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LIÇÃO Nº 13 – SEJA UM MORDOMO FIEL

A fidelidade é essencial para o bom exercício da mordomia.

INTRODUÇÃO

– Ao término do estudo da doutrina da mordomia cristã, falaremos sobre a fidelidade como elemento essencial ao seu exercício.  

– O mordomo só bem exerce sua função se for fiel.  

I – O HOMEM, MORDOMO DE DEUS NA FACE DA TERRA  

– Ao término do estudo da doutrina da mordomia cristã, falaremos sobre a fidelidade como elemento essencial ao seu exercício.  

– “Mordomo”, como já vimos, é a palavra latina “majordomu” significa “o maior na casa”, ou seja, o servo principal, aquele que tem a administração de tudo na casa, aquele que deve responder perante o senhor.   

– Ora, tal é a precisa posição do homem na ordem estabelecida por Deus quando da criação, pois o homem foi criado para ser o dominador sobre a criação terrena, o administrador, o principal servo de Deus na face da Terra (Gn.1:26).  

– Esta consciência de que esta é a posição do homem na ordem estabelecida por Deus que é o fundamento da doutrina da mordomia cristã, que foi o tema estudado neste trimestre.  

– A relação entre Deus e o homem é, portanto, uma relação entre o senhor e seu principal servo, uma relação assimétrica, ou seja, que não é de igual para igual, mas de um superior em relação a um inferior.

Este ponto, aliás, explica porque equivocados estão aqueles que geram uma “igualdade” em tal relacionamento e que, confundindo este relacionamento com um “contrato”, acham que Deus “é obrigado” a isto ou a aquilo ou que exista uma “aliança” entre Deus e o homem que permita ao ser humano “exigir” coisas de Deus.  

– Bem ao contrário, as Escrituras revelam claramente que o homem está sob a soberania divina, que Deus é o Senhor e nós, Seus servos, embora tenhamos, à evidência, uma posição singular na ordem estabelecida pelo Criador, tornando-nos o Seu principal servo debaixo do sol, na face da Terra.  

– Entretanto, este relacionamento não é uma simples e automática imposição do poder divino. O homem não é oprimido por Deus, não é obrigado a fazer-Lhe a vontade. O Senhor nunca impõe o seu senhorio, embora jamais o perca, mas propõe ao homem que Lhe obedeça, que atenda à Sua vontade.  

– Isto se dá porque Deus criou o homem com o livre-arbítrio e, portanto, tem o homem a liberdade de escolher entre obedecer ou não obedecer ao Senhor, em servir-Lhe, ou não.

Ao pôr o homem no jardim do Éden para lavrá-lo e guarda-lo, o Senhor deixou claro que o homem poderia comer livremente de todas as árvores do jardim, mas que, da árvore da ciência do bem e do mal não poderia fazê-lo, pois, no dia em que o fizesse, certamente morreria (Gn.2:16).  

– Percebamos que tal esclarecimento divino não era uma simples recomendação ou orientação, mas, sim, uma ordem, pois a palavra utilizada aqui é “ordenou”, a palavra hebraica “sawah” (ׇצׇוה), cujo significado é “…encarregar;—mandar, (dizer), nomear, proibir, ordenar, dar (ordem, mandamento, mandado), enviar (com mandado), governador, pôr em ordem. Verbo que significa dispor, orientar, indicar, ordenar, incumbir, receber ordem.

A palavra significa ordenar ou comandar, orientar alguém, ela indica ordens a pessoas em situações variadas…” (Dicionário do Antigo Testamento. Bíblia de Estudo Palavras-Chave, verbete 6680, p.1884).  

– Não se tratava, portanto, de um “acordo entre iguais”, mas de uma manifestação da soberania divina que, entretanto, abria espaço ao homem para que atendesse ou não e, sabemos todos que, em um determinado momento,

lamentavelmente o primeiro casal resolveu desobedecer à ordem divina e as consequências vieram, sem que, e isto deve ser bem observado, ninguém pudesse impedi-las, consequências, inclusive, que atingiram o tentador, que havia se intrometido no relacionamento entre Deus e o homem.  

– Nesta determinação divina se encontrava já um aspecto que norteia o relacionamento entre Deus e o homem, algo que é essencial à mordomia e ao seu exercício, qual seja, a fidelidade. Deus não impõe, mas propõe uma conduta ao homem, esperando que, em função de uma mútua confiança, cada qual cumpra a sua parte no estabelecido.   

– Deus cumpria a sua parte, qual seja, a de manter a criação e as condições excelentes por Ele criadas para que o homem habitasse o Éden, enquanto o homem deveria cumprir as tarefas a ele cometidas de administração, guardando e lavrando o jardim e obedecendo ao Senhor.

– É sempre isto que Deus exige do ser humano: que o homem cumpra as tarefas a ele cometidas pelo Senhor, que envolvem a administração da criação terrena (chamada por alguns de “mandato cultural”) e a obediência ao Senhor.   

