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LIÇÃO Nº 4 – A FAMÍLIA SOB ATAQUE



Obra prima de Deus, a família é o alvo predileto do inimigo de nossas almas.

INTRODUÇÃO

– A família, como obra-prima de Deus, sempre foi o principal alvo do inimigo de nossas almas.

– Nos dias em que vivemos, dias de multiplicação da iniquidade, a família, como nunca, tem sido atacada pelo adversário.


I – O INIMIGO ATACA A FAMÍLIA DESDE OS PRIMÓRDIOS DA HISTÓRIA HUMANA

– Na sequência do estudo sobre a família, hoje estaremos a estudar a realidade dos ataques que o inimigo de nossas almas realiza contra esta instituição, máxime nos dias em que vivemos, dias que Jesus disse que seriam como os dias de Noé (Mt.24:37; Lc.17:26), dias caracterizados, entre outras coisas, pelo menosprezo à instituição familiar.

– Conforme vimos na primeira lição do trimestre, a família é a obra-prima de Deus, pois é através dela que o Senhor propiciou ao ser humano, coroa da criação terrena (Sl.8:5), tivesse condições de cumprir todos os propósitos divinos a ele estabelecidos (Gn.1:28), a fim de manter uma vida de comunhão permanente com o seu Criador, a cuja imagem e semelhança fora criado (Gn.1:26,27).

– A família constituiu-se, assim, no ambiente propício para que se tivesse a comunhão entre Deus e a humanidade, o local especialmente criado para que se desenvolvesse a amizade entre Deus e os homens.

– Evidentemente, diante de tal quadro, o inimigo de nossas almas, Satanás, palavra hebraica que significa precisamente “adversário”, não tinha outra coisa a fazer senão se voltar contra este local, contra esta estrutura moldada por Deus para estabelecer a comunhão com a humanidade, criação que é detestada pelo adversário, exatamente porque é o ser que foi criado por Deus para desfrutar de uma posição da qual o diabo foi excluído por sua iniquidade.


– Não é, portanto, difícil entender porque o diabo deseja tanto a destruição da família. Por primeiro, vemos que, em sendo a família a obra-prima de Deus, é evidente que o inimigo, cujo papel é matar, roubar e destruir (Jo.10:10), tenha por prioridade a destruição desta instituição que é a principal criação feita pelo Senhor na ordem terrena.

– Por segundo, temos que, como toda a consecução do plano divino para o homem foi estatuído com base na instituição familiar, que é a que dá condições para que se cumpram os desígnios divinos ao homem, com a destruição da família, temos, por via de consequência, que não há como o homem poder cumprir, a contento, tudo quanto lhe foi ordenado por Deus.

– Não é por outro motivo, aliás, que temos afirmado constantemente que, com a destruição da família, o diabo mata “vários coelhos com uma só cajadada”, pois, ao destruir a família, também promove a destruição de cada um de seus componentes, visto que é no ambiente familiar que se pode promover não só o correto desenvolvimento de cada ser humano, mas que se podem cumprir os propósitos estabelecidos por Deus aos homens.

– Como se não bastasse isso, temos que a família é base para a construção de grupos sociais maiores, como o clã, a tribo, a nação, e, por fim, a própria comunidade internacional, de sorte que, estando a família destruída, também serão inevitavelmente atingidos todos os demais grupos sociais, gerando um caos generalizado, como, aliás, temos observado nos dias difíceis que estamos a viver.

– Por terceiro, temos que, em sendo destruída a família, atingido é o próprio povo de Deus, visto que a Igreja, como qualquer outro agrupamento social, tem por base as famílias. Desde os primórdios da igreja, vemos que a sua base se encontra nas famílias dos crentes (Rm.16:5). Um dos principais fatores que tem causado a frieza espiritual, a apostasia que hoje vivemos é a destruição das famílias por parte do inimigo de nossas almas.

– Desde os primórdios, notamos bem esta estratégia maligna para levar o homem à perdição eterna. Sob a mentira de que o homem poderia viver independentemente de Deus, que era o cerne da tentação que levou à queda do primeiro casal, temos que o diabo conseguiu a ruptura da comunhão que havia entre Adão e Eva.

– Se, num primeiro instante, pareceu que o pecado não tenha abalado a comunhão do primeiro casal, pois, afinal de contas, ambos haviam comido do fruto proibido, logo em seguida, vemos que esta aparência não correspondia à realidade. Senão vejamos.

