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LIÇÃO Nº 3 – A LONGA SECA SOBRE ISRAEL












Os três anos e seis meses de seca sobre Israel revelaram a divindade do Senhor não só para Israel mas para o próprio profeta Elias.
INTRODUÇÃO 
– Na sequência de estudos sobre Elias e Eliseu, hoje estudaremos a seca de três anos e seis meses que foi profetizada por Elias quando de sua aparição.
– Neste período, Deus revelou-Se não só a Israel mas também ao profeta Elias como sendo o único e 
verdadeiro Deus, Aquele que tem absoluto controle sobre a natureza.
I – ELIAS ANUNCIA A SECA SOBRE ISRAEL
– Continuamos o estudo dos ministérios dos profetas Elias e Eliseu e, na presente lição, estudaremos o período de três anos e seis meses em que não choveu sobre Israel conforme o dito do profeta Elias no instante em que surgiu perante o povo de Israel e proferiu a sua palavra (I Rs.17:1).
– Conforme vimos na lição anterior, o profeta Elias apresentou-se ao rei Acabe e anunciou que não iria
chover nem cairia orvalho enquanto ele não proferisse uma nova palavra neste sentido. Em outras
palavras: o profeta anunciava que “estava fechando o céu até segunda ordem”.
– Esta afirmação de Elias não era fruto de sua simples imaginação ou vontade. Quando lemos a epístola de Tiago, somos informados de que este gesto do profeta foi efeito de um pedido seu ao Senhor. Com efeito, antes de anunciar publicamente a falta de chuva e de orvalho, o profeta havia pedido a Deus que isto fosse feito (Tg.5:17).
– Elias, ao se apresentar ao rei, disse que era alguém que estava “perante a face do Senhor”, ou seja, identificou-se como um servo de Deus, como um homem que gozava plena comunhão com o Senhor, um homem, como vimos na lição anterior, que prezava pela oração e pela meditação nas Escrituras, vivendo, com consequência disto, em “isolamento profético”, ou seja, distante de toda a apostasia espiritual que experimentava a sua nação.
– Inconformado com os rumos seguidos por Israel, o profeta, zeloso que era não só de sua vida espiritual mas do próprio povo, iniciou seu pedido a Deus para que fosse impedida a chuva e o orvalho sobre a nação, a fim de que o povo compreendesse que só o Senhor era o único e verdadeiro Deus, não passando de mentira a ideia de que a natureza era controlada por Baal, a divindade cuja adoração se tornara oficial com a vinda de Jezabel a Israel.
– O pedido do profeta, portanto, visava única e exclusivamente a glória do Senhor, tinha como objetivo fazer o povo despertar para a realidade de que 0 Senhor era o único e verdadeiro Deus, e isto, segundo pensou o profeta, seria demonstrado quando o Senhor, num gesto público, determinasse que não mais se chovesse ou caísse orvalho durante “anos”. Assim, o povo, em sua adoração a Baal, veria que não era Baal, mas, sim, o Senhor quem controlava a natureza.
– O profeta, ao fazer tal pedido, demonstrava a sua plena confiança em Deus. Sabia, tinha convicção de que o único Deus era o Senhor e que, portanto, era o Senhor e não Baal quem tinha controle sobre a natureza, sobre o ciclo das águas, criação sua que era. Tinha ele plena certeza de que todas as coisas tinham sido criadas pelo Senhor (Gn.1:1) e que os ídolos nada significavam, nada eram (I Co.8:4), pois o único Autoexistente era o Senhor, que, aliás, desta forma Se identificara para Moisés (Ex.3:14).
– Nos dias em que vivemos, não pode ser diferente. Todos os que estão em comunhão com o Senhor têm de ter esta mesma convicção, esta mesma certeza de que só o Senhor é Deus, que só Ele é a Verdade (Jr.10:10), nada significando, nada sendo tudo quanto tem sido inventado pelo homem, inclusive na falsamente chamada ciência (I Tm.6:20).
– Vivemos dias em que, a exemplo do que ocorria nos dias de Elias, em que as invencionices da mitologia fenícia adquiria ares de “verdade” para o povo de Israel, também muitas outras criações da imaginação humana têm sido adotadas pelos que cristãos se dizem ser como sendo “verdades”, apesar de serem frontalmente contrárias ao que ensina a Bíblia Sagrada, esta, sim, a única verdade absoluta existente (Jo.17:17).
– A exemplo de Elias, temos de confiar naquilo que diz o Senhor, naquilo que Ele revelou em Sua Palavra, não nos deixando abalar pelas ideologias e pensamentos trazidos por incrédulos e que têm sido, lamentavelmente, acolhidos e assumidos por muitos que cristãos se dizem ser. Deus é a verdade, Sua Palavra é a verdade e somente na verdade é que devemos confiar e crer. Lembremos do que diz o apóstolo Paulo: “Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade” (II Co.13:8).
– Assim é que, nos dias em que vivemos, há aqueles que não mais creem que Deus criou todas as coisas, influenciados que estão pela teoria evolucionista. Há, também, aqueles que já não mais creem que Deus criou homem e mulher, admitindo a existências de “outros gêneros” (não usam sequer a palavra “sexo”, que também foi abolida por estes inventores de males), assumindo assim as “histórias da carochinha” trazidas pelo movimento homossexual. Já há, mesmo, aqueles que não creem sequer na verdade, renegando a própria inspiração divina da Bíblia Sagrada, fazendo coro aos adeptos do relativismo moral e ético. Irmãos amados, sejamos como Elias, crendo e confiando única e exclusivamente no Senhor!
– Elias pediu ao Senhor que lhe fosse permitido “fechar os céus” e o Senhor o permitiu e, então, o profeta, sem qualquer titubeio, apresenta-se ao rei Acabe e anuncia que “segundo a sua palavra”, não choveria nem cairia orvalho em Israel “durante anos”.
