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LIÇÃO Nº 4 – A FUNÇÃO SOCIAL DOS SACERDOTES     

                

Os sacerdotes foram constituídos para servir o povo de Israel.

 INTRODUÇÃO

– Os sacerdotes foram constituídos para servir o povo de Israel.

 – Assim como os sacerdotes levíticos, nós também devemos servir e não buscar ser servidos, a exemplo de Nosso Senhor e Salvador (Mt.20:28; Mc.10:45).

 I – A POSIÇÃO DOS SACERDOTES E DOS LEVITAS NO POVO DE ISRAEL

 – Na continuidade do estudo do livro de Levítico, estudaremos hoje a função social dos sacerdotes, que muito tem a nos ensinar a respeito do nosso papel como cristãos diante da sociedade em que vivemos.

 – Consoante já temos estudado, o plano divino era de que Israel fosse um “reino sacerdotal”, mas, quarenta dias após a promulgação da lei, em virtude do episódio do bezerro de ouro, ante o fracasso dos israelitas e a circunstância de que só a tribo de Levi se posicionou ao lado do Senhor (Ex.32:26), somente a tribo de Levi foi separada para esta função (Dt.10:8).

 – A tribo de Levi foi separada dentre os israelitas para que existisse única e exclusivamente para servir a Deus. Seu papel seria o de “levar a arca do concerto do Senhor”, “servi-l’O” e “abençoar em Seu nome”.

 – Na verdade, o sacerdócio não foi dado a toda tribo de Levi, mas tão somente à família de Arão (Ex.28:1), mas todos os levitas foram separados para se dedicarem ao serviço do Senhor,

devendo os demais filhos de Levi ser auxiliares dos sacerdotes, exercendo as mais variadas tarefas relacionadas ao serviço do Senhor, inclusive a manutenção e o cuidado das coisas sagradas.

 – Os levitas deveriam estar diante dos sacerdotes para servi-los, cuidando da guarda dos sacerdotes, da guarda de toda a congregação, da guarda dos filhos de Israel para administrar o ministério do tabernáculo (Nm.3:6-8; 18:1-6).

 – Os levitas foram considerados como “dádivas”, como “dons” do povo ao Senhor, tanto que foram postos em lugar dos primogênitos israelitas, que haviam sido adquiridos pelo Senhor quando foram poupados na última praga no Egito (Nm.3:9-13). 

 – Ser uma “dádiva”, ser um “dom” significa ser “propriedade do Senhor”. Já que os israelitas haviam falhado em ser a nação sacerdotal, a tribo de Levi ficara como “propriedade do Senhor”, passando, portanto, a ser “servos de Deus”. 

 – Como servos, eles tinham de servir e, portanto, nem sequer herança puderam ter na terra de Canaã, pois a “o Senhor é a sua herança” (Dt.10:9).

Eram “propriedade do Senhor” e deviam, portanto, viver em função do serviço ao Senhor, vivendo para que o culto a Deus pudesse ser devidamente exercido pelo povo.

– Esta circunstância dos levitas é uma tipificação do que significa servir a Deus em nossa dispensação, na dispensação da graça, onde o que era apenas figurado se tornou realidade.

Os salvos na pessoa de Jesus também são propriedade do Senhor (I Co.1:30) e devemos sempre lembrar que o Cristo é o nosso Mestre e Senhor (Jo.13:13).

 – O próprio Jesus deixou-nos o exemplo, pois Ele não veio a este mundo fazer a Sua vontade, mas, sim, a vontade d’Aquele que O enviou, cujo cumprimento era tão essencial à vida terrena do Senhor Jesus, que Ele disse ser a Sua própria comida tal realização (Jo.4:34).

 – Ora, o Senhor Jesus disse que, do mesmo modo como foi enviado, estava a enviar os Seus discípulos (Jo.20:21), de modo que, também, seguindo o exemplo de Cristo (I Pe.2:21),

devemos também ter como essência de nossa existência o fazer a vontade de Deus, não buscando nenhuma herança, não tendo outro objetivo neste mundo senão o próprio Senhor.

Somos “dádivas” do Senhor neste mundo, vivendo em função d’Aquele que nos resgatou das trevas para a Sua maravilhosa luz (I Pe.2:9).

 – Nós somos de Cristo porque por Ele fomos comprados por bom preço (I Co.6:20; 7:23), preço altíssimo, qual seja, o preço do Seu sangue vertido na cruz do Calvário (I Pe.1:18,19).

 – Os levitas foram comprados com o sangue dos cordeiros sacrificados na primeira celebração da Páscoa, sangue que apenas prefigurava o sangue inocente e imaculado de Cristo, a nos mostrar, portanto, que, com muito maior razão que os levitas, devemos ter o Senhor como nossa herança, devemos nos comportar como servos do Senhor.

 – Os levitas, por serem “servos do Senhor”, não tinham direito a uma herança em Canaã, deviam, a exemplo dos patriarcas, divisar, isto sim, a cidade celestial (Hb.11:9,10), ser completamente desprendidos das coisas terrenas.

 – Observemos que o Senhor, bem sabendo que os levitas viviam na terra e que tinham de viver sobre ela, pois todos necessitamos de comida, bebida e vestido (Mt.6:31,32), tomou providências no sentido de que os levitas não ficassem desamparados.