– A primeira consequência da desobediência foi marido e mulher notarem que estavam nus e, assim passaram a ter vergonha um do outro, o que, antes, não ocorria (Gn.3:7 e 2:25). Este pudor, “…essa vergonha é quase a primeira origem de se manifestar no homem — em ambos, varão e mulher — aquilo que «não vem do Pai, mas do mundo».…” (JOÃO PAULO II. Audiência geral de 30 de abril de 1980: a concupiscência é o fruto da ruptura da aliança com Deus. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/audiences/1980/documents/hf_jp-ii_aud_19800430_po.html Acesso em 18 fev. 2013).

– Assim, houve a quebra da comunhão entre homem e mulher, o primeiro casal passou a ter vergonha um do outro, vergonha esta que nada mais era senão um distanciamento entre ambos, consequência de um distanciamento maior que havia ocorrido, a separação entre eles e Deus, que se evidenciaria na chegada do Senhor ao jardim do Éden naquele dia, quando ambos se esconderam da presença divina (Gn.3:8).

– Esta quebra da comunhão entre marido e mulher se demonstraria explicitamente quando Adão culpou Eva pela queda (Gn.3:12), revelando, assim, a perda da comunhão entre ambos. A inimizade com Deus, decorrência do pecado, trouxera a instabilidade do relacionamento familiar, instabilidade esta que passaria a existir perenemente no seio da humanidade, com a pretensão de superioridade do homem sobre a mulher determinada como juízo divino à humanidade pecadora (Gn.3:16).

– Mas não ficaria apenas no relacionamento conjugal as consequências deletérias do pecado sobre a família. Logo na geração seguinte, vemos o episódio de Caim e de Abel a mostrar que o mal também tencionava gerar conflitos entre os irmãos. O primeiro homicídio da humanidade deu-se dentro do lar, foi um fratricídio, a demonstrar como o objetivo do inimigo era o de destruir a instituição familiar, a fim de impedir que o homem pudesse usufruir do amor divino e da comunhão eterna pretendida por Deus para com este ser que criara de forma diferenciada dos demais seres vivos terrenos.

– A civilização de Caim, o primeiro homicida, construída em total inobservância aos mandamentos divinos (Gn.4:16), teve de ser construída sob base familiar, tanto que Caim se casou, mas, diante de sua desobediência ao Senhor, logo se viu que tipo de família se desenvolveu naquela sociedade.

– Lameque, o sétimo depois de Caim, é o primeiro polígamo registrado na história da humanidade (Gn.4:19). Temos aqui mais uma ação maligna com o objetivo de desfigurar a instituição familiar criada por Deus, que tinha no casamento monogâmico a sua base (Gn.2:24). Com a poligamia, temos o desvirtuamento do casamento enquanto promovido por Deus, mal este que nem mesmo Israel, o povo de Deus, pôde extirpar, como nos dá conta o Senhor Jesus (Mt.19:4-8).

– Como se isto fosse pouco, ao lado da poligamia, também se inseriu a prostituição, conhecida como “a mais antiga das profissões”, outro elemento que conspurca a família e cria inúmeros obstáculos para tal instituição. A tradição judaica entende que a menção feita a Naamá em Gn.4:22 é, precisamente, a alusão à instauração da prostituição, visto que Naamá significa “agradável” e teria sido ela a primeira prostituta registrada na história.

– Quando se chega aos dias de Noé, então, estamos em estado de corrupção generalizada da humanidade e a sua principal característica foi a destruição da instituição familiar, como nos atesta o próprio Senhor Jesus, quando afirmou que, naqueles dias, as pessoas “casavam-se e davam-se em casamento” (Mt.24:38; Lc.17:27).

– Ao lermos a descrição deste terrível período da história da humanidade que nos deixou Moisés, vemos que o início de tudo se deu com a concupiscência generalizada que passou a existir nos relacionamentos, a ponto de terem os descendentes de Sete, que serviam a Deus, se aparentado com a descendência de Caim, que era corrompida (Gn.6:1,2).

– Estas uniões, baseadas única e exclusivamente na atração física, descompromissadas e animadas de um sentimento perverso, fez com que se gerasse uma sociedade voltada para o prazer desregrado, para a perversidade, que cedo levou à humanidade a uma situação de corrupção e de violência que levaram o Senhor a decidir pela destruição de toda a carne através do dilúvio (Gn.6:5-7).