– É o que se vê, por exemplo, em Dt.10:12 e Mq.6:8, dois textos em que os próprios doutores da lei enxergam “sumários” ou “resumos” dos 613 mandamentos da lei, em que o Senhor expressamente diz que o que exige de Israel é a obediência.  

– Esta obediência ao Senhor nada mais, portanto, que o cumprimento das obrigações estabelecidas por Deus quando estabeleceu o relacionamento com o homem, quando o pôs na condição de mordomo e temos aqui, então, estatuída a fidelidade como a qualidade inevitável e indispensável para que o homem possa exercer a sua função de servo principal, de mordomo.

– Não é por outro motivo que, ao exaltar a figura de Moisés como um profeta singular, como um servo especial Seu, tenha o Senhor enfatizado a sua condição de ser “o Meu servo Moisés, que é fiel, em toda a Minha casa” (Nm.12:7).

Temos aqui a palavra hebraica “’aman’ (ׇאַמן), “verbo que significa ser firme, edificar, sustentar, nutrir ou estabelecer. O significado primário é o de prover estabilidade e confiança, como um bebê pode encontrar nos braços dos pais.…” (Dicionário do Antigo Testamento. Bíblia de Estudo Palavras-Chave, verbete 539, p.1528).  

– E esta fidelidade vista por Deus em Moisés, estaria presente, e em toda a sua sublimidade, em Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, “o profeta como Moisés” (Dt.18:15), como nos mostra o escritor aos hebreus, que faz questão de mostrar que Cristo Jesus foi fiel ao que o constituiu como Moisés (Hb.3:1,2).  

– A principal característica do mordomo é a sua fidelidade, ou seja, o fato de manter-se rigorosamente dentro dos parâmetros e das ordens estabelecidas pelo Senhor, de não infringir as Suas determinações, tendo firmeza e constância.

– Vemos, também, esta característica em José, que era mordomo de Potifar e que, ao ser assediado pela sua senhora, foi categórico ao dizer: “Eis que o meu senhor não sabe de que há em casa comigo e entregou em minha mão tudo quanto tem.

Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus?” (Gn.39:8,9).  

– José tinha a plena noção dos limites que lhe tinham sido traçados por seu senhor e não ousou ultrapassálos, sendo, portanto, fiel, cumprindo rigorosamente o que lhe foi determinado.  

– O Senhor Jesus também mostra que esta é uma qualidade indispensável, essencial para um servo, ao afirmar que o mínimo que se espera de um servo é que faça tudo quanto lhe foi mandado e, mesmo assim, se se ater apenas ao mero cumprimento das obrigações, será tido como um servo inútil (Lc.17:7-10).  

II – A FIDELIDADE, QUALIDADE INDISPENSÁVEL PARA O MORDOMO  

– Verificada que a fidelidade é qualidade essencial para o mordomo, já que não se pode ter verdadeiro exercício da mordomia sem que se tenha fidelidade, debrucemo-nos sobre tal qualidade.  

– O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa dá, entre os muitos significados de fé, o de “compromisso assumido de ser fiel à palavra dada, de cumprir exatamente o que se prometeu”.

Por sua vez, o mesmo dicionário identifica “fidelidade” como sendo “característica, atributo do que é fiel, do que demonstra zelo, respeito quase venerável por alguém ou algo; lealdade”.

Percebe-se, portanto, que a ideia de fidelidade está vinculada à ideia de compromisso, ou seja, a uma persistência num acordo, num pacto que foi firmado entre duas partes.

–  Quando somos salvos, passamos a ser participantes da natureza divina (II Pe.1:4) e, sendo assim, temos de assumir o mesmo caráter de Deus, já que, em nós, foi restaurada a imagem e semelhança de Deus, que deve ser refletida por nós aos homens (Mt.5:16; II Co.3:18).

É por isso mesmo que uma das qualidades do fruto do Espírito é a fé, que é, precisamente, a fidelidade (Gl.5:22).  

– Uma das principais características divinas é a Sua imutabilidade. Deus não muda e n’Ele não há sombra de variação (Tg.1:17). A Bíblia ressalta, ainda, que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb.13:8).

Desta maneira, o salvo não pode, também, no tocante aos valores morais e espirituais, sofrer qualquer variação. Tem de ser firme, tem de manter a sua posição, custe o que custar, aconteça o que acontecer.  

– Esta firmeza é o respeito, o zelo ao compromisso assumido, que é a fidelidade, como vimos na definição supra.

A fé enquanto fruto do Espírito traz ao homem esta atitude de firmeza, de imutabilidade, que o leva a manter as suas posições apesar das circunstâncias adversas. O homem que morará no santo monte do Senhor é aquele, diz o salmista, que “mesmo que jure com dano seu, não muda” (Sl.15:4 “in fine”).  

– A fé é, portanto, enquanto fruto do Espírito, a característica de manutenção dos compromissos assumidos diante do Senhor e de imutabilidade de suas posições frente aos desafios e obstáculos que se lançam diante do crente.