Mandou que os israelitas separassem 48 cidades de suas heranças para que os levitas pudessem habitar nelas e exercer alguma atividade econômica nelas (Nm.35:2-8), bem como que fossem sustentados pelos dízimos,

a serem fornecidos pelas demais tribos (Nm.18:24), sendo que, destes dízimos, os dízimos dos dízimos seriam fornecidos pelos levitas ao sumo sacerdote (Nm.18:26-28).

 – Como se não bastasse, tinham os sacerdotes e seus familiares direito a parte dos animais sacrificados, quando não se tratasse de sacrifício pelo pecado nem de holocausto (Lv.6:16-18; 7:32-36; 10:12-15),

o que lhes permitia a alimentação cotidiana para quem estivesse oficiando no tabernáculo e, posteriormente, no templo, como também do couro dos animais, a demonstrar, portanto, que, mesmo estando desprendido das coisas terrenas, o Senhor lhes garantia o devido sustento, a devida sobrevivência.

– Esta sobrevivência, também, era garantida pelos “dízimos do terceiro ano” (Dt.26:12,13), que eram dízimos destinados ao levita, ao pobre e ao estrangeiro, precisamente porque o levita era alguém que não tinha parte nem herança na terra de Canaã, sendo, pois, um despossuído, a exemplo do órfão, do pobre e da viúva (Dt.14:27-29).

 – É exatamente esta a circunstância que, como sacerdotes do Senhor, na nova aliança, devemos também ter.

Todos somos sacerdotes e estamos aqui não para nos prendermos às coisas desta vida, mas, bem ao contrário, como “povo adquirido do Senhor”, ser o “sacerdócio real”, o que nos faz com que tenhamos como nossa herança o Senhor, como objetivo de nossas vidas estar à disposição de nosso Mestre e Senhor.

 – Deste modo, onde quer que estejamos, seja qual for a atividade que exerçamos, estamos ali para servir ao Senhor, para glorificar o Seu nome.

Destarte, temos como herança o Senhor e nada podemos fazer que não seja para a Sua glória, para o engrandecimento do Seu nome.

– A falta desta perspectiva faz com que nos embaracemos com os negócios desta vida e isto, certamente, prejudicará a nossa militância em prol do reino de Deus e desta militância depende o nosso galardão (II Tm.2:4,5), para não dizer a nossa própria salvação (Fp.3:13-20; Hb.12:1-4).

 – Os levitas deviam cuidar do “ministério do tabernáculo”, ou seja, existiam para servir ao tabernáculo, exercendo ali as mais variadas tarefas, o que, inclusive, deve ser observado, pois, equivocadamente, nos dias hodiernos,

muitos acham que “ser levita” é “dedicar-se à música e ao canto”, ideia surgida pelo fato de Davi ter organizado, entre os levitas, todo o serviço de louvor que funcionaria no templo que seria construído por Salomão (I Cr.25).

 – Há, hoje em dia, quem defenda um inexistente “ministério de levita”, no mais das vezes uma forma de alguém querer ganhar dinheiro com a música entre o povo de Deus, até porque é este, na atualidade, o único segmento do movimento fonográfico que tem dado lucro e, para tanto, desvirtua o texto sagrado a respeito.

 – Os levitas eram incumbidos do “ministério do tabernáculo”, ou seja, deveriam executar todas as tarefas relacionadas com o culto, com exceção da oferta dos sacrifícios, que era algo privativo dos sacerdotes, ou seja, da família de Arão.

Assim, além do louvor, tarefa que só foi devidamente organizada por Davi, como já dissemos, também deveriam eles cuidar da segurança do tabernáculo e, depois, do templo, como vemos nas atribuições dos porteiros (I Cr.26:1-19) e da administração dos bens trazidos pelos israelitas em suas ofertas e dízimos (I Cr.26:20-28).

 – Quando da organização dos serviços sagrados para o templo, ficou estabelecido, dentro deste mesmo princípio, que os levitas deveriam estar ao mandado dos filhos de Arão, no ministério da casa do Senhor, nos átrios, nas câmaras, na purificação de todas as coisas sagradas e na obra do ministério da casa do Senhor (I Cr.23:28).

– Notamos, portanto, que os levitas foram constituídos para servir, para prestar serviço no tocante às coisas sagradas, auxiliando os sacerdotes que, por sua vez, também, como integrantes que também eram da tribo de Levi,

deveriam igualmente servir, mas tal serviço dizia respeito à oferta de sacrifício e à participação dos rituais e cerimônias instituídos por Deus no culto e adoração ao Senhor.

 – Assim, ao contrário do que normalmente acontecia nas nações daquela época, onde a classe sacerdotal era a elite da sociedade, era auxiliar do governante e, como tal, tinha domínio sobre o restante da população, tendo imensos privilégios,

como podemos ver, por exemplo, no tratamento que receberam os sacerdotes egípcios durante o período de fome no governo de José (Gn.47:22), em Israel, os sacerdotes e seus auxiliares, os levitas, eram servidores do restante do povo,

nem sequer tendo herança no meio deles, vivendo das ofertas e dízimos que as demais tribos traziam para o sustento da casa do Senhor.