– Tudo, pois, começou pela desintegração da família e, do mesmo modo, estamos a viver dias muito semelhantes, em que a destruição da instituição familiar tem degenerado a humanidade, sendo notório que o nível extremado de pecado e de corrupção, bem como de violência e criminalidade, tem sua raiz precisamente nos ataques sofridos pela instituição familiar, hoje totalmente desfigurada do modelo bíblico.

– Como atesta o sábio Salomão, “nada há novo debaixo do sol” (Ec.1:9 “in fine”), de sorte que o que o inimigo fez no período antediluviano, está a fazer ainda hoje, gerando as mesmas nefastas consequências para a humanidade.

II – OS ATAQUES CONTRA O CASAMENTO

– Tendo visto como o diabo agiu nos primórdios da humanidade para termos conhecimento de sua estratégia, que é sempre a mesma, vejamos, ainda que de modo sucinto, quais tem sido os principais ataques promovidos pelo inimigo contra a instituição familiar nos dias hodiernos.

– Por primeiro, conforme temos visto, o diabo procura, por primeiro, atacar o casamento, que é o elemento fundante de uma família segundo o modelo estabelecido pelo Senhor, o Criador da família.

– Vimos que, no passado, o primeiro elemento utilizado pelo inimigo para afrouxar o casamento foi a retirada da comunhão entre marido e mulher. Adão e Eva viram-se nus após terem comido do fruto proibido e procuraram fabricar aventais com folhas de figueiras para esconderem-se um do outro, pois tiveram vergonha um do outro, distanciaram-se um do outro por conta de sua diversa sexualidade (a palavra original para “aventais” significa mais propriamente “cintas”, “cinturões”, a indicar que a vestimenta produzida era bem um “tapa-sexo”).

– A primeira arma utilizada pelo diabo, portanto, em relação à família é a criação de condições que façam com que marido e mulher busquem ter vidas individuais, não se entreguem um ao outro, não formem, com Deus, o “cordão de três dobras”, que não se quebra mais depressa (Ec.4:12).

– O individualismo, o egoísmo é, sem dúvida alguma, uma terrível arma que o inimigo tem usado para destruir as famílias. O relacionamento conjugal, figura que é do relacionamento entre Deus e o homem, deve ser desenvolvido sob o signo do altruísmo (I Co.7:3,4; Ef.5:22-27).

– Hoje em dia, há uma mentalidade de que o casamento deve ser um meio pelo qual alguém possa melhorar seu padrão de vida na sociedade mediante a ajuda daquele com quem vai contrair núpcias, ou seja, o cônjuge é visto como um instrumento para a realização própria. Nos dias de Noé, era este o móvel de toda união conjugal, pois “se tomaram para si mulheres de todas as que escolheram” (Gn.6:2).

– O casamento passou a ser visto como um meio de transformar o cônjuge em um instrumento, uma alavanca para a sua própria realização. O cônjuge é visto como um mero objeto, um mero fator para a realização pessoal, o que é um pensamento aviltante e sem qualquer base bíblica, pois se trata, sobretudo, de negação ao cônjuge da dignidade da pessoa humana, da sua condição de imagem e semelhança de Deus.

– É por causa dessa lógica que se tem conceitos como o da “incompatibilidade de gênios”, que serve de justificativa para inúmeros divórcios na atualidade. Que é “incompatibilidade de gênios”? É a confissão pura e simples de que se buscava usar o cônjuge para a sua realização pessoal, mas como não houve tal subserviência aos interesses pessoais, não há mais razão de se ficar casados, já que um não cedeu aos interesses do outro.

– Entretanto, nada disso corresponde ao modelo bíblico de casamento, onde se tem a entrega de um ao outro, onde se busca o bem-estar do outro e não de si próprio e, nesta atitude de entrega, de negação de si mesmo em prol do outro, constrói-se a unidade, a comunhão prevista para ser o alicerce de toda a família. É nesta comunhão, ademais, que também participa o Senhor, Ele próprio o modelo da entrega em favor do homem, fazendo com que se crie o “cordão de três dobras”, que vence as tentações e ataques do inimigo, construindo, desde já, um “cantinho do céu” sob a face da Terra.

