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LIÇÃO Nº 2 – O ÚNICO DEUS VERDADEIRO E A CRIAÇÃO

CREMOS

“…

  1. Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas distintas que, embora distintas, são iguais em poder, glória e majestade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo; Criador do Universo, de todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, e, de maneira especial, os seres humanos, por um ato sobrenatural e imediato, e não por um processo evolutivo (Dt.6:4; Mt.28:19; Mc.12:29; Gn.1:1; 2:7; Hb.11:3 e Ap.4:11).” (Cremos da Declaração de Fé da CGADB) (destaque nosso).


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INTRODUÇÃO

– Na continuidade do estudo da Declaração de Fé da CGADB, estudaremos hoje a nossa crença em Deus e na criação.

– Deus é o Criador de todas as coisas e a criação se deu por um ato sobrenatural e imediato, não por um processo evolutivo.

I – A EXISTÊNCIA DE DEUS

– Na sequência do estudo da Declaração de Fé da CGADB, estudaremos hoje a respeito da doutrina de Deus e da doutrina da criação, temas que se encontram no item 2 do nosso Cremos. Aliás, em relação ao Cremos publicado desde 1969 no jornal “O Mensageiro da Paz”, onde este assunto ocupava o item 1, tivemos algumas alterações, de forma a tornar mais explícita nossa crença na Trindade (o que será objeto de lição própria), bem como dar nossa crença a respeito da criação, o que se tornou imperioso diante do avanço da chamada “teoria da evolução”, que, apesar de ser apenas uma teoria, é ensinada como “verdade científica” no sistema educacional.

– O primeiro ponto que devemos deixar bem claro é que a Bíblia não se preocupa, em momento algum, em demonstrar ou querer provar a existência de Deus. Deus é um dado que surge logo no início do relato da Criação: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn.1:1).

Deus, assim, surge como o único existente, o único que sempre existiu, que não tem princípio nem fim. Esta mesma circunstância, para quem entende que o primeiro livro da Bíblia a ser redigido foi o livro de Jó, também se apresenta naquele livro, que, no seu início, também revela um ser que já existia ao tempo dos demais (Jó 1:1,6).

– Tem-se, aliás, neste ponto, uma das principais diferenças entre a teologia, que é o estudo racional a partir da revelação divina, e as demais atividades do conhecimento humano (filosofia, ciência, arte, mitologia), que têm como ponto de partida a razão humana e não a revelação divina.

Os homens buscam, de todas as formas, uma forma de se provar a existência de Deus por intermédio da razão, mas isto é totalmente dispensável para quem se baseia nas Escrituras, que, já no seu introito, mostra Deus como o Ser que existe, Aquele que é o que é (Ex.3:14).

Daí porque não haver qualquer sentido em se ficar indagando sobre provas de que Ele exista ou não, pois a Bíblia se contenta em apenas revelar que Deus existe e ponto final (I Co.8:6; II Co.4:4; Hb.11:5).

– A Bíblia Sagrada, também, mostra-nos, com absoluta clareza, que, além de existir, Deus é único, sendo, esta, aliás, uma peculiaridade da revelação divina que causa espécie nos homens até hoje.

Os estudiosos e historiadores ficam a indagar porque o povo hebreu chegou, ao contrário de todos os povos à sua volta, à concepção de um único Deus, mas, a verdade, como sabemos, é que isto não foi fruto de qualquer mente humana, mas o resultado da revelação divina, que, desde quando chamou Abrão para que saísse de Ur dos caldeus, revelou-Se ser um único Deus. Deus é um só, é outra lição que aprendemos a respeito do Senhor (Dt.4:35; Is.42:8; 44:6,8; I Rs.18:39).

– Eis o motivo pelo qual basta esta demonstração da Bíblia para crermos em um único Deus, que é eternamente subsistente, como nos diz o item 2 de nosso Cremos logo em seu limiar.

– A despeito de a Bíblia não se preocupar em provar se Deus existe ou não, temos que apresenta diversos fatores que fazem com que percebamos a existência de Deus, ou seja, embora não seja preocupação das Escrituras trazer argumentos pelos quais possamos conceber a existência de Deus, há circunstâncias que nos revelam que Deus existe.

O primeiro fator que nos mostra que Deus existe é o fato de que há uma crença universal em um Ser Supremo. 

A ideia de Deus, mesmo para aqueles que a rejeitam, é uma ideia que exsurge em todas as civilizações, em todos os povos, em todos os tempos e lugares.

O apóstolo Paulo, quando se encontrava perante os maiores sábios de seu tempo, os filósofos do Areópago, atestou esta realidade ao afirmar que, os atenienses, do alto de sua filosofia, honravam a um “Deus desconhecido”, prova de que, mesmo de uma forma até certo ponto inconsciente, os homens buscam ao Senhor, como os cegos buscam um caminho a seguir tateando os objetos que estão à sua volta e que são incapazes de enxergar.

OBS: A propósito, interessante é a leitura da obra de Don Richardson, “o fator Melquisedeque”, onde se demonstra como, em todas as culturas, as mais primitivas, há a noção de um Deus único que está no controle de todas as coisas criadas.

– O segundo fator que nos mostra que Deus existe é a consciência, esta faculdade do espírito humano que nos indica o que é o certo e o que é o errado, verdadeira “filial” divina em nosso ser.

Com efeito, a consciência dá-nos a demonstração clara e evidente de que existe alguém que está acima de nós, indicando o que é o correto e o que não o é, ou seja, a consciência traz-nos a vontade de um ser que comanda todas as coisas e que a todos julgará pelas suas ações.

A compreensão que temos de que fizemos algo justo ou injusto, bom ou mau, ao contrário do que dizem muitos “sábios” do nosso tempo, não é resultado puro e simples de nossa educação ou do ambiente em que vivemos, pois, se assim fosse, não haveria o arrependimento ou a convicção interna, muitas vezes não confessada, de que erramos ao tomarmos esta ou aquela atitude, ainda que tal gesto tenha tido a aprovação do ambiente em que vivemos.

A consciência é uma verdadeira “lei escrita nos corações” (Rm.2:15), que nos indica a presença de um Ser superior, a dizer o que se deve, ou não, fazer. Este ser outro não é senão o próprio Deus.

OBS: Neste passo, é a constatação de que existe injustiça no mundo e de que, portanto, há de se ter um julgamento na vida além-túmulo, que levou o filósofo alemão Immanuel Kant a demonstrar a existência de Deus, ainda que no campo da ética.

– O terceiro fator que nos evidencia a existência de Deus, segundo as Escrituras, é a criação do mundo.

A grandeza da criação de todas as coisas, a imensidão do universo e, no nosso planeta, de tudo o que foi criado, tem por finalidade mostrar ao homem a glória de Deus (Sl.19:1).

A natureza, dizem os estudiosos da doutrina de Deus, é o primeiro livro escrito por Deus ao homem, de tal maneira que a criação, por si só, é suficiente para revelar Deus ao ser humano e torná-lo sem desculpa diante de uma eventual rejeição ao Seu senhorio (Rm.1:20).

– Estes dois últimos fatores relativos à revelação divina ao homem, combinados entre si, trazem o que se conhece por “revelação geral de Deus”, ou seja, é uma forma de Deus mostrar-Se ao homem e dar sinal de Sua existência e soberania, de modo absolutamente uniforme a todos os homens.

Todo ser humano consegue, assim, perceber que Deus existe, seja pela criação do mundo, seja pela consciência.

Esta revelação é a todos os homens e, por isso, a Bíblia diz que jamais nenhum ser humano poderá dizer que nunca teve a oportunidade ou a possibilidade de perceber que Deus existia.

É por isso que não devemos achar que, no julgamento do Trono Branco (o chamado “juízo final”), haverá pessoas que possam apresentar a Deus esta desculpa, pois todo ser humano foi capaz de perceber, por sua consciência e pela criação do mundo, que Deus existia e que era o Senhor de todas as coisas e a quem, portanto, se devia obediência e submissão.

– O quarto fator pelo qual tomamos consciência da existência de Deus é a própria Bíblia Sagrada.

Com efeito, é ela a maior revelação de Deus aos homens, pois demonstra qual é a vontade de Deus e, desta maneira, faz com que O conheçamos (I Jo.1:7).

Aliás, a Bíblia é a verdade (Jo.17:17) e, como Deus é a verdade (Dt.32:4; Jr.10:10), vemos que a Bíblia é o meio para percebermos que Deus existe e quem Ele é.

– O quinto fator pelo qual se evidencia a existência de Deus é através da pessoa de Jesus Cristo, o Emanuel, ou seja, Deus conosco (Mt.1:23).