Quando observamos a galeria dos “heróis da fé” no capítulo 11 dos Hebreus, vemos que a fé existente naqueles homens fez com que tivessem eles atitudes firmes, imutáveis, que não se alteraram mesmo diante das tribulações e das dificuldades apresentadas, que, aliás, chegaram mesmo a levar, algumas vezes, os fiéis à morte.

Entretanto, a fidelidade não se abala mesmo diante da morte, tanto que o próprio Senhor, em Sua carta à igreja de Esmirna, reconhece esta circunstância, prometendo, porém, aos que forem fiéis até a morte, a coroa da vida (Ap.2:10).  

– A fé importa em tomada de posição firme ante o compromisso assumido com o Senhor quando de nossa salvação.

Ao aceitarmos a Cristo como nosso Senhor e Salvador, a exemplo do que fez Israel quando do pacto que selou com Deus no deserto, dizemos ao Senhor: “tudo o que o Senhor tem falado, faremos” (Ex.19:8 “in medio”).

O próprio Jesus afirma que só seremos Seus amigos se fizermos o que Ele manda (Jo.15:14).   

– Ora, como o Senhor é sempre o mesmo, Sua Palavra não muda, permanece para sempre (I Pe.1:25), de sorte que não temos dificuldade em saber o que devemos fazer. Por isso, Paulo dizia que não se cansava de ensinar aos crentes as mesmas coisas (At.13:42; Fp.3:1).

– Falar de imutabilidade de posição e de firmeza nos nossos dias é algo difícil de se pensar, pois o mundo defende exatamente o oposto.

Estamos na “era da flexibilização”, onde tudo pode ser modificado, alterado, onde se defende a “tolerância” e a “flexibilidade”. Entretanto, devemos lembrar que não é isto que ensina a Palavra de Deus.

É evidente que o mundo está sujeito à mudança, que o homem é, por natureza, mutável, que as relações sociais, políticas e econômicas são sujeitas a alterações e devem, mesmo, se modificar, pois o homem é imperfeito e esta sua imperfeição abre espaço para que haja uma contínua alteração.

Até mesmo no campo espiritual há espaço para mudança, pois a Bíblia diz que o homem deve atingir a perfeição espiritual, tanto que, para isto, Cristo dotou a Igreja de dons ministeriais (Ef.4:12,13).  

– Todavia, a mudança prevista nas Escrituras é uma mudança com vistas a atingirmos o alvo que é a plenitude de Cristo em nós. Devemos ser iguais a Cristo, atingir a Sua estatura, a medida de Cristo.

Portanto, o que temos de mudar é o que há em nós para sermos iguais a Cristo e não mudar os princípios e os valores que nos foram ensinados e revelados através da Palavra de Deus.

Nosso mudar é um caminhar em busca da perfeição e a perfeição está em Cristo e quem nos diz quem é Cristo e como devemos viver para sermos como Ele é a Bíblia Sagrada, as Escrituras que d’Ele testificam (Jo.5:39).   

– Por isso, não podemos permitir que o “espírito da flexibilização” venha a habitar na Igreja ou em nós mesmos. Não podemos mudar a Palavra de Deus e esta Palavra permanece para sempre.

Repudiemos, portanto, as inovações, as novidades, os modismos e modernismos que querem encontrar guarida na Igreja e na nossa vida.

Quem pretende mudar a Palavra do Senhor apenas está indicando que já foi cortado da videira verdadeira, pois uma das qualidades do fruto do Espírito é a fidelidade, que é uma atitude de imutabilidade quanto aos princípios e valores escriturísticos, que é uma atitude de firmeza, de repúdio à mudança.   

– Exemplo do que significa querer inovar no nosso relacionamento com Deus vemos no episódio da morte de Uzá, quando Davi trazia a arca para Jerusalém (II Sm.6:1-9; I Cr.13).

Diz-nos a Bíblia que a arca era levada num carro novo, uma inovação já que a lei determinava que fosse conduzida pelos sacerdotes nos ombros.

O resultado foi a morte de Uzá e a interrupção do culto que se desenrolava ao longo do caminho para Jerusalém.

Deus mostrou, assim, nitidamente que não Se agrada de inovações que vão contra o que está estabelecido em Sua Palavra.

– Esta firmeza na vida do crente faz com que ele se relacione também desta maneira com os outros.

Sendo imutável no seu relacionamento com Deus e consigo mesmo, o crente é, também, firme no seu relacionamento com os outros e aí vemos um outro aspecto da fidelidade, que é a lealdade.

Lealdade é entendida como sendo “fidelidade aos compromissos assumidos, caráter do que é inspirado por este respeito ou fidelidade”, sendo palavra que se origina de “legal + dade”, ou seja, é a observância de uma lei, de uma regra, de um acordo.  

– O crente tem de ser leal, ou seja, deve cumprir com os compromissos assumidos diante de Deus e dos outros homens.

A lealdade é um dos aspectos da fidelidade, aquele que diz respeito a nosso relacionamento com outrem. Em Dt.32:20, no cântico de Moisés, é dito que Israel seria desleal, porque se esqueceria da Rocha que o havia gerado, do Deus que o havia formado (Dt.32:18).