– Nestas palavras do profeta Elias, temos algumas informações importantíssimas. A primeira é que todo o anúncio se iniciou com uma glorificação ao Senhor; “Vive o Senhor, Deus de Israel”. Ao contrário do que dizem os triunfalistas, que gostam de mostrar esta passagem como uma “prova” de que o servo de Deus tem “direitos” e “superpoderes”, o fato é que o profeta Elias surge glorificando a Deus.
– Elias faz questão de que suas primeiras palavras sejam de adoração ao Senhor, chamado por ele de “o Senhor, Deus de Israel”. Elias, assim, de pronto, rejeita a ideia de que havia mais de um deus, como estava a crer o povo israelita que adorava tanto ao Senhor quanto a Baal, além de Asera. Elias rejeitava, assim, o politeísmo e identificava ao Senhor como o único e verdadeiro Deus.
– Fosse nos dias de hoje, certamente Elias seria chamado de “intolerante” ou “fundamentalista religioso”. Com efeito, nos dias difíceis em que vivemos, dizer que Jesus é Deus, dizer que só há um Deus e que a salvação se faz somente por intermédio de Jesus Cristo soa como sendo “intolerância religiosa”, “fundamentalismo religioso”.
– No entanto, os verdadeiros servos do Senhor não podem, em absoluto, abrir mão desta verdade. Somente há salvação na pessoa bendita de Cristo Jesus. Só Jesus salva e não é senão mentira satânica dizer que “todos os caminhos levam a Deus”. Este pensamento, que é um nítido princípio da Nova Era, este movimento filosófico-religioso que prepara o caminho para o Anticristo e seu Falso Profeta, tem, infelizmente, deturpado a mentalidade de muitos que cristãos se dizem ser.
– Se aceitarmos a ideia de que pode haver salvação fora de Jesus, deixamos de ser cristãos. Se dissermos que não é importante reconhecer Jesus como Deus, também estavam a negar a fé cristã. Isto é fundamental para que nos identifiquemos como parte da Igreja, deste povo que irá morar no céu com o Senhor.
– Elias não negou o seu Senhor. Declarou, em alto e bom som, que o único e verdadeiro Deus era o Deus de Israel, era o Senhor, a quem ele dava a devida e indispensável adoração. Temos agido assim em nossa vida pública, em nossa vida social, em convívio com as demais pessoas? Pensemos nisto!
– Mas, além de dizer que o Senhor era o único Deus, Elias, ainda, confessou que estava “perante a face do Senhor”, ou seja, fez uma profissão de fé, declarou publicamente a sua comunhão com o Senhor. Não só o Senhor era o único e verdadeiro Deus, como Elias se apresentou como um servo de Deus, como um homem de Deus, o que, naquele tempo, significava também declarar ser um profeta.
– Elias apresentou-se a Acabe como um servo do Senhor, como um profeta de Deus. Isto significava, por primeiro, que Elias fez questão de dizer que estava contra a maré, “nadando contra a corrente”, “fora da moda”, pois, nos dias de Acabe, o que trazia “status”, o que contribuía para a aceitação era ser “profeta de Baal” ou “profeta de Asera”.
– Elias confessou que servia a Deus e que tinha comunhão com Ele, que não se deixara seduzir pelo poder real, que não estava entre aqueles que “estavam por cima”, que desfrutavam das benesses do rei e de sua mulher. Elias “não queria levar vantagem” com a situação.
– Elias não quis o “galardão da injustiça” como Balaão (II Pe.2:15), mas, antes, mostrou sua fidelidade para com o Senhor, mesmo que isto lhe trouxesse problemas e até risco de vida, como, aliás, acabou ocorrendo.
– Nos dias em que vivemos, poucos são os que agem como Elias. No momento em que devem declinar a sua fé em Deus, devem identificar-se como servos do Senhor, renunciando a todas as “vantagens” de se comportar como qualquer incrédulo, negam vergonhosamente o seu Senhor, preferindo sufocar a sua salvação a se manter fiel e leal ao Senhor. Será que temos agido desta maneira, amados irmãos? Será que temos nos comprometido com o mundo para não nos comprometermos com o Senhor?
– Elias poderia, muito bem, apenas declarar “Assim diz o Senhor”, como tantos profetas, mas preferiu dizer “Vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou”. Comprometeu-se com Deus, fez questão de mostrar que tinha comunhão com o Senhor, que o que fazia, fazia por orientação e direção do Senhor.
– É esta a atitude que o Senhor exige de cada um de nós. Certa feita, o Senhor Jesus disse que quem lança sua mão ao arado e olha para trás é inapto para o reino de Deus (Lc.9:62), bem como que só aquele que perseverar até o fim será salvo (Mt.24:13), pensamento que é complementado pelo escritor aos hebreus que disse que o Senhor não tem prazer naquele que recua, pois recuar é retirar-se para a perdição (Hb.10:38,39). Temos de correr com paciência a carreira que nos está proposta (Hb.12:1) até que a terminemos, como fez o apóstoloPaulo (II Tm.4:7). Temos feito isto? 
– Outro ponto importantíssimo que a declaração do profeta nos mostra é que Elias, mostrando que agia debaixo da orientação divina e não como um “supercrente”, apenas afirmou que não choveria nem cairia orvalho “durante anos”, ou seja, não estipulou o tempo da seca, sabendo apenas que seria mais de um ano, tempo mínimo necessário para se mostrar que o ciclo das estações não estava sob o controle de Baal, mas, sim, do Senhor.
– Elias sabia que Deus era o Senhor e, portanto, o tempo de duração da seca era algo que estava sob a exclusiva vontade soberana de Deus. Elias sabia, de acordo com o seu pedido, que este período tinha de ser superior a um ano, mas quanto tempo duraria não era de sua alçada, mas, sim, de Deus.
