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LIÇÃO Nº 3 – MELQUISEDEQUE, O REI DE JUSTIÇA

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Melquisedeque é tipo de Cristo Jesus.

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo de personagens bíblicas que nos mostram como é o caráter do cristão, estudaremos Melquisedeque.

– Melquisedeque é tipo de Cristo Jesus.

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I – EM QUE CIRCUNSTÂNCIAS SURGE MELQUISEDEQUE NO RELATO BÍBLICO

– Na sequência do estudo de personagens bíblicas que nos mostram como é o caráter do cristão, estudaremos Melquisedeque, figura que é mencionada na Bíblia por apenas onze vezes (Gn.14:18;Sl.110:4; Hb.5:6,10; 6:20; 7:1,10,11,15,17,21).

– Nestas onze menções no texto sagrado, uma é histórica (Gn.14:18), outra poético-profética (Sl.110:4) e nove tipológicas, quando o escritor aos hebreus demonstra que Melquisedeque é uma figura que apontavapara Cristo Jesus, era, portanto, um tipo de Jesus Cristo, mais precisamente para o ministério sacerdotal de Nosso Senhor e Salvador.

– Bem se vê, de pronto, que são extremamente exíguas as informações bíblicas a respeito de Melquisedeque,mas a sua condição de tipo de Cristo tem muito a nos ensinar a respeito do caráter cristão.

– Tendo em vista que a menção histórica de Melquisedeque, que é única nas Escrituras, é a base de todas as outras referência, urge aqui, ainda que sucintamente, esclarecer em que circunstâncias aparece esta personagem no texto bíblico.

– Após se separar de seu sobrinho Ló, Abrão passou a viver em paz na terra de Canaã, embora fosse um peregrino, inclusive sendo protegido por Deus de uma guerra que sacudiu a região, quando os reis de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar se rebelaram contra o rei de Sinar (Gn.14:1-11).

Abrão tinha acompanhia e o consolo de Deus e vivia sua vida nesta esperança, sem se perturbar com a agitação do mundo à sua volta. Assim é o verdadeiro e sincero servo de Deus.

Estará, sim, no meio das grandes turbulências da política internacional, estará no meio das agitações que caracterizam o mundo sem Deus e devem até se intensificar, mas, apesar de todos os conflitos, manterá sua confiança em Deus e tirará destas situações tão angustiantes um motivo maior de esperança para si (Mt.24:4-8).

– Entretanto, Deus mostra toda a Sua misericórdia e Seu amor para com os homens, aproveitando-se desta situação de guerra generalizada.

Com efeito, apesar de toda a força e supremacia do exército dos reis mesopotâmicos, que ninguém e nada puderam resistir, a Bíblia dá-nos conta de que um escapou e foi ter com Abrão para lhe contar o que estava acontecendo. Com certeza, esta pessoa que escapou era alguém que tinha conhecimento de Abrão e de sua vida diferente.

Quem sabe era um servo de Ló, que, por sua insignificância e humildade, nem sequer foi notado pelos exércitos vencedores.

Era alguém que não tinha qualquer importância ou relevância e que, por isso mesmo, conseguiu escapar. Ao chegar até a tenda de Abrão, contou-lhe o que estava passando e o patriarca pôde ver nesta pessoa tão insignificante, a mão de Deus.

Por isso, devemos estar sempre atentos e vigilantes, para que possamos perceber Deus nas mínimas coisas.

O profeta Zacarias adverte-nos para não desprezarmos as coisas pequenas (Zc.4:10). Será que temos estado atentos às pequenas coisas que Deus tem nos mostrado?

Ou temos perdido ricas oportunidades de servir a Deus e de testificarmos Seu nome por conta deste desprezo das pequenas coisas?

– O fugitivo foi direto falar com Abrão, ao seu encontro, numa demonstração de que o testemunho de Abrão já era conhecido pelos povos daquela terra.

Na sua simplicidade, no seu modo pacato de vida, Abrão já se fazia conhecer dos homens, era diferente dos demais, tanto que o texto bíblico faz questão de ressaltar que o fugitivo fora ter com Abrão, o hebreu (Gn.14:13).

Todas as tradições das religiões monoteístas insistem em mostrar o patriarca como um homem diferente dos demais de seu tempo.

O texto bíblico chama-o de “hebreu”, ou seja, como descendente de Eber (Gn.12:15-17), talvez para ressaltar o fato de que Abrão era descendente de Sem e, portanto, de linhagem diversa dos moradores de Canaã, que eram descendentes de Cão (Gn.10:6-20).

Mas havia algo além disso, porquanto os reis mesopotâmicos, também, em parte, eram descendentes de Sem. Era o modo de vida diferente de Abrão, sua crença num Deus único, sua conduta diversa da dos demais habitantes da terra.

– Será que temos tido o mesmo testemunho que Abrão tinha em Canaã? Mesmo peregrino, sem residência fixa, o patriarca notabilizara-se por ser “o hebreu”, o diferente, o homem dotado de valores distintos dos demais homens.