Esta deslealdade, como se verifica, foi o fato de Israel não ter cumprido o compromisso assumido com o Senhor em Ex.19:6, quando afirmou que faria tudo o que Senhor havia falado.

Entretanto, como bem sabemos, a geração que assumiu este compromisso, cedo se distanciou do Senhor, como vemos a partir do episódio do bezerro de ouro.

O escritor aos hebreus diz que a geração do êxodo não entrou na Terra Prometida por causa da sua incredulidade (Hb.3:19), ou seja, por causa da sua falta de fé. A deslealdade nada mais é que produto da falta de fé.

– Ser leal é cumprir os compromissos assumidos, é observar os preceitos e normas estabelecidos. O crente é leal, em primeiro lugar, ao Senhor e, em segundo lugar, ao próximo.

Na Bíblia, temos vários exemplos de servos de Deus que demonstraram a sua lealdade não só para com Deus como para com o próximo.

Daniel e seus amigos são exemplos de lealdade, pois, mesmo na corte babilônica, assentaram no seu coração não se contaminar com o manjar do rei e, já dotados de posição na corte, mantiveram esta resolução, mesmo diante das ameaças da fornalha de fogo ardente ou da cova dos leões (Dn.1:8-17).   

– Davi demonstrou sua lealdade para com Jônatas, fazendo bem a Mefibosete, mesmo depois que Jônatas havia morrido e não havia qualquer força ou circunstância que pudesse forçá-lo a cumprir a promessa feita a seu amigo, promessa, aliás, que não teve qualquer outra testemunha a não ser o próprio Deus (I Sm.20:1117; II Sm.9:1-13). Temos sido leais? Temos cumprido com os compromissos assumidos?  

– A lealdade é tão importante na vida do cristão que Jesus proibiu terminantemente que o crente faça juramentos (Mt.5:34-36), pois, a um verdadeiro filho de Deus, basta a palavra que for dita.

 

Quando juramos, reconhecemos que precisamos de algo superior a nossa palavra para confirmarmos o que estamos a prometer, reconhecemos que nossa palavra não tem força suficiente para se impor.

Todavia, o crente em Cristo Jesus não pode jurar, ou seja, o crente em Cristo tem de ter uma conduta, uma credibilidade tal que sua palavra é suficiente, bastante.

O falar do crente deve ser sim, sim, não, não. Tudo o que vem além disto, que é contrário à fidelidade, tem procedência maligna (Mt.5:37).  

– Uma das características dos homens ímpios é o fato de serem “infiéis nos contratos” (Rm.2:31), “traidores” (II Tm.3:4), “nuvens levadas pela força do vento” (II Pe.2:17) e “nuvens sem água, levadas pelo vento de uma a outra parte”(Jd.12), ou seja, pessoas que não cumprem com os compromissos assumidos, que faltam à confiança neles depositada.

Assim, uma característica do verdadeiro servo de Deus é ser cumpridor de seus deveres, de suas obrigações. Um verdadeiro cristão nada pode dever a não ser o amor (Rm.13:8).

É inadmissível que um cristão ligado na videira verdadeira seja um devedor contumaz, um indivíduo que não tenha crédito na sociedade onde viva, alguém cuja palavra nada valha. O crente é leal, porque produz o fruto do Espírito e um dos gomos deste fruto é a fidelidade.

OBS: Por isso mais do que acertada a providência que alguns ministérios tem tomado de exigir, dos indicados à separação para o ministério, certidões dos cartórios de protestos de títulos e dos órgãos de proteção ao crédito.

O cristão verdadeiro produz o fruto do Espírito e o crente tem de mostrar que é fiel, que é leal, que é cumpridor de suas obrigações.

A deslealdade é um indício de que a pessoa não está ligada à videira verdadeira, pois foi Jesus quem disse que pelos frutos conheceríamos os salvos e os ímpios (Mt.7:20).

– Fidelidade, também, significa “observância da fé jurada ou devida”. Ser fiel é não só cumprir os compromissos assumidos como também observar a fé, entendido aqui fé como o conjunto de doutrinas e preceitos que aceitou.

É este o sentido que vemos Paulo empregar quando exortou os coríntios a que se examinassem para ver se permaneciam na fé (II Co.13:5).

Observar a fé é não somente ouvir a Palavra de Deus, mas ser dela praticante (Tg.1:22). A sabedoria do construtor mencionado por Jesus no sermão do monte estava em que havia ouvido e observado a Sua doutrina (Mt.7:24,25).

Somente edificamos a nossa casa sobre a Rocha, quando cremos em Jesus, quando damos crédito aos Seus mandamentos.

A fidelidade não está, apenas, em cumprirmos os compromissos assumidos, mas em viver de acordo com a vontade de Deus, de agir de modo a cumprirmos, exatamente, com o que foi proposto pelo Senhor.

A fidelidade enquanto lealdade é uma reação ao compromisso que assumimos, é uma resposta ao que prometemos.