– Elias não ultrapassou os limites da soberania divina, nem poderia fazê-lo como um fiel servo do Senhor, alguém que sabe exatamente qual é o seu lugar, qual seja, o de servo. Tem-se aqui, pois, o total descabimento de se apontar a presente passagem como “prova” do pensamento triunfalista hoje tão em voga entre muitos que cristãos se dizem ser. Jamais podemos deixar Deus à nossa vontade, mas, sim, devemos sempre fazer a vontade de Deus. Lembremos disto!
– É importante observar que a declaração de Elias, muito provavelmente, não causou nenhum temor ou preocupação para o rei Acabe. Elias era um desconhecido, de aspecto estranho (seus trajes eram bem
diferentes, como dissemos na lição anterior). Ao declarar que não haveria chuva nem orvalho “durante anos”, contrariou todo o pensamento do culto a Baal, então prevalecente, de sorte que foi tido como um “louco varrido”, um inconsequente. Somente o futuro diria que o profeta havia dito a verdade…
– Pouco importa se o que diz a Igreja ao mundo parece ser “tolice”, “loucura” ou coisas desta natureza. O fato é que o que a Igreja afirma é a verdade e isto se demonstrará ao passar dos anos, ao longo da história. Não esperemos o reconhecimento ou o assentimento do mundo para que pronunciemos o que o Senhor revela em Sua Palavra. Façamos a nossa parte, que é pregar o Evangelho, que é proclamar a verdade, quer o mundo ouça ou deixe de ouvir (Ez.2:5,7; 3:11).
II – ELIAS É SUSTENTADO PELOS CORVOS
– Depois de sua intensa e abrupta declaração, o profeta Elias sai de cena. Temos aqui mais uma importante lição, qual seja, a de que, em nossas vidas, não devemos aparecer, mas, sim, fazer com que Cristo apareça em nós.
– Uma das características do servo de Deus é que ele é um instrumento para a glorificação do nome do Senhor, ou seja, vive neste mundo em função de glorificar o nome do Senhor e de fazer com que os outros homens também o façam. Foi isso que o Senhor Jesus deixou claro ao dizer que somos a luz do mundo, para que, em resplandecendo nossa luz, os homens glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus (Mt.5:16).
– Quando temos a consciência de que nossa razão de viver sobre a face da Terra é a glorificação do nome do Senhor, não queremos, em absoluto, receber qualquer glória, pois sabemos que a glória pertence única e exclusivamente ao Senhor, que não a reparte com pessoa alguma (Is.42:8).
– O Senhor Jesus, sendo Deus, ao Se fazer homem, despiu-Se de Sua glória e fez questão de afirmar que veio ao mundo única e exclusivamente para glorificar o Pai (Jo.17:4), negando-Se a receber a glória dos homens (Jo.5:41), exemplo que foi seguido pelo apóstolo Paulo (I Ts.2:6).
– Na única vez em que o Senhor Jesus, em Seu ministério terreno, deixou revelar a Sua glória, fê-lo no monte, apenas para três de Seus discípulos, tendo como uma das testemunhas o próprio profeta Elias (Mt.17:1-3; Lc.9:28-30), a comprovar, portanto, que somente verá a glória de Deus aqueles que, neste mundo, souberem glorificar ao Senhor. 
– Por isso, vemos, com tristeza, uma tendência atual nas igrejas locais à glorificação de homens, a uma busca de “reconhecimentos”, de “louvores”, o que contraria frontalmente o que estatui a Bíblia Sagrada a respeito e que temos, em Elias, um grande exemplo.
– O profeta não quis ser ter os holofotes do povo, nem tampouco demonstrar a veracidade de suas palavras que, como dissemos, não deve ter gerado credibilidade no momento em que foram proferidas. Não quis “mostrar” que estava com a verdade, que era um homem de Deus. Nada disso! O profeta simplesmente sai de cena, porque seguia a direção e orientação do Senhor.
– O Senhor mandou o profeta para o ribeiro de Querite, que estava diante do Jordão. Este ribeiro era, muito provavelmente, bem conhecido do profeta, porque ficava na região de Gileade, a região de sua origem. “…Um local proposto é o wadi Kelt, um riacho de águas revoltas que deságua no vale do Jordão. Porém, a expressão bíblica ‘fronteira ao Jordão’ parece dar a entender que esse ribeiro ficava a leste daquele lugar, bem como na própria terra nativa de Elias, Gileade. Nesse caso, o wadi Yabis, defronte de Bete-Seã, parece ser a identificação mais provável.…” (CHAMPLIN, Russell Norman. Querite: In:Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.5, p.529).
– O Senhor, portanto, manda o profeta para a mesma região de sua procedência, algo que seria impensável para quem havia sido comissionado por Deus para combater a apostasia espiritual e havia tido a permissão divina para “fechar os céus” e dizer isto diretamente ao rei.
– Entretanto, humilde e obedientemente, Elias retornou à sua região de origem, para ficar à margem de um ribeiro, em completo anonimato, longe dos “holofotes”, porque Deus assim o determinou. Temos feito isso? Temos obedecido à voz de Deus mesmo quando parece que “estamos andando para trás”?
– O propósito de Elias era tão somente o engrandecimento do nome do Senhor. Embora lhe tenha sido dada a permissão de “fechar os céus”, o profeta não se deslumbrou com isso, mas se manteve como humilde e obediente servo de Deus, fazendo a Sua vontade acima de tudo.
– O Senhor disse que Elias deveria ir para o ribeiro porque ali teria água para sua sobrevivência, o que, aliás, era algo importante, já que, diante da palavra do profeta, a água se tornaria escassa. No entanto, não nos esqueçamos, o ribeiro de Querite era um “wadi”, ou seja, um rio temporário, um rio que somente existe em algumas épocas, a época das chuvas. Ora, se haveria de parar de chover, não seria apropriado que fosse para um lugar de águas perenes? Elias, porém, não questionou ao Senhor, sabendo que Ele é o Criador de todas as coisas e poderia abastecê-lo como estava a dizer.
