LIÇÃO Nº 3 – ENTRANDO NO TABERNÁCULO: O PÁTIO
O pátio do tabernáculo revela a acessibilidade de todos os homens a Deus por meio de Cristo Jesus.
INTRODUÇÃO
– Dando continuidade ao estudo tipológico do tabernáculo, analisaremos o pátio.
– O pátio do tabernáculo revela a acessibilidade de todos os homens a Deus por meio de Cristo Jesus.
I – SANTUÁRIO: LOCAL SEPARADO
– Tendo estudado os artesãos do tabernáculo, passaremos a analisar a estrutura do tabernáculo, começando pelo pátio, que é a parte descoberta do tabernáculo, acessível a todos os israelitas.
– O tabernáculo era uma construção móvel, ou seja, poderia ser deslocada, e era necessário que assim o fosse já que Israel estava se dirigindo à Terra Prometida.
No entanto, de pronto, o Senhor disse a Moisés que o tabernáculo serviria de santuário e de habitação de Deus no meio dos filhos de Israel (Ex.25:8).
– Ao afirmar que o tabernáculo seria um “santuário”, o Senhor estava a dizer a Moisés, entre outras coisas, que o tabernáculo deveria ficar separado do restante do arraial dos filhos de Israel.
Embora fosse móvel, o tabernáculo não poderia se misturar com as demais habitações dos israelitas, que, também, habitavam em tendas, já que estavam em constante deslocamento, peregrinando para Canaã.
– Ser “santuário” significa estar “separado” do restante. Como bem definiu certa feita um obreiro a quem muito estimamos, é “estar no meio, porém à parte”.
Era esta a situação do tabernáculo. Embora ele ficasse no centro do arraial dos filhos de Israel, tabernáculo não se misturava com as tendas dos israelitas (Nm.2:1,2), nem mesmo os levitas ou os sacerdotes (Nm.2:23,29,35,38).
– O tabernáculo estava no meio dos filhos de Israel, mas não se confundia com eles, pois era a “habitação de Deus” e o povo não havia entrado em perfeita comunhão com o Senhor, já que não esperara o longo sonido de buzina para subir e ali selar uma aliança de fé com o Senhor (Ex.19:13; 20:18,19).
O pecado os impedia de ter um contato direto com o Senhor e, por isso, havia a necessidade desta separação.
– Tal separação era materializada por uma cerca formada por quarenta e oito colunas e bases, com colchetes e faixas de prata, sobre os quais eram postas cortinas, cortinas estas que serão estudadas numa lição posterior (Ex.27:9-19).
– É interessante observar que, ao mesmo tempo em que havia separação, também o tabernáculo falava de comunhão.
Eis a lição de Abraão de Almeida: “…O Tabernáculo estava separado da congregação por uma cerca constituída de 60 colunas de bronze sobre os quais apoiava-se um cortinado de linho branco, de dois metros e meio de altura.
Isto fala da separação de Deus e do pecador (Ex.38:10-15,19,31; Is.59:2). O número 6 e seus múltiplos, como no caso das colunas, associam-se ao número 7, que é o número de peças do Tabernáculo.
Como o 6 relaciona-se com o homem e o 7 com Deus, temos no Tabernáculo a comunhão, ou o encontro do homem com a Divindade.…” (O tabernáculo e a Igreja, pp.14-5).
– A área descoberta em torno desta cerca era o que se denominou de “pátio”. Aliás, é este precisamente o significado da palavra emprega em Ex.27:9, “hāsēr” (ָחֵצר), que, segundo a Bíblia de Estudo PalavrasChave, é “um pátio (como rodeado por uma cerca), também uma aldeia (como similarmente cercada por muros)…” (Dicionário do Antigo Testamento, n. 2651, p.1651).
– Esta separação já nos indica que havia uma diferença entre a área que ficava do lado de dentro da cerca e a área que ficada do lado de fora da cerca.
Dentro da cerca, havia santidade, a área era santa, enquanto que, do lado de fora, a área era comum, sem quaisquer restrições.
– Observemos que não era o local onde estava o tabernáculo que tornava o ambiente santo, pois o tabernáculo era uma construção móvel, que ocupou diversos lugares, mas, sim, o que o torna santo era a determinação divina para que ali ele fosse erigido e a primeira coisa que se fazia era a colocação desta cerca, que separava o que era santo do que era profano.
– Nós somos templo do Espírito Santo (I Co.6:19). Nosso corpo é um tabernáculo (II Pe.1:13,14), pois somos morada de Deus no Espírito (Ef.2:22), pois, em nós, habita a Trindade (Jo.14:17,23).