A fidelidade enquanto observância da fé devida é uma ação, uma iniciativa de fazermos somente aquilo que é segundo a vontade do Senhor.  

– Fidelidade também é, segundo os dicionaristas, “constância nos compromissos assumidos com outrem”, “constância de hábitos, de atitudes”.

Não basta assumirmos um compromisso com alguém e cumpri-lo, nem mesmo tomar a iniciativa de fazer algo de acordo com a vontade de Deus, mas é indispensável, para que haja fidelidade, que haja “constância”, ou seja, assiduidade, frequência, prosseguimento, continuidade. Jesus disse aos esmirnitas que eles deveriam ser fiéis “até a morte”, ou seja, até o fim(Ap.2:10).

Paulo afirmou, no final de sua vida, que havia “guardado a fé” (II Tm.4:7). Ainda Paulo, quando escrevia aos coríntios, afirmou que eles precisavam ser “firmes e constantes” (I Co.15:58).

Não basta que tenhamos uma ação isolada de lealdade ou de observância de um mandamento divino, mas isto tem de ser algo constante, algo sempre presente em nossas vidas. A fidelidade implica em constância, em continuidade.

O profeta Ezequiel é claro ao afirmar que uma vida justa que não for constante leva à perdição, se o momento da morte for, precisamente, o da falta de continuidade (Ez.18:24).  

OBS: Esta noção de fidelidade, aliás, ficou evidenciada no campo comercial, como se pode ver pelos “cartões de fidelidade” que foram lançados por algumas administradoras de cartões de crédito e pelo próprio conceito de “fidelidade do cliente”, algo que tem sido perseguido no mundo dos negócios, notadamente na área da publicidade e propaganda.  

–  É interessante notar que, no Novo Testamento, o verbo “pisteuo” (πιστεύω), quando empregado no tempo presente, sempre o é numa ideia de continuidade, a nos indicar que “…a fé não é uma fase passageira.

Mas é uma atitude contínua.…”(MORRIS, L.L. Fé. In:  DOUGLAS, J.D. (org.). O Novo Dicionário da Bíblia, p.607).

A propósito, Paulo afirmou que no Evangelho se descobre a justiça de Deus “de fé em fé”, “…que significa literalmente ‘ fé do começo ao fim’. O justo deve viver sempre pela fé e, assim fazendo, continua a viver uma vida espiritualmente cada vez mais rica.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, com. Rm.1.17, p.1694).  

– Fidelidade também é “compromisso que pressupõe dedicação amorosa à pessoa com quem se estabeleceu um vínculo afetivo de alguma natureza”.

Neste ponto, vemos, claramente, que a fidelidade é fruto, é consequência, é efeito do amor.

O amor é o fruto por excelência, ou seja, é o verdadeiro pressuposto para todas as demais qualidades do fruto do Espírito.

Somente apresentaremos fidelidade se tivermos amor por quem somos fiéis. Isto é bem ilustrado no caso do casamento: o dever de fidelidade conjugal é consequência única e exclusiva do amor que um cônjuge nutre pelo outro.

Somente seremos fiéis a alguém, se amarmos este alguém. Os estudiosos da publicidade e da propaganda têm, nos últimos tempos, enfatizado a necessidade de se criar um vínculo afetivo entre o consumidor e um determinado produto, sem o que não será possível se estabelecer fidelidade no consumo.  

– Fidelidade também é “característica de um sentimento que não esmorece com o decorrer do tempo”, ou seja, fidelidade é algo que não envelhece, que não sofre os efeitos do tempo. Isto é importante, porque muitos acham que a fidelidade ou aumenta, ou diminui com o tempo.

Verdade é que a fidelidade pode aumentar. Os próprios discípulos de Jesus pediram ao Senhor que se lhes acrescentasse a fé (Lc.17:5) e o próprio Senhor afirmou que a fé tem diferentes graus, pois falou de pequena ou pouca fé (Mt.8:26), de fé grande (Mt.15:28).   

– A possibilidade de aumento da fé está evidenciada na figura da mostarda, que, sendo a menor das sementes, produz a maior das hortaliças.

Jesus disse que a nossa fé deve ser assim, ou seja, ter a capacidade de crescer e se tornar a maior das nossas qualidades espirituais (Mt.13:31,32; 17:20).

Entretanto, não é o tempo que faz aumentar ou diminuir a fidelidade, mas uma continuidade de comunhão com Deus.

Quando vemos pessoas que, no ministério de Jesus, foram tidas como de grande fé, eram, via de regra, pessoas que não tinham uma vida religiosa segundo os padrões judaicos (a mulher cananeia, o centurião romano, que nem mesmo judeus eram), enquanto que os discípulos, que estavam ao lado do Senhor, vez por outra, são chamados de homens de pouca fé (Mt.6:30; 8:26; 14:31; 16:8; 17:20; Lc.12:28).

Isto é a prova indelével que “tempo de casa”, que religiosidade não demonstram fidelidade, nem são critérios para isto, pois a fidelidade independe do tempo. O tempo apenas serve para denotar a fidelidade no aspecto da constância, é mais um fator que exige a sua prática do que que indique a sua presença.