Será que temos sido identificados, em nosso modo de viver, como um “hebreu”, ou seja, como alguém que tem uma outra esperança, que tem uma ética, um sistema de valores e de princípios diferentes dos do mundo que nos cerca?

Ou será que vivemos numa mistura, numa indistinção, que nos torne comprometidos com o mundo que está imerso no maligno (I Jo.5:19)?

Ao contrário de Ló, Abrão mantinha uma distinção, uma diferença que era notada pelos homens de seu tempo e que, certamente, será notada pelos homens de nossos dias ao avistarem um verdadeiro servo do Senhor (Mt.5:14-16).

– O fugitivo chegou até onde estava Abrão e lhe relatou tudo o que estava acontecendo e Abrão pôde ver neste gesto de escape do fugitivo um chamado de Deus para ajudar e libertar não só seu sobrinho Ló, mas todo o povo palestino. Abrão não agiu por impulso, por instinto familiar, como pode parecer à primeira vista.

Diz-nos o texto que “ouvindo Abrão que o seu irmão estava preso, armou os seus criados”. O texto mostra-nos, claramente, que Abrão primeiro ouviu o relato que se lhe deu e, em seguida, resolveu agir, armando os seus criados.

Foi algo feito na direção de Deus, com discernimento espiritual. Sim, pois, em termos de lógica humana, Abrão não teria tomado uma atitude desta natureza, pois os exércitos vencedores eram os mais poderosos de seu tempo e os criados de Abrão não eram soldados, tanto que tiveram de ser armados pelo patriarca.

Entretanto, Abrão viu a situação como uma demonstração divina de que era momento de atacar e libertar não só seu sobrinho Ló, mas todos aqueles povos.

Abrão, certamente, não poderia entender que Deus estava querendo mostrar a todos os povos palestinos a Sua grandeza, mas tinha consciência de que era do agrado de Deus que fosse efetivar a libertação de seu sobrinho.

– Neste ponto, verificamos que Abrão possuía um caráter bom, sem ressentimento nem rancor. Poderia, muito bem, ter considerado que o cativeiro de Ló era resultado de sua cobiça, de sua insolência, de sua ingratidão e, tranquilamente, ter deixado as coisas “nas mãos de Deus” ou ter aproveitado a ocasião para ministrar a seus servos sobre as “excelências da justiça divina”, sobre “o resultado da desobediência e da ganância”.

No entanto, Abrão era um verdadeiro servo de Deus e, como tal, tendo o mesmo sentimento de Deus, não tinha prazer na morte do ímpio, muito menos daquele que havia se deixado comprometer com o ímpio, embora permanecesse justo.

Assim, ao invés de se regozijar no destino triste daquelas pessoas, resolveu lutar e libertar aquelas almas. Qual tem sido nosso comportamento em situações similares? Temos nos alegrado com a derrocada dos nossos inimigos?

Temos nos regozijado com o fracasso daqueles que se comprometeram com o mundo e que, até por isso, causaram-nos danos tempos atrás? Lembremos que não é este o comportamento que se espera de um verdadeiro servo do Senhor ( Pv.24:17).

– Antes, porém, de ir para a batalha, Abrão, além de ouvir o relato do fugitivo e de ter o discernimento espiritual, tomou algumas providências altamente elucidativas para os servos de Deus que vivem em batalha contra o mal (Ef.4:10,11).

Em primeiro lugar, Abrão “armou todos os seus criados”. Não poderia o patriarca ir enfrentar os exércitos vencedores, a mais poderosa força armada de seu tempo, com os seus servos desarmados.

Entretanto, muitos servos de Deus querem enfrentar o diabo e seus anjos completamente sem qualquer preparação, sem qualquer componente da armadura de Deus ? Por isso, muitos têm fracassado e sido derrotados pelo nosso adversário.

O apóstolo Paulo é claro ao afirmar que devemos “nos revestir de toda a armadura de Deus”. Muitos pretendem enfrentar o adversário, no dia-a-dia de nossas vidas, com emoções, com sentimentalismos, com recursos humanos, quando precisamos de armas espirituais, pois nossa luta não é contra a carne nem contra o sangue.

– Abrão, também, mostra, com sua atitude de ir socorrer o seu irmão Ló, que não havia apenas chamado e considerado Ló como irmão em palavra, no momento de se evitar uma contenda (Gn.13:8), mas, também, no instante em que havia necessidade de uma ação, de uma luta.

O cristão verdadeiro não ama apenas de palavra, mas com gestos concretos. Não é apenas benigno (ou seja, tem uma índole boa, deseja sinceramente o bem do próximo), mas também é bom (faz coisas boas, age concretamente pelo bem do outro).

Tanto a benignidade quanto a bondade são qualidades do fruto do Espírito (Gl.5:22). O que notabilizou Jesus foi a sua bondade, as suas ações boas (At.10:38). O que fará com que os homens glorifiquem a Deus serão as nossas boas ações, não somente as boas intenções (Mt.5:16).

– Além de ter “armado os criados”, Abrão tomou o cuidado de somente armar os criados que eram “nascidos na sua casa”.