Se assim é, também deve haver uma “cerca”, uma “separação” entre nós e o mundo, entre nós e aqueles que não creram em Cristo Jesus.
– Esta separação do tabernáculo não era uma separação que impedisse a entrada dos israelitas no tabernáculo.
A cerca não era impeditiva do acesso, não era como as cercas, portões e tantas outras coisas que impedem, nos dias de hoje, o acesso das pessoas às habitações dos cidadãos, tendo em vista o clima de altíssima insegurança que há em nosso país.
– Embora o tabernáculo fosse cercado, havia uma entrada pela qual todos os israelitas poderiam ingressar na área descoberta, na parte de dentro do tabernáculo. No pátio, havia uma entrada, que tinha uma coberta de azul, púrpura, carmesim e linho fino torcido (Ex.27:16).
– Assim, embora fosse um lugar separado dos demais, o tabernáculo não era inacessível. Não se tratava de uma área como, por exemplo, a “Cidade Proibida” dos imperadores chineses, mas de um ambiente que, embora fizesse questão de mostrar ser distinto dos demais, era de ingresso permitido a todos os filhos de Israel.
– Santidade não significa sectarismo. Muitos fazem esta confusão. Entendem que a santidade significa separação de tudo e de todos, quando, na verdade, a santidade é separação do pecado e não dos pecadores.
As cercas faziam a separação do tabernáculo com os israelitas, mostrando a distinção que deveria haver entre o Deus santo e os homens pecadores.
No entanto, Deus queria que o povo d’Ele se aproximasse e, por isso, deixava uma entrada, que não podia sequer ser fechada, pois não havia porta, precisamente para que os israelitas sempre pudessem ir à Sua presença.
– Como templos do Espírito Santo, devemos viver sempre separados do pecado. Nossos corpos não podem mais servir de “corpo do pecado” (Rm.6:6), de instrumentos de iniquidade (Rm.6:13), mas, sim, como instrumentos de justiça, à justiça para santificação (Rm.6:19).
– Por isso, vemos com imensa preocupação ensinamentos que têm se proliferado no meio daqueles que cristãos se dizem ser em que se permite a profanação deste templo do Espírito Santo, com a adoção de práticas e atitudes que são, no mínimo, embaraçosas,
quando não explicitamente pecaminosas, em nome de uma “modernidade”, de um “avanço de mentalidade”, que esquecem, porém, que somos templos do Espírito Santo e que, portanto, não podemos nos misturar com as demais “tendas”.
Não se pode utilizar o corpo para instrumento de iniquidade e, lamentavelmente, muitos o têm feito nestes últimos dias.
A existência de uma cerca separando o tabernáculo do restante do arraial dos filhos de Israel mostra bem que a separação é algo necessário.
– Entretanto, o tabernáculo não estava inacessível aos filhos de Israel, que poderiam entrar no pátio, pois havia um espaço, entre as cercas, coberta por azul, púrpura, carmesim e linho fino torcido, permitindo o acesso.
Todos os israelitas e até mesmo gentios tinham acesso ao tabernáculo. Era uma “entrada franca”.
– Isto mostra que santidade não se confunde com sectarismo. O salvo tem de estar separado do pecado, mas não dos pecadores.
O Senhor Jesus deixou claro que Seus discípulos estão no mundo embora do mundo não sejam (Jo.17:11,14), mas devem sempre estar em contato com o mundo, pois são a luz do mundo (Mt.5:14) e o sal da terra (Mt.5:13).
– A entrada sempre aberta para os israelitas ingressarem no pátio revel a prontidão divina para a salvação de todos os homens. Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4) e, por isso, convida todos à salvação, a entrar em comunhão com Ele.
– A entrada do pátio tinha uma coberta e a coberta tinha tecidos de quatro cores: azul, púrpura, carmesim e linho fino torcido.
Não é por acaso que são quatro tipos de tecido, pois o convite para a entrada no tabernáculo, para o ingresso à busca da comunhão com Deus outro não é senão o Evangelho, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego (Rm.1:16).
– O Evangelho, estas boas novas de salvação, foi-nos revelado e reduzido a escrito por quatro autores, os quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João.
Estes quatro homens foram inspirados pelo Espírito Santo para registrar a pregação, os ensinos e os milagres de Cristo Jesus, a “porta” que nos conduz a Deus (Jo.10:9).