 – Não é surpresa, portanto, que, quando o culto levítico foi substituído por um culto ligado ao poder real, no reino de Israel, o reino do norte, o reino das dez tribos, no governo de Jeroboão, tenham os levitas deixado as suas cidades e migrado para o reino de Judá (II Cr.11:14,15),

pois, com tal decisão certamente morreriam à míngua ou que os levitas tenham, também, procurado meios de subsistência quando, após o término do primeiro mandato de Neemias, houve descontinuidade no serviço de adoração ao Senhor no templo por influência de gente como Tobias, o amonita (Ne.13:10,11).

 – Esta posição dos levitas e dos sacerdotes trazem-nos importantes lições espirituais que devem ser aplicadas a nós, que somos hoje os sacerdotes desta dispensação.

A primeira é a de que estamos aqui para servir o povo de Deus e as pessoas em geral (sim, pois o serviço sagrado não era restrito apenas aos israelitas, mas a todos os estrangeiros que estivessem em Israel, como vemos em passagens como Ex.12:49; 20:10; Lv.16:29; 17:12; 18:26; 24:16; Nm.9:14; 15:14-16,29; I Rs.8:41-43; II Cr.6:32,33).

– É este espírito de serviço que deve nortear a vida de um salvo na pessoa de Jesus, pois foi assim que se comportou o Senhor em Sua vida terrena, tanto que afirmou solenemente  que “o  Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a Sua vida em resgate de muitos” (Mt.20:28; Mc.10:45).

 – A segunda lição é a de que, no povo de Deus, os que são mais honrados são, precisamente, os que devem servir.

Tem-se aqui a inversão da lógica que existe no mundo. São os levitas e, em especial, os sacerdotes, que receberam uma honra da parte do Senhor os escalados para servir os demais, que não tiveram esta honra.

É a lógica do reino de Deus, assim descrita por Nosso Senhor e Salvador: “Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados e que os grandes exercem autoridade sobre eles.

Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal; e qualquer que, entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso servo, bem como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt.20:25b-28).

– Por isso mesmo, o apóstolo Paulo, ao se referir aos apóstolos, que eram dotados de maior autoridade na Igreja (e estamos a falar aqui dos “apóstolos do Cordeiro” e não dos “falsos apóstolos” que se proliferam nestes dias de apostasia espiritual),

afirmou que eram eles “ministros de Cristo” (I Co.4:1), sendo que a palavra original aí utilizada para “ministro” é “huperetes” (ύπηρέτης), palavra que designava um “remador subordinado”.

“…Huperetes era como chamavam aqueles escravos das galés romanas, que ficavam no fundo do navio para tracionar os pesados remos contra os mares, às vezes bravios, às vezes calmos.…” (SILVA, Ezequiel da. HUPERETES: a palavra do ministério cristão. Disponível em: http://pastorezequielsilva.blogspot.com.br/2014/07/huperetes-palavra-do-ministerio-cristao.html Acesso em 05 maio 2018).

Vê-se, portanto, que Paulo põe na base da Igreja aqueles que eram dignos de maior honra, lembrando que, no reino de Deus, os maiores têm de servir aos menores e comprova isto ao anunciar o que passavam os apóstolos no exercício de seu ministério, onde eram os últimos (I Co.4:9-13).

OBS: “ …huperetes além de declarar alguém que ajuda, alguém que ministra, qualquer que serve com as mãos, etc, quer dizer também remador de baixa categoria. Pois bem, remador de baixa categoria, o cara não era apto para o serviço de remador?

Nada disso, ao entrarmos na história, vemos uma engenharia bem rudimentar, os navios do primeiro século ainda tinham muito dos barcos fenícios, estruturas de madeira, as velas ainda eram pouco utilizadas, vieram mais tarde nas caravelas e galeões.

Pois bem, estes barcos antigos eram movidos pela energia humana, nas laterais das naus existiam pequenas janelas onde eram introduzidos os remos, em muitas embarcações vezes fazendo um conjunto de três andares de remadores, remadores estes que não eram contratados era trabalho escravo.

Desertores, prisioneiros, condenados, etc., nada recebiam além da comida e da água, e isso tudo ao ritmo de um som de um tambor, chibatadas, suor, tortura.

Os remadores de baixa categoria ou remadores do último porão eram para aqueles que remariam até a morte, não haveria outra oportunidade, era remar, remar, remar até morrer.

Lucas, como um contraste aos nossos dias, coloca o ministro ou servo da Palavra de Deus como um caminho de serviço sem volta, uma vez recrutado é sentenciado, e por fim, condenado a realizar esta tarefa queira ou não queira até o último suspiro de vida.

 Em nossos dias ser ministro é sinônimo de fama, glória e status, antes o top era ser pastor, mas vieram muitos pastores, então para haver uma singular distinção entre o que é comum, vieram os apóstolos, e vieram muitos apóstolos, em continuando na mesma caminhada, para serem únicos, surgem os pais, patriarcas, pais-apóstolos, e remador do último porão nada!

Remador do último porão não aparece, está mergulhado em meio à escuridão, umidade, suor, fome, remando sem ser notado, mas o barco continua andando, seguindo o curso, o que importa é remar, remar, remar até morrer.

Servo e ministro remam sem parar, pois tem em mente que ele mesmo é servo, escravo e não Senhor, trabalham não para serem servidos, mas para servirem.