Através de Cristo, sabemos quem é Deus (Lc.10:22; Jo.1:16; 14:6,9). Como disse o escritor aos hebreus, o Filho é “o resplendor da Sua glória, a expressa imagem da Sua Pessoa” (Hb.1:3). Por isso, Jesus foi bem claro ao afirmar que quem O conhecia, conhecia ao Pai.

– O sexto fator pelo qual se evidencia a existência de Deus é por intermédio da experiência pessoal da salvação.

Quando somos salvos, Deus vem habitar em nosso interior (Jo.14:23) e, então, notaremos que Deus existe e que está disposto a estar conosco para sempre.

Sentimos que Deus não está distante de nós, não mais tateamos, mas com Ele mantemos um relacionamento, um permanente diálogo, que nos traz a certeza de que não só Deus existe como também que somos Seus filhos (Ef.2:13; Gl.4:6; Mt.6:9).

– Estes três últimos fatores compreendem o que se costuma chamar de “revelação especial de Deus”, ou seja, uma revelação que Deus apenas àqueles que aceitam a Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador, ou seja, não é uma revelação a todos os homens, mas apenas aos que atendem ao chamado para a salvação.

Esta revelação é o resultado do convencimento que o Espírito Santo faz no homem do pecado, da justiça e do juízo, consequência da fé que veio pelo ouvir pela Palavra de Deus.

II – A REVELAÇÃO DE DEUS ATRAVÉS DE SEUS ATRIBUTOS

– Dissemos que a preocupação da Bíblia Sagrada não é provar a existência de Deus, mas que, apesar disto, as Escrituras nos mostram várias evidências que demonstram que Deus existe, evidências estas que são gerais, ou seja, abrangem a todos os seres humanos, ou especiais, isto é, reservadas apenas àqueles que creem em Jesus Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador de suas vidas.

– No entanto, como vimos, o objetivo da Bíblia é revelar Deus ao homem e, através das páginas sagradas, podemos ver que Deus tem prazer em mostrar ao homem quais são as Suas qualidades, os Seus atributos, a fim de que o homem não tenha qualquer receio em servi-l’O e perceba quão proveitoso é desfrutar da comunhão com o seu Criador.

– A primeira qualidade que a Bíblia dá de Deus é que Ele é um Deus vivo.

O Nosso Deus é um Deus vivo, ou seja, que tem vida, não é um Deus morto, como os milhares e milhares de deuses criados pelos homens ao longo de sua triste e trágica história de pecados.

Jeremias não teve dúvida ao afirmar que “Ele mesmo é o Deus vivo” (Jr.10:10), como o salmista ao dizer que “faz tudo o que Lhe apraz” (Sl.115:3).

Deus é um Ser que vive, que tem vida, que existe independentemente da existência dos homens e que não está circunscrito à imaginação fértil dos homens, que sempre buscam suas invenções (Ec.7:29).

– O fato de que Deus é vivo é de grande importância para nós que O servimos. Muitas vezes, por não ouvirmos a voz do Senhor, por parecer que Ele está calado, somos tentados ao desânimo e até a desistirmos da caminhada com Ele.

Entretanto, nunca devemos nos esquecer que Ele é vivo e, portanto, tudo percebe, tudo sente, tudo observa, não podendo, vivo que é, permanecer indiferente ao que se passa conosco. Lembremo-nos: Deus é vivo! (At.14:15; Ii Co.6:16; I Ts.1:9; Hb.10:31; 12:22).

– A segunda qualidade divina é a de que Deus é a fonte da vida.

Deus não somente é vivo, como, também, é a fonte de toda a vida.

Só Deus pode dar a vida (Gn.1:11,12,20-22, 24-26), seja a vida biológica, seja a vida espiritual (Jo.5:26; At.17:25; Rm.6:23).

Apesar de todas as tentativas da avançada ciência, não se conseguiu criar a vida em laboratório e, a se ver pelos rumos da ciência na atualidade, em busca da “clonagem”, que é a obtenção de uma “vida” a partir de outra pré-existente, sem a necessidade dos processos de reprodução, tem-se uma verdadeira admissão de que é impossível criar-se a vida do nada, pois a única fonte de vida é o próprio Deus.

OBS: “…– A origem da vida por acaso – uma impossibilidade! Resume-se a seguir parte do livro de Fernando De Angelis intitulado A Origem da Vida, que tem trechos muito ilustrativos da impossibilidade estatística da origem da vida ao acaso:

“Em 1953, Miller submeteu uma mistura de hidrogênio, água, metana e amônia a descargas elétricas, durante uma semana, e obteve uma mistura de pequenos compostos orgânicos, entre os quais uma discreta quantidade dos dois aminoácidos simples – glicina e alanina – presentes em todas as proteínas.

Geralmente, a experiência de Miller é mencionada afirmando-se que nela se formaram “aminoácidos” (e não apenas dois aminoácidos simples), que representam a unidade constitutiva das proteínas, componentes fundamentais da matéria viva.

Essa maneira de expor não leva em consideração os obstáculos que se devem superar para sintetizar os aminoácidos em proteínas, nem os obstáculos infinitamente maiores para passar das proteínas às células vivas.

Ao leitor é transmitida, assim, a idéia enganosa de que a vida foi reproduzida em laboratório, ou quase! “À parte a suposição feita com relação à atmosfera ‘primitiva’, na experiência de Miller, e mesmo que, mediante outras experiências fosse encontrado um sistema mais eficaz para produzir aminoácidos ao acaso, haveria ainda numerosos outros problemas a resolver.

Por exemplo, além dos 20 aminoácidos que constituem as proteínas, existem outros 150 não protéicos, que, se fossem misturados com os outros, criariam outro obstáculo praticamente insuperável para a formação das proteínas exatas.

Seria como se quiséssemos escrever um livro tirando, ao acaso, letras do alfabeto latino que estivessem em uma caixa, juntamente com as letras de outros sete alfabetos! “Mas os problemas não cessariam aí.

Todos os aminoácidos, com exceção da glicina, o mais simples deles, são assimétricos, existindo sob as formas levógira e dextrógira, e quando se formam externamente às células, ao acaso, metade deles é de uma forma, e metade da outra. Em contraste, todas as moléculas fundamentais, em todos os organismos vivos, apresentam a mesma forma – levógira.

Em outras palavras, seria de esperar que, se os seres vivos tivessem se originado ao acaso, poderiam ser constituídos com compostos de uma ou de outra forma, ou da mistura de ambas as formas, o que não se verifica!

“Outras dificuldades para a formação das proteínas ao acaso podem ser ilustradas com a resposta à pergunta: Que volume de proteínas seria necessário para compor determinada proteína ao acaso?

Escolhendo-se uma proteína das mais simples, constituída apenas de 100 aminoácidos, seria necessário um volume de proteínas equivalente ao de um cubo de 1033 quilômetros de aresta para a obtenção daquela proteína determinada, pelos mecanismos do acaso!

Como ilustração, para um foguete que se deslocasse com a velocidade da luz (correspondente a sete voltas em torno da Terra, por segundo), seriam necessários 100 quintilhões de anos para percorrer a distância igual à da aresta desse cubo imaginário!

“Suponhamos que, no caldo primordial, por algum lance de sorte, tivessem sido formadas, além de numerosas outras substâncias semelhantes, também as substâncias que entram na constituição de uma célula.

Nem por isso teria sido formada a primeira célula viva. As células são constituídas por milhares de substâncias estritamente coordenadas entre si.

Se as substâncias que devem ser justapostas estiverem espalhadas em meio a uma infinidade de outras substâncias semelhantes, é difícil imaginar que exatamente aquelas, e somente elas, se juntassem ao acaso.

E, mesmo que elas se juntassem, não teríamos ainda chegado a formar uma célula. De fato, se triturarmos células vivas em um liqüidificador, obteremos todas as substâncias necessárias para a sua constituição, mas não se formarão novamente células, porque os vários componentes não apresentam a “tendência espontânea” de novamente combinar-se entre si.

Além do mais, devemos pressupor que no hipotético caldo primordial existissem muitas substâncias venenosas que, mesmo em pequenas concentrações, impedissem a ocorrência da vida. Portanto, mesmo que se tivesse formado uma célula, ela poderia não ter sobrevivido.

“Os que apóiam a abiogênese mantêm em mente essas objeções, mas mesmo os mais bem-informados e equilibrados entre eles tomam as medidas necessárias para remediar o assunto, passando a falar de um evento que é estatisticamente improvável, mas que poderia ter ocorrido como evento praticamente único mediante uma combinação particularmente feliz de circunstâncias.

Crick, famoso pela determinação da composição do DNA, exprime-se desta maneira: Um homem honesto, munido de todos os conhecimentos atuais, só pode afirmar, por ora, que, dado o enorme número de condições que seriam necessárias para que o mecanismo pudesse ser posto em ação, a origem da vida parece quase um milagre!