– A coberta de quatro tecidos fala destes quatro evangelhos, cada um mostrando Jesus Cristo sob um aspecto: o azul, que é a cor do firmamento, revelando que o Senhor Jesus é o Filho de Deus, o Verbo que Se fez carne, como nos mostra o evangelho segundo João (Jo.1:1,14).
– A púrpura, cor frequentemente encontrada em vestimentas reais, mostra-nos que Cristo Jesus é o Rei de Israel, o Filho de Davi, Aquele que descende da linhagem real e que não só é o legítimo monarca de Israel como também é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, e que governará a todo o mundo durante o milênio. Este Rei é mostrado no evangelho segundo Mateus (Mt.1:1)
– O carmesim lembra-nos o sangue, que é desta cor, fala-nos, assim, de morte e sofrimento, revelando, assim, Cristo Jesus como o Servo Sofredor, aquele servo que, para fazer a vontade do Senhor, morreu em nosso lugar.
Está-se aqui diante da perspectiva apresentada pelo evangelho segundo Marcos, o Filho de Deus que tinha de pregar o evangelho do reino de Deus (Mc.1:14).
– O linho fino torcido simboliza a justiça e a santidade, ou, ainda, a justiça dos santos (Ap.19:8), mostrando, portanto, que Jesus Cristo é o Santo de Deus (Lc.1:35), o homem perfeito, que jamais pecou. É a perspectiva trazida pelo evangelho segundo Lucas.
– A entrada do tabernáculo, portanto, tinha uma cobertura que figurava o Evangelho, em suas quatro narrativas inspiradas, apresentando, assim, Cristo como a “porta” e como o acesso único possível para a comunhão com Deus.
Ninguém vem ao Pai a não ser por Jesus (Jo.14:6), não há outro nome pelo qual devamos ser salvos (At.4:12). Não é, portanto, também uma coincidência que só houvesse uma entrada para o tabernáculo.
– Portanto, amados irmãos, pregar o Evangelho é pregar a Cristo (At.8:5; I Co.1:23,24; II Co.4:5; Fp.1:15,17), é anunciar o Senhor Jesus (At.5:42), como nos mostra a entrada do tabernáculo.
Por que, então, muitos sedizentes pregadores do Evangelho estão hoje a mudar a mensagem, passando a falar do homem, em mensagens de autoajuda, quando não enfocam somente as bênçãos trazidas por Cristo, como a cura divina e a prosperidade material? Pensemos nisto!
OBS: Razão tem o Pacto de Lausanne, de 1974, quando afirma em seu item 12:
“…Pois percebemos a atividade no nosso inimigo, não somente nas falsas ideologias fora da igreja, mas também dentro dela em falsos evangelhos que torcem as Escrituras e colocam o homem no lugar de Deus.
Precisamos tanto de vigilância como de discernimento para salvaguardar o evangelho bíblico.…” Vigiemos!
– O tabernáculo era santo, onde quer que fosse erigido, tornava o lugar santo e não se misturava com os pecadores, embora estivesse sempre acessível a eles.
Assim foi o Senhor Jesus, que, embora nunca tenha pecado (Jo.8:46; Hb.4:15; 9:28), jamais se afastou dos pecadores, tanto que foi sempre criticado e censurado pelos fariseus por não ser sectaristas como eles (Mt.9:10-13; 11:19; Mc.2:13-17; Lc.5:29-32; 7:34; 15:1,2).
– Devemos imitar a Cristo (I Co.11:1), seguir-Lhe as pisadas (I Pe.2:21), de modo que nosso comportamento não pode ser diverso.
Temos de viver sem pecar mas estarmos sempre prontos a que os pecadores de nós se aproximem e possamos lhes pregar o Evangelho, lhes pregar a Cristo, para que eles também alcancem a salvação.
– Esta plena acessibilidade para o tabernáculo foi mantida quando da construção do templo.
Tanto assim é que, mesmo quando passou a predominar uma mentalidade sectarista entre os judeus, notadamente por causa do farisaísmo, não se pôde impedir o acesso dos gentios ao templo, tendo apenas se criado um “pátio dos gentios”,uma área mais externa da parte descoberta do templo, onde era permitido que os gentios frequentassem e que não poderia ser traspassada.
Paulo, aliás, foi acusado de ter permitido que um gentio ultrapasse o limite entre o “pátio dos gentios” e o restante do pátio, este só reservado aos judeus (At.21:28).
OBS: Escavações arqueológicas puderam resgatar um aviso constante de uma pedra que precisava o limite entre o “pátio dos gentios” e o pátio dos judeus no segundo templo de Jerusalém.