– É importante observar que, durante um período que a Bíblia não precisa, Elias realmente bebeu do ribeiro, mas o ribeiro foi secando pouco a pouco. Elias notava, certamente, a cada dia a diminuição do volume de água do ribeiro, mas jamais questionou o Senhor a respeito. Confiava plenamente em Deus, sabia que tinha de beber daquele ribeiro e que, apesar de ele estar diminuindo dia após dia, era ali que o Senhor tinha mandado que ele ficasse e era dali que ele deveria beber.
– A confiança de Elias era renovada diariamente, era posta à prova a cada instante, a cada momento. O ribeiro ia minguando, mas Elias não saía dali, da beira do ribeiro de Querite, porque seguia a direção e
orientação divinas, andava por fé e não por vista. Será que temos agido desta maneira, amados irmãos? Ou será que, diante da diminuição do volume das águas daquele rio temporário, já teríamos zarpado e ido para outros lugares, como à beira do Jordão, o único rio perene da Palestina?
– Assim como Elias, devemos confiar inteiramente no Senhor, apesar de as aparências indicarem que, dia após dia, não faz sentido esta nossa obediência ao Senhor. Não podemos julgar segundo as aparências, mas, sim, temos de julgar segundo a reta justiça (Jo.7:24). Temos de andar por fé e não por vista (II Co.5:17). Temos agido desta maneira, amados irmãos?
– Mas, embora já fosse um exercício de fé, retirar-se para a beira de um rio temporário, a segunda parte da ordem divina mostra muito bem como Elias era um homem obediente ao Senhor. Deus, na Sua ordem ao profeta, ainda o avisou que Ele tinha ordenado que “corvos” o sustentassem (I Rs.17:4).
– Quando a Bíblia fala em “corvo”, temos aqui a palavra hebraica “ ‘oreb” (ברע), cujo significado é mesmo de “corvo”, ou seja, um ave que, desde o início, estava associada à impureza, tanto que foi um corvo a ave que deu más notícias para Noé (Gn.8:7). O corvo é uma ave que se alimenta de carniça e, como tal, era tida na lei de Moisés como uma ave imunda (Lv.11:15).
– Ao receber a ordem para ir ao Querite, onde seria sustentado por corvos, o profeta Elias bem poderia dizer como, séculos mais tarde, disse o apóstolo Pedro: “de modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda” (At.10:14). Entretanto, o profeta não estava ali para questionar o Senhor, nem tampouco para entender a ordem dada por Deus.
– Já era um contrassenso o profeta receber uma ordem para ir a um lugar onde seria sustentado por animais e, além disso, seria sustentado por aves imundas? Como entender uma ordem dessas? Não seria melhor questionar o Senhor? Não, não e não! Elias havia dito que confiava em Deus, havia anunciado publicamente aos homens que não choveria nem cairia orvalho porque confiava em Deus e, portanto, nada tinha que fazer senão obedecer a este mesmo Deus.
– Será que temos esta mesma atitude quando o Senhor nos manda fazer coisas que, pela nossa razão, pelos nossos costumes religiosos, entendemos ser irrazoável e impertinente? Será que mostramos que confiamos em Deus ou preferimos questioná-l’O? Pensemos nisto!
– O saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012) costumava relatar uma experiência que tinha tido com o Senhor a respeito desta passagem bíblica. Intrigado e inconformado porque o Senhor mandara aves imundas sustentar Elias, o querido irmão passou tempos questionando o Senhor a respeito disto. Um certo dia, o Senhor lhe trouxe a resposta, dizendo que a ave, por certo, era impura mas o alimento dado ao profeta era limpo e cerimonialmente puro (pão e carne).
Assim como o Senhor fez com aqueles corvos, também, nos dias hodiernos, manda muitos pregarem a mensagem genuína e autêntica da Palavra, embora tais mensageiros, a exemplo dos corvos, sejam imundos aos olhos do Senhor. No final desta experiência, o Senhor repreendeu o nosso saudoso irmão, advertindo-o para que continuasse a pregar o Evangelho puro mas que se cuidasse para que não fosse mais um corvo. Temos mantido a nossa pureza ou somos corvos, aves imundas, que levam alimento puro às almas?
– Elias, mesmo sabendo que os corvos eram aves imundas, que era irrazoável pensar que seria sustentado por tais animais, não questionou o Senhor e partiu para o Querite, obedecendo a Deus. Faríamos o mesmo? Pensemos nisto!
– O profeta foi e “fez conforme a palavra do Senhor”. Que exemplo para todos nós! Não devemos questionar o Senhor, não devemos duvidar do que diz e manda, mas tão somente obedecer-Lhe. Na obediência, não só teremos o poder de Deus como desfrutaremos deste poder.
– Elias foi habitar junto ao Querite e, para sua surpresa, foi alimentado por corvos que lhe traziam pão e carne pela manhã, como também pão e carne à noite (I Rs.17:7). Como diz Russell Norman Champlin: “…Essas aves vorazes, apesar do seu grande apetite, acharam tempo para cuidar do profeta do Senhor. Nisso encontramos uma lição sobre o infalível e ilimitado suprimento de Deus. O corvo foi destacado para mostrar como Deus cuida de toda a Sua criação (Lc.12:24)…” (Corvo. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.1, p.936).
– Deus estava a mostrar ao profeta Elias que tinha o controle sobre toda a criação, a ponto de mandar aves consideradas imundas virem trazer pão e carne duas vezes ao dia ao seu profeta. Deus mostrou ter absoluto controle sobre a criação, mostrando isto duas vezes ao dia ao profeta para que, pela sua própria experiência, ele fortificasse a fé que já demonstraram no único e verdadeiro Deus de Israel.