Quando se passa a falar de evento praticamente único, e quase milagre, não mais estamos no campo da ciência, e sim da conjectura ou da especulação! …” (VIEIRA, Ruy. Comentários ao estudo 5 – Uma criação recente. In: Lições da Escola Sabatina. 3. trimestre de 1999. Disponível em: http://www.scb.org.br/htdocs/periodicos/licoes/indgcom399.html Acesso em 24 ago. 2006).

– A terceira qualidade de Deus que nos mostram as Escrituras é a Sua pessoalidade (Jó 13:8).

Deus é pessoal, não uma força cósmica que não sente, que não pensa ou que não participa do que ocorre com Sua criação, mas, bem ao contrário, um Ser pessoal, que tem entendimento (Is.55:8,9), sensibilidade (Jo.3:16) e vontade (Ed.10:11; Sl.40:8; Mt.6:10; 7:21; Jo.5:30; 6:39). Por ser pessoal, Deus não Se confunde com a natureza que Ele criou.

– A quarta qualidade divina a ressaltar é a Sua eternidade, como acima ressaltado.

Deus não tem princípio, nem fim, é o único Ser eterno que existe (Sl.90:2).

Deus é desde sempre (Hc.1:12), o princípio e o fim (Ap.1:8). Daí porque ter Se apresentado a Moisés como “Eu sou o que sou” (Ex.3:14). O tempo para Deus simplesmente não existe, havendo para Ele um eterno presente.

A quinta qualidade de Deus é a Sua imortalidade, que é decorrência de Sua eternidade, mas que com ela não se confunde.

Com efeito, quando vamos à civilização grega antiga, verificamos que os deuses gregos também eram imortais, embora não fossem eternos. Deus é eterno e, por isso, também é imortal, ou seja, sendo vivo jamais morrerá. Ao contrário do que afirmaram alguns pensadores, como o alemão Friedrich

Nietzsche, que teve a petulância de afirmar que “Deus havia morrido”, Deus não é uma idéia que tenha tido origem na imaginação humana, mas um Ser que jamais deixará de existir, que vive para todo o sempre, como desde sempre existiu (Sl.102:12; I Tm.1:17; 6:16).

A sexta qualidade de Deus é a Sua imutabilidade, ou seja, Deus não muda, nem pode mudar, pois, sendo eterno, sendo desde sempre, da forma como é, permanecerá a ser indefinidamente. Deus não muda e nEle não há sombra de variação (Ml.3:6; Tg.1:17).

Ele sempre é o mesmo (Sl.102:27; Hb.1:12). Esta imutabilidade de Deus é uma garantia para o homem, como se vê, por exemplo, quando do juramento que Deus fez a Abraão (Hb.6:17,18). Desta imutabilidade, decorre a fidelidade divina para com a Sua criação, como veremos infra.

– Ao se falar na imutabilidade de Deus, alguns poderão questionar tal qualidade pela circunstância de que, por mais de uma vez, a Bíblia nos fala que Deus Se arrependeu de ter feito algo, como, por exemplo, em passagens como Gn.6:7; I Sm.15:11,35, II Sm.24:16, I Cr.21:15, Jr.26:19; Am.7:3,6; Jn.3:10.

Haveria, assim, uma contradição nas Escrituras, já que o arrependimento é incompatível com um Deus que não muda?

– Muitos procuram enxergar nestas passagens bíblicas um “furo” na Bíblia Sagrada, uma “contradição” bíblica, nesta busca insana que os inimigos da Palavra de Deus têm para tentar desacreditar o seu Criador.

Entretanto, uma vez mais, são eles fracassados neste seu intento. A expressão bíblica de “arrependimento” em relação a Deus nada mais é que uma “antropopatia”, ou seja, uma expressão de nossa linguagem para tentar nos fazer compreender uma atitude divina.

Deus está acima da nossa compreensão e, por isso, temos de nos valer da pobreza de nosso vocabulário para tentar compreender e entender as ações divinas. É o que acontece com a palavra “arrependimento”.

– Na verdade, todas as vezes em que a Bíblia menciona que “Deus Se arrependeu”, o que está em foco não é uma mudança de Deus em Suas atitudes, mas, sim, uma resposta de Deus em virtude da mudança proporcionada pelo comportamento humano.

Deus criou o homem para servi-l’O e adorá-l’O, bem como para conviver com Ele. Porém, o homem pecou e, por isso, em virtude da própria imutabilidade de Deus, Deus, que não pode conviver com o pecado, teve de expulsar o homem da convivência conSigo.

O homem prosseguiu no seu pecado, até atingir o limite da tolerância divina e, portanto, em virtude desta mudança do homem, Deus, para manter a Sua posição, teve de determinar a destruição de toda a carne sobre o planeta.

Assim, o “arrependimento” de Deus não é uma mudança de Deus, mas a manutenção da posição de Deus, da sempre e mesma posição de Deus, diante da constante mudança do homem. E assim por diante.

É o que ocorreu com Saul, com os juízos sobre Saul, o povo de Israel no tempo de Davi ou durante os ministérios de Jeremias e de Amós, o que ocorreu com o povo de Nínive durante o ministério de Jonas.

– A sétima qualidade de Deus é a Sua natureza espiritual.

“Deus é Espírito”, disse Jesus em Seu diálogo com a mulher samaritana (Jo.4:23) e, como sabemos, “…ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Mt.11:27 “in fine”).

Assim, se Jesus disse que Deus é Espírito, quem somos nós para discutir ou pôr isto em dúvida? Entretanto, muitos, até inconscientemente, não percebem que desconsideram esta afirmação de Jesus, a ponto de considerarem que Deus tem olhos, boca, dedo, mãos, pés, coração etc. só porque assim se encontram em algumas passagens das Escrituras.

Temos aqui o chamado “antropomorfismo”, ou seja, a utilização de palavras próprias do ser humano para simbolizar o ser divino, a fim de que pudéssemos entender as ações de Deus, para que Sua revelação fosse eficiente e eficaz.

Como alguém que tem interesse em nosso aprendizado, Deus vem até o nosso nível baixíssimo de compreensão e inteligência para que nós possamos entendê-l’O e adorá-l’O de forma plena e completa.

Que Deus maravilhoso é o nosso Deus, que, mesmo sabendo quem somos, concede-nos tantos bens, em especial, o de poder conhecê-l’O e compreendê-l’O !

– A oitava qualidade de Deus é a Sua imensidão ou infinitude.

Deus é imenso, é infinito, está além das dimensões de espaço que possamos imaginar. Se verificarmos que o universo é milhões e milhões de vezes maior do que o nosso planeta, que, para nós, já é gigantesco, que dizer de Deus, que mediu tudo a palmos (Is.40:12)?

Como disse Zofar, as dimensões de Deus superam tudo o que conhecemos (Jó 11:8; I Rs.8:27). Os pensamentos de Deus são mais do que se podem contar (Sl.40:5, 139:17,18), Sua ciência não podemos atingir (Sl.139:6).

– A nona qualidade de Deus é Sua invisibilidade.

Como Deus é Espírito, temos que é, mesmo, invisível (Rm.1:20; Cl.1:15). Esta invisibilidade de Deus explica a expressão bíblica segundo a qual ninguém viu a Deus (Jo.1:18 “in initio”; I Jo.4:12 “in initio”).

Deus é invisível, embora possa ser conhecido por alguém, como, por exemplo, ocorreu com Moisés, de uma forma bem peculiar (Ex.33:18-23; Dt.34:10). Ao alcançarmos a glorificação, porém, desfrutaremos de um privilégio até hoje não concedido a pessoa alguma: o de vermos como o Pai é (I Jo.3:1,2). Aleluia!

A décima qualidade de Deus é a Sua santidade.

Deus é santo, ou seja, Sua natureza não permite a convivência nem a tolerância com o pecado. Deus é santo (Lv.11:44,45; 20:26), não aceita o pecado, nem o tolera, tanto que, quando foi achada iniquidade no querubim ungido, foi ele lançado fora da presença do Senhor (Ez.28:15,17), bem como o mesmo ocorreu com o primeiro casal (Gn.3:22-24).

Quando o nosso pecado foi lançado sobre o Senhor Jesus, Deus dEle Se apartou, desamparando-O (Is.53:6 “in fine”; Mc.15:34).

III – A REVELAÇÃO DE DEUS PELOS SEUS ATRIBUTOS EM RELAÇÃO À CRIAÇÃO

– Mas, além dos atributos de Deus referentes ao Seu próprio Ser, temos, também, os atributos que Se revelam no Seu relacionamento com as criaturas.