Pela grandeza do patrimônio e da importância que Abrão estava tendo, verificamos que, certamente, Abrão possuía servos e pessoas que para ele trabalhavam para ele temporariamente ou que a ele se agregaram, mas Abrão somente armou os criados que eram nascidos na sua casa, ou seja, aqueles que desfrutavam dos mesmos valores, princípios, da mesma crença.

Isto é importantíssimo para nós como uma lição a respeito de como a igreja local deve operar com relação à obra de evangelização, com relação ao ministério.

Com efeito, não pode armar senão os “nascidos em casa”, ou seja, aqueles que desfrutam da intimidade da comunidade, aqueles que estão sendo formados por nós.

Quanto prejuízo não tem sido causado quando entregamos os púlpitos ou a palavra em nossas igrejas a quem não é “nascido em casa”, a quem tem outra formação e outros pensamentos a respeito da Palavra e do Senhor?

Abrão teve até a ajuda de aliados, mas só armou os criados nascidos em casa. Eis porque o apóstolo Paulo, inclusive, afirma a Timóteo que não devemos chamar ao ministério os “neófitos” (I Tm.3:6), pois ainda não estão integralmente formados, não se encontram devidamente armados para estar na linha de frente da batalha.

– Foram encontrados trezentos e dezoito servos, os quais, devidamente armados, iniciaram a perseguição dos inimigos, com esforço, dedicação e determinação.

Quando a Bíblia diz que houve perseguição (Gn.14:14,15), demonstra que houve insistência, que os trezentos e dezoito servos eram determinados e, sob o comando de Abrão, não descansaram enquanto não atingiram seu objetivo, seu propósito. O servo de Deus deve ter esta determinação.

Somente assim se agradará a Deus. Jesus disse que havia consumado a obra que lhe foi dado fazer (Jo.17:4) e Paulo afirmou que prosseguia para o alvo (Fp.3:13,14), só tendo descansado quando acabou a carreira (II Tm.4:7).

Deus não tem prazer naquele que recua (Hb.10:38). Será que temos sido insistentes na obra de Deus? Será que podemos tornar realidade o que relatou o saudoso pastor Paulo Leivas Macalão no hino 149 da Harpa Cristã:

“Quando há um temporal, e a pesca corre mal, novamente no meu barco vou pescar! Pode ser que desta vez eu não tenha mais revés, pois Jesus eu levo para m’ensinar”?

– Outra lição que aprendemos neste episódio diz respeito à divisão do trabalho. Embora Abrão tenha tomado cuidado em escolher apenas servos “nascidos em casa”, não apresentou qualquer atitude centralizadora. Pelo contrário, o texto afirma que Abrão “dividiu-se contra eles de noite, ele e seus criados”.

Há necessidade de que as tarefas na luta contra o mal sejam divididas. A divisão do trabalho foi a forma escolhida por Deus na organização de Seu povo.

Moisés seguiu o sábio conselho de seu sogro e dividiu as tarefas de seu ministério com homens fiéis (Ex.18:13-27), Davi dividiu o serviço de louvor no que viria a ser o templo de Jerusalém (I Cr.23-26), Jesus estabeleceu diversos dons ministeriais e espirituais na Sua igreja (Ef.4:11-13; I Co.12).

O centralismo exacerbado não tem respaldo bíblico e muitas igrejas locais têm sofrido com este desvio doutrinário.

– Neste ponto, cabe-nos, aqui, falar a respeito dos “trezentos e dezoito servos de Abrão”, até porque esta passagem tem sido utilizada por algumas denominações evangélicas em prol da teologia da prosperidade.

Os trezentos e dezoito não trouxeram a prosperidade material para Ló e para os demais cativos. Muito pelo contrário, foram vencedores, não por causa e para que se obtivesse a prosperidade a prosperidade material nesta luta.

A retomada de todos os bens e de todas as pessoas estava relacionada com a necessidade de Deus Se revelar aos povos palestinos como o Deus Supremo, o único e verdadeiro Deus. Não se tratava de obtenção de bens materiais, mas de demonstração do poder divino sobre as circunstâncias.

Abrão não foi à luta com objetivos materialistas, muito menos seus trezentos e dezoito servos, que, aliás, nada obtiveram em termos materiais nesta luta.

Assim, não podemos concordar que esta passagem seja usada como um mote para a teologia da prosperidade.

Abrão já era próspero e a luta não aumentou, em coisa alguma, seu patrimônio. Aliás, Ló havia perdido tudo exatamente porque havia feito da prosperidade material o objetivo de sua vida justa.

– O resultado de uma luta na direção de Deus foi o da vitória completa, com a libertação dos povos palestinos, bem como de seu patrimônio. Abrão não quis qualquer despojo e sua vitória foi excepcional, pois, com um grupo de servos, venceu poderosos exércitos.