– Ao mesmo tempo que o povo de Israel experimentava que Deus era o único e verdadeiro Senhor de toda a criação, uma vez que passou a não mais chover nem cair orvalho em todo Israel, e isto apesar dos sacrifícios que eram feitos a Baal e que, certamente, se intensificaram a partir da seca, o profeta Elias, também, era fortificado na sua fé, pois passara a experimentar, dia após dia, a Providência Divina.
– A seca era tanto para Israel, quanto para o profeta, uma ocasião não de Deus castigar o Seu povo ou maltratá-lo, mas uma oportunidade que o Senhor dava para mostrar o Seu poder e a Sua existência, como também uma demonstração inequívoca de que Baal nada era, apenas uma invenção da imaginação humana.
– Ainda hoje o Senhor usa das nossas provações, das nossas aflições para provar o Seu poder, para fortificar a nossa fé. Nada há que ocorra na vida de um servo do Senhor que não tenha um propósito de contribuir para o nosso bem (Rm.8:28) e não há bem maior para o homem do que conhecer cada vez mais o seu Deus (Os.6:3; Jo.17:21-23). Conhecimento significa, antes de mais nada, intimidade, comunhão. O desejo de Deus é que entremos em perfeita comunhão com Ele, que formemos com Ele uma unidade, a fim de que sejamos com Ele assim como as Pessoas divinas são entre Si.
– A provação de Elias era diária, pois, ao mesmo tempo em que os corvos vinham alimentá-lo duas vezes ao dia, o ribeiro ia secando. Não poderia o Deus que fazia vir pão e carne na boca dos corvos duas vezes ao dia, mandar água para o ribeiro que minguava dia após dia? Poderia, evidente que poderia, mas não era assim que Deus queria que se fizesse. Elias não questionava nem se desesperava com a diminuição de volume daquele wadi, mas, tão somente, vivia a cada dia o seu mal.
– É esta disposição que o Senhor exige de cada um de nós. Não devemos ser pessoas que sejam extremamente preocupadas com o futuro. Não devemos viver ansiosamente, com verdadeiro pavor e paúra com relação ao dia de amanhã.
– É certo que temos de ser previdentes, pois sabemos que há tanto o dia da prosperidade, quanto o dia da adversidade (Ec.7:14), mas esta previdência não pode se traduzir numa obsessão, numa tentativa de resolver todas as questões do futuro a partir de agora, como se vivêssemos independentemente de Deus.
– A grande lição que Deus estava a dar para o profeta Elias era a de que devemos depender única e exclusivamente do Senhor. Se só o Senhor é Deus, se Ele era o Criador e sustentador de todas as coisas, sendo uma loucura atribuir-se algo a Baal, o profeta deveria provar que assim pensava sabendo que Deus há de cuidar de cada um dos Seus.
– Jesus deixou-nos esta lição no sermão do monte. Mandou que olhássemos como Deus cuida e sustenta a cada criatura Sua, a começar das aves, que não plantam, não semeiam, nem segam, mas que são alimentadas dia após dia pelo Senhor. Ora, se Deus assim faz com criaturas inferiores ao homem, coroa da criação terrena, não irá também cuidar de nós?
– Infelizmente, nossa confiança em Deus é tão pequena que, apesar desta prova diária do cuidado de Deus com a Sua criação, não temos a necessária e indispensável confiança no Senhor e ficamos a correr atrás das coisas terrenas, com vistas a um futuro digno tanto nosso quanto de nossa família. No entanto, o que o Senhor nos manda é correr atrás do reino de Deus e de sua justiça, pois TODAS estas coisas nos serão acrescentadas (Mt.6:33).
– Realçamos o pronome “todas”, porque há pessoas que, inadvertidamente, dizem que “as demais coisas nos serão acrescentadas”, mas o Senhor não promete acrescentar apenas as “demais coisas”, mas, sim, “todas as coisas desta vida”. Tudo o que é há neste mundo, o comer, o beber e o vestir são apenas “acréscimos” daquilo que muito mais sublime no ser humano, que é a busca de uma vida de comunhão com o Senhor.
– Elias experimentou esta Providência Divina, foi sustentado diariamente pelo Senhor, impossibilitado que estava de trabalhar. Nem sabia que estava sendo escondido por Deus, pois o rei Acabe, quando percebeu que, realmente, a palavra do profeta estava se cumprindo, mandou que o fossem buscar em todo o mundo (cf. I Rs.18:10). Precisava o profeta desta experiência para que, fortificado na fé, pudesse ser usado por Deus para dar um grande golpe no culto a Baal em Israel.
– Tudo quanto sucede em nossas vidas é para que adquiramos a capacitação necessária para que cumpramos a vocação divina em nossas vidas. Deus não apenas chama, não apenas vocaciona, mas cria as condições para que possamos ter o necessário desenvolvimento para que cumpramos a missão a nós confiada. Por isso, não reclamemos do diminuir do volume das águas do Querite, nem com o fato de que somos sustentados dia após dia, mas simplesmente fiquemos no lugar e na forma determinados pelo Senhor, pois, assim agindo, alcançaremos a vitória e a necessária capacitação.
– Elias permaneceu à beira do Querite até que Deus o mandou sair dali. “Passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva sobre a terra” (I Rs.17:7). A palavra do profeta também o havia apanhado. Ele não estava imune da sua própria profecia.
– Elias aprendeu, então, que a palavra que havia proferido era palavra de Deus e não do homem e, como Deus não faz acepção de pessoas, nem o profeta havia escapado desta sentença. Havia parado de chover e de cair orvalho sobre a terra, conforme a palavra do profeta, e, por isso, o ribeiro se secou. Não poderia Deus deixar o ribeiro com água? Lógico que sim! Mas o Senhor queria mostrar a Elias que Ele era soberano e que todas as criaturas estavam debaixo da Sua soberania, inclusive o próprio profeta.