Que o Espírito de Deus nestes dias venha dar-nos entendimento no que é servir, entregar-se até as últimas conseqüências sem esperar nada em troca.…” (Remador do último porão. Palavra do leitor. Ultimato on line. Disponível em: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/remador-do-ultimo-porao Acesso em 05 maio 2018)

 – A terceira lição é que os levitas e sacerdotes deviam ter como alvo o seu serviço a Deus, não se prendendo às coisas terrenas nem pondo como foco a satisfação das necessidades materiais, crendo que Deus os supriria com o necessário.

Eles não possuíam parte nem herança em Canaã, tinham de viver na mesma expectativa dos patriarcas, que visavam a pátria celestial (Hb.11:9,10,13-15).

 – Nós, também, não podemos ter o nosso coração preso pelas coisas desta vida, mas devemos ter como alvo ajuntar tesouros nos céus (Mt.6:19-21), pois os que já morreram para o mundo e ressuscitaram com Cristo pensam nas coisas que são de cima (Cl.3:1-3).

Quanto às coisas materiais, temos de buscar satisfazer o necessário (I Tm.6:8), crendo que este nos será dado pelo Senhor, evidentemente através do nosso trabalho, porquanto tal foco espiritual não nos dispensa de trabalharmos com as nossas mãos para o nosso próprio sustento (I Ts.2:9; II Ts.3:6-10).

 – A quarta lição é a de que os levitas e sacerdotes deviam guardar as coisas sagradas, ou seja, dar o devido valor às coisas sagradas, guardando-as, tomando conta delas, fazendo a devida distinção entre o que era sagrado e o que era profano.

 Eles seriam os primeiros a fazer esta diferenciação, para, então, poder devidamente ensinar os israelitas a diferença entre o santo e o profano (Lv.10:10).

Este comportamento era o que mais o Senhor exigia dos levitas e sacerdotes, a ponto de ter sido o principal ponto de censura em relação a eles no período final da apostasia, pouco antes do cativeiro da Babilônia (Ez.22:26) e a principal qualidade que se terá entre eles quando do reino milenial de Cristo (Ez.44:23).

 – A falta de distinção do caráter sagrado e santo das coisas concernentes à adoração a Deus, o que tanto mais necessário em nossos dias, onde a adoração se dá em qualquer lugar, a qualquer tempo, por se tratar de uma adoração em espírito e em verdade,

gera imediata repugnância divina e só há uma sentença do Senhor para tais circunstâncias: a morte fulminante, como vemos nos casos de Nadabe e Abiú (Lv.10:2), Uzá (II Sm.6:37; I Cr.13:7-10) e de Ananias e Safira (At.5:1-11).

 – Em nossos dias, o mesmo continua a ocorrer. Dirá alguém, porém, que não se tem notícia de mortes físicas como as declinadas, mas, lembremos, que o texto sagrado, num espaço de quase três mil anos, registrou tão somente cinco mortes, sendo duas delas simultâneas e outras duas quase simultâneas, a registrar a raridade de tais mortes.

No entanto, as mortes prosseguem ocorrendo, mortes espirituais, que são muito mais graves. Tomemos cuidado, amados irmãos!

 II – A FUNÇÃO SOCIAL DOS SACERDOTES

 – Entendida a posição que tinham sacerdotes e levitas no povo de Israel, devemos agora, propriamente, ver qual era a função social deles, ou seja, qual o papel que deviam exercer na sociedade israelita.

Diante da posição que tinham, que deviam fazer eles em prol do povo de Israel, da nação que era a “propriedade peculiar de Deus entre os povos”.

 – A primeira função do sacerdote era de representar o povo diante de Deus. Ao contrário do profeta, que trazia a mensagem de Deus para o povo, o sacerdote tinha de levar as ofertas do povo a Deus, pedindo a propiciação divina para os pecados cometidos pelo povo. Ele era o intercessor do povo junto ao Senhor, clamando a Sua misericórdia.

 – Eis, aliás, um dos motivos pelos quais Arão foi escolhido para ser o sumo sacerdote e sua família para ser a linhagem sacerdotal.

Quando do episódio do bezerro de ouro, assim que notou a indignação de Moisés, Arão conclamou o povo a que se humilhasse e pedisse perdão ao Senhor (Ex.32:25), mostrando, assim, tratar-se de alguém dotado de compaixão, de empatia.

 – Nesta representação, tem-se a intercessão, ou seja, a ação de pedir em favor dos outros.

O sacerdote, quando oferecia os sacrifícios, não só estava a representar o povo, como, também, a pedir o perdão dos pecados em favor do povo, notadamente o sumo sacerdote, que, no dia da expiação, principalmente, oferecia sacrifícios especificamente em favor de todo o povo (Lv.16:15,16).

 – É importante observar que, no dia da expiação, este sacrifício em favor do povo só era realizado depois que o sumo sacerdote fazia sacrifício pelo seu próprio pecado (Lv.16:11-14), ou seja,

esta atitude de sacrifício pelo povo era absolutamente gratuita, era puramente intercessória, pois, àquela altura, o sumo sacerdote já se encontrava santificado e sem pecado, de modo que a ação não lhe favoreceria em coisa alguma diante de Deus.

 – Em outros episódios, como o sacrifício por um erro oculto da congregação, ficava bem evidenciada a posição do sacerdote como alguém que deveria obter o aplacar da ira de Deus ao povo (Lv.4:13-21).