OBS: Os mais longos reinados da história de Judá, os de Manassés e de Uzias, são exemplos de que tempo nada tem a ver com fidelidade.

Uzias era fiel ao Senhor, que o fez prosperar, mas, depois, se ensoberbeceu e morreu leproso, afastado do trono.

Manassés, por sua vez, foi um dos mais impiedosos reis de Judá, tão mau que Deus o entregou nas mãos dos seus inimigos. Porém, no cárcere se humilhou e se arrependeu e, por isso, foi reconduzido ao trono, onde passou seus dias finais servindo a Deus.  

– Fidelidade, ainda, é “compromisso rigoroso com o conhecimento; exatidão, sinceridade”, significado, aliás, que levou, na física, a se considerar como fidelidade:

  1. a) característica de um sistema de reprodução acústica, relacionada com a capacidade deste em reproduzir, com maior ou menor exatidão, as componentes de frequência de um sinal acústico, mantendo as intensidades relativas destas componentes (por isto se diz que um aparelho de som tem “alta fidelidade”);
  2. b) em uma balança, propriedade que esta tem de assumir uma única posição, ou fornecer a mesma leitura, quando submetida repetidas vezes às mesmas forças.

– Este significado de fidelidade mostra-nos, claramente, que a fidelidade se traduz por um compromisso rigoroso com a Palavra de Deus, com uma busca incessante para se conhecer e se saber o que Deus deseja de nós, qual é a Sua vontade, algo que é revelado sobretudo pela Palavra de Deus.

A fidelidade exige um aprendizado contínuo e sincero das Escrituras, que se tenha uma vida que não vá além do que está escrito (I Co.4:6).

Somente assim, seremos um “instrumento de alta fidelidade”, ou seja, uma pessoa que transmita aos outros, com exatidão, a frequência de Jesus Cristo, a Sua mensagem.

Somente assim poderemos ser pessoas que sempre forneçam a mesma posição, a posição da vontade de Deus, ainda que sejamos submetidos a diversas forças, a diversas situações.

Como dizem os inspirados poetas Nils Katsberg e Emílio Conde, na letra do hino 342 da Harpa Cristã, quando aceitamos a Cristo, somos afinados pelo Senhor, passamos a ter nova harmonia e tom, mas isto somente se dará se formos fiéis.  

III – A EXIGÊNCIA DA FIDELIDADE NA MORDOMIA  

– Visto o que é fidelidade, debrucemo-nos, por fim, na exigência divina para que se tenha fidelidade na mordomia.  

– Já vimos que o Senhor, ao exaltar a figura de Moisés, fez questão de ressaltar a fidelidade do Seu servo, a nos mostrar, portanto, que esta é a principal característica que deve ostentar o mordomo.  

– Não foi diferente com Abraão, cuja chamada foi feita precisamente por causa da fidelidade que o Senhor nele encontrou (Ne.9:7,8).

Fidelidade foi o que também procurou para escolher um sacerdote nos dias em que o sacerdócio se encontrava em franca decadência (I Sm.2:35).  

– O Senhor faz questão de Se mostrar ao Seu povo como um Deus fiel (Dt.7:9; Is.49:7) e, portanto, apresenta-Se como modelo a ser seguido.   

– Assim como o Senhor procura pessoas fiéis para com elas Se relacionar, também verifica quando os fiéis se corrompem, quando deixam de sê-lo, pois, como vimos supra, a fidelidade é uma atitude contínua, que tem de se renovar a cada manhã.  

– Nos dias do profeta Isaías, por exemplo, o Senhor lamenta como havia se tornado prostituta a cidade fiel (Is.1:21), referindo-se aqui à Jerusalém que, no contexto, representava todo o reino de Judá.

A palavra “prostituta” aqui é a palavra hebraica “zanah” (ָזָנה),

“…raiz primitiva [muito alimentado e assim libertino]; cometer adultério (geralmente da mulher e menos comum de simples fornicação, raramente de violação involuntária); (figurado)  praticar idolatria (o povo judeu sendo considerado como a esposa de Jeová):-

fazer que se corrompessem, seduzir à idolatria, ter comércio, cada vez mais  continuamente  certamente, (começar a fazer), prostituir-se, adulterar, deixar, andar prostituindo-se, dar-se (a toda, à) prostituição, corromper-se, entregar-se à lascívia, prostituta, rameira, meretriz, fazer (que se prostituam, corromper, prostituir), desviar-se (apostatando), ser infiel.…” (Dicionário do Antigo Testamento. Bíblia de Estudo Palavras-Chave, verbete 2181, p.1618).  

– Nota-se, pois, que, quando alguém deixa de seguir as ordens do Senhor, passa a dar ouvidos a outrem, torna-se um “adúltero”, pois, na verdade, estabelece uma amizade com o mundo (Tg.4:4), deixando, pois, de servir a Deus para servir ao maligno.  