– Elias aprendeu que toda a criação estava sob as ordens de Deus, a ponto de corvos virem alimentá-lo, mas também aprendeu que também ele, profeta, estava debaixo das ordens divinas, tanto que a palavra que proferira se cumprira inclusive no ribeiro de Querite. 
III – ELIAS E OS SERVOS DO SENHOR SÃO GUARDADOS POR DEUS
– Depois da experiência do Querite, o Senhor ainda daria outras lições a Elias pois o mandou a Sarepta de Sidom, para ali ser sustentado por uma viúva, mas tal assunto é própria de uma lição específica, motivo pelo qual dele não falaremos aqui.
– Enquanto Elias era ensinado na “escola do Querite”, a seca avançava sobre todo Israel e até fora de Israel, pois, como vimos na lição anterior, esta seca foi inclusive mencionada por historiadores que contaram a história de Sidom e de seu rei Etbaal, como nos dá conta Flávio Josefo em suas Antiguidades Judaicas.
– Quando o rei Acabe percebeu que a palavra de Elias estava se cumprindo, mandou que o profeta fosse “caçado” em todo o mundo (I Rs.18:10), pois, certamente, queria obrigar o profeta a pedir que chovesse e caísse orvalho sobre Israel, consoante a palavra que proferira quando se apresentara ao rei.
– No entanto, Elias estava escondido por Deus e, quando Deus esconde, ninguém acha, nem mesmo o diabo, como podemos ver, por exemplo, no caso da sepultura de Moisés (Dt.34:6; Jd.9). Elias estava na sua região de origem, mas o rei não conseguiu encontrá-lo. Deus mostrou, assim, que tem o absoluto controle de todas as coisas.
– O Senhor continua a esconder o Seu povo nos dias de hoje. A Bíblia diz que nossa vida está escondida com Cristo em Deus (Cl.3:3), porque morremos para o mundo e vivemos agora para Deus.
– Elias foi escondido por Deus porque havia morrido para o mundo, havia se mantido em “isolamento profético”, ou seja, não havia se comprometido com o pecado do povo, tendo preferido ficar em comunhão com o Senhor.
– Quando também nos mantemos em comunhão com o Senhor Jesus, apartando-nos do pecado e do mundo, alcançamos também este estado e somos escondidos com Cristo em Deus. Isto não quer dizer que não podemos ser atingidos pelo mal, que não venhamos a sofrer, mas, sim, que tudo que acontecer será para o nosso bem e, de modo algum, seremos impedidos de nos manter em comunhão com o Senhor. O Senhor Jesus foi bem claro ao afirmar que ninguém pode nos arrebatar da Sua mão (Jo.10:28).
– Nada pode abalar a nossa fé em Deus, nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm.8:35-39), se estivermos com o Senhor Jesus, se estivermos em comunhão com Ele.
– Elias, depois de toda a sua experiência, e ainda antes de se apresentar ao rei, teve de ter conhecimento, através de Obadias, que havia sido mantido escondido por Deus, que havia recebido um livramento de que não tinha tido a menor consciência durante os dias em que esteve tanto à beira do Querite, quanto em Sarepta de Sidom.
– Devemos, amados irmãos, observar que isto ainda ocorre em nossos dias. Não temos conhecimento dos muitos livramentos que o Senhor nos dá, impedindo que o nosso inimigo nos atinja, quando estamos a fazer a vontade de Deus em nossas vidas. Alguma coisa o Senhor nos faz saber, mas muito do que Ele faz somente na eternidade teremos conhecimento, se é que conheceremos algum dia. Por isso, sejamos sempre gratos ao Senhor pelos muitos benefícios que nos tem feito.
– Mas, ao mesmo tempo em que Acabe mandou procurar Elias, ao notar que a profecia dele estava se cumprindo, o rei não titubeou em fazer a vontade de Jezabel, que quis destruir os profetas do Senhor (I Rs.18:4).
– Diante da constatação de que a palavra de Elias estava se cumprindo, em vez de se humilhar e reconhecer que o Senhor, e só Ele, era Deus, Acabe e Jezabel preferiram destruir os profetas do Senhor. Sabedores de que Elias era ligado às escolas dos profetas, iniciou-se a perseguição contra os fiéis e denodados servos do Senhor que ainda existiam em Israel.
– A apostasia espiritual sempre traz consigo a perseguição aos genuínos e autênticos servos do Senhor. A simples presença de um servo de Deus incomoda aqueles que se desviaram espiritualmente, incomoda aqueles que creem na mentira em vez de crer na verdade e, por isso, até porque tais pessoas são instrumentos do diabo, cujo papel é matar, roubar e destruir (Jo.10:10), não demora muito para que os servos de Deus sejam perseguidos e mortos.
– No entanto, Elias, que de tudo estava alheio durante o período da seca, fica também sabendo, por intermédio de Obadias, que Deus não só o protegeu, mas também a cem profetas, sustentando-os em duas covas com pão e água durante todo o período da estiagem.
– Elias deve ter se impressionado, pois Obadias era nem mais nem menos que o próprio mordomo do rei (I Rs.18:3), pessoa que exercia cargo de confiança e que estava no próprio palácio real, mas que, mesmo assim, sem que fosse descoberto conseguiu alimentar cem homens durante o período da estiagem com pão e água.
– Para Elias, Deus usou de corvos e de um ribeiro; para os demais profetas, usou do próprio mordomo do rei. Que Deus maravilhoso, que Deus soberano, que Deus que age e ninguém pode impedir (Is.43:13 “in fine”)! O Deus de Elias é o nosso Deus!