Não devemos olhar para as circunstâncias, não devemos pensar com nossos pensamentos, mas, sempre, fazermos o que é da vontade de Deus, pois a vitória é uma realidade que virá inevitavelmente, se estivermos na direção do Senhor e imbuídos do propósito de agradá-l’O e glorificá-l’O. A vitória vem, mas por nosso Senhor Jesus Cristo ( I Co.15:57).

II – LIÇÕES DA REFERÊNCIA HISTÓRICA A MELQUISEDEQUE

– Abrão havia ido livrar seu sobrinho Ló que, a exemplo de todos os moradores de Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, haviam sido levados cativos por Anrafel (que muitos entendem ter sido o famoso rei Hamurábi) e seus aliados.

– Tendo vencido a batalha, o rei de Sodoma, Bera (Cf.Gn.14:2), veio ao encontro do patriarca e de seus aliados, uma vez que, na batalha, havia fugido juntamente com o rei de Gomorra (Cf. Gn.14:10).

– Bera não foi o único a ir se encontrar com Abrão. Também o fez Melquisedeque, rei de Salém (Gn.14:18), rei que não se envolvera com o conflito armado, mas que, diz o texto sagrado, era sacerdote do Deus Altíssimo, a revelar, portanto, que, a exemplo de Abrão, também cria na existência de um Deus único.

– Temos aqui um primeiro fator de identificação entre Abrão e Melquisedeque. Ambos não se envolveram na guerra que havia ocorrido, eram homens pacíficos, homens de paz, que não tinham litígios com seus vizinhos.

Se Abrão era apenas um peregrino na terra de Canaã, Melquisedeque era rei de Salém (que é Jerusalém) e, portanto, dotado de poder político.

No entanto, Melquisedeque não foi molestado nem pelo rei de Sinar nem pelos reis das cidades da planície, prova de que era pessoa que convivia em paz com os seus confinantes.

– É elucidativo que a cidade governada por Melquisedeque se chamasse “Salém”, cujo significado é “paz”. Melquisedeque governava sobre a “cidade da paz” e fazia jus a este cargo, uma vez que era um homem pacífico, que não se envolvia em guerras.

– Assim devemos nós ser também. O apóstolo Paulo afirma que, no que depender de nós, devemos ter paz com todos (Rm.12:18).

Temos de tomar a armadura de Deus (Ef.6:13) e um dos elementos dela são os calçados para a preparação do evangelho da paz (Ef.6:15), ou seja, precisamos nos apresentar pacíficos e pacificadores com os homens para que possamos levar-lhes as boas novas da salvação em Cristo Jesus.

A propósito, os filhos de Deus, diz-nos o Senhor no sermão do monte, são pacificadores (Mt.5:9).

– Mas, além de ser rei da “cidade da paz”, Melquisedeque é rei de justiça, porquanto é este o significado do seu nome. Como sabemos, entre os orientais, o nome representava o caráter da pessoa e Melquisedeque era “rei de justiça”, ou seja, apresentava-se como um rei justo, um governante que se guiava pela justiça, pela retidão, pelas coisas certas.

– Melquisedeque, pois, nos ensina que devemos ser justos e somente o seremos se andarmos na verdade, que é a Palavra de Deus (Jo.17:17), a reta justiça (Jo.7:24).

Embora sejamos maus (Mt.7:11), o fato é que, ao crermos em Cristo Jesus, somos justificados (Rm.5:1) e, a partir de então, para mantermos esta justiça, temos de andar na verdade, que é a Palavra de Deus.

É por isso que o apóstolo João se alegrava muito quando via que seus filhos na fé andavam na verdade (II Jo.4). E o que é andar na verdade? Di-lo o próprio apóstolo do amor: andar segundo os Seus mandamentos (II Jo.6).

– Melquisedeque unia, assim, numa só pessoa, tanto a paz quanto a justiça e, neste aspecto, tipifica a Cristo Jesus, que trará ao mundo a justiça e a paz que a humanidade tanto almeja e que milênios de história não conseguiram trazer ao planeta (Sl.85:10).

– Temos, também, de ser referenciais de justiça e de retidão na sociedade onde vivemos. O Senhor Jesus foi enfático ao dizer que Seus discípulos devem exceder em justiça os escribas e fariseus se quisermos entrar no reino dos céus (Mt.5:20), ou seja, devemos realmente viver de acordo com a vontade de Deus, de acordo com a Sua Palavra e não ter uma religiosidade externa e aparente, como faziam escribas e fariseus nos dias de Jesus.

– O que mais impressiona é que Melquisedeque tinha estas características, apesar de ser descendente de Canaã (Gn.10:15-20), o filho amaldiçoado de Cão, neto de Noé (Gn.15:25) e que deu origem a uma geração extremamente perversa, a ponto de Deus ter decidido destruí-la pela intensidade de sua malignidade (Gn.15:16).

– Com efeito, quando vemos as práticas adotadas pelos cananeus, observamos a extrema perversidade que envolvia aquela gente, como a prostituição desenfreada, prostituição, inclusive, que estava na essência dos cultos idolátricos por eles seguido, o sacrifício de crianças e uma imoralidade extremamente exacerbada.