De pronto, vemos que a Bíblia nos ensina que Deus é um Ser distinto daqueles que Ele criou. Deus não Se confunde com a Sua criação, ao contrário do que ensinam, equivocadamente, os chamados “panteístas”, aqueles que confundem Deus com a natureza, pensadores, aliás, que estão muito em voga nos nossos dias, principalmente entre os adeptos da Nova Era.

– Que Deus não Se confunde com a criação vemos logo no primeiro versículo do livro do Gênesis, que nos informa que “no princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn.1:1).

Ao assim descrever o processo da criação, as Escrituras mostram que Deus é distinto dos “céus e a terra”, ou seja, da criação, seja dos seres celestiais, seja dos seres terrenos. Céus e terra tiveram princípio, mas Deus já era desde sempre. Céus e terra foram criados, Deus é o Criador.

– Como Deus não Se confunde com a Sua criação, temos que Deus e a criação se relacionam entre si, e, neste relacionamento, verificamos algumas qualidades divinas, que nos são também reveladas.

– A primeira dessas qualidades é a onipotência.

No relato da criação, vemos que Deus do nada fez tudo, algo que ninguém jamais poderia nem poderá fazer.

Deus tem todo o poder, daí porque um de Seus nomes é “Todo-Poderoso” (El Shadai- Gn.17:1; 28:3; Jó 5:17; 6:4,14), nome, aliás, que é abundante no livro de Jó, considerado o mais antigo livro das Escrituras, e que um título divino característico da época dos patriarcas.

– A onipotência de Deus ensina-nos que Ele tem todo o poder, ou seja, não existe ser mais poderoso do que Ele. Daí porque ter o Senhor, por boca do profeta Isaías, ter afirmado: “operando eu, quem impedirá?” (Is.43:13 “in fine”) ou ter o apóstolo Paulo, ao verificar esta verdade bíblica, ter indagado:

Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm.8:31), bem como o apóstolo João ter ressaltado que “Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo.” (I Jo.4:4).

A onipotência de Deus ensina-nos que todo o poder pertence a Deus (Sl.62:11). Um dos graves equívocos do ser humano é tentar construir estruturas de poder fora de Deus. Em Babel, a rebeldia se iniciou quando Ninrode começou a irrogar o poder para si (Gn.10:8).

 O orgulho, a soberba e a arrogância do homem, que o levam a se achar poderoso e a querer a glória para si, ao invés de reconhecer a onipotência de Deus e a glória que só a Ele é devida, tem sido a principal causa de derrota e fracasso na vida de tantas pessoas.

Que Deus nos guarde de assim agirmos, correndo o risco de virarmos animais (Dn.4:30-37), como Nabucodonosor ou sermos comidos de bicho como Herodes (At.12:21-23).

– A segunda dessas qualidades é a onisciência.

Deus conhece e sabe todas as coisas (Sl.139:1-6; I Jo.3:20), nada se Lhe pode ocultar (Sl.38:9; 139:15,23,24; Mt.6:6).

Porque Deus sabe todas as coisas, é ele a fonte de toda a ciência, conhecimento e sabedoria, razão pela qual jamais as manifestações do conhecimento humano, quando verdadeiras, se chocarão com a Palavra de Deus, pois Deus é o próprio autor do conhecimento, da ciência e da sabedoria.

– A onisciência de Deus, aliada à Sua eternidade, faz-nos conceber a presciência de Deus, ou seja, Deus já sabe, de antemão, o que irá acontecer, porque, para Deus, não há tempo, sempre é presente, um eterno presente.

Assim, Deus conhece o futuro, pois, para Ele, passado, presente e futuro são uma só coisa. Por isso, pode nos revelar, como nos revelou, as coisas que ainda iriam acontecer, na dimensão dos homens.

– A onisciência de Deus traz-nos a necessidade de termos um comportamento distinto dos homens que não conhecem a Deus.

Como Deus sabe todas as coisas e conhece tanto o passado, quanto o presente e o futuro, algo que não temos sequer condição de saber, pois nem sempre avaliamos bem o passado (e a memória pode trair-nos, fazendo-nos esquecer aspectos importantes e relevantes deste passado), muitas vezes ficamos atônitos com relação ao presente, sem saber o que fazer e o futuro a nós escapa totalmente, precisamos confiar nEle e, nas adversidades e momentos difíceis da vida, lembrar que Deus, e só Ele, sabe todas as coisas.

Se bem avaliarmos a onisciência divina, certamente que poderemos marchar na dura caminhada pelo deserto desta vida certos de que, onde quer que as circunstâncias nos levem, a direção e orientação parte de quem sabe todas as coisas e que prometeu que somente nos daria o melhor (Rm.8:27-30).

– A terceira qualidade ressaltada pelas Escrituras no relacionamento entre Deus e as Suas criaturas é a onipresença. Deus está presente em todos os lugares, ao mesmo tempo. “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? Diz o Senhor. Porventura não encho Eu os céus e a terra? Diz o Senhor” (Jr.23:24).

– Deus está presente em todos os lugares, ao mesmo tempo. Esta presença de Deus é total, pois, como diz a referência que transcrevemos, Ele enche os céus e a terra.

Na verdade, como afirmou Salomão na oração que fez para a dedicação do templo, nem mesmo os céus e a terra O podem conter (IRs.8:27).

– Esta presença de Deus, porém, não se dá com o mesmo propósito. Deus está presente em todos os lugares, ao mesmo tempo, mas com diferentes propósitos e finalidades.

Assim, por exemplo, Sua presença em Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, assim como no mundo antediluviano, tinha como propósito a verificação do abuso dos limites do pecado, com a determinação de destruição daqueles impenitentes.

Já no que se refere ao povo de Israel, como testemunhou Moisés, a presença de Deus tinha o propósito de fazer o povo descansar (Ex.33:14). A presença de Deus é sempre uma bênção para aquele que dirige os seus caminhos segundo a vontade do Senhor (II Rs.3:14; 5:16; 13:23; II Cr.27:6).

Seu objetivo, ao mostrar a Sua presença, é mostrar a Sua força aos Seus servos (II Cr.16:9) bem como criar oportunidades para que os que não O conhecem, venham a fazê-lo (At.17:27; Rm.10:6-8).

– A quarta qualidade ressaltada nas Escrituras no relacionamento entre Deus e Suas criaturas é a Sua fidelidade.

Deus é fiel (Dt.7:9; Is.49:7; I Co.1:9; 10:13; I Ts.5:2; II Ts.3:3; I Pe.4:19; I Jo.1:9; Ap.19:11). A fidelidade de Deus garante-nos que Ele cumpre todos os compromissos assumidos com o homem, que é leal em seus pactos e alianças.

Ele vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12). Se o homem falhar, Ele permanece fiel, porque não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13).

– A quinta qualidade divina em relação a Sua criação é o amor.

Deus é amor (I Jo.4:8 “in fine”) e, por isso, Suas ações em relação ao homem sempre foram de amor. Todo o plano da salvação do homem é

decorrência deste amor sem igual, sem qualquer comparação (Jo.3:16). O amor divino não é apenas um sentimento, mas um sentimento acompanhado de ações concretas e atitudes reais. Por isso, ao amar o mundo, enviou o Filho para que pudéssemos ter a vida eterna.

Por isso, o Filho Se humanizou e morreu em nosso lugar. Por isso, Deus Se fez carne e preço para o pagamento dos nossos pecados e a nossa redenção. Isto é o verdadeiro amor, um amor de gestos, de atitudes, não de palavras ou sentimentos que não ultrapassam o campo das emoções (I Jo.3:18,19).

– A sexta qualidade divina em relação a Sua criação é a justiça.

Deus não somente é amor, mas, também, é justiça.

Como já dissemos, uma das maneiras de Deus Se revelar ao homem é por intermédio da consciência, este tribunal que Deus pôs em cada um de nós para nos dizer o que é o certo e o que é o errado, o que é o bem e o que é o mal.

Ora, ao estipular o que é o certo e o que é o errado, Deus, também, determinou o que é o justo e o que é o injusto e, como Ser Supremo, assumiu a única posição que Lhe cabe, qual seja, a de justo juiz (Sl.9:8; 50:6; Jr.11:20; II Tm.4:8). Deus é justiça, ou seja, tem de dar a cada um o que é seu (Gn.18:25; Jó 8:3;Sl.31:1; 35:24).

– Muitos não conseguem entender como Deus pode ser amor e justiça ao mesmo tempo, porque, equivocadamente, acham que ter amor é “ser bonzinho”, é perdoar sempre e invariavelmente, sem jamais aplicar um castigo ou uma penalidade e, muito menos, lançar uma condenação eterna.

Para estes, se Deus é amor, todos serão salvos ao final, todos alcançarão a bem-aventurança de viver eternamente ao lado do Senhor.