– Vemos aqui, aliás, como não era o distanciamento físico de Elias que o tornava um homem de Deus, um servo obediente do Senhor. Obadias estava em pleno palácio de Acabe e de Jezabel, ocupava uma importante posição na corte, mas, nem por isso, deixou-se contaminar com o culto a Baal e com a apostasia espiritual, sendo, a um só tempo, “mordomo do rei” e um homem que “temia muito ao Senhor”.
– Não podemos, pois, justificar nossos fracassos espirituais querendo pôr a culpa no meio em que vivemos. Não adianta querer nos enganar com argumentos para explicar e querer que seja compreendida nossa mediocridade espiritual. Certamente não havia lugar mais difícil de se servir a Deus do que o palácio de Acabe e de Jezabel naqueles dias e, mesmo assim, Obadias é apontado como um servo que muito temia ao Senhor. Por isso, amados irmãos, sejamos fiéis ao Senhor, sejamos leais à Sua Palavra, deixando de tentar justificar nossas fraquezas pelo ambiente em que o Senhor nos colocou.
IV – O POVO DE ISRAEL PASSA FOME DURANTE A LONGA SECA
– Enquanto Elias e os cem profetas haviam sido devidamente sustentados pelo Senhor durante o período da estiagem, a Bíblia diz que “a fome era extrema em Samaria” (I Rs.18:2 “in fine”).
– O povo de Israel não teve a mesma sorte dos profetas. Sobre eles, a seca significou fome e sede. Perto do final dos três anos e meio, nem mesmo os animais do rei tinham erva para se alimentar, de modo que Acabe e Obadias estavam à procura do que pudesse sustentar os cavalos e mulas do rei (I Rs.18:4).
– Os ribeiros temporários, a exemplo do Querite, tinham secado e as fontes de água já estavam a rarear. A penúria era extrema, pois três anos e seis meses não chovia sobre Israel (cf. Lc.4:25; Tg.5:17). A situação, diz-nos o Senhor Jesus, era de “grande fome”.
– Por que Deus deixou o povo de Israel passar esta situação? Seria Ele um Deus cruel e sanguinário, despido de misericórdia? Não, não e não! A seca tinha um propósito pedagógico e, pelas mesmas razões pelas quais Deus sustentou Seus profetas, também fez com que o povo de Israel passasse necessidades.
– Elias e os cem profetas do Senhor precisam ser fortificados na fé, tinham de experimentar que o Senhor era o único Deus, que Ele, e não Baal, era quem fornecia a Israel o necessário sustento, quem detinha o controle sobre a natureza.
– O povo de Israel tinha de aprender a mesma coisa, mas, enquanto os profetas já sabiam disso e foram providos por Deus, de forma milagrosa, para confirmarem esta sua convicção e crença, os israelitas, por sua vez, tinham de aprender que Deus é quem controla a natureza e não, Baal, e, para tanto, como eles adoravam e faziam sacrifícios a Baal, tinham de entender que Baal nada era, que Baal nada podia fazer contra a palavra proferida por um profeta do Senhor.
– Assim, diante da atitude dos israelitas de adorarem a Baal, em vez de adorarem a Deus, não haveria outra maneira de eles saberem que Baal nada é mas que Deus era o verdadeiro “EU SOU”, senão passando fome e sede, a fim de que entendessem que os sacrifícios a Baal não tinham condão algum de trazer chuva ou orvalho sobre a face da Terra.
– Enquanto que para os profetas do Senhor, o sustento diário confirmava o que eles já criam, ou seja, que Deus é o Criador e sustentador de Sua criação, para os israelitas, era fundamental eles terem a experiência de que Baal não era o fornecedor de prosperidade como estavam a acreditar.
– Na mitologia fenícia, Baal tinha como inimigo a morte, ou seja, era o deus vinculado à vida. Segundo as crenças em voga, Baal seria morto na época em que as chuvas cessavam, mas os amigos de Baal ( o Sol, adorado como deus Shapsh e Asera, mãe de Baal, a deusa da fertilidade) conseguiam devolver-lhe a vida e a terra florescia novamente em virtude da cópula entre Baal e Asera. Para desmistificar esta crença, portanto, era indispensável que, durante mais de um ano, as chuvas não viessem, para mostrar que era mentira que Baal as trazia, mas, sim, que elas eram fruto da bênção do Senhor, o único e verdadeiro Deus.
– O Senhor, portanto, não agira com acepção de pessoas, não privilegiara Seus profetas em detrimento dos demais israelitas, mas estava a tratar com todos, de forma a que todos pudessem entender quem era Deus e que Ele tinha o controle sobre toda a natureza, que Ele era o Criador e sustentador de todas as coisas.
– Apesar de toda a demonstração que o povo tivera de que Baal não era deus coisa nenhuma, que não tinha qualquer controle sobre as chuvas e de que a palavra de Elias estava a prevalecer, sem chuva nem orvalho desde sua declaração, o fato é que ainda o povo ficou a vacilar, ficando em dúvida se Deus e Baal coexistiriam ou se somente o Senhor era Deus (I Rs.18:21).
– Vemos, pois, que toda esta “grande fome” não tinha sido ainda suficiente para que o povo compreendesse que só o Senhor era Deus e que Baal nada era, apenas fruto da imaginação humana. Notamos, portanto, que Deus não agiu de modo despropositado ou “além da conta” ao mandar a fome extrema sobre Israel com a longa seca.
– Outra observação que devemos fazer é que, durante a longa seca, Elias foi tratado como “o perturbador de Israel” (I Rs.18:17). Apesar de toda a eloquente demonstração de que o profeta era um profeta do Senhor, tanto que sua palavra estava se cumprindo (cf. Dt.18:21,22) e de que Baal nada significava, pois, por três anos e seis meses não chovia nem caía orvalho sobre a terra, foi muito mais fácil para Acabe e Jezabel espalharem a notícia de que Elias era “o perturbador de Israel”, o responsável por todas as mazelas que estavam acontecendo.