Neste ambiente tão hostil, Melquisedeque se apresentava como um homem de justiça e de paz, como um servo, um sacerdote do Deus Altíssimo.

– Da mesma maneira, nós, nestes tempos trabalhosos (II Tm.3:1), onde a iniquidade tem se multiplicado (Mt.24:12), devemos ser irrepreensíveis no meio de uma geração corrompida e perversa, resplandecendo como astros no mundo (Fp.1:15).

Será que temos nos comportado como Melquisedeque? Ou será que já estamos envolvidos com a geração perversa, de onde Jesus nos salvou? Pensemos nisto!

– Melquisedeque parece ter chegado primeiro e trouxe para Abrão pão e vinho, tendo abençoado ao patriarca, chamando-o de “Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra”, como também louvado ao Senhor pela vitória militar, reconhecendo que fora o Senhor quem entregara os inimigos nas mãos de Abrão e seus aliados.

– O nome “Melquisedeque”, como dissemos, significa “rei de justiça” (Cf. Hb.7:2) e a cidade de onde era rei é “Salém”, que significa “paz”.

Temos aqui, portanto, um rei que representa “justiça e paz”, precisamente aquilo que deveria ser trazido pela “semente da mulher” prometida no Éden, porquanto só há justiça quando se observa a Palavra de Deus e “paz”, no sentido hebraico, significa “completude”, “comunhão”.

– Temos aqui uma outra importante característica de Melquisedeque, qual seja, a de que era ele próprio sacerdote do Deus Altíssimo. Numa região onde os reis se distinguiam por ser comandantes militares e guerreiros, Melquisedeque se diferenciava por ser “sacerdote do Deus Altíssimo”.

– Melquisedeque era sacerdote, ou seja, fazia a intercessão entre os homens e Deus.

Era um governante que pedia a bênção e o cuidado divinos para o seu povo, alguém que procurava levar o povo a Deus, alguém que transformava o que lhe vinha à mão em sagrado, pois a palavra “sacerdote” significa precisamente isto, ou seja “aquele que faz algo sagrado”.

– Melquisedeque foi encontrar-se com Abrão para tornar aquele momento de vitória militar em um momento sagrado de comunhão, para confirmar a Abrão a presença de Deus em todos aqueles episódios, para fazer com que Abrão se elevasse a Deus, se voltasse para Deus depois daquela luta.

– Este é o papel do sacerdote. Por isso, na lei de Moisés, era função primordial dos sacerdotes fazer a devida diferença entre o santo (ou seja, o sagrado) e o profano (Lv.10:10) e também se entende a pesada condenação divina aos sacerdotes por parte do profeta Ezequiel, precisamente por não terem cumprido este papel que lhes estava reservado (Ez.22:26), trazendo a promessa de que, no futuro, quando a nação israelita se convertesse, tal função haveria de ser cumprida (Ez.44:23).

– Jesus nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai (Ap.1:6) e, diante disto, temos de ter a mesma atitude, a mesma postura que teve Melquisedeque, ou seja, de levar os vitoriosos nesta incessante batalha contra o mal a elevar-se a Deus, a ter momentos sagrados com o Senhor, a ter confirmada a presença divina nos embates do dia-a-dia.

– Temos criado momentos de comunhão com Deus e de comunhão fraterna com os lutadores contra o mal, contra aqueles que estão, juntamente conosco, a enfrentar as hostes espirituais da maldade diariamente?

Ou temos sido mesquinhos e nos mantido em nossa “Salém”, a despeito dos soldados de Cristo que estão a batalhar diariamente? Pensemos nisto!

– Melquisedeque nos ensina a sermos solidários, a deixarmos a nossa “zona de conforto” para expressarmos nosso amor fraternal aos demais servos de Deus, máxime quando eles vêm cansados das batalhas da vida.

– Melquisedeque, era um rei e sacerdote, vai até Abrão e lhe traz pão e vinho, ou seja, quer com ele comer e beber e isto, pelo que se observa na cultura oriental, notadamente na cultura israelita, implica em querer estabelecer comunhão com Abrão. O rei vem até Abrão para com ele estabelecer comunhão, compartilhar com o patriarca a fé no mesmo e único Deus.

– Vemos aqui que há uma identificação entre Abrão e Melquisedeque, identificação esta decorrente de servirem ao mesmo Deus, ainda que em lugares diferentes, com culturas diferentes, em circunstâncias diferentes.

Temos aqui uma demonstração da chamada “comunhão dos santos”, que nada mais é que a demonstração da unidade da Igreja, o corpo de Cristo, que João viu nos céus formada por pessoas de toda tribo, língua, povo e nação (Ap.5:9), que estão unidos pelo fato de terem sido salvos pelo mesmo e único Senhor.

Por isso mesmo, é indispensável que demonstremos uns para com os outros o amor de Deus que recebemos em nossos corações, desenvolvendo e vivendo o amor fraternal (Rm.12:10; I Ts.4:9; Hb.13:1; I Pe.1:22; II Pe.1:7).

