram todos até à casa de José e lá chegando, prostraram-se diante de José (Gn.44:14), confirmando-se, assim, o segundo sonho profético de José. Judá, então, confessou a José todo o pecado cometido quando da prisão e venda do próprio José, bem como a promessa que fizera a seu pai Jacó, pondo-se à disposição para ocupar o lugar de Benjamim (Gn.44).
– Vemos aqui, aliás, como Judá havia se arrependido de tudo quanto fizera de errado e, por isso, a primogenitura não lhe foi tirada, precisamente porque, apesar de ter pecado, arrependeu-se.
Será por esta causa que, na sua bênção final, Jacó confirmará que o cetro não se arredaria de Judá nem o legislador dentre seus pés até que viesse Siló e a ele se congregassem todos os povos (Gn.49:10), predizendo, assim, que o Salvador do mundo viria da tribo de Judá.
– Ante tal confissão e gesto de Judá, José não mais suporta e se dá a conhecer a seus irmãos e lhes explica o plano de Deus para as suas vidas, dizendo que ainda haveria mais cinco anos de fome e que todos deveriam vir para o Egito, habitando na terra de Gósen, para serem conservados em vida e, desta maneira, continuassem a se formar como nação segundo o projeto divino iniciado com Abraão (Gn.45:1-14).
– Mais uma tipologia de Cristo Jesus na vida de José. Assim como José se fez reconhecer a seus irmãos somente depois que Judá confessou seus pecados, Jesus somente Se fará conhecido do povo judeu quando ele, acossado pelo Anticristo, clamar pelo Senhor e reconhecer que Jesus é o Messias, na iminência da batalha do Armagedom (Cf. Zc.12).
– Faraó, ao saber da existência dos irmãos de José, aquiesceu com o plano de José e autorizou a vinda de sua família para o Egito. Os irmãos de José voltaram para Canaã e tudo contaram para Jacó, que, assim, passou a entender tudo, teve seu espírito revivido e ansiou por ver novamente o seu filho predileto (Gn.45:26-28).
– Ao saber desta notícia, Jacó mostrou que era realmente um homem de Deus, totalmente transformado. Foi até Berseba e lá ofereceu sacrifícios a Deus e o Senhor, então, em visões de noite, disse a Jacó para que descesse ao Egito, porque ali ele faria do clã de Israel uma grande nação (Gn.46:1-4).
Só depois de Deus autorizar sua ida ao Egito é que Israel resolveu mudar-se para lá, apesar de toda a vontade que tinha de rever a José. Que grande lição nos dá Israel: devemos agir não segundo nossa vontade, mas sempre de acordo com a vontade de Deus!
– José encontrou-se com seu pai e este encontro deve ter sido maravilhoso, um encontro depois de vinte e dois anos, em que tanto Jacó achava ter perdido seu filho José para sempre, como José achava ter perdido o convívio de sua família para sempre.
Entretanto, ambos entenderam o plano de Deus e podiam ver um ao outro, tendo a oportunidade de se fortificar na fé e compreender que o propósito do Senhor se mantinha firme e que Deus estava a cumprir à risca o que havia prometido a Abraão.
– Este episódio faz-nos pensar como deve ter sido o encontro do Senhor Jesus com o Pai, quando vitorioso, entrou novamente diante do trono da graça de forma solene como nos mostra o Sl.24:7,8.
Vemos mais uma tipologia de Jesus Cristo em José, pois, assim como José se encontrou sozinho com seu pai Jacó, Jesus, também, pela vez primeira, apresentou-Se solitário diante do Pai, mas, como mostra o próprio salmista, voltará para nos levar com Ele para nos apresentar ao Pai após ter vindo buscar a Sua Igreja (Sl.24:9,10; Hb.2:13).
– Jacó é levado à presença de Faraó e, instruído por José, diz que era pastor de ovelhas e, por causa disso, como tal atividade era abominável aos egípcios, foi determinado que morasse na terra de Gósen, que era propícia para a criação de ovelhas, tudo conforme o plano arquitetado pelo próprio José.