 – De igual modo, nós, como sacerdotes desta dispensação, devemos representar a humanidade diante do Senhor, intercedendo por ela, uma vez que, como os incrédulos não temem a Deus e estão d’Ele separados por causa do pecado, não são ouvidos pelo Senhor em suas súplicas (Is.59:1-3; Jo.9:31).

Devemos interceder por todos os homens (I Tm.2:1), até porque, ao fazê-lo, estamos a imitar o Senhor Jesus, cujo ministério, desde a Sua ascensão até o arrebatamento da Igreja, é precisamente o da intercessão (Is.53:12; Rm.8:34; Hb.7:25), tendo sido este um dos motivos que O levou à encarnação (Is.59:15,16).

– A intercessão dos sacerdotes trazia para o povo de Deus a paz com o Senhor, pois os pecados eram cobertos e perdoados, gerando à população uma situação de bem-aventurança (Sl.32:1,2).

Sem tal circunstância, não poderia o povo ter condições de prosperar e de progredir, o que, aliás, foi muito bem observado pelo rei Ezequias, quando, assim que subiu ao trono, tratou de reabrir o templo, que havia sido fechado por seu pai Acaz, mandando que os sacerdotes e levitas o purificassem, a fim de que o ardor da ira divina se desviasse de Judá (II Cr.29:3-11).

 – Temos nós cumprido este papel que nos é também incumbido na atualidade? Em tempos de multiplicação da iniquidade e de consequente aumento da ira divina sobre os homens, temos nos disposto a interceder em favor de todos os homens, como nos ordenam as Escrituras?

Temos intercedido por nosso país, que passa por um momento turbulento e que tem nos envergonhado diante do mundo inteiro como campeão da corrupção, da violência e da impunidade? Pensemos nisto!

 – Nesta função de intercessão, os sacerdotes serviam como “intermediários”, como “mediadores” entre Deus e o povo, notadamente o sumo sacerdote, no ritual do dia da expiação.

Daí ser o Senhor Jesus o único mediador entre Deus e os homens (I Tm.2:5), já que Ele efetuou a obra salvífica, embora isto não impeça que, a exemplo dos demais sacerdotes, que eram mediadores entre Deus e os que vinham a oferecer sacrifícios, também o sejamos, intercedendo por todos os homens.

 – Esta função de representação do povo diante de Deus é levada em conta até hoje entre os judeus.

 Como afirma Nathan Ausubel,  “…As leis rabínicas são extremadas e atestam a fé indestrutível do povo judeu na restauração final no Monte Sion; elas declaram que mesmo apesar do Templo em Jerusalém ser somente uma ruína e todos os sacerdotes oficiantes haverem desaparecido, seus descendentes diretos do sexo masculino, até o final dos tempos, devem manter a mesma pureza levítica; devem preservar imaculada a sua genealogia.

Qual a razão disto? Quando o Messias chegar com a redenção e construir um Templo novo e mais maravilhoso para o culto de Deus no Monte Sion, eles — os descendentes dos cohanim [os sacerdotes, observação nossa] — devem estar moral e espiritualmente preparados e dispostos a assumir as funções sacerdotais que seus antepassados foram forçados a abandonar há dezessete séculos.

Hoje, em todas as sinagogas do mundo, somente os judeus do sexo masculino que são cohanim ou sacerdotes (os nomes Cohen, Cahan, Kahn, Kohn, Kahan, Cahen, Kagan, Kogen, Kaganovich etc. indicam ascendência sacerdotal embora um Cohen possa ter qualquer outro nome) têm o privilégio de recitar a Bênção Sacerdotal postado diante da Arca da Torah;

o trecho inicial da porção semanal — e muitas vezes também o final — são reservados para serem entoados por um cohen, se houver algum presente ao culto.” (Sacerdotes. In: A JUDAICA, v.6, p.749) (destaques originais).

 – A segunda função dos sacerdotes era a de distinguir entre o santo e o profano, entre o sagrado e o profano.

O próprio Deus disse a Arão que nem ele nem seus filhos poderiam beber vinho nem bebida forte quando entrassem na tenda da congregação, como também que deviam fazer diferença entre o santo e o profano, entre o imundo e o limpo (Lv.10:10),

tendo sido a falta desta observância o motivo que levou o Senhor a abominar os sacerdotes no período imediatamente anterior ao cativeiro da Babilônia (Ez.22:26).

 – Já o sociólogo judeu francês Émile Durkheim (1858-1917) havia observado que um dos papéis principais da religião era a criação da distinção entre o sagrado e o profano, o que serviria para definir as noções de espaço e de tempo numa sociedade, ou seja,

permitir a organização da vida social, já que a definição do espaço e do tempo é a própria definição da racionalidade, a própria definição da convivência humana.

 – Note-se que esta distinção entre sagrado e profano começava pelos próprios sacerdotes, que deveriam se abster do vinho e da bebida forte quando entrassem na tenda da congregação, ou seja, deveriam deixar bem claro ao povo que uma era a postura que se devia ter no dia-a-dia e outra a que se teria no culto a Deus.

Não se tratava de uma vida dupla, mas de reconhecimento da reverência e do caráter diferenciado que se tem entre coisas desta vida e as coisas concernentes às realidades espirituais.

 – Cabia aos sacerdotes dar ao povo o entendimento do que é santo e do que é profano, levar o povo ao reconhecimento do que é a santidade, do que é a pureza, do que é exigido pelo Senhor.