Entretanto, não é isto que nos mostra a Bíblia Sagrada. Deus é amor, e isto provou ao pagar o preço dos nossos pecados, humanizando-Se, morrendo por nós.

No entanto, exatamente porque tomou esta atitude radical, a de Se fazer homem para nos salvar, é que, por justiça, deve condenar a tantos quantos se neguem a obedecer-Lhe e a desfrutarem deste amor.

– Deus, Que não muda, afirmara que, em dando o livre-arbítrio ao homem, faria com que este respondesse pelos seus atos.

Assim, todos quantos recusarem o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário terão de responder perante o justo juiz, que tem levado adiante a Sua misericórdia e a Sua verdade.

Tendo vindo morrer por nós, tendo levantado um povo para pregar esta boa-nova e tendo enviado a Pessoa do Espírito Santo para convencer os pecadores, Deus mostra que a Sua iniciativa é de amor, que adiante d’Ele vão a misericórdia e a verdade.

No entanto, dias chegarão, e estão muito próximos, em que esta oportunidade se findará e em que chegará o momento do acerto de contas, o instante do juízo e da justiça, em que cada um responderá pela opção que fez.

Misericórdia e verdade foram à frente, mas a base do trono de Deus é de justiça e de juízo (Sl.89:14; 96:13). Aproveitemos, enquanto é tempo, o ano aceitável do Senhor, antes que chegue o dia da vingança do nosso Deus!

– A sétima qualidade de Deus em relação à Sua criação é a verdade.

Deus é a verdade (Dt.32:4; Jr.10:10). “Verdade”, em hebraico, é “emunah”, cujo significado é o de garantia futura de imutabilidade, de invariabilidade.

Ao Se afirmar como a Verdade, Deus mostra aos seres criados que Ele não muda e que o que prometeu, fará. Temos, assim, na Verdade, a demonstração, a um só tempo, da imutabilidade e da fidelidade divinas.

Ora, a máxima demonstração da verdade para o homem está na Bíblia Sagrada, na Palavra de Deus, que é a verdade (Jo.17:17).

As Escrituras são a suprema garantia que Deus dá ao homem de que é um ser verdadeiro. Por ser a Verdade, Deus abomina a mentira e só é mentiroso aquele que se apartou do Senhor.

Daí porque o primeiro ser a se apartar d’Ele, ou seja, o diabo, ser chamado de o pai da mentira, precisamente porque não há verdade nele (Jo.8:44).

IV – AS LIMITAÇÕES DE DEUS

– Ao vermos quão maravilhosos e esplêndidos são os atributos de Deus, parece-nos ser um contrassenso falarmos nas limitações de Deus. Poderia, por um acaso, Deus ter limitações, Ele que é onipresente, onisciente e onipotente?

– A onipresença, onisciência e onipotência de Deus são atributos de Deus em relação à Sua criação, como vimos no tópico anterior. São qualidades que se mostram aos seres criados dotados de consciência e moralidade (os homens e os anjos), que os levam a adorar e a servir ao Senhor.

No entanto, tais qualidades, em momento algum, podem entrar em contradição com a natureza intrínseca de Deus, ou seja, com o Seu Ser tomado em Si mesmo, não em relação com a criação.

Neste aspecto, vemos que jamais o relacionamento de Deus com a criação poderá ferir as Suas qualidades essenciais, os Seus atributos que existem independentemente da existência da Criação.

– Desta maneira, quando dizemos que Deus é onipotente, ou seja, pode fazer todas as coisas, evidentemente não estamos a dizer que Ele possa pecar.

Muito pelo contrário, por sabermos que Deus é santo, ou seja, um Ser que não pode jamais pecar, compreendemos que a onipotência não envolve a possibilidade de pecar, pois a onipotência tem a ver com os seres criados, não com o próprio Deus em Si mesmo(Sl.145:17).

Tanto é assim que é a própria Bíblia quem nos diz que Deus não pode mentir (Hb.6:18; Nm.23:19; Tt.1:2), já que Ele próprio é a verdade.

– Em sendo Deus eterno, a própria autoexistência, Deus também não pode negar-Se a Si mesmo. Ele é o que é, como, pois, negaria a Si mesmo? Daí porque as Escrituras indicarem que Deus não pode negar-Se a Si mesmo, é algo impossível (II Tm.2:13).

– Como Deus é justiça, tem-se que Ele jamais pode fazer injustiça, jamais poderá perverter o direito, vez que a injustiça é algo que é totalmente contrário à natureza divina, pois o Deus que tudo pode (Jó 42:2), faz porém tudo que Lhe apraz (Sl.115:3). Assim, Deus não pode ser injusto, jamais pode perverter o direito (Jó 8:3; 34:12; Sl.145:7).

– Ainda dentro da justiça que é própria da natureza divina, vemos eu Deus é imparcial, não tem favoritismos nem parcialidades com os homens, não podendo, assim, fazer acepção de pessoas (II Cr.19:7; Rm.2:11).

– Ao ter criado o homem e os anjos com livre-arbítrio, Deus, por Sua soberana vontade, também lançou um limite para a ação sobre a vontade dos seres morais.

Deste modo, não pode Deus, Que não muda, alterar o Seu propósito e impedir que homens e anjos optem entre o bem e o mal, entre servi-l’O e negar-Lhe obediência.

A perdição dos pecadores não é algo que tenha sido desejado por Deus, mas, indubitavelmente, por Sua vontade, Deus não impedirá que o pecador sofra a morte eterna, vez que resolveu criar os seres morais com livre-arbítrio, propósito que é imutável, dada a Sua natureza.

– Para encerramos este assunto, devemos ter muito cuidado com a chamada “teologia aberta” ou “neoteísmo”, concepção herética que tem ingressado sutilmente no meio evangélico de uns anos para cá, segundo a qual Deus teria Se autolimitado ao criar os homens e os anjos com o livre-arbítrio e, portanto, já não saberia o que decidiríamos fazer.

Deus não saberia o futuro, não teria como saber, por exemplo, se seríamos, ou não, salvos. Trata-se, evidentemente, de uma heresia, pois Deus é onisciente, sabe todas as coisas, embora não violente o nosso livre-arbítrio, diante de Sua imutabilidade e de Seu propósito de criar seres morais.

Não queiramos saber os desígnios divinos, pois Eles estão além da nossa capacidade de raciocínio, Seus caminhos e pensamentos estão acima dos nossos caminhos e pensamentos. Não podemos, como simples vasos, querer saber o que decide e determina o oleiro (Is.45:9; Rm.9:20-24). Por isso, não queiramos saber mais do que convém (Rm12:3; I Co.8:2).

OBS: Por ocasião da tsunâmi que matou milhares de pessoas na Ásia no Ano Novo de 2005, houve até pregadores evangélicos que, chocados com o evento, chegaram mesmo a questionar a onisciência divina. Tolice que, mercê do Senhor, foi duramente combatida por muitos, o que levou alguns a recuarem de suas posições.

No mesmo ano de 2005, aliás, ficamos a saber que a tsunâmi teve, entre seus muitos efeitos, a abertura da pregação do Evangelho na província indonésia mais atingida pela catástrofe, que era totalmente fechada para o Evangelho. Quem foi que disse que nós, homens, podemos querer entender os desígnios de Deus?

V – A CRIAÇÃO DE TODAS AS COISAS

– O livro de Gênesis começa com uma elucidativa afirmação: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Tal assertiva apresenta, de imediato, importantíssimas revelações que o Senhor nos dá e que são fundamentais para que entendamos todas as Escrituras.

– A primeira lição que temos desta afirmação é de que há uma distinção entre o Criador e a Sua criação.

O primeiro versículo da Bíblia mostra claramente que existe o Criador, chamado de Deus (“’Elohim” em hebraico), e a criação, denominada de “céus e terra”.

De pronto, portanto, as Escrituras afastam o que se denomina “panteísmo”, que é o ensino de que Deus e criação se confundem, de que “tudo é Deus”, pensamento que tem encontrado guarida ultimamente entre muitos, notadamente aqueles que se dedicam ao chamado movimento ecológico radical, que está a entender a natureza como divina, voltando aos tempos idos do paganismo, das religiões politeístas da Antiguidade.

– Como afirma o pastor Lawrence Olson (1918-1992): “…As Escrituras em parte nenhuma procuram provar a existência de Deus, por se tratar de um fato que dispensa provas. Deus é supremo Autor de todo o Universo e Autor de todo este mundo maravilhoso e tudo que ele contém.

Ele o sustenta de modo harmonioso e rege sobre todos os seres inteligentes criados, angelicais ou humanos. Deus é o Dirigente bem presente, e conduz os destinos de Sua obra. Nada foi deixado ao acaso.