– Mas, além deste individualismo e egoísmo, o casamento é atacado pela prostituição, pela “porneia”, ou seja, pela impureza sexual, pela imoralidade sexual. O casamento, diz-nos o apóstolo Paulo, é o antídoto para a imoralidade sexual (I Co.7:2), mas o inimigo faz de tudo para que ele seja desrespeitado, seja pelo adultério, seja impureza sexual (Hb.13:4).

– Já vimos que, na civilização caimita, surgiram tanto a prostituição quanto a poligamia, duas máculas que têm, por finalidade, macular e desrespeitar o casamento. Nos dias de Noé, “casavam-se e davam-se em casamento”, ou seja, os homens não respeitavam mais o caráter sagrado do matrimônio, “tomando para si mulheres de todas as que escolheram”.

– O que notamos, de pronto, é que a instituição da poligamia e a prostituição têm, como primeira característica, o desprestígio da mulher. Com efeito, a poligamia e a prostituição têm, quase sempre, as mulheres reduzidas à condição de meros “objetos sexuais” e isto se dá, precipuamente, porque os homens são mais propícios ao estímulo sexual pela visão, são mais levados ao sexo casual, pela sua própria estrutura física e mental.

– Poderão alguns objetar afirmando que pesquisas antropológicas têm descoberto sociedades primitivas em que existe a “poliandria”, ou seja, a situação em que uma mulher tem vários maridos, como também, nos dias hodiernos, a promiscuidade tem, também, atingido as mulheres e tem crescido o número de “prostitutos”, o que, aliás, não é novidade alguma, já que, na Antiguidade, já havia os “rapazes escandalosos” (I Rs.14:24; 15:12; 22:46), homens que se prostituíam, normalmente em relações homossexuais, com fins religiosos, como nos cultos aos deuses da fertilidade.

– Tais episódios são exceções que confirmam a regra. Os casos de “poliandria” são infinitamente inferiores aos de “poligamia”, como também o de “prostitutos” em relação às “prostitutas”, sem falar que os casos de “prostituição masculina” estão a aumentar precisamente em razão da disseminação da promiscuidade em nossos dias, sendo mais um alastramento do que ocorre naturalmente do que infirmar do que é usual e natural em seu início, algo que não desconhecido da história da humanidade, como podemos ver em Sodoma.

– A chamada “liberação feminina” que é propalada no Ocidente a partir do término da Segunda Guerra Mundial e que alcançou seu ponto máximo a partir da década de 1960, traz-nos a sua verdadeira face — o completo desprestígio da mulher, que se tornou em mera mercadoria da indústria do sexo, hoje o maior e mais poderoso negócio da humanidade. Voltamos, inclusive, a uma situação de verdadeira reinstalação da escravidão, só que agora a escravidão sexual, com o famigerado tráfico de mulheres que aumenta a cada dia. E quem alimenta tudo isto? A pornografia que, disseminada, destrói os valores familiares e morais das sociedades neste triste e corrompido planeta.

– A poligamia e a prostituição destroem o ambiente familiar preconizado por Deus, gerando um sem-número de distorções, entre os quais se destaca o surgimento de “órfãos de pais vivos”, pessoas que, resultantes destas uniões descompromissadas e sem qualquer estrutura, desenvolvem-se sem o carinho e o afeto dos pais, são lançados ao mundo sem qualquer formação moral e social, pessoas que externarão toda a sua revolta e crueldade contra a sociedade.

– Mas são precisamente estes pseudovalores que têm sido propagandeados e divulgados pelo mundo onde vivemos nos dias hodiernos. Cada vez mais há quem defenda a criação de famílias com base em “afetividade”, ou seja, em uniões descompromissadas, estabelecidas por atrações físicas e impulsivas, temporárias e fugazes, como se isso pudesse trazer à sociedade a necessária estruturação e estabilidade.

– Assim, surgem medidas de disseminação e adesão das pessoas a excrescências como a “união estável”, o “concubinato”, as “uniões livres”, as “uniões de pessoas do mesmo sexo”, o “casamento aberto”, a “produção independente” e tantas outras mazelas que são prestigiadas pelo mundo como “evolução”, “modernidade”, mas que são a mesma miséria do pecado que tem levado a humanidade a situações de extrema precariedade e destruição e, como se não bastasse isso, ao inevitável e inexorável juízo divino.

– Triste é constatar que entre pessoas que cristãs se dizem ser também já tenha chegado tal mentalidade, em defesa de “novas formas de família”, em afirmações de que “o modelo bíblico de família está ultrapassado”, porque não vivemos mais no “patriarcalismo”.