 – Por isso mesmo, cabia aos sacerdotes definir o que era o puro e o que era o impuro, como se verifica nas disposições a respeito da lepra (Lv.13-14), dos fluxos corporais (Lv.12,15), entre outras disposições relacionadas com a pureza ritual e cerimonial. Eram os sacerdotes o referencial da pureza, da santidade, enfim, a referência moral e espiritual do povo de Israel.

 – De igual modo, cabe a nós, sacerdotes da nova aliança, sermos a referência moral e espiritual de nossa sociedade. O Senhor Jesus disse que somos o sal da terra e a luz do mundo (Mt.5:13-16). 

 – Paulo disse que devemos ser astros que devem resplandecer no mundo, no meio duma geração corrompida e perversa (Fp.2:15), sendo certo que, desde os primórdios, a Igreja é um povo que está devidamente separado dos demais, ainda que não de forma sectária e até despertando estima no meio dos homens (At.5:13).

 – Temos cumprido este papel ou, pelo contrário, temos sido motivo de escândalo, fazendo muitos tropeçarem, na medida em que não veem qualquer diferença entre os que dizem seguir o Evangelho e os que não têm qualquer compromisso com Deus?

Somos filhos do dia ou, lamentavelmente, temos nos apresentado como filhos das trevas, que serão surpreendidos pela vinda do Senhor (I Ts.5:3-5)?

 – Os sacerdotes, no período imediatamente anterior ao cativeiro da Babilônia, já não mais faziam a diferença entre o sagrado e o profano (Ez.22:26) e o resultado disto é que a terra não se encontrava purificada (Ez.22:24), ou seja,

a falta do exercício do papel comprometeu toda a sociedade, a tal ponto que chegaram ao limite da desobediência, sofrendo, então, a máxima punição prevista no pacto firmado com o Senhor, que era o exílio (Lv.26:30-35; Dt.28:64-68).

 – Nesta necessidade de ser o referencial do povo, os sacerdotes estavam submetidos a um regime mais rigoroso que o restante dos israelitas, como se pode verificar dos mandamentos constantes de Lv.21.

 – O sacerdote, ao contrário dos demais israelitas, não podia se contaminar por causa dum morto entre os seus povos, com exceção dos pais, dos filhos, do irmão e da sua irmã (Lv.21:1-3). Já o sumo sacerdote não poderia se contaminar com morto algum, nem mesmo os seus familiares mais próximos (Lv.21:11).

 – De igual modo, nós, como sacerdotes da nova aliança, não podemos submeter nosso sacerdócio a quaisquer outros relacionamentos sociais, não permitindo que nossa comunhão com Deus seja relativizada por causa deles.

É este o sentido pelo qual o Senhor Jesus diz que “quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mt.10:37).

 – Muitos, na atualidade, por causa de seus compromissos sociais, sacrificam sua comunhão com o Senhor, o que é inadmissível e significa a própria renegação de nosso sacerdócio real.

Observemos, porém, que, em relação aos sacerdotes, havia um certa mitigação, no tocante ao atendimento dos familiares mais próximos, o que nos dá a lição de que, sem jamais romper nossa comunhão com o Senhor,

devemos sempre dar o devido valor à nossa família nuclear, sabendo que ela foi constituída para ser o ambiente em que Deus quer Se manifestar em primeiro lugar em nossas vidas.

 – Por isso mesmo, nas famílias dos sacerdotes, não era permitida o ingresso de mulher prostituta ou infame, como também não podiam os sacerdotes se casar com mulheres repudiadas (Lv.21:7,8) e quando a filha de um sacerdote se prostituísse, deveria ser ela queimada a fogo (Lv.21:9).

O sumo sacerdote, por sua vez, somente poderia se casar com uma mulher virgem (Lv.21:12,13).

 – Nós, sacerdotes da nova aliança, também somos convocados a venerar o matrimônio e o leito sem mácula, sabendo que os que se dão à prostituição e os adúlteros serão julgados pelo próprio Deus em pessoa (Hb.13:4).

 – Os sacerdotes, ainda, não podiam adotar costumes próprios dos sacerdotes de cultos gentílicos, como fazer calva na cabeça, não reparar os cantos da sua barba nem dar golpes na sua carne, atitudes que era recorrentes entre os sacerdotes dos deuses das nações (I Rs.18:28), pois deviam ser santos ao Senhor, já que estavam escalados para oferecer sacrifícios a Deus (Lv.21:5,6).

– Nós, também, como sacerdotes da nova aliança, não podemos querer nos parecer ou imitar os sacerdotes de outros cultos, como, infelizmente, temos visto nestes dias hodiernos.

Não são poucos os que estão a copiar os próprios rituais judaicos, criando uma sofisticada liturgia, abandonando a simplicidade que deve haver na adoração em espírito e em verdade, quando não imitam descaradamente cultos pagãos e práticas nada ortodoxas. Guarda-nos o Senhor de cairmos nesta contaminação!

 – Como referenciais morais e espirituais, os sacerdotes, também, não podiam se contaminar por príncipe entre os seus povos, para se profanar (Lv.21:4) e isto mostra a distinção que deve haver entre Igreja e Estado, algo tão desprezado em nossos dias e, por sinal, durante toda a história da Igreja.