Antes vemos em tudo a operação da onipotência, e onisciência de Deus. Ele Se interessa nos mínimos detalhes com referência às Suas criaturas. Ele observa a morte de um passarinho e a queda do fio de cabelo da cabeça dos seus amados.…” (O plano divino através dos séculos, p.11). Deus, portanto, é apresentado como um dado, algo que dispensa qualquer comprovação.

– A segunda lição que temos desta afirmação é de que a criação é submetida ao tempo, pois o texto fala de um “princípio”, de um “começo de todas as coisas”, a nos indicar que toda a criação está submetida ao tempo, algo que seria bem demonstrado pelo físico Albert Einstein (1879-1955) na chamada “teoria da relatividade”, que transformou toda a física no século XX, a nos mostrar, aliás, que não há qualquer oposição entre a ciência e a revelação divina que se encontra na Bíblia Sagrada, revelação que é confirmada pela ciência verdadeira que, ao longo dos séculos, vai descobrindo aquilo que Deus já revelou por Sua Palavra.

– Esta segunda lição tem, também, um corolário, ou seja, uma consequência lógica, qual seja, a de que Deus está acima do tempo, não é submetido ao tempo, isto é, que Deus é eterno e somente Ele o é.

A criação foi submetida ao tempo, mas Deus, que já existia antes da Sua criação, não está sujeito ao tempo, não tendo princípio nem fim (Ap.1:8; 22:13).

Tal revelação é-nos importantíssima, porquanto, nos dias de hoje, muitos estão a querer que Deus Se submeta ao tempo e atenda aos nossos pedidos no instante em que queremos, no momento em que vivemos, esquecendo-nos de que nós estamos sujeitos ao tempo, mas jamais o Senhor, que está além do tempo.

– Uma terceira lição que apreendemos deste versículo é que Deus é único, porquanto o verbo “criou” se encontra no singular, a nos mostrar que só há um Deus, que criou todas as coisas, o que, de pronto, afasta o pensamento, desenvolvido após a corruאpção da humanidade pelo pecado, de que haveria vários deuses, como ainda creem muitas das religiões existentes na humanidade, como o hinduísmo e o xintoísmo, por exemplo. Há um único Deus (Dt.6:4).

– Uma quarta lição que aprendemos deste versículo é que, embora seja único, Deus vive uma “realidade plural”, porquanto a palavra utilizada para designar o Senhor é “’Elohim” (אלהים ), que é uma palavra no plural.

Temos aqui, logo no limiar do texto bíblico, a demonstração de que Deus tinha uma realidade plural, embora fosse um único Deus, uma indicação, ainda velada, da realidade da Triunidade Divina, algo que somente se explicitaria com o batismo de Cristo Jesus, quando, então, se revelaria que este único Deus é subsistente em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.

– Uma quinta lição que aprendemos deste versículo é que a primeira criação foram os céus, devendo-se entender “céus” não como o universo físico ou o firmamento, que serão criados posteriormente, como vemos em Gn.1:14-18, mas, sim, a criação espiritual, os céus onde iremos habitar, onde habitam os anjos, os exércitos celestiais, que são tão bem descritos por João em Ap. 4 e 5, os “céus dos céus” (Dt. 10:14), mencionados por Salomão na dedicação do templo, onde está a “habitação de Deus” (II Cr.2:6).

– Uma sexta lição que aprendemos deste versículo é que, somente depois da criação deste mundo espiritual, é que foi criada a matéria, o mundo material, o Universo físico tal qual o conhecemos (ou estamos a cada dia conhecendo).

Esta “terra” de que fala o texto significa mais do que o nosso planeta, mas deve ser entendido como sendo toda a criação material, todo o Universo vasto em que vivemos.

– Esta circunstância, aliás, é mencionada pelo próprio Deus em Seu diálogo com o patriarca Jó, quando o Senhor revela que, no momento em que criava o Universo, já estavam ali as “estrelas da alva” que, juntamente, se alegravam, cantavam e rejubilavam (Jó 38:7), a indicar, portanto, que o mundo espiritual foi criado antes do mundo material, que, primeiro, Deus criou os céus e só depois o Universo físico, a nos mostrar que o espiritual tem preponderância sobre o material.

– Uma sétima lição que aprendemos do primeiro versículo da Bíblia é a de que, no início, Deus criou duas realidades distintas: a espiritual e a material.

Somente com a criação do homem se teria um elo entre estas duas realidades, pois somente o homem seria, a um só tempo, matéria e espírito.

Enquanto os anjos eram tão somente espíritos (Hb.1:14) e o Universo físico, tão somente matéria, o homem seria uma criatura singular, tendo em si mesmo tanto matéria quanto espírito (Gn.2:7), singularidade que haveremos de estudar amiúde na próxima lição.

– Passamos, então, ao segundo versículo deste livro, que traz uma série de controvérsias e discussões. Diz o texto sagrado: “E a terra era sem forma e vazia e havia trevas sobre a face do abismo e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn.1:2).

– O presente texto suscita uma série de discussões, porquanto entendem alguns que esta “terra informe” não teria sido objeto da criação original de Deus.

Entendem alguns que a terra, isto é, o universo físico foi criado devidamente formado pelo Senhor, mas que, em virtude da rebelião de Satanás, teria ocorrido uma desordem em todo o universo, de modo que, em virtude desta desorganização, teria a Terra se tornado “informe”.

A sequência do texto de Gn.1, portanto, falaria de uma “recriação”, de uma “reorganização” da criação física, motivada pela rebelião da terça parte dos anjos.

É a chamada “teoria do intervalo”, seguida, entre outros, pelo já mencionado pastor Lawrence Olson, segundo a qual entre Gn.1:1 e Gnm.1:2 há um intervalo de tempo, desde a criação de todas as coisas e a rebelião de Satanás, que causou um caos na ordem estatuída por Deus e que teve de ser “reorganizada”.

OBS: “…Quanto ao método usado por Deus na criação, há diferença de opinião da parte de dedicados servos de Deus.

Há alguém que interpreta Gn 1.1 como sendo apenas uma declaração preliminar que antecede a narrativa da criação e que registra a maneira de transformar um mundo sem forma, num belo estado de “cosmos”, que se teria realizado através de sete longos períodos chamados “dias”.

Há outros eruditos que são de opinião que Gn 1.1 refere-se à criação original do sistema solar no longínquo passado, em estado de perfeição; e que Gn 1.2 seria uma referência a uma calamidade que sofreu a terra tornada um “caos”; e que a narrativa detalhada que se segue é a descrição dum período de “reconstrução”, de seis dias, no qual a terra foi restaurada à sua original ordem de beleza e harmonia.… (OLSON, Lawrence. op.cit., pp.14-5).

– Diz Olson a respeito desta criação original: “…A. A Criação Original, Gn 1.1. Esta passagem refere-se à criação dos céus ê da terra, isto é, ao sistema solar, no passado. Deus podia formar o universo, ou colocando em movimento certas forças que gradativamente resultaria num “cosmo” bem ordenado, ou também podia fazê-lo instantaneamente por um só mandamento do seu poder. Não vemos razão porque não foi por este meio.

Não há conflito entre a Bíblia e a ciência autêntica. Por quanto tempo a criação permaneceu neste estado de perfeição nós não sabemos porque a Bíblia não o revela.

Mas que foi um universo perfeito em todo o sentido, isso cremos, pois em Isaías 45.18 lemos: “Assim diz o Senhor que criou os céus, o único Deus, que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a fez para ser um caos, mas para ser habitada.

” Esta criação original poderia ter sido aquele “Éden, jardim de Deus” composto de um reino mineral, todo glorioso, a que se referiu Ezequiel no cap. 28.12-16, e em que Satanás o “querubim da guarda ungido” andava no brilho das pedras.

Esse paraíso mineral faz lembrar do paraíso encontrado em Ap 21 e 22 em que vemos um novo céu e uma nova terra. _ A descrição do Éden de Ezequiel 28.13 é diferente do Éden, o lar de Adão. Gn 2.8. Mas o nome é o mesmo.

Portanto, podemos concluir que o primeiro Éden pertencia a uma criação diferente, mas a terra é a mesma. Podemos concluir também que foi dessa posição exaltada que Satanás ocupava, que ele aspirou ser igual ao Altíssimo (Isaías 14.12-14), ocasião em que a grande ira de Deus contra esse anjo fez reduzir a terra original a um estado de caos absoluto, fato registrado em Gn 1.2; I Tm 3.6.

A terra se teria tornado inabitável. Satanás e suas hostes ficaram sem morada certa. Este fato serve para explicar porque ele retornou ao Éden, seu antigo lar, procurando a expulsão dos novos donos, que eram Adão e Eva, e contra os quais teve ira. Pela mesma razão tem inimizade contra a raça humana até hoje.