– Conforme vimos, o que é trazido como “modernidade”, como “evolução”, são as mesmas coisas ruins que o inimigo apresentou ao homem e que levou, no passado, à corrupção generalizada e ao juízo divino. Como se isto fosse pouco, são estes “novos arranjos familiares” que têm promovido a deterioração crescente da vida humana e o caos que nos está levando à própria destruição de nossa civilização.

– Por causa destas armas satânicas contra o casamento, exsurgem efeitos colaterais que também vão contra o projeto divino para o homem e para a família, tais como a defesa do aborto, do divórcio, do planejamento familiar entre outros.

III – OS ATAQUES CONTRA A COMUNHÃO FAMILIAR

– Mas, conforme vimos, os ataques do inimigo não se resumem tão somente às investidas contra o casamento, mas também se voltam contra a comunhão familiar.

– Já vimos que a mentalidade egoística e individualista promove a falta de comunhão entre marido e mulher, pois o que deveria ser entrega de um ao outro passa a ser competição e disputa para submissão do outro a seus próprios interesses, o que está na raiz da violência doméstica, cada vez mais presente no mundo, que o digam as estatísticas crescentes de casos de violência nos lares nos últimos anos em todos os países, mui especialmente o Brasil.

– Este clima individualista e egoístico faz com que se tenha, à evidência, a retirada da “terceira dobra” do ambiente familiar, ou seja, há uma perda cada vez maior do caráter sagrado da família, do próprio casamento, e o resultado disto é que se tem, já no seio familiar, um ambiente distante de Deus e, o que é mais grave, inclusive nas famílias que cristãs se dizem ser.

– Há total falta de referência ao sagrado nas famílias que, assim, deixam de ser verdadeiros “lares”, já que “lar” era o nome dado pelos romanos ao compartimento da casa em que se efetuava o culto às divindades familiares, aos antepassados. A família deve ser um “lar”, ou seja, um local onde se cultue a Deus, onde se adore ao Senhor.

– Entretanto, o inimigo tem conseguido levantar altares a outros deuses nos seios familiares, o que leva à degeneração completa da sacralidade da família, à destruição da espiritualidade que é ínsita à família e que torna o que deveria ser um “cantinho do céu” na Terra em um verdadeiro “pedaço do inferno”.

– Em Israel, notamos bem esta investida maligna que levou à quase destruição daquela nação, à sua dispersão. No livro de Juízes, lemos que a geração da conquista, a geração de Josué deixou Deus de lado em suas famílias, de modo que o Senhor passou a ser um ilustre desconhecido da geração seguinte (Jz.2:10). O resultado disso foi que, diante da ausência de Deus nas casas, o espaço foi preenchido por deuses estranhos (Jz.2:11-13).

– A situação era tão grotesca que, mesmo na casa de Gedeão, que havia sido escolhido por Deus para libertar o povo, havia um altar de Baal (Jz.6:25), que teve de ser destruído como primeiro passo para a libertação do povo, pois não havia como Gedeão libertar Israel se, antes, não cuidasse da sua própria casa.

– Hoje em dia, não é diferente. As famílias têm sido levadas a erigir altares a deuses estranhos, que impedem a comunhão com Deus e tornam o ambiente em local destinado à realização de tragédias e catástrofes, visto que passam a ser ambientes dominados pelas hostes espirituais da maldade.


– Em vez de um local de adoração a Deus, temos, nas famílias, atualmente, ambientes moldados e formados pelo conteúdo maligno da mídia, que dita o comportamento a ser seguido pelos integrantes da família. Pesquisa recente, aliás, mostra que as famílias brasileiras têm se distanciado do modelo bíblico por uma “engenharia social” montada a partir das telenovelas, onde há uma apologia do adultério, da promiscuidade e de tudo quanto contraria a doutrina das Escrituras Sagradas (vide As novelas e a engenharia social. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=xok9aMtwFnQ Acesso em 18 fev. 2013).

– A falta de convivência entre os familiares é também uma arma que tem sido utilizada habilmente pelo inimigo de nossas almas para destroçar a comunhão familiar. Os cônjuges têm pouca convivência, já que ambos trabalham para o sustento do lar (e do consumismo desenfreado que resulta da mentalidade materialista que adotam), o que faz com que, mais e mais, surjam terceiros que desempenham muitas das atividades que os cônjuges deveriam desempenhar no cotidiano (confidência, companheirismo, afeto etc,), que, não raro, desembocam em situações de infidelidade conjugal.