 – Os sacerdotes não podiam se imiscuir no poder político, tanto que nunca houve, da parte de Deus, a indicação de qualquer sacerdote para o exercício do ofício de rei, sendo certo que os reis que pertenciam à linhagem real foram os reis asmoneus, no período intertestamentário, inclusive a revelar o grau de degeneração e corrupção que vivia Israel naquela época onde, por não haver profecia, tinha havido considerável corrupção (Pv.29:18).

 – Nós, enquanto sacerdotes da nova aliança, não podemos nos contaminar com o poder político, ou seja, conquanto não seja vedado, num regime democrático, e até desejável, que tenhamos governantes que sirvam a Cristo,

jamais a lógica do poder pode comprometer o nosso serviço ao Senhor, pois, enquanto a política se guia pelo consenso, pelas mútuas concessões, sendo a “arte do possível”, em nossa peregrinação terrena não há espaço para qualquer relativização do que seja verdadeiro, santo e bom.

 – A terceira função dos sacerdotes era a de ensinar a lei aos filhos de Israel (Lv.10:11).

Os sacerdotes e levitas deveriam bem conhecer a lei para poder ensiná-la ao povo, estando a educação religiosa, fundamental para a própria existência de Israel como o povo de Deus, sob a responsabilidade deles (II Cr.17:7-9; Ne.8:48), em caráter supletivo,

já que a missão do ensino era precipuamente dos pais (Dt.6:6-9; 11:18-21), tanto que a leitura pública da lei, a cada sete anos, na festa dos tabernáculos, visava, sobretudo, suprir eventual negligência neste ensino doutrinário doméstico (Dt.31:9-13).

 – Para ensinar a lei, deveriam os sacerdotes e levitas, logicamente, aprendê-la, residindo aqui, aliás, o motivo pelo qual somente entravam no exercício efetivo do ministério da tenda da congregação aos vinte e cinco anos de idade (Nm.8:24),

quando já se podia ir à guerra aos vinte anos, precisamente porque se deixavam este cinco anos para um aprimoramento no estudo da lei, já que deveriam, posteriormente a isto, ensiná-la ao povo.

Aliás, esta tarefa de ensino não se esgotava, quando se atingiam os cinquenta anos de idade, época em que se deixava o ministério da tenda da congregação (Nm.8:25,26).

A tarefa do ensino perdurava até o final da vida para os sacerdotes e levitas que já haviam deixado o exercício do ministério da tenda da congregação.

– A falta de ensino é fatal para o povo de Deus. O reino de Israel, entendido como o reino do norte ou das dez tribos, foi destruído porque lhe faltou o conhecimento (Os.4:6) e o profeta Oseias diz que os maiores responsáveis por tal ignorância que gerou a destruição foi, precisamente, a rejeição para que se fosse sacerdote diante do Senhor, lembrando que, naquele reino, havia uma ordem sacerdotal espúria, que havia sido criada por Jeroboão (I Rs.12:31; II Cr.11:14,15).

 – Esta tarefa de ensino, portanto, era essencial para que Israel se mantivesse como povo de Deus e que as gerações prosseguissem servindo ao Senhor.

O período dos juízes foi particularmente funesto para os israelitas, precisamente porque não havia o ensino da lei de uma para outra geração (Jz.2:10,11), num círculo vicioso que se tentou romper com a criação das escolas de profetas por parte de Samuel (I Sm.19:20), não coincidentemente o último juiz.

 – Não fosse Esdras, o escriba, ser mandado, pela Providência Divina, para Jerusalém a fim de ensinar a lei ao povo (Ed.7:25), que havia voltado do cativeiro e que estava a ponto de perder a sua identidade misturandose com os povos vizinhos (Ed.9:1-3),

certamente o povo judeu não existiria na atualidade, não sendo, aliás, por outro motivo, que Esdras é conhecido pelos judeus como sendo o “Segundo Moisés”, exatamente por ter mantido a identidade de Israel com o ensino da lei.

 – O desconhecimento da lei de Deus levava o povo a adotar os costumes, padrões e práticas dos demais povos, a deixar de ser a “propriedade peculiar de Deus dentre os povos”, a perder a sua condição de “reino sacerdotal e povo santo”.

Observemos, aliás, que, quando o Senhor fez tal proposta ao povo, determinou que os israelitas ouvissem as Suas palavras que seriam proferidas do monte Sinai para só então subir o monte, o que acabou não ocorrendo, a nos mostrar que não podemos ser o povo de Deus se não ouvirmos as palavras de Deus, se não as aprendermos.

 – Cabe a nós, também, sacerdotes da nova aliança, o aprendizado e, posteriormente, o ensino da Palavra de Deus.

Faz parte, inclusive, da Grande Comissão, o ensino daquilo que foi mandado pelo Senhor Jesus (Mt.28:20).

Um dos pilares da missão da Igreja na face da Terra é, precisamente, o ensino aos crentes, tarefa tão importante quanto a pregação do Evangelho aos incrédulos (Mt.28:19; Mc.16:15).

 – É com pesar que temos contemplado o estado muito semelhante ao vivido pelo profeta Oseias no reino do norte nestes dias tão difíceis em que estamos a viver, dias de proliferação de falsos profetas, cristos e mestres (Mt.24:4,5,11,24; II Pe.2:1),

a exigir ainda mais conhecimento da Palavra de Deus, mas onde se está, cada vez mais, desprezando o estudo das Escrituras e se fazendo presa fácil do inimigo e de seus ardis.