É a sugestão de alguns que os demônios são espíritos destituídos de corpos físicos, e que sempre o procuram (Mt 8.31), seriam os espíritos dos habitantes da terra no estado original. (Contudo, sabemos que não havia homens na terra original, pois em I Co 15.45 lemos que Adão foi o primeiro homem).…” (op.cit., pp.16-7).

– Após a rebelião de Satanás, segundo esta teoria, teria surgido a “terra caótica”, assim descrita por Olson: “…B. A terra caótica. Gn 1.2. Como já observamos em Isaías 45.18, a terra original não foi criada como um caos. Mas a terra tornou-se em caos, sendo submergida nágua. Não havia luz de espécie alguma.

Nenhuma distinção havia entre terra e céus. Nenhuma terra seca havia e nenhum firmamento que dividisse as águas. E também nenhuma vida havia mais, a não ser alguma semente no fundo do oceano.

Foi o castigo mais tremendo jamais aplicado a alguma criatura de Deus de que temos notícia. Que demonstração do poder destruidor de Deus quando tem de castigar alguém! A descrição de Gn 1.2, “a terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo…”, significa que sobre a face da terra havia só água. Luz, calor etc. não havia.

Por quanto tempo durou essa condição não sabemos, mas presumivelmente podemos colocar neste espaço de tempo todas as eras geológicas que a geologia moderna ensina, que tudo isso existia antes dos “dias” da reconstrução da terra, mencionados no cap. 1 de Gênesis.…” (op.cit., p.17).

– Outros, porém, entendem que não houve qualquer “intervalo” e que Gn.1:1 é apenas uma declaração introdutória de toda a criação, que é pormenorizada nos versículos seguintes, ou seja, a terra teria sido criada mesmo “informe” e, depois, a ela se teria dado forma consoante a sequência do texto sagrado.

É a posição, dentre outros, do pastor Ailton Muniz de Carvalho(1952- ), que entende que a expressão “terra sem forma e vazia” significa tão somente “sem aparência visual” e “sem vida”.

Eis o que diz este servo de Deus: “…Por que sem forma? – Forma, “eidos” em grego, significa sem aparência visual (…). Porventura, não poderia ser um gigantesco átomo de hidrogênio no 5º estado da matéria? Além de invisível, não tinha vida alguma, ou seja, vazia, no grego “kenos”, subentende sem conteúdo básico, inútil.

Como sabemos que não há terra sem vida, podemos entender que não devia se tratar da terra literalmente como a conhecemos. (…).

Nesta passagem [Is.45:18 – observação nossa], lemos que a Terra não foi criada vazia, ‘aquilo’[é assim que pr. Ailton designa o “átomo primordial”, a partícula que deu origem a todo o Universo físico] já estava colocado no meio da esfera, que foi, por certo, escória da criação do Universo absoluto (essa escória era de grande densidade, onde um centímetro cúbico pesava tanto que, se requisitássemos todos os meios de transporte existentes atualmente no mundo, não seriam suficientes para transportar este único centímetro cúbico) (…) [o] Átomo primordial…” (Deus e a história bíblica dos seis períodos da criação. 4.ed., pp.57-8).

VI – HOMEM: CRIATURA À IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS

– Na sequência do estudo do item 2 do Cremos, analisaremos a criação do ser humano, que é mencionado no capítulo 1 e descrito pormenorizadamente no capítulo 2 do primeiro livro do Pentateuco.

– No relato da criação, no sexto dia, Moisés afirma que, depois da criação dos mamíferos, o Senhor faz como que uma pausa e, numa expressão totalmente distinta do que até então ocorrera, afirma:

“Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra” (Gn.1:26).

– Tem-se aqui uma clara demonstração de como o homem é distinto de todos os seres que existem sobre a face da Terra. Em vez de simplesmente mandar que o homem fosse feito, como ocorrera até aqui no relato da criação, em relação ao ser humano, houve, antes, uma deliberação divina para que tal criação se fizesse, onde, aliás, mais uma vez se mostra a “realidade plural” do único Deus, pelo uso do verbo “façamos”.

– Tal distinção mostra que o ser humano, ao contrário do que se está hoje a afirmar entre alguns cientistas, não é um ser que possa ser equiparado aos demais seres vivos criados sobre a face da Terra.

Muito pelo contrário, Deus não Se limitou a falar, como fez em relação aos demais seres, para que o homem fosse criado, mas tomou a iniciativa de formar o ser humano, como fica bem descrito no capítulo 2 do livro de Gênesis.

– A propósito, é oportuno aqui observar que, no capítulo 1, há a menção da criação do homem ao término do sexto dia da criação, criação esta que é pormenorizada no capítulo 2, que é, assim, uma descrição de como a criação mencionada no capítulo 1 se deu. Isto é importante observarmos para que se tenha uma correta interpretação do texto sagrado.

– Por isso, não faz sentido algum dizer que o homem atual seria fruto da evolução de outras espécies de hominídeos, denominados de “homo erectus”, “homo neandertalenses” ou outras espécies de “pré-homens”. Já vimos, na lição anterior, que a ideia de evolução é totalmente alheia à verdade bíblica, quanto mais no que concerne à espécie humana.

Os fósseis encontrados e que “hipoteticamente” seriam provas destas espécies nada provam por si sós: ou são fósseis de seres humanos ou de outras espécies que, embora semelhantes ao homem, homens não eram, de sorte que não há qualquer evidência de que o homem atual tenha sido “evolução” de outras espécies.

A propósito, a ciência, recentemente, chegou à conclusão de que todos os homens descendem de um mesmo ancestral, que outro não é senão o primeiro casal descrito na Bíblia Sagrada.

OBS: Como afirma o pastor Ailton Muniz de Carvalho: “…Tudo isso é muito fácil de arquitetar, pois nomes são simplesmente nomes e fáceis de compor, o difícil é provar a existência dos seres aos quais os supostos grandes cientistas deram esses nomes.

Para explicar a suposta evolução do homem, os críticos materialistas usaram o mesmo processo que usaram para o cavalo. Uma longa lista de nomes que pode mais ser um malabarismo etimológico do que qualquer outra coisa analítica.

Com a ciência em pleno desenvolvimento, podemos, com o tempo, confirmar que isso tudo não passa de idealismo filosófico.…” (CARVALHO, Ailton Muniz de. Conheça-me: eu era como você, cheio de dúvidas!, p.154).

– Como afirma Júlio Minham: “…Nisto de inventar nomes, os evolucionistas são verdadeiros peritos, métodos que aplicaram não só aos animais, mas também ao homem, o que, no fim, lhes resultou em grande confusão.

Dizem que os seres evoluíram desde uma simples e microscópica ameba que depois de subir na escala geológica tornou-se um elegante símoio que poucos anos mais tarde se metamorfoseou em um homem inteligente.

‘Houve aproximadamente cento e vinte e cinco milhões de espécies sobre a superfície da terra durante o período que abrange a história da vida orgânica do planeta e, de acordo com Wassmann, a transmutação (evolucionista) de uma espécie intimamente relacionada com outra imediatamente superior ou subsequente, requereria pelo menos mil setecentos câmbios ou variações,

comumente chamadas de elos, por conseguinte, temos cento e vinte e cinco milhões de espécies multiplicadas por mil e setecentas variedades, dando-nos o resultado aterrador de duzentos e doze bilhões e quinhentos milhões de formas definidas de vida que devem ter existido para transmutar a ameba em homem’ (Dr Rimmer, ‘The Theory of Evolution’, p.70).

Que essa transmutação não é científica o prova o fato que o embrião humano passa somente por catorze períodos de mudança!

Estas poucas mudanças do embrião nos deixam ver claro que a transmutação das espécies tem quatro abismos intransponíveis, porém, os evolucionistas não se detêm por tão pouca coisa.

Os críticos sabem muito bem, e sempre o souberam, que nenhum dos símios atuais pode ser pai de um ser tão perfeito e tão inteligente como é o homem, e vendo-se diante de uma derrota fragorosa, antes de dar-se por vencidos, saíram a remexer a Terra à cata de fósseis aos quais foram dando os mais pomposos nomes (…).

Não será significativo que, desde os alvores da história, ninguém tenha visto sair das selvas um animal híbrido, meio homem e meio macaco, ou macaco-homem?

A coisa nos parece clara, se, desde tanto tempo que admitem a existência do homem a evolução não conseguiu transformar um símio em HOMO SAPIENS, é porque nunca o conseguiu! Ou será que terminou já o período da Evolução?