– Esta entrada do tabernáculo ficava sempre do lado oriental, ou seja, no leste (Ex.27:13-16), que é o lado onde nasce o sol, o lado que anuncia o começo do dia. Aqui também se tem um interessante simbolismo,
pois apresenta Cristo Jesus como o “sol da justiça e salvação” (Ml.4:2), que nasce única e exclusivamente para aqueles que temem ao Senhor, que, por causa disto, serão salvos, libertos do pecado (Jo.8:36) e justificados pela fé, dando entrada na graça de Deus (Rm.5:1,2).
– A entrada do tabernáculo era a primeira a receber os raios do sol, a anunciar o novo dia que surgia.
Em Cristo Jesus, temos o novo nascimento, novo nascimento que nos dá a visão do reino de Deus (Jo.3:3), assim como se poderia vislumbrar, no início do dia, o tabernáculo pela sua entrada, mostrando que, em Cristo, passamos das trevas para a luz (Jo.8:12; 12:46; Rm.13:12; II Co.4:6; Ef.5:8; Cl.1:13; IO Ts.5:5; I Pe.2:9).
– A entrada do tabernáculo anuncia um novo dia. O Evangelho anuncia, também, um novo tempo para o relacionamento entre Deus e os homens, o tempo do cumprimento da promessa da redenção,
o tempo da oportunidade para a reconciliação com Deus mediante o sacrifício de Cristo Jesus na cruz do Calvário (II Co.5:18,19), o tempo da novidade de vida(Rm.6:4), tornando-nos novas criaturas (II Co.5:17; Gl.6:15).
– Esta “nova criação”, este “novo dia” dá-nos também o significado de Jesus ter ressuscitado no domingo, o “primeiro dia da semana”, o dia de uma “nova semana”, um dia depois do sábado, que representa “o término da criação” (Gn.2:1,2), um importante fator que nos mostra que a guarda do sábado não pode, mesmo, estar vinculada à nova aliança firmada no sangue de Cristo.
II – O PÁTIO DO TABERNÁCULO
– O pátio, como vimos, era uma área que separava o tabernáculo do restante do arraial dos filhos de Israel. Esta separação era feita por uma cerca, cerca esta formada de colunas, bases e cortinas. Falemos aqui das colunas e bases, já que as cortinas terão uma lição específica para sua análise.
– A cerca montada para fazer separação entre o tabernáculo e o restante do arraial era “…constituída de 60 colunas de bronze, sobre as quais apoiava-se um cortinado de linho branco, de dois metros e meio de altura…” (ALMEIDA, Abraão de. O tabernáculo e a Igreja, p.14) (Ex.27:9-19).
OBS: “…Foram levantadas quarenta e oito tábuas encaixadas, sendo vinte de cada lado e oito na parte dos fundos.
Cada tábua tinha meio côvado de largura e dez côvados altura. Cada uma tinha dois encaixes, travados com travessas de madeira que passavam por argolas.…” (VINGREN, Gunnar. O tabernáculo e suas lições. Trad. de Marta Nair Manhães de Andrade. Edição digital de levitadigital, p.39).
– As colunas eram de cobre, tendo cada lado cem côvados de comprimento, o que, segundo a Versão Nova Almeida Atualizada (NAA), corresponde a quarenta e quatro metros (Ex.27:9). As colunas deveriam ter dois encaixes para que pudesse unir à outra coluna.
– As colunas mantinham a separação entre a área do tabernáculo e o arraial dos filhos de Israel. Não havia qualquer brecha entre uma área e outra.
– Isto nos fala da integridade que deve ter a nossa vida espiritual, não se podendo dar qualquer lugar ao diabo, que é o nosso inimigo (Ef.4:27).
Não podemos permitir que ocorra em nós o que ocorreu com o povo de Jerusalém que, depois de meses de cerco dos babilônios, permitiu que se abrisse brecha e isto foi fatal para os judaítas (Jr.52:7-10).
– A ausência total de espaços na cerca do tabernáculo devia-se, entre outras coisas, pelo fato de que cada coluna era unida a outra por faixas ou colchetes de prata.
Cada coluna possuía dois colchetes que a unia a outras duas colunas, de forma que todas elas estavam, em seu grupo, ligadas entre si, não permitindo qualquer espaço entre elas.
– “Faixa” aqui é a palavra hebraica “hāšāq” (ָחַשק), cujo significado é de “…apegar-se, juntar-se (…) verbo que significa estar ligado a, amar, tomar prazer em, ligar.…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento, n.2836, p.1662).