– Não sabemos se Abrão e Melquisedeque já se conheciam antes, se tinham tido algum contato, o que é improvável, já que, pelas narrativas bíblicas, Abrão não passava pela região de Salém em suas peregrinações.

De qualquer forma, tanto Abrão tinha tido notícia a respeito de Melquisedeque, quanto este de Abrão e, pelas notícias recebidas, ambos puderam identificar que serviam ao mesmo Deus e que eram, assim, irmãos na fé.

– Será que as notícias que levam de nós aos outros permitem que sejamos reconhecidos como servos do Deus Altíssimo? Será que nossa fama glorifica ao Senhor, como era o caso tanto de Melquisedeque quanto de Abrão?

– Abrão e Melquisedeque, ao se identificarem como servos do mesmo Deus, comeram e beberam, ou seja, declararam estar em comunhão entre si e com o Deus Altíssimo.

Aproveitam a ocasião para agradecer a Deus pela vitória alcançada pelo patriarca, como também reconhecer que foi em virtude d’Ele que a vitória se deu. A vitória é, pois, o pretexto para que houvesse um momento de adoração e de louvor ao Senhor.

– Assim devemos também agir. As vitórias alcançadas devem ser oportunidades para que, juntos, em comunhão, cultuemos ao Senhor, adorando-O na beleza da Sua santidade e O louvando por todos os feitos Seus em nossas vidas.

Eis porque é indispensável que estejamos regularmente nos reunindo e cultuando a Deus, pois este é um fator que declarará a nossa comunhão com o Senhor e com os irmãos.

– Das reuniões, a mais solene, sem dúvida, é aquela em que se traz “o pão e vinho”, para comemorarmos a morte do Senhor até que venha, a ceia do Senhor, que é aqui tão belamente prefigurada na refeição sagrada de que participaram Abrão e Melquisedeque.

O “rei de justiça e de paz” comunga, compartilha do pão e do vinho com o “amigo de Deus”, com o “servo do Deus Altíssimo”, numa clara alegoria da comunhão que desfrutamos com o Senhor Jesus e com a Sua Igreja, que é Seu corpo, comunhão esta que é solenemente declarada na ceia do Senhor.

Não podemos, pois, de modo algum, negligenciar a frequência ao culto da ceia do Senhor, pois é esta a oportunidade para elevarmos a Deus a vida de vitória contra o mal que temos alcançado dia a dia.

– Como se isto fosse pouco, Melquisedeque ainda abençoa Abrão, na qualidade de sacerdote deste único Deus, e, como diz o escritor aos hebreus, ao abençoar Abrão, põe-se num patamar superior ao patriarca (Hb.7:7), gesto que foi aceito pelo “pai da fé”, que reconheceu tal superioridade.

– Melquisedeque era o “rei sacerdote” e, como tal, poderia, mesmo, abençoar Abrão, que era o “servo do Deus Altíssimo”.

De igual forma, nós temos de ser abençoados pelo Senhor Jesus, temos de reconhecer-Lhe a autoridade, pois Ele é o Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores (Ap.19:16). Ele é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23).

– Quando vamos ao encontro de nossos irmãos, temos de ir com esta mentalidade e intenção abençoadora, pois para isso fomos constituídos sacerdotes para Deus, o Pai.

Como é triste contemplarmos muitos que cristãos se dizem ser que vão ao encontro dos irmãos com ameaças, contendas, fofocas e até maldições e imprecações (as famosas “orações contrárias”), quando deveriam ir para abençoar, assim como Melquisedeque. O sacerdote é constituído para abençoar, não para trazer problemas, contendas e porfias.

– Melquisedeque não se limitou a abençoar Abrão, mas, também, louva a Deus pela vitória alcançada pelo patriarca, reconhecendo, assim, que tudo aquilo havia ocorrido pela intervenção do Senhor, mostrando, portanto, que este único Deus não só é transcendente, superior a tudo o que foi criado (Possuidor dos céus e da terra), como também imanente, um Deus que intervém na criação para fazer justiça.

– Da mesma forma que Melquisedeque, nós devemos, como sacerdotes feitos por Cristo para Deus, o Pai, também sempre mostrarmos aos homens, crentes ou não, que Deus é supremo, é o Soberano do Universo, ou seja, transcendente, mas que, também, ao mesmo tempo, está perto de nós, querendo intervir em nossas vidas para nos salvar e nos levar para morarmos com Ele para todo o sempre, um Deus compassivo, um Deus imanente, que intervém e muda a vida de todo aquele que n’Ele crer.

– Abrão submete-se, deste modo, a este sacerdócio superior, de uma pessoa que exsurge nas Escrituras como que “do nada”, mas que era sacerdote do Deus Altíssimo, sendo abençoado por este sacerdócio e tanto reconhecendo a sua legitimidade que lhe dá o dízimo de tudo quanto tinha.

Abrão, aliás, neste ponto, cresce ainda mais na fé, ao reconhecer a soberania de Deus sobre o seu patrimônio, desprendendo-se dele.