– Esta mesma consideração foi feita pelo profeta Jeremias, quando o Senhor diz que a semente inteiramente fiel que era Israel havia se tornado uma planta degenerada e de vide estranha (Jr.2:21).

– Tem-se aqui a figura da infidelidade como sendo uma degeneração, a palavra hebraica “sur” (סוך), cujo significado é “estragado, i.e., deteriorado” (Dicionário do Antigo Testamento. Bíblia de Estudo PalavrasChave, verbere 5494, p.1816).  

– A degeneração, deterioração ou corrupção nada mais é que a perda da natureza inicial, um desvio, uma distorção, um comprometimento da essência que se torna em algo diferente daquilo que existia inicialmente.´  

– Tiago afirma que um dos aspectos da religião pura e imaculada para com Deus, o Pai é guardar-se da corrupção do mundo (Tg.1:27) e o texto grego aqui diz que devemos nos privar do mundo, mantermonos separados da mancha que há no mundo.  

– Então, a fidelidade no exercício da mordomia exige de nós que, a uma, não sejamos orientados senão pelo Senhor, sigamos única e exclusivamente o que for determinado por Deus, não dando ouvidos a quem quer que seja e, a duas, que nos privemos de nos contaminarmos com o maligno, de nos misturarmos com o que existe no mundo.  

– Muitos, em nossos dias, lamentavelmente, têm dado ouvidos a outrem que não ao Senhor. Cristo nos fala através das Escrituras, que são Suas testemunhas (Jo.5:39).

Entretanto, muitos têm procurado servir a Deus dando ouvidos a fábulas, a falsos ensinos e isto faz com que nos tornemos “planta degenerada”, “cidade prostituta”. Que Deus nos guarde, amados irmãos!

– Não se pode servir a dois senhores, pois é impossível amar um sem deixar de aborrecer o outro (Mt.6:24). Temos de ter dedicação exclusiva ao Senhor se quisermos exercer a contento a mordomia cristã.  

– Privar-se da mancha do mundo é manter-se separado dele. Estamos no mundo mas não somos dele (Jo.17:11,14,16) e, desta forma, temos de nos manter distantes do mundo, até porque está ele no maligno (I Jo.5:19).  

– Quem se aproxima do mundo, tem por ele atração, é porque o ama e se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele (I Jo.2:15).

Portanto, vemos que quem se sente atraído pelo mundo e se deixa corromper é porque não tem o amor de Deus mais em seu coração, porque amou o mundo, cometendo, assim, o mesmo erro de Demas (II Tm.4:10).  

– A mordomia cristã não pode ser exercida se estivermos misturados com o mundo, pois não possível servir a Deus segundo os cânones estabelecidos pelo inimigo. Ser amigo do mundo é ser inimigo de Deus (Tg.4:4).  

– A infidelidade caracteriza-se por este aproximar-se do mundo e por este apartar-se de Deus (Hb.3:12).

Não podemos endurecer o nosso coração, ou seja, deixar de dar ouvidos ao Senhor e querer, como os israelitas em Massá e Meribá, passar a tentar a Deus, a duvidar da Sua fidelidade e de Seus propósitos, fechando-nos em nossos raciocínios, em nossas razões, em nossos achismos, pois, se assim fizermos, inevitavelmente passaremos a ter um coração mau e infiel, que nos fará perder a vida eterna, tendo o mesmo destino que teve a geração do êxodo (Hb.3:7-19).  

– O destino do mordomo infiel outro não é senão a perdição. Não só a geração do êxodo nos dá mostra disto, como também a própria parábola contada por Jesus a respeito do mordomo infiel (Lc.16:1-9), uma das parábolas de mais difícil entendimento nas Escrituras.  

– Nosso propósito aqui não é estudar a parábola, até porque não é este o nosso tema, nem mesmo enfocar o ensino de Jesus ao contá-la, que é a necessidade de sermos prudentes.

Nosso foco aqui é tão somente observar que o Senhor, ao falar sobre um mordomo infiel, deu como fato consumado e inquestionável o fato de que o mordomo infiel foi sumariamente retirado de sua posição, devendo, assim, prestar contas, pois não poderia mais ser seu mordomo (Lc.16:1,2).  

– Mordomo infiel não pode mais ser mordomo, não pode mais ficar na casa do Senhor, inevitavelmente perde a sua função.

O Senhor, que tudo vê e tudo sabe, mais cedo ou mais tarde, põe à luz a infidelidade constatada e demite o mordomo de sua função, como, aliás, ocorreu, nos dias de Isaías, com o tesoureiro Sebna (Is.22:15-19).  

– Na parábola, o mordomo, ciente de que estava demitido e que suas contas seriam reprovadas, pois havia dissipado os bens do seu senhor, procura, então, um meio de aliviar a sua situação, aumentando ainda mais o prejuízo do senhor, mediante indevidos descontos dos créditos, a fim de que, para não morrer de fome, tivesse amigos que o ajudassem no seu sustento.  