– Nos dias hodiernos não é diferente. Os servos de Deus, em virtude sua maneira piedosa de viver, são também acusados de serem “perturbadores” do mundo atual, de serem os responsáveis pelas inúmeras calamidades que assolam o mundo. Assim, se há guerras, é por causa da “intolerância religiosa”; se há pobreza, é por causa da “intolerância religiosa”; se há infelicidade, é por causa da “intolerância religiosa”.
– Não nos cansamos de ver na mídia centenas e centenas de “estudiosos” que, de uma forma ou de outra, procuram incriminar os “valores judaico-cristãos” como sendo os responsáveis por todas as mazelas que existem na humanidade, defendendo, por isso mesmo, “uma nova era”, uma “era pós-cristã” onde seja “aniquilada a intolerância e o obscurantismo”.
– Contudo, nada disso é verdade. Pelo contrário, as grandes mazelas que acometem a humanidade estão relacionadas com a prática do pecado e a recusa de os homens crerem em Cristo Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Retirado o pecado, o que somente se dá quando cremos em Jesus Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador de nossas vidas, teremos o fim de toda a sorte de infelicidades, injustiças e maldades que assolam este nosso mundo.
– Por isso, bem agiu Elias ao afirmar a Acabe que não era ele, mas, sim, o rei o “perturbador de Israel”: “Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do Senhor, e seguistes a Baalim” (I Rs.18:18).
– Nós temos de ter este mesmo comportamento que teve Elias, qual seja, o de denunciar o pecado e mostrar aos pecadores a razão de suas infelicidades, angústias e tristezas. Devemos ter a coragem de confrontar os pecadores com a Palavra de Deus e lhes mostrar que é a prática do pecado que denigre e corrompe não só a pessoa humana, mas a sociedade como um todo. Temos feito isto?
V – APLICAÇÕES BÍBLICAS DA LONGA SECA SOBRE ISRAEL
– Por fim, cumpre-nos apenas indicar aqui duas aplicações bíblicas a respeito deste período de estiagem que ocorreu sobre Israel, período este que, não por acaso, atingiu três anos e seis meses (Lc.4:25; Tg.5:17).
– Conforme dissemos anteriormente, para que o Senhor mostrasse que Baal não era Deus, era mister que a seca durasse mais de um ano e, por isso, o profeta Elias proferiu sua mensagem dizendo que a estiagem duraria “anos” (I Rs.17:1).
– Todavia, o Senhor, que nada fez sem propósito (Ec.3:1), estabeleceu que seca duraria três anos e seis meses para que este período fosse uma figura de dois outros períodos em que Deus revelaria todo o Seu controle sobre a natureza não só para Israel mas para todas as nações, períodos estes, entretanto, que também teriam como resposta por parte dos homens a vacilação e, mesmo, a rejeição do Senhor.
– O primeiro destes períodos é o ministério terreno de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que também durou mais de três anos. Neste período, em que Jesus foi ungido com o Espírito Santo e com virtude, fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo (At.10:36), os Seus não O receberam (Jo.1:11), preferindo um assassino a Jesus chamado o Cristo (Mt.27:17).
– Apesar de todos os sinais e maravilhas apresentados, apesar de todo o poder demonstrado, o povo de Israel rejeitou o Messias, achou-O um “perturbador de Israel” e o matou na cruz do Calvário. Mantiveram-se na fome e na sede espirituais, apesar de toda a Providência Divina.
– O segundo destes períodos é a primeira metade da Grande Tribulação, que também terá três anos e seis meses. Neste período, Deus irá contender com o Seu povo, mostrando, através dos seis selos mencionados no livro do Apocalipse, que o Anticristo é um falso Messias, não é deus. No entanto, apesar de todas as evidências, os judeus aceitarão o seu falso testemunho (cf. Jo.5:43) e com ele firmarão um pacto, que será rompido somente ao final do período, quando o Anticristo profanar o templo reconstruído com sua aquiescência e apoio (cf. Dn.9:27).
– Também aqui, apesar de toda a demonstração do poder de Deus, inclusive através de dois profetas (as “duas testemunhas” do capítulo 11 de Apocalipse, um dos quais alguns estudiosos da Bíblia entendem ser o próprio Elias), a maior parte dos judeus se manterão em fome e sede espirituais, confiando no falso deus, no falso messias e não no único e verdadeiro Deus.
– Esta dureza de cerviz do povo de Israel não é motivo para que nós o recriminemos ou nos arroguemos uma justiça superior à dos israelitas. Na verdade, muitos de nós estão a agir de igual modo e com uma agravante. Os israelitas, com exceção dos profetas, não tinham o Espírito Santo neles, agiam mediante a intermediação dos profetas e dos sacerdotes e, durante o período da longa seca, era praticamente impossível consultar um profeta, perseguidos como estavam, escondidos como estavam por Deus.
– Nos dias hodiernos, porém, temos o Espírito Santo em nós (Jo.14:17) e, mesmo assim, tendo sido iluminados pelo Senhor ao aceitar o Evangelho (cf. Hb.6:4), muitos estão a seguir o caminho da apostasia espiritual, a se deixar envolver pelos “cultos a Baal” de nossos dias, a se misturar com o mundo e sua mentalidade pecaminosa.
– Tomemos, pois, cuidado, pois, se assim agirmos, estaremos em situação muito pior da dos israelitas dos dias de Elias, mantendo-nos numa situação de fome e sede espirituais, sem que tenhamos sequer a desculpa de que não pudemos encontrar homens de Deus que nos orientassem ou a quem podíamos consultar. Por isso, amados irmãos, tomemos muito cuidado, pois tudo o que foi escrito para nosso ensino foi escrito (Rm.15:4), a fim de que não venhamos a ter um juízo muito mais rigoroso que aqueles que apostataram da fé naquele tempo. Que Deus nos guarde!
Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/jovens-e-adultos



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