– Notemos aqui que o enfoque exclusivamente espiritual dado por Melquisedeque acabou redundando na inclusão do material. Abrão, ao ser abençoado, ao ter a noção da transcendência e imanência de Deus ante a benção proferida pelo rei sacerdote, acabou reconhecendo plenamente a soberania divina e entregando a Melquisedeque o dízimo de tudo.

– Como seria bom que os sacerdotes se dedicassem exclusivamente ao espiritual, buscassem a salvação das almas e deixassem para um plano bem secundário a questão material.

Se em vez de montarem estratégias arrecadatórias, em vez de buscarem acumular riquezas, estivessem tão somente preocupados em dar aos irmãos a verdadeira visão e concepção de quem é Deus e do que Ele pode e quer fazer por nós.

Certamente, ante tais ensinos, os irmãos, assim como Abrão, sem pressão, sem indução, sem imprecações, contribuiriam voluntariamente com aquilo que é devido a Deus (dízimo) e com muito mais (ofertas).

IV – LIÇÕES PROFÉTICAS E TIPOLÓGICAS DA FIGURA DE MELQUISEDEQUE

– Após mencionar que Abrão deu o dízimo de tudo para Melquisedeque, esta figura não é mais mencionada no texto sagrado. Da mesma forma repentina que exsurgiu, desaparece da narrativa.

– A Bíblia só voltará a mencionar Melquisedeque no Salmo 110, de autoria de Davi, quando, na sua poesia profética, o rei salmista afirma: “Jurou o Senhor, e não Se arrependerá: Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl.110:4).

– Segundo os cronologistas bíblicos Edward Reese e Frank Klassen, este salmo foi composto por Davi logo após o Senhor ter feito a promessa messiânica ao rei, ou seja, de que seria de sua linhagem que adviria o Cristo, o Salvador do mundo.

– Davi, extremamente grato ao Senhor diante desta promessa, acaba envolvido pelo Espírito Santo e elabora três salmos a respeito do Messias (Sl.2, 110 e 16), salmos proféticos, onde dá as características d’Aquele que viria redimir não só Israel mas todo o mundo.

– Neste Salmo 110, Davi profetiza que o Messias seria um sacerdote, mas um sacerdote diferente, pois, como descendente do rei Davi, não pertenceria, à evidência, à tribo de Levi, mas, sim, à tribo de Judá.

No entanto, o Espírito Santo inspira o salmista para dizer que este sacerdócio seria diferente, seria “segundo a ordem de Melquisedeque”.

– Ora, ser sacerdote “segundo a ordem de Melquisedeque” significa afirmar que o sacerdócio seria de “justiça e de paz” e, só por isso, já se tem a certeza de que seria um sacerdócio superior, isto porque o Messias estaria à direita do Senhor (Sl.110:1), numa posição de majestade e glória, reunindo em Suas mãos tanto o reinado quanto o exercício sacerdotal (Sl.110:1,2).

– O sacerdócio levítico não surgiu de uma situação de “justiça e paz”. Bem pelo contrário, a tribo de Levi foi escolhida para o sacerdócio depois do triste e lamentável episódio do bezerro de ouro (Ex.32:1-29; Dt.10:8), ocasião em que somente os levitas ficaram ao lado de Moisés e se dispuseram a matar os que haviam levado Israel para tão abominável idolatria.

Tal sacerdócio, pois, nasceu de uma situação de pecado (Ex.32:7,8), ou seja, de injustiça, como de uma circunstância de matança, de punição e castigo dos idólatras, num momento de quebra dos dois primeiros mandamentos (“não terás outros deuses diante de Mim” e” não farás para ti imagens de escultura”).

– Ademais, o sacerdócio levítico foi entregue não a alguém que estivesse acima do povo, mas a Arão, precisamente aquele que havia se acovardado diante do povo de Israel e aceitado fabricar o bezerro, portanto, alguém que não havia se mantido em postura superior, mas que se deixou persuadir pelos pecadores.

– Por isso, o escritor aos hebreus mostraria, na sua carta, com grande propriedade, toda a tipologia de Melquisedeque e de seu sacerdócio, mostrando como o “sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque” é bem superior ao sacerdócio levítico.

– A partir da fala poético-profética de Davi, que é por ele repetida (Hb.5:6), o escritor aos hebreus identifica o Senhor Jesus como este “sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb.5:10), porque ofereceu um sacrifício superior, que teve um efeito superior, já que, ao contrário dos sacerdotes descendentes de Arão, tirou o pecado do mundo, oferecendo-Se a Si mesmo como o Cordeiro de Deus, removendo para sempre o pecado e entrando, como precursor, na glória celestial, onde Se assentou à destra do Pai (Hb.6:20).

– Esta superioridade é, então, explicitada pelo escritor aos hebreus. Melquisedeque não teve sua genealogia registrada nas Escrituras, exatamente para que soubéssemos que Cristo Jesus é um sacerdote “segundo a ordem de Melquisedeque”, ou seja, é alguém que também não tem genealogia, pois Ele é Deus, o Deus que Se fez homem e que, por ser Deus, não tem princípio nem fim de dias. ´

– Esta realidade, aliás, já estava presente no Salmo 110, pois ali o salmista é bem claro ao mostrar que Deus está a falar com Deus, ao afirmar: “O Senhor disse ao meu Senhor” (Sl.110:1).