– Embora o Senhor Jesus tenha louvado a prudência deste mordomo que, deste modo, conseguiu granjear amigos que o impedissem de ir à miséria, não deixa de mostrar que o mordomo infiel passara a ter uma dimensão puramente terrena da vida, que tinha como único foco não ser reduzido à miséria enquanto ainda vivesse.

Ou seja, o mordomo infiel é alguém que pensa tão somente nas coisas terrenas, que não tem outro horizonte senão as coisas desta vida e, como tal, é alguém que está irremediavelmente condenado a sofrer a perdição eterna.  

– Vemos, portanto, como é o triste fim de um mordomo infiel. É alguém que perdeu a noção da eternidade, da vida além-túmulo, que vive única e exclusivamente em função das coisas desta vida, que não tem qualquer visão espiritual.   

– Voltando a falar do caso de Sebna, vê-se que uma das coisas que aquele tesoureiro parece ter feito com o dinheiro desviado tinha sido uma sepultura (Is.22:16), algo que o profeta disse ser “uma morada para si mesmo”, a mostrar, precisamente, como o mordomo infiel passa a ter como objetivo e meta o “dar-se bem nesta vida”, uma pessoa que fica totalmente cego para as coisas espirituais, para as “coisas de cima”.  

– Foi, também, esta a reação do rei Saul que, após ter sido notificado por Samuel de que havia sido rejeitado por Deus, contentou-se com uma aparência, pedindo ao profeta que fosse com ele, ante os anciãos do povo e todo o Israel, adorar ao Senhor.

Em vez de pedir a misericórdia divina, de se arrepender, Saul queria apenas se manter “formalmente” como rei, desfrutar do poder terreno, única e exclusivamente isto, pois, como mordomo infiel, era este, desde então, o seu foco, o seu objetivo (I Sm.15:24-31).  

– Muitos, em nossos dias, preferem abrir mão da fidelidade a Deus e se contentar com as benesses, vantagens e benefícios existentes no comodismo desta vida terrena, não vendo que tudo isto que existe debaixo do sol é vaidade (Ec.1:2,3) e que o importante mesmo é temer a Deus e guardar os Seus mandamentos, porque este é o dever de todo homem, porque Deus há de trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau (Ec.12:13,14).  

– O apóstolo Paulo tinha esta consciência tanto que nos advertiu que, como ministros de Deus e despenseiros dos mistérios de Deus, sejamos achados fiéis (I Co.4:1,2).  

– Ao contrário do que alguns pensam aqui, ou seja, de que o apóstolo se dirige apenas aos obreiros, na verdade ele está se referindo a todos os servos de Deus, pois “ministro” aqui é “huperetes” (ὑπηρέτης), “…um remador subordinado, i.e., (de modo geral) subordinado (assistente, sacristão, oficial): – ministro; oficial, servo. Substantivo de hupo, sob, debaixo, e eretes, um remador. Subordinado, servo, auxiliar ou assistente, de modo geral.…” (Dicionário do Novo Testamento. Bíblia de Estudo Palavras-Chaves, verbete 5257, p.2439).

– Somos servos do Senhor, como os remadores que ficavam na parte mais inferior das embarcações, tendo o dever de fazê-la  movimentar, quase sempre pessoas condenadas a esta pena mesmo, consideradas as mais indignas da sociedade.

Como ministros de Cristo, temos simplesmente de fazer aquilo que nos é mandado, sem qualquer reserva, sem qualquer senão.  

– Além de ministros, diz-nos o apóstolo, somos também “despenseiros”, ou seja, a palavra grega “oikonomos” (οἰκονόμος), “…um distribuidor da casa (i.e., administrador), ou supervisor, i.e., um empregado nesta função…” (Dicionário do Novo Testamento, Bíblia de Estudo Palavras-Chave, verbete 3623, p.2318).

Despenseiro aqui é, portanto, a própria qualidade de mordomo, aquele que administra a casa e, deste modo, quando o apóstolo está a dizer que devemos ser, como ministros e despenseiros, fiéis, está simplesmente determinando que a essência da mordomia é a fidelidade, conforme visto neste estudo.  

– O mordomo administra os “mistérios de Deus”, ou seja, os princípios, as doutrinas não revelados, que precisam ser conhecidos, que são da parte do Senhor.

O mordomo tem, portanto, o dever de tornar conhecido aquilo que é inacessível ao homem, que foi revelado pelo próprio Senhor. Como, então, se pode ter um mordomo cujo foco, cujo horizonte sejam apenas as coisas desta vida?    

– O mordomo precisa ser alguém que traga Deus e a realidade da eternidade ao conhecimento dos outros e isto somente se fará possível se formos fiéis.

Que Deus nos guarde para que nunca percamos a fidelidade pois a perda da fidelidade nos demitirá da qualidade de mordomos e, sem ser mordomos, jamais poderemos ficar na casa de Deus, seja a igreja, agência do reino de Deus aqui na Terra, sejam as mansões celestiais, o destino desta mesma Igreja.  

Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/4461-licao-13-seja-um-mordomo-fiel-i

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