– Pais e filhos têm pouco convívio, por causa desta ausência, o que faz com que a educação seja “terceirizada”, com a assunção de valores discrepantes por parte dos filhos, que, como se fora pouco já serem moldados pela “babá eletrônica” (televisão e internet), com o conteúdo maligno já aludido, têm ainda reforçados tais malévolos ditames por conta destes “terceiros” (creches, organizações criminosas, vizinhos etc).

– Os valores propagados por estes novos “educadores”, via de regra, são totalmente contrários à sã doutrina e formam pessoas degeneradas, rebeldes contra a Palavra de Deus, amantes de si mesmos, que levam à proliferação do individualismo, do egoísmo, do hedonismo e que resultam nas atrocidades que temos visto com cada vez maior frequência como a pedofilia, o aumento da violência doméstica e a total falta de respeito e obediência.

– Para resolver este estado de coisas, então, vêm propostas de intervenção do Estado na intimidade familiar, de supressão da própria educação dos filhos pelos pais, propostas que estão bem de acordo com filosofias como o marxismo-leninismo, que buscava eliminar a família em prol do Estado, como se tentou, sem êxito, nos primeiros anos da União Soviética no século XX.

– Propostas como a chamada “lei anti-palmada”, que se tenta aprovar no Brasil, seguem esta linha de pensamento, em que se quer destruir, por completo, a autoridade dos pais, impedindo, assim, que possam eles criar seus filhos segundo os seus valores, como se o Estado tivesse sido criado para subtrair a independência familiar, até porque é a família que gera o Estado e não o contrário.

– Há um esfacelamento completo da comunhão familiar, pois, na verdade, não se desenvolve a vida comunitária, havendo, tão somente, o desenvolvimento de uma perspectiva individualista, materialista, egoística e hedonista entre os integrantes do núcleo familiar que, fragilizado, não raro se desfaz pelo divórcio e pelos subsequentes casamentos, gerando figuras como a “família mosaico”, onde não se tem mais qualquer referência, fazendo da família um ambiente de desorientação com graves consequências na formação dos filhos. Mais uma das invenções produzidas pelo homem, que foi, a princípio, criado reto pelo seu Criador (Ec.7:29)

OBS: “…Com a mulher dona do seu próprio nariz, a liberdade para se divorciar e, conseqüentemente, ter outros casamentos, um novo organograma das famílias está em franco crescimento. Agora é comum ouvir o ‘marido da mãe’, a ‘mulher do pai’, os ‘filhos do marido’, os ‘filhos da mulher do pai’, o ‘irmão por parte de mãe’ e por aí vai. Uma rede de parentes e meio-parentes que lembra um patchwork ou, para citar um termo usado pelos especialistas, família mosaico. Mas como lidar com os desafios que surgem ao juntar famílias? Pode ser natural para pais e filhos? …” (FERREIRA, Rosana. ‘Família mosaico’ é o retrato do século XXI. Disponível em: http://mulher.terra.com.br/familia-mosaico-e-o-retrato-do-seculo-xxi,45286ee9f9e27310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html Acesso em 18 fev. 2013).

– A família, portanto, que deveria nortear toda a vida social, acaba sendo um fator de desorientação, o que muito contribui para o esfacelamento de todos os tecidos da sociedade, para a construção deste ambiente caótico e perverso que tem se tornado o mundo hodierno.

– O resultado disso tudo é aquele já descrito por Moisés no livro do Gênesis com relação ao mundo antediluviano: a multiplicação da maldade do homem sobre a terra, a contínua maldade de toda a imaginação dos pensamentos do homem, a corrupção generalizada e a pletora da violência (Gn.6:5,11,12).

– A multiplicação do pecado em nossos dias está diretamente relacionada a esta corrupção da instituição familiar. Se o individualismo, egoísmo e hedonismo guiam os relacionamentos familiares, como podemos considerar como surpreendente o aumento da infidelidade conjugal, dos abusos sexuais entre familiares, dos crimes entre cônjuges e entre pais e filhos, cada vez mais corriqueiros em nossos dias?