O próprio Jesus deixou calados Seus opositores ao indagar como o filho de Davi era chamado de Senhor, citando exatamente o Sl.110 (Mt.22:41-46; Mc. 12:28-34; Lc.20:41-43), enigma que seria explicado no dia de Pentecostes no sermão de Pedro (At.2:25-36).

– Assim como Melquisedeque revelou a Abrão o Deus imanente e o Deus transcendente, também devemos, a exemplo dos apóstolos na pregação do Evangelho no dia de Pentecostes, mostrar que este Filho de Davi, o homem sem pecado que morreu por nós na cruz do Calvário, é o Senhor e Cristo, que está à direita de Deus com todo o poder e que não há outro meio de nos salvarmos e participarmos desta glória senão crendo n’Ele e passando a segui-l’O, e reconhecendo o Seu grande amor para conosco.

É o rei sacerdote do Deus Altíssimo, é Aquele que pode nos abençoar e nos trazer comunhão com o Criador.

– Por ser eterno, este sacerdote faz com que seu sacerdócio dure para sempre, não tem fim. Temos aqui mais um fator de superioridade sobre o sacerdócio levítico, ou seja, a eternidade. Os sumo sacerdotes levíticos foram muitos, pois todos eles eram ceifados pela morte.

De Arão até Caifás, o sumo sacerdote que rasgou as suas vestes (Mt.26:65) e, com isto, pôs fim a este sacerdócio (Lv.21:10), houve dezenas e dezenas de sumo sacerdotes, porque o sacerdócio levítico era temporário (Hb.7:23), ao contrário do sacerdócio de Cristo, que é sumo sacerdote eterno.

– Estando debaixo do comando deste sumo sacerdote eterno, nós, também, precisamos exercer nosso sacerdócio sob o influxo da eternidade, sob a dimensão da eternidade, o que exige de nós, portanto, uma continuada santificação, uma postura a todo momento e a todo instante de fidelidade, sabendo que, a qualquer momento, o Senhor virá buscar a Sua Igreja ou nos chamar para a dimensão eterna, e precisamos estar em comunhão com Ele para que adentrarmos os portões celestiais para estarmos para sempre com o Senhor (I Ts.4:17).

Não podemos ser sacerdotes apenas no domingo à noite, como muitos…

– O escritor aos hebreus, ainda, aproveita a circunstância de Abrão ter sido abençoado por Melquisedeque e de lhe ter dado o dízimo de tudo para mostrar que o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque é superior ao sacerdócio levítico, pois Levi, sendo descendente de Abrão, estava “nos lombos” de seu ancestral e, por isso mesmo, também dizimou a Melquisedeque e foi abençoado por ele, sendo evidente que quem abençoa é maior do que aquele que é abençoado (Hb.7:4-7).

– Isto nos mostra, claramente, que o sacerdócio estabelecido por Jesus é superior que o sacerdócio estabelecido pela lei de Moisés, que a aliança firmada por Cristo, a “nova aliança” é superior à “velha aliança”, à lei, de forma que jamais pode um sacerdote feito por Cristo para Deus, o Pai se “rebaixar” e passar a cumprir a lei de Moisés, a tentar observar os preceitos que foram totalmente cumpridos na pessoa de Cristo.

– Melquisedeque mostra-nos que estamos numa dispensação diferente da vivida pelo povo de Israel desde o monte Sinai até a morte de Cristo no Calvário e que, portanto, jamais poderemos querer passar a guardar dias, meses ou celebrar festividades instituídas para o povo israelita como figuras e sombras da realidade espiritual que surgiria com Jesus (Hb.10:1).

– Infelizmente, muitos, em nossos dias, estão se esquecendo disto e passando a guardar o sábado, a se submeter a dieta alimentar judaica e tantas outras coisas que somente trazem maldição aos que aderem a tais preceitos, porquanto a lei não salva pessoa alguma e se adotarmos a lei como critério de salvação estaremos assinando a nossa própria sentença de morte espiritual, desprezando a graça de Deus que nos foi dada pela salvação em Cristo Jesus (Gl.3:11-13). Tomemos cuidado com isso!

– O sacerdócio levítico era imperfeito, não conseguia eliminar o pecado, razão pela qual se fez necessário surgir um novo sacerdócio, este, sim, que resolveu o problema do pecado e pôde trazer comunhão entre Deus e o homem. Por que, então, se submeter à lei de Moisés, desprezando o sacerdócio de Cristo? Não faz, mesmo, qualquer sentido.

– Que Melquisedeque nos faça compreender a responsabilidade e o privilégio de sermos sacerdotes feitos por Cristo Jesus para Deus, o Pai e, desde já, cumpramos estas funções, funções que serão exercidas por nós para todo o sempre, amém!

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/124-licao-3-melquisedeque-o-rei-de-justica-i

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