– Nota-se, portanto, que as colunas eram ligadas entre si por estas faixas, que as juntavam, através das cortinas, que eram de linho fino torcido e que, assim, representam as justiças dos santos (Ap.19:8).
Por meio da justiça, unimo-nos aos irmãos e não permitimos que o inimigo tenha lugar em nossas vidas.
– As faixas eram de prata e a prata representa e a prata é símbolo do resgate, da redenção, pois com prata é que eram resgatados os filhos primogênitos de Israel (Lv.27:3,6,16).
– Como ensina Abraão de Almeida, “…Toda a nossa firmeza, toda a nossa aparência real descansa em bases de prata — símbolo de resgate, de redenção.…” (op.cit., p.20).
A obra redentora de Cristo, o pagamento dos nossos pecados na cruz pelo Senhor Jesus é a base de toda a nossa espiritualidade e o que nos faz pertencer ao corpo de Cristo e, assim, podermos ser irmãos uns dos outros e, em união, ter a bênção e a vida para sempre (Sl.133).
– A unidade do corpo de Cristo é construída mediante a justificação que nos faz a fé em Cristo e, por meio dela, nos unimos uns aos outros, colaborando cada um com a santificação do outro, construindo, assim, uma “barreira” contra o pecado e o mundo.
Daí a grande importância de estarmos em uma comunidade, participando de uma igreja local.
– As bases das colunas, entretanto, deveriam ser de cobre ou bronze (Ex.27:17) e o cobre fala do juízo, da justiça divina.
No pátio, o metal predominante é o cobre, precisamente porque o pátio fala da necessidade de satisfação divina para que se possa entrar em comunhão com o Senhor, a problemática do pecado.
– É absolutamente necessário termos o amor fraternal, e as faixas de prata falam desta fraternidade, mas a união decorrente deste amor tem de ter por base a justiça divina, o sacrifício vicário de Cristo na cruz do Calvário, pelo qual, inclusive, se constituiu a Igreja.
– Não há como pensarmos em amor fraternal se, antes disso, não vier o arrependimento e remissão dos pecados, pelos quais nós ingressamos no corpo de Cristo, o que Paulo denomina de “batismo em um Espírito”, “in verbis”:
“Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito, porque também o corpo não é um só membro, mas muitos” (I Co.12:13,14).
– O cortinado mostra que a justiça dos santos, que se mantêm unidos pelo amor fraternal, necessariamente tem de ser baseada na satisfação da justiça divina, ocorrida pela morte de Cristo em lugar dos pecadores na cruz do Calvário.
– “Base”, em hebraico “’edhen” (ֶאֶֶד), cujo significado é de “fundamento”, que tem a mesma origem da palavra “’adhon” (ָאדון), que significa “governo”, “soberano”, a indicar que se trata de um “fundamento” que dá força, dá sustento, dá poder.
– Esta circunstância faz-nos lembrar de um conhecido corinho que diz “Não importa a Igreja que tu és se aos pés do Calvário tu estás.
Se o teu coração é igual ao meu, dai-me a mão e meu irmão serás”. Esta é precisamente a realidade expressa pela cerca que separava o tabernáculo do restante do arraial dos filhos de Israel:
somente quem tem como base de fé a morte vicária de Cristo, pode considerar-se membro da Igreja, esta geração eleita, sacerdócio real, povo adquirido (I Pe.2:9); este povo especial de Jesus, zeloso de boas obras (Tt.2:14).
– O apóstolo Paulo foi enfático ao dizer que somente é salvo quem confessa com sua boca ao Senhor Jesus e crê, em seu coração, que Deus ressuscitou Jesus dos mortos (Rm.10:9).
– Nesta afirmação do apóstolo vemos, com absoluta clareza, que não é possível alcançar-se a salvação se a pessoa não se reconhecer pecadora e digna de morte e não crer que Jesus morreu em nosso lugar e que Seu sacrifício foi aceito mediante a ressurreição.
– Daí porque a morte e ressurreição de Cristo serem fundamentais a quem se diz cristão e daí porque a base sobre as quais se fundava a cerca e seu respectivo cortinado do tabernáculo ser de cobre, que simboliza precisamente este juízo divino.
– Muitos veem o pátio como uma tipologia da primeira virtude teologal, ou seja, da disposição de vontade, do hábito que nos é transmitido pelo Espírito Santo quando cremos em Cristo Jesus e passamos a servi-l’O, a saber, a fé.