– Se os valores familiares são moldados por uma cultura forjada no prazer a todo custo, no egoísmo desmedido, na utilização do outro como mero instrumento para sua própria satisfação, como entender que seria surpreendente o crescente número de divórcios bem como a fuga do casamento como meio de institucionalização da convivência entre as pessoas, bem assim o surgimento de figuras como o “casamento aberto” ou “a produção independente”, sem falar na filosofia “dinks” (“double income, no kids” – renda dobrada, nenhum filho) que criou a figura do casamento sem filhos?

– Se os valores familiares hoje cultivados deixam de lado a referência a Deus e à Sua Palavra, como se admirar diante da consideração do casamento como um mero contrato, que pode ser desfeito a qualquer momento, ou, mesmo, que seja este casamento, por envolver comprometimento, deixado de lado, para que uniões descompromissadas se estabeleçam, a fim de deixar cada convivente completamente livre para, quando quiser ou achar interessante, cesse a convivência, pouco se importando com o sentimento alheio, inclusive de filhos?

– Se as famílias deixaram de ser verdadeiros altares de adoração a Deus, como se surpreender se temos igrejas espiritualmente frias, onde crianças, adolescentes e jovens não têm qualquer formação doutrinária nas Escrituras e são doutrinados pela mídia, fazendo com que, certamente, a próxima geração da Igreja seja idêntica à geração israelita que se seguiu à geração de Josué, portanto pronta a ser dominada pelo mundo e pelo pecado?

IV – REAÇÃO AOS ATAQUES CONTRA A FAMÍLIA

– Diante de tantos ataques forjados contra a instituição familiar, como reagir a este estado de coisas, a fim de que não haja a vitória do maligno sobre a humanidade?

– Por primeiro, ainda tomando o exemplo do período antediluviano, vemos que Deus, mesmo tendo decidido destruir a humanidade, preservou uma família para repovoar a Terra, a família de Noé, pois aos olhos do Senhor Noé havia achado graça (Gn.6:8).

– Esta iniciativa divina mostra-nos que o Senhor, mesmo diante do juízo inevitável, ama a instituição familiar. Noé achou graça aos olhos do Senhor, mas o Senhor preservou toda a sua família (Gn.7:1).

– Deus ama a família, não quer nem vai destruí-la, de sorte que, mesmo diante da situação caótica em que nos encontramos, podemos confiar em Deus, que é imutável (Ml.3:6), que Ele nos ajudará a preservar a instituição familiar, a preservar a nossa própria família.

– Jesus nos prova isto quando, mesmo vivendo em uma família incrédula (Jo.7:5), cujos integrantes eram os Seus primeiros inimigos (Mt.10:36; Mq.7:6), não subiu aos céus enquanto não promoveu a salvação de Seus familiares, a partir da aparição a Seu irmão Tiago (I Co.15:7), de tal modo que toda a sua família, agora convertida, foi revestida de poder no dia de Pentecostes (At.1:14).

– O primeiro passo para reagirmos a estes ataques do inimigo contra nossas famílias é nós mesmos acharmos graça aos olhos do Senhor. De nada adianta querermos ter famílias que sejam verdadeiros lares se nós mesmos não estivermos em comunhão com Deus, se nós mesmos não formos autênticos e genuínos servos do Senhor. Noé obteve a salvação de sua família porque, primeiro, achou graça aos olhos do Senhor (Gn.6:8).

– Este mesmo princípio vemos estabelecido na lei de Moisés. Primeiro, era necessário que o israelita tivesse as palavras do Senhor em seu coração (Dt.6:6), para, então, depois, transmiti-la a seus familiares (Dt.6:7-9).

– Já vimos, no exemplo que nos deixou o Senhor Jesus, que, primeiro, o Senhor fez toda a vontade do Pai, inclusive morrendo por nós na cruz do Calvário, para, então, depois, obter a salvação de Sua família.

– O segundo passo é o de levar aos nossos familiares a Palavra de Deus. Não há como obtermos a salvação de nossa família, a construção de um verdadeiro lar, se não construirmos o ambiente conforme a Palavra de Deus. A família de Noé foi salva numa arca que foi construída consoante a Palavra que o Senhor dirigiu a Noé. Certamente, seus filhos ajudaram-no na construção, prova de que o patriarca transmitiu a eles o modelo que havia recebido da parte de Deus.