Deus dava ao clã de Israel a melhor terra para a criação de ovelhas, o ambiente propício para a grande multiplicação que se seguiria e que tornaria setenta pessoas numa nação de seiscentos mil homens prontos para a guerra, fora as mulheres e crianças, num espaço de apenas 215 anos.
– Jacó viveu ainda dezessete anos na terra do Egito (Gn.47:28). Já velho e cansado, adoeceu e, pressentindo a morte, chamou José e pediu para abençoar os filhos de José, que tomou como seus próprios filhos, tendo abençoado Efraim como se fosse o primogênito de José, profetizando que Efraim seria maior que Manassés.
Também abençoou seus filhos, também sendo usado pelo Espírito Santo para descrever o futuro de cada uma das tribos de Israel, vindo a falecer, tendo sido sepultado na sepultura da família na terra de Canaã.
– Depois de sua morte, os irmãos de José, temerosos de que o governador do Egito aproveitasse a morte do seu pai para se vingar deles, mentiram para José, dizendo que, antes de morrer, Jacó havia determinado que José não lhes fizesse mal, mas José lhes mostrou que tinha plena consciência de que não lhes poderia fazer mal, que ele havia sido o “salvador” do seu clã, o instrumento para que o povo se multiplicasse no Egito e se tornasse uma grande nação.
– José mostra-se perdoador, sem qualquer rancor ou ressentimento, como também tinha, na sua comunhão com Deus, bem entendido o plano divino para Israel.
Por isso mesmo, disse aos seus irmãos que eles seriam conservados em vida e multiplicados no Egito, mas que seu destino não era o Egito e, sim, a terra de Canaã, que havia sido prometida a Abraão pelo Senhor.
– Tamanha era a confiança de José a este respeito que fez seus irmãos jurarem que não deixariam o seu corpo no Egito, mas que, quando de lá saíssem para Canaã, deveriam levar os seus restos mortais, para que eles fossem sepultados na terra que Deus prometera dar a Abraão.
Seus irmãos assim juraram e, com efeito, tendo José morrido na idade de cento e dez anos (Gn.50:26), seu corpo não foi sepultado, como ocorria com os governadores do Egito, mas foi mantido num caixão, caixão que seria levado por Moisés, cerca de 144 anos depois, para Canaã (Ex.13:19), restos mortais que, finalmente, seriam sepultados, muito provavelmente por Josué, ele próprio um descendente de José, cerca de 185 anos depois da morte do próprio José (Js.24:32).
Quase dois séculos depois, José viu realizada a sua última profecia, porque, a exemplo de seus pais, morreu na fé, sem ter recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo-as, e abraçando-as, confessou que era estrangeiro e peregrino na terra (Hb.11:13).
– Também nesta afirmação de José, vemos mais uma demonstração da tipologia de Jesus Cristo. Assim como José não ficou na terra do Egito, Jesus também não ficou neste mundo; assim como José pediu para ser sepultado em Canaã, a terra prometida por Deus, Jesus foi levado aos céus, à Canaã celestial; assim como José acompanhou o povo de Israel na sua ida a Canaã, Jesus também nos acompanha em nossa ida aos céus, jamais nos deixando (Cf. Mt.28:20).
– Assim termina o livro de Gênesis, com a morte de José, mas não somente a sua morte, mas a fé e a esperança do governador do Egito de que a promessa feita por Abraão se cumpriria e que estava a nascer a nação da qual viria Aquele que tornaria todas as famílias da terra benditas.
Gênesis termina com a certeza de que Deus haveria de redimir a humanidade e que o plano original de Deus, aparentemente transtornado com a entrada do pecado no mundo, haveria de prevalecer.
Feliz 2016!
Caramuru Afonso Francisco
Site: http://www.portalebd.org.br/index.php/adultos/14-adultos-liccoes/710-licao-13-jose-a-realidade-de-um-sonho-i
Um comentário
Adauto
Deus continue abençoando o evangelista Caramuru.