– Diz Abraão de Almeida: “…O pecador apossa-se da primeira das três maiores virtudes do cristianismo ao adentrar o átrio do Tabernáculo, representativo da inefável graça de Deus, juntamente com todas as demais divisões. O apóstolo Paulo registra que esse acesso é pela fé…” (op.cit., p.53).
– A fé vem pelo ouvir e ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17) e não é à toa que o Evangelho está retratado na cobertura da entrada do pátio. A mensagem da salvação é crer no Senhor Jesus (At.16:31), arrepender-se dos pecados e crer no Evangelho (Mc.1:15; 16:15,16).
– Ao transpor a entrada, o israelita demonstrava crer que Deus estava presente no tabernáculo e que poderia ele obter o perdão de seus pecados e entrar em comunhão com o Senhor. É um gesto indispensável, absolutamente necessário, mas que, por si só, era insuficiente.
– Ao entrar no pátio, o israelita tinha de se dirigir até o altar dos sacrifícios, que é uma das duas peças que se encontram no pátio, juntamente com a pia de cobre. Ambas as peças são de cobre (ou bronze), que falam do juízo divino, pois é isto que simboliza tal material.
– O pátio é um local descoberto, que depende da luz natural para ser visível e isto nos fala que a fé nos traz um conhecimento limitado a respeito de Deus, que necessita ser aprofundado. É só o primeiro passo, indispensável repetimos, sem o qual não se poderá ir avante, mas que não pode se limitar a isto.
– Como afirma Gunnar Vingren, “…O átrio do Tabernáculo representa todos os redimidos que não estão dentro da congregação.(…)
As analogias com a função do átrio na tenda do Testemunho são muitas: Depois de ter ouvido a Palavra de Deus e ter sido salvo, o redimido passa ao átrio onde se encontra o sacerdote, no altar das ofertas para receber o Cristo sacrificado.…” (op.cit., pp.65-6).
– Creu-se em Jesus Cristo, vai-se até o altar de sacrifícios para se obter o perdão dos pecados. Confessa-se com a boca que Jesus é o Senhor e com o coração se crê que Deus ressuscitou a Cristo dentre os mortos.
Estabelece-se a comunhão com o Senhor, mas não se pode ficar aqui no pátio. O pátio é um local de passagem, onde não se pode sequer vislumbrar as maravilhas e as riquezas espirituais, já que não se tem qualquer visão do interior da tenda da congregação da perspectiva do pátio.
– Nasceu um novo homem, porque remido foi ele pelo sangue do Cordeiro e, deste modo, pôde o salvo ver o reino de Deus (Jo.3:3). Mas se faz necessário nele entrar, por meio do nascimento da água e do Espírito (Jo.3:5).
– Se se parar pelo átrio, correr-se-á o risco de se perder a salvação, pois a semente, que é a Palavra, não precisa apenas germinar, necessário é que cresça e frutifique.
Quem para no pátio, com conhecimento limitado do Senhor, certamente morrerá, já que não suportará a angústia e a perseguição por causa da Palavra e, não tendo raiz, num ambiente de pedregais, acabará por sucumbir.
– Quantos não são hoje os que atendem ao convite da evangelização e entram pela porta, que é Cristo, recebem o perdão de seus pecados, mas não prosseguem na jornada, paralisando sua caminhada no pátio?
Pensemos nisso e lutemos para prosseguir e ajudar outros também a seguir o sua peregrinação rumo aos céus.
– Por fim, há aqueles que associam o tabernáculo ao ser humano e o pátio corresponde ao corpo, por ser a parte do tabernáculo que faz contato com o exterior do santuário, assim como o corpo faz contato com o mundo terreno.
– O pátio, também, era a parte visível do tabernáculo, assim como o corpo é a única parte visível do ser humano, já que não podemos ver seja a alma, seja o espírito dos homens.
– O pátio, como vimos, possui uma cerca que o mantém totalmente separado do arraial, o que nos mostra que o corpo, como também já visto supra, tenha de ser instrumento de justiça para santificação e não mais instrumento de iniquidade, como antes da nossa salvação em Cristo Jesus.
– No pátio, estavam o altar de sacrifícios e a pia de bronze, peças que serão estudadas em lições posteriores, a nos mostrar que o corpo é o elemento que deve ser oferecido em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, por meio do culto racional, como nos ensina o apóstolo Paulo (Rm.12:1). O nosso corpo deve ser oferecido a Deus como instrumento de justiça (Rm.6:13).
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/3882-licao-3-entrando-no-tabernaculo-o-patio-i