– Nós, também, temos de construir a “arca” em nossas famílias, ou seja, construir um “modus vivendi” de acordo com a Palavra de Deus, com a Bíblia Sagrada. Durante cem anos, Noé construiu a arca, não cessando de pregar a iminência do juízo divino, palavra que foi crida pelos seus filhos, noras e mulher, tanto que entraram com ele na arca, quando assim Deus determinou. Temos de moldas as nossas vidas segundo a vontade de Deus, temos de tornar conhecida a vontade de Deus em nossas famílias.

– Os israelitas, de igual modo, deveriam ensinar a lei a seus filhos em todos os momentos, em todas as situações, inclusive atando os mandamentos nas mãos e como testeiras em seus olhos, além de escrevê-las nos umbrais das casas e nas portas (Dt.6:7-9).

– Atar os mandamentos nas mãos tem o significado de realizar obras de acordo com a Palavra de Deus. Somente venceremos os ataques que o inimigo lança contra nossas famílias se as nossas ações e atitudes forem de acordo com as Escrituras, estiverem consoante a vontade do Senhor. De nada adianta se não formos exemplos de fidelidade a nossos cônjuges e a nossos filhos. Nossa fé tem de ser demonstrada pelas nossas obras, sem o que serem fatores de descrédito na doutrina antes de ensinadores.

– Aqui é indispensável que demonstremos amor aos nossos familiares, amor este que é mais do que um sentimento, é um comportamento, o próprio fruto do Espírito Santo. Devemos amar os nossos familiares, o que importa na nossa entrega em prol deles, na renúncia de nós mesmos, o que elimina o individualismo e egoísmo que têm sido cultivados na atualidade.

– O amor divino, que o Espírito Santo derramou em nossos corações (Rm.5:5) faz desaparecer o egoísmo, a competição, a deslealdade, a vingança e a violência, de tal sorte que se pode, assim, construir o “cordão de três dobras” que não quebra tão depressa. Deus é amor (I Jo.4:8 “in fine”) e, deste modo, agindo com amor, trazemos a presença de Deus para a família e, com Ele, teremos condições de vencer o maligno (I Jo.4:4).

– Ter os mandamentos como testeiras entre os olhos é ter uma visão de acordo com a vontade de Deus. É enxergar o mundo com os olhos de Deus, é ter olhos santos, ungidos, é vermos o reino de Deus como prioridade e alvo de nossas vidas. Que temos mostrado aos nossos familiares? Qual é a visão que nossas famílias têm a respeito do mundo? Buscamos as coisas deste mundo, as coisas desta vida, ou damos o devido valor àquilo que permanece, à nossa comunhão com Deus? O que temos visto e posto ante nossos olhos e de nossos familiares?

– Quando passamos a ter a visão dada por Deus a nós, quando divisamos o reino de Deus, apesar da perplexidade que sofremos ante o bramido do mar e das ondas, ou seja, da angústia das nações (Lc.21:25), temos condição de enxergar Cristo Jesus, o autor e consumador da nossa fé (Hb.12:2) e, portanto, de evitar tanto o pecado quanto o embaraço, prosseguindo a nossa jornada, sabendo que nossa redenção está próxima (Lc.21:28). Uma visão desta natureza impede-nos a paralisia, mas aumenta a nossa fé e esperança em Deus.

– Mas os mandamentos também deveriam ser escritos nos umbrais da casa e nas portas, ou seja, devemos proteger a nossa família das investidas malignas, pois a Palavra de Deus é a espada do Espírito, a nossa única arma de ataque contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:13,17).

– A Palavra de Deus deve ser utilizada, em nossos lares, como arma contra as mentalidades, os pensamentos e as mentiras advindas do adversário de nossas almas. Não podemos nos moldar aos valores mundanos, não devemos permitir que haja a doutrinação maligna em nosso ambiente familiar, mas, sim, devemos sempre estar a ensinar a sã doutrina, a mostrar a verdade diante de tudo que é propalado e difundido pelo mundo hodierno.

– Através da Palavra de Deus, alcançamos a santificação de nossas famílias (Jo.17:17) e o resultado é que nos aproximamos ainda mais de Deus, fortalecemos a nossa comunhão com Ele e, desta maneira, ficamos mais fortalecidos para enfrentar os ataques contra a nossa família, que será um altar genuíno do Senhor, onde o fogo jamais se apagará, arderá continuamente (Lv.613), tornando nossa casa num “cantinho do céu”, ou como diz conhecida canção, “a esperança de um céu aqui mesmo e depois”.

 Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/files/2T2013_L4_caramuru.pdf

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