– A quarta função dos sacerdotes e levitas era a de exercer o juízo, ou seja, a de julgar as causas no meio do povo. Nada mais lógico que os que ensinam e conhecem a lei serem os mesmos que a apliquem, que efetuem os julgamentos dos litígios existentes no meio do povo.

 – Assim, no mais das vezes, as causas eram julgadas por sacerdotes e levitas, ainda que os líderes das tribos e, na época da monarquia, o próprio rei também tivessem funções judicantes (II Cr.19:6-11).

 – Para poder exercer a justiça, tinham, naturalmente, os sacerdotes e levitas de terem credibilidade e uma vida de retidão diante do povo, sem o que isto acabaria por gerar revolta e indignação, como, aliás, ocorreu quando Samuel instituiu seus dois filhos para julgar o povo, o que levou à instituição da monarquia, ante a falta de testemunho que tinham aqueles homens diante dos israelitas (I Sm.8:1-5).

 – Já dizia o filósofo inglês John Locke (1632-1704) que, quando a justiça falha, resta apenas o apelo aos céus, pois a falta de credibilidade no sistema judiciário de um país causa consternação, insegurança, desesperança e leva toda a vida em sociedade a um estado extremamente delicado e que, não raras vezes, leva à própria destruição da convivência.

 – Era, aliás, um estado de completa injustiça e impiedade que antecedeu seja a destruição do reino de Israel, o reino do norte ou reino das dez tribos; seja o reino de Judá, como denunciaram os profetas (Am.2:4-16; Mq.2:1,2; 3:9-12; Hc.1:1-4).

– Nós, também, como sacerdotes da nova aliança, devemos praticar a justiça e exercê-la, não julgando segundo a aparência dos homens, mas, sim, segundo a reta justiça (Jo.7:24), como também excedendo em justiça todos aqueles que são tidos e havidos na sociedade como justos e exemplares (Mt.5:20).

 – A história da Igreja tem demonstrado que a presença de salvos na pessoa de Jesus Cristo tem melhorado sensivelmente a sociedade.

“…Foi a Igreja que moldou esta civilização da qual nos orgulhamos, onde se preza a liberdade, os direitos humanos, o respeito pela mulher e por cada pessoa. Sem o trabalho lento e paciente da Igreja o Ocidente não seria o mesmo.

Nossa civilização moderna foi berçada pelo Cristianismo que nos deu o milagre das ciências modernas, a saudável economia de livre mercado, a segurança das leis, a caridade como uma virtude, o esplendor da Arte e da Música,

uma filosofia assentada na razão, a agricultura e a ciência, e muitos outros dons que nos fazem reconhecer em nossa civilização a mais bela e poderosa civilização da História.…” (AQUINO, Felipe. A Igreja Católica salvou a civilização ocidental. Disponível em: http://cleofas.com.br/a-igreja-catolica-salvou-a-civilizacao-ocidental/ Acesso em 05 maio 2018).

 – A evangelização fez com que civilizações que não consideravam o ser humano, que estavam presas por preconceitos e superstições que faziam com que se convivessem com práticas abomináveis, como o abandono de crianças defeituosas,

os sacrifícios humanos, a completa desconsideração das mulheres, a conivência com as maiores imoralidades, entre outras situações, passassem a ser completamente modificadas, com a retirada de muitos elementos pecaminosos dessas culturas e o enaltecimento da pessoa humana, da liberdade e do respeito.

Tudo isto como resultado desta justiça vivida e defendida pelos servos de Cristo Jesus, gerando um crescimento do reino de Deus entre os homens, o fermento de que falou Nosso Senhor e Salvador em Mt.13:33.

 – Todavia, a apostasia espiritual de nossos tempos tem feito multiplicar-se a iniquidade e, lamentavelmente, como profetizado pelo Senhor Jesus, este pecado tem se alastrado entre os que cristãos se dizem ser, a ponto de se ter um esfriamento espiritual de quase todos (Mt.24:12 ARA).

 – Esta multiplicação faz com que tenhamos hoje um tempo que já alguns estão a denominar de “sociedade pós-cristã”, uma sociedade que tem abandonado os postulados da Palavra de Deus e que quer se firmar em princípios e fundamentos contrários ao das Escrituras Sagradas,

que querem “superar” ou “suplantar” os “valores morais judaico-cristãos”, o que faz com que se tenha, de certo modo, o ressurgimento de todas as mazelas que haviam caracterizado as nações antes do início da evangelização.

Não é à toa que estamos hoje em níveis nunca antes imaginados de desigualdade, violência, numa verdadeira “cultura da morte”. Onde estão os sacerdotes da nova aliança para viver e praticar uma justiça acima da dos escribas e fariseus?

 – Os sacerdotes e levitas tinham um papel essencial para que o povo de Israel se mantivesse um reino sacerdotal e um povo santo, uma referência para todas as nações da Terra.

Como sacerdotes da nova aliança, também temos o dever de fazermos brilhar a luz de Cristo em nossas vidas e atenuar, assim, as trevas que existem neste mundo dominado pelo maligno.

  Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/2516-licao-4-a-funcao-social-dos-sacerdotes-i

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