De maneira alguma, porque se tudo terminasse já de evoluir, conforme a teoria, não somente não deviam existir mais símios nas matas, também não deviam existir as formas inferiores de vida, todas as forma deviam ter alcançado o grau mais elevado na escala geológica.…” (As maravilhas da ciência. 5. ed., pp.68-9) (destaques originais).

– A deliberação divina era de que o homem fosse criado à imagem e semelhança de Deus, ou seja, ao contrário dos demais seres, o homem seria um “reflexo” de Deus, um ser que remeteria ao Criador de todas as coisas, um ser que “representaria” o Senhor sobre a face da Terra.

O homem foi criado para ser um “mordomo”, ou seja, um servo que tivesse a supremacia sobre toda a criação terrena, um administrador de tudo quanto Deus criou sobre a face da Terra.

– É neste sentido, portanto, que se deve entender a expressão constante em Sl.115:16, quando o salmista afirma que o Senhor deu a terra aos filhos dos homens.

Esta “doação” não implica em propriedade, mas, sim, em “administração”, pois a terra nunca deixou de pertencer a Deus (Sl.24:1).

Isto é importante observar porque a “teologia da confissão positiva” tem disseminado o falso ensino de que Deus deu a terra ao homem e o homem a entregou a Satanás que, assim, seria, atualmente, “por legalidade”, o possuidor do planeta, o que, à evidência, não corresponde à realidade bíblica.

– Esta posição singular que assumiria o ser humano na ordem da criação fá-lo distinto de todos os demais seres, não podendo, pois, ter guarida o pensamento de que o homem é apenas “mais um ser vivo” que existe sobre a Terra.

O homem foi criado para ser “imagem e semelhança de Deus” e nenhum outro ser tem esta prerrogativa, nem mesmo os anjos que, embora sejam superiores ao ser humano (Sl.8:5), não remetem ao Criador, não foram feitos à Sua imagem e semelhança.

– O homem foi feito à “imagem e semelhança de Deus” porque, em primeiro lugar, tem uma natureza tricotômica, pois é constituído de corpo, alma e espírito (Gn.2:7; I Ts.5:23).

Esta tricotomia do homem remete à Triunidade Divina, pois, assim como Deus é um só, embora seja, simultaneamente, três Pessoas, o homem também é um, embora tenha três elementos, o que nenhum outro ser vivo é.

Com efeito, os vegetais são apenas realidades físicas, enquanto os animais possuem corpo e alma (daí o nome “animal”, ou seja, aquele que é dotado de alma), alma esta, porém, que é perecível e se extingue com a vida física.

– O homem, no entanto, é tricotômico, como nos declara o texto sagrado, ao afirmar como Deus criou o ser humano. Em Gn.2:7, vemos que o homem foi formado por Deus do pó da terra e, neste pó da terra, vemos a criação do corpo humano.

A ciência, aliás, tem demonstrado que o corpo humano é formado de todas as substâncias existentes na face da Terra.

Todos os elementos químicos naturais, que se encontram na famosa Tabela Periódica, estão presentes no organismo humano, a nos mostrar que, realmente, o corpo humano é a síntese de tudo quanto há de material sobre a face da Terra.

– A palavra hebraica utilizada aqui para “formar” é “yatsar” (יצר ), cujo significado é o de “moldar”, “modelar”, “dar uma forma”.

Deus aqui, pessoalmente, encarrega-Se de dar um forma a este organismo material que seria parte deste ser singular que existiria sobre a face da Terra, um “modelo” que não era resultado de um simples pronunciar de Deus, mas de uma atividade Sua toda especial e até então não verificada na criação de todas as coisas.

– Como se não bastasse esta singularidade do homem em relação aos demais seres vivos terrenos, vemos, ainda, que Deus formou o homem do pó da terra, ou seja, não Se limitou a mandar que o homem fosse criado pelo poder da Sua Palavra, como fizera com tudo o que mais havia sido criado, a mostrar que o homem era distinto e um ser especial em relação aos demais, um ser que teria um propósito totalmente diferenciado.

– Deus não apenas formou o corpo humano do pó da terra, mas, diz-nos o texto bíblico, que também soprou em suas narinas, dando-lhe o fôlego de vida. Este “sopro” é o espírito do homem, aquele elemento que faria ligação entre Deus e o homem.

O ser humano seria o único ser vivo terreno, o único ser dotado de matéria que teria um relacionamento com o seu Criador.

– É a presença deste espírito no ser humano que explica a presença, em todo ser humano, de uma ânsia pelo contato com o seu Criador, que dá ao homem uma dimensão que vai além da matéria, uma espiritualidade que está presente em todo e qualquer homem, como atestam os cientistas sociais, que, ao analisar todo e qualquer agrupamento social, toda e qualquer civilização, constata ali uma religiosidade, uma busca de sentido da vida que vai além da realidade material, que vai além da matéria.

– Verdade é que, no embrutecimento do homem em virtude do pecado, não faltaram aqueles que, ao longo da história da humanidade, tenham tentado reduzir a realidade ao material, tenham tentado negar a existência de uma dimensão espiritual.

No entanto, ao postularem a inexistência de Deus ou de uma realidade espiritual, estão apenas a confirmar que a dimensão espiritual é e sempre será fruto da especulação humana.

– Mas não houve apenas a criação do espírito no homem. Em Gn.2:7 é dito que o homem foi feito “alma vivente”, a nos mostrar que, além do espírito, o homem também foi dotado de uma alma vivente, ou seja, de uma personalidade própria, com intelecto, sensibilidade e vontade, que o distinguia de todos os demais seres sobre a face da Terra.

Esta alma, ademais, ao contrário dos outros animais, seria “vivente”, ou seja, teria vida para sempre, seria imortal.

– Mas a imagem e semelhança de Deus não se limita à estrutura tricotômica do homem. O homem, por ser dotado de intelecto, sentimento e vontade, seria, também, a exemplo de Deus, um ser moral.

– Ao vermos o Senhor pôr o ser humano no jardim que havia formado no Éden, vemos que o homem foi dotado de capacidade de discernir entre o certo e o errado, pois lhe foi dito que não deveria comer da árvore da ciência do bem e do mal (Gn.2:16,17), a demonstrar, portanto, que tinha vontade própria, o chamado livre-arbítrio.

– Por ser dotado de vontade, de livre-arbítrio, o homem se constitui no único ser moral da face da Terra, pois, além dele, somente Deus e os anjos são seres morais, capazes de discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal.

– Não é à toa, aliás, como veremos infra, que o Senhor não só criou o mundo físico como também, por causa do homem, criou também um mundo moral, um mundo ético, tendo em vista a moralidade que faz do homem, também por este aspecto, imagem e semelhança de Deus.

Um terceiro aspecto da imagem e semelhança de Deus diz respeito ao papel de administrador que teria o homem em relação à criação terrena.

O homem foi criado para “dominar” sobre a criação terrena e, neste domínio, seria semelhante a Deus, que é o Senhor de todas as coisas.

– Um quarto aspecto da imagem e semelhança de Deus diz respeito ao fato de que o homem foi criado para trabalhar. Quando o Senhor pôs o homem no jardim do Éden, disse que ele deveria lavrá-lo e guardá-lo (Gn.2:15), ou seja, deveria ser um ser trabalhador, a exemplo do próprio Deus, que exsurge no texto bíblico trabalhando, criando os céus e a Terra. Cristo Jesus diria, ao revelar completamente a divindade, que Deus é um ser trabalhador (Jo.5:17).

– Vemos, pois, que, logo na deliberação divina para a criação do ser humano, temos aqui um ser distinto, totalmente diferente dos demais que haviam sido criados sobre a face da Terra.

– “CREMOS, professamos e ensinamos que Deus é o Supremo Ser, Criador do céu e da terra: “Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra e a fez; Ele a estabeleceu” (Is.45:18); que é o Deus Pai de nosso Senhor Jesus Cristo:

“[…]para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome” (Jo.20:31); que Ele é Espírito doador e mantenedor de toda a vida: “O Espírito de Deus me fez e a inspiração do Todo-poderoso me deu vida” (Jó 33:4); que Ele é o único Deus verdadeiro:

“E a vida eterna é esta: que conheçam a Ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a Quem enviaste” (Jo.17:3) e não há outro além d’Ele:

“Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de Mim, não há deus[…] que fora de Mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro” (Is.45:5,6). Ele é identificado na Bíblia como Deus: “Eu sou Deus, o Deus de teu pai” (Gn.46:3), Deus Altíssimo e Deus Todo-poderoso, Jeová e Senhor, além de outros nomes.

Deus é um ser pessoal, que possui atributos naturais, morais e de poder, qualidades e virtudes que Lhe são próprias.” (Início do Capítulo II – Sobre Deus da Declaração de Fé da CGADB).

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/564-licao-2-o-unico-deus-verdadeiro-e-a-